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CONTABILIDADE GERENCIAL Prof. Abner Quadros Monteiro 2 SUMÁRIO 1 CONTABILIDADE GERENCIAL PARA FINS DECISÓRIOS .............................. 3 2 CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS ........................................................... 15 3 SISTEMAS DE CUSTEIO ........................................................................... 29 4 SISTEMAS DE VALORIZAÇÃO DOS ESTOQUES E CÁLCULO DO CUSTO DO PRODUTO VENDIDO ................................................................................. 40 5 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA ......................................................... 52 6 SISTEMA GERENCIAL DE INFORMAÇÕES E DE AVALIÇÕES ..................... 67 3 1 CONTABILIDADE GERENCIAL PARA FINS DECISÓRIOS Neste bloco será tratado brevemente sobre a evolução da contabilidade, bem como a sua aplicação nos diversos segmentos da economia, buscando gerar informações para os usuários internos e externos. Dentre as diferentes finalidades, destaca-se a sua aplicação no atendimento dos requisitos legais e de planejamento das empresas. A Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o fim de oferecer informações e orientação necessárias à tomada de decisões sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. (FRANCO, 1997, p. 21). Objetivamente, trata-se de um sistema de informação e avaliação destinado a prover aos seus usuários demonstrações e análises de natureza econômica, através de indicadores e relatórios financeiros que podem ser gerados dessa base de dados. Figura 1.1 – Ramificações da Ciência Contábil. 4 1.1 Conceito e finalidade da Contabilidade Societária A Contabilidade Societária é o registro de comunicação periódica que se relaciona a uma determinada empresa para pessoas interessadas em informações econômicas e financeiras. A história da contabilidade é tão antiga quanto a história da civilização, ligada às primeiras manifestações de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos, cujo objeto material que o homem sempre se dispôs a alcançar os fins propostos, a qual foi classificada segundo a literatura disponível em 4 períodos, tomando como base os marcos de cada época. Quadro 1.1 – Evolução da Contabilidade. Contabilidade do Mundo Antigo Período que se inicia com a civilização do homem e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Líber Abaci de autoria Leonardo Fibonaci, o Pisano. Contabilidade do Mundo Medieval Período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Seriptures (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Pacioli, publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos, obra que contribui para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano. Contabilidade do Mundo Moderno Período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da marcante obra na história da Contabilidade La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche, com autoria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria. Contabilidade do Mundo Científico Período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje. Fonte – Extraído e adaptado de: ZANLUCA, 2010, p. 1 apud SILVA, 2016, p. 14-15. 5 No Brasil, a contabilidade teve seu início com a chegada da família real Portuguesa, na qual incrementou a atividade econômica na colônia e aumentou a renda dos Estados com os gastos públicos, levando à necessidade de um melhor aparato fiscal. Com isso, em 1808 constituiu-se o Erário Régio (ou o Tesouro Público), juntamente com o Banco do Brasil. As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal. Desde 1840, a contabilidade passou por importantes marcos, e no Brasil não foi diferente, que podem ser assim destacados: • Em 1870, foi realizada a primeira regulamentação do Brasil para a profissão contábil, Decreto Imperial n. 4475. • Em 1940, a criação da primeira Lei das Sociedades Anônimas (S/A); • Em 1976, a Lei das S/A ganha um novo formato, adotando o n. 6404 e incorporando as tendências da Escola Norte-Americana; • Em 1976, a criação da Comissão de Valores Mobiliários; • Em 2005, a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis; • Em 2010, a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade. Anteriormente a 2010, a contabilidade era fortemente influenciada em atender as normas e regulamentos fiscais dos registros de operações financeiras, com a finalidade da apuração e pagamento de tributos, tendo o que era antes denominada como contabilidade fiscal. Porém, com o advento da Lei 6404/76, iniciou-se um processo de mudança na forma de pensar sobre a qualidade da informação contábil, buscando demonstrar com maior clareza a real situação da empresa. Com isso, passamos de contabilidade para fins fiscais para a denominada Contabilidade Financeira, cujo principal objetivo é apresentar a saúde financeira de uma organização aos usuários internos e externos através de seus relatórios. Porém, até hoje, ela é fortemente influenciada pelos seguintes fatores: 6 • Princípios contábeis; • Legislação fiscal e legais; • Regras de reconhecimento da receita e mensuração de custo; • Tipos de itens que são classificados como ativo, passivo e patrimônio líquido no balanço patrimonial. O processo de evolução apresentou um marco importante no ano de 2007, com a convergência da contabilidade nacional aos padrões internacionais por meio das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, que trouxeram mudanças na Lei 6404/76 com objetivo de apresentar as demonstrações financeiras com menor influência das regras fiscais. Com isso, surgiu o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que edita os chamados e traz a harmonização das práticas contábeis entre os mais de 190 países do mundo, adotando uma nova forma e procedimentos para os registros das operações contábeis das empresas. 1.2 Conceito e finalidade da Contabilidade Gerencial No século XVIII, a revolução industrial provocou mudanças profundas e irreversíveis no cenário empresarial, trazendo uma nova era para a sociedade. O processo de mecanização em substituição do uso da mão de obra humana impulsionou o aumento dos negócios, em necessidade de levantar os custos na fabricação de novos produtos, bem como a crescente demanda por informações gerencias impulsionaram o surgimento da Contabilidade Gerencial. Atkinson et al. (2000) afirmam que: A demanda pela informação gerencial contábil pode ser relacionada aos estágios iniciais da revolução industrial nas tecelagens, em fábrica de armas e em outras operações industriais. Os registros das tecelagens no início do século XIX, mostram que, por exemplo, os administradores recebiam informações sobre o custo por hora de conversão de matéria- prima (algodão) em produtos intermediários (fio e linha de costura) e em produtos acabados (tecidos) e o custo por libra de produto por departamento e por funcionário. (ATKINSON et al., 2000, p. 39). 7 Decisões Informações Dados Os proprietários usavam tal informação gerencial contábil para dois propósitos diferentes: a) para controlar e melhorar a eficiência; b) para decisões de preço e de mix de produtos. Para Padoveze (1996), a Contabilidade Gerencial tem como objetivo facilitar internamente o planejamento, o controle, a avaliação de desempenho e a tomada de decisão por meio de relatórios de orçamento, contabilidadepor responsabilidade, desempenho, custos e relatórios especiais, a fim de facilitar a tomada de decisão. Já para o Institute of Management Accountants, a Contabilidade Gerencial é o processo de auxílio na tomada de decisão, na elaboração do planejamento, e dos sistemas de gestão de desempenho, provimento de relatórios financeiros e de controle, auxiliando os gestores na formulação e implementação da estratégia da organização (IMA, 2008). Figura 1.2 – Decisões por base de dados e informações da Contabilidade Gerencial. 1.3 Aplicações da Contabilidade Gerencial As aplicações da Contabilidade Gerencial podem ser as mais diversas possíveis por não estar vinculada a normas legais ou contábeis, pois a sua principal função está na geração de informações para o processo de tomada de decisão e estratégico das empresas. 8 Dentre as aplicações, Bruni e Gomes (2010) bem exemplificam algumas aplicações da Contabilidade Gerencial, que são as seguintes: Quadro 1.2 – Principais Práticas de Contabilidade Gerencial. Práticas Finalidade Fluxo de Caixa Controla entrada e saída de dinheiro, elucidando a real situação financeira da empresa. Orçamento Cria um plano dos processos operacionais para um determinado período. Ele é uma forma representativa dos objetivos econômico-financeiros a serem atingidos pela organização. Controle de Capital de Giro Controla os recursos destinados à manutenção das atividades operacionais. Para tanto, são monitorados: tanto o ativo quanto o passivo circulante e suas inter-relações. Análise das Demonstrações Contábeis Avalia sobre os demonstrativos contábeis, retratando a situação da empresa sobre o enfoque econômico, patrimonial e financeiro. Controle de Estoque Controla a armazenagem e saída de mercadoria para revenda. Controle de preço de venda Controla as margens de lucro e de contribuição dos produtos. Controle de Contas a Pagar Controla as obrigações assumidas pelas empresas, derivadas de compras de mercadorias para revenda, impostos e outros custos variáveis e fixos. Portanto, controla dívidas de curto prazo a serem pagas pela empresa. Controle de Contas a Receber Controla as vendas a prazo concedido pela empresa, expressada pelo crédito dado aos clientes. Controle de Bens do Ativo Imobilizado Analisa os bens para uso na produção ou fornecimento de bens de uso destinado para o funcionamento normal da empresa. Fonte – Extraído e adaptado de: BRUNI e GOMES, 2010, p. 33-34. 