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Isoimunização pelo fator Rh DHEG Isoimunização pelo fator RH DEFINIÇÃO: A isoimunização é uma condição caracterizada pelo desenvolvimento de anticorpos maternos em resposta a antigénios de proteínas eritrocitárias paternas herdadas pelo feto. Ocasionando a Eritroblastose fetal Diagnóstico Em primeiro lugar deve ser averiguado o grupo sanguíneo (sistemas ABO e Rh) na primeira consulta pré-natal. No pré-natal deve-se solicitar o Coombs indireto em casos de paciente Rh negativo. Se for negativo o resultado, repetir entre 28 e 34 semanas de gestação. No caso de resultado positivo na primeira consulta (paciente sensibilizada) repetir a cada duas semanas a partir das 28 semanas. Internar a paciente se o valor for igual ou superior a 1:32. Se o resultado for positivo no líquido amniótico significa risco aumentado para o feto, e quanto mais alta a titulagem, pior será o prognóstico do feto. Dependendo do grau de passagem transplacentar destes anticorpos para a circulação fetal, a resposta imunológica pode ser suficiente para causar a destruição dos eritrócitos fetais. Apesar de exposições precoces aos antigénios fetais poderem levar à produção de anticorpos numa mesma gravidez, a isoimunização surge mais frequentemente na gravidez subsequente Durante o parto, a passagem de hemácias Rh positivas para a corrente sanguínea da mãe negativa, pela placenta, estimula a formação de anticorpos pelas células do sistema retículo-endotelial, ocorrendo então a isoimunização materna. Como estes anticorpos se mantêm na corrente sanguínea da mãe, em uma próxima gravidez, os anticorpos Rh atacam os glóbulos vermelhos do feto, causando então a doença hemolítica. Existem vários tipos de isoimunização. A mais frequente e cujo antigénio apresenta maior imunogenicidade é a isoimunização Rhesus D (RhD). Esta apresenta como principal complicação a anemia fetal grave, que pode culminar numa hidrópsia fetal, podendo ser fatal para o feto. acúmulo anormal de líquido em dois ou mais compartimentos fetais, apresentando-se como ascite, derrame pleural, derrame pericárdico e edema cutâneo Conduta : Administrar a imunoglobulina anti-Rh até 72 horas após o parto ou aborto, em pacientes Rh negativo, Coombs indireto negativo e RN Rh positivo. Providenciar a realização do Commbs indireto a cada 3 meses, com resultado anterior negativo. Acompanhar e/ou auxiliar na realização da amniocentese. Providenciar realização de dosagem de bilirrubina no líquido amniótico para avaliação da anemia fetal. Para a prevenção, a mãe Rh negativo deve receber a imunoglobulina Anti D na 28ª e 30ª semana de gestação ou até 72 horas após o parto, dificultando a produção de anticorpos anti Rh, de modo a evitar a doença hemolítica do recém nascido nas gestações subsequentes, pois estudos vêm demonstrando que, quanto maior a sensibilização da mãe, maiores são os riscos para o feto (BRASIL, 2012) Diagnósticos de Enfermagem: Risco de lesão fetal relacionada à incompatibilidade sanguínea materno-fetal. Déficit de conhecimento acerca da profilaxia da isoimunização Rh; Ansiedade e medo Doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) Profª Ms. Márcia Goulart DHEG- Doença Hipertensiva Especifica da Gravidez SHIG-Síndromes Hipertensivas Intercorrentes na Gestação HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO No Brasil, a hipertensão arterial é a principal causa de morte materna (Peraçoli e Parpinelli, 2005). Em países desenvolvidos, a ocorrência é de 2 a 8%; no Brasil pode-se chegar a 10%. Caracterizada por Hipertensão Arterial, edema, albuminúria ou proteinúria, em casos mais graves, ocorre convulsão e coma. DHEG HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO Doença multissistêmica que ocorre geralmente no final da gestação (último trimestre de gravidez). A definição de hipertensão na gravidez considera os valores absolutos de PA sistólica > 140 mmHg e/ou diastólica de > 90mmHg. A gravidez pode induzir