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INDICADORES DE QUALIDADE E SOFTWARES EM NUTRIÇÃO W BA 07 05 _v 1. 0 22 Dayse Kellen de Sousa Santos Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Indicadores de qualidade e softwares em nutrição 1ª edição 33 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Camila Braga de Oliveira Higa Revisor Helena Dória Ribeiro de Andrade Previato Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, Dayse Kellen de Sousa S237i Indicadores de qualidade e softwares em nutrição/ Dayse Kellen de Sousa Santos, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 110 p. ISBN 978-85-522-1627-8 1. Nutrição. 2. Qualidade. I. Santos, Dayse Kellen de Sousa. Título. CDD 613 Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 44 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Princípios epidemiológicos de indicadores do processo saúde-doença 6 Indicadores de saúde em nutrição ambulatorial 25 Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral 43 Epidemiologia nutricional 55 Gestão de cuidados nutricionais 73 Organização de banco de dados em nutrição clínica e hospitalar 89 Principais softwares em nutrição clínica 100 INDICADORES DE QUALIDADE E SOFTWARES EM NUTRIÇÃO 55 5 Apresentação da disciplina Prezado aluno, na disciplina Indicadores de Qualidade e Softwares em Nutrição, você aprenderá sobre a importância e os objetivos dos indicadores de qualidade em nutrição clínica e sobre as principais plataformas dos softwares disponíveis para uso do nutricionista atualmente. Os objetivos dos conteúdos apresentados são proporcionar a você o conhecimento dos diferentes indicadores de qualidade que poderão ser utilizados na nutrição clínica, ambulatorial e hospitalar, bem como os mais utilizados e atuais dentre eles. O processo de globalização da nossa sociedade trouxe, além de mudanças no estilo de vida, muitos avanços no campo da nutrição clínica, trazendo, assim, benefícios para o atendimento nutricional, beneficiando não somente o paciente, mas o profissional também, que agora possui auxilio para cálculos de dietas e banco de dados com informações da composição nutricional de alimentos, entre outros. Dentre os avanços tecnológicos abordados, podemos citar também a utilização de softwares e organização de banco de dados em nutrição clínica e a abordagem sobre as plataformas dos principais softwares utilizados em nutrição clínica. Convido você para participar desse estudo que, com certeza, será muito produtivo e contribuirá para o seu crescimento profissional, tornando-o mais competitivo ao mercado atual. Bons estudos! 666 Princípios epidemiológicos de indicadores do processo saúde-doença Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os princípios epidemiológicos que envolvem o processo saúde-doença. • Compreender os indicadores do processo saúde-doença. • Conhecer as características dos indicadores do processo saúde-doença. 77 7 1. Princípios epidemiológicos A epidemiologia estuda os diferentes fatores que geram a ocorrência e o alastramento de doenças, bem como os meios necessários para sua prevenção. É definida como o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde (LAST, 1998). Ainda, poderá ser definida de maneira simples, como o estudo das doenças nas populações. A epidemiologia permite o conhecimento de informações necessárias às decisões que deverão ser tomadas para direcionar as ações rumo à saúde de uma determinada população em um período de tempo, frente a uma determinada patologia. Podemos citar como a empregabilidade e a importância da epidemiologia, por exemplo, a ocorrência de microcefalia em demanda exacerbada ocorrida em 2015, quando a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notificou e solicitou apoio do Ministério da Saúde para complementar as investigações iniciais de 26 casos de microcefalia recebidas de diversos serviços de saúde nas semanas anteriores à notificação (BRASIL, 2016). Então, verificou-se que as crianças nascidas com essa patologia tiveram suas mães infectadas pelo Zika Vírus durante a gestação em uma região tropical do Brasil. Desse modo, a epidemiologia atua investigando o agente causador da doença, seus mecanismos de interação com o ser humano, a fisiopatologia da doença, as consequências da interação entre o agente causador e o indivíduo, e quais as taxas, ou seja, números de pessoas afetadas com aquela patologia e/ou que vieram a óbito por sua ocorrência. Bem como quais as ações em saúde que deverão ser adotadas para evitar novos casos. Dessa maneira, foram elaboradas as orientações do Ministério da Saúde para os casos de microcefalia relacionados ao Zika Vírus. Em 2016, o Ministério da Saúde criou o Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia e/ou Alterações do Sistema Nervoso Central (SNC). 88 Para instruir a população e os profissionais de saúde frente a determinadas patologias, são necessários dados, informações e indicadores conforme descrito abaixo: • Dados: são os valores ainda não trabalhados. • Informações: são a tradução dos dados após serem trabalhados. Trata-se da relação dos dados com as ocorrências. • Indicadores: são associações de informações que permitem comparar os níveis de saúde entre diferentes populações no decorrer de um período (MORAES, 1994). Figura 1 – Dinâmica do ciclo de geração de indicadores, dados, informações e ações em saúde Fonte: adaptada de Moraes (1994). Na coleta de dados, é necessário perceber quais deverão prioritariamente ser tabulados e analisados frente ao que se pretende propor de intervenção. Deve-se fazer a cobertura mais abrangente possível do problema de saúde investigado. É, ainda, necessário considerar que há casos sintomáticos e assintomáticos, sendo que casos sintomáticos poderão ser uma quantidade inferior à que se apresenta ao serviço de saúde para tratamento, e poderá haver uma quantidade ainda inferior que será diagnosticada assertivamente, e desta, poderá ser que uma quantidade inferior seja notificada. 99 9 Desse modo, o que será coletado como diagnóstico informado poderá ser inferior ao que realmente está ocorrendo na população. Sendo assim, são definidas como subnotificações os casos não notificados, e como sub-registro, os casos não registrados. Os levantamentos de dados podem ser ocasionais, contínuos ou periódicos (BERQUÓ et al., 1981), como descrito a seguir: • Levantamento de dados contínuos: quando os dados são registrados conforme sua ocorrência, por exemplo, óbitos e nascimentos. • Levantamento de dados periódicos: é quando, periodicamente, se coleta determinado dado, por exemplo, a cada dez anos, a cada dois anos.• Levantamento de dados ocasionais: não apresentam periodicidade definida. O Sistema Único de Saúde do Brasil conta com sistemas de informações específicos, gerenciados pelo próprio Ministério da Saúde, dentre eles: • Sistema de informação sobre mortalidade (SIM). • Sistema de informação sobre nascidos vivos (SINASC). • Sistema de informação sobre agravos de notificação obrigatória (SINAN). • Sistema de informação sobre serviços e atendimento ambulatoriais (SIA). • Sistema de informação sobre internações hospitalares (SIH). • Sistema de informação sobre a atenção básica (SISAB). (BRASIL, 2011). 1010 No Brasil, atualmente há dois modelos de assistência em saúde, que são denominados modelo médico assistencial hospitalocêntrico e o modelo sanitarista. O modelo médico assistencial hospitalocêntrico se caracteriza pelo foco no biologicismo e na medicalização dos agravos de saúde, ou seja, na medicina curativa (FOUCAULT, 2008). Enquanto o modelo sanitarista enaltece a importância das condições de vida da população, sendo estas condições o fator determinante para os agravos de saúde, deste modo, é preferivel a prevenção da saúde do que unicamente o enfrentamento das doenças. Para isso são criados programas e campanhas visando atender às necessidades de saúde coletiva (PAIM, 2008). Tabela 1 – Modelos de atenção no Brasil e suas características Modelo Sujeito Objeto Meios de trabalho Formas de organização Sanitarista Sanitarista e auxiliares Modelos de transmissão e fatores de risco Tecnologia sanitária (educação em saúde, imunização, controle de vetores) Campanhas sanitárias, programas especiais e sistemas de vigilância Médico- assistencial Médico Doenças e doentes Tecnologia médica Sistemas de vigilância Rede de serviços de saúde e hospitais Fonte: adaptada de Teixeira e Vilasbôas (2016). Na assistência em saúde do modelo sanitarista, são incluídos programas como, por exemplo, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e a Estratégia de Saúde da Família (ESF) – conhecido antigamente como Programa Saúde da Família (PSF) (TEIXEIRA; VILASBÔAS, 2014). 1111 11 A atuação da epidemiologia se fundamenta nas causas das doenças e seu enfrentamento, sendo que as causas podem ser explicadas por três modelos explicativos da ocorrência das doenças, são eles: (1) o modelo ecológico, (2) a rede de causas e (3) o modelo sistêmico. 1. O modelo ecológico defende que, caso a interação entre o homem e o meio ambiente não ocorra de maneira equilibrada, ocorre um desequilíbrio que resultará em doenças. 2. A rede de causas defende que a doença acontece devido a múltiplas causas. 3. O modelo sistêmico defende que o adoecimento envolve todas as dimensões do indivíduo, desde uma explicação biológica quanto uma explicação social, conforme explana Medronho et al. (2008). Figura 2 – Proposta de Medronho et al. sobre o modelo sistêmico, frente à causa das doenças Fonte: adaptada de Medronho et al. (2008). 1212 Figura 3 – Modelo sistêmico para diarreias e desnutrição Fonte: Rouquayrol e Filho (2003). Considerando o modelo sistêmico na explicação da causa das doenças, passou-se a perceber os determinantes sociais de saúde (DSS), compreendendo-se, assim, que as doenças não ocorrem simplesmente ao acaso, mas que o meio e as condições em que o indivíduo vive contribuem para o seu adoecimento. Em 1986, realizou-se no Brasil a VIII Conferência Nacional de Saúde, em que se definiu saúde como resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida (FIGUEIREDO, 2011). Dentre os aspectos que determinam o processo saúde-adoecimento, podem ser citados a violência, o desemprego, o subemprego, a falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade 1313 13 de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, falta de qualidade do ar e da água. Esses são fatores que devem ser analisados e considerados quando se busca perceber a vulnerabilidade de uma comunidade a fim de promover saúde (FIGUEIREDO, 2011). A Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde (BRASIL, 1986) define os DSS como os fatores sociais, econômicos, culturais, étnico- raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Considerando esses determinantes, fica claro que diversos índices, entre eles o de morbimortalidade, estão relacionados às classes socioeconômicas, de modo que as pessoas de menor nível social apresentam piores condições de saúde. Cabe ao indivíduo, como ser social, entender essas definições e então estabelecer sua visão de saúde frente aos determinantes sociais que o cerca. Além de que, empoderado desse entendimento, o sujeito poderá, então, requerer promoção de saúde como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, que contribui na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde (BRASIL, 2006). 1.1 Epidemias, pandemias, endemias e surtos Define-se como endemia a presença habitual de uma doença em determinada área geográfica (GORDIS, 2010). Já epidemia é definida como a ocorrência excessiva de casos esperados de uma determinada doença em determinado período e área geográfica. Se as condições proporcionarem a propagação de agentes infecciosos no ambiente e se associarem a pessoas vulneráveis a determinado adoecimento, então ocorrerá uma pandemia. Essa terminologia refere-se a uma epidemia de grandes magnitude geográfica (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). 1414 O surto é definido pela ocorrência de uma epidemia restrita a um espaço geográfico limitado, onde os casos estão correlacionados, acometendo uma área pequena em termos geográficos ou uma população institucionalizada, como, respectivamente, bairros ou asilos (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). Figura 4 – Etapas de investigação de epidemia ou surto Fonte: adaptada de Brasil (2009). É necessário lembrar que os casos de doenças definidas como autóctones apresentam essa terminologia por serem originados no mesmo local em que ocorreram. Já os casos alóctones são importados de outras localidades. Por exemplo, uma pessoa infectada pelo vírus H1N1 adquirido na Itália vem para o Brasil e aqui é diagnosticada, então será notificado ao sistema de saúde e definido como um caso alóctone. 1.2 Indicadores de saúde Os indicadores de saúde objetivam expor a situação de saúde dos indivíduos e das populações. A vigilância da situação de saúde desenvolve ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/ município/território por meio de estudos e análises que traduzam o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente e adequado (BRASIL, 2010). 1515 15 A qualidade de um indicador pode ser aferida por sua validade e confiabilidade, sendo a validade a capacidade de medir o que se pretende, e a confiabilidade, a capacidade de reproduzir os mesmos resultados quando aplicados em condições similares (MEDRONHO et al., 2008). Na validade de um indicador, devem ser determinadas sua sensibilidade e especificidade. Sensibilidade é a capacidade de identificar o que está sendo analisado e outros aspectos, enquanto especificidade é a capacidade de identificar somente o que está sendo analisado (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). Outras características dos indicadores são: • Custo-efetividade: característica que um indicador expressa quando seus resultados justificam o tempo e o recurso que lhe foram empregados. • Mensurabilidade: capacidade de um indicadorde saúde se basear em dados de fácil acesso. • Relevância: capacidade de um indicador se saúde atender às prioridades em saúde. Entre os exemplos de indicadores sociais, econômicos e demográficos, podemos citar as avaliações do estado nutricional e as taxas de mortalidade. As medidas a serem utilizadas para avaliar o nível de saúde de um povo deve permitir comparação entre diferentes populações simultaneamente para então se obter os resultados dos determinantes e condicionantes do estado de saúde (LAURENTI et al., 2005). Os indicadores podem ser agrupados em três categorias, a saber: (1) os que traduzem diretamente a saúde, (2) os que refletem as condições do meio e (3) os que avaliam os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de saúde. A Tabela 2 expõe as diferentes características desses indicadores. 1616 Os indicadores socioeconômicos, por exemplo, avaliam a distribuição dos fatores que determinam o estado de saúde conforme o perfil econômico e social de um determinado povo, residente em uma determinada área, enquanto que os indicadores demográficos indicam as características da área demográfica analisada. Tabela 2 – Tipos de agrupamento de indicadores Indicadores que traduzem diretamente a saúde Indicadores que se referem às condições do meio Indicadores que avaliam os recursos materiais e humanos Razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil e coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis. Índice de abastecimento de água, rede de esgotos, contaminações ambientais por poluentes. Índices relativos à rede de unidades de saúde para a atenção básica, profissionais de saúde e leitos hospitalares. Fonte: adaptada de Laurenti et al. (2005). A Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) preconiza o agrupamento de indicadores em seis subconjuntos temáticos: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e cobertura (RIPSA, 2008). Sendo que a produção dos indicadores é realizada pela instituição que é responsável pelo fornecimento dos dados brutos junto ao Datasus, que é o sistema de informações do Sistema Único de Saúde, responsável por coleta, processamento e disseminação de informações relacionadas à saúde. As matrizes de dados se caracterizam por sua denominação, conceituação, método de cálculo, categorias de análise e fontes de dados (RIPSA, 2008). O subconjunto que abrange os indicadores de mortalidade compreende as medidas de morbidades que são importantes para estabelecimento dos indicadores de saúde frente aos dados epidemiológicos das populações. Infelizmente, é um dado difícil de ser avaliado devido a subnotificações e, para sua mensuração, são necessárias medidas de prevalência e incidência. 1717 17 A incidência permite inferir o risco coletivo de adoecer, ou seja, alta incidência significa alto risco de adoecer (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). Em outras palavras, ela mensura a ocorrência do surgimento de novos casos de uma doença e pode ser obtida pela equação: A prevalência representa a proporção de indivíduos de uma população que é acometida por uma determinada doença, e isso inclui tanto os preexistentes quanto os casos novos. Pode ser definida pela equação: A “constante” utilizada nessas fórmulas são valores fixos que facilitam a interpretação dos dados. Geralmente são: 10, 100, 1.000, sendo que os dados serão expostos da seguinte maneira: “A prevalência da doença X na comunidade Y é de 1,36 indivíduos a cada 100 moradores, ou seja, na comunidade de 100 moradores, a prevalência é de 1,36 indivíduo doente com a doença X.” Com base nesses conceitos entendemos que: Prevalência = incidência x duração da doença O conhecimento do número de nascidos vivos é imprescindível para a saúde pública, pois permite estabelecer inúmeros indicadores, como, por exemplo, os coeficientes de mortalidade materno-infantil, entre outros (BRASIL, 2009). ASSIMILE As medidas de mortalidade podem ser definidas por vários indicadores, são eles (BRASIL, 2009): 1818 • Coeficiente de mortalidade geral. • Coeficiente de mortalidade infantil. • Coeficiente de mortalidade neonatal precoce. • Coeficiente de mortalidade neonatal tardia. • Coeficiente de mortalidade pós-natal. • Coeficiente de mortalidade materna. • Coeficientes de mortalidade específicos. A taxa de mortalidade infantil é um indicador muito utilizado para averiguar as condições de vida de um povo, pois é considerada modificável com ações efetivas do sistema de saúde. No Brasil, os registros dos óbitos infantis são realizados no sistema de informação sobre mortalidade (SIM). A taxa de mortalidade é considerada alta quando há 50 óbitos por mil ou mais nascidos vivos; é considerada mortalidade infantil moderada quando há de 20 a 49 óbitos por mil ou mais nascidos vivos; e considera-se mortalidade infantil baixa quando há menos de 20 óbitos por mil ou mais nascidos vivos. Se a criança morrer com idade menor que 27 dias de vida, deverá ser considerada mortalidade neonatal, no entanto, se a criança morrer na idade entre 28 a 364 dias de vida será considerada mortalidade pós- neonatal, sendo que o indicador de mortalidade pós-neonatal reflete o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental, que condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela associadas (CARVALHO; PINHO; GARCIA, 2017). 