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www.fatodigital.com.br 1 Prof. Frankes Siqueira - Apostila de Geografia Capítulo 01 LOCALIZAÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO 1.POSIÇÃO GEOGRÁFICA O Estado de Mato Grosso localiza-se na América do Sul fazendo parte da América Latina, a Oeste de Greenwich e ao Sul da linha do Equador. O Estado de Mato Grosso faz parte da região Centro-Oeste do Brasil, localizado na parte sul do continente americano. Possui superfície de 903.357,91 km2, limita-se ao norte com os Estados do Pará e Amazonas, ao sul com Mato Grosso do Sul, a leste com Goiás e Tocantins e a oeste com Rondônia e Bolívia. 1.1- FUSO HORÁRIO O Estado Mato-grossense com uma área de 906.806,9 Km2 localiza-se na América do Sul fazendo parte da América Latina, a Oeste de Greenwich e ao Sul da linha do Equador. Mato Grosso está a oeste de Greenwich, 01 (uma) hora a menos em relação à hora oficial do Brasil e 4 (quatro) horas em relação à hora oficial mundial ou GMT (Greenwich Meridian Time), localidade nos arredores de Londres, na Inglaterra. 1.2 - FRONTEIRAS O Estado de Mato Grosso faz limites com 06 (seis) Estados da federação brasileira e 01(um) país, ou seja, fronteira internacional. Fronteira e ou limites ao Norte com Estado do Amazonas e o Pará, ao Sul com Mato Grosso do Sul, a Leste com os Estados de Goiás e Tocantins, a Oeste com Rondônia e Bolívia. 1.3- PONTOS EXTREMOS http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 2 Os pontos extremos do Estado de Mato Grosso são: ✓Norte - confluência dos rios Teles Pires e Juruena, município de Apiacás; ✓Sul - cabeceira dos rios Furnas e Araguaia, no município de Alto Taquari; ✓Leste - extremo sul da Ilha do Bananal, município de Cocalinho; ✓Oeste - cabeceira do rio Maderinha, município de Rondolândia CAPÍTULO 02 ASPECTOS NATURAIS 1.RELEVO O relevo corresponde ao conjunto de formação apresentadas pela litosfera. Essas formas são definidas pela estrutura geológica combinada com as ações da dinâmica interna e externa da Terra. A estrutura geológica diz respeito ao tipo de rocha - magmática, sedimentar ou metamórfica -, bem como à idade que elas apresentam - mais antigas ou mais recentes. As características tais rochas condicionam a ação dos fatores modificadores do relevo os chamados agentes de erosão. FATORES DO RELEVO Os fatores internos são responsáveis pela elevação ou rebaixamento da superfície da crosta terrestre os fatores externos, por sua vez, causam modificações nessa superfície. ✓Internos: tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos; ✓Externos: intemperismos, águas correntes, vento, mar, gelo, seres vivos, entre outros. A seguir algumas características do relevo de Mato- grossense: ▪Formações antigas ▪Altitudes modestas ▪Sofre ação de agentes externos ▪Predomínio de planaltos sedimentares: Chapadas e Chapadões; Chapada dos Guimarães O relevo brasileiro e mato-grossense modificou muito pelo passar das eras geológicas sofrendo influência de agentes internos (tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos), bem como a influência de agentes externos (ventos, chuvas, rios, ação do Homem, ...). O Brasil na sua parte continental é bastante antigo, o que faz com que não tenhamos grandes altitudes. Na atual Era a Cenozóica os agentes externos (exógenos) têm predominado sobre os internos (endógenos) o que nos dá uma relativa estabilidade geológica. Características Gerais: - Antigo; - Altitudes modestas; - Sofre ação dos agentes Externos; - Predomínio de planaltos sedimentares: Chapadas e Chapadões; CLASSIFICAÇÃO ATUAL DO RELEVO: A proposta atual de classificação do relevo brasileiro é feita pelo professor Jurandyr Ross (1995). Para concluí-la Ross baseou-se nos trabalhos anteriores - dos professores Aroldo de Azevedo e Ab’Saber - e nos relatórios, mapas e fotos produzidos pelo Projeto Radambrasil - entidade governamental responsável pelo levantamento dos recursos naturais do país. O professor Ross dá uma nova definição para os conceitos