hipertensão arterial em mulher previamente normotensa ou agravar uma hipertensão preexistente. CLASSIFICAÇÃO DA HAS NA GESTAÇÃO Hipertensão crônica: estado hipertensivo registrado antes do início da gestação no período que precede a 20ª semana de gravidez ou além de doze semanas após o parto. Hipertensão induzida pela gestação: aumento da pressão arterial que ocorre após a 20ª semana de gestação, frequentemente perto do parto ou no puerpério imediato, sem proteinúria. Normalmente, a PA se normaliza nas primeiras 12 semanas de puerpério, podendo, por isso, ser definida como “transitória”. CLASSIFICAÇÃO DA HAS NA GESTAÇÃO Pré-eclâmpsia: aparecimento de hipertensão e proteinúria (300mg ou mais de proteína em urina de 24h), após 20 semanas de gestação, em gestante previamente normotensa. Eclâmpsia: corresponde à pré-eclâmpsia complicada por convulsões. Hipertensão Arterial Crônica com toxemia superposta: é definida pela elevação aguda da PA, acompanhada de proteinúria, trombocitopenia ou anormalidades da função hepática em gestantes portadoras de HAS crônica, com idade gestacional superior a 20 semanas. CAUSAS Permanecem desconhecidas. Pode ser em consequência da combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais que determina o defeito na invasão trofoblástica das arteríolas espiraladas. Esse defeito causa redução na pressão de perfusão uteroplacentária, com consequente isquemia/hipóxia da placenta no decorrer da gestação. É uma desordem multissistêmica, específica da gravidez humana e do puerpério, relacionada a um distúrbio placentário com vasoconstrição aumentada e redução da perfusão. A isquemia placentária libera fatores, como citocinas pró-inflamatórias, que iniciam a cascata de eventos celulares e moleculares, determinando a disfunção endotelial dos vasos, com aumento da resistência vascular. FATORES DE RISCO Idade e multiparidade - multíparas e jovens primigestas Patologias já existentes- Diabetes Mellitus e lúpus Gestação gemelar História familiar de pré-eclâmpsia e eclampsia Hipertensão Arterial Crônica Polihidrâmio Hidropsia fetal (não imune) Manifestações Clínicas Ganho de Peso ( 450 gr/semana após 20 sem. Gestação) Hipertensão Edema Albuminúria Proteinúria DIAGNÓSTICO Clínico e laboratorial Avaliar PA Avaliar edema generalizado Proteinúria maior ou igual a 300 mg/24 horas Teste de hipertensão supina: Prevê a DHEG entre 28 a 32 semanas. Considera-se exame positivo quando se muda a paciente do decúbito lateral para dorsal e a tensão diastólica se eleva no mínimo 20 mmHg (REZENDE, 2000) SINAIS E SINTOMAS PRÉ- ECLÂMPSIA GRAVE: Pressão arterial diastólica igual/maior que 110mmHg Proteinúria igual/maior que 300 mg em 24 horas ou 2+ em fita urinária Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora) Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais) Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia Plaquetopenia (<100.000/mm3) Aumento de enzimas hepáticas (TGO, TGP) e de bilirrubinas SINAIS E SINTOMAS ECLÂMPSIA: Uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma. SÍNDROME HELLP: Hemólise Anemia Desidrogenase lática > 600 UI/L Bilirrubina total > 1,2 mg% Plaquetopenia (Contagem de plaquetas < 100.000/mm) Síndrome de Hellp . ... Quando uma gestante com pré-eclâmpsia apresenta alterações laboratoriais e exames clínicos compatíveis com hemólise*, alteração das enzimas hepáticas e queda na contagem das plaquetas, ela está com Síndrome deHellp. HEMÓLISE: alteração, dissolução ou destruição dos glóbulos vermelhos do sangue TRATAMENTO Hospitalização com o objetivo reduzir a progressão para situações de gravidade e propiciar intervenção imediata nas ocorrências de descolamento prematuro de placenta, eclâmpsia, crise hipertensiva e síndrome HELLP. Monitorar o bem-estar fetal: contagem de movimentos fetais diários e cardiotocografia ou perfil biofísico semanal. Monitorar o bem-estar materno: identificar evolução para caso grave realizandoavaliação contínua da pressão arterial e dos sintomas