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Nódulos e Câncer de Tireoide Nódulo na Tireoide: Definição: ❖ É uma lesão intratireoidiana que é palpável ou se distingue do parênquima normal ao ultrassom; ❖ Nódulos palpáveis tendem a ter > 1 cm; ❖ Nódulos < 1 cm não são palpáveis e costumam ser detectados ao ultrassom, não sendo necessária indicação de PAAF; ❖ 3 a 7% dos adultos ao exame físico apresentam nódulos tireoidianos palpáveis; ❖ Com o uso da ecografia a doença é detectada em mais de 25% dos casos; ❖ Maioria assintomático; ❖ Maior prevalência em sexo feminino em idosos. Paciente com nódulo, e agora? ❖ Primeiro passo é determinar se estamos diante de uma situação de excesso de hormônios tireoidianos -> dosar TSH e T4 livre ❖ TSH baixo -> cintilografia; ❖ TSH alto / normal -> PAAF ou acompanha com ultrassom seriado. OBS: Descartar possível malignidade. ❖ Nódulos hiperfuncionantes; ❖ Tireotoxicose laboratorial: TSH e T4 livre; OBS: TSH baixo e T4 Livre alto. ❖ Sinais e sintomas tireotóxicos: taquicardia, perda de peso, insônia, PA divergente; ❖ Para confirmar: cintilografia com iodo radioativo da tireóide. OBS: Em regiões de maior produção de hormônio= maior captação de iodo = nódulo hipercaptante. O restante do parênquima estará hipocaptante (TSH baixo = estimula pouco a captação de iodo pelo parênquima da tireoide). ❖ Todo nódulo tóxico / hipersecretante é benigno -> não precisa fazer PAAF para detectar malignidade; ❖ Nódulos benignos x malignos. ❖ Câncer; ❖ Nódulos hipersecretores; ❖ Tamanho / infiltrativo -> sintomas compressivos. OBS: É incomum, geralmente quando associado a malignidade. Paciente pode apresentar disfagia, rouquidão, dispneia. Tratamento - nódulo tóxico (doença de Plummer): ❖ Iodo radioativo - dose com I-131; ❖ Lobectomia, algumas vezes com istmectomia. ❖ Indicado para gestante. Malignidade: Fatores de risco de malignidade: ❖ História de exposição à radiação em cabeça/pescoço (Ex.: paciente com história de linfoma na adolescência e tratamento com radiação); ❖ História de carcinoma medular de tireóide, carcinoma papilar de tireoide e neoplasia endócrina múltipla tipo 2; ❖ Idade menor que 14 anos ou maior que 70 anos; ❖ Sexo masculino; ❖ Nódulo aumentando de tamanho; ❖ Consistência firme / pétrea; ❖ Linfonodomegalia cervical -> sinal de metástase; ❖ Principalmente carcinoma papilífero que apresenta disseminação por via linfática. ❖ Nódulo fixo / aderido a planos profundos; ❖ Sintomas persistentes de disfonia, disfagia e dispneia em casos de compressão principalmente em nódulos infiltrativos. Exame físico - palpação: ❖ O risco de malignidade aumenta quando estamos diante de nódulos únicos, grandes, consistência endurecida, aderido a planos profundos e de limites irregulares; ❖ Sinal de pior prognóstico: linfadenopatia regional. Ultrassom: ❖ Exame simples, não invasivo, baixo custo e com aspectos macroscópicos dos nódulos da tireoide; ❖ Apresenta sensibilidade de 95%; ❖ Superior ao RMN e a TC; ❖ Não existe sinal radiológico patognomônico para neoplasia maligna, porém algumas características ultrassonográficas aumentam a chance de malignidade; ❖ Pode auxiliar procedimentos diagnósticos (PAAF) e terapêuticos (injeção de etanol). Características ultrassonográficas: ❖ Dimensões: quanto maior o tamanho maior a chance de