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ÉTICA, BIOÉTICA E, BIOSSEGURANÇA 
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Aula 5 
BIOSSEGURANÇA – PARTE 1 
Na aula de hoje iremos aprender o conceito de biossegurança e a importância 
dessa disciplina no dia a dia do profissional de necropsia. 
 
Num aspecto geral podemos dizer que BIOSSEGURANÇA significa “vida com 
segurança”, ou seja, a vida livre de perigos. 
 
A biossegurança é composta por um conjunto de ações destinadas a prevenir, 
controlar, mitigar e eliminar riscos inerentes às atividades que possam interferir ou 
comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio ambiente. 
 
O conceito de biossegurança pode ser definido como procedimentos, 
metodologias e equipamentos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes as 
atividades prestadas em diversos ambientes. 
 
Nesse módulo focaremos especificamente nas atividades realizadas 
habitualmente nos Institutos de Perícia, Institutos Médico Legais e Clínicas de 
Tanatopraxia e funerárias, como reduzir e prevenir riscos biológicos, as principais 
formas de contágio e o correto uso dos equipamentos de proteção individual e coletivo. 
Os riscos: 
Os riscos analisados pela bioética são divididos em: 
Risco físico: 
São Aqueles riscos decorrentes de alguma forma de energia como: 
 
• a RADIAÇÃO que é causada por ondas eletromagnéticas 
 
• A TEMPERATURA decorrente de ondas de calor emitidas por determinados 
equipamentos e a própria energia solar e o fogo. 
 
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• As VIBRAÇÕES decorrentes de energias mecânicas de determinados 
equipamentos como tratores e equipamentos agrícolas, perfuratrizes, serras 
elétricas, dentre outros equipamentos, inclusive muito utilizado em 
determinados procedimentos de necropsia. 
 
 
• PRESSÃO como uma força física que se opõe ao organismo humano, como a 
que sofrem os profissionais que precisam trabalhar debaixo d´agua ou em alturas 
elevadas. 
 
• RUÍDO que também é uma energia mecânica causada pelas ondas sonoras que 
determinados equipamentos emitem 
Risco químico: 
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos 
que possam penetrar no organismo do trabalhador principalmente pela via respiratória, 
nas formas de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou pela natureza 
da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através 
da pele, mucosas como boca, olhos e nariz ou pela ingestão. 
 
As áreas do corpo humano que são sujeitas à entrada do agente químico no 
organismo humano chamam-se VIA DE ACESSO e varia de acordo com o agente 
químico que está sendo utilizado. 
 
Como vimos aula passada, o manuseio do formaldeído que será utilizado na 
conservação das vísceras para serem encaminhadas para exame laboratorial deve 
ocorrer com a devida paramentação específica para evitar a inalação do formaldeído 
pelas vias aéreas e olhos, por conta de sua característica volátil, similar ao vapor. 
 
Sendo assim o profissional deverá estar equipado com óculos de proteção, 
máscara com respirador e também utilizando luvas afim de evitar o contato pela pele e 
evitar queimaduras pelo produto químico. 
 
Já um outro procedimento realizado na perícia gera um outro tipo de agente de 
risco biológico do tipo poeira. Estamos falando da abertura da cavidade craniana para 
exame necroscópico que consiste em serrar a calota craniana com um serrote elétrico. 
 
Inevitavelmente, o procedimento faz com que fragmentos ósseos reduzidos a 
poeira se desprendam e fiquem no ambiente, como uma “poeira de osso”. Esses 
fragmentos fazem mal para o pulmão, olhos e garganta, sendo extremamente 
importante que durante o procedimento os profissionais estejam paramentados com 
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óculos de vedação total contra poeiras, líquidos e fragmentos, um capacete “shield” e 
máscara tipo PFF2 
Risco biológico: 
São considerados riscos biológicos: vírus, bactérias, parasitas, protozoários, 
fungos e bacilos. 
 
Os riscos biológicos ocorrem por meio de microorganismos que, em contato com 
o homem, podem provocar inúmeras doenças. 
 
Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o caso 
dos Institutos Médico Legais, Serviços de Verificação de Óbito, clínicas de 
tanatopraxia e funerárias. 
 
