Prévia do material em texto
MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 1 Farmacologia da Regulação do volume do tônus vascular (Anti-hipertensivos) Considerações gerais Pressão sanguínea É a pressão exercida pelo sangue na parede dos vasos. Essa pressão recebe o nome de pressão arterial. É influenciada por vários fatores, incluindo o débito cardíaco e a resistência periférica total. Além disso, seu controle é fundamental para a manutenção de uma perfusão adequada nos órgãos. Regulação da pressão sanguínea A PA é mantida pela regulação contínua do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. PA= DC x RVP A PA é regulada em quatro sítios anatômicos: • As arteríolas; • As vênulas pós-capilares; • O coração; • O rim; o Contribui para a manutenção da PA e para a regulação do volume de líquido intravascular. OBS! Débito cardíaco (DC) = Força de contração (FC) x Volume sistólico ventricular esquerdo (sangue ejetado do ventrículo em cada batimento, ou seja, volume de sangue bombeado por minuto). • É influenciado pela frequência cardíaca, contratilidade e pressão de enchimento (regulada pelo volume sanguíneo e tônus venoso) OBS! Resistência vascular periférica: Determina da pelo calibre do vaso (tônus das arteríolas). Pressão arterial Debito cardíaco Resistência vascular periférica MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 2 Mecanismos da regulação da pressão sanguínea O DC e a RVP são controlados principalmente por 2 mecanismos de controle: • Regulação a curto prazo: Feita pelos barorreflexos. o Controlada pelo SNA. • Regulação a longo prazo: Feita pelo SRAA. o Feita a partir dos rins por meio da alteração do volume sanguíneo. Hipertensão É uma doença crônica caracterizada por valores persistentemente elevados da pressão arterial. É um fator de risco para várias doenças, como: IAM, AVC, IC, DRC, entre outras. Ela pode ser essencial (sem causa específica; 90% dos casos) ou secundária (causa definida). • Normotensão: PA ≤ 120/80; • Pré-hipertensão: PA entre 121~139/81~89; • Hipertensão: PA ≥ 140/90; O tratamento da hipertensão é feito a partir da regulação do volume sanguíneo e da redução do tônus muscular. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 3 Fármacos que reduzem o volume sanguíneo Diuréticos Os diuréticos são uma classe de fármacos que aumentam a eliminação de Na+ e água pelos rins. Eles atuam diminuindo a reabsorção de Na+ e de um ânion acompanhante do filtrado (geralmente Cl-), sendo o aumento da perda de água secundário ao aumento da eliminação de NaCl (natriurese). Isso pode ser obtido através de dois mecanismos principais: • Ação direta sobre as células do néfron: incluem diuréticos de alça, diuréticos tiazídicos, diuréticos poupadores de potássio e os inibidores da anidrase carbônica. o A maioria dos diuréticos com ação direta sobre as células do néfron atuam a partir do interior da luz tubular e chegam a seus locais de ação pelo fato de serem secretados para o túbulo proximal (exceto a espironolactona). Os principais locais de ação desses fármacos são: ▪ O ramo ascendente da alça de Henle: Diuréticos de alça ▪ O início do túbulo distal: Diuréticos tiazídicos ▪ Os túbulos e ductos coletores: Diuréticos poupadores de K+. • Indiretamente: Por modificação do conteúdo do filtrado: como exemplo, tem-se os diuréticos osmóticos. O esquema a seguir mostra um resumo simplificado da função tubular e os principais locais de ação dos fármacos. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 4 Esses fármacos possuem efeitos anti-hipertensivos quando usados sozinhos e potencializam a eficácia de praticamente todas as outras classes de anti-hipertensivos. Também possuem efeitos sobre edemas. Formação da urina A urina é formada nos néfrons, que são as unidades funcionais dos rins. Eles, são compostos por uma rede de capilares glomerulares e por um túbulo renal. O sangue, vai chegar até os capilares glomerulares pela arteríola aferente. Parte do sangue que chega até os capilares glomerulares, será filtrada para o interior da cápsula de Bowman. A partir daí esse filtrado vai se deslocar ao longo de todo o túbulo renal. A maior parte das substancias, água e soluto, que são filtrados a partir desses capilares, será reabsorvida ao longo de sua passagem pelo túbulo renal, retornando à nossa circulação através da rede de capilares peritubulares que acompanham o túbulo renal em toda a sua extensão. Alguns compostos, poderão ser secretados diretamente da rede de capilares peritubulares para o interior do túbulo renal. No final: Substâncias NÃO reabsorvidas + Substâncias Secretadas = Urina Excretada. Diuréticos de alça Atuam na Alça de Henle, mais especificamente no ramo ascendente espesso. Os diuréticos de alça são os mais potentes, capazes de causar a eliminação de 15-25% do Na+ filtrado. • Representantes: Furosemida (principal), bumetanida. • Mecanismo de ação: Esses fármacos atuam sobre o ramo ascendente espesso, inibindo o transportador Na+/K+/2Cl- na membrana luminal, combinando-se com seu ponto de ligação para Cl-. A partir do bloqueio desse transportador, vão bloquear a reabsorção de sódio. Esse efeito, é importante, para que se possa ocorrer um aumento da diurese, reduzindo a volemia. • Farmacocinética: São bem absorvidos, podendo ser utilizados pela via oral ou via intravenosa, com biodisponibilidade relativamente boa. o Embora, à curto prazo, os diuréticos de alça sejam bastante potentes, a meia vida desses fármacos é relativamente curta. Então, quando caem as concentrações plasmáticas dos diuréticos de alça, acontece um aumento da reabsorção de sódio. Logo, à longo prazo, eles não são tão eficazes como agentes anti-hipertensivos, como outros diuréticos como os tiazídicos, que apresentam tempo de meia vida mais longo. • Uso clínico: São usados em: o Hipertensão: Apesar de serem diuréticos potentes, o fato de eles apresentarem vida curta, limita seus efeitos hipotensivos. o Edema agudo de pulmão; MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 5 o Insuficiência cardíaca crônica; o Hiperpotassemia: Podem ser utilizados no tratamento na hiperpotassemia, uma vez que eles estimulam a excreção de potássio o Insuficiência renal aguda • Efeitos adversos: o Hipovolemia e hipotensão: especialmente em idosos; o Hipocalemia; o Alcalose metabólica hipopotassêmica: A concentração plasmática de potássio diminui, visto que, como os diuréticos inibem a reabsorção de sódio na alça de Henle, a carga de sódio que chega nas regiões finais do túbulo renal será maior. ▪ No túbulo coletor, pelo mecanismo que as células dessa região apresentam, a reabsorção de sódio, estará ligada à secreção de potássio das células em direção ao lúmen tubular. ▪ No ducto coletor, então, há maior reabsorção de sódio, promovendo maior secreção e, consequentemente excreção do potássio na urina. o Hiperuricemia: São capazes de aumentar a concentração do ácido úrico, podendo ocasionar problemas, como gota. o Hipomagnesemia: Menos comum o Hiperlipidemia e Hiperglicemia; o Ototoxicidade: Podem causar prejuízos à audição e equilíbrio Diuréticos Tiazídicos Os tiazídicos são menos potentes que os diuréticos de alça e são preferidos para tratar hipertensão não complicada. São mais tolerados que os diuréticos de alça e, em ensaios clínicos, demonstraram reduzir os riscos de acidente vascular cerebral (AVC) e de infarto agudo do miocárdio (IAM) associados à hipertensão. • Representantes: o Tiazidicos: Bendroflumetiazida, Hidroclorotiazida; o Relacionados: Clortalidona, Indapamida e Metolazona. • Mecanismo de ação: Atuam no segmentoinicial do túbulo contorcido distal, bloqueando o co -transportador