1919 19 A mortalidade perinatal é um indicador que explicita o risco de óbito na primeira semana de vida ou o nascimento fetal sem sinais vitais. Pode ser expresso pela seguinte fórmula: Quanto à cronologia, podemos definir a mortalidade, conforme a Tabela 3. Tabela 3 – Características da definição da mortalidade materna com base cronológica Mortalidade Características Mortalidade infantil perinatal Morte fetal entre 22 semanas de idade gestacional e 7 dias de nascido. Mortalidade infantil precoce Óbito fetal no período do nascimento até 7 dias de nascido. Mortalidade infantil tardia Óbito fetal no período de 7 dias após o nascimento até 28 dias de nascido. Mortalidade infantil pós- neonatal Óbito infantil no período de 28 dias após o nascimento até 365 dias de nascido. Mortalidade infantil neonatal Inclui a morte infantil do nascimento até 28 dias de nascido. Mortalidade infantil Compreende a morte infantil do nascimento até 364 dias de nascido. Fonte: Brasil (2009, p. 15). A mortalidade materna é caracterizada pela morte da mãe ocorrida até 42 dias após o término da gestação, devendo ser a causa de morte atribuída a gestação, parto e/ou puerpério frente ao número de nascidos vivos. Esse indicador reflete a atenção à saúde da mulher e relaciona-se à inadequada assistência pré-natal, de parto e puerpério. 2020 PARA SABER MAIS Os indicadores de morbidade e mortalidade são importantíssimos, porém também há outros indicadores que devem ser considerados no planejamento, monitoramento e na avaliação da situação de saúde, como, por exemplo, os indicadores relacionados a nutrição e crescimento, demográficos, socioeconômicos, relacionados à saúde ambiental e os relacionados aos serviços de saúde (PINHO, 2015). Mortalidade por causas específicas refere-se a óbitos com causas definidas e permite inferir condições de vida de uma população, dentre os quais se citam causas socioeconômicas, demográficas e de acesso a serviços de saúde com adequada qualidade (RIPSA, 2008). TEORIA EM PRÁTICA Você trabalha como nutricionista clínico e atualmente está gerenciando o setor de vigilância epidemiológica de sua cidade, no interior do Nordeste. Ao ter acesso aos veículos de notícias, você verifica que a mídia da sua cidade expõe em “grande número” as reportagens sobre indivíduos mortos com dengue, você, então, comunica ao setor de vigilância epidemiológica em saúde que verifiquem a prevalência de casos de dengue. Considerando que a populaçãoda sua cidade se refere a 20 mil pessoas e que foram registrados 200 casos de dengue, qual seria a prevalência de indivíduos com dengue na sua cidade? 2121 21 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a um indicador de mortalidade: a. Coeficiente de mortalidade geral. b. Coeficiente de mortalidade neonatal precoce. c. Coeficiente de mortalidade neonatal tardia. d. Coeficiente de mortalidade pós-natal. e. Coeficiente de mortalidade pós-natal tardio. 2. Considerando os conceitos de prevalência e incidência, qual é a medida que apresenta a proporção de indivíduos acometidos por determinada patologia e que se assemelha a uma fotografia do momento atual de saúde frente a uma determinada doença, em uma determinada população em um determinado período? a. Prevalência. b. Incidência. c. Prevalência e Incidência. d. Coeficiente de mortalidade geral. e. Coeficiente de mortalidade neonatal precoce. 3. A Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) preconiza o uso de alguns agrupamentos de indicadores, exceto: 2222 a. Indicadores demográficos. b. Indicadores socioeconômicos. c. Indicadores de cobertura. d. Indicadores situacionais. e. Indicadores de fatores de risco/fatores de proteção. Referências bibliográficas BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P. de; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. São Paulo, EPU,1981. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde – Parte 1. Brasília: CONASS, 2011. 320 p. 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Questão 2 – Resposta A Resolução: Prevalência considera tanto os casos antigos quanto os casos novos. Lembre-se de que prevalência representa tantos casos novos quanto casos preexistentes. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 3 – Resposta D Resolução: Lembre-se de que os indicadores de fatores de risco/ fatores de proteção incluem a prevalência do aleitamento materno como sendo fator de risco ou de proteção para determinadas doenças e, portanto, a prevalência de aleitamento materno faz parte dos indicadores dos fatores de risco/fatores de proteção. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 2525 25 Indicadores de saúde em nutrição ambulatorial Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os principais indicadores de saúde que são relevantes no âmbito da nutrição clínica ambulatorial. • Compreender os indicadores de saúde que são abordados pela Rede Interagencial de Informações para a Saúde. • Compreender a relevância e implicações dos indicadores de saúde na prática clínica ambulatorial. 2626 1. Epidemiologia clínica A epidemiologia clínica consiste na aplicabilidade dos conceitos epidemiológicos na prática clínica diária. Assim, é possível conhecer os tratamentos efetivos que deverão ser preconizados e os tratamentos ineficientes que deverão ser abandonados, bem como se essas práticas estão sendo realizadas ou invertidas. O objetivo da epidemiologia clínica é auxiliar na tomada de decisão do profissional em saúde. Os temas centrais da epidemiologia clínica são: • Definições de normalidadee de anormalidade. • Acurácia dos testes diagnósticos. • História natural e prognósticos das doenças. • Efetividade do tratamento. • Prevenção na prática clínica. Normalidade e anormalidade consistem em definir na consulta ambulatorial o que participa do nível de normalidade e do nível de anormalidade, baseando-se em sinais e sintomas do paciente somado aos seus sinais clínicos. Conforme Bonita, Beaglehole e Kjellström (2010), o paciente poderá, dentro das definições de normalidade e de anormalidade, ser classificado como: • Normal como comum: é a classificação que define em normal os valores que ocorrem com alta frequência. Um exemplo claro são os percentis, em que 95% acima da faixa são considerados normais enquanto os outros 5% abaixo da faixa são considerados anormais. • Anormalidade associada com doença: é a classificação em que há um ponto de corte para o qual se enquadram os pacientes doentes em detrimento dos saudáveis, abrangendo os conceitos 2727 27 de sensibilidade e especificidade. A sensibilidade é a capacidade de identificar os indivíduos doentes, e a especificidade é a capacidade de identificar não doentes. • Anormal como tratável: é a classificação que abrange os indivíduos que serão definidos como doentes que, no entanto, terão tratamento, pois haverá avanços assistenciais disponíveis para o seu diagnóstico e tratamento. Os testes envolvidos no diagnóstico do paciente devem apresentar acurácia avaliada por sua sensibilidade e especificidade, ou seja, pela sua capacidade de identificar os pacientes realmente doentes, tanto quanto identificar os pacientes saudáveis, respectivamente. A história natural e prognósticos das doenças consistem no estado em que o paciente se encontra e no relato que ele irá expor sobre a instalação da doença e dos sintomas, além do que poderá ser verificado por exames clínicos e laboratoriais e que definirá o prognóstico baseado no desfecho de pacientes com a mesma doença em questão. Sendo assim, a informação epidemiológica é necessária para proporcionar informações sobre prognóstico e desfecho (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010, p. 138). A efetividade do tratamento pode ser caracterizada pela eficiência em um tratamento empregado frente a determinada patologia, em que se verificou a resolução da doença instalada. ASSIMILE A prevenção na prática clínica se refere a ações que o profissional de saúde deve ter para auxiliar na adesão de práticas de saúde por parte de seus pacientes. Desse modo, a prevenção na prática clínica pode incluir, por exemplo, 2828 o incentivo à adesão aos programas de imunização, o acompanhamento do g anho de peso do recém-nascido e o uso de curvas de padrão de crescimento (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010). 2. Segurança alimentar e nutricional Em 2010, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) produziu um material nomeado A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil – Indicadores e monitoramento da constituição de 1988 aos dias atuais. Tal material aborda os principais indicadores que englobam saúde e nutrição no âmbito da produção de alimentos, sua disponibilidade e o reflexo dessa distribuição. Esse documento aborda os seguintes temas: • Produção e disponibilidade de alimentos. • Renda e despesas com alimentação. • Acesso a alimentação adequada. • Saúde e acesso a serviços de saúde. • Educação. A seguir, vamos conhecer alguns indicadores que devem ser considerados no atendimento clínico do nutricionista. 2.1 Produção e disponibilidade de alimentos • Produção de alimentos: este indicador refere-se a extensão, em metragem, de áreasplantada no Brasil, bem como o consumo de agrotóxicos e agricultura familiar. 2929 29 • Disponibilidade interna dos alimentos para consumo humano: este indicador refere-se ao abastecimento do mercado doméstico, armazenamento e estoques em quantidades adequadas e suficientes. • Volume comercializado de frutas e hortaliças por produto: este indicador refere-se às concentrações geográficas expressivas para algumas frutas e hortaliças por regiões brasileiras. 2.2 Renda e despesa das famílias com alimentação • Rendimento domiciliar per capita: este indicador refere-se ao nível do rendimento per capita, por região, bem como as desigualdades que envolvem os diferentes tipos de raça. • Nível da ocupação das pessoas de 10 anos ou mais de idade: este indicador refere-se às atividades ocupacionais desenvolvidas no mercado de trabalho por pessoas com 10 anos ou mais, e seu rendimento real médio. • Desigualdade de renda: este indicador refere-se à concentração de renda. • Percentual de gastos das famílias com alimentação: este indicador refere-se a quanto do salário é investido na alimentação, considerando as diferentes raças, renda média e preço de alguns grupos alimentares. 2.3 Acesso à alimentação adequada • Percentual de macronutrientes no total de calorias na alimentação domiciliar: este indicador refere-se aos valores ingeridos de macronutrientes, incluindo gorduras em seus diferentes tipos. 3030 • Disponibilidade de alimentos no domicílio: este indicador refere- se a quais tipos de alimento estão fazendo parte do cardápio brasileiro, se mais processados ou in natura, tipos de carnes e frutas, verduras e legumes, bem como a relação dos tipos de consumo alimentares com a renda. • Percentual de domicílios com insegurança alimentar no total de domicílios, por tipo de insegurança alimentar: este indicador refere-se aos domicílios nos quais não se tem acesso adequado à alimentação, que podem ser subdivididos em insegurança alimentar leve, moderada ou grave. 2.4 Saúde e acesso aos serviços de saúde • Índices antropométricos para todas as etapas do curso da vida: este indicador refere-se aos níveis de desnutrição e obesidade conforme renda, idade, sexo, raça e etnia. • Baixo peso ao nascer: este indicador refere-se ao peso de nascimento em relação a diferentes regiões, raça e etnia. • Prevalência do aleitamento materno: este indicador refere-se à proporção de crianças em aleitamento materno, em diferentes regiões, bem como a introdução de leite não materno. • Acesso ao pré-natal: este indicador refere-se ao percentual de gestantes que realizam pré-natal nas diferentes regiões do país e conforme as raças e etnias. • Taxa de mortalidade infantil: este indicador refere-se aos números de recém-nascidos mortos até 1 ano de idade, bem como suas causas, avaliando, inclusive, sua etnia. • Prevalência da anemia ferropriva: este indicador refere-se aos números de crianças com anemia por deficiência de ferro, ou mulheres em idade fértil, considerando as raças e etnias. 3131 31 • Monitoramento da fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico: este indicador avalia a adequação da fortificação das farinhas de trigo, com ferro e ácido fólico, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde e sendo esse monitoramento realizado pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. • Prevalência da hipovitaminose A: este indicador refere-se à ocorrência de hipovitaminose A nas diferentes regiões do Brasil. • Monitoramento do teor de iodo no sal: este indicador avalia a adequação ao estabelecido na legislação. • Alimento seguro: este indicador avalia se os alimentos estão com quantidade permissivas de agrotóxicos, antimicrobianos e antiparasitários ou se apresentam-se superior ao permitido. • Saneamento básico: este indicador engloba o número de residências que recebem rede de abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo, considerando as diferentes regiões do país. 2.5 Educação • Anos de estudo: este indicador engloba o tempo de estudos realizados por diferentes sexos, raças e região. • Analfabetismo: este indicador engloba a ausência de estudo formal realizado por diferentes sexos, raças, renda e região. • Frequência à escola: este indicador engloba o registro de matrícula e frequênciaescolar considerando a idade. O quadro abaixo faz parte do documento A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil – Indicadores e monitoramento da constituição de 1988 aos dias atuais e expõe o estado nutricional de adolescentes e adultos em 2008-2009, no Brasil, com as respectivas fontes de coleta de dados. 3232 Quadro 1 – Indicadores de saúde do Estado nutricional dos adolescentes e adultos, por região Dimensão/ indicador Brasil Região Norte Região Nor- deste Região Centro- Oeste Região Sudeste Região Sul Fonte/ ano Estado nutricional de adolescentes – 10 até 19 anos % de adoles- centes com excesso de peso Homens Homens Homens Homens Homens Homens Min. Saúde/ SISVAN e IBGE – POF -2008-2009 21,5 % 18,5% 15,9% 23,3% 24,4% 26,9% Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres 19,4% 16,6% 17,1% 20,0% 20,8% 22,0% Estado nutricional de Adultos – 20 ou mais % de adultos com excesso de peso Homens Homens Homens Homens Homens Homens Min. Saúde / SISVAN e IBGE – POF -2008-2009 50,1% 47,7% 42,9% 51,0% 52,4% 56,8% Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres 48,0% 46,7% 46,0% 45,6% 48,5% 51,6% % de adultos com obesidade Homens Homens Homens Homens Homens Homens 12,5% 10,6% 9,9% 13,3% 13,0% 15,9% Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres Mulheres 16,9% 15,2% 15,2% 16,3% 17,5% 19,6% Fonte: adaptada de Consea (2010). O Quadro abaixo expõe alguns dos indicadores referentes a saúde e nutrição no Brasil, por região, com as respectivas fontes de coleta de dados. Quadro 2 – Diversos Indicadores de saúde do Brasil, por região Dimensão/ indicador Brasil Região Norte Região Nordeste Região Centro- Oeste Região Sudeste Região Sul Fonte/ ano Baixo peso ao nascer (total) 8,20% 7,01% 7,47% 7,64% 9,17% 8,71% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos – 2007 Baixo peso ao nascer a termo 4,50% 4,82% 4,43% 3,73% 4,62% 4,23% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos – 2007 3333 33 Prevalência do aleitamento materno aos 6 meses (indepen- dente da criança estar recebendo outros líquidos) 78,00% 88,00% 77,00% 82,00% 73,00% 72,00% Min. Saúde/ Pesq. Nac. De Aleitamen- to Materno nas capitais Brasileiras e distrito fe- deral – 2008 Prevalência do aleitamento ma- terno exclusivo 9,00% 10,00% 8,00% 9,00 9,00% 10,00% Min. Saúde/ Pesq. Nac. De Aleitamen- to Materno nas capitais Brasileiras e distrito fe- deral – 2008 Proporção de nascidos vivos com 7 ou mais consultas pré-natais 56,60% 31,57% 40,58% 62,48 69,90% 72,20% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos – 2007 Taxa de morta- lidade infantil (número de óbitos de meno- res de 1 ano de idade, por mil nascidos vivos.) 20,70% 22,75% 29,76% 17,06 15,03% 13,34% Min. Saúde/ Sist.Inf de Nascidos Vivos e Sist. De Inf. So- bre Mortali- dade – 2006 Prevalência da hipovita- minose A em crianças < 5 anos 17,40% 10,70% 19,00% 11,80% 21,60% 9,90% Min. Saúde/ Pesquisa Na- cional sobre demografia e Saúde – 2006 Fonte: adaptada de Consea (2010). O Quadro abaixo expõe os índices antropométricos de crianças com idade inferior a 5 anos de idade, no Brasil, por região, com as respectivas fontes de coleta de dados. 3434 Quadro 3 – Indicadores antropométricos para crianças com idade inferior a 5 anos de idade, por região brasileira Dimensão/ indicador Brasil Região Norte Região Nordeste Região Centro- Oeste Região Sudeste Região Sul Fonte/ ano Índices antropométricos para todas as etapas do curso da vida % de crianças < 5 anos com baixo peso para idade 1,80% 3,30% 2,20% 1,60% 1,40% 1,90% Min. Saúde / Pesquisa Nacional sobre demografia e saúde – 2006 % de crianças < 5 anos com déficit estrutu- ral para idade 6,70% 14,70% 5,80% 5,50% 5,60% 8,50% % de crianças < 5 anos com excesso de peso para idade 7,20% 6,20% 7,00% 7,50% 7,00% 9,40% Fonte: adaptada de Consea (2010). 3. Indicadores A Rede Interagencial de Informação para a Saúde (Ripsa), em 2008, elaborou um material nomeado Indicadores básicos para a saúde no Brasil, no qual abordou os indicadores predefinidos em categorias, a saber: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e cobertura (RIPSA, 2008), sendo que a produção dos indicadores é realizada pela instituição que é responsável pelo fornecimento dos dados brutos junto ao Datasus. 