É impossível desconsiderar que a atividade pericial e de preparação dos corpos 
realizada por estas instituições seja insalubre e de elevado risco de contágio, sendo 
obrigatória a utilização de EPI para todo e qualquer procedimento pois em quase 100% 
dos cadáveres encaminhados não há qualquer tipo de informação quanto às doenças 
infectocontagiosas e venéreas. 
 
Não obstante devemos mencionar que o material de trabalho do profissional 
trata-se de material cirúrgico como lâminas, bisturis, facas, agulhas, seringas e serras, 
ou seja, instrumentos perfurocortantes, que exigem cuidado e atenção por parte do 
agente que está manuseando. 
 
São necessárias medidas preventivas para que as condições de higiene e 
segurança nos diversos setores de trabalho sejam adequadas. 
 
Recentemente surgiram uma série de novos protocolos de biossegurança 
destinados aos profissionais da saúde que atuam na linha de frente do COVID-19, um 
vírus de elevado risco de contágio e considerado de risco elevado podendo ser fatal ao 
ser humano. 
 
Ocorre que diversos desses procedimentos já eram realizados pelos IML e IGP, 
visto que também visam prevenir doenças como hepatite viral, meningite, aids, dentre 
outras. 
 
O Ministério da Saúde do Mato Grosso, em conjunto com a Universidade 
Federal do Mato Grosso produziram um vídeo que demonstra como deve ocorrer a 
paramentação nos casos de suspeita de COVID-19 por parte do paciente que está sendo 
tratado/periciado. 
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A melhor medida de profilaxia é, sem dúvidas, o cuidado e a atenção com os 
procedimentos realizados durante a necropsia. 
 
Ainda assim, na hipótese de ocorrerem acidentes com os materiais de trabalho 
ou alguma exposição a gotículas, resíduos, dentre outros agentes biológicos, é 
necessário realizar a PEP, sigla para Profilaxia Pós Exposição. 
Risco ergonômico: 
Também conhecido como risco postural, o risco ergonômico é aquele que 
envolve fatores biomecânicos e que causam desconforto e afetam a saúde do indivíduo. 
 
Esses riscos são ocasionados por diversos fatores que vão desde uma postura 
inadequada para a realização das atividades até jornadas longas e extenuantes e também 
a repetitividade de determinados procedimentos e atividades realizadas que causam a 
famosa LER. 
 
A seguir veremos de forma isolada os principais riscos ergonômicos presentes 
nas atividades realizadas no âmbito dos Institutos Médico Legais e Institutos Gerais de 
Perícia. 
Má Postura e Manuseio de Carga: 
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde mais de 80% das pessoas 
terão pelo menos duas crises de dor intensa na coluna durante a vida. Entre as muitas 
doenças que afetam nossa coluna, muitas vão se manifestar após um período 
acumulativo de má postura. 
 
A má postura ainda pode causar enfraquecimento e lesões em outras áreas do 
corpo, como ombros e pulsos. 
Para os médicos, técnicos, auxiliares e outros envolvidos no trabalho pericial é 
importante ter consciência da postura correta, que deve ser sempre com a espinha ereta, 
desde a lombar até o pescoço. Vale lembrar que um 
 
procedimento pode durar horas, requerendo ao profissional envolvido um bom 
condicionamento e postura. 
 
A carga excessiva é também um problema recorrente do trabalho, visto que um 
cadáver adulto pode pesar muito e que fenômenos como a rigidez cadavérica dificultam 
ainda mais o manuseio desse corpo para periciar. 
https://www.reliza.com.br/2017/10-otimas-razoes-para-ficar-atento-sua-postura-sentado/
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Caso seja necessário manusear o corpo para realizar a perícia é importante que 
o procedimento seja realizado em conjunto, de modo que o peso seja dividido entre os 
outros profissionais envolvidos, evitando assim a sobrecarga e acidentes de trabalho. 
Trabalhos monótonos e repetitivos: 
Tarefas muito burocráticas, paradas e maçantes contribuem para o 
desenvolvimento de distúrbios psicológicos como ansiedade, estresse e depressão, 
afetando a produtividade e qualidade de vida do profissional. 
 