de sódio e cloreto presente nessas células. Eles vão se ligar a esse co-transportador inibindo a reabsorção de sódio. o A bomba de Na+/K=, possibilita, nessa região do túbulo renal, um co-transporte de sódio e cloreto. Esse sódio, é reabsorvido através da bomba, enquanto o cloreto pode se difundir através de canais iônicos encontrados na membrana basolateral dessas células. Os diuréticos tiazídicos, vão se ligar ao co- transportador sódio/ cloreto, inibindo - o. A partir daí, vai ser reduzida a reabsorção de sódio. Isso, será importante para reduzir, secundariamente, a reabsorção de água. o Quando ocorre essa inibição, resulta – se em uma maior ativação de um outro transportador encontrado na membrana basolateral das células do seguimento inicial do túbulo contorcido distal, que é um trocador de sódio e cálcio. Na medida em que o sódio não está entrando no interior da célula através da ação desse MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 6 transportador, a concentração do sódio no citoplasma será menor e isso vai resultar em uma reabsorção do íon cálcio. Portanto, os diuréticos tiazídicos vão reduzir a excreção urinária de cálcio. Imagem ao lado • Farmacocinética: Têm uma boa biodisponibilidade por via oral. o Possuem uma meia vida mais longa do que os diuréticos de alça. Embora, à curto prazo, os diuréticos tiazídicos sejam menos potentes do que os diuréticos de alça, à longo prazo, eles são mais eficazes com agentes anti-hipertensivos do que os diuréticos de alça, devido à essa meia vida mais longa. • Uso clinico: o Hipertensão: São os mais eficazes no tratamento da hipertensão, dentre os diuréticos. o Edema associado a Insuficiência cardíaca leve: Em geral, preferem-se diuréticos de alça; o Edema resistente grave: Especialmente a metolazona - é usada juntamente com diurético de alça); o Para prevenir formação recorrente de cálculos na hipercalciúria idiopática; o Diabetes insipidus nefrogênico. • Efeitos adversos: o Alcalose metabólica hipopotassêmica o Hiperuricemia o Hiperlipidemia e hiperglicemia o Hiponatremia e hipercalcemia o Disfunção erétil: Isso muitas vezes, é suficiente para que o indivíduo não se adapte ao uso desses fármacos. OBS! Interações medicamentosas dos diuréticos de alça e tiazídicos: Deve-se evitar associação com glicosídeos cardíacos (ex. digoxina) devido ao risco de arritmia associada a maior excreção de K+. Diuréticos poupadores de Potássio Eles auxiliam na reabsorção de potássio. Ao contrário dos outros dois tipos de diuréticos mencionados, os diuréticos poupadores de potássio, não vão aumentar a excreção do potássio. Pelo contrário, vão absorver potássio dentro do organismo dos pacientes). MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 7 Geralmente, são usados em associados com os diuréticos de alça e os tiazídicos, visando minimizar o efeito da excreção de potássio pelos diuréticos de alça e tiazídicos. Além disso, raramente utilizados em monoterapia (a diurese causada por eles é pequena). • Uso clinico: o Insuficiência cardíaca, para aumentar a sobrevida; o Hiperaldosteronismo primário, (síndrome de Conn); o Hipertensão essencial resistente (em especial hipertensão com renina baixa); o Hiperaldosteronismo secundário causado por cirrose hepática complicada por ascite. Antagonistas da aldosterona Possuem ação diurética muito limitada quando usados isoladamente, porque a troca distal de Na+/K+, local em que agem, é responsável pela reabsorção de apenas 2% do Na+ filtrado. Eles têm, contudo, acentuados efeitos anti-hipertensivos, prolongam a sobrevida em pacientes selecionados com insuficiência cardíaca e podem impedir hipocalemia quando combinados a diuréticos de alça ou tiazídicos. • Representantes: Espironolactona; Eplerenona. • Mecanismos de ação: Competem com a aldosterona por seus receptores