de planícies e planaltos e introduz uma nova forma de relevo, as depressões. O resultado de seu trabalho foi à identificação de 28 unidades de relevo, sendo 11 planaltos, 06 planícies e 11 depressões. Dentre as 28 unidades, 11 estão presentes no Estado de Mato Grosso, sendo 04 planaltos, 03 planícies e 04 depressões. Localização Pontos Extremos Área (Km2) Norte Sul Leste Oeste Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude Brasil +5°16’20’’ -60°12’43’’ - 33°45’03’’ -53°23’48’’ -7°09’28’’ 33°45’03’’ -7°33’13’’ -73°59’32’’ 8.547.403,50 Centro Oeste -7°21’13’’ -58°07’44’’ - 24°04’02’’ -54°17’10’’ - 14°32’16’’ -45°58’36’’ - 10°09’04’’ -61°36’04’’ 1.612.077,20 Mato Grosso -7°21’13’’ -58°07’44’’ - 18°02’26’’ -53°29’09’’ -9°50’27’’ -50°12’22’ - 10°09’04’’ -61°36’04’’ 906.806,90 Localização Pontos Extremos Área (Km2) Norte Sul Leste Oeste Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude Brasil +5°16’20’’ -60°12’43’’ - 33°45’03’’ -53°23’48’’ -7°09’28’’ 33°45’03’’ -7°33’13’’ -73°59’32’’ 8.547.403,50 Centro Oeste -7°21’13’’ -58°07’44’’ - 24°04’02’’ -54°17’10’’ - 14°32’16’’ -45°58’36’’ - 10°09’04’’ -61°36’04’’ 1.612.077,20 Mato Grosso -7°21’13’’ -58°07’44’’ - 18°02’26’’ -53°29’09’’ -9°50’27’’ -50°12’22’ - 10°09’04’’ -61°36’04’’ 906.806,90 http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 3 Planalto e Chapada da Bacia do Paraná - este planalto é formado por terrenos sedimentares com idade que vão desde o Devoniano até o Cretáceo e rochas vulcânicas básicas e ácidas do Mesozóico. Em Mato Grosso, esse relevo é marcado pela formação de costas e pela presença de superfícies altas e planas que podem atingir entre 900 a 1000 metros de altitude. Planalto e Chapada dos Parecis - é a mais extensa unidade geomorfológica, ocupando o meio norte do Estado. Superfície aplainada da Chapada dos Parecis apresenta cotas que ultrapassam os 700 metros de altitude nas áreas próximas das nascentes dos rios Juruena, Guaporé e Jauru, declinando em direção a NE, chegando à extremidade Norte com 550 metros. O relevo caracteriza-se por superfícies planas, apresentando algumas rupturas de nível (escarpa) nos anfiteatros erosivos das cabeceiras de alguns cursos de água. Está área apresentam topografia favorável às práticas agrícolas mecanizadas. Planaltos Residuais sul-amazônicos - são áreas que emergem das superfícies rebaixadas da Depressão Sul Amazônia. Caracterizam-se pela presença de inúmeros blocos de relevos residuais, distribuídos dispersamente na porção não Norte do Estado. Esse conjunto é conhecido regionalmente pelo nome de serras como a Serra dos Apiacás, Serra do Cachimbo e dos Caiabis, Serra do Norte, Serra das Onças, Serra Formosa e Serra do Roncador. Serras Residuais do Alto Paraguai - esse conjunto de relevo separa fisicamente a Depressão do Alto Paraguai da Depressão Cuiabana. Na porção sul, o conjunto de serras recebe o nome de Bodoquena e ao Norte o conjunto é conhecido como Província Serrana, cuja serra mais conhecida é a Serra das Araras. São formas residuais de dobramentos muitos antigos, bastante desgastados pela erosão, chegando a 800 metros de altitude. É construída de rochas sedimentares também muito antigas. Depressão Marginal sul-amazônica - compreende uma área que extrapola os limites matogrossenses ao Norte do Estado. O relevo apresenta superfície rebaixada e dissecada em forma predominante convexa dividida por uma infinidade derios que drenam a região. Depressão Araguaia - localiza-se na porção leste do Estado, caracterizada por superfície plana altitudes entre 200 a 300 metros, onde predominam relevos pediplanos conservados, ao lado de planícies de acumulações que ficam inundadas periodicamente. Esta área é drenada pelo rio Araguai e das Mortes. Depressão Cuiabana - compreende uma área rebaixada situada entre o Planaltos dos Guimarães e a Província Serrana, sua topografia representa, de modo geral, uma forma rampeada com inclinações de Norte para Sul com altimetria, variando de 200 metros no limite sul e 450 metros