9 Completando a classificação dada por Bruni e Gomes, a Contabilidade Gerencial pode ser usada como uma segunda contabilidade pelas empresas, incorporando políticas contábeis diferentes das regras fiscais e contábeis. Esta situação é bastante comum em grupos internacionais, com o objetivo de receber as informações das suas unidades com um só critério. O papel prático da contabilidade gerencial é o de aumentar o conhecimento dentro de uma organização, reduzindo o risco associado com a tomada de decisões, em padrões determinados pela alta administração por meio de relatórios específicos. Como exemplo desta diferença de política contábil, temos o critério adotado na definição das taxas de depreciação. Para um melhor entendimento, temos a seguinte situação: A empresa Comércio XYZ Ltda. possui a política troca de seus equipamentos de informática a cada 3 (três) anos. Com isso, irá reconhecer um valor maior de depreciação no resultado de cada período. Tabela 1.1 – Exemplo de valor de depreciação no resultado de períodos da empresa Comércio XYZ Ltda. Critério Taxa Vida útil em Anos Fiscal 20% a.a 5 anos Pronunciamento Contábil – CPC 27 25% a.a (Vida útil estimada do bem) 4 anos Gerencial 33,34% a.a 3 anos Outras políticas podem ser adotadas, tais como: • Valor mínimo de um bem a ser integrado ao ativo permanente; • Critério de alocação de custos aos produtos; • Reconhecimento de provisões; • Taxas de câmbio. 10 1.4 Contabilidade Financeira x Gerencial Neste tópico vamos resumir as principais diferenças entre a Contabilidade Financeira e a Gerencial, bem como os seus diferentes objetivos, que podem ser usados em conjunto. Quadro 1.3 – Objetivos da Contabilidade Gerencial. De natureza seletiva Não são todas as informações contábeis utilizadas pela administração – o que definirá o que deve ser averiguado é o objetivo da análise. Com ênfase no futuro Seu foco no cenário futuro é o apoio na tomada de decisões. Para esse fim, são muito utilizadas análises de orçamento. Fornecimento de informações, mas sem decisão Fornece informações sobre a empresa aos gestores. Coletar dados por meio de análises funcionam da mesma forma que analisar KPIs ou demonstrativos de resultados. Ou seja, sozinhos, não dizem nada. Não se limita pelas Regras da Contabilidade Financeira Não segue regras: está preocupada com a informação altamente útil para fins de tomada de decisão e controle. Não possui regras e convenções específicas Não possui regras e convenções para registrar as transações. As ferramentas e técnicas aplicadas pela administração variam de um período para outro e de um objetivo para outro. Melhora a eficiência interna Permite analisar o desempenho da real situação de cada área no que tange ao orçamento que, comparado com os objetivos, desvios podem ser detectados. Ao fazer isso, fica muito mais fácil encontrar as causas e dar ideias para melhorar a eficiência do departamento. Dessa forma, melhora-se eficiência da organização como um todo. 11 Quadro 1.4 – Objetivos da Contabilidade Financeira. Possui requerimento legal Não apenas atende a requisito legal, mas também faz demonstrações financeiras que precisam ser auditadas, já que servem a propósitos externos. Tem preparação de relatórios São preparados os mesmos tipos de relatórios de contabilidade, independente do público: acionistas, credores, analistas financeiros, autoridades governamentais, bolsas de valores, sindicatos etc. Os relatórios são apresentados em intervalos regulares. Faz utilização de custos históricos São principalmente necessários custos históricos e transações passadas. 1.5 Conceito e finalidade da Contabilidade de Custos Pode-se definir a Contabilidade de Custos como um conjunto de registros específicos, baseados em escriturações regulares, utilizados para identificar, medir e informar todo e qualquer custo envolvido na produção, comercialização e na prestação de serviços, bem como seus efeitos nas operações de venda. A Contabilidade de Custo surgiu pela necessidade de avaliar estoques nas indústrias, por volta do século XVIII, durante a revolução industrial. Teve como base a Contabilidade Financeira ou Contabilidade Geral, sendo desenvolvida na Era Mercantilista para servir de grande base estrutural para as empresas comerciais A contabilidade de custos tem como principais objetivos: o Fornecer dados para apuração de custos para o cálculo do preço de venda e avaliação de estoques; o Fornecer informações à administração para o controle das operações e atividades da empresa; o Fornecer informações para planejamento, orçamentos e tomadas de decisões; o Atender às exigências fiscais e legais. 12 O sistema de custos busca identificar os gastos com a produção (custos totais), para que com base nestes dados possam ser realizadas classificações, análises, avaliações, controles e planejamentos, que, consequentemente, transforma-se num importante instrumento de gestão como fonte primária e básica para a tomada de decisão. A Contabilidade de Custos está apta a atender e gerar informações para as mais diversas finalidades, tais como: • Finalidade Contábil: o sistema de custos tem sua estrutura formulada para encontrar o custo do estoquea ser contabilizado e, como consequência, o CMV, CPV ou CSP determinantes na apuração do crédito. • Finalidade Administrativa: o sistema de custos tem o intuito principal de estabelecer maneiras de controle, utilizando na maioria dos casos o sistema de custo padrão, podendo o administrador gerenciar seu sistema operativo. • Finalidade Gerencial: o sistema tem como base o cálculo do custo atual, futuro, de reposição, entre outros, buscando subsídios para gerenciar seu sistema produtivo na visão de curto e longo prazo, estabelecendo metas, preços de venda e estratégias. Os objetivos principais do sistema de custo gerencial são: o Suprir a administração de informação para a tomada de decisão; o Servir como ponto de orientação quanto a medidas de correção; o Acompanhar distorções de valores, níveis de eficiência de produção e qualidade dos padrões estabelecidos; o Identificar contribuição por produto e linhas deficitárias, dentre outros aspectos. Resumindo as funções da contabilidade financeira, gerencial e de custos, pode-se apresentar a entidade de um sistema contábil capaz de cumprir as exigências legais (Contabilidade Geral/Financeira) e ainda as necessidades dos usuários (internos e externos), gerando informações de ordem fiscal e gerencial. 13 Figura 1.3 – Sistema de Informações Contábeis. Fonte – LOPES e IBARRA, 1996, p. 87. Saiba Mais Caso queira aprofundar seus estudos e queira indicações sobre o tema estudado, seguem os links abaixo: A evolução da contabilidade – leia o artigo “A evolução das práticas contábeis ao longo da história do Brasil” publicado no 7º congresso da UFCS de Controladoria e Finanças: http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/arquivos_artigos/artigos/1310/20170710234759.pdf A Importância da Contabilidade Gerencial: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/sociais/inic/INICG00186_01O.p df http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/arquivos_artigos/artigos/1310/20170710234759.pdf http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/sociais/inic/INICG00186_01O.pdf http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/sociais/inic/INICG00186_01O.pdf 14 Conclusão Nesse bloco foi tratado sobre a evolução da contabilidade no mundo e no Brasil, visando estabelecer a ligação do papel da Contabilidade Financeira, sua evolução, regras e normas que deverão ser seguidas para a geração das demonstrações financeiras e na divulgação das informações para os usuários internos e externos, bem como a conceituação e as finalidades da Contabilidade Gerencial, Societária e de Custos. REFERÊNCIAS ATKINSON, Anthony; et al. Contabilidade Gerencial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. BAZZI, Samir. Contabilidade Gerencial: conceitos básicos e aplicação. Curitiba: InterSaberes (Série Gestão Financeira), 2015. BRUNI, Adriano; GOMES, Sônia. Controladoria Empresarial: conceitos, ferramentas e desafios. Salvador: EDUFBA, 2010, p. 33-34. FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1997. IMA (Institute of Management Accountants). Statements on Management Accounting: Definition of Management Accounting. IMA, 2008. LÓPEZ, José; IBARRA, Felipe. Enfoque Actual de la Contabilidad de Dirección Estratégica. Técnica contable, ISSN 0210-2129. Espanha: Universidad de La Rioja. Vol. 48, n. 571, 1996, p. 87. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, Evandir. Custos. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2018. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. São Paulo: Atlas, 1996. RIBEIRO, Osni. Contabilidade de Custos Fácil. 8. edição. São Paulo: Saraiva, 2013. SILVA, Carla Cibele da. A Ciência Contábil. Santa Catarina: Clube de autores, 2016, p. 14-15. 