3.1 Indicadores demográficos Estes incluem: a população total, razão de sexos, taxa de crescimento da população, grau de urbanização, proporção de menores de 5 anos de idade na população, proporção de idosos na população, índice de envelhecimento, razão de dependência, taxa de fecundidade total, taxa específica de fecundidade, taxa bruta de natalidade, mortalidade 3535 35 proporcional por idade, mortalidade proporcional por idade em menores de 1 ano de idade, taxa bruta de mortalidade, esperança de vida ao nascer e esperança de vida aos 60 anos de idade. 3.2 Indicadores de cobertura Incluem cobertura de planos de saúde, cobertura de redes de abastecimento de água, coleta de lixo e esgoto. Os indicadores socioeconômicos são os que incluem a taxa de analfabetismo, níveis de escolaridade, Produto Interno Bruto (PIB) per capita, razão de renda, proporção de pobres, taxa de desemprego e taxa de trabalho infantil. 3.3 Indicadores de mortalidade Podemos citar a taxa de mortalidade infantil, neonatal precoce, neonatal tardia, pós-neonatal, perinatal, taxa de mortalidade em menores de 5 anos, razão de mortalidade materna, mortalidade proporcional por grupos de causas, proporcional por causas mal definidas, proporcional por doença diarreica aguda em menores de 5 anos de idade, proporcional por infecção respiratória aguda em menores de 5 anos de idade. Os indicadores de taxa de mortalidade específica englobam as neoplasias malignas, acidentes do trabalho, diabetes mellitus, aids, afecções originadas no período perinatal e doenças transmissíveis. 3.4 Indicadores de morbidade e fatores de risco Dentre outros, incluem: os indicadores de taxa de incidência de aids, taxa de incidência de dengue, taxa de incidência de neoplasias malignas, taxa de prevalência de diabetes mellitus, proporção de internações hospitalares (SUS) por grupos de causas, taxa de prevalência de pacientes em diálise (SUS), proporção de nascidos vivos de baixo peso ao nascer, taxa de prevalência de déficit ponderal para a idade em crianças menores de 5 anos de idade, taxa de prevalência de aleitamento materno, aleitamento materno exclusivo, taxa de prevalência de excesso de peso, de atividade física insuficiente, de hipertensão arterial. 3636 3.5 Indicadores de recursos Incluem, dentre outros, o número de profissionais de saúde por habitante, despesa familiar com saúde como proporção da renda familiar e número de concluintes de cursos de graduação em saúde. 4. Sistemas de informação É necessário esclarecer que as informações que são disponibilizadas para uso na epidemiologia são alimentadas em banco de dados pelos sistemas de informação do Ministério da Saúde, como Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), e sistemas de informações para a gestão do trabalho em saúde. Outros sistemas de informações de entidades públicas também são fornecedores de dados, dentre eles, podemos citar o Sistema Único de Benefícios da Previdência Social (SUB), Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) e Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Aos censos originados no Sistema Estatístico Nacional, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são fontes de dados importantes em nível nacional, mas que também são interessantes na prática clínica para o conhecimento da região sociodemográfica na qual está inserido o atendimento nutricional. Os dados disponibilizados pelo IBGE também sãointeressantes para compreensão dos contextos sociais nos quais se pretende atuar em nível ambulatorial. O IBGE realizará pesquisas como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), Pesquisa de Assistência Médico-sanitária (AMS), Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que sabemos estarem relacionadas diretamente ao acesso à alimentação (POF, 2011). A figura abaixo expõe a prevalência da desnutrição infantil em alguns estados do Brasil em 1989, e permite a percepção das diferenças 3737 37 socioeconômicas, relacionadas às questões sociais nas regiões norte e sul do país. Conforme a figura, podemos assimilar quais áreas da região norte e nordeste do país, em 1989, poderiam ser comparadas com áreas da África, onde havia altos índices de desnutrição. Figura 1 – Prevalência da desnutrição infantil (BRASIL, 1989), referente ao percentual de crianças com altura < -2 Z. Fonte: PNSN (1989), in Monteiro 1995. A tabela abaixo expõe dados da POF, de 2008-2009, e confirma ainda a relação renda, alimentação e baixo peso/desnutrição. Tabela 1 – Prevalência de déficit de altura nas crianças menores de 5 anos de idade, com base na distribuição de referência relativa a crianças de famílias com rendimento total e variação patrimonial mensal de mais de um salário mínimo per capita, segundo as classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar per capita – Brasil – período 2008-2009 Classes de rendimento total e variação patrimonial mensal familiar per capita (salários mínimos) Prevalência de déficit de altura nas crianças menores de 5 anos de idade (%) Até 1/4 8,2 Mais de 1/4 a 1/2 6,8 Mais de 1/2 a 1 6,2 Mais de 1 a 2 5,2 Mais de 2 a 53,8 3,8 Mais de 5 3,1 Fonte: BRASIL. IBGE, POF 2008-2009. 3838 Outros censos e pesquisas também são fornecedores de dados que compõem o banco de informações no qual se baseiam os indicadores, dentre eles, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS), estimativa da incidência de neoplasias malignas, inquérito de prevalência de aleitamento materno, inquérito de prevalência de diabetes mellitus e inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis. Prezado aluno, neste tema, nós tomamos conhecimento sobre quais são os indicadores nos quais devemos atentar para o atendimento nutricional no ambulatório, dentre eles, os dados antropométricos, de alimentação e comorbidade merecem especial atenção por parte do nutricionista ambulatorial, a fim de oferecer um atendimento efetivo ao paciente, compreendendo-o como um ser completo que interage com o meio no qual vive, sofrendo interferências deste. TEORIA EM PRÁTICA Você é nutricionista clínico no ambulatório de sua cidade, no interior do Pará, região amazônica, e recebe o paciente J. K. L., 56 anos, diabético, hipertenso, referindo ser encaminhado ao nutricionista, pois, após ser diagnosticado com dengue, perdeu muito peso. Relata que “tem muita gente aqui com dengue, e por isso as pessoas estão emagrecendo aqui na cidade”. Ao avaliar o encaminhamento médico, você verifica: “Encaminho ao nutricionista deste ambulatório o paciente, J. K. L., 56 anos. Paciente apresenta redução ponderal de 10 kg após estar internado por 5 dias”. Verificando os exames laboratoriais, você identifica HDL de 96 mg/dl. Ao coletar o recordatório alimentar do paciente, ele refere o consumo de uma sardinha assada no jantar e almoço, pois seu 3939 39 vizinho é pescador ribeirinho e traz para ele esse alimento, o qual ele ingere diariamente. Frente a essa realidade, quais indicadores de saúde você deverá considerar no atendimento ambulatorial desse paciente? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Qual seria o melhor indicador que você poderia preferir utilizar para verificar a incidência de dengue no seu município? a. Taxa de incidência de aids. b. Taxa de incidência de neoplasias malignas. c. Taxa de incidência de dengue. d. Taxa de prevalência de diabete mellitus. e. Taxa de incidência de doenças relacionadas ao trabalho. 2. Considerando que os tratamentos realizados pelos profissionais de saúde visam a resolubilidade das doenças, assinale as palavras que melhor preenchem as lacunas da afirmativa abaixo: A __________ do tratamento pode ser caracterizada pela _________ de um tratamento empregado frente a determinada ____________, em que se verificou a ___________ da doença outrora instalada. 4040 a. Efetividade; eficiência; patologia; alteração. b. Efetividade; eficiência; patologia; resolução. c. Eficiência; eficiência; patologia; alteração. d. Eficiência; deficiência; patologia; alteração. e. Eficiência; dificuldade; patologia; alteração. 3. A prevenção na prática clínica se refere a ações que o profissional de saúde deve ter para auxiliar na adesão de práticas de saúde por parte de seus pacientes. Fazem parte da prevenção na prática clínica as ações listadas abaixo, exceto: a. Incentivo à adesão aos programas de imunização. b. Incentivo à adesão ao acompanhamento do ganho de peso do recém-nascido. c. Incentivo e o uso de curvas de padrão de crescimento preconizadas pelo Ministério da Saúde. d. Orientações de práticas que promovem o adoecimento. e. Orientações de incentivo ao aleitamento materno. Referências bibliográficas BONITA, R; BEAGLEHOLE, R; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. Tradução e revisão científica Juraci A. Cesar. 2.ed. São Paulo: Santos, 2010. BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil. Indicadores e Monitoramento – da Constituição de 1988 aos dias atuais. Brasília: Consea, 2010. 4141 41 BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.150 p. Disponível em: https:// biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019. MONTEIRO, C. A. A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 9, n. 24, p. 195-207, ago. 1995. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nr m=iso. Acesso em: 26 ago. 2019. MONTEIRO C. A. et al. Causas e declínio da desnutrição infantil no Brasil, 1996-2007. Revista de Saúde Pública, São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, 2005, v. 43, n. 1, p. 35-43, 2009. Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – Pnsn – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Ibge – (1989). In MONTEIRO, C. A. A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 9, n. 24, p. 195-207, ago. 1995. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40141995000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 fev. 2019. PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIO. IBGE, 2007. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/59/pnad_2007_v28_br.pdf. Acesso em 27 fev. 2020. REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE – RIPSA. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. 349 p.: il. Gabarito Questão 1 – Resposta C Resolução: taxa de incidência de dengue. Lembre-se de que as taxas de incidência de dengue são indicadores que norteiam as ações em saúde frente a essa patologia. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta B Resolução: a efetividade do tratamento pode ser caracterizada pela eficiência em um tratamento empregado frente a determinada patologia, em que se verificou a resolução da doença outrora instalada. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdfhttps://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141995000200009&lng=en&nrm=iso https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/59/pnad_2007_v28_br.pdf 4242 Questão 3 – Resposta D Resolução: A prevenção na prática clínica pode incluir, por exemplo, o incentivo à adesão aos programas de imunização, o acompanhamento do ganho de peso do recém-nascido e o uso de curvas de padrão de crescimento, aleitamento materno, entre outros; Deste modo orientações de práticas que promovem o adoecimento, não fazem parte da prevenção na prática clínica. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 4343 43 Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral. • Compreender a importância dos indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral. • Assimilar os fatores necessários à implantação do uso de indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral. 4444 1. Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral A terapia nutricional (TN) pode ser definida como um conjunto de métodos terapêuticos que objetivam a recuperação e/ou manutenção dos parâmetros nutricionais por meio da nutrição parenteral e/ ou enteral (PELTZ apud SÁ; MARSCHALL, 2015). A TN é amplamente utilizada no meio hospitalar. Devemos considerar que a TN previne e combate a desnutrição, podendo, inclusive, melhorar os parâmetros resultantes de complicações pós-operatórias, porém a TN poderá apresentar complicações e por isso deverá ser monitorada e avaliada continuamente (BARKER et al. apud SÁ; MARSCHALL, 2015), sendo que essa avaliação e esse monitoramento poderão ser realizados por meio de indicadores que expressarão a qualidade dos atendimentos que incluem a terapia nutricional e enteral. A qualidade de um atendimento em saúde refere-se a um atendimento efetivo que seja resolutivo e satisfatório do ponto de vista do paciente (OPAS, 1992). A verificação da qualidade da assistência em saúde almeja garantir uma assistência com o menor número de deficiências possível, utilizando, para isso, protocolos que organizam as ações da equipe envolvida no processo de geração de saúde, bem como fornecendo a esta equipe os conhecimentos científicos atuais (BRASIL, 2006). Na avaliação da qualidade de um serviço, o uso de indicadores é preconizado, porém, para sua utilização, é necessário que se adotem procedimentos para uma gestão efetiva (ABNPE; ABRAN, 2011). Dentre esses procedimentos, devemos citar: • Construção e padronização de manuais de boas práticas: os manuais de boas práticas irão definir os procedimentos-padrão que deverão ser adotados para a realização das atividades referentes a nutrição enteral e parenteral. 4545 45 • Construção e domínio dos registros: os registros permitirão a melhor visualização das atividades realizadas pela equipe de saúde. • Ações de prevenção e de correção: ações de prevenção deverão ser adotadas para evitar a ocorrência de fatores que possam desfavorecer a qualidade da terapia oferecida ao paciente, enquanto as ações de correção deverão ocorrer sempre que houver resultados desfavoráveis. • Revisões e adaptações dos processos e objetivos do serviço de terapia nutricional: deverá haver adaptações e revisões dos processos já utilizados e dos objetivos dos serviços implantados. Cada instituição apresenta um perfil especifico dos seus pacientes, e o perfil desses pacientes norteia as ações de avaliação de qualidade do serviço oferecido a este público, bem como os tipos de indicadores que serão preferidos. Alguns critérios deverão ser adotados para selecionar os indicadores que deveremos preferir utilizar. Dentre os critérios, devemos considerar (ABNPE; ABRAN, 2011): • As necessidades conforme os aspectos da população avaliada. • A política da instituição. • O impacto da patologia analisada frente à saúde da população. • Evidências científicas que exponham a necessidade daquele indicador. As necessidades de saúde da população estudada deverão ser avaliadas, de modo que os indicadores analisados sejam relevantes a ela. Para isso, deve pesar o impacto da patologia analisada frente à saúde da população. É interessante ressaltar que os indicadores que se pretendem utilizar permitam comparação com outas populações/instituições de vários níveis, tanto locais quanto regionais ou nacionais e até mesmo internacionais. 4646 No âmbito da avaliação de qualidade da nutrição enteral e parenteral, alguns indicadores são amplamente utilizados. O quadro abaixo expõe alguns deles. Quadro 1 – Exemplos de indicadores comumente utilizados INDICADORES GERAIS Porcentagem de avaliação nutricional nas primeiras 24 horas de internação Número de pacientes com avaliação nutricional x 100/ número de internações Prevalência de pacientes com déficit ou em risco nutricional Número de pacientes com déficit ou em risco nutricional x 100 / número de pacientes internados Porcentagem de pacientes com tempo de jejum inadequado antes do início da TN (maior que 72 horas) Número de pacientes em jejum por período maior que 48 horas x 100 / número de pacientes candidatos à TN INDICADORES DE EFETIVIDADE Porcentagem de pacientes em TN com estimativa do gasto energético e necessidades proteicas Número de pacientes em TN com medida do gasto energético x 100 / número total de pacientes em TN Porcentagem de pacientes em TN em catabolismo proteico Número de pacientes em TN com diminuição da circunferência muscular do braço maior que 20% no período de sete dias x 100 / número total de pacientes em TN Porcentagem de pacientes com volume de nutrição parenteral (NP) infundido maior que 70% do prescrito Número de pacientes com volume de infusão da NP maior que 70% x 100 / número total de pacientes recebendo NP Porcentagem de pacientes com volume de nutrição enteral (NE) infundido maior que 70% do prescrito Número de pacientes com volume de infusão da NE maior que 70% x 100 / número total de pacientes recebendo NE INDICADORES DE RESULTADOS Incidência de diarreia Número de pacientes com diarreia recebendo NE x 100 / número total de pacientes recebendo NE Índice de infecção do cateter venoso central em pacientes sob TN parenteral Número de ocorrência de infecção de cateter venoso central em pacientes sob TNP x 1000 / número de pacientes-dia com cateter venoso central para TNP Incidência de perda de SNE em pacientes em TN enteral (saída inadvertida e obstrução) Número de perdas de SNE x 100 / número de pacientes com sonda nasoentérica/dia Fonte: adaptado de ABNPE e Abran (2011). 