no alto vale dos rios Cuiabá e Manso. Ao Norte aparecem formas convexas e dirigindo-se no sentido do Pantanal aparecem áreas que revelam sedimentos de acumulações recentes. Depressão do Alto Paraguai - Guaporé - Compreende uma área drenada pelo alto curso do rio Paraguai e afluentes. O relevo tem uma pequena declividade com altitude entre 120 a 300 metros. A depressão do Guaporé acompanha todo o vale do rio Guaporé vinculado a Bacia Amazônica. O relevo tem uma altitude média de 200 metros. Planície e Pantanal do Guaporé - corresponde as áreas de acumulação freqüentemente sujeitas à inundações com altitude entre 180 a 220 metros. É uma área de sedimentos quaternários. Planícies e Pantanais Matogrossenses - essa denominação ocorre devido às feições peculiares que assumem as áreas drenadas pelo rio Paraguai e afluentes. Esta planície não é uma área permanentemente alagada. As áreas sujeitas a inundações variam com a altura da lâmina d’água, duração do alagamento e extensão da área inundada. Sendo assim, pode-se distinguir vários pantanais como o de Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço e etc. No Pantanal, também encontramos as cordilheiras, pequenas elevações que sobressaem sobre a planície. Planície do rio Araguaia (Bananal) - Topografia plana com sedimentação recente sujeita a inundações periódicas, com altitude entre 200 a 220 metros. Em território matogrossense corresponde a uma pequena faixa à margem esquerda do rio Araguaia. 3 - SOLO DE CERRADO • Ácido: Grande quantidade de Fe, Si e Al • Predomínio do Latossolo • Correção feita com calcário • Expansão agrícola graças ao POLOCENTRO FORMAS DE DEGRADAÇÃO DO SOLO: A ação natural aliada a ação antrópica (Homem) no solo tem provocado sérios danos, prejudicando a fertilidade do solo. Iremos elencar algumas formas de degradação mais comuns dos solos em Mato Grosso: • Desmatamento - feito de forma predatória, expõe o solo a intempéries climáticas facilitando o aparecimento de erosões tanto na forma de ravinas como em voçorocas. O município de São José do Rio Claro tornou-se notório nos livros de geomorfologia por possuir grandes áreas com processo erosivo. • Compactação - refere-se à diminuição do perfil topográfico do solo devido ao uso incessante de máquinas pesadas no solo. Essas máquinas são comuns na lavoura mato- grossense, sendo assim ocorre uma diminuição dos horizontes do solo. • Laterização - consiste no processo final da lixiviação, ou seja, a água das chuvas transporta os sedimentos, deixando uma concentração de ferro no solo. A retirada da cobertura vegetal expõe o solo a intensa radiação, o que proporciona o endurecimento do solo, formando as chamadas “pedra canga”, que são comuns em áreas de cerrado. • Queimadas - o uso de queimadas constantes no solo compromete a sobrevivência dos microorganismos, que são essenciais para formação da matéria orgânica. • Agrotóxicos - o uso de agentes químicos eleva a produtividade na agricultura, no entanto o uso excessivo e inadequado é prejudicial ao solo e aos mananciais de água pois os agrotóxicos podem ser levados pelas chuvas para os cursos de água, provocando uma eutrofização dos córregos e rios. O estado de Mato Grosso é um dos maiores consumidores de agentes químicos do país. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 4 4- Hidrografia O Estado de Mato Grosso e contemplado com 03 bacias principais: a bacia Amazônica, a bacia Platina (rio Paraguai) e a bacia Tocantins-Araguaia. Bacia Amazônica Essa abrange uma maior área dentro de Mato Grosso tendo inúmeros rios que compõe os afluentes da margem direita da maior bacia hidrográfica do mundo. Os rios são de corredeiras devido o contato entre as áreas cristalinas (serras) com as áreas sedimentares (depressões). Dentre os rios dessa bacia temos os rios: Xingu - onde se encontra a maior reserva indígena do mundo que é o parque do Xingu, rio Guaporé - um importante afluente do rio madeira que está em fase de estudo para a implantação de uma hidrovia ligando o rio