Prévia do material em texto
Distúrbios do Sistema Digestório Gabriel Corrêa de Farias, M.Sc. 2022 Organismo autotróficos produzem material orgânico a partir de componentes Inorgânicos Já organismos heterotrófico necessitam se alimentar de outras vidas para obter energias. A complexidade da matéria que é a fonte de alimento, torna de extrema importância um sistema digestório complexo. A degradação do material é o primeiro grande obstáculo TGI O TGI é compartimentalizado em cavidade oral, faringe, esôfago, intestino delgado, intestino grosso ou cólon e ânus. São separadas por esfíncteres. ✓ Esfíncter esofágico, ✓ Esfíncter pilórico ✓ Esfíncter anal Nela também se encontram glândulas. O TGI é responsável pelo tratamento mecânico e digestão química do alimento, absorção de nutrientes e excreção do material não processado ou não absorvido Boca O alimento sofre inicialmente um tratamento mecânico, a mastigação. As glândulas são capazes de secretar o relativo seu próprio peso a cada 15 min por até uma hora. Estimulada por vários fatores: a) A presença de alimentos na boca, b) Estímulos sensórias (olfato, visão...) Neste momento é formado o bolo alimentar para ser processado e então absorvido. Existe absorção pela mucosa oral? Administração Sublingual ➢ Apesar de superfície para absorção ser pequena, ela é de grande importância para alguns fármacos. ➢ Por essa via, o fármaco cai na circulação direto na veia cava superior. Isso provoca o desvio da circulação porta, não sofrendo com o efeito de primeira passagem. ➢ Para ser absorvido pela mucosa da boca o fármaco precisa estar na sua forma não ionizada e ser lipofílico. Composição da Saliva Substâncias inorgânicas Ânions 150mg% 1. Cl- 80 mg% 2. H2PO - 4 25 mg% 3. HPO--4 15 mg% 4. HCO-3 (CO2) 10 mg% 5. SO--4 10 mg% 6. S-- 6mg% 7. F- 0,02 mg% 8. Outros anions: 0,89 mg% Cátions 350 mg% 1. Na+ 160 mg% 2.K+ 170 mg% 3.Ca++ 4 a 10 mg% 4.NH4 10 mg% 5.Mg++ 0,5 mg% Cerca de 99% é constituída por água e cerca de 1% composto por proteínas e íons. Substâncias Orgânicas 1.Mucina 300 mg% 2.Amilase (ptialina) 40 mg% 3.Ureia 20 mg% 4.Lisozima 10 mg% 5.Anidrase carbônica (ac) 10 mg% 6.Tiocianato (SCN-) 10 mg% 7. Glicose 1 mg% 8. Outras: 9 mg% a)Enzimas microbianas b)Componentes sanguíneos c) Produtos de excreção d) Produtos da atividade microbiana Composição da Saliva Família de proteínas altamente glicosiladas. ✓ Tem a função de forma um “gel” para a formação do bolo alimentar. ✓ Proporciona fluidez pela esôfago. Composição da Saliva Mucina Secreção mucosa: mais mucina e menos outras proteínas. Secreção sabugosa: menos mucina mais outras proteínas Amilase (ptialina) Quebra de polissacarídeos. ✓ a-amilase: quebra os polissacarídeos aleatoriamente, forma sacarídeos de diversos tamanhos. ✓ b-amilase: que de forma padronizada de dois em dois sacarídeos. B-amilase não é encontrada em animais Polissacarídeos 6 Resíduos/volta60° de rotação (a1-4)-Ligação unidades D-Glicose Amido Ligação glicosídeo a. Digestão e quebra em unidades de glicose. Fonte de energia. Celulose Estrutura em folha e estabilizada por ligações de H A estrutura espacial em folha da celulose dificultam a hidrólise. Esse arranjo espacial dificulta o acesso de enzimas para que ela seja digerida. (b1-4)-Ligação unidades D-Glicose Lisozima Lisozima Sua ação se deve à hidrólise das ligações glicosídicas beta 1,4 entre resíduos do ácido N-acetilmurâmico (Mur2Ac) e N-Acetil-D-glucosamina (GlcNAc) num pepitídeoglicano ❖ Ação bactericida por promover a lise de peptideoglicanos que formam parede bacteriana. Anidrase Carbônica HCO3 -H+ H2CO3 NaHCO3 Na+ CO2 Anidrase carbonica CO2 + H2O ↔ H2CO3↔ H + + HCO-3H2O Funções da Saliva Esôfago Bolo Alimentar é empurrado da boca para o esôfago. Movimentos peristálticos levam o bolo alimentar até o estômago. Boca Estômago Estômago é uma glândula o Estomago 1. pH entre 1 e 3, danoso para maior parte das proteínas, podendo levar a degradação ou inativação. 2. A parede do estômago produz pepsina, uma protease, que quebra as proteínas em aminoácidos. 