4747 47 PARA SABER MAIS Em 2014, os autores Sá e Marshall, na publicação “Indicadores de qualidade em terapia nutricional como ferramenta para avaliação da assistência nutricional em pacientes hospitalizados”, abordaram os indicadores de qualidade em terapia nutricional (IQTN), por meio de uma revisão crítica de estudos sobre a aplicabilidade dos indicadores de qualidade para avaliação da TN. Os autores concluíram que há viabilidade na utilização de IQTN e evolução progressiva da eficácia dos métodos de qualidade na assistência nutricional a partir da sua empregabilidade (SÁ; MARSHALL, 2014). Esse estudo foi publicado no periódico científico Comunicação em Ciências da Saúde, que está sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, por meio da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (BVS, 2019). Nessa publicação, eles abordaram oestudo de Waitzberg, Mateos e Verotti em 2008, que elencou os dez IQTN considerados mais úteis, práticos, de fácil execução (simplicidade) e de baixo custo, que estão listados no Quadro 2, em ordem de importância. Quadro 2 – Dez indicadores de qualidade em terapia nutricional (IQTN) considerados mais úteis, práticos, de fácil execução (simplicidade) e de baixo custo Colocação Indicador 1º Frequência de realização de triagem nutricional em pacientes hospitalizados 2º Frequência de diarreia em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) 3º Frequência de saída inadvertida de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) 4848 4º Frequência de obstrução de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) 5º Frequência de jejum digestório por mais de 24 horas em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) ou oral (TNO) 6º Frequência de pacientes com disfunção da glicemia em terapia nutricional enteral e parenteral (TNE e TNP) 7º Frequência de medida ou estimativa do gasto energético e necessidades proteicas em pacientes em terapia nutricional 8º Frequência de infecção por cateter venoso central (CVC) em pacientes em terapia nutricional parenteral (TNP) 9º Frequência de conformidade de indicação da terapia nutricional enteral (TNE) 10º Frequência de aplicação de avaliação subjetiva global (ASG) em pacientes em terapia nutricional (TN). Fonte: Waitzberg et al. apud Sá e Marschall (2014). ASSIMILE É imprescindível, que exista um guia de boas práticas padrão que seja adotado pela equipe de saúde que atua diretamente junto ao paciente e, portanto, é responsável direto pelos resultados de saúde, o que reflete nos indicadores. De posse do manual de boas práticas, deve-se elaborar e disponibilizar à equipe as fichas de registro dos indicadores para que sejam preenchidas por profissionais previamente definidos. Também é importante citar que os profissionais de contato direto com o paciente deverão ser conhecedores das planilhas de registros dos dados que alimentarão os bancos de dados, bem como dos seus resultados, pois assim compreenderão o que está sendo avaliado e, consequentemente, frente aos resultados, serão conscientizados das necessidades de determinadas ações em saúde, quer sejam de prevenção ou de correção. 4949 49 Sobre as instruções para implantação de indicadores em terapia nutricional, devemos considerar que, nas instituições de saúde, é necessário que se implantem os indicadores que se pretendem utilizar, sendo que o banco de dados para o levantamento destes deverão ser estruturados com as informações componentes de tal indicador. Esse banco deverá ser alimentado de forma confiável por profissionais da própria instituição. Como resultado das implicações dos indicadores, devemos lançar metas, não só para desafiar a equipe, mas também para melhorar os padrões de saúde da instituição na qual se atua e até mesmo em nível local, regional, estadual, nacional e, por vezes, até internacional. Os dados que deverão alimentar o banco de informações deverão, prioritariamente, ser coletados em períodos preestabelecidos e repetitivos, para se ter um melhor controle da situação atual do estabelecimento no qual se atua. Além de que essas informações, em períodos regulares, se aplicam para nortear as ações em saúde da equipe atuante. Todo o material de implantação dos indicadores e o material de controle e de ações em saúde norteada pelos resultados dos indicadores deverão ser periodicamente ajustados, renovados, atualizados e revisados, lembrando que toda a equipe participante do levantamento dos indicadores deverá ser treinada, seja o pessoal de contato direto com o paciente, seja os coletadores de dados, ou seja, os alimentadores dos bancos. Os profissionais que estarão envolvidos na elaboração dos indicadores de qualidade em terapia nutricional deverão considerar que, na elaboração destes, alguns itens serão componentes básicos, como: nome, objetivo, cálculo, definição de numerador e denominador, método, responsável, frequência, meta e referencial comparativo (ISOSAKI, 2015). 5050 Quadro 3 – Exemplo de indicador de qualidade em terapia nutricional Indicador Taxa de realização de anamnese alimentar inicial Objetivo Identificar a frequência de realização de anamnese alimentar inicial em pacientes hospitalizados Fórmula de cálculo (Nº de pacientes com anamnese alimentar em até 72 h de internação / nº total de internações no mês) x 100 Importância A anamnese alimentar é uma importante ferramenta utilizada para o diagnóstico nutricional e o estabelecimento do plano terapêutico. Tem como objetivos avaliar a adequação quantitativa e qualitativa da ingestão alimentar às demandas nutricionais do paciente, direcionando para a introdução de terapia nutricional quando necessária Unidade utilizada na fórmula Porcentagem Numerador Nº de pacientes com anamnese alimentar inicial realizada em até 72 h de internação Denominador Nº total de internações realizadas no mês na unidade Fontes dos dados Prontuário do paciente Observação: serão computados a partir da data da anamnese alimentar inicial (registrada em prontuário), utilizando como ferramenta relatórios, sistemas informatizados e/ou impressos próprios da instituição Periodicidade Mensal Responsável pela informação Nutricionista Meta ≥ 75% Referencial comparativo Hospitais com características similares Fonte: adaptado de Ilsi Brasil (2017, p. 12). Os critérios a serem adotados para elaboração e avaliação de indicadores de qualidade de saúde nos serviços de terapia nutricional devem expor suas normas de maneira clara e objetiva. Um exemplo de indicador de qualidade em terapia nutricional poderá ser verificado abaixo. Esta produção faz parte da série de publicações da International Life Sciences Institute Brasil (Ilsi): Força-tarefa nutrição da criança (2017). 5151 51 TEORIA EM PRÁTICA Após um longo processo seletivo, você assume a chefia do setor de nutrição enteral do hospital no qual trabalha há mais de dez anos. Então você resolve implantar indicadores de qualidade em terapia nutricional neste hospital. Quais os critérios que deverão ser adotados para selecionar os indicadores que você deverá preferir utilizar? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a sequência que melhor completa as lacunas: Os ____________ que estarão envolvidos na elaboração _____________ em terapia nutricional deverão considerar que, na elaboração destes, alguns itens serão ______________, como por exemplo métodos e objetivos. a. Componentes básicos; dos profissionais; indicadores de qualidade. b. Profissionais; dos indicadores de qualidade; componentes básicos. c. Componentes básicos; dos nutricionistas; indicadores de qualidade. d. Nutricionistas; dos indicadores de qualidade; componentes básicos. e. Indicadores de qualidade; profissional; componentes básicos. 5252 2. A terapia nutricional (TN) pode ser definida como um conjunto de métodos terapêuticos que objetivam: a. A recuperação da saúde de indivíduos saudáveis. b. A manutenção da saúde de indivíduos saudáveis. c. A recuperação e/ou manutenção dos parâmetros nutricionais. d. A recuperação e/ou manutenção da saúde de indivíduos saudáveis. e. A recuperação e/ou manutenção somente dos parâmetros antropométricos. 3. Como exemplo de indicador de qualidade em nutrição enteral e parenteral comumente utilizado, podemos citar os listados abaixo, exceto: a. Porcentagem de avaliação nutricional nas primeiras 24 horas de internação. b. Incidência de aleitamento materno. c. Frequência de jejum digestório por mais de 24 horas em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE) ou oral (TNO). d. Frequência de realização de triagem nutricional em pacientes hospitalizados. e. Frequência de obstrução de sonda de nutrição em pacientes em terapia nutricional enteral (TNE). 5353 53 Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação paramelhoria da qualidade da estratégia saúde da família: documento técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Biblioteca Virtual em saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: http://pesquisa. bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435. Acesso em: 6 ago. 2019. DONABEDIAN, A. Evaluación de la calidad de la atención médica. In: WHITE, K. L; FRANK, J. E. D. S. Investigaciones sobre servicios de salud: una antología. Washington: OPAS, 1992. p. 382-404. INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL – ILSI. Indicadores de qualidade em terapia nutricional pediátrica. ILSI Brasil: força-tarefa nutrição da criança. v. 2. São Paulo: Ilsi, 2017. (Série de publicações; v. 2). ISOSAKI, M. Indicadores: conceitos, importância e aplicabilidade em nutrição hospitalar. In: ISOSAKI, M; GANDOLFO, A. S; JORGE, A. L; EVAZIAN, D; CASTANHEIRA, F. A; BITTAR, O. J. N. Indicadores de nutrição hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2015. SÁ, J. S. M. de; MARSCHALL, N. G. Indicadores de qualidade em terapia nutricional como ferramenta de monitoramento da assistência nutricional no paciente cirúrgico. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 2, n. 30, p. 100-105, 2015. SÁ, J. S. M. de; MARSCHALL, N. G. Indicadores de qualidade em terapia nutricional como ferramenta para avaliação da assistência nutricional em pacientes hospitalizados. Comunicação em Ciências Saúde, v. 2, n. 25, p. 127-140, 2014. SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL – SBNPE; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA – Abran. Terapia nutricional: indicadores de qualidade. Projeto Diretrizes. São Paulo: 2011. Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_ qualidade.pdf. Acesso em: 27 fev. 2020. Gabarito Questão 1 – Resposta B Resolução: lembre-se de que os componentes básicos que estarão envolvidos na elaboração dos indicadores de qualidade são, por exemplo, métodos e objetivos deste indicador. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta C Resolução: a recuperação e/ou manutenção dos parâmetros nutricionais são objetivos da terapia nutricional. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435 http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23435 https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_qualidade.pdf https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_qualidade.pdf 5454 Questão 3 – Resposta B Resolução: a Incidência de aleitamento materno é um indicador de saúde, porém não é um indicador de qualidade em nutrição enteral e parenteral. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 5555 55 Epidemiologia nutricional Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Compreender os parâmetros da epidemiologia no âmbito da nutrição. • Conhecer as doenças prevalentes atualmente e suas justificativas frente à epidemiologia nutricional. • Conhecer as doenças prevalentes nas décadas passadas e suas justificativas frente à epidemiologia nutricional. 5656 1. Epidemiologia aplicada à nutrição A epidemiologia estuda os diferentes fatores que geram a ocorrência e o alastramento de doenças, bem como os meios necessários para sua prevenção. Define-se como o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde (LAST, 1988). Poderá, ainda, ser definida de maneira simples, como o estudo das doenças nas populações. A partir dos dados epidemiológicos é que serão definidos os indicadores, que permitirão nortear as ações em saúde que deverão ser adotadas a fim de fornecer um atendimento de qualidade, assertivo e resolutivo para o paciente. As informações geram os indicadores em saúde que norteiam as ações em saúde, frente a elas, serão obtidos os dados, que serão revisados, analisados e, posteriormente, nortearão nova coleta de informações. Figura 1 – Dinâmica do ciclo de geração de indicadores, dados, informações e ações em saúde Fonte: adaptada de Moraes (1994). Os padrões de morbimortalidade do povo brasileiro passaram por transições que podem ser classificadas em demográfica, nutricional e epidemiológica (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007). 5757 57 A transição demográfica se refere ao maior número de pessoas com 60 anos em detrimento ao número de nascimentos, ou pessoas com pouca idade, enquanto a transição nutricional pode ser caracterizada pelo aumento do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura. Desse modo, são classificadas em obesidade ou sobrepeso, sendo que o excesso de peso pode estar associado a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem nos padrões de morbimortalidade atuais. O índice de massa corporal (IMC) é estabelecido pela razão entre peso e altura e pode ser definido pela fórmula: kg/m². O IMC deverá ser classificado conforme preconiza a OMS (2000). Tabela 1 – Classificação do IMC IMC (kg/m2) Classificação < 16 Magreza grau III 16 a 16,9 Magreza grau II 17 a 18,4 Magreza grau I 18,5 a 24,9 Eutrofia 25 a 29,9 Pré-obeso 30 a 34,9 Obesidade grau I 35 a 39,9 Obesidade grau II ≥40 Obesidade grau III Fonte: adaptada de OMS (2000). Estudos epidemiológicos têm sido realizados para identificar fatores etiológicos que possam reduzir ou atenuar a carga produzida pelo envelhecimento da população, pelas alterações nutricionais e pela presença de DCNT (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 213). A imagem abaixo expõe a evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC > ou igual a 30 kg/m²) no nordeste e no sudeste do Brasil (em 1975, 1989 e 1996). 5858 Figura 2 – Evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC > ou igual a 30 kg/m²) no nordeste e no sudeste do Brasil (1975, 1989 e 1996) Fonte: Batista e Rissin (2003). Devemos refletir também sobre o fato de que a população urbana moderna teve ampla influência da indústria alimentar sobre o seu padrão de consumo de alimentos. Essa influência ocorreu devido ao desenvolvimento acelerado das redes de comercialização de alimentos, como, por exemplo, as redes fast-foods, além de que a globalização impõe a incorporação de hábitos e produtos de modo a substituir os alimentos que outrora eram presentes na alimentação habitual das populações. Esse fenômeno reflete intensamente sobre a dieta habitual dos indivíduos e, consequentemente, nos processos de alimentação e saúde (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 182). A transição epidemiológica, neste contexto, se configura como a diminuição de mortes por doenças infecciosas, como malária ou sarampo, entre outras, em detrimento do aumento dos óbitos por DCNT, como as cardiovasculares, neoplasias, diabetes mellitus e doenças respiratórias crônicas. Frente a essa realidade, deve-se minimizar as consequências negativas da transição epidemiológica, transição demográfica e nutricional. A intervenção das ações de saúde deve se basear nos fatores que podem ser modificáveis. No conjunto de fatores que podem ser modificáveis, cita-se o perfil alimentar adotado. 5959 59 Devemos considerar que o padrão alimentar é caracterizado como “o conjunto ou grupos de alimentos consumidos por uma dada população” (GARCIA, 1999). Para o melhor conhecimento desses grupos alimentares, poderemos utilizar os inquéritos de investigação do consumo alimentar, sendo destes o mais utilizado o questionário de frequência de consumo alimentar (QFA), por permitir agrupamento de grupos alimentares e o conhecimento de sua frequência de consumo. O questionário de frequência alimentar (QFA) é amplamente utilizado em estudos prospectivos internacionais e nacionais. É considerado o mais prático e informativo método de avaliação dietética e de fundamental importância em estudos epidemiológicos que relacionam a dieta com a presença de doenças crônicas não transmissíveis(FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005). No Quadro 1, podemos ver o modelo de questionário qualitativo de frequência de consumo alimentar para alimentos ricos em ferro que poderia, por exemplo, ser utilizado no atendimento a gestantes, considerando a importância desse micronutriente na gestação. Quadro 1 – Modelo de questionário qualitativo de frequência de consumo alimentar para alimentos ricos em ferro, que poderá ser utilizado para avaliar populações Frequência de consumo Alimento 1 x/dia 2 a 4x/sem 1x/sem 1 a 3x/mês < 1x/mês Nunca Carne de aves Carne suína Carne Bovina Brócolis Rúcula Feijão Fígado bovino Coração bovino Fonte: elaborado pela autora. 6060 ASSIMILE O QFA é o modelo mais utilizado nas pesquisas epidemiológicas, pois pode ser elaborado conforme o objetivo específico, por exemplo, se o objetivo for perceber a carência da ingestão de algum nutriente, o QFA pode ser elaborado com alimentos fontes daquele nutriente. O QFA poderá ser elaborado com alimentos comumente consumidos pela população estudada (FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005). No Quadro 2, há o modelo de questionário semiquantitativo, em que se expõem também as quantidades consumidas além da frequência. Quadro 2 – Modelo de questionário semiquantitativo de frequência de consumo alimentar Frequência de consumo Alimento 1 x/dia 2 a 4x/sem 1x/sem 1 a 3x/mês < 1x/mês Nunca Maçã (1 unidade) Bolo (1 fatia) Biscoito (6 unidades) Café (1 xícara de café) Fonte: elaborado pela autora. Avaliar a qualidade refere-se à avaliação da composição da alimentação do indivíduo, ou seja, sua composição nutricional, enquanto que a avaliação quantitativa se refere a quantidade de porções, volume, tamanho, unidades dos alimentos ingeridos. O período referente às informações que o pesquisador deseja coletar pode variar conforme o profissional julgar necessário, podendo ser dos três últimos meses ou até mesmo do último ano. 6161 61 No entanto, é preciso considerar que nesse tipo de inquérito, quando aplicado por um período retrospectivo muito distante, há uma inclinação para erros devido às falhas de memória que o paciente possa apresentar, ou cansaço do paciente no ato de responder. Além de que, em casos de patologias recentes, há uma possibilidade de que o hábito alimentar do paciente esteja alterado devido às mudanças que já tenham sido aplicadas para melhorar o padrão alimentar, o que resultará em um questionário não fidedigno. Posteriormente, os dados são agrupados para que sejam analisados estatisticamente para a geração dos dados que serão utilizados. Os avanços tecnológicos trouxeram consigo muitas mudanças no padrão alimentar do brasileiro, que, na realidade, é um reflexo das mudanças ocorridas nos hábitos de vida. A epidemiologia nutricional compreende os fatores nutricionais que se relacionam a alimentação e doenças ocorridas relacionadas a ela, como, por exemplo, no século XX, havia a predominância da desnutrição, como resultado, obtinham-se crianças com déficits de crescimento, aprendizagem e as demais consequências da desnutrição. Enquanto, atualmente, há maior inclinação da predominância de estado nutricional de sobrepeso entre as crianças, o que traz consigo as implicações como diabetes melittus e hipertensão arterial (FERREIRA; AYDOS, 2010). PARA SABER MAIS O Estudo Nacional de Despesas Familiares (Endef), realizado nos anos de 1974 e 1975, juntamente com a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em 1989, e a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada entre 1995 e 1996, permitiram o conhecimento da diminuição na prevalência de desnutrição em crianças com idade inferior a 5 anos (BATISTA; RISSIN, 2003). 