Guaporé ao rio madeira em Rondônia, Rio Teles Pires que ao encontrar com o rio Juruena vai formar o Tapajós, atualmente temos estudos para viabilizar uma hidrovia na região norte de Mato Grosso ligando até o rio Amazonas, ainda fazem parte dessa bacia hidrográfica o rio Roosevelt, Aripuanã, Arinos dentre outros. Rio Guaporé faz fronteira com Bolívia e o Estado de Rondônia. Banha os municípios de Comodoro, Nova Lacerda, Conquista D’Oeste, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade, Jaurú, Porto Esperidião, Tangará da Serra, Campos de Julio e Vale de São Domingos. Rio Aripuanã, faz fronteira com os Estados de Amazonas e Rondônia. Banha os municípios de Juruena, Juína, Castanheira, Colniza, Aripuanã e Cotriguaçu. Rio Roosevelt tem como seus principais tributários o rio Flor do Prado, rio Quatorze de Abril e rio Capitão Cardoso. Banha os municípios de Rondolândia, Juína, Aripuanã e Colniza. O Salto Dardanelos, no rio Aripuanã, fica na área urbana da cidade de Aripuanã, é um a sucessão de inúmeras cachoeiras em um desnível de 150 metros, é um dos mais belos cartões postais do Mato Grosso. Rio Teles Pires, sua bacia ocupa uma área de aproximadamente 146.600 km2 incluindo os Estados de Mato Grosso e Pará, que utilizam os recursos hídricos da bacia principalmente para o abastecimento público, agropecuária, pesca, turismo, lazer e produção industrial. O Teles Pires tem suas nascentes no município de Primavera do Leste e suas águas banham dois importantes biomas brasileiros: o cerrado e a floresta amazônica. Segundo EPE Empresa Produtora Energética (EPE), do Ministério das Minas e Energia, estima construção de cinco novas usinas no rio Teles Pires: - U.H Sinop (Julho/2014)- potência instalada de 461 mW; - U.H Colíder (fevereiro/2015) - potência instalada de 342 mW; - U.H Magessi (abril/2015) - potência instalada de 53 mW; - U.H São Manuel (janeiro/2015) - potência de 746 mW; - U.H Teles Pires (setembro/ 2015) - potência de 1,82 mW. BACIA DO PARAGUAI Dos rios que compõem a bacia Platina o rio Paraguai é o único que nasce em Mato Grosso, na região da serra Azul entre os municípios de Diamantino e Alto Paraguai. Esse rio é de planície, isto é, propicio a navegação. Tem uma grande função ecológica, que é abastecer o pantanal de Mato Grosso, pois é o rio Paraguai e afluentes os responsáveis pelas cheias pantaneiras, haja vista que os desníveis desse rio são baixos no pantanal. Por ser um rio meândrico, isto é, sinuoso, as cheias ocorrem com atrasos no pantanal pois a declividade chega 1,5 cm/Km no sentido norte-sul e ao menos de 1,0 cm/Km no sentido de Leste-Oeste. A malha hidrográfica do Pantanal é formada pelo rio Paraguai e seus maiores afluentes são: São Lourenço (670 Km), Cuiabá (650 Km), Miranda (490 Km), Taquari (480 Km), Coxim (280 Km) e Aquidauana (565 Km), bem como os rios menores: Nabileque, Apa e Negro. A bacia do rio Paraguai é formada por 175 rios que totalizam 1400 quilômetros de extensão dentro do território brasileiro. http://www.fatodigital.com.br/www.fatodigital.com.br 5 BACIA DO TOCANTINS-ARAGUAIA Essa bacia é a maior totalmente brasileira, pois a bacia Amazônica e a bacia Platina abrangem outros países. O rio Araguaia tem suas nascentes na serra do Caiapó a 850m de altitude na divisa entre os estados de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul e Goiás. Corta o extremo leste de Mato Grosso com uma extensão de 2.115Km sendo o maior afluente do rio Tocantins. O rio das mortes é o maior afluente do rio Araguaia, e após se encontrarem vão formar a ilha do bananal que corresponde a maior ilha fluvial do mundo, sendo que nesta ilha está à reserva indígena dos índios da etnia Karajá. A implantação de uma hidrovia ligando o rio das mortes a partir de Nova Xavantina ao rio Araguaia que por sua vez vai ligar-se ao rio Tocantins tem gerado muitas discussões devido aos possíveis impactos ambientais na região, no momento a hidrovia está embargada, no entanto a população do médio e baixo Araguaia vêem a hidrovia como grande propulsora do desenvolvimento econômico daquela região. 