malignidade; ❖ Nódulos menores que 1cm só devem ser investigados em caso de características muito suspeitas. ❖ Ecogenicidade: malignidade maior nos nódulos hipoecogênicos; ❖ Transdutor que emite ondas sonográficas -> bate nos tecidos e faz “eco” de forma diferente conforme a densidade; ❖ Hipoecogênicos– 75% dos nódulos são malignos; ❖ Isoecóicos - 20% dos nódulos são malignos; ❖ Hiperecogênicos - 5% dos nódulos são malignos; ❖ Anecóico – ausência de cor = presença de líquido (chance zero de malignidade – não tem célula logo não tem proliferação celular neoplásica) = lesão puramente cística. ❖ Textura: lesões sólidas (maior chance de malignidade), mistas ou puramente císticas (zero chance de malignidade); ❖ Contornos: contornos tendem a ser regulares e bem definidos, os nódulos malignos são geralmente irregulares e mal definidos; ❖ Halo: quando presente fala a favor de benignidade, principalmente se for completo e delgado (até 2 mm); ❖ 60-80% dos nódulos benignos apresentam halo; ❖ O halo está presente em 15% dos nódulos malignos. ❖ Calcificações: podem se apresentar de forma central ou periférica, sendo grosseiras ou microcalcificações. ❖ Microcalcificações centrais: altamente sugestivas de malignidade (especificidade 95%). Doppler - classificação de Chammas Lagalla: ❖ Possibilita a caracterização do padrão de vascularização dos nódulos tireoidianos; ❖ Padrão I: ausência de vascularização; ❖ Padrão II: apenas vascularização periférica; ❖ Padrão III: vascularização periférica e central (predominantemente periférica); ❖ Padrão IV: vascularização periférica e central (principalmente central); ❖ Padrão V: vascularização apenas central. OBS: O padrão V foi observado apenas em nódulos malignos, enquanto os padrões I e II foram observados apenas em nódulos benignos. TC e RMN: ❖ Permitem avaliar tireoide de forma tridimensional; ❖ Permitem dimensionar a extensão intratorácica do bócio (graves, invasivos ou mergulhantes). PAAF: Punção Aspirativa por Agulha Fina ❖ É o método mais acurado para diferenciar um nódulo maligno de um nódulo benigno; ❖ Procedimento fácil, seguro e de baixo custo; ❖ Indicações: ❖ Nódulos pequenos, hiperssecretantes ou puramente císticos são benignos -> não precisa de PAAF. ❖ Classificação de Bethesda: diagnóstico citopatológico do material aspirado. Conduta: ❖ Nódulos benignos: ultrassom a cada 6 meses e depois repete anualmente se o nódulo não mudar de tamanho; ❖ Nova PAAF se for observado crescimento >20% do nódulo; ❖ A cirurgia pode ser indicada para nódulos benignos grandes com sintomas compressivos de traqueia ou esôfago ou quando há uma significativa preocupação estética. ❖ Suspeito de neoplasia folicular; ❖ Adenoma x carcinoma (20%); ❖ Diagnóstico definitivo com histopatológico; ❖ Invasão vascular ou da cápsula do nódulo; ❖ Acompanhamento x cirurgia. ❖ Nódulo maligno – tratamento de acordo com o tipo de câncer. Câncer de Tireóide: 1% de todos os tipos de câncer; Entre os CA endocrinológicos é o mais comum; Carcinoma bem diferenciado da tireoide: papilífero e folicular = bom prognóstico; ❖ Captação de iodo; OBS: Permite a busca de focos ectópicos de tumor / metástases. OBS: Terapia por meio de iodo radioativo (ablação). ❖ Produção de tireoglobulina – proteína que participa da produção de hormônios tireoidianos; ❖ Células neoplásicas