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1/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP Paralelas Ideias Divergente em Neuropsicologia Lourenco Vieira** Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu… (Chico Buarque) Vamos partir do princípio de que se você tem um problema e está em busca de uma solução inovadora, mas não sabe como começar, os pensamentos divergente e convergente são conceitos chave que vão te ajudar a começar e ter sucesso nessa jornada. Essas abordagens cognitivas começaram a ser desenvolvidas em 1950 pelo psicólogo J.P. Guilford e são opostas, mas podem ser usadas como duas metades de uma ferramenta de resolução criativa de problemas. Vamos fazer um passeio por incontingências do comportamento, associando a modernidade da neurociência com o comportamento existencial e suas faculdades do “novo” Síndrome do pensamento acelerado Os pensamentos são a única companhia que nunca nos deixa, mas se queremos preservar nossa saúde mental e proteger a dos mais jovens, é imperativo que aprendamos a deixar a mente em branco. 2/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP Nos seres humanos somos prisioneiros de nossos pensamentos. Influenciado pelas contribuições da psicologia experiencial, queremos me referir a como nossas expectativas e medos nos ancoram, mas hoje sua afirmação assumiu um significado diferente: a cultura da produtividade transformou nosso cérebro em um campo de batalha. Pare para pensar na última vez que deixou sua mente em branco. Espero que, na hora de dormir, mas imediatamente antes de dormir você passou minutos eternos analisando o dia que acabou, preparando-se para aquele que está por vir e, talvez, fantasiando sobre suas memórias. É uma odisseia se livrar de nossos pensamentos; como se fossem fios, eles ficam progressivamente emaranhados até que nosso cérebro está exausto e cai nos braços de Morpheus. Essa incapacidade de desconexão tem nome e sobrenome: síndrome do pensamento acelerado, condição descrita pelo psiquiatra e terapeuta Augusto Cury em 2013 no âmbito da psicologia do desenvolvimento infantil. De acordo com o especialista, infectamos os mais jovens com nossa ansiedade como se fosse uma epidemia viral. A responsabilidade recai sobre a hiperestimulação e a sequência é uma intolerância ao tédio que é mantida ao longo da adolescência e da vida adulta. Essa criança colada ao tablet ou televisão dedica todo o seu esforço mental para processar informações sobre inúmeros personagens e tramas que ele não é capaz de elaborar em profundidade, já que quando ele está prestes a entender o que observa, um novo estímulo aparece. A avalanche de informações superficiais o torna incapaz de tolerar silêncio, calma psicológica. Todas as estimulações com as quais nos deparamos no dia a dia nos motivam a estar atentos ou alertas 24 horas. Vamos tentar substituir os desenhos animados por um telefone que não pare de tocar, curtidas nas redes sociais, e-mails do trabalho, fotos do seu sobrinho no bate-papo da família ou uma pulseira de atividade que não canse de lembrá-lo do número objetivo de passos que você deve tomar: toda essa estimulação nos motiva a estar atentos 24 horas. E não só isso, mas precisamos cada vez mais, o que leva a um estado de alerta constante (ou, como Cury chamou, uma síndrome do pensamento acelerado). Esse problema psicológico, típico da sociedade do século XXI, está intimamente relacionado ao modelo de inteligência multifoca proposto pelo mesmo autor. Assim, segundo Cury, aprendemos a construir o mundo a partir das informações que nos cercam e do que já aparece em nosso cérebro, dando-lhe seu próprio significado e integrando não apenas os componentes cognitivos (isto é, o que sabemos sobre as coisas), mas também os emocionais (isto é, o que eles nos fazem sentir). Infelizmente, não cultivamos inteligência multifocal: achamos muito mais fácil entender como a teoria das cordas funciona do que nosso próprio mundo interior. Atualmente, essa impossibilidade de desconectar está se estabelecendo em praticamente toda a população 3/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP Manter nossa mente constantemente ativa, processando superficialmente pensamentos irrelevantes é, para muitos, o pão e a manteiga, especialmente em certos setores profissionais: jornalistas, professores, executivos e profissionais de saúde eram tradicionalmente mais propensos a experimentar