Vale mencionar também que a natureza da profissão pode ser impactante de 
início, não sendo incomum que vários profissionais ingressem na área e desistam após 
vivenciarem situações de violência, tragédias, desastres e que exponham a fragilidade 
humana, acarretando muitas vezes em distúrbios como os já mencionados. Nesses 
casos o ideal é buscar ajuda profissional de um psicólogo, procurar ter uma vida mais 
equilibrada e, em última hipótese, expor ao Departamento de Recursos Humanos o 
problema desenvolvido, para que possam alocar o servidor em atividade com menor 
risco de estresse e desconforto profissional. 
 
Já a repetição dos movimentos é um fator que requer atenção pois é possível 
que os profissionais passem a desenvolver lesões por esforço repetitivo, a famosa LÉR. 
 
A recomendação para evitar o surgimento dessa moléstia profissional tão comum 
aos profissionais que utilizam as mãos e dedos para trabalhar é o alongamento dos 
músculos e tendões envolvidos nos procedimentos e também a realização de pausas ao 
longo do expediente para relaxar os músculos. 
Biossegurança na prática. 
Equipamentos de proteção individual e coletivo: 
• A Vestimenta do profissional da área de ciências mortuárias é o Pijama cirúrgico 
ou jaleco, devendo a sua higienização ocorrer ao final de todos os procedimentos 
em máquina de lavar reservada unicamente para a limpeza desse vestuário. A 
solução utilizada para a lavagem pode ser produto de uso comum como 
amaciante, sabão em pedra ou sabão em pó. 
 
• Botas 
 
 
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• Traje completo para casos específicos de trabalho com putrefeitos, 
carbonizados e COVID-19 que deverão ser descartados ao final do 
procedimento. 
 
• Luvas de vinil e látex, descartados ao final do procedimento. 
 
• Óculos de proteção. 
 
• Touca, Propé e Máscara PFF2 que deverão ser descartados ao final do 
procedimento. 
Material de trabalho – uso correto, higiene, esterilização e descarte: 
• Serrote elétrico. Utilizado para abertura da cavidade craniana. É comum que 
técnicos mais antigos utilizem serrotes manuais, no entanto, a força física 
exigida para realizar o mesmo procedimento será muito maior. Atualmente 
utiliza-se o serrote elétrico pela destreza. 
 
• Existe uma variação de abertura da cavidade craniana que utiliza a serra circular 
que permitirá a visualização do encéfalo de forma mais íntegra, pois ao invés de 
cortar o crânio e o encéfalo, a serra circular serra apenas o perímetro da calota 
craniana. 
 
• Tesourão, utilizado para realizar a abertura da cavidade torácica. Esse 
equipamento adaptado nas necropsias é utilizado especificamente para quebrar 
os arcos costais, facilitando a abertura e visualização das vísceras torácicas. 
 
 
• Instrumental cirúrgico geral, composto pelas pinças dente de rato e pinça 
anatômica, sendo preferível as de medidas entre 10 a 20 centímetros para realizar 
os procedimentos de necropsia. 
 
• Lâmina bisturi e cabo de bisturis 
 
• Tesouras fina e reta e tesoura curva. 
 
• Pinça backhaus. 
 
• Formão. 
 
 
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Esse material deverá ser higienizado sempre ao final do procedimento em água 
corrente e sabão comum. Após o enxague, deixar imerso em solução de hipoclorito de 
sódio para descontaminação e esterilização final. 
 
O material descartável do tipo perfurocortante como seringas, agulhas e bisturis 
deve ser descartado em lixo coletor que serão coletados por empresa específica que 
realizam o descarte conforme os parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde. Img 
coletor. 
 
Os materiais não reutilizáveis do tipo vestimenta, curativos, fraldas, lençóis, luvas 
e máscaras deverão ser descartados em lixo específico. São as lixeiras revestidas com 
sacos brancos próprias para o descarte de resíduos potencialmente infectantes. 
 
Essas exigências são de extrema importância durante a execução do serviço e dos 
procedimentos, pois o descarte incorreto pode ocasionar no acidente e até mesmo na 
infecção e contaminação dos profissionais responsáveis pela coleta dos resíduos.