15 2 CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS Neste bloco iremos discutir os principais conceitos utilizados pela Contabilidade de Custos, que são de fundamental importância para a correta classificação dos dispêndios da empresa ao produto, para a geração de informações e para o processo de gestão das empresas. O processo de classificação dos dispêndios é um ponto crítico para o correto cálculo do custo, pois um erro nessa classificação poderá afetar o custo do produto para mais ou para menos. 2.1 Terminologias usadas na Contabilidade de Custos Para a correta classificação das operações das empresas, o primeiro conceito é conhecer o que é Gasto, pois, a partir disso, são distribuídos em quatro subitens. Conforme conceituou Elizeu Martins (2010): [...] passamos a utilizar a seguinte nomenclatura: Gasto – Compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente em dinheiro) e com o devido reconhecimento contábil. (MARTINS, 2010, p. 9). A fim de tornar mais claro este conceito, por ser muito amplo, seguem alguns exemplos de Gastos: compra de matérias-primas, gastos com mão-de-obra para a produção ou para a administração, compra de bens para o ativo imobilizado etc. É importante entendermos também o que vem a ser desembolso, que é representado pelo pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço, podendo ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada. Após a identificação dos Gastos, eles deverão ser classificados e subdivididos nos quatro grupos abaixo, conforme a sua finalidade de acordo com o registro inicial da operação, pois poderão sofrer alterações no decorrer das operações da empresa. 16 • Custo — É um gasto reconhecido no momento da utilização na produção de bens, na execução de um serviço ou na comercialização de bens. Exemplos de custos: consumo de matéria-prima, embalagem, energia elétrica utilizada pela fábrica, mão de obra aplicada ao produto, depreciação dos equipamentos da produção, entre outros. • Despesa — Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas, isto é, valores aplicados na gestão da empresa e têm por natureza reduzirem o Patrimônio Líquido, por representarem sacrifícios no processo de obtenção de receitas. Exemplos de despesas: salários da equipe administrativa, comissão e frete sobre as vendas, depreciação dos equipamentos administrativos e comerciais, consumo de água pela área comercial, entre outros. • Investimento — Bem considerado com um ativo da empresa em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). Todos os sacrifícios ocorridos pela aquisição de bens ou serviços (gastos), que são “estocados” nos Ativos da empresa para baixa ou amortização de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização, são especificamente chamados de investimentos. Exemplos de investimentos: a matéria prima comprada para estoque, que será um custo quando do seu consumo na produção, aquisição de um equipamento, ações ou quotas de uma empresa sem fins de especulação, entre outros. • Perda — Bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. As perdas podem ser classificadas de duas formas em função da sua origem, com impactos diferentes no resultado da empresa: a) decorrente da atividade produtiva da empresa – integra o custo do produto, tais como sobra de matéria prima, aparas no corte, entre outras; 17 G A S T O CUSTO DRE = CUSTO DAS VENDAS b) decorrente de fatores externos/fortuitos – considera-se despesa e vai para o Resultado do Exercício. Exemplo: Quebra por queda do produto, acidente no transporte para o cliente, entre outros. A classificação do gasto pode ser considerada como o primeiro passo utilizado pela Contabilidade de Custo e, consequentemente, para o cálculo do custo de um produto ou serviço. Esta classificação pode ser assim resumida da seguinteforma: Figura 2.1 – Classificação de Gasto. Outras terminologias utilizadas na Contabilidade de Custos: • Objeto de custeio – É qualquer item para o qual os custos são medidos e atribuídos, como: produtos, clientes, departamentos, processos, atividades e assim por diante. • Custeio – É a técnica ou procedimento de se obter o custo de um objeto de custo qualquer (um produto, um serviço, um cliente etc.). • Custear – Significa coletar, acumular, organizar, analisar, interpretar e informar custos e dados de custos, com o objetivo de auxiliar a gerência da empresa. • Alocar – Identificar gastos, ou “distribuir recursos” a um determinado produto diretamente sem a utilização de critério de rateio. • Apropriar – Identificar gastos, ou “distribuir recursos” a vários produtos através de critério de rateios. NÃO ESPERADA = DESPESA DRE = CUSTO OU DESPESA ESPERADA = CUSTO PERDA INVESTIMENTO DRE = DESPESA DESPESA 18 2.2 Fundamentos de Custos Diretos, Indiretos, Fixos e Variáveis Após a classificação de gasto como custo, deverá passar por uma segunda classificação, agora relacionada ao produto, que receberá essa alocação, de acordo com o processo de custeio. Essa nova classificação tem relação com o volume de produção ou com a relação dos materiais utilizados para a fabricação de um produto. Esclarecendo esses dois novos conceitos em relação ao produto, os custos poderão ter relação direta ou indireta. • Custos Diretos – estão relacionados a um determinado objeto de custo e podem ser identificados de maneira economicamente viável (custo efetivo), como: matéria- prima, mão de obra dos operários, energia elétrica (quando se tem condições objetivas de medir o consumo efetivo). Para ficar mais claro, temos o seguinte exemplo para a produção de um bolo: Tabela 2.1 – Exemplo de Custos Diretos sobre produção de bolo. Material Unidade Consumo Farinha Quilo 500 gramas Ovos Unidade 3 unidades Leite Litro 2 litros • Custos Indiretos – estão relacionados a um determinado objeto de custo, mas o consumo não pode ser identificado de maneira fácil (custo efetivo). São alocados ao objeto de custo, estimados ou até mesmo arbitrados pela empresa, denominado rateio. O método de alocação deverá ser feito de maneira estimada e muitas vezes arbitrária. Alguns exemplos de custos poderão ser alocados através de um critério de rateio – aluguel da fábrica, depreciação (método linear), manutenção, seguro –, em função da grande dificuldade de se determinar o quanto um produto consumiria. 19 Tornando mais claro este conceito, temos o seguinte exemplo a partir do caso anterior: Tabela 2.2 – Exemplo de Apropriação Direta sobre produção de bolo. Material Unidade Consumo Farinha Quilo 500 gramas Ovos Unidade 3 unidades Leite Litro 2 litros Tabela 2.3 – Exemplo de Apropriação Indireta sobre produção de bolo. Material Unidade Consumo Energia Elétrica Quilowatt-hora (KWH) Quantos KWH serão utilizados para produzir um bolo? Em relação ao volume de produção, os custos poderão ter relação fixa ou variável. Outra classificação é a que leva em consideração a relação entre o valor total de um custo e o volume de atividade numa unidade de tempo, que é basicamente classificada como Custos Fixos e Variáveis. • Custos Fixos – permanecem estáveis, independentemente das alterações no volume da produção. São custos necessários ao desenvolvimento do processo industrial em geral, pelo qual se repetem em todos os meses do ano. Será cobrado pelo mesmo valor por qualquer que seja o nível, inclusive no caso de não haver produção. Exemplos deste tipo de custo: imposto predial, aluguel da fábrica, salários de vigias e de porteiros de fábrica, prêmios de seguros, entre outros. É importante ressaltar que os Custos Fixos podem sofrer alguma variação de valor em função de cláusulas de reajuste ou de correção de valores. O aluguel, por exemplo, onde os contratos possuem cláusulas de reajuste, e o IPTU, que anualmente sofre reajuste em função da valorização dos imóveis. 20 • Custos Variáveis – variam em decorrência do volume da produção. Assim, quanto mais produtos forem fabricados em um período, maiores serão os custos e as quantidades consumidas. Os custos variáveis aumentam à mesma medida do volume de produção. Exemplos de custo variável: matéria-prima consumida, materiais indiretos consumidos, mão de obra dos funcionários da produção, entre outros. Para um melhor entendimento, vamos analisar a seguinte situação: Para produção de uma camisa, é necessário 1,50 m de tecido, mas se for fabricado 50 camisas, qual será o consumo de tecido? Respondendo a essa pergunta, serão necessários 75 m de tecido (1,50 m x 50 unidades). Assim, quanto maior for a quantidade fabricada, maior será o consumo de matéria- prima, e, consequentemente, maior será o seu custo e seu consumo. Outras duas classificações também são utilizadas para a classificação dos custos: • Custos Semivariáveis – variam com o nível de produção, entretanto, têm uma parcela fixa mesmo que nada seja produzido. Exemplo: conta de energia elétrica da fábrica, na qual a concessionária cobra uma taxa mínima mesmo que nada seja gasto no período. • Custos Semifixos – Também chamados de Custos por Degraus, são fixos em uma determinada faixa de produção, mas que variam se houver uma mudança dessa faixa. Exemplo: IPTU de fábrica, que sofre reajuste anual em função da valorização dos imóveis. 2.3 Componentes do custo de um produto Para se calcular o custo de produção, três grandes grupos de gastos deverão ser considerados e apropriados aos produtos, que estão distribuídos em Custos de Materiais, Custo da Mão de Obra e Custos Indiretos de Fabricação. 