síndrome do pensamento acelerado. No entanto, hoje essa impossibilidade de desconectar está se instalando em praticamente toda a população, incluindo crianças – como vimos, a hiperestimulação em menores é muito comum e perigosa – e estudantes ou jovens trabalhadores que são submetidos a alta pressão. A precariedade também entra em jogo. A geração do milênio cresceu com o mantra de que é melhor sofrer de uma ansiedade de trabalho insuportável do que ficar desempregado. Portanto, busca-se um ótimo desempenho e reconhecimento social que nunca vem, já que aspiração é perfeição. Os millenials, na verdade, enfrentam a síndrome do impostor, que nos vende a ideia de que o problema são as pessoas, que são muito fracas ou sensíveis. No entanto, não é uma "geração de cristal", como tem sido dito: é uma geração de sobreviventes de uma sociedade hiper exigente, sem atenção psicológica e normalizando a precariedade. Nesse clima delicado, é compreensível procurar uma saída no que temos mais em mãos: trabalho e redes sociais. Nos apegamos à crença de que, sendo produtivos, lidaremos melhor com a pressão e a percepção irracional de nunca sermos bons o suficiente. A verdade, no entanto, é que é uma espada de dois gumes: a demanda sempre pede mais sacrifício, e é aí que a marabunta de pensamentos acorrentados que nos impede de nos desconectarmos do irrelevante e se conectar com o que realmente importa, que é como nos sentimos. A curto prazo, é realmente confortável nos trancarmos na prisão da síndrome do pensamento acelerado. O que custa mais, analisando sua ansiedade ou verificando seu feed do Instagram? Obviamente, a primeira tarefa envolve um esforço consciente e uma capacidade de introspecção que é modulada ao longo dos anos, mas que a hiperprodução de pensamentos que acompanha a grande maioria da população tem efeitos muito negativos sobre a saúde mental: fadiga, desmotivação, falta de sentido vital, problemas de concentração, lapsos roteais, insatisfação com conquistas, intolerância ao tédio e à rotina, e ansiedade generalizada quando os pensamentos se transformam em preocupações. É por isso que é essencial treinar nosso cérebro e aprender a tolerar melhor o tédio ou a subestimulação: ele pode não ser capaz de colocar a mente em branco, mas com algum tempo e muita paciência você vai acabar desfrutando de um ruído mental neutro pacífico. Por que procrastinar quando temos prazos longos "Você pode me dar isso no final do dia?" não é um pedido que muitos funcionários gostam de ouvir. Mas para muitas pessoas, ter prazos mais curtos do que prazos mais longos - "Você acha que pode fazê-lo até o final da semana?" - pode realmente ajudá-los a completar uma tarefa e ver que seu trabalho é menos difícil. 4/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP Um estudo recente publicado no Journal of Consumer Research mostra que mais tempo levam os trabalhadores a pensar que uma atribuição é mais difícil do que realmente é, fazendo com que eles empenhem mais recursos para o trabalho. Isso, por sua vez, aumenta a quantidade que eles adiaram e sua probabilidade de parar de fumar. Isso é verdade mesmo quando a duração do termo é incidental, como quando um local ou hóspede está indisponível por umlongo período de tempo. A pesquisa pediu aos voluntários de um centro comunitário local que respondessem a uma breve pesquisa sobre o planejamento da aposentadoria. Dois prazos incidentais foram estabelecidos. Em um grupo, a pesquisa online foi acessada pelos próximos sete dias, mas o outro grupo teve 14 dias. Os resultados mostraram que os participantes que enfrentam o longo prazo escreveram respostas mais longas à pesquisa e gastaram mais tempo nela. Mas houve uma pegadinha: esses mesmos participantes eram mais propensos a procrastinar e menos propensos a completar a tarefa do que seus colegas com restrição de tempo. Em outro estudo, um maior tempo levou os entrevistados a comprometer mais dinheiro para apresentar suas declarações fiscais, embora a duração do prazo tenha surgido de um fator incidental: a chegada de um formulário/aplicativo de impostos perdido. Neste estudo, aqueles cuja forma tributária veio mais tarde e, portanto, tiveram menos tempo para completar seus impostos, comprometeram-se a gastar menos dinheiro do que seus pares para fazer o mesmo trabalho, contratar profissionais fiscais ou comprar software de preparação fiscal. Esses dois estudos oferecem