6262 É necessário compreendermos que o estado de desnutrição infantil ou obesidade eram reflexos, dentre outros fatores, do estado econômico que havia no Brasil, com má distribuição de renda e dificuldades de acesso aos alimentos. Frente à epidemiologia anteriormente expressa, o governo do Brasil adotou políticas públicas de melhor acesso aos alimentos, fornecimento de alimentos aos escolares e trabalhadores, distribuição de renda, entre outras, solucionando, assim, o grande problema outrora nominado desnutrição infantil, que além de presente no Brasil, apresentava-se como prevalente em países subdesenvolvidos, contribuindo, assim, para essa característica no país. Juntamente com a diminuição da desnutrição, iniciou-se um novo padrão alimentar que, influenciado pela sociedade, contribuiu para um consumo inadequado de quantidades e tipos de alimentos e, desse modo, o perfil antropométrico do brasileiro se inclinou para a obesidade. Para a obtenção dos dados que permitiram conhecer o perfil antropométrico prevalente no Brasil, foram usadas técnicas de avaliação nutricional. Para avaliar nutricionalmente a população, devem-se utilizar métodos padronizados que permitem replicação e, caso necessário, a comparação entre diferentes estudos e localidades em nível regional, nacional ou até mesmo internacional. Dentre os indicadores que poderão expor a realidade epidemiológica nutricional populacional, podemos incluir: • Aferição do consumo alimentar. • Avaliação nutricional. • Antropometria. • Exames bioquímicos. • Variáveis relacionadas ao estilo de vida que exercem influência sobre as condições de saúde e nutrição. 6363 63 • Prática de atividade física. • Avaliação nutricional de gestantes. • Avaliação nutricional de crianças menores de 5 anos. • Utilização dos indicadores de peso para idade, altura para idade e IMC para idade, de indivíduos de 0 a 19 anos. • Taxa de aleitamento materno. Temos também os indicadores demográficos, entre os quais podemos citar a taxa de mortalidade infantil, esperança de vida ao nascer e principais causas de morbidade e mortalidade de um país. Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, a amamentação se configura como fator protetor para as doenças infecciosas do trato gastrointestinal e respiratório, porém, também é eficaz contra doenças crônicas, como obesidade (BALABAN; SILVA, 2004). Desse modo, a prevalência do aleitamento materno é um indicador importante para avaliar os níveis de saúde de uma população, pois as baixas taxas de aleitamento materno exclusivo poderão se relacionar a carências nutricionais na primeira infância. É interessante citar, inclusive, que os valores de vitamina A presentes no leite humano podem ser classificados como indicador fiel do estado nutricional de vitamina A de uma população (WHO, 1996). É necessário lembrar que as carências nutricionais ainda estão presentes no Brasil, dentre as mais comuns, cita-se a carência por ferro e a carência de vitamina A, o que levou o governo a adotar políticas para conter a expansão dessas carências. A anemia por deficiência de ferro é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil. No mundo, é considerada a carência nutricional de maior magnitude, acometendo principalmente crianças e gestantes (WHO, 2008). Frente a esse agravante, o Ministério da Saúde do Brasil criou o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (BRASIL, 2005), 6464 que preconizava a administração profilática de sulfato ferroso após a 20ª semana de gestação. Em 2013, esse manual foi atualizado (BRASIL, 2013b) e, a partir de então, preconizou-se que a suplementação deveria ocorrer para todas as gestantes em acompanhamento pré-natal, independentemente da idade gestacional, e devendo permanecer até o terceiro mês pós-parto. O uso da suplementação preconizada pelo Ministério da Saúde inclui 40 mg de ferro elementar e 400 µg de ácido fólico diariamente até o final da gestação, devendo ser estendido até o terceiro mês pós-parto e até o terceiro mês pós-aborto (BRASIL, 2013b). Essas condutas estão conforme as recomendações oficiais da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2012), da Sociedade Brasileira de Pediatria (2013) para prevenção e controle da deficiência de ferro,e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (2012), para prevenção da ocorrência de defeitos do tubo neural. A recomendação (WHO, 2001) de suplementação de ferro para o tratamento da anemia ferropriva é de 120 mg de ferro elementar/ dia por três meses para adultos, e para crianças menores de 2 anos, a dosagem deverá ser de 3 mg de ferro/kg/dia, não devendo ultrapassar 60 mg/dia. Dentre os indicadores séricos de anemia, podemos citar os que abrangem a dosagem sérica de hemoglobina e ferritina. Alguns indicadores irão caracterizar situações de insegurança alimentar e nutricional e condicionam risco de doenças carenciais, como, por exemplo, a anemia ferropriva, dentre esses indicadores, citam-se (OLIVEIRA, 2010): • Baixa renda familiar per capita. • Baixa escolaridade (principalmente materna). • Maior número de filhos. • Elevada densidade de morador por cômodo. 6565 65 • Precárias condições de acesso a serviços públicos. • Consumo alimentar inadequado (quantitativamente e qualitativamente). A imagem abaixo expõe o trânsito nutricional de alguns problemas nutricionais no Brasil, entre as décadas de 1970 a 2000, em que se percebe a queda do número de bócio e do déficit estatural (BATISTA; RISSIN, 2003). Em um panorama histórico entre 1970 a 2000, podemos compreender que a desnutrição infantil, verificada pela relação altura/idade, declinou em 72%; em adultos, reduziu 49% na população rural e 52,7% no meio urbano (MONTEIRO; BENÍCIO; FREITAS, 1997). No entanto, a obesidade em adultos triplicou no Nordeste e duplicou no Sudeste, com indícios de início de redução entre os indivíduos de maior renda (BATISTA; RISSIN, 2003). As carências nutricionais apresentaram redução, no entanto, a anemia apresentou aumento (SANTOS, 2002). Figura 3 – Trânsito nutricional de alguns problemas nutricionais no Brasil, entre as décadas de 1970 a 2000 Fonte: Batista e Rissin (2003). Em 2005, o Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A, que visava o desenvolvimento de ações de prevenção da deficiência de vitamina A (DVA) em áreas consideradas 6666 de risco. Posteriormente, o programa foi estendido para todo o país. No Brasil, a DVA era considerada um problema de saúde pública, sobretudo na Região Nordeste, porém, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-2006) verificou que as crianças menores de 5 anos e as mulheres em idade fértil de todas as regiões brasileiras são também acometidas por essa deficiência (BRASIL, 2013a). O Manual de condutas gerais do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A (BRASIL, 2013a) preconiza a suplementação de vitamina A em crianças e puérperas baseado nas orientações da OMS, que recomenda a administração de suplementos de vitamina A para prevenir a carência, a xeroftalmia e a cegueira de origem nutricional em crianças de 6 a 59 meses (BRASIL, 2013a, p. 8). Essas orientações consideram as evidências de que a suplementação com vitamina A em crianças de 6 a 59 meses de idade reduz em 24% o risco global de morte, em 28% o risco de morte por diarreia, e reduz em 45% o risco de morte por todas as causas em crianças HIV positivo (BRASIL, 2013a, p. 8). Inicialmente, devem-se considerar os sintomas clínico-oculares da deficiência de vitamina A como indicadores fiéis no diagnóstico da hipovitaminose A. (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 334). A avaliação epidemiológica nutricional que envolve a saúde das gestantes também apresenta-se como indicadora do acesso aos serviços de saúde de uma população. Abaixo estão listados alguns dos indicadores antropométricos para avaliação do estado nutricional de gestantes (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007, p. 31): • Peso pré-gestacional. • Estatura. • Perímetro do braço. • IMC pré-gestacional. • Adequação peso/estatura. • Ganho ponderal. 6767 67 TEORIA EM PRÁTICA Você é nutricionista clínico no ambulatório de sua cidade, no interior no estado do Ceará, e no atendimento do primeiro dia da semana você recebe a paciente, J. M. L., sexo feminino, 21 anos, gestante, idade gestacional de 12 semanas, com índice de massa corporal pré-gestacional de obesidade. Ao realizar avaliação nutricional, percebe-se o ganho ponderal gestacional exagerado. Ao verificar no sistema de diagnóstico laboratorial, ao qual você tem acesso, você visualiza que a paciente apresenta hemoglobina em valores inferiores ao esperado. No ato da consulta, a paciente apresenta o encaminhamento médico com os seguintes dizeres: “Encaminho para o acompanhamento nutricional, J. M. L., sexo feminino, 21 anos, gestante, idade gestacional de 12 semanas, anêmica”. Como você associaria a epidemiologia nutricional atual do Brasil com o perfil dessa paciente? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A transição nutricional pode ser caracterizada por: a. Aumento do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura, desse modo, não são classificadas em obesidade ou sobrepeso, sendo que esse estado nutricional se relaciona a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). 6868 b. Aumento do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura, desse modo, são classificadas em obesidade ou sobrepeso, sendo que esse estado nutricional traz consigo doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem nos padrões de morbimortalidade atuais e no coeficiente de mortalidade geral. c. Diminuição do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura, desse modo, são classificadas em obesidade ou sobrepeso, sendo que esse estado nutricional traz consigo doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem nos padrões de morbimortalidade atuais. d. Diminuição do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura, desse modo, são classificadas em baixo peso, sendo que esse estado nutricional traz consigo doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem nos padrões de morbimortalidade atuais. e. Aumento do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura, desse modo, são classificadas em sobrepeso ou eutrofia, e este estado nutricional traz consigo doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem nos padrões de morbimortalidade atuais. 2. Programa Nacional de Suplementação de ________, do Ministério da Saúde, __________ que gestantes estejam suplementadas, independentemente da idade gestacional e devendo permanecer até_________________. 6969 69 Qual a sequência que melhor preenche as lacunas? a. Ferro; preconiza; o terceiro mês pós-parto ou pós aborto. b. Ferro; não preconiza; o terceiro mês pós-parto ou pós aborto. c. Ferro; preconiza; o segundo mês pós-parto. d. Vitamina A; preconiza; o terceiro mês pós-parto. e. Vitamina A; preconiza; o terceiro mês pós-parto ou pós aborto. 3. Devemos considerar que a população urbana moderna teve ampla influência da indústria alimentar sobre o seu padrão de consumo de alimentos. Essa influência ocorreu devido a alguns fatores, exceto: a. Ao desenvolvimento acelerado das redes de comercialização de alimentos. b. Ao desenvolvimento acelerado das redes de fast-foods. c. À imposição de hábitos e produtos pela mídia que visa lucros financeiros. d. À substituição dos alimentos saudáveis. e. À estagnação das indústrias alimentares e da tecnologia de alimentos. 7070 Referências bibliográficas BALABAN, G.; SILVA, G. A. P. Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 80, n. 1, p. 7-16, fev. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021- 75572004000100004&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 14 ago. 2019. BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, supl.1, p. S181-S191, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2 003000700019&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 14 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de condutas gerais do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 34 p. il. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual operacional do Programa Nacional de Suplementação de Ferro. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 28 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Suplementação de Ferro: manual de condutas gerais. Brasília: Ministério da Saúde, 2013b. 24 p. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). Recomendação sobre a suplementação periconcepcional de ácido fólico na prevenção de defeitos de fechamento do tubo neural. Rio de Janeiro, 2012. FERREIRA, J. S.; AYDOS, R. D. Prevalência de hipertensão arterial em crianças e adolescentes obesos. 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New York: Oxford University Press, 1988. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572004000100004&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572004000100004&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000700019&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000700019&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000100015&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000100015&lng=en&nrm=iso http://www.santoandre.sp.gov.br/biblioteca/pesquisa/ebooks/379689.PDF http://www.santoandre.sp.gov.br/biblioteca/pesquisa/ebooks/379689.PDF 7171 71 MONTEIRO, C. A.; BENÍCIO, M. H. A.; FREITAS, I. C. M. Melhoria e indicadores de saúde associados à pobreza no brasil. São Paulo: Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, Universidade de São Paulo, 1997. MORAES, R. A análise de conteúdo: possibilidades e limites. In: ENGERS, M. E. A. (Org.) Paradigmas e metodologias de pesquisa em ação: notas para reflexão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994. p. 103-111. OLIVEIRA, J. S.; LIRA, P. I. C. de; MAIA, S. R.; SEQUEIRA, L. A. S.; AMORIM, R. C. A. de; BATISTA FILHO, M. Insegurança alimentar e estado nutricional de crianças de Gameleira, zona da mata do Nordeste brasileiro. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v. 10, n. 2, p. 237-245, jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292010000200011&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 14 ago. 2019. SANTOS, L. Bibliografia sobre deficiência de micronutrientes no Brasil, 1990- 2000: Anemia. v. 2(a). Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde, 2002. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Anemia ferropriva em lactentes: revisão com foco na prevenção. São Paulo: Departamento Científico de Nutrologia, 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Guideline: daily iron and folic acid supplementation in pregnant women. Genebra: WHO, 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Indicators for assessing vitamin a deficiency and their application for monitoring and evaluating interventions programmes: micronutrient series. Genebra: WHO, Unicef, 1996. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). World wide prevalence of anemia 1993- 2005: WHO global database on anaemia. Genebra: WHO, 2008. WORLD HEALTH ORGANIZATION. The World Health Report 2000. Obesity – preventing and managing the Global Epidemic II Series. Genebra: WHO, 2000. Gabarito Questão 1 – Resposta B Resolução: Amento do número de indivíduos com índice de massa corporal acima do máximo adequado para sua altura. Desse modo, são classificadas em obesidade ou sobrepeso, sendo que esse estado nutricional traz consigo doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que refletem nos padrões de morbimortalidade atuais e no ceficiente de mortalidade geral. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292010000200011&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292010000200011&lng=en&nrm=iso 7272 Questão 2 – Resposta A Resolução: lembre-se de que o Manual de suplementação de ferro orienta suplementação para gestantes e mulheres que sofreram perda fetal. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 3 – Resolução E Resposta: lembre-se de que a tecnologia de alimentos permite o conhecimento de técnicas de armazenamento prolongado, o que contribui para o consumo de alimentos em conserva. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 7373 73 Gestão de cuidados nutricionais Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer os principais desafios do nutricionista gestor de cuidados nutricionais. • Conhecer os indicadores de qualidade em assistência de nutrição. • Conhecer a função do gestor de cuidados nutricionais. 