21 • Custo dos Materiais – São os materiais que integram fisicamente o produto (Matérias-primas e materiais secundários), e as embalagens, quando aplicadas aos produtos dentro da área de produção, são chamados de materiais diretos. A legislação do Imposto de Renda e os pronunciamentos contábeis determinam que o custo de aquisição dos materiais compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os demais custos diretamente atribuíveis ao processo de aquisição. Com base neste conceito, o custo unitário de um material poderá ser assim exemplificado: Compra a prezo de 10.000 unidades ao valor total de R$ 10.000,00, com impostos recuperáveis no valor de R$ 3.000,00. Tabela 2.4 – Exemplo de Custo de Materiais. Valor de compra R$ 10.000,00 (-) Impostos recuperáveis R$ 3.000,00 (=) Valor de custo R$ 7.000,00 Quantidade comprada R$ 10.000 Custo Unitário R$ 7,00 A contabilização das operações de compra de modo geral será registada da seguinte forma: Tabela 2.5 – Exemplo de custo de materiais, sobre compras de modo geral. Débito: Estoques R$ 7.000,00 Débito: Impostos a Recuperar R$ 3.000,00 Crédito: Fornecedores R$ 10.000,00 • Custo da mão de obra – é relativa ao pessoal que trabalha diretamente ou indiretamente na produção de um produto ou serviço que compõem os seguintes itens: 22 o Remuneração – composta da somatória de várias fontes de proventos, tais como: salário base, hora extra, adicional noturno, adicional insalubridade, prêmios etc. o Encargos Sociais – são considerados os encargos incidentes sobre as remunerações devidas aos empregados que serão incluídos ao custo da mão de obra, tais como: - Contribuições à Previdência Social; - Depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; - Seguro contra acidentes de trabalho; - Programa de Integração Social - PIS sobre a folha de salários; - Férias; - 13º Salário etc. o Benefícios – São gastos efetuados pelas entidades, seja por forçada lei, de negociação individual ou coletiva, ou ainda por liberdade do empregador, com o objetivo de constituir fundos ou custear necessidades vitais ou atividades sociais para os empregados e seus dependentes, que também deverão ser considerados na formação do custo da mão de obra. Como, por exemplo: - Serviços médicos, cirúrgicos, hospitalares e odontológicos; - Serviços de alimentação: refeições gratuitas ou subsidiadas; - Creches; - Seguro de vida e de saúde; - Planos de aposentadoria complementar; - Transporte gratuito ou subsidiado; - Cesta básica etc. 23 Os custos de mão de obra, quer seja direta ou indireta, deverão ser considerados através de critérios de medição das horas trabalhadas no produto. Para a mão de obra indireta, a apropriação será através de critérios de rateio. Exemplo de cálculo do custo unitário da mão de obra direta: Tabela 2.6 – Exemplo de custo de mão de obra direta. Custo de mão de obra direta Taxas Custo Unit R$ Salário base da produção 2.000,00 2.000,00 Benefícios por funcionário Vale Transporte mensal 250,00 Vale Alimentação mensal 300,00 Seguro de Vida mensal 20,00 570,00 Encargos s/ salários INSS parte empresa 20% 400,00 FGTS 8% 160,00 560,00 Provisões Férias 8,33% 166,60 Abono de férias 33% 54,98 Encargos s/ Férias 28% 62,04 13º Salário 8,33% 166,60 Encargos s/ 13º Salário 28% 46,65 496,87 Custo Total 3.626,87 Horas disponíveis para a produção 154 Custo mão de obra por hora 235,51 Qde. produzida em unidades no mês 5.000 Custo unitário da mão de obra direta 0,05 24 Gerência Produção Financeiro Operacional Fábrica RH Ass. Técnica Suprimentos • Custo Indiretos de Fabricação – não apropriado diretamente a cada tipo de bem ou função de custo no momento de sua ocorrência. Os custos indiretos são os gastos apropriados mediante o emprego de critérios de rateio pré-determinados, vinculados às causas correlatas as atividades. Por exemplo, mão de obra indireta rateada por horas/homem da mão de obra direta, gastos com energia com base em horas/máquinas utilizadas, seguro e valor dos bens segurados; volume de produção etc. Esse tópico será tratado mais detalhadamente no item a seguir. 2.4 Sistema de Custeio com e sem Departamentalização O Sistema de Custeio baseia-se na alocação e apropriação dos gastos classificados como custo ao produto de acordo com o seu fluxo na fábrica, isto é, o produto “caminha” pela fábrica, passando pelas áreas produtivas, como podemos observar na figura abaixo (Figura 2.2), e nesse caminhar valores são agregados ao produto. Figura 2.2 – Sistema de Custeio. 25 Presidente Diretor Comercial Diretor Administrativo Diretor Produção Vendedores Auxiliar de Marketing Serviço Técnico Auxiliar de Contratos Auxiliar de Cobrança Auxiliar de Produção Auxiliar de Compras Caixa Par fins de custeio, este “caminhar”, no qual os custos de produção são agregados ao produto até que esteja pronto para comercialização, poderá ocorrer de duas formas. Custeio com ou sem departamentalização e centro de custo, um novo conceito dentro desse sistema. Para que possamos entender os efeitos destas formas de agregar custos ao produto, vamos compreender estes conceitos: • Departamento – refere-se a cada uma das partes em que se pode dividir uma empresa, conforme demostrado (Figura 2.2). Exemplos de Departamentos: Pessoal, Financeiro, Custos, Fundição, Estocagem, entre outros. • Centro de Custos – a menor unidade da empresa é considerada para fins de acumulação de custos ou despesas, conforme podemos verificar (Figura 2.3), onde é possível identificar um maior desdobramento dos departamentos. Figura 2.3 – Sistema de Custeio com departamentalização. Gerente de Gerente de Gerente de Gerente de Gerente de Gerente de Gerente de Vendas Marketing Operações Contratos Cobrança Produção Compras Em termos práticos, a contabilidade de custos utiliza-se dessa departamentalização para atribuir os custos indiretos de fabricação aos produtos elaborados pela entidade, pois, caso não ocorra, essa segmentação dos custos seria levada ao produto em sua totalidade. 26 Buscando deixar mais claro este mecanismo, vamos analisar o exemplo abaixo: A empresa Camisa Pronta Ltda. produz 200 camisas e 400 camisetas básicas por mês com os custos mencionados abaixo (Tabela 2.7). A administração deseja comparar o custeio destes produtos com ou sem a departamentalização. Vamos analisar os resultados obtidos: Tabela 2.7 – Exemplo de Contabilidade de Custos da empresa Camisa Pronta Ltda. Centros de Custo Custo Total R$ Corte 2.400,00 Costura 1.800,00 Pregar botões 1.200,00 Embalagem 1.320,00 Total 6.720,00 Considerando a alocação dos custos indiretos sem departamentalização, o custo será igual para os dois produtos no valor de R$ 11,20 (R$ 6.000,00 / 600 unidades), pois não é considerado se os produtos utilizam ou não as atividades dos departamentos. Mas os custos serão diferentes no caso da departamentalização, pois a produção de camisetas básicas não utiliza os serviços do centro de custo “Pregar botões”, já que esse tipo de produto não utiliza botões. Com isso, temos a seguinte situação: Os centros de custos de Corte, Costura e Embalagem foram apropriados aos produtos com base nas quantidades produzidas: Tabela 2.8 – Exemplo de Contabilidade de Custos de Corte, Costura e Embalagem. Centros de Custo Custo Total R$ Camisa Camiseta Corte 2.400,00 800,00 1.600,00 Costura 1.800,00 600,00 1.200,00 Pregar botões 1.200,00 1.200,00 0,00 Embalagem 1.320,00 440,00 880,00 Total 6.720,00 3.040,00 3.680,00 27 Com esta distribuição, os custos dos produtos serão diferentes, sendo: camisa R$ 15,20 (R$ 3.040,00 / 200 unidades) e camiseta R$ 9,20 (R$ 3.680,00 / 400 unidades). 2.5 Rateio dos Custos Indiretos ao produto Por sua própria definição, todos os Custos Indiretos só podem ser apropriados de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc. Todas essas formas de distribuição contêm, em menor ou maior grau, certo subjetivismo. Portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitável, e em outras oportunidades só a aceitamos por não haver alternativas melhores. Normalmente, os custos comuns a vários produtos são rateados em função de sua própria natureza, tais como: • Aluguel por metro quadrado; • Depreciação pela localização dos equipamentos; • Energia por consumo dos equipamentos; • Seguro pelo valor dos bens segurados e por volume de produção; • Materiais indiretos em função do consumo da matéria prima; • Mão de obra indireta por volume de produção. Segundo o CPC 16 - Estoques, a alocação de custos fixos indiretos de fabricação às unidades produzidas deve ser baseada na capacidade normal de produção, sendo que essa capacidade é a produção média que se espera atingir ao longo de vários períodos em circunstâncias normais. Saiba mais Caso queira aprofundar seus estudos e queira indicações sobre o tema estudado, seguem os links abaixo: A Contabilidade de Custos como Importante Ferramenta de Gestão para a Empresa: file:///C:/Users/Mauri/Downloads/1241-3312-1-PB.pdf file:///C:/Users/Mauri/Downloads/1241-3312-1-PB.pdf 28 Vídeo – Gestão de Custos: https://www.youtube.com/watch?v=ncF0_DxK2pY Conclusão Neste bloco tivemos a oportunidade de conhecer os conceitos básicos utilizados pela Contabilidade de Custos, fundamentais para a correta alocação e apropriação dos gastos e sua aplicação, com base nos elementos básicos do custo de um produto, materiais, mão de obra de custos indiretos de fabricação e comodevem ser levados ao produto final. REFERÊNCIAS COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, CPC nº 16. Estoques. Disponível em: <http://www.cpc.org.br>. Acesso em: 6 jul. 2019. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas 2010. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de Custos Fácil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. https://www.youtube.com/watch?v=ncF0_DxK2pY http://www.cpc.org.br/ 29 3 SISTEMAS DE CUSTEIO Sistema de Custeio é um conjunto de métodos e técnicas utilizadas por uma organização com vista a imputar, ao produto ou ao serviço, todos os custos a ele relacionados. Outro aspecto prende-se com o detalhe pretendido para o custo, que enquadrará, no mínimo, nas seguintes categorias: • Materiais – valor dos materiais, incluídos no produto/projeto; • Mão de Obra – valor acrescentado pelos recursos diretos; • Máquina – valor associado à utilização dos recursos produtivos; • Gastos Gerais de Fabricação – valor correspondente aos custos indiretos, associados ao processo de obtenção do produto/projeto, tipicamente obtido de forma indexada aos custos anteriores. Vários são os sistemas de custeio, no entanto nos deteremos aos mais utilizados na gestão das empresas e que atentem à legislação fiscal, que visam calcular o custo do produto, o valor dos estoques e dos custos das mercadorias, produtos vendidos e serviços prestados. 3.1 Sistema de Custeio por Absorção O Custeio de Absorção é o método derivado da aplicação dos Princípios de Contabilidade, cujo objetivo é considerar todos os custos incorridos (fixos ou variáveis, diretos ou indiretos) em cada fase da produção, na avaliação e no registro do valor, do produto fabricado. A palavra “absorção”, mesmo no contexto de custos, se explica por si só: o produto a ser fabricado “absorve” o gasto que ocorrer no esforço de sua produção – matérias primas, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. Esse método foi derivado do sistema desenvolvido na Alemanha no início do século XX, conhecido por RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit). 30 Características do Custeio por Absorção: • Engloba os custos totais – fixos, variáveis, diretos e/ou indiretos; • Faz a alocação dos custos indiretos, no centro de custos – auxiliares e produtivos; • Faz a alocação dos centros de custos para os produtos; • É útil nas empresas que têm processo de produção pouco flexível e poucos produtos; • Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de produção; • Método aceito pelo Regulamento do Imposto de Renda e pelos pronunciamentos contábeis (CPC 16 R1 - Estoques). Buscando deixar mais clara como os custos são apropriados ao produto, Elizeu Martins (2010) representou graficamente este fluxo. Figura 3.1 – Esquema básico de Custeio por Absorção. Fonte: MARTINS, 2010, p. 49. 31 Podemos resumir as vantagens e desvantagens deste método através do quadro abaixo: Quadro 3.1 – Vantagens e desvantagens do Custeio por Absorção. Vantagens Desvantagens Considera o total dos custos por produto. Poderá elevar artificialmente os custos de alguns produtos. Formação de custos para estoques conforme Princípios de Contabilidade e leis tributárias. Não evidencia a capacidade ociosa da empresa. O custo fixo por unidade depende ainda do volume de produção. Permite a apuração dos custos por centro de custos. Os critérios de rateios são sempre arbitrários, portanto, nem sempre justos. Fonte – Adaptado de: KOLIVER, 2009. 3.2 Sistema de Custeio Direto ou Variável O Sistema de Custeio Direto ou Variável propõe que as cargas de custos sejam reclassificadas em custos fixos e variáveis; diferente do método de absorção, que usa adicionalmente a classificação de custo direto e indireto. No cálculo dos custos finais por produto, os custos variáveis e fixos deverão ser levados globalmente ao resultado do período, por não serem considerados como elementos componentes do custo dos produtos. No Brasil, este método não é permitido para fins contábeis e fiscais, de valoração de estoques e de determinação do resultado do período, pois fere os Princípios Fundamentais de Contabilidade da Competência. Isso reduz o lucro do período, e, consequentemente, do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro a ser recolhido. No entanto, destina a proporcionar à administração maior informação sobre a relação existente entre custos, volume e resultado. 32 Características do Custeio Direto ou Variável: • Considera somente os custos variáveis, sendo diretos ou indiretos – seu enfoque é no produto; • Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de vendas; • É um critério administrativo gerencial e interno; • Apresenta a contribuição marginal que é igual a diferença entre as receitas e os custos diretos e variáveis dos segmentos estudáveis; • O custeio variável estima-se a auxiliar no processo de planejamento e tomada de decisão, principalmente a curto prazo; • Enfoca, principalmente, o custo unitário de produção; • Requer a separação dos custos fixos e variáveis. Podemos resumir as vantagens e desvantagens deste método através do quadro abaixo: Quadro 3.2 – Vantagens e desvantagens do Custeio Direto ou Variável. Vantagens Desvantagens Enfoque gerencial. Ao não considerar os CF, acaba tendo uma visão de curto prazo. Não incorre em erros de rateios. Isoladamente, não se aplica para formação do preço de venda. Permite uma análise da contribuição direta de cada produto para com os resultados, pela análise da margem de contribuição. Deve ser avaliado com detalhe em empresas de elevado Ativo Imobilizado, pois não considera a depreciação, quando esta for calculada pelo método linear ou outro método que a transforme num custo fixo. Os dados necessários para a análise da relação Custo/Volume/Resultado são rapidamente obtidos. A exclusão dos CF indiretos para a valoração do estoque causa subavaliação. Fere a legislação e os princípios contábeis. É totalmente integrado com o custo- padrão e orçamento flexível. Fonte – Adaptado de: KOLIVER, 2009. 33 3.3 Sistema de Custeio Padrão O Sistema de Custeio Padrão é um custo pré-determinado por meio de estudos, utilizando-se de técnicas e métodos cientificamente aceitos, de forma que se torna um custo objetivado. Isso serve como parâmetro para avaliação dos estoques e dos produtos vendidos, controle de recursos consumidos e tomada de decisão que envolvam a produção, venda, e também as necessidades de caixa das empresas. É considerado como um custo ideal ou um custo mínimo, que deveria ser obtido pela indústria, servir de base para a administração, mediar a eficiência da produção e conhecer as variações de custo. Seria aquele que deveria ser obtido pela indústria nas condições de plena eficiência e máximo rendimento. A grande finalidade desta metodologia está no controle dos custos, isto é, tem o objetivo de fixar uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido. O custo padrão não elimina o cálculo do real, pois, sem este, não será possível medir as variações ocorridas entre o que se espera com o que realmente ocorreu no processo produtivo. Esta análise pode trazer correções nos processos de produção das empresas, tais como: variações no preço de compra dos insumos, na alocação de horas trabalhadas e dos custos ao produto, entre outras. Características do Custo Padrão: • Origem Americana no início deste século; • Enfoca basicamente os Custos Diretos (MP e MOD), desenvolvidos no período em que estas eram as maiores parcelas do Custo Total; • Tem o objetivo de estabelecer padrões de consumo de recursos – eficiência de utilização dos meios de produção; • Considerando os Custos Diretos, baseia-se no Princípiode Custeio por Absorção; • Permite, para os Custos diretos, avaliação de desempenho, orçamento confiável, determinação de responsabilidade, identificação de medidas corretivas e de oportunidades de redução de custos; • Exige constantes correções nos Padrões monetários. 34 Podemos resumir as vantagens e desvantagens deste método através do quadro abaixo: Quadro 3.3 – Vantagens e desvantagens do Custeio Padrão. Vantagens Desvantagens Remover e medir a eficiência do sistema produtivo. Problema para fixação do padrão. Controlar e reduzir os custos. Fixação de metas inatingíveis. Avaliar inventários e desempenho. Não é aceito pela Imposto de Renda, obrigando a empresa utilizar o custeio por absorção. Fixar preços de venda Fixar metas difíceis, mas não impossíveis de serem alcançados poderá funcionar como alvos e desafios Fonte – Adaptado de: KOLIVER, 2009. 