3. O muco do estômago impede a absorção da maioria dos nutrientes. HCl Leptina Pepsina Outros 3 sinalizadores de extrema importância para a regulação do estômago são: Gastrina, histamina e acetilcolina. O HCl A célula parietal transporta ativamente H+ através de suas membranas canaliculares apicais por intermédio das H+/K+-ATPases (bombas de prótons), responsáveis pela troca do H+ intracelular pelo K+ extracelular. Produção de suco gástrico Células parietais produzem HCl pelo estimulo de gastrina Hormônio peptídeo de cadeia linear com 17 aminoácidos liberado por células endócrinas do trato gastrointestinal Estômago produz cerca de 3 litros de suco gástrico por dia. O ácido leva a degradação de muitas moléculas, combate os microoganismos e ajuda enzimas como pepsina. Produção de suco gástrico 1. Cefálica: Resposta vagal que ativam o apetite: visão, cheiro e paladar que antecipam a chegada do alimento. 2. Gástrica Chegada do alimento na cavidade gástrica. Alimentos estimulam mecanicamente receptores na parede gástricas. 3. Intestinal Liberação de secretina proporcionado pela chegada do quimo no intestino delgado. Secretina é um hormônio inibe a produção de gastrina e movimentos gástricos. 3 etapas de controle do suco gástrico Histamina Liga-se a receptores H2 de histamina sobre a célula parietal. A ativação dos receptores H2 estimula a adenilil ciclase e aumenta o monofosfato de adenosina cíclico (cAMP) intracelular. Por sua vez, o cAMP ativa a proteinocinase dependente de cAMP que fosforila a H+/K+-ATPase na membrana apical da célula. A fosforilação do trocador ativa a saída do H+ da célula parietal para a luz gástrica A histamina é liberada pelas células gástricas (enterocromafilm símiles (ECL) localizadas e adjacentes às glândulas oxínticas) Histamina Constitutivamente sintetizada e armazenada em mastócitos e basófilos Constituído de uma etilamina e anél imidazólico que apresentam equilíbrio tautomérico. A histamina é conhecida como “amina vasoativa”. Estimula a dilatação das arteríolas e vênulas pós-capilares. Leva a alterações precoces da hemodinâmica e permeabilidade vascular Receptores de Histamina o Existem 4 receptores diferentes para histidina o Todos são GPCR (acoplados a proteína G) o Vai diferenciar o tipo de proteína G e o segundo mensageiro. o Se diferenciam também pelas células em que são encontrados H1 H2 H3 H4 Receptores de Histamina H1 Medeiam reações inflamatórias e alérgicas. As respostas teciduais: 1. Edema 2. Broncoconstrição 3. sensibilização das terminações nervosas aferentes primárias H2 Medeia a secreção de ácido gástrico no estômago. Desempenham um papel em conjunto com a gastrina e acetilcolina. H4 Ainda desconhecido todas suas funções. 40% similar a H3. Acredita-se que está envolvido em quimiotaxia de mastócitos. H3 Ainda desconhecido todas suas funções Acredita-se que regula a atividade de H1 e H2 Acetilcolina (Ach) Ach liga-se a seus receptores respectivos na célula parietal e, desse modo, aumentam os níveis intracelulares de cálcio (Ca2+). O Ca2+ liga-se à calmodulina e estimula a adenilil ciclase. O Ca2+ também ativa a proteinocinase C, que fosforila e ativa a H+/K+-ATPase para aumentar a secreção de H+ Os agentes anticolinérgicos como a diciclomina antagonizam os receptores muscarínicos de ACh nas células parietais. Raramente são utilizados no tratamento da doença ulcerosa péptica, visto que não são tão efetivos quanto os antagonistas dos receptores H2 ou os inibidores da bomba de prótons. Somatostatina O hormônio inibitório Peptídio que tem a função de hormônio, que é produzida no estômago e pâncreas. ✓ Inibe a secreção do hormônio estimulante da tireóide (TSH) ✓ Diminui a secreção dos hormônios gastrointestinais: Gastrina Colecistoquinina (CCK) Secretina Motilina Peptídeo vasoativo intestinal (VIP) Polipeptídeoinibitório gástrico (GIP) Enteroglucagon (GIP) ✓ Inibe a secreção de insulina ✓ Inibe a secreção de glucagon ✓ Diminui a ação secretória exócrina do pâncreas. (1) Inibição da liberação de gastrina das células G; (2) Inibição da liberação de histamina das células ECL e dos mastócitos; (3) Inibição direta da secreção de ácido pelas células parietais. Prostaglandina COX-1 COX-2 Prostaglandina E2 Eicosanóide molécula lipídica com uma estrutura de 20C, derivada de ácido araquidônico. Ação no Receptor EP3 Inibição da secreção gástrica de HCl (acção sob as células parietais da mucosa gástrica); Aumento da secreção de muco pela mucosa gástrica. Inibição da neurotransmissão do sistema nervoso autónomo. Aumentar a secreção de