aulas para gestores e funcionários que estabelecem prazos, seja para si ou para outros. Eles também se baseiam em um entendimento da Lei de Parkinson, no qual afirma-se que "o trabalho é expandido para preencher o tempo disponível para sua conclusão". No entanto, os resultados sugerem que os gestores precisam olhar os prazos com mais rigor. Em primeiro lugar, enquanto a lei de Parkinson sugere que prazos mais longos levam as pessoas a estabelecer metas mais fáceis e, portanto, diminuir o esforço, descobrimos que prazos mais longos aumentam a dificuldade percebida de uma atribuição. Em segundo lugar, enquanto a lei de Parkinson faz uma previsão apenas sobre o compromisso temporal, descobrimos que prazos incidentais mais longos aumentam o compromisso monetário. Como resultado, quando uma alocação inclui um orçamento, talvez seja melhor definir um prazo mais curto do que um mais longo. Essas conclusões referiam-se a prazos únicos, e muitos de nós equilibraram vários prazos de diferentes comprimentos ao mesmo tempo. Então ele projeta um estudo separado para considerar como as pessoas reagem a um grupo de prazos. Ele conclui que, quando enfrentam múltiplos prazos para tarefas que variam de importância, as pessoas realizam regularmente tarefas menos importantes com prazos mais curtos do que tarefas mais importantes com prazos mais longos. 5/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP No Journal of Consumer Research, isso é chamado de mero efeito de urgência para refletir como janelas limitadas por tempo afetam a forma como os indivíduos selecionam tarefas a serem concluídas. Estudar isso ofereceu aos estudantes universitários três beijos de Hershey para completar uma tarefa com um prazo rápido, ou cinco beijos de Hershey para completar uma tarefa semelhante com um prazo maior. É importante ressaltar que a opção de baixo retorno estava ligada à urgência espúria, pois os alunos sempre podiam terminar as tarefas (que foram automaticamente concluídas em exatamente cinco minutos) dentro do prazo. Mais estudantes estavam dispostos a abrir mão de um prêmio de alto valor simplesmente quando a alocação de baixo benefício era caracterizada por essa ilusão de expiração. Em outros estudos, os trabalhadores profissionais contratados da Amazon Mechanical Turk, cujo trabalho diário é se inscrever para trabalhar em diferentes tarefas inteligentes humanas para ganhar dinheiro, estavam dispostos a abrir mão de um valor equivalente aos 8% de seu salário integral especificado em seu contrato simplesmente porque a alocação de benefícios era caracterizada por uma ilusão de urgência. Esses estudos nos mostraram que a tendência das pessoas de adiar o que é importante para terminar tarefas urgentes menos importantes reflete uma preferência psicológica básica. Muitos de nós sabemos disso intuitivamente; verificamos e respondemos constantemente a e-mails em vez de trabalhar no relatório de receita ou no projeto da nossa equipe. Foi decidido adiar um exame médico de rotina que poderia salvar vidas — por exemplo, diagnosticar câncer em um estágio precoce e curável — a fim de visitar uma loja para venda em breve. Isso pode acontecer porque tarefas importantes são mais difíceis e estão mais distantes da conclusão das metas, tarefas urgentes envolvem pagamentos mais imediatos e certos, ou as pessoas querem terminar tarefas urgentes primeiro e depois trabalhar em tarefas importantes mais tarde. No entanto, os estudos vão além, mostrando que podemos priorizar tarefas urgentes, mas triviais, mesmo quando essas razões são controladas e quando acabaríamos sendo piores economicamente. Comportamos como se a realização de tarefas urgentes tivesse seu próprio apelo, independentemente das consequências objetivas. Esses padrões são importantes para gestores e outros que estabelecem prazos para reconhecer, em grande parte porque nossos achados revelam formas de jogar o sistema: prazos curtos em tarefas urgentes chamam a atenção. Os gerentes de tarefas são mais propensos a completá-la, menos propensos a procrastinar sobre a tarefa, e menos propensos a gastar dinheiro supérfluo com ela do que se recebessem a mesma tarefa com um prazo menos urgente. Mas às vezes é necessário um prazo maior se uma tarefa for inerentemente mais complexa ou se houver fatores externos que vão adicionar tempo ao cronograma. A produtividade pode continuar a ser discutida? Os resultados sugerem que