intracelulares, inibindo a reabsorção de Na+ e a secreção de K+ em nível distal. • Farmacocinética: Todos os diuréticos poupadores de potássio são administrados por via oral. A espironolactona é metabolizada na parede do intestino e no fígado. o O início da ação da espironolactona e da eplerenona é lento, iniciando após 1 dia e se tornando máximo em 3-4 dias, em grande parte, como consequência de seu mecanismo de ação transcricional. • Efeitos adversos: o Hipercalemia: potencialmente fatal; o Desconforto gastrointestinal; o Ginecomastia; o Distúrbios menstruais; o Atrofia testicular. Triantereno e amilorida Possuem eficácia limitada como diuréticos porque atuam no néfron distal, onde ocorre apenas pequena fração de reabsorção de Na+. Podem ser administrados juntamente com diuréticos de alça ou tiazídicos, com a finalidade de manter o balanço de potássio. • Mecanismos de ação: Atuam sobre os túbulos coletores e ductos coletores, inibindo a reabsorção de Na+ por bloqueio dos canais de sódio luminais e diminuição da eliminação de K+. • Farmacocinética: O triantereno é amplamente metabolizado no fígado, e a secreção tubular do metabólito do éster sulfato é responsável pela ação diurética. A amilorida é secretada inalterada no túbulo renal proximal. O início da ação de ambos os fármacos é rápido. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 8 • Efeitos adversos: o Hipercalemia; o Distúrbios gastrointestinais: infrequentes; o Cálculos renais: Causados principalmente pelo triantereno; Fármacos que atuam sobre o SRAA Entre os fármacos anti-hipertensivos, existem aqueles que atuam sobre a alça renina-angiotensina-aldosterona, os quais pode ser: inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA). Esses fármacos, são capazes de reduzir a reabsorção de Na+ e água e apresentam ação vasoconstritora pela angiotensina II. OBS! Síntese da angiotensina: A angiotensina II é formada a partir do angiotensinogênio através de 2 etapas proteolíticas. Primeiro, a renina, uma enzima liberada pelo rim, cliva o angiotensinogênio em angiotensina I. A seguir, a enzima conversora de angiotensina (ECA) cliva a angiontensina I em angiontensina II. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) Classe de fármacos mais utilizada para inibir o sistema renina-angiotensina- aldosterona, atuam impedindo a conversão da angiotensina I em angiotensina II. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 9 Os IECAs diminuem a pressão arterial reduzindo a resistência vascular periférica sem aumentar reflexamente o débito cardíaco, a frequência cardíaca ou a contratilidade cardíaca. • Representantes: Captopril, enalapril, lisinopril, quinapril, ramipril, bezenapril, moexpril, fosinopril, trandolapril e perinopril • Mecanismo de ação: Esses fármacos bloqueiam a ECA que hidrolisa a angiotensina I para formar o potente vasoconstritor angiotensina II. o ECA também degrada a bradicinina, a qual aumenta a produção de óxido nítrico e prostaciclinas (vasodilatadores) nos vasos sanguíneos. Os IECAs diminuem os níveis de angiotensina II e aumentam os níveis de bradicinina. o Reduzindo os níveis de angiotensina II circulante, os IECAs também diminuem a secreção de aldosterona, resultando em menor retenção de sódio e água. • Farmacocinética: Os IECAs são biodisponíveis como fármaco ou pró-fármaco por via oral. Eles são eliminados primariamente pelos rins e necessitam, por essa razão, terem suas doses ajustadas em pacientes com insuficiência renal. o O enalapril é o único IECA disponível para o uso intravenoso • Uso clínico: o Hipertensão arterial: Não causam ativação reflexa do simpático. Além disso, não ocorre taquicardia reflexa e não há alteraçãona frequência cardíaca. São mais seguros para pacientes portadores de cardiopatia isquêmica • Efeitos adversos: o Hipotensão: ▪ Pode ocorrer hipotensão grave após a primeira dose. Por isso, indica - se começar o tratamento com esses medicamentos em doses menores e ir aumentando progressivamente. o Tosse seca: A tosse seca ocorre em aproximadamente em 10% dos pacientes, sendo decorrente provavelmente do aumento dos níveis de bradicinina e substância P na árvore traqueobrônquica. o Hipercalemia; Antagonistas do receptor de angiotensina II (BRA) São fármacos que competem com a angiotensina II pelos receptores. Existem dois subtipos distintos de receptores de angiotensina II: AT1 e AT2. • O subtipo AT1 localiza-se predominantemente no tecido vascular e miocárdico, bem como no cérebro, no rim e nas células da zona glomerulosa das glândulas suprarrenais, que secretam aldosterona. • O subtipo AT2 é encontrado na medula suprarrenal, no rim e no SNC e pode desempenhar um papel no desenvolvimento vascular. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 10 Os BRAs atuam no receptor AT1. Em comparação com os IECAs, os BRAs não apresentam os efeitos do aumento da concentração de bradicinina, gerando um menor efeito vasodilatador e menor incidência de tosse OBS! A associação dos BRAs com IECAs ou com inibidores da renina não é recomendada, por todos inibirem um mesmo instrumento regulatório • Representantes: Losartan, valsartan e olmesartan. • Mecanismo de ação: Bloqueiam os receptores do tipo AT1 de angiotensina, onde atua a Angiotensina II, bloqueando a ação dessa Angiotensina II, ou seja, bloqueiam a sua ação vasoconstritora e a liberação de aldosterona. • Farmacocinética: Varia conforme o fármaco dessa classe. • Efeitos adversos: o Potencial teratogênico, ou seja, gravidas não devem usar; o Hiperpotassemia; • Uso clinico: Igual aos IECA, sendo uma alternativa a eles. Fármacos que reduzem o tônus muscular As seguintes classes de fármacos atuam reduzindo o tônus muscular: Bloqueadores de canais de Ca2+, nitrovasodilatadores, fármacos que atuam no SNS e fármacos que atuam no SRAA. Bloqueadores dos canais de Ca2+ (BBCs) Os canais de Ca2+ sensíveis à voltagem (canais de tipo L ou lentos) medeiam a entrada de Ca2+ extracelular nos miócitos musculares lisos e cardíacos e nas células do nó sinoatrial (SA) e do nó atrioventricular (AV) em resposta à despolarização elétrica. Os bloqueadores dos canais de cálcio inibem a função dos canais de Ca2+. • Classes de bloqueadores: o Di-Hidropiridinas: São mais seletivas para bloquear os canais presentes nas células musculares lisas. Têm a vantagem de interagir pouco com outros fármacos cardiovasculares ▪ Representantes: Nifedipino, o anlodipino, o felodipino, o isradipino, o nicardipino e o nisoldipino o Difenilalquilaminas: Mais seletivos para canais no músculo cardíaco. ▪ Representantes: Verapamil e diltiazem. • Mecanismos de ação: BCCs bloqueiam a entrada de cálcio por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no coração e nos músculos lisos dos vasos coronarianos e arteriolares periféricos. O resultado disso é o relaxamento do músculo liso vascular, dilatando, principalmente as arteríolas. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 11 • Farmacocinética: A maioria dos BCCs apresenta meia-vida curta de 3 a 8 horas após uma dose oral. • Uso clínico: Hipertensão; Taquicardia; Angina • Efeitos adversos: o Contraindicados na insuficiência cardíaca o Intensa vasodilatação, podendo levar a: tontura, hipotensão, cefaleia, rubor e náuseas o Prisão de ventre, edema periférico e edema pulmonar o Verapamil ou diltiazem + beta-bloqueadores = bloqueio AV e disfunção ventricular Vasodilatadores diretos Essa classe é formada pelos vasodilatadores orais. Todos os vasodilatadores úteis na hipertensão relaxam a musculatura lisa das arteríolas, diminuindo, dessa forma, a resistência vascular periférica. São pró-fármacos, cujo metabolismo vai