são estimulado por TSH: não só estimula a produção hormonal, mas estimula também proliferação celular; ❖ Origem nas células foliculares. Carcinoma indiferenciado (anaplásico) = pior prognóstico e raro; ❖ Origem nas células foliculares. Carcinoma medular da tireoide; ❖ Origem nas células parafoliculares. Linfoma primário, sarcomas, teratomas, metástases. Carcinoma Bem Diferenciado da Tireóide: 90% dos carcinomas de tireóide; Pode ser papilífero ou folicular; Boa resposta ao tratamento: 85-93% chance de sobrevida; Mais comum em mulheres; Estadiamento TNM. Carcinoma papilífero: ❖ 80% dos carcinomas tireoidianos; ❖ Maior incidência: ❖ Entre 30 - 50 anos; ❖ Em mulheres. ❖ Disseminação via linfática (metástase a distância mais incomum em relação ao folicular que tem disseminação hematogênica); ❖ 1/3 acometimento linfonodal à apresentação; ❖ Metástase a distância é rara. ❖ Excelente prognóstico. Carcinoma folicular: ❖ 10% dos carcinomas tireoidianos; ❖ Mais comum em áreas deficientes de iodo; ❖ Idade mais velha, pico aos 50 anos; ❖ Maior incidência em mulheres; ❖ Disseminação via hematogênica; ❖ Metástase a distância é comum (5-20% dos pacientes) – pulmão, osso cérebro; ❖ Prognósticoum pouco pior que o carcinoma papilífero mas ainda melhor que o carcinoma anaplásico. Diagnóstico: ❖ PAAF. Tratamento: ❖ Cirurgia por tireoidectomia total; ❖ Dose ablativa com I131 após a cirurgia - em hipotireoidismo; ❖ Supressão com levotiroxina; ❖ Seguimento – CDT: manter acompanhamento para identificar possíveis recidivas ou metástases a distância por meio de: ❖ Dosagem de tireoglobulina plasmática; ❖ Ultrassom da região cervical; ❖ Cintilografia de corpo inteiro. Complicações da tireoidectomia: ❖ Hipotireoidismo pós cirúrgico; ❖ Hipoparatiroidismo; ❖ Sinal de Chvostek e Trousseau; ❖ Parestesias; ❖ Cálcio baixo, PTH baixo, fósforo alto; ❖ Reposição de cálcio e de vitamina D na forma ativa. ❖ Lesão N. Laríngeo Recorrente Unilateral (rouquidão); ❖ Lesão N. laríngeo recorrente bilateral (traqueostomía definitiva); ❖ Hematoma. Complicações: ❖ Tireoidite actínica (edema e desconforto cervical); ❖ Parotidite; ❖ Xerostomia; ❖ Malignidades secundárias (dose dependente); ❖ Alterações hemácias e leucócitos (dose dependente); ❖ Não engravidar por 6-12 meses. Carcinoma Indiferenciado (anaplásico): 1-3% das neoplasias malignas da tireóide; Áreas deficientes de iodo; Mulheres (3:1); idosos (pico 65-70 anos); Crescimento rápido, invasão local precoce e prognóstico; Extremamente desfavorável; 90% dos pacientes morrem em 6 meses; Sobrevida de em 5 anos: 3,6%. Carcinoma Medular da Tireóide: Derivado de células C ou parafoliculares; 5% dos cânceres de tireoide; 20 - 25% apresentam caráter familiar (proto-oncogene RET); Formas de apresentação clínica: ❖ NEM (neoplasia endócrina múltipla) 2A: carcinoma medular de tireóide, feocromocitoma e hiperparatireoidismo; ❖ NEM 2B: carcinoma medular de tireóide, feocromocitoma, hábito marfanóides e neuromas mucosos; ❖ Carcinoma medular de tireóide familiar isolado (sem outras patologias associadas). OBS: Rastreamento genético. Ambos os sexos e pico dos 40-60 anos; Mais agressivos que os carcinomas diferenciados de tireoide; Tratamento: cirurgia e ressecção linfonodal profilática; Não responde ao I-131 e não precisa de supressão; Seguimento com calcitonina.