3.4 Custeio ABC O Activity Based Costing (ABC) ou, em português, o Custeio Baseado em Atividades foi desenvolvido pelos professores americanos Robert Kaplan e Robin Cooper em meados da década de 1980, na Universidade de Harvard. Consiste no método de custeio, com o objetivo de avaliar com precisão as atividades desenvolvidas em uma empresa (de indústria, serviços ou comércio), utilizando direcionadores para alocar as despesas e custos indiretos de uma forma mais realista aos produtos e serviços, visando reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo critério de rateio dos custos indiretos. Esse método busca identificar as atividades relevantes que geram os custos necessários para os produtos. Desse modo, um departamento pode ter mais de uma atividade, assim como podem existir atividades que não necessariamente tenham que ser acumuladas por departamentos ou centros de custos. O Custeio ABC também busca alocar todos os custos indiretos por meio de atividades e direcionadores de custo: • Atividades – ações que utilizam recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros para se produzirem bens ou serviços. É composta por um conjunto de tarefas necessárias ao seu desempenho. As Atividades poderão ser classificadas em duas categorias: o Primárias – relacionadas com o produto (que consomem recursos em função da produção); o Secundárias – relacionadas com a organização e sua gestão. • Direcionadores de Custos – fatores que geram ou influenciam o nível dos gastos de uma atividade ou de um objeto de custeio, isto é, determina a quantidade de trabalho aplicada em determinada atividade e, através dela, o custo de uma atividade. Diante destes critérios, é possível representar o processo de alocação dos custos indiretos ao produto final da seguinte forma: Figura 3.2 – Custeio por Atividades ABC. 35 Com o que foi 36 Para melhor explicar esta nova forma de apropriação, vamos utilizar o exemplo dado por Martins (2010): como os produtos consomem a atividade de compra de materiais? O número de pedidos e cotações emitidos para a compra indica a relação da atividade com o produto comprado. Assim, o direcionador dessa atividade (Comprar Materiais) para os produtos é o número de pedidos e cotações emitidos. Transformado a teoria em prática, podemos analisar o esquema básico do ABC por meio de um exemplo hipotético aplicado a um setor de expedição de uma indústria que fabrica perfumes, desenvolvido por Mauad e Pamplona (2003), no qual é possível identificar como um custo é levado ao produto. Figura 3.3 – Sistema do método de custeio ABC. Fonte – MAUAD; PAMPLONA. 2003. De acordo com Martins (2010), como o ABC é uma ferramenta eminentemente gerencial, pode ser implementado sem interferir no sistema contábil corrente da empresa, isto é, pode ser um sistema paralelo, com o fornecimento de informações na periodicidade que a gerência solicitar (mensal, trimestral ou semestral). Assim, na soma dos recursos despendidos com produtos, as despesas operacionais podem ser incluídas como, por exemplo, com vendas e administração, desde que rastreáveis através de direcionadores. 37 Podemos resumir as vantagens e desvantagens deste método através do quadro abaixo: Quadro 3.4 – Vantagens e desvantagens do Custeio ABC. Vantagens Desvantagens Proporciona melhor visualização dos fluxos de processos Produz gastos elevados para implantação; Identifica os produtos e clientes mais lucrativos; Possui alto nível de controles internos a serem implantados e avaliados; Eliminam/reduzem atividades que não agregam aos produtos um valor percebido pelo cliente; Leva em consideração muitos dados com informações de difícil extração; Geram informações gerenciais relativamente mais fidedignas por meio de redução do rateio; Tem dificuldade de envolvimento e comprometimento dos empregados da empresa; Identifica o custo de cada atividade em relação aos custos totais da entidade; Não é aceita pelo fisco, gerando a necessidade de possuir dois sistemas de custeio; Pode ser empregado em diversos tipos de empresas (industriais, comerciais, de serviços, com ou sem fins lucrativos). Possui alto nível de controles internos a serem implantados e avaliados; Tem necessidade de reorganização da empresa antes de sua implantação; Fonte – Adaptado de: KOLIVER, 2009. 3.5 Sistemas de Custeio no processo de tomada de decisão O sistema de custeio ABC trouxe uma nova alternativa para a apropriação, principalmente dos custos indiretos, por não utilizar os critérios de rateio baseados em estimativas e não em análise das operações, mesmo diante das dificuldades na sua implantação. Comparando com os sistemas tradicionais, alguns pontos poder ser destacados, tais como: 38 • Diminui a alocação dos custos com base em rateios, pois, através de pesquisas aos processos de procura, localiza as origens dos custos; • Os custos começam a ser computados no início da operação, por exemplo em um processo industrial, onde os custos gerados pelo recebimento da matéria-prima são considerados na formação do custo do produto. Nos sistemas tradicionais, a acumulação inicia-se somente com o processamento da matéria-prima. A alocação das despesas decorrem da garantia e do atendimento ao consumidor após o momento da entrega do produto. Nos sistemas tradicionais não existe esse tipo de preocupação. Saiba Mais Caso queira aprofundar seus estudos e queira indicações sobre o tema estudado, seguem os links abaixo: Vídeo - Aplicação prática do Custeio ABC para TI: https://www.youtube.com/watch?v=Jk9mnQnFSPc Artigo: Estruturação de um modelo de custeio baseado em atividades numa empresa prestadora de serviços: file:///C:/Users/Mauri/Downloads/14784-76737-1-PB.pdf Conclusão Neste módulo foram discutidas as formas de custeio de um produto aceitas ou não pela legislação fiscal ou pelas regras contábeis. Elas buscam gerar informações para a gestão das empresas em uma área sensível – incorporação dos custos ao produto e impacto na formação do preço de venda e a possibilidade de utilização de critérios mistos para este fim, usando o Custo ABC como ferramenta de rateio dos custos indiretos de fabricação. https://www.youtube.com/watch?v=Jk9mnQnFSPc file:///C:/Users/Mauri/Downloads/14784-76737-1-PB.pdf 39 REFERÊNCIAS BRASIL, Decreto Nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Dispõe sobre o regulamento da tributação, da fiscalização, da arrecadação e da administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 20 jun. 2019. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, CPC nº 16. Estoques. Disponível em: <http://www.cpc.org.br>. Acesso em: 6 jul. 2019. CREPALDI, Silvio. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 5. ed. SãoPaulo: Atlas, 2010. KOLIVER, Olívio. Contabilidade de Custos. Curitiba: Juruá, 2009. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo, Atlas, 2010. MAUAD, Luiz; PAMPLONA, Edson de O. ABC/ABM e BSC: Como essas ferramentas podem se tornar poderosas aliadas dos tomadores de decisão das empresas. VII Congresso Internacional de Costos. Punta Del Leste, Uruguay, nov. 2003. NAGAGAWA, Masayuki. ABC Custeio baseado em atividades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de Custos Fácil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm http://www.cpc.org.br/ 40 4 SISTEMAS DE VALORIZAÇÃO DOS ESTOQUES E CÁLCULO DO CUSTO DO PRODUTO VENDIDO Neste bloco iremos discutir os sistemas de valorização dos estoques e o cálculo do custo do produto vendido, por conceito de valorização, metodologias, gestão, valor líquido e impactos que causam as metodologias de custeio no resultado das empresas, que serão explanados no decorrer do bloco. 4.1 Conceito de valorização dos estoques e cálculo do custo das vendas Baseando-se nos artigos 304 a 308 do RIR/2018, as pessoas jurídicas submetidas à tributação com base no lucro real devem, ao final de cada período de apuração, proceder ao levantamento e à avaliação dos seus estoques: mercadorias, produtos manufaturados, matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado. E os estoques existentes na data do encerramento do período de apuração, de acordo com o artigo 307 do RIR/2018 e pelo CPC 16 (R1), podem ser avaliados pelos custos médios ponderados, pelo custo dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente (PEPS – Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair), sendo também admitida a avaliação com base no preço de venda, subtraída à margem de lucro. Todos esses pontos serão explicados no próximo item. 4.2 Metodologias de cálculo • Custo Médio Ponderado Móvel e Fixa – Também chamado de método da média ponderada ou média móvel, baseia-se na aplicação dos custos médios em lugar dos custos efetivos. Por esse critério, os estoques são avaliados pelo custo médio de aquisição, apurado a cada entrada de mercadorias, ponderado pelas quantidades adquiridas e pelas anteriormente existentes. O cálculo do custo médio poder ser calculado através de duas metodologias: 41 o Custo Médio Ponderado Móvel Fixa – Este critério prevê que os estoques serão avaliados somente no final do período (mês ou ano) pela média dos custos dos materiais que estiveram disponíveis para venda ou para uso durante todo o período. Para um melhor entendimento desta forma de cálculo, vamos passar para um exemplo prático: Tabela 4.1 – Custo Médio Ponderado Móvel Fixa. Data Movimento Entrada Saída Saldo Qde. Custo Total Qde. Custo Total Qde. Custo Total Saldo Inicial 1.000 2.500,00 2,5000 01/03/17 Compra 1.000 2,4600 2.460,00 2.000 4.960,00 2,4800 15/04/17 Compra 2.000 2,4600 4.920,00 2,4800 4.000 9.880,00 2,4700 30/06/17 Compra 1.500 2,6240 3.936,00 5.500 13.816,00 2,5120 20/09/17 Compra 5.000 2,6240 13.120,00 2,4679 10.500 26.936,00 2,5653 01/04/17 Venda 700 1.795,73 9.800 25.140,27 2,5653 15/05/17 Venda 1.200 2,5329 3.078,40 8.600 22.061,87 2,5653 30/07/17 Venda 900 2.308,80 7.700 19.753,07 2,5653 20/11/17 Venda 3.00 2,5921 7.696,00 4.700 12.057,07 2,5653 Total 9.500 24.436,00 5.800 14.753,29 14.878,93 o Custo Médio Ponderado Móvel – O método anterior, como observamos, é de relativa complexidade de controle, sendo agrupados os seus valores por “lotes” de mercadorias adquiridas e vendidas, conforme as respectivas datas de entrada e de saída. Para