ajudar na liberação do óxido nítrico, o qual possui ação vasodilatadora, reduzindo, portanto, o tônus vascular. • Representantes: Nitratos, nitroprussiato de sódio, Hidralazina, outros. • Mecanismo de ação: Atuam diretamente sobre o músculo liso vascular para diminuir o tônus vascular. • Uso clínico: o Tratamento da angina (nitroglicerina sublingual); o UTI – nitroprussiato de Na+; o Controle da hipertensão grave - Insuficiência cardíaca; • Efeitos adversos: o Hipotensão ortostática, taquicardia e cefaleia o Seu metabolismo libera cianeto, cujo acúmulo pode causar acidose láctica grave, arritmias, hipotensão e morte. o Associação com inibidores da PDE5 (= Fosfodiesterase 5), leva a Hipotensão extrema (acúmulo de GMPc) Fármacos que atuam no SNS O sistema nervoso autônomo simpático exerce importante função no controle da pressão arterial. Os fármacos aqui representados são os adrenérgicos. α-adrenérgicos Os antagonistas α-adrenérgicos bloqueiam a ligação das catecolaminas endógenas aos receptores α1 e α2. Causam efeitos como vasodilatação, diminuição da resistência vascular periférica (relaxamento da musculatura de arteríolas) e consequente redução da pressão arterial. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 12 ALFA1-BLOQUEADORES AGONISTA ALFA2 Representantes Doxasozina e prazosina Clonidina Mecanismos de ação O bloqueio desses receptores por um antagonista, há um bloqueio da ação vasoconstritora que esse receptor promove. Com isso, consegue – se reduzir a resistência vascular periférica da pressão arterial. Os receptores α2 adrenérgicos, estão acoplados à uma proteína G inibitória. Eles vão ativar os receptores α2 adrenérgicos no tronco encefálico. A ativação desses receptores α2 adrenérgicos no tronco encefálico, vai resultar na redução da descarga simpática do tronco encefálico para a periferia. Uso clínico Não são recomendados no tratamento inicial da hipertensão. Preferencialmente, os α- bloqueadores são mais utilizados em associação com outros agentes, como ẞ-bloqueador ou diurético. Usada normalmente em associação, particularmente no caso de evidência de hiperatividade simpática. Efeitos adversos Hipotensão, tontura, palpitações, cefaleia e fadiga Causa sedação, xerostomia, alterações comportamentais Contra-indicados em paciente com depressão. β-bloqueadores Esses fármacos podem ser distinguidos pelas propriedades de seletividade em relação aos receptores β1 e β2. Além disso, desempenham atividade simpaticomimética, bloqueio dos receptores β e apresentam diferenças no que diz respeito a lipossolubilidade e a capacidade de induzir vasodilatação. • Representantes: Propranolol (não seletivo), atenolol (mais seletivo para receptores beta1), carvedilol (bloqueia, também, receptores alfa1), entre outros. • Mecanismo de ação: Vão reduzir a pressão arterial através de diversos mecanismos; o Redução da contratilidade e frequência cardíacas → Redução do débito cardíaco MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 13 o Redução de secreção de renina, reduzindo a produção de AT-II. • Uso clínico: Maior parte das ações de interesse terapêutico sobre o sistema cardiovascular se deve ao bloqueio dos receptores β1. o Anti-hipertensivos; o Antiarrítmicos (reduzem frequência cardíaca); o Redução da gravidade/frequência dos ataques de angina de esforço e melhoram a sobrevida em pacientes pós-IAM; o Insuficiência cardíaca: Melhora da função ventricular e redução de morte súbita; • Efeitos adversos: O bloqueio dos receptores beta 2, muitas vezes, será responsável por efeitos adversos. o Bradicardia; o Hipotensão; o Fadiga; o Letargia; o Insônia. OBS!A Interrupção súbita pode causar hipertensão de rebote devido a suprarregulação de receptores durante o bloqueio. OBS! Evitar uso em asmáticos devido ao bloqueio β2, o que causa broncoconstrição.