bicarbonato pelas células epiteliais, a renovação celular e o fluxo sanguíneo local. A prostaglandina E2 (PGE2) intensifica a resistência da mucosa à lesão tecidual Receptores de Prostaglandina o As prostaglandinas formam uma grande família de compostos estruturalmente semelhantes, tendo, cada um deles, ações biológicas poderosas e específicas. o Todas as prostaglandinas compartilham uma estrutura química, denominada prostanóide Receptor de prostaglandina E1 Receptor de prostaglandina E2 Receptor de prostaglandina E3 Prostaglandina F2alfa Broncoconstrição Broncodilatação Reduz secreção de ácido gástrico Broncoconstrição Contração do músculo liso gastrointestinal Relaxamento do músculo liso gastrointestinal Aumenta secreção de muco no estômago Contração do Útero Vasodilatação Contração do útero durante a gravidez Broncoconstrição Contração do músculo liso Manutenção do Útero AINE COX-1 COX-2 ❑ Vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, sinalizações de inflamação Salicilatos (ácido acetilsalicílico ou aspirina) Ácidos propiônicos (ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, flurbiprofeno) Indometacina (sulindaco, etodolaco, diclofenaco, cetorolaco) Oxicans (piroxicam), fenamatos (mefenamato, meclofenamato) Cetonas (nabumetona) Inibidores da COX Coxibes são seletivos para COX-2 Prostaglandina Ulcera péptica A úlcera péptica refere-se a uma perda da integridade da mucosa do estômago (úlcera gástrica) ou do duodeno (úlcera duodenal). o Nos Estados Unidos, 4,5 milhões de pessoas sofrem dessa patologia. o A cada ano, são diagnosticados 500.000 novos casos de doença ulcerosa péptica. o A prevalência da doença ulcerosa péptica ao longo da vida é de cerca de 10%. o O custo anual estimado para o tratamento ultrapassa um bilhão de dólares AINE / Úlcera péptica o Mais de 100.000 pacientes são hospitalizados a cada ano devido a complicações gastrintestinais associadas ao uso de AINE o Sangramento gastrintestinal está associado a uma taxa de mortalidade de 5 a 10%. o Os AINE são, em sua maioria, ácidos orgânicos fracos. No ambiente ácido do estômago, esses fármacos são compostos neutros que podem atravessar a membrana plasmática e penetrar nas células epiteliais gástricas. o É de interesse no desenvolvimento de um AINE a absorção rápida, até mesmo pelo estômago. Diclofenaco Antiácidos AGENTES QUE NEUTRALIZAM O ÁCIDO Esses agentes neutralizam o ácido clorídrico, reagindo com o ácido para formar água e sais. Esses antagonistas químicos são utilizados quando necessário para alívio sintomático da dispepsia Demora cerca de 1 min para começar a fazer efeito. Duração de até 1 hora. pH que estava em 1,0 pode ir para entre 3,5 a 5,0. Mais comuns são: bicarbonato de sódio, hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio. NaHCO3 + HCl→ NaCl + H2O + CO2 Efeito Rebote pH 1,0 pH 5,0 Antiácido Efeito Rebote Os efeitos adversos comuns associados a esses antiácidos incluem diarréia (magnésio) e obstipação (alumínio). Evitados quando associados Antagonistas dos Receptores H2 Antagonistas dos Receptores H2 o Existem quatro receptores Histamínicos: Receptor H1 e H2. o Antagonistas dos receptores H2 inibem de modo reversível e competitivamente a ligação da histamina aos receptores H2. o Resultando em supressão da secreção gástrica de ácido. Fármaco Inteligente Cimetidina Primeiro antagonista seletivo de receptores da histamina, subtipo 2, útil no tratamento e prevenção da úlcera gástrica, foi descoberta há mais de 25 anos, sem que a estrutura do alvo terapêutico eleito fosse disponível, e representou uma importante e marcante inovação terapêutica para o tratamento e a prevenção de úlcera gástrica, tendo sido o protótipo para o desenvolvimento de outros fármacos dessa classe. Desafio: ser um medicamento seletivo entre os receptores histamínicos (H1 e H2), mas na época não era conhecido a estrutura e a topografia desses receptores. Cimetidina Ranitidina Famotidina Cimetidina Nizatidina Roxatidina Ranitidina Cimetidina Foi o protótipo adotado para o desenvolvimento para outros antagonistas H2 Farmacocinética Absorção: rapidamente absorvidos pelo intestino delgado. Biodisponibilidade oral: Cerca de 70% da dose oral. Distribuição: As concentrações plasmáticas máximas são alcançadas dentro de 1 a 3 horas. Depuração: A eliminação