5 - CLIMA FATORES QUE DETERMINAM: • Latitude; • Altitude; • Continentalidade; • Massas de ar. O Estado de Mato Grosso apresenta sensível variedade de climas, os tipos climáticos; - Clima Equatorial (Af) - Clima Tropical Típico (Aw) TROPICAL TÍPICO/ CONTINENTAL OU SEMI - ÚMIDO Caracteriza-se por uma alternância: Seco e Úmido, no sentido Centro-Sul-Leste atingindo a maior parte do Estado. Predominando altas temperaturas com médias entre 20ÚC a 28ÚC, com exceção das áreas mais elevadas no Sudoeste do Estado. No verão, esse clima é influenciado pela massa de ar equatorial continental (mEC), que é quente e úmida, tornando a essa estação chuvosa. No inverno temos a atuação de massa tropical continental (mTC) que da a origem a ventos quentes e secos, e temos também nessa estação, a atuação da massa polar atlântica (mPA), que provoca queda brusca da temperatura na região, ocasionando o fenômeno conhecido por friagem. O inicie pluviométrico nessa região é de 1.500 mm/ano, no entanto as chuvas se concentram no verão onde ocorrem 70% das precipitações. CLIMA EQUATORIAL Caracteriza-se pela pequena amplitude térmica, pelas elevadas temperaturas e por apresentar chuvas o ano todo, onde os índices pluviométricos estão acima de 2.000 mm/ ano, com temperaturas médias entre 240 C a 270 C, predominando na porção Centro-Norte do Estado. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 6 2.5 - VEGETAÇÃO No território mato-grossense, temos paisagens florísticas pertencentes a três domínios morfoclimáticos: o Domínio Amazônico, o Domínio dos Cerrados e o Domínio das Faixas de Transições (Pantanal, Complexo do Xingu e Cachimbo). DOMÍNIO AMAZÔNICO É uma das maiores formações florestais do mundo, cobrindo uma área que inclui, além do Brasil, territórios da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Guianas, Suriname e Bolívia. É uma formação higrófila, isto é adaptada a ambiente úmido, latifoliada (com grande folhas), perene (sempre verde), densa, de difícil penetração e heterogênea, isto é, rica em espécies vegetais. Ao longo dos espaços amazônicos, podemos notar variações. Localizada na porção Centro-Norte do Estado inserida na área correspondente a “Amazônia Legal”. Podemos subdividi- lo em: - Floresta Perenifólia Higrófila Hileiana Amazônica - Floresta Subcaducifólia Amazónica Características: - Higrófila (Adaptada a ambiente úmido) - Latifoliada (com grande folhas) - Perene (sempre verde) - Densa, (difícil penetração) - Heterogênea (rica em espécies) - Solo de baixa fertilidade Floresta Perenifólia Higrófila Hileiana Amazônica Estando no extremo Norte de Mato Grosso, possui árvores de grande porte, podendo atingir até 70 metros de altura. O seu aproveitamento econômico esta ligada diretamente à exploração da madeira como o mogno, cedro, jacarandá, angelim, castanheira, seringueira, peroba e outros. Por trás da sua imensa riqueza e grandiosidade esconde-se uma assustadora realidade: toa a enorme floresta amazônica desenvolve-se em uma fina e pobre camada de solo, a maior parte produzida por ela e que a sustenta. As folhas e galhos que caem são decomposto por fungos e bactérias, formando o solo orgânico (o húmus) e liberando nutrientes (fósforo, potássio, nitrogênio), que são reabsorvidos pelas raízes das plantas. Floresta Subcaducifólia Amazônica Dentre as formações vegetais que recobrem a microrregião Norte mato-grossense, esta é a que ocupa maior parte. Estende também, na porção sul e Sudeste da Chapada dos Parecis. A Floresta Subcaducifólia é formada por árvores de estratos que variam de 15 metros á 30 metros, com troncos finos e copas pouco desenvolvidas. Essas matas são muito densas, e, por isso, em seu interior há pouca luz: as copas das árvores são muito próximas umas das outras, chegando quase sempre a se tocarem. Dentre as espécies presentes nessas regiões destacam-se; o angico, jatobá, seringueira e castanheira. Como subtipos desta floresta, aparecem ainda as Matas de Galeria (ou Ciliar) e a Mata de Poaia. As Matas de Galerias localizam-se ao longo dos cursos das águas. Já a Mata de Poaia destaca-se a espécie a qual originou-se o seu nome - Ceplhaelis epecacuanha rich - que já teve grande valor econômico para o Estado de Mato Grosso, dada a sua utilização na industria farmacêutica. DOMÍNIO DO CERRADO São formações vegetacionais associadas com o clima tropical semi-úmido do interior do Brasil. O Cerrado é uma formação do tipo savana tropical, com extensão de cerca de 2 milhões de km² no Brasil Central, com pequena inclusão na Bolívia. Espalha-se por uma extensa região de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Goiás, Brasília e Mato Grosso. Características: - Arbustos retorcidos - Casca grossa - Árvores esparsas - Raízes profundas OBS. São plantas resistentes ao fogo, que assemelham as Savanas africanas COMPLEXO DO PANTANAL Localizado em uma extensa planície inundável - bacia do Rio Paraguai - é a maior planície inundável do mundo. Ocupa uma área no Brasil de aproximadamente 150.000 km², englobando em território do Sudoeste de Mato Grosso e Oeste de Mato Grosso do Sul, junto à fronteira com o Paraguai e Bolívia. Somando os terrenos dos países vizinhos a área pantaneira ultrapassa a 200.000 km² Devido às condições mesológicas, muito úmida, há uma mistura de espécies vegetais, onde surgem árvores típicas a Mata Atlântica e Floresta Amazônica em áreas um pouco mais firme, arbustos retorcidos do cerrado em áreas onde a água permanece por três meses, e gramíneos no fundo das baías, quando elas secam. Há também a presença de cactáceas. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 7 Devido à profusão de espécies, trata-se de um nicho ecológico, uma área de reprodução animal. O Pantanal um dos mais importantes patrimônios naturais do Brasil, com uma fauna muito rica - são 650 espécies de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis, de acordo com um levantamento feito pela ONG (Organização Não Governamental) WWF. Devido à profusão de espécies, trata-se de um nicho ecológico, uma área de reprodução animal. Dentre os vegetais mais comumente encontrados podemos destacar: Palmeiras (carandá e buriti), Aguapé, Capim-mimoso, Paratudo, Quebracho e Angico. - COMPLEXO DO CAXIMBO - COMPLEXO DO XINGU • Localizam-se no extremo norte do Estado; • Região de solo arenoso e pobre; • Vegetação de transição entre Cerrado -Mata de Galeria- Campo, ou seja,são formações arbustivas, com presença de gramíneas. CAPÍTULO 03 ASPECTOS HUMANOS 3.1 - POPULAÇÃO Após a divisão do estado de Mato Grosso em 1979 houve um grande aumento populacional saltando de 1.138.426 para 2.854.642 (IBGE,2007), chegando a mais de 3 milhões em 2010, correspondendo a um crescimento superior a 120%, nas últimas décadas. Através dos dados acima podemos observar que a partir de censo de 1980 a população de Mato Grosso passa a ser predominantemente urbana. Tendo hoje em torno de 80% da população morando nas cidades. O macrocefalismo (inchaço) das cidades provocou a queda do padrão de vida médio da população, provocando o superpovoamento, ou seja, o aumento populacional proporcionou em aumento considerável dos problemas urbanos. Mato Grosso alcançou, em 2010, a população de três milhões de habitantes. É o que diz o Censo Populacional divulgado oficialmente ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 10 anos, a população mato- grossense cresceu 21,15%, índice acima do registrado na região Centro-Oeste (20,74%). Isso representa, em números absolutos, um acréscimo de 529.638 pessoas. Comparando os censos realizados em 2000 e 2010, entre os 141 municípios do Estado, 41 sofreram redução populacional e outros 100 registraram aumento. A maior perda populacional ocorreu no município de Itaúba, distante a 600 quilômetros de Cuiabá. A cidade perdeu 46% das 8.565 pessoas e chegou em 2010 com apenas 4.570 pessoas e foi a segunda do país em perda populacional (ver matéria). Além de Itaúba, os maiores decréscimos foram registrados em Novo