evitar isso, há a possibilidade de se avaliar os estoques por um custo médio, apurado, dividindo-se o custo total do estoque pelas unidades nele existentes. Sendo adotado esse critério, as mercadorias estocadas serão sempre valoradas pela média dos custos de aquisição, atualizados a cada compra efetuada. Usando os mesmos dados do cálculo anterior, temos: 42 Tabela 4.2 – Custo Médio Ponderado Móvel. Data Movimento Entrada Saída Saldo Qde. Custo Total Qde. Custo Total Qde. Custo Total Saldo Inicial 1.000 2.500,00 2,5000 01/03/17 Compra 1.000 2,4600 2.460,00 2.000 4.960,00 2,4800 01/04/17 Venda 700 2,4800 1.736,00 1.300 3.224,00 2,4800 15/04/17 Compra 2.000 2,4600 4.920,00 3.300 8.144,00 2,4679 15/05/17 Venda 1.200 2,4679 2.961,45 2.100 5.182,55 2,4679 30/06/17 Compra 1.500 2,6240 3.936,00 3.600 9.118,55 2,5329 30/07/17 Venda 900 2,5329 2.279,64 2.700 6.838,91 2,5329 20/09/17 Compra 5.000 2,6240 13.120,00 7.700 19.958,91 2,5921 20/11/17 Venda 3.000 2,5921 7.776,20 4.700 12.182,71 2,5921 Total 9.500 24.436,00 5.800 14.753,29 • Primeiro a Entrar Primeiro a Sair (PEPS) – A sigla PEPS (Primeiro a Entrar e Primeiro a Sair), também conhecida por FIFO (First In, First Out), registra as vendas à medida que ocorrem. As “baixas” no estoque acontecem a partir das primeiras unidades compradas ou produzidas, o que compararíamos ao raciocínio de que vendemos ou compramos primeiro as primeiras unidades compradas ou produzidas. Justificando: a primeira unidade a entrar no estoque é a primeira a ser utilizada no processo de produção o ou a ser vendida. Usando os mesmos dados do cálculo anterior, temos: 43 Tabela 4.3 – Primeiro a Entrar Primeiro a Sair (PEPS). Data Movimento Entrada Saída Saldo Qde. Custo Total Qde. Custo Total Qde. Custo Total Saldo Inicial 1.000 2.500,00 2,5000 01/03/17 Compra 1.000 2,4600 2.460,00 2.000 4.960,00 2,4800 01/04/17 Venda 700 2,5000 1.750,00 1.300 3.210,00 2,4692 15/05/17 Venda 300 2,5000 750,00 1.000 2.460,00 2,4600 15/05/17 Venda 900 2,4600 2.214,00 100 246,00 2,4600 30/07/17 Venda 100 2,4600 246,00 0 0,00 15/04/17 Compra 2.000 2,4600 4.920,00 2.000 4.920,00 2,4600 30/07/17 Venda 800 2,4600 1.968,00 1.200 2.952,00 2,4600 20/11/17 Venda 1.200 2,4600 2.952,00 0 0,00 30/06/17 Compra 1.500 2,6240 3.936,00 1.500 3.936,00 2,6240 20/11/17 Venda 1.500 2,6240 3.936,00 0 0,00 30/09/17 Compra 5.000 2,6240 13.120,00 5.000 13.120,00 2,6240 20/11/17 Venda 300 2,6240 787,20 4.700 12.332,80 2,6240 Total 9.500 24.436,00 5.800 14.753,29 12.332,80 • Último a Entrar e Primeiro a Sair (UEPS) – A sigla UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair) é também conhecida como LIFO (Last In, First Out). O custo do estoque é determinado como se as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (últimas a entrar) fossem as primeiras unidades vendidas (primeiras a sair). Supõe-se, portanto, que o estoque final consiste nas unidades mais antigas e é avaliado ao custo destas unidades. De acordo com o método UEPS, o custo dos itens vendidos (saídos) tende a refletir o custo dos itens mais recentemente comprados (comprados ou produzidos e, assim, os preços mais recentes). Usando os mesmos dados do cálculo anterior, temos: 44 Tabela 4.4 – Último a Entrar Primeiro a Sair (UEPS). Data Movimento Entrada Saída Saldo Qde. Custo Total Qde. Custo Total Qde. Custo Total Saldo Inicial 1.000 2.500,00 2,5000 01/03/17 Compra 1.000 2,4600 2.460,00 2.000 4.960,00 2,4800 01/04/17 Venda 700 2,4600 1.722,00 1.300 3.238,00 2,4908 15/04/17 Compra 2.000 2,4600 4.920,00 2.000 4.920,00 2,4600 15/05/17 Venda 1.200 2,4600 2.952,00 800 1.968,00 2,4600 30/06/17 Compra 1.500 2,6240 3.936,00 1.500 3.936,00 2,6240 30/07/17 Venda 900 2,6240 2.361,00 600 1.574,40 2,6240 20/09/17 Compra 5.000 2,6240 13.120,00 5.000 13.120,00 2,6240 20/11/17 Venda 3.000 2,6240 7.872,20 2.000 5.248,00 2,6240 Total 9.500 24.436,005.800 14.907,60 12.028,40 • Preço específico – faz a determinação do preço específico de cada unidade em estoque. Esse tipo de apropriação de custo somente é possível em alguns casos, onde a quantidade, ou o valor, ou a própria característica da mercadoria o permite (comércio de carros usados, imóveis). Na maioria das vezes não é possível ou economicamente conveniente a identificação do custo específico de cada unidade, principalmente no caso onde existe uma movimentação grande no estoque. Nesse sistema há a necessidade de um bom controle sobre os itens, em função de cada item possuir característica única. Para que fique mais claro esta metodologia, temos o seguinte exemplo: Tabela 4.5 – Preço específico. Tipo do Bem Valor em R$ Veículo Fiat Uno, cor preta, Placa XXX001, Ano 2014 20.000,00 Veículo Fiat Uno, cor vermelha, Placa YYY002, Ano 2013 18.000,00 Veículo BMW X6, cor branca, Placa ZZZ003, Ano 2017 80.000,00 Total do estoque 118.000,00 45 Vale lembrar que, ao ocorrer a venda de algum desses veículos, o custo será o correspondente ao que se encontra registrado nos estoques, como, por exemplo, a venda do veículo BMW por R$ 120.000,00, o custo a ser reconhecido será de R$ 80.000,00. Com isso, esta operação gerou um lucro de R$ 40.000,00. Quadro 4.1 – Preço específico. Pela Nota Fiscal de Venda Impostos sobre as Vendas Custo da Venda Débito: Clientes (AC) Débito: Impostos sobre Vendas (DRE) Crédito: Impostos a Recolher (PC) Crédito: Receita de Vendas (DRE) Débito: Custo das Vendas (DRE) Crédito: Estoques (PC) • Contabilização do Custo das Vendas – Contabiliza o custo das vendas, independentemente do método utilizado e extraído da coluna de saídas, e não com base na nota fiscal. 4.3 Gestão dos estoques Um dos métodos de gestão da acuracidade dos estoques, para que não haja falta de produto para a produção ou para venda, é a rotina de realização de inventário periódico ou permanente, isto é, a confrontação das quantidades físicas com a das registradas nos controles, a definição dos níveis de estoque e sua gestão por ordem de relevância. Para essa gestão, algumas ferramentas poderão ser usadas, como, por exemplo, o inventário periódico dos estoques, um dos métodos de gestão em que não há falta de produto para a produção ou para venda. É a rotina de realização de inventário periódico ou permanente, isto é, a confrontação das quantidades físicas com as registradas nos controles. • Inventário Permanente – Funciona por um controle de estoque de forma individualizada e imediata. Geralmente, esse registro é feito por um sistema eletrônico de dados, ou seja, é possível a obtenção do Custo da Mercadoria Vendida (CMV) a qualquer instante neste sistema. 46 • Inventário Rotativo ou Inventário Físico – É o processo de recontagem física e contínua de todo o estoque. Este processo exige a contagem do estoque em uma frequência pré-determinada (diária, semanal, mensal), sendo assim organizada em períodos cíclicos que acontecerão de acordo com a demanda de cada negócio. • Redução das perdas – Um bom inventário de estoque é capaz de diminuir os gastos e evitar desperdícios. Ao calcular exatamente quantas mercadorias existem no estoque, o gestor livra-se de comprar matérias-primas extras, visto que os pedidos aos fornecedores são realizados conforme a demanda. • Melhoria do atendimento – Sabendo quais mercadorias estão disponíveis no estoque, é possível melhorar as vendas e também ampliar a credibilidade com os clientes. Quando não existe controle de estoque, a possibilidade de erros é bem maior: vender um produto indisponível e prometer a entrega, por exemplo, pode frustrar o comprador. • Cumprimento da legislação – Incoerências entre o inventário físico e o contábil fazem com que o fiscal constate que há divergências entre o estoque declarado de mercadorias e o real, podendo ocorrer penalização com aplicação de multas e ameaçando, dessa forma, a saúde financeira da empresa. • Classificação ABC dos estoques – Outra metodologia de gestão de estoques, que está na classificação dos produtos da Curva ABC, é um método de classificação de informações para que se separem os itens de maior importância ou impacto. A curva ABC é uma ferramenta administrativa fundamental para a gestão de estoques de excelência. Também chamada de “curva de Pareto”, baseia-se na ideia de que grande parte do custo total com matéria-prima concentra-se no gasto com poucos itens. Segundo essa teoria, cerca de 20% a 30% dos materiais estocados respondem por 80% do capital investido. Esse método de categorização de estoques pode ajudar os profissionais da cadeia de suprimentos, pois permite identificar os itens que merecem mais atenção e tratamento especial quanto à sua gestão e planejamento de compras. A melhoria da saúde 47 C B A financeira poderá evitar a compra de volumes desnecessários, representado um desperdício de capital de giro. Os itens podem ser classificados conforme definido por Carvalho (2002): o Classe A: de maior importância, valor ou quantidade, correspondendo a 20% do total – podem ser itens do estoque com uma demanda de 65% num dado período; o Classe B: com importância, quantidade ou valor intermediário, correspondendo a 30% do total – podem ser itens do estoque com uma demanda de 25% num dado período; o Classe C: de menor importância, valor ou quantidade, correspondendo a 50% do total – podem ser itens do estoque com uma demanda de 10% num dado período. Graficamente, esta classificação pode ser representada da seguinte forma, ressaltando a