7474 1. O nutricionista como gestor de cuidados nutricionais Para que seja oferecido um atendimento resolutivo e efetivo ao paciente, é necessário um atendimento integral. Desse modo, a assistência integral deverá ser composta por vários profissionais, dentre os quais cita-se o nutricionista. O envolvimento de vários profissionais no cuidado do paciente permite troca de conhecimento e o envolvimento entre profissionais que se comunicam entre si estabelece um relacionamento colaborativo e articulado, no qual se verifica que vários profissionais de saúde são necessários para as resoluções do estado de saúde do paciente, tanto em nível ambulatorial quanto hospitalar. Nas equipes multiprofissionais, o nutricionista é fundamental e enfrenta, diariamente, as limitações referentes ao número de pacientes sob os seus cuidados e o tempo disponível para atendê-los integralmente. Uma complexa organização da atuação desse profissional é prevista e pode ser organizada por meio de sistematizações do cuidado de nutrição (ASBRAN, 2014). Dentre os profissionais que prestam assistência em saúde, está o nutricionista, e também é responsabilidade dele atuar tanto em âmbito hospitalar quanto ambulatorial, prezando pela qualidade do atendimento oferecido. Atualmente, os serviços oferecidos pela saúde no Brasil têm passado por transformações e avanços tecnológicos que exigem do gestor constante atualização e dinamismo. A gestão realizada pelo nutricionista deverá englobar atividades como coordenação da equipe sob o seu comando, assistência nutricional aos pacientes em leito ou em atendimento em ambulatório e clínica, levantamento de informações e dados para o estabelecimento dos 7575 75 indicadores dos serviços oferecidos,geração de balanços e controle financeiro. Atividades que envolvem o aumento da produtividade também poderão estar sob o comando do gestor da assistência nutricional. A atuação do gestor irá promover impactos sobre os custos e a qualidade do serviço prestado e refletirá na satisfação do paciente atendido. Para efetividade do cuidado de nutrição, é preciso que haja articulação entre a gestão do serviço de nutrição, nutrição clínica, e a produção e a distribuição da alimentação da unidade de alimentação e nutrição (UAN) (ASBRAN, 2014). PARA SABER MAIS Para uma melhor estruturação do atendimento nutricional, é imprescindível que o gestor em nutrição conheça a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), estabelecida pela Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017, que preconiza em suas diretrizes, no capítulo II, artigo 6º (BRASIL, 2017): 1. Garantia de universalidade de acesso, equidade e integralidade na atenção hospitalar. 2. Regionalização da atenção hospitalar com abrangência territorial e populacional em consonância com as pactuações regionais. 3. Continuidade do cuidado por meio da articulação do hospital com os demais pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde. 4. Modelo de atenção centrado no cuidado ao usuário de forma multiprofissional e interdisciplinar. 5. Acesso regulado de acordo com o estabelecido na Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS). 6. Atenção humanizada em consonância com a Política Nacional de Humanização. 7676 7. Gestão de tecnologia em saúde de acordo com a Política Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS. 8. Garantia da qualidade da atenção hospitalar e segurança do paciente. 9. Garantia da efetividade dos serviços com racionalização da utilização dos recursos, respeitando as especificidades regionais. 10. Financiamento tripartite pactuado entre as três esferas de gestão. 11. Garantia da atenção à saúde indígena organizada de acordo com as necessidades regionais, respeitando-se as especificidades socioculturais e direitos estabelecidos na legislação com correspondentes alternativas de financiamento específico de acordo com pactuação com subsistema de saúde indígena. 12. Transparência e eficiência na aplicação de recursos. 13. Participação e controle social no processo de planejamento e avaliação. 14. Monitoramento e avaliação. Com base nessas diretrizes, o gestor entenderá que sua gestão deverá focar no atendimento resolutivo e de qualidade, oferecendo sempre ao paciente segurança e boas práticas em saúde. A triagem de risco nutricional deverá ser realizada a fim de captar precocemente os pacientes que necessitem de intervenção urgente. Dentre os instrumentos utilizados, pode-se citar a miniavaliação nutricional (GUIGOZ; LAUQUE; VELLAS, 2002) e a avaliação subjetiva global (DETSKY,1987), sendo que a população atendida poderá ser avaliada por instrumentos específicos, como no caso de crianças ou idosos, em que poderão ser utilizados instrumentos diferenciados. É fundamental que a equipe seja treinada para o conhecimento da 7777 77 importância da triagem nutricional e sua aplicação, para assim conseguir identificar a relação da doença apresentada pelo paciente e sua relação como impacto nutricional. A história nutricional global poderá ser abordada pelos inquéritos alimentares, como recordatório alimentar de 24h e questionário de frequência de consumo alimentar, sendo que nestes deverá haver espaço para o preenchimento de informações que fornecerão dados para serem avaliados pelos indicadores do método dietético. Entre eles, cita-se o local de compra de alimentos, frequência da realização das refeições, local onde são realizadas as refeições e/ou comprados os produtos alimentares, hábitos alimentares atuais e histórico, forma de preparo dos alimentos, entre outros (ASBRAN, 2014). Os dados referentes a triagem nutricional, avaliação antropométrica, avaliação da composição corporal, avaliação bioquímica, sinais físicos, avaliação imunológica, avaliação do consumo alimentar do paciente e os cálculos da ingestão alimentar do paciente deverão ser lançados e avaliados a partir do banco de dados a ser utilizado pela gerência dos serviços de nutrição. O armazenamento das informações em meio digital é fundamental, pois os avanços tecnológicos disponíveis proporcionam mais agilidade na interpretação das informações. Tabela 1 – Atividades a serem desenvolvidas pelos nutricionistas em nível ambulatorial e hospitalar, que devem ser incentivadas, monitoradas e avaliadas pelo gestor de nutrição Atividade a ser realizada pelo nutricionista e monitorada pelo gestor de nutrição Objetivo pretendido Triagem nutricional Permite a classificação da urgência de atendimento do paciente frente à relação da patologia com o estado nutricional. Avaliação antropométrica Permite o conhecimento das informações como peso, altura e índice de massa corporal, poderá ser realizada com balança, estadiômetro (SISVAN, 2011). 7878 Composição corporal Permite conhecer a massa gorda e magra do paciente e poderá ser realizado por bioimpedância, tomografia computadorizada e ultrassonografia, entre outros (KAMIMURA, 2014). Avaliação bioquímica Permite a avaliação nutricional a partir da verificação dos exames bioquímicos apresentados pelo paciente, como, por exemplo, hemograma, albumina, pré- albumina, transferrina, proteína transportadora de retinol, glicose plasmática entre outros (COSTA, 2015). Avaliação imunológica relacionada a aspectos nutricionais É realizada a partir da avaliação da resposta imunológica do indivíduo. Dentre os testes mais comuns estão a contagem dos linfócitos totais e os testes de hipersensibilidade cutânea retardada em resposta a vários antígenos (CUPPARI, 2005). Avaliação de sinais físicos Os sinais físicos deverão ser avaliados, pois permitem a investigação de desnutrição energético-proteica e carências específicas de nutrientes, sendo que todo o corpo do indivíduo deverá ser avaliado, como unhas, pele, glândulas, boca, entre outros (CUPPARI, 2005). Avaliação do consumo alimentar Permite conhecer o histórico alimentar do paciente e a sua alimentação atual, por meio de inquéritos alimentares, como recordatório alimentar de 24h e inquérito de consumo alimentar. Essa investigação permite conhecer o tipo e a quantidade de ingestão de micronutrientes pelo paciente (FISBERG, 2005). Fonte: elaborada pela autora. Essas informações deverão ser realizadas pela equipe de nutricionistas e incentivadas, acompanhadas, monitoradas e avaliadas pelo gestor da assistência nutricional. ASSIMILE É responsabilidade do nutricionista realizar a avaliação nutricional, e esta permitirá o diagnóstico nutricional. Também é responsabilidade do nutricionista a conduta profissional adequada para contribuir com a resolução clínica do problema nutricional identificado. 7979 79 O gestor de cuidados nutricionais deverá identificar o diagnóstico nutricional e acompanhar sua evolução, seja diariamente ou por dados posteriormente gerados. Pois assim também será possível saber se o atendimento nutricional foi de qualidade suficiente para participar da solução dos problemas de saúde do indivíduo. São exemplos de diagnóstico de nutrição: • Sobrepeso/desnutrição/obesidade/baixo peso, etc. • Ingestão insuficiente de fibras. • Ingestão excessiva de carboidratos. • Peso excessivo para idade. • Ingestão calórica inadequada. Além dos diagnósticos de sobrepeso ou desnutrição, os diagnósticos de nutrição devem incluir características anormais da ingestão de nutrientes específicos, da condição clínica/bioquímica e dos comportamentos alimentares (ASBRAN, 2014). Para classificar quais os pacientes que precisam de cuidado nutricional complexo ou mais simples, poderemos utilizar os níveis de assistência em nutrição. Trata-se de um instrumento de trabalho sistematizado e de fácil compreensão que permite à equipe multiprofissionalo conhecimento de dados nutricionais do paciente, compreensão da atuação do nutricionista e a importância das condutas dietoterápicas (ASBRAN, 2014). Em 1994, Maculevicius, Fornasari e Baxter propuseram a organização em grupos das ações desejáveis para o atendimento nutricional conforme os critérios para a classificação dos níveis definidos como primário, secundário e terciário. 8080 Tabela 2 – Critérios para classificação dos níveis de assistência de nutrição CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE ASSISTÊNCIA DE NUTRIÇÃO Nível Descrição Primário Pacientes cuja doença de base ou problema não exija cuidados dietoterápicos específicos (pneumonia, gripe, conjuntivite, varicela). Pacientes que não apresentam risco nutricional. Secundário Pacientes cuja doença de base ou problema não exija cuidados dietoterápicos específicos, porém apresentam riscos nutricionais (Por exemplo, idoso com pneumonia). Pacientes cuja doença de base exija cuidados dietoterápicos, mas não apresentam risco nutricional (disfagia, diabetes, alergia à proteína do leite de vaca, hipertensão). Terciário Pacientes cuja doença de base exija cuidados dietoterápicos especializados (prematuridade, baixo peso ao nascer, erros inatos do metabolismo). Pacientes que apresentam risco nutricional. Fonte: Maculevicius, Fornasari e Baxter (1994). Os níveis de assistência em nutrição poderão ser utilizados para definir a frequência da visita do nutricionista ao paciente, bem como o tipo de atendimento e, por isso, o conhecimento dos níveis de assistência em nutrição poderá ser uma ferramenta de auxílio ao profissional na gestão dos cuidados nutricionais, tanto em nível ambulatorial quanto hospitalar. É importante referir que o cálculo do número de nutricionistas necessários para atender a um hospital considera o número de pacientes por nível de assistência de nutrição, devendo essa assistência ser de 12h diárias contínuas, conforme a Resolução nº 380/2005 do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). A tabela abaixo mostra o plano de atendimento de nutrição a pacientes internados e ambulatoriais segundo o nível de assistência de nutrição. 8181 81 Tabela 3 – Plano de atendimento de nutrição a pacientes internados e ambulatoriais segundo o nível de assistência de nutrição Nível primário de assistência em nutrição Ações propostas em nível hospitalar/ internação Visita admissional em 24 horas Avaliação do estado nutricional e diagnóstico de nutrição Verificação da prescrição médica Planejamento dietético após análise da prescrição médica Registro do atendimento em prontuário Retorno em até 1 semana (7 dias) Aferição de peso a cada 15 dias Ações propostas em nível ambulatorial Orientação nutricional sobre alimentação saudável Registro do atendimento em prontuário Alta da nutrição Nível secundário de assistência em nutrição Ações propostas em nível hospitalar/ internação Visita admissional em 24 horas Avaliação do estado nutricional e diagnóstico de nutrição a cada 10 dias Verificação da prescrição médica Planejamento dietético após análise da prescrição médica Evolução clínica e nutricional Orientação nutricional durante a internação Orientação nutricional na alta hospitalar Registro do atendimento em prontuário Retorno em até 96 horas (4 dias) Ações propostas em nível ambulatorial Anamnese e elaboração do diagnóstico de nutrição Orientação nutricional com base no diagnóstico de nutrição Registro do atendimento em prontuário Programação do retorno ou alta da nutrição Nível terciário de assistência em nutrição Ações propostas em nível hospitalar/ internação Visita admissional em 24 horas Visita diária Avaliação do estado nutricional e diagnóstico de nutrição a cada 7 dias Verificação da prescrição médica Planejamento dietético após análise da prescrição médica Evolução clínica e nutricional Orientação nutricional durante a internação Orientação nutricional na alta hospitalar Registro do atendimento em prontuário Retorno em até 72 horas (3 dias) 8282 Ações propostas em nível ambulatorial Anamnese e elaboração do(s) diagnóstico(s) de nutrição Orientação com base no(s) diagnóstico(s) de nutrição Encaminhamento para atendimento em grupo (de nutrição e/ou multiprofissional) ou individual de acordo com os critérios estabelecidos Acompanhamento de acordo com a evolução, verificação das dúvidas junto ao paciente e reforço das orientações Registro do atendimento em prontuário Programação do retorno ou alta da nutrição Fonte: Maculevicius, Fornasari e Baxter (1994). A classificação em níveis permite uma melhor percepção da complexidade de cada paciente e também resulta em priorizar os pacientes mais graves. Dentre as limitações da aplicabilidade dos níveis de assistência em nutrição, podemos citar o fato de que, se aplicados incorretamente, poderá haver uma classificação errônea do estado clínico do paciente frente à sua necessidade nutricional com consequente piora do quadro clínico ou má assistência. A classificação dos níveis de assistência em nutrição deverá estar disponível nos protocolos de atendimento do nutricionista e de outros profissionais para que seja percebida a complexidade dos atendimentos do nutricionista frente à equipe multiprofissional, bem como as atividades que deverão ser realizadas (ASBRAN, 2014). A classificação em níveis de assistência em nutrição contribui para um melhor gerenciamento do serviço oferecido pela equipe de nutricionistas dos hospitais e ambulatórios. Dentre os seus objetivos, citam-se a padronização dos procedimentos, otimização de tempo e melhor qualidade da assistência nutricional (ASBRAN, 2014). Para o acompanhamento do gerenciamento do gestor de nutrição, é necessária a avaliação dos indicadores. Os indicadores de qualidade deverão ser implementados para auxiliar na avaliação da assistência nutricional prestada; os indicadores exigem que sejam realizadas a coleta dos dados e sua análise, de modo a obter a realidade situacional da assistência nutricional prestada. 8383 83 As ações de saúde deverão ser voltadas para prevenção e enfrentamento das dificuldades encontradas frente à assistência nutricional que está sendo prestada. Tabela 4 – Indicadores de qualidade em assistência de nutrição Âmbito hospitalar Geral Porcentagem de triagem de risco nutricional nas primeiras 24 horas de internação. Porcentagem de avaliação do estado nutricional nas primeiras 48 horas nos pacientes com nível de assistência secundário e terciário. Porcentagem de pacientes (terciários) com registro de acompanhamento nutricional diário. Porcentagem de pacientes com tempo de jejum antes do início do procedimento cirúrgico maior do que 4 horas. Porcentagem de pacientes hemodinamicamente estáveis com tempo de jejum maior do que 72 horas antes do início da terapia nutricional. Efetividade Porcentagem média de adequação da ingestão energética maior do que 80% do prescrito. Porcentagem média de adequação da ingestão proteica maior do que 80% do prescrito. Porcentagem de pacientes com estimativa de gasto energético e necessidade proteica. Porcentagem de pacientes com perda de peso maior do que 10% durante a internação. Resultado Porcentagem de eventos adversos na distribuição das refeições (temperatura inadequada dos alimentos, presença de vetores, resto e ingestão inadequados, falha na distribuição das refeições, insatisfação do cliente). Porcentagem de pacientes com plano de cuidado de nutrição. Âmbito ambulatorial com registro em prontuário Geral Porcentagem de triagem de risco nutricional na primeira consulta ambulatorial. Porcentagem de avaliação do estado nutricional seriada nas reavaliações ambulatoriais. Porcentagem de pacientes com risco nutricional ou desnutrição em terapia nutricional enteral ou oral. 8484 Efetividade Porcentagem média de adequação da ingestão energética maior do que 80% do prescrito. Porcentagem média de adequação da ingestão proteicamaior do que 80% do prescrito. Porcentagem de pacientes com estimativa de gasto energético e necessidade proteica registrada em prontuário. Porcentagem de pacientes com perda de peso maior do que 10% durante o seguimento ambulatorial. Resultado Relação agendados/atendidos. Percentual de pacientes com encaminhamento para a rede básica após alta do seguimento ambulatorial. Fonte: Associação Brasileira de Nutrição (2014, p. 52). Portanto, frente aos conhecimentos adquiridos, nós compreendemos que o nutricionista que gerencia os serviços nutricionais no ambulatório ou hospital deverá se atentar para quais atividades a serem desenvolvidas por sua equipe, bem como acompanhá-las, monitorá- las e avaliá-las, lembrando-se de utilizar os indicadores de qualidade nesse processo. TEORIA EM PRÁTICA Você é nutricionista em sua cidade natal e após um longo processo seletivo, você foi selecionado para ser o gestor dos cuidados nutricionais desse hospital. Na primeira semana em seu novo cargo, o diretor clínico do hospital lhe informa que irá selecionar alguns prontuários para conhecer as atividades realizadas pelos nutricionistas sob sua gestão. Mas, antes disso, ele realiza uma reunião com o corpo clínico do hospital e, nela, ele o questiona sobre quais são as atividades realizadas por sua equipe. O que você responderia? 8585 85 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. O plano de atendimento de nutrição a pacientes internados e ambulatoriais, segundo o nível de assistência de nutrição, propõe algumas ações em nível hospitalar. Exceto: a. Visita admissional em 24 horas. b. Avaliação do estado nutricional e diagnóstico de nutrição. c. Verificação da prescrição médica. d. Planejamento dietético após análise da prescrição médica. e. Aferição de peso a cada 7 dias. 2. A classificação em níveis de assistência em nutrição contribui para um melhor gerenciamento do serviço oferecido pela equipe de nutricionistas dos hospitais e ambulatórios. Os itens listados abaixo são objetivos da classificação em níveis de assistência em nutrição, exceto: a. Padronização dos procedimentos. b. Otimização de tempo. c. Melhor qualidade da assistência nutricional. d. Piora da qualidade do serviço oferecido. e. Melhor gerenciamento do serviço oferecido. 