São Joaquim (- 36,15%), Aripuanã (-32,58%), Porto Estrela (-22,69%), Nova Brasilândia (-20,62%), Araguainha (-19,01%), Jauru (- 18,04%), Terra Nova do Norte (-17,47%), Marcelândia (- 16,99%) e Salto do Céu (-16,51%). Entre os 100 municípios que mais cresceram, quatro superaram as expectativas do IBGE. Lucas do Rio Verde (135,79%) apresentou o melhor desempenho. O município saltou de 19.316 para 45.545. Em seguida aparecem Sapezal (129,85%), Nova Mutum (113,48%) e Juruena (106,85%). O Censo ainda mostrou um Mato Grosso urbano. De acordo com o IBGE, 81,89% da população mato-grossense vivem na cidade e outros 18,11%, na zona rural. Rondolândia, por exemplo, é o município mais rural do Estado, com 76,7% de sua população no campo. No topo dos urbanos figura Várzea Grande, com 98,5% de habitantes vivendo na parte urbana da cidade. O Estado ainda possui mais homens do que mulheres. São 1.548.894 homens para 1.485.097 mulheres, uma diferença de 63.797. Unidade 1970 1980 1991 2000 2010 cresc. % (1970/2010) Cuiabá 100.880 212.984 402.813 483.346 551.350 546% Mato Grosso 598.879 1.138.806 2.027.391 2.504.353 3.001.692 501% Brasil 93.139.037 119.002.706 146.823.475 169.799.200 191.430.630 205% Tabela 1: Evolução da população total de Cuiabá, de Mato Grosso e do Brasil Fonte: Elaboração própria http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 8 CONTAGEM - Para chegar aos 3.033.991 mato-grossenses, o IBGE utilizou o mecanismo da imputação porque encontrou 21.764 domicílios fechados no Estado, que ficariam de fora do levantamento. A técnica consiste em multiplicar as residências em questão pela média de habitantes por domicílio (3,31). Com esse mecanismo, muitos municípios saíram da “lista negra” (da redução populacional), que partiu de 98 para 41 cidades. Em Mato Grosso a contagem populacional em 15 municípios com maior queda de habitantes em relação à expectativa do IBGE passou por revisão. Destes, apenas quatro tiveram a situação confirmada. Terra Nova do Norte, São Félix do Araguaia (-1,46%), Marcelândia e Tabaporã (- 8,53%) perderam população e vão se juntar àqueles que terão perda no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), do governo federal, que se orienta pela quantidade de habitantes para liberar recursos em cada cidade brasileira. A maioria dos mato-grossenses reside em áreas urbanas (82%), a população rural compreende 18%. O estado possui 141 municípios, a maioria é habitada por menos de 20 mil pessoas. Cuiabá, capital do Estado, é a cidade mais populosa - 551.098 habitantes. Outros municípios com grande concentração populacional são: Várzea Grande (252.596), Rondonópolis (195.476), Sinop (113.099), Cáceres (87.942), Tangará da Serra (83.431). Nos últimos anos o Mato Grosso tem recebido consideráveis fluxos migratórios, consequência da expansão da fronteira agrícola. A população do estado é formada por pessoas de diferentes composições étnicas. De acordo com dados do IBGE, a distribuição é a seguinte: Pardos - 55,2%. Brancos - 36,7%. Negros - 7%. Indígenas - 1,1%. Portanto, os habitantes que se declaram como pardos é maioria. A população indígena de Mato Grosso se concentra no Parque Nacional do Xingu, ali vivem tribos indígenas que preservam a tradição do Kuarup, ritual realizado em homenagem aos mortos. O estado apresenta grande pluralidade cultural, entre os elementos da cultura mato-grossense estão: o Cururu, o Siriri, o Rasqueado Cuiabano, o Boi, a Dança de São Gonçalo, a Dança dos Mascarados e o Congo. O Mato Grosso ocupa a 11° posição no ranking nacional de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com média de 0,796. A taxa estadual de mortalidade infantil é de 19,2 a cada mil crianças nascidas vivas, essa média é a maior do Centro-Oeste. A taxa de assassinatos por 100 mil habitantes é de 25,2, sendo uma das maiores médias do país. A maioria dos habitantes é alfabetizada - 89,8%, e 48,7% possuem oito anos ou mais de estudo. 3.2 - CENSO 2010 CRESCIMENTO POPULACIONAL - REGIÕES BRASILEIRA Sudeste - 42