sim. Quando os prazos estão distantes, os gestores podem desviar a atenção das pessoas a partir do prazo e para o resultado final das tarefas cotidianas. Lembrar os funcionários dos benefícios finais de diferentes tarefas é uma maneira eficaz de fazer isso. 6/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP E há momentos em que prazos mais longos são mais efetivos do que prazos mais curtos, como quando os indivíduos têm uma tendência natural a subestimar, economizar para a faculdade ou planejar a aposentadoria, por exemplo. Embora algumas pessoas procrastam ou abandonem a tarefa, aqueles que assumirem alcançarão os objetivos porque assumem que precisam se esforçar mais na tarefa do que normalmente é necessário. Nesse caso, a pressão dos prazos serve para equilibrar a falta de planejamento. Ameaça cerebral versus cérebro seguro, quais emoções nos beneficiam mais? As emoções em nosso cérebro que nos mantêm alertas para o perigo são úteis para sobreviver, mas podem impedir nosso desenvolvimento profissional. Você controla seus impulsos ou são eles que te controlam? Uma parte do nosso comportamento funciona automaticamente. Falamos sobre essa série de emoções e reações que parecem estar programadas em nosso cérebro e que, em muitos casos, são úteis para se livrar de algum perigo. No entanto, às vezes eles podem levar a hábitos tóxicos que nos impedem de levar uma vida mais tranquila. Três tipos de cérebro e suas emoções – O propósito de nossas emoções em relação ao cérebro é desencadear uma ação para sobreviver, ser feliz ou alcançar o bem-estar. Dependendo do objetivo a ser alcançado, nosso cérebro trabalha através de três sistemas neurológicos interconectados: * O cérebro da ameaça: nosso sistema de motivação mais antigo nos permite reconhecer e responder ao perigo. Por exemplo, quando estamos atravessando uma estrada e um carro aparece a toda velocidade. Preciso que meu cérebro de ameaça seja ativado para que o cortisol e a adrenalina me ajudem a me mover rapidamente para que eu possa evitá-lo. 7/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP * O cérebrodo impulso: nos motiva a buscar experiências prazerosas e gratificantes, bem como competir e vencer. Se estou prestes a fazer uma importante apresentação pública ou participar de um evento esportivo, quero que meu cérebro de condução seja muito ativo, fornecendo uma dose saudável de dopamina que estimula a energia produtiva e o entusiasmo. * O cérebro de segurança: nos encoraja a descansar, recuperar e formar relações com os outros. Quando uma mulher acaba de dar à luz, seu "cérebro seguro" lhe dará ocitocina para ajudá-la a se relacionar com seu filho e recuperar a vitalidade. Apesar de buscarem objetivos diferentes, esses três sistemas precisam trabalhar juntos e se equilibrar. Mas em muitas ocasiões as pessoas desenvolvem hábitos inúteis ou problemáticos precisamente porque um dos três cérebros assume o controle. Geralmente, geralmente é o cérebro de ameaça e muitos dos problemas pessoais, sociais e de trabalho podem ser atribuídos a isso. A ameaça representada em si mesma pelo "cérebro de ameaça" Quando usamos esse sistema neurológico? É nosso maior aliado quando se trata de evitar qualquer situação que possa ameaçar nossas vidas: ser ferido, ser morto, morrer de fome, etc. Em animais, o cérebro da ameaça funciona como planejado. Ele detecta e permite que o animal responda rapidamente a uma crise de curto prazo. Seu cérebro de ameaça está alerta, mas não age ou não está "ligado" se não for necessário. O sistema de ameaças é nosso maior aliado quando se trata de evitar qualquer situação que possa ameaçar nossas vidas. Com os humanos funciona de forma diferente. Nossa habilidade de imaginar nos diferencia de outros animais em mais de uma maneira. E como evoluímos, assim como imaginamos o perigo. As pessoas criam e recriam o perigo em nossas mentes, o que desencadeia a mesma reação de estresse biológico que o perigo real. Dessa forma, o cérebro da ameaça pode ser responsável por problemas de saúde relacionados ao estresse, pode interromper nossos relacionamentos e levar a problemas como vício, ansiedade crônica, vergonha, solidão, depressão e até suicídio. As pessoas criam e recriam o perigo em nossas mentes, o que desencadeia a mesma reação de estresse biológico que o perigo real. Quando esses três sistemas são desregulamentados, começamos a ter dificuldades. Workaholismo, "fadiga da compaixão" (preocupação demais) e transtornos de ansiedade são exemplos reconhecíveis do que acontece quando nossas motivações cerebrais de impulso, segurança e ameaça trabalham com sentimentos, pensamentos e ações inflexíveis, repetitivas, menos eficazes e às vezes prejudiciais. 