quantidade de itens a serem controlados. Figura 4.1 – Gráfico de Cálculo ABC. 100 95 80 20 50 100 % Quantidade de itens % V al o r 48 4.4 Valor Realizável Líquido O Valor Realizável Líquido é o preço de venda estimado, deduzindo os custos e os gastos necessários para concretizar a venda, ou seja, a quantia líquida de cada item separadamente. Em algumas circunstâncias também pode ser o agrupamento dos semelhantes ou relacionados com a mesma linha de produtos, na qual a entidade espera realizar com a venda do estoque, subtraindo os valores com os gastos e custos estimados. Reduzir o valor de custo dos estoques (write down) para o Valor Realizável Líquido é uma prática consistente, quando os ativos não são escriturados por quantias superiores àquelas que se espera que sejam realizadas com a sua venda ou uso. Portanto, Valor Realizável Líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios, deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para ser concretizar a venda. Quadro 4.2 – Preço de Venda estimado. Preço de venda do produto (-) Impostos sobre vendas (-) Gastos para concretizar a venda (=) Valor Realizável Líquido O valor encontrado deve ser comparado com o valor do custo do produto. O menor valor será considerado na valorização do estoque, e a diferença como ajuste pois, segundo o CPC 16 - Estoques, devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor. Entende-se com todos os gastos para realizar a venda do produto, como frete, seguro, propaganda, entre outros. Para que fique mais claro esse conceito, temos a seguinte situação: 49 Quadro 4.3 – Valores comparados. Mercadoria Custo Preço de Venda Gastos Complementares com Venda A B C R$ 420,00 R$ 650,00 R$ 900,00 R$ 1.000,00 R$ 1.500,00 R$ 900,00 R$ 100,00 R$ 130,00 R$ 170,00 Quadro 4.4 – Valor Realizável Líquido. Mercadoria Preço de Venda Impostos s/ Vendas de 40% Preço líquido de vendas Gastos c/ vendas Valor realizável Custo Saldo Estoque Valor do Ajuste AR$ 1.000,00 R$ 400,00 R$ 600,00 R$ 100,00 R$ 500,00 R$ 420,00 R$ 420,00 R$ 0,00 B R$ 1.500,00 R$ 600,00 R$ 900,00 R$ 130,00 R$ 770,00 R$ 650,00 R$ 650,00 R$ 0,00 C R$ 900,00 R$ 360,00 R$ 540,00 R$ 170,00 R$ 370,00 R$ 900,00 R$ 370,00 R$ 530,00 R$ 1.970,00 R$ 1.440,00 Nesse exemplo, o valor do estoque contábil é de R$ 1.970,00, mas deverá ser reduzido para R$ 1.440,00, em função do custo do produto C ser maior que o valor do custo, indicando que haverá perda nesta venda de R$ 530,00. Como análise gerencial, a empresa deverá tomar alguma ação corretiva a respeito deste produto para que as perdas não continuem. A contabilização deste ajuste será de: • Débito: Despesas com Provisão (Despesa no DRE); • Crédito: Perdas Estimadas por Redução ao Valor Realizável Líquido (Ativo Circulante – Redutora). 50 4.5 Impactos das metodologias de custeio no resultado das empresas Como verificamos, a valorização dos estoques pode ser calculada por três métodos – PEPS, UEPS e Médio – sendo que cada um deles irá trazer valores diferentes para os estoque e, consequentemente, para o cálculo do Custo do Produtos ou Mercadorias Vendidas. Devido ao reflexo no resultado da venda poder reduzir ou elevar o lucro da empresa, a Receita Federal define o critério a ser seguido, e o Médio ou o UEPS têm a finalidade de obter um maior valor de impostos. Cabe então à empresa analisar qual dos métodos é mais adequado à sua realidade. Para que possamos verificar esta situação, utilizaremos os exemplos dados no subtema 4.1. Com resultado deste estudo (Tabela 4.6), a empresa poderia adotar o critério do Custo Médio Fixo, em função de gerar um melhor valor de imposto a ser pago. Tabela 4.6 – Custo Médio Fixo, Médio Móvel, PEPS e UEPS. Custo Médio - Fixo Custo Médio - Móvel PEPS UEPS Receita de Vendas R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 (-) Impostos sobre Vendas (20%) R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 (-) Custos das Vendas R$ 14.878,93 R$ 14.753,29 R$ 14.603,20 R$ 14,907,60 (=) Lucro Bruto R$ 25.121,07 R$ 25.246,71 R$ 25.396,80 R$ 25.092,40 (-) Despesas Gerais R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 (=) Lucro Líquido R$ 20.121,07 R$ 20.246,71 R$ 20.396,80 R$ 20.092,40 Alíquota Imposto Renda e Contribuição Social s/ Lucro 34% 34% 34% 34% Valor dos Impostos R$ 6.841,16 R$ 6.883,88 R$ 6.934,91 R$ 6.831,42 51 Saiba Mais Caso queira aprofundar seus estudos e queira indicações sobre o tema estudado, seguem os links abaixo: Curva ABC para Gestão de Estoques: https://www.youtube.com/watch?v=WMeYTyHHONw Conclusão Neste bloco foram verificadas as formas de valorização dos estoques seguindo as regras fiscais. Aos princípios contábeis, os impactos no resultado da empresa em melhorar ou reduzir o lucro e os impostos sobre ele, e como a administração deverá estar atenta a essas variáveis. Outra questão está na gestão dos níveis de estoques e o esforço para a sua gestão, quer seja o controle físico/financeiro dos resultados apurados e calculados através das técnicas da Curva ABC ou políticas de inventários cíclicos. REFERÊNCIAS BRASIL; Decreto Nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Dispõe sobre o regulamento da tributação, da fiscalização, da arrecadação e da administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 20 jun. de 2019. CARVALHO, José. Logística. 3. ed. Lisboa: Edições Silabo, 2002. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, CPC n. 16. Estoques. Disponível em: <http://www.cpc.org.br>. Acesso em: 6 jul. 2019. IUDÍCIBUS, Sérgio de; et al. Manual de Contabilidade Societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de Custos Fácil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. https://www.youtube.com/watch?v=WMeYTyHHONw http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm http://www.cpc.org.br/ 52 Preço de Venda = Custo + Lucro + Despesas 5 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA As definições de preços estão diretamente ligadas aos volumes de vendas, ao grau de eficiência da produção, ao mix de produtos, que podem ser manufaturados e às demais despesas para comercializar manutenção da gestão, classificadas como administrativas. A formação de preço é uma das tarefas mais importantes para a gestão financeira, pois busca garantir que o empreendimento seja lucrativo, cubra os custos e, ao mesmo tempo, seja competitivo e atrativo para os clientes, requerendo a atenção da administração. 5.1 Formação do Preço de Venda Basicamente, a formação do Preço de Venda pode ser simplificada pela equação: A apuração dos custos se faz pelos próprios elementos da contabilidade, com auxílio de informações extra contábeis, como controles de estoques, rateios de custos indiretos, horas de produção etc. Dos que requerem a atenção no processo de formação do preço de vendas, um outro ponto está em identificar qual o regime tributário da empresa em função dos tributos que incidirão sobre o produto. As etapas para cálculo do preço são as seguintes: • Levantamento do custo do que se pretende precificar; • Cálculo dos encargos sobre o preço de venda; • Determinação da margem de lucro; • Formação do preço. 53 A tabela de tributação do Simples Nacional poderá ser consultada em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp155.htm#art1. 5.2 Componentes da formação de preço O sistema de formação de preço de venda de um produto, de uma mercadoria ou de um serviço, precisa ser muito bem analisado, pois não deve ser apenas considerado as questões do custo do produto, mas sim de todo o cenário em que a empresa se encontra. • Regime Tributário – Em qual regime tributário a empresa está enquadrada; • Simples Nacional – Todos os tributos inclusos numa única alíquota, por meio do recolhimento dos impostos em uma guia e a parte apenas no INSS do Empregado e no FGTS. Nesse regime é importante analisar as questões sobre a tributação do Imposto sobre a Circulação e Prestação de Serviços (ICMS). Nele há uma limitação no faturamento da empresa, que não poderá ultrapassar a R$ 4.800.000,00 por ano. Nesse regime, se enquadra o Microempreendedor Individual (MEI), que é o empresário individual, com receita bruta anual até R$ R$ 81.000,00 e pagamento de uma taxa única, havendo apenas a questão do ICMS que também precisa ser analisada. • Lucro Presumido – há uma presunção ao aplicar a alíquota do imposto e da CSSL sobre a presunção do lucro atribuído pelo fisco, de acordo com a atividade, podendo ser uma presunção de 32%, 16% ou 8%, de acordo com a atividade. A partir desta presunção, é aplicada uma alíquota de 15% de IRPJ e de 9% de CSSL. • Lucro Real – Regime obrigatório para todas as pessoas jurídicas que faturam anualmente mais de 78.000.000,00, com incidência de Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, podendo chegar a 34%. Para o regime do Lucro Presumido e Real, além da incidência do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, poderá haver a tributação de outros impostos, tais como o Imposto sobre a Circulação e Prestação de Serviços (ICMS), o Imposto sobre http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp155.htm#art1 54 Tabela de Incidência do imposto sobre produtos industrializados (TIPI): https://guiatributario.files.wordpress.com/2018/06/tabela-ipi-2017-atualizada- 0518.pdf Produto Industrializados (IPI), Programas de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto Sobre Serviços de Qualquer