8686 3. O gestor de cuidados nutricionais deverá identificar ___________ e __________, seja diariamente ou por dados, posteriormente gerados, pois assim também _____________________ para participar da solução dos problemas de saúde do indivíduo. Assinale a alternativa que melhor complete as colunas: a. O diagnóstico nutricional; acompanhar sua evolução; poderá conhecer se o atendimento nutricional foi de qualidade suficiente. b. O diagnóstico médico; acompanhar sua evolução; poderá conhecer se o atendimento nutricional foi de qualidade suficiente. c. O diagnóstico nutricional; acompanhar sua evolução; não poderá conhecer se o atendimento nutricional foi de qualidade suficiente. d. O diagnóstico médico; acompanhar sua evolução; não poderá conhecer se o atendimento nutricional foi de qualidade suficiente. e. O diagnóstico nutricional; não deverá acompanhar sua evolução; poderá conhecer se o atendimento nutricional foi de qualidade suficiente. Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO (ASBRAN); FIDELIZ, M. S. P. (Org.). Manual orientativo: sistematização do cuidado de nutrição. São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição, 2014. 8787 87 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 76 p. BRASIL. Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Capitulo II. Artigo 6º. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2017/prc0002_03_10_2017.html. Acesso em: 21 ago. 2019. CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS (CFN). Resolução CFN nº 380/2005. Brasília: CFN, 2005. Disponível em: http://crn1.org.br/images/pdf/res380.pdf. Acesso em: 27 fev. 2020. COSTA, M. J. C. et al. Interpretação de importância em nutrição sobre hemograma. In: COSTA, M. J. C. et al. Interpretação de exame bioquímico para o nutricionista. 2. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2015. Cap.6. CUPPARI, L. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 2. ed. São Paulo: Manole, 2005. DETSKY, A. S; MCLAUGHLIN, J. R; BAKER, J. P; JOHNSTON, N; WHITTAKER, S; MENDELSON, R. A. et al. What is subjective global assessment of nutritional status? JPEN J Parenter Enteral Nutr., v. 11, n. 1, p. 8-13, 1987. FISBERG, R. M.; SLATER, B.; MARCHIONI, D. M. L.; MARTINI, L. A. Inquéritos alimentares: métodos e bases científicos. São Paulo: Manole, 2005. Cap. 1. p. 26. GUIGOZ, Y; LAUQUE, S; VELLAS, B. J. Identifying the elderly at risk for malnutrition. The Mini Nutritional Assessment. Clin Geriatr Med., v. 18, n. 4, p. 737-757, 2002. KAMIMURA, M. A.; BAXMANN, A.; SAMPAIO, L. R.; CUPPARI, L. Avaliação nutricional. In: CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. São Paulo: Manole, 2014. p.71. MACULEVICIUS, J.; FORNASARI, M. L. L.; BAXTER, Y. C. Níveis de assistência em nutrição. Rev Hosp Clin Fac Med Univ São Paulo., v. 2, n. 49, p. 79-81, mar./ abr. 1994. Gabarito Questão 1 – Resposta E Resolução: o plano de atendimento de nutrição a pacientes internados e ambulatoriais, segundo o nível de assistência de nutrição, propõe a aferição de peso a cada 15 dias. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_2017.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_2017.html http://crn1.org.br/images/pdf/res380.pdf 8888 Questão 2 – Resposta D Resolução: a classificação em níveis de assistência em nutrição contribui para um melhor gerenciamento do serviço oferecido pela equipe de nutricionistas dos hospitais e ambulatórios. Dentre os seus objetivos, citam-se a padronização dos procedimentos, otimização de tempo e melhor qualidade da assistência nutricional. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 3 – Resposta A Resolução: o gestor de cuidados nutricionais deverá identificar o diagnóstico nutricional e acompanhar sua evolução, seja diariamente ou por dados posteriormente gerados. Pois assim também será possível saber se o atendimento nutricional foi de qualidade suficiente para participar da solução dos problemas de saúde do indivíduo. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 8989 89 Organização de banco de dados em nutrição clínica e hospitalar Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Compreender a importância de organizar informações em banco de dados. • Compreender a importância do uso de banco de dados na prática ambulatorial, hospitalar e clínica. • Compreender a relevância do armazenamento de informações em banco de dados na avaliação de indicadores de qualidade. 9090 1. Informação em saúde Atualmente, existe uma necessidade urgente de informatização dos serviços de saúde e a gestão de dados e informações nos serviços de nutrição fazem parte disso. Desse modo, abordaremos como tornar mais dinâmica e possível a organização de banco de dados em nutrição clínica e hospitalar. Devido ao fato dos serviços de saúde em nutrição se encontrarem, em sua maioria, no serviço público de saúde, há uma limitação quanto ao uso da informatização na gestão da assistência nutricional. Isso se deve a fatores como a limitação de recursos disponibilizados aos hospitais e ambulatórios públicos de saúde, e à distribuição desses recursos, que, por vezes, priorizam fatores emergenciais. No entanto, é preciso considerarmos que o uso de dados e informações permitem o conhecimento dos serviços prestados, bem como da qualidade oferecida ao paciente. Dessemodo, existe a possibilidade de melhora dos indicadores encontrados, pois os benefícios proporcionados pela informatização possibilitam as instituições de saúde tomarem decisões fundamentadas e precisas no que se refere às estratégias de gestão da assistência ao paciente (HAYRINEN et al. apud SALIMON; EVADIA, 2011). A análise crítica dos indicadores gerados pelo sistema permitirá a elaboração de relatórios nos quais os dados deverão ser comparados às metas estabelecidas. No relato de experiência realizado por Salimon e Evazian (2012, p. 230), publicado no Journal of Health Informatics, percebeu-se que a informática na gestão de indicadores de assistência nutricional permitiu melhorias, como: • Banco de dados sem erros operacionais. • Própria autoria de dados. • Análises em diferentes períodos. 9191 91 • Análise por equipe multiprofissional e médicos. • Rapidez quando em auditoria. • Agilidade no manuseio de dados. • Otimização de armazenamento, pois não necessitará de armazenamento físico. A informação em saúde é um instrumento de apoio para a gestão e a avaliação da assistência ao paciente (SALIMON; EVAZIAN, 2012). Os profissionais que alimentarão o banco de dados devem ser treinados para que, ao manipular a plataforma, saibam utilizar de maneira completa seus recursos e, assim, evitar os erros de operacionalização, enquanto os nutricionistas atuantes deverão coletar os dados para serem colocados no banco de informações e deverão estar cientes da importância das informações coletadas. Nesse contexto, o uso de computadores visa diminuir a ocorrência de erros e manutenção do padrão da qualidade (SALIMON; EVAZIAN, 2012). A autoria dos dados é um fator muito interessante, pois permitirá que eles possam ser utilizados como bases para pesquisas científicas e consequente produções e publicações, trazendo maior visibilidade para a instituição na qual os dados foram coletados. Ter um banco de dados permitirá também que diferentes especialidades médicas possam visualizá-lo e auxiliar na sua interpretação. Isso poderá ocorrer em diferentes períodos, o que permitirá a associação de dados nutricionais com diferentes estados patológicos. A equipe multiprofissional poderá utilizar o banco de dados para realizar análises que lhe sejam pertinentes e fornecer ao banco de dados informações complementares, se o gestor julgar interessante, além de poder se utilizar dele para orientar suas ações. O time de auditoria poderá solicitar as informações dos bancos de dados para avaliar os processos realizados pela equipe e as informações 9292 digitais poderão facilitar esse processo. A informatização de dados permite maior facilidade, rapidez de acesso e manuseio de dados, além de proporcionar geração de espaço, pois as informações trarão economia de papel e também de espaço. As contribuições da informatização para a gestão de indicadores se relacionam a coleta, armazenamento, recuperação e análise crítica de dados (FERREIRA et al. apud SALIMON; EVADIA, 2011; LABBADIA et al. apud SALIMON; EVADIA, 2011). Outra vantagem dos bancos de dados é a melhor organização na rotina diária do profissional nutricionista. Para a coleta dos dados que alimentarão o banco a ser utilizado, deveremos orientar a equipe em relação aos cuidados, como a participação em treinamentos e a importância de um ambiente de privacidade e ausência de interrupções para execução adequada da coleta de dados. Além disso, a equipe também deverá preferir utilizar linguagem clara e objetiva, evitando o uso de terminologias técnicas e médicas complexas no momento da entrevista (ASBRAN, 2014). Lembrando que aqueles dados serão interpretados por um profissional e, portanto, a confiabilidade do método está fundamentada nas habilidades de comunicação e na relação interpessoal entre o entrevistado e o entrevistador (ASBRAN, 2014, p. 21). Um sistema informatizado em saúde também permite melhor utilização de dados e, consequentemente, possibilita a classificação do atendimento por níveis de assistência nutricional. ASSIMILE Dentre os dados que poderão ser avaliados e acompanhados pelo gestor de nutrição, poderemos citar: • Os dados referentes à triagem nutricional. • Avaliação antropométrica. 9393 93 • Avaliação da composição corporal. • Avaliação bioquímica, sinais físicos. • Avaliação imunológica. • Avaliação do consumo alimentar do paciente. • Cálculos da ingestão alimentar do paciente, entre outros. Os dados deverão ser lançados pela equipe de nutricionistas atuantes no ambulatório, hospital e clínica, e deverá ser avaliado pela gerência dos serviços de nutrição, lembrando que o armazenamento das informações em meio digital é essencial, pois os avanços tecnológicos disponíveis proporcionam mais agilidade na interpretação das informações. PARA SABER MAIS Maculevicius, Fornasari e Baxter (apud SALIMON; EVADIA, 2011), em 1994, propuseram a organização em grupos das ações desejáveis para o atendimento nutricional conforme os critérios para a classificação dos níveis definidos como primário, secundário e terciário. Os níveis de assistência em nutrição poderão ser utilizados para definir a frequência da visita do nutricionista ao paciente, permitindo a geração de datas das próximas avaliações nutricionais, bem como o tipo de atendimento conforme a classificação (primário, secundário e terciário). Por isso, o conhecimento dos níveis de assistência em nutrição poderá ser uma ferramenta de auxílio ao profissional na gestão dos cuidados nutricionais, tanto em nível ambulatorial quanto hospitalar. 9494 Os níveis de assistência em nutrição poderão ser utilizados no atendimento hospitalar, sendo a informatização um auxiliador na classificação de prioridades de atendimentos. Os dados dos pacientes poderão estar organizados por ordem de prioridade de atendimentos, porém também poderão ser disponibilizados por ordem alfabética ou etária. É importante lembrar que a informatização dos serviços de nutrição clínica, ambulatorial e hospitalar permite não somente a utilização de banco de dados, mas também a execução de atividades pelo nutricionista que outrora eram executadas manualmente o que poderia levar a ações incorretas e maior demanda de tempo, como, por exemplo, a assistência nutricional desde a admissão dos pacientes à alta hospitalar, além da prescrição dietética, entre outros (SALIMON; EVADIA, 2011, p. 231). A ingestão alimentar dos pacientes também poderá ser avaliada por meio das informações que ele fornece, para a coleta dessas informações, podemos utilizar o recordatório de 24h, registro alimentar de 72h e questionário de frequência alimentar. A ingestão alimentar dos pacientes, posteriormente, será calculada e se conhecerá o consumo real e consumo ideal, gerados por programas computacionais, que permitem (ASBRAN, 2014): • Agrupamento de alimentos. • Sistema de equivalência. • Banco de dados da composição nutricional dos alimentos. Um exemplo de banco de dados com a composição nutricional de alimentos é a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (UNICAMP, 2011). Anteriormente, realizava-se a análise manual desse material por meio de tabelas impressas. No entanto, atualmente, é possível ter essa tabela em programas e softwares, o que permite economia de tempo, maior agilidade e facilidade na análise dos dados de informação 9595 95 nutricional dos alimentos. Além disso, os sistemas computadorizados contendo banco de dados servem para compilações mais precisas, detalhadas e rápidas (ASBRAN, 2014). Também é possível que, em um mesmo programa ou software, se tenham bases de dados de composição nutricional diferentes, ou seja, a TACO (UNICAMP, 2011) e/ou a tabela de equivalentes, medidas caseiras e composição química dos alimentos (PACHECO, 2006), entre outras, o que permitirá uma melhor análise por parte do profissional nutricionista. Após serem estimadas as quantidades consumidas pelos pacientes, é possível quesejam realizadas, com auxílio de programas e softwares, as comparações a partir de (ASBRAN, 2014, p. 26): • Agrupamento de alimentos. • Índices de avaliação da qualidade da dieta. • Referência de nutrientes para indivíduos saudáveis. • Diretrizes para doenças ou condições específicas. Os bancos de dados permitem também que sejam armazenadas as informações de evolução nutricional dos pacientes, seja os dados alimentares ou antropométricos, sendo válido também lembrar dos prontuários eletrônicos que permitem as anotações profissionais para posterior utilização. O sistema de informatização também poderá permitir a prescrição dietética, pois apresenta bases de dados de composição de alimentos, o que otimiza a técnica do cálculo de dieta. Uma função de marketing muito válida disponível em programas de nutrição clínica é que, após baixar o aplicativo do programa, o paciente tem a liberação de algumas informações. Por vezes, em seu e-mail ou próprio celular, de modo que ele seja alertado sobre seu estado nutricional, ou mesmo lhe faça o lembrete de quais alimentos consumir, o horário de consumi-los e até mesmo do consumo de água em horários predefinidos pelo profissional nutricionista. 9696 É sabido que a tecnologia avança a cada dia, sendo necessário seu uso pelos profissionais de saúde. Porém, há na outra vertente muitos desafios que deverão ser superados, como, por exemplo, a disponibilização de recursos de informática no dia a dia do profissional, bem como os treinamentos apropriados, lembrando que a otimização dos serviços oferecidos pela equipe de saúde reflete na qualidade do serviço prestado, e o maior beneficiado será o paciente que terá satisfação e um melhor acompanhamento. Prezado aluno, aprendemos sobre a importância do uso de banco de dados na prática ambulatorial, hospitalar e clínica, bem como sua relevância na avaliação de indicadores de qualidade e análise de consumo alimentar com bases de dados pré-armazenadas, como, por exemplo, a TACO (UNICAMP, 2011). TEORIA EM PRÁTICA Você trabalha como nutricionista clínico e atualmente está gerenciando o setor de vigilância epidemiológica de sua cidade, no interior de um estado no sul do país. Ao ter acesso aos veículos de notícias regionais, você verifica que a mídia expõe um “grande número” de reportagens sobre alimentação enteral, principalmente após a morte do filho de um político popular da cidade, por infecção gastrointestinal, que teve início por contaminação da dieta ofertada por sonda. Dentre as notícias às quais você teve acesso, você encontrou as seguintes manchetes: “Filho de político morre após falta de fiscalização na dieta oferecida em hospital.” “Ausência de atendimento nutricional em hospital fez filho de político morrer no sul do país.” 9797 97 “Nutricionistas não prestaram fiscalização na alimentação que passava por sonda para filho de político que morreu.” “Filho de político famoso morre por bactéria detectada em dieta da sonda nasoenteral.” Explique a importância dos sistemas de informação e usos tecnológicos frente a essa situação. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. É preciso considerarmos que _____________ e informações permitem ______________, bem como da qualidade oferecida ao paciente e, desse modo, há possibilidade de melhora dos _______________. Assinale a alternativa que melhor completa as lacunas da frase: a. O uso de dados; o conhecimento dos serviços prestados; indicadores encontrados. b. O uso de dados; o desconhecimento dos serviços prestados; indicadores encontrados. c. O desuso de dados; o conhecimento dos serviços prestados; indicadores encontrados. d. O desuso de dados; o desconhecimento dos serviços prestados; indicadores encontrados. e. O desuso de dados; o desconhecimento dos serviços prestados; serviços prestados. 9898 2. O uso da informática na gestão de assistência nutricional poderá permitir melhorias dentre as listadas abaixo, exceto: a. Agilidade no manuseio de dados. b. Análise de dados por parte da equipe multiprofissional. c. Análise de dados por parte da equipe médica. d. Agilidade no gerenciamento das informações quanto em processos de auditoria. e. Armazenamento físico de dados em armários com ampla utilização de espaço. 3. As contribuições da informatização para a gestão de indicadores de saúde relacionam-se à: a. Coleta e não ao armazenamento. b. Coleta e não a recuperação de dados. c. Coleta, armazenamento, recuperação e análise crítica de dados. d. Coleta e armazenamento, porém, não a recuperação e análise crítica de dados. e. Coleta e armazenamento, porém, não se referem a recuperação e à análise crítica de dados. 9999 99 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO (ASBRAN); FIDELIZ, M. S. P. (Org.). Manual orientativo: sistematização do cuidado de nutrição. São Paulo: ASBRAN, 2014. PACHECO, M. Tabela de equivalentes, medidas caseiras e composição química dos alimentos. Rio de Janeiro: Rubio, 2006. 654 p. SALIMON, C. C.; EVAZIAN, D. Informática na gestão de indicadores de assistência nutricional. J. Health Inform., v. 4, n. especial – SIIENF 2012, p. 230-233, dez. 2012. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO. 4. ed. rev. e ampl. Campinas: UNICAMP/NEPA, 2011. 161 p. Disponível em: http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/ taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta A Resolução: lembre-se de que, por meio de dados, é possível conhecer a qualidade dos serviços oferecidos pela equipe de nutrição. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta E Resolução: lembre-se de que a informatização dos serviços de saúde permite armazenamento de dados em meio digital, o que proporciona economia de espaços. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 3 – Resposta C Resolução: lembre-se de que a agilidade na análise crítica de dados é uma contribuição da informatização para a gestão de indicadores de saúde. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf 100100100 Principais softwares em nutrição clínica Autora: Dayse Kellen de Sousa Santos Objetivos • Conhecer as principais funções disponibilizadas por softwares disponíveis no Brasil. • Compreender a importância de organizar informações em banco de dados. • Conhecer softwares disponíveis internacionalmente para auxílio na avaliação antropométrica infantil. 101101 101 1. Benefícios do uso de software Um estilo de vida saudável é composto por vários fatores, como uma nutrição adequada (LUNN, 2007), que é fundamental para colaboração da manutenção, recuperação e promoção da saúde e qualidade de vida, sendo o profissional nutricionista participante desse processo. Dentre as atuações do nutricionista, citamos as atividades em âmbito hospitalar, clínico, ambulatorial, home care, em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN’s), entre outras. As competências desses profissionais englobam a prestação de serviços em assistência nutricional com qualidade e agilidade, sendo a tecnologia uma parceira nesse campo. O mercado atual exige que haja avanços tecnológicos na área da saúde e manuseio de dados, dentre os quais podemos citar a utilização de prontuários eletrônicos e armazenamento de dados. Os dados que são coletados pelo trabalho diário do nutricionista poderão ser lançados pela equipe de nutricionistas atuantes no ambulatório, hospital e clínica, e deverão ser lançados pela gerência dos serviços de nutrição, lembrando que o armazenamento das informações em meio digital é fundamental, pois os avanços tecnológicos disponíveis proporcionam mais agilidade na interpretação das informações. No relato de experiência realizado por Salimon eEvazian (2012, p. 230), publicado no Journal of Health Informatics, é abordado o uso da informática na gestão de indicadores de assistência nutricional, e esse uso poderá permitir melhorias como: • Própria autoria de dados. • Análises em diferentes períodos. 102102 • Análise por equipe multiprofissional e médica. • Rapidez quando em auditoria. • Banco de dados sem erros operacionais. • Agilidade no manuseio de dados. • Otimização de armazenamento, pois não necessitará de armazenamento físico. Ressaltando, assim, a importância de se utilizarem os meios tecnológicos para o armazenamento e a análise de dados. Para que sejam utilizados softwares, é necessário que eles tenham como base bancos de dados com as informações da composição nutricional dos alimentos que serão calculados, dentre elas: • Nome do alimento. • Modo em que se apresenta (cru, cozido, frito ou assado). • Quantidade de carboidrato. • Quantidade de lipídios. • Quantidade de proteínas. • Quantidade de fibras. • Quantidade de micronutrientes como ferro, cálcio, vitamina E, vitamina A, entre outros. Um exemplo de banco de dados da composição nutricional de alimentos que pode compor softwares e programas é a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO (UNICAMP, 2011). 103103 103 Tabela 1 – Composição de alimentos por 100 gramas de parte comestível: centesimal, minerais, vitaminas e colesterol Fonte: Unicamp (2011). Tabela 2 – Composição de alimentos por 100 gramas de parte comestível: ácidos graxos Fonte: Unicamp (2011). Antes realizava-se a análise manual desse material por meio de tabelas impressas, porém, atualmente, é possível que se tenham tabelas de composição nutricional de alimentos em programas e softwares, o que permite economia de tempo e maior facilidade. Além disso, os sistemas computadorizados contendo banco de dados servem para compilações mais precisas, detalhadas e rápidas (ASBRAN, 2014). 104104 É também possível que, em um mesmo programa ou software, se tenham bases de dados de composição nutricional diferentes, ou seja, a TACO e/ou a tabela de equivalentes, medidas caseiras e composição química dos alimentos (PACHECO, 2006), entre outras, o que permitirá uma melhor análise por parte do profissional nutricionista. Figura 1 – Profissional nutricionista calculando manualmente a composição nutricional do consumo alimentar ingerido pelo paciente e as dietas que iria prescrever Fonte: lovelyday12/iStock.com. Os programas expõem as informações em gramatura ou em medidas caseiras para os cálculos de recordatório alimentar de 24h, e até mesmo para a prescrição dietética, as tabelas, que estão na base de dados dos softwares, auxiliam na prescrição dietética e no cálculo de ingestão alimentar do paciente, o que permite que se realize o comparativo entre o consumido “usualmente” e o que deverá ser consumido na nova prescrição dietética que se adéque ao paciente, conforme a sua conduta nutricional. É comum alguns dos programas brasileiros oferecerem gratuitamente treinamento aos seus usuários para auxiliá-los no manuseio da plataforma. Além disso, alguns programas, apesar de cobrarem custos financeiros por sua utilização, podem também oferecer ao paciente “testes gratuitos”, que disponibilizam alguns recursos gratuitos para 105105 105 que os profissionais usuários possam testar e conhecer. Apesar de algumas funções do software estarem limitadas somente aos usuários profissionais pagantes, o “teste grátis” é muito válido, pois permite o manuseio, a utilização e o conhecimento da plataforma. Os softwares de nutrição clínica que estão disponíveis no mercado também permitirão o cadastro dos pacientes avaliados, chat de conversa entre o usuário profissional e o usuário paciente. A criação de site é uma ferramenta que também auxilia no marketing empresarial, sendo que alguns programas permitem que haja geração desse tipo de recurso, com auxílio do próprio programa. Agendamento de pacientes e controle financeiro são outras vantagens disponíveis nos sistemas disponíveis no mercado atual. Uma função de marketing muito válida, disponível em programas de nutrição clínica, é que, após baixar o aplicativo do programa, o paciente tem a liberação de algumas informações, por vezes, em seu e-mail ou próprio celular, de modo que ele seja alertado sobre seu estado nutricional, ou mesmo lhe faça o lembrete de quais alimentos consumir no horário de consumi-los, e até mesmo do consumo de água em horários predefinidos pelo profissional que o acompanha. PARA SABER MAIS Alguns softwares de nutrição clínica disponíveis atualmente permitem que sejam gerados lembretes aos pacientes. Esse recurso é muito interessante nos casos em que o paciente é resistente ao tratamento instituído, pois os avisos o lembrarão frequentemente do acompanhamento nutricional que está realizando. Além disso, os lembretes também proporcionam melhor marketing ao nutricionista e que seja criado um vínculo entre o profissional e o paciente. 106106 Os lembretes poderão conter informações como horário das refeições e, após a prescrição dietética, o nutricionista poderá ativar o programa para lembrar o usuário paciente, em todos os horários das refeições, sobre quais alimentos que deverá consumir naquele horário. Além disso, poderá também lembrar o paciente nos horários em que ele deverá consumir água, o que é de fundamental importância para o paciente com constipação crônica ou idoso. Esses lembretes deverão ser previamente cadastrados, autorizados e acionados pelo nutricionista. 2. Softwares usados em nutrição Alguns softwares para utilização em nutrição clínica permitem a plotagem gráfica de dados da evolução do paciente, o que torna mais didática a interpretação das informações da consulta nutricional, e assim o próprio paciente poderá acompanhar seus resultados, sendo, desse modo, encorajado. Em âmbito internacional, podemos citar o Software AnthroPlus, que é um instrumento muito válido na avaliação nutricional de crianças e adolescentes e tem seu uso orientado por algumas faculdades de ciências médicas. A utilização do AnthroPlus software também é incentivada pela WHO, e o programa pode ser baixado no site da Organização Mundial de Saúde, que traz o passo a passo para que possa ser baixado. O WHO AnthroPlus é um software que auxilia na utilização das curvas de crescimento de referência da WHO (WHO, 2006), como, por exemplo, peso por idade (P/I) e índice de massa corporal para Idade (IMC/I). O software é disponível inicialmente em inglês, mas poderá 107107 107 ser utilizado também em francês, espanhol e russo. É solicitado que, antes de baixar o software, seja realizada a leitura do contrato de licença e do manual de utilização. O software WHO AnthroPlus oferece recursos como: calculadora antropométrica, avaliação individual e levantamento nutricional. Figura 2 – Capa do manual do programa internacional WHO AnthroPlus de auxílio a avaliação nutricional de crianças Fonte: https://www.who.int/growthref/tools/who_anthroplus_manual.pdf. Acesso em: 6 set. 2019. É sabido que a tecnologia avança a cada dia, sendo necessário seu uso pelos profissionais de saúde. Porém, há na outra vertente muitos desafios que deverão ser superados, como, por exemplo, a disponibilização de recursos de informática no dia a dia do profissional, bem como os treinamentos apropriados, lembrando sempre que, com a otimização dos serviços oferecidos pela equipe de saúde, é favorecida a qualidade do serviço prestado e o maior beneficiado será o paciente, que terá satisfação. 108108 ASSIMILE Atualmente, com os avanços tecnológicos, é comum os pacientes se apresentarem ao consultório referindo a utilização de aplicativos de internet, mensagens, e-mails e plataformas virtuais que proporcionam distribuição de informações sobre saúde e alimentação. No entanto, é comum que haja informações de origem duvidosa circulantes em alguns meios decomunicação, e ninguém melhor que o nutricionista para esclarecer ao seu paciente a veracidade das informações de nutrição que poderão auxiliar na dietoterapia empregada àquele paciente. Desse modo, aplicativos que permitem comunicação entre o nutricionista e o paciente por sistema de mensagens são interessantes, pois contribuem para que o paciente se sinta assistido de diversas formas, além de proporcionar marketing profissional. Por isso, após analisar o perfil do paciente atendido, será possível escolher o melhor programa que poderá ser utilizado e, nesses casos, deverá ser considerado se o programa: • Disponibiliza no e-mail e/ou celular/tablet para o paciente as informações que possam ser interessantes referente à consulta. • O programa permite que o paciente receba e envie mensagens ao seu nutricionista. • O programa permite a distribuição de notícias atuais ao paciente, seja por meio de site profissional ou do sistema de mensagens. • O programa proporciona maior criação de vínculo entre o nutricionista e o paciente. 109109 109 Diante do que foi apresentado, entendemos os diferentes recursos disponibilizados pelos softwares atuais disponíveis no mercado nacional e internacional, bem como a importância deles na prática clínica, bem como os benefícios para o paciente. TEORIA EM PRÁTICA Você é nutricionista clínico no ambulatório de sua cidade, no interior no Paraná, e recebe o paciente J. F. L., 58 anos, diabético, hipertenso, referindo ser encaminhado ao nutricionista pois necessita de acompanhamento, porque “sozinho não consegue”. O paciente lhe apresenta a carta de acompanhamento médico com os seguintes dizeres: “Ao nutricionista, encaminho o paciente J. F. L., 58 anos. Glicemia de jejum de 389 mg/dl. Pressão arterial de 150/90 mmHg. Paciente poliqueixoso, resistente ao tratamento medicamentoso e dietoterapia. Dr.: F.C.T. – Endocrinologista” Ao iniciar a anamnese, o paciente refere ser muito “esquecido” e que não consegue seguir dieta porque, quando vai ao mercado, não lembra quais os alimentos “que o nutricionista passou”, e às vezes perde a dieta prescrita. Você questiona se o paciente utiliza celular, ele refere que sim, questiona se ele utiliza aplicativos de mensagens, ele também responde que sim, e que, às vezes, passa um tempo significativo da tarde assistindo a vídeos e compartilhando mensagens nesses aplicativos de conversação. 110110 Você, profissional nutricionista, tem disponível atualmente vários softwares de nutrição com diferentes recursos. O que você consideraria relevante para escolher o programa que utilizaria na consulta com esse paciente? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a alternativa que não corresponde a um benefício do uso de softwares em nutrição clínica: a. Agilidade na interpretação das informações. b. Agilidade na prescrição dietoterápica. c. Retardo na prescrição dietética. d. Maior satisfação do paciente que acompanha o mercado tecnológico. e. Agilidade no cálculo da ingestão alimentar do paciente. 2. A tecnologia avança a cada dia, sendo necessário seu uso pelos profissionais de saúde, porém, há na outra vertente muitos desafios, como a_______________, bem como os_____________, lembrando sempre que, com a otimização dos serviços oferecidos pela equipe de saúde, é favorecida a _____________ e o maior beneficiado será o paciente, que terá satisfação. Assinale as palavras que melhor completam as lacunas: 111111 111 a. Disponibilização de recursos de informática no dia a dia do profissional; treinamentos apropriados; qualidade do serviço prestado. b. Indisponibilidade de recursos de informações no dia a dia do profissional; treinamentos apropriados; qualidade do serviço prestado. c. Indisponibilidade de recursos de informações no dia a dia do profissional; treinamentos apropriados; deficiência do serviço prestado. d. Indisponibilidade de recursos de informações no dia a dia do profissional; treinamentos apropriados; ausência de qualidade do serviço prestado. e. Indisponibilidade de recursos de informações no dia a dia do profissional; ausência de treinamentos apropriados; ausência de qualidade do serviço prestado. 3. Os programas disponíveis para uso em nutrição clínica permitem a utilização de banco de dados que já contém a composição nutricional de alimentos. Dentre estas informações, citam-se as listadas abaixo, exceto: a. Gramatura dos alimentos para auxiliar nos cálculos. b. Medidas caseiras dos alimentos para auxiliar nos cálculos. c. Quantidade de ferro presente nos alimentos. d. Quantidade de vitamina A presente nos alimentos. e. Somente macronutrientes para auxiliar nos cálculos. 112112 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO (ASBRAN); FIDELIZ, M. S. P. (Org.). Manual orientativo: sistematização do cuidado de nutrição. São Paulo: Asbran, 2014. LUNN, J. Nutrição e envelhecimento saudável. Nutrição em Pauta, São Paulo, n. 85, p. 5-9, 2007. PACHECO, M. Tabela de equivalentes, medidas caseiras e composição química dos alimentos. Rio de Janeiro: Rubio, 2006. 654 p. SALIMON, C. C.; EVAZIAN, D. Informática na gestão de indicadores de assistência nutricional. J. Health Inform., v. 4, n. especial – SIIENF 2012, p. 230-233, dez. 2012. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos – TACO. 4. ed. rev. e ampl. Campinas: UNICAMP/NEPA, 2011. 161 p. Disponível em: http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/ taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019. WHO AnthroPlus for Personal Computers. Manual WHO Antroplus. Disponível em: https://www.who.int/growthref/tools/who_anthroplus_manual.pdf. Acesso em: 6 set. 2019. WHO AnthroPlus software. Disponível em: https://www.who.int/growthref/tools/en/. Acesso em: 6 set. 2019. WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO child growth standards: Length/height-for- age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for- age. Methods and development. WHO (nonserial publication). Genebra, Switzerland: WHO, 2006. Gabarito Questão 1 – Resposta C Resolução: retardo na prescrição dietética não corresponde a um benefício do uso de software em nutrição clínica. Lembre-se de que há vários benefícios pelo uso da tecnologia na prática clínica do nutricionista. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta A Resolução: lembre-se de que os avanços tecnológicos beneficiam tanto o profissional quanto o paciente. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf https://www.who.int/growthref/tools/who_anthroplus_manual.pdf https://www.who.int/growthref/tools/en/ 113113 113 Questão 3 – Resposta E Resolução: as tabelas utilizadas como banco de dados fornecem informações da composição nutricional completa, e não somente de macronutrientes. Lembre-se de que as tabelas utilizadas como banco de dados fornecem informações da composição nutricional completa. Feedback de reforço: retome a leitura e tente novamente! 114114 Apresentação da disciplina Princípios epidemiológicos de indicadores do processo saúde-doença Objetivos 1. Princípios epidemiológicos Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Indicadores de saúde em nutrição ambulatorial Objetivos 1. Epidemiologia clínica 2. Segurança alimentar e nutricional 3. Indicadores 4. Sistemas de informação Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral Objetivos 1. Indicadores de qualidade nas terapias enteral e parenteral Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Epidemiologia nutricional Objetivos 1. Epidemiologia aplicada à nutrição Verificação de leitura Referências bibliográficas GabaritoGestão de cuidados nutricionais Objetivos 1. O nutricionista como gestor de cuidados nutricionais Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Organização de banco de dados em nutrição clínica e hospitalar Objetivos 1. Informação em saúde Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito Principais softwares em nutrição clínica Objetivos 1. Benefícios do uso de software 2. Softwares usados em nutrição Verificação de leitura Referências bibliográficas Gabarito