8/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP Quem nunca experimentou que ele fez algo sem pensar, como se seu corpo tivesse uma vida própria? Quando esses impulsos levam a resultados tóxicos para nós e os realizamos sem consciência, é porque atrás deles está o cérebro da ameaça. Quando está sempre "ligado", ele desliga nossa capacidade cerebral segura e faz nosso cérebro aumentar o trabalho de forma tóxica também. No local de trabalho, geralmente é comum em empresas onde a cultura organizacional é altamente competitiva e recompensa ganhar, competir e acumular poder. Hoje, é comum que as pessoas experimentem um estado permanente de ansiedade e medo, impulsionado pela ambição arrogante e sustentado por sentimentos profundos de medo, vulnerabilidade ou insegurança. Por isso, é cada vez mais importante que, a partir das organizações, o cérebro seguro seja estimulado. Esses momentos de pausa, tranquilidade e ênfase relacional apoiam os objetivos que a maioria das organizações e pessoas têm, diz o especialista. Permite-nos entrar em estados profundos de reflexão para gerenciar nosso foco e nossa concentração. E em parte, por causa dos hormônios e produtos químicos que vêm com emoções cerebrais seguras, também nos permite nos envolver mais com as pessoas com quem compartilhamos tempo e espaço. Controlando o "cérebro de ameaça": a importância da voz interior. Para superar os problemas causados pelo nosso cérebro de ameaça, devemos primeiro saber que o verdadeiro perigo somos nós. Como você fala sozinho? Embora não estejamos conscientes, o cérebro não descansa e passamos nossos dias conversando com nós mesmos. As pessoas não estão cientes da narrativa que se desenrola dentro de suas cabeças. Para mudar essa situação, recomenda-se escrever as palavras reais que nossa mente expressa quando nos sentimos em modo cerebral de ameaça. A maioria das pessoas percebe que a maneira como falam uns com os outros piora a situação que estão enfrentando. Nós nos julgamos duramente. Recomenda-se falar sozinho como se fosse um amigo, não seu pior inimigo. O desenvolvimento profissional não precisa seguir o caminho do medo ou da auto- demanda excessiva. Pode se abrir a horizontes esperançosos e otimistas, permitindo grandes resultados, sem esquecer de cuidar de nós mesmos. É assim que nos colocam no lugar dos outros. neurônios espelho Você já se perguntou por que quando vemos alguém bocejando, nós bocejamos quase imediatamente? Ou como recém-nascidos imitam gestos faciais como espetar a língua? E como aprendemos a usar tesouras ou cores? 9/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP Tem muito a ver com neurônios peculiares chamados neurônios espelho. O que são neurônios espelho? Neurônios espelho são neurônios incríveis que participam de processos tão importantes como aprendizado, empatia e imitação. Eles foram descobertos por acaso pelo neurobiólogo italiano Giacomo Rizzolatti em 1996. Examinando no cérebro de um macaque, este pesquisador e sua equipe registraram neurônios que foram ativados não só quando o animal executou a ação, mas também quando observaram outro igual fazendo essa mesma atividade. Além disso, em ambos os casos, o córtex pré-motor foi ativado de forma idêntica. Logo ficou claro que exatamente a mesma coisa acontece em humanos. Por exemplo, quando observamos alguém subindo escadas, os neurônios motores que correspondem a esses movimentos são ativados sem que demos um único passo. E, em geral, quando observamos outro indivíduo realizar uma ação, sem a necessidade de falar, nossos neurônios espelho podem nos colocar na mesma situação, simular mentalmente como se tivesse acontecido conosco. Não só isso: esse tipo de célula nervosa nos permite entender a intenção com que a ação é realizada. Outra de suas propriedades é que elas são ativadas com o som associado a uma ação. Por exemplo, ao ouvir como um papel é rasgado, eles já emulam mentalmente essa ação, mesmo que não consigamos vê-lo. Onde é que eles estão? Os neurônios espelhados estão localizados em quatro regiões do cérebro que se comunicam entre si: a área pré-motora, o giro frontal, o lobo parietal e o sulco temporal. 