dos antagonistas dos receptores H2 envolve tanto a excreção renal quanto o metabolismo hepático. É importante diminuir a dose desses fármacos em pacientes com insuficiência hepática ou renal. Uma exceção é a nizatidina, que é eliminada primariamente pelos rins Interação Medicamentosa Interação medicamentosa com fármacos que necessitam um ambiente ácido para ser absorvido, como cetaconazol A cimetidina inibe muitas enzimas do citocromo P450 Inibidores da Bomba de Prótons Os inibidores da bomba de prótons bloqueiam a H+/K+ATPase (bomba de prótons). comparados com os antagonistas do receptor H2, os inibidores da bomba de prótons são superiores na supressão da secreção de ácido e na promoção da cicatrização de úlceras pépticas Omeprazol O omeprazol é o protótipo dos inibidores da bomba de prótons. Omeprazol Todos os inibidores da bomba de prótons são profármacos. Sua ativação no ambiente ácido do canalículo da célula parietal. Formulações orais desses fármacos são de revestimento entérico para prevenir a sua ativação prematura. Sua forma sulfenamida ativa no ambiente canalicular ácido. Sulfenamida reage com um resíduo de cisteína da H+/K+-ATPase, formando uma ligação dissulfeto covalente. Inibe irreversivelmente a atividade da bomba de prótons Necessário aproximadamente 18 horas para restabelecer a produção de ácido Omeprazol Cerca de 70% das receitas desse medicamento são inadequadas. Estima-se que 85 em cada 1.000 indivíduos tomem omeprazol ou um derivado diariamente na Espanha. O que pode causar o uso indiscriminado? Efeito Rebote Efeito adverso raro Câncer de estômago Demência Helicobacter pylori O H. pylori tem sido encontrado no estômago de um número significativo de pacientes com úlceras duodenais e gástricas. Infecção inicial é transmitida por via oral. Movimenta-se sinuosamente através da camada de muco gástrico. O H. pylori fixa-se a moléculas de adesão sobre a superfície das células epiteliais gástricas. O H. pylori produz enzima urease, que converte a uréia em amônia. A amônia tampona o H+ e forma hidróxido de amônio, criando uma nuvem alcalina ao redor da bactéria e protegendo-a do ambiente ácido do estômago. o tratamento indicado consiste em regime triplo ou quádruplo, incluindo os antibióticos metronidazol, claritromicina, amoxicilina ou tetraciclina e um inibidor de bomba de próton . Corrosivo para as células do estômago. Produz endotoxinas que degradam a mucosa gástrica Intestino ❑ Superfície de conta do intestino proximal (Duodeno) é de 200 m². ❑ O intestino delgado tem comprimento de 6 a 8 metros. Seu diâmetro é de cerca de 3 centímetros. ❑ Mesmo que a parte ionizada seja no intestino e a não ionizada no estomago, ainda assim a absorção será maior no intestino. ❑ O pH do intestino proximal é entre 3,0 e 6,0. Intestino 1. Presença de grandes dobras da mucosa, conhecidas comopregas circulares o pH ~6, o que seria estabilizante para proteínas. o Enzimas do suco pancreáticos são proteases potentes como tripsina e quimiotriptisina • 2. Projeções epiteliais semelhantes a dedos de luva, conhecidas como vilos • 3. Vilos são cobertos com uma superfície de membrana semelhante a uma escova, conhecida como borda em escova Aproximação Motilina Sinalizador da motilidade intestinal Doença de Crohn / Colite Ulcerativa Doenças inflamatórias, ulcerativas, recidivantes, idiopáticas e crônicas do trato gastrintestinal. A inflamação crônica e a infiltração dos leucócitos levam a uma lesão progressiva da mucosa. Pode afetar qualquer parte do aparelho digestivo, desde a boca até ao ânus Ambas as doenças aumentam o risco de adenocarcinoma do cólon nas áreas afetadas. Apresar de ter toda cara de doença autoimune ainda não é assim considerada. Causa desconhecida, apresentam iniciação após uma infecção bacteriana. Doença de Crohn / Colite Ulcerativa prednisona Corticoide é a primeira escolha medicamentosa Forma ativa prednisolona Efeito colateral de mineralocorticoide Retenção de íons como a Aldosterona Membrana Citoplasma GCR Glucocorticoid Receptor Prednisolona se liga ao GCR Modula expressão de genes relacionados à inflamação. Enzimas... Muitos efeitos adversos relacionados Causa dependência fisiológica bloqueia indiretamente a fosfolipase A2 Indicado como primeira escolha para promover imunossupressão Por hoje é só!