de disfunção dos órgãos (iminência de eclampsia). CONDUTA NA PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE PA de 4/4h durante o dia; Pesagem diária; Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia: (Cefaleia frontal ou occipital persistente; Distúrbios visuais /escotomas, diplopia, amaurose; dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos; hiper-reflexia; proteinúria na fita ou proteinúria de 24 horas; hematócrito e plaquetas; provas de função renal e hepática; Contagem de movimentos fetais diariamente; Avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico. Se os resultados estiverem normais, repetir o teste a cada três semanas; Cardiotocografia basal (CTB). CONDUTA NA PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE IG maior ou igual a 34 semanas de gestação: interrupção da gestação.; IG entre 24 semanas e 33 semanas e 6 dias: Administração de sulfato de magnésio; Uso de corticoide (betametasona 12mg, a cada 24 horas, 2 aplicações IM); Administração de anti-hipertensivos de ação rápida (Hidralazina ou Nifedipina); Infusão de solução de Ringer lactato a 100-125ml/h; Exames laboratoriais: hemograma completo com plaquetas, creatinina sérica, ácido úrico, AST/TGO, ALT/TGP, desidrogenase lática, proteinúria de 24 horas; Verificação da PA de 4/4 h; CONDUTA NA ECLÂMPSIA A conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos. Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso possível; Decúbito elevado a 30º e face lateralizada; Cateter nasal com oxigênio (5l/min); Punção de veia central ou periférica calibrosa; Cateter vesical contínuo. TERAPIA ANTICONVULSIVANTE COM SULFATO DE MAGNÉSIO O sulfato de magnésio deve ser utilizado nas seguintes situações: Gestantes com eclâmpsia; Gestantes com pré-eclâmpsia grave admitidas para conduta expectante nas primeiras 24 horas; Gestantes com pré-eclâmpsia grave nas quais se considera a interrupção da gestação; Gestantes com pré-eclâmpsia nas quais se indica a interrupção da gestação e existe dúvida se a terapia anticonvulsivante deve ser utilizada. TERAPIA ANTICONVULSIVANTE COM SULFATO DE MAGNÉSIO DOSES: Ataque: 4,0g (8,0ml de sulfato de magnésio a 50% com 12,0ml de água bidestilada) em infusão endovenosa lenta (aproximadamente 15 minutos) ou 5,0g (10ml de sulfato de magnésio a 50%) intramuscular em cada nádega. Manutenção: 1,0g/hora (10ml de sulfato de magnésio a 50% com 490ml de solução glicosada a 5% a 100ml/hora em bomba de infusão) ou 2,0g/hora (20ml de sulfato de magnésio a 50% com 480ml de solução glicosada a 5% a 100ml/hora em bomba de infusão). TERAPIA ANTICONVULSIVANTE COM SULFATO DE MAGNÉSIO CUIDADOS: Suspender o uso caso a frequência respiratória esteja menor que 16 incursões por minuto, os reflexos patelares ausentes ou a diurese seja inferior a 100ml durante 4 horas. Deve-se utilizar agulha longa e técnica em zigue-zague para a administração intramuscular. O gluconato de cálcio a 10% atua como antídoto. É indispensável manter sempre à mão uma ampola de 10ml, para aplicação imediata no caso de eventual parada respiratória. TERAPIA ANTICONVULSIVANTE COM SULFATO DE MAGNÉSIO CUIDADOS: Na recorrência de convulsões, utiliza-se mais 2g IV e aumenta-se a velocidade de infusão do sulfato de magnésio. Na persistência delas, com crises subentrantes, pode-se optar pela fenil-hidantoína, segundo o esquema: Dose de ataque: 250mg + SG 5% 250ml IV em gotejamento até completar a dose total de 750mg. Dose de manutenção: 100mg 8/8h IV e, a seguir, 100mg 8/8 h VO, até a alta. REFERÊNCIAS FREIRE, Cláudia Maria Vilas; TEDOLDI, Citânia Lúcia. 17. Hipertensão arterial na gestação. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 93, n. 6, supl. 1, p. 159-165, Dec. 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009001300017&lng=en&nrm=iso>. access on 18 Mar. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2009001300017. Pré-eclâmpsia nos seus diversos aspectos. -- São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2017.