10/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP Nessas áreas residem diferentes funções: A área pré-motor gerencia movimentos e controla os músculos. O giro frontal inferior intervém no controle executivo, na gestão de comportamentos sociais e afetivos e na tomada de decisões. O lobo parietal analisa informações sensoriais visuais. O sulco superior temporal está envolvido no processamento auditivo e na linguagem. Aprendizado e empatia - A existência de neurônios espelhos é fundamental para nossa espécie. Para começar, por causa do papel que desempenham no aprendizado por imitação e observação. Segundo, porque participam da aquisição de idiomas. E terceiro, são essenciais no desenvolvimento da empatia e do comportamento social. Não em vão, eles nos permitem entender as ações de outras pessoas e também suas emoções. Neurônios espelhais têm grandes implicações clínicas. São afetadas no autismo, esquizofrenia,apraxia (incapacidade de realizar tarefas motoras) e doenças neurodegenerativas, entre outras. Por exemplo, as falhas motoras, linguísticas e sociais coexistem no autismo. Não é coincidência que todas essas funções estejam relacionadas com áreas cerebrais onde os neurônios espelhados estão localizados. Aproveitamento de neurônios espelho em sala de aula - Podemos considerar a aprendizagem observacional como qualquer momento em que uma ação é observada e algo novo é aprendido ou o conhecimento prévio é modificado. Não precisamos confundir imitação – por exemplo, copiar os gestos de um indivíduo – com aprendizado observacional. Esta última é uma mudança que perdura no indivíduo e produz uma resposta. Observando um processo, os neurônios espelho nos preparam para imitar a ação. Se durante o ensino combinarmos a aprendizagem observacional com a criatividade do aluno, teremos uma aprendizagem mais eficiente. Isso será internalizado e durará com o tempo. Tudo isso nos leva a destacar o importante papel que os educadores desempenham em sala de aula. Os alunos observam todas as ações realizadas pelo professor. Por isso, devemos deixar de lado o ensino tradicional, meramente expositório e estático, e realizar mais atividades que nos permitam desenvolver a capacidade de observação. Outro aspecto a ser destacado é a atitude que os professores apresentam em sala de aula. Neurônios espelhados nos permitem entender as intenções e emoções transmitidas. Aqueles professores apaixonados que ensinam seus sujeitos com entusiasmo e alegria, alcançam maior concentração e observação do aluno, capturando sua atenção por mais tempo e infectando sua emoção. Portanto, existem diferentes metodologias educativas que permitem unir esse conhecimento sobre neurônios espelho com ferramentas úteis de acordo com o contexto da sala de aula. 11/10 Av. Ana Costa 146 – Conjunto 1308 – Tel. (13) 997178771 CEP 11060 000 - Santos - SP De qualquer forma, é fundamental incorporar novas estratégias para promover a motivação e o uso de tarefas manipuladoras (sessões laboratoriais, casos práticos, etc.) que permitam o uso e a internalização dos conteúdos aprendidos. Todos os eventos que ocorrem em sala de aula, a dinâmica das aulas e os aspectos emocionais que o professor transmite aos alunos condicionarão a aprendizagem e a experiência que os alunos vivem em sala de aula. Referencial de Atividade https://www.cell.com/trends/cognitive-sciences/fulltext/S1364-6613(22)00134- 6?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS1364 661322001346%3Fshowall%3Dtrue https://www.cambridge.org/core/journals/behavioral-and-brain- sciences/article/abs/mirror-neurons-from-origin-to- function/A376CF4E7269CADFCD9D563A39ADEDC0 https://www.nature.com/articles/nrn.2016.135 https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.0902666106 https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jnr.24579 https://www.cell.com/trends/neurosciences/fulltext/S0166-2236(21)00020-5 https://link.springer.com/article/10.1007/s10648-008-9094-3 https://revistas.uam.es/didacticasespecificas/article/view/8697 https://revistas.uca.es/index.php/eureka/article/view/2613 Santos, primavera 2022 ** Lourenco Vieira - Neuropsicólogo Professor Assistente Doutor do Centro de Educação a Distância CEAD/UFJF, Educador da SEDUC/SP (Artigo de Opinião) https://revistas.uca.es/index.php/eureka/article/view/2613 2022-10-12T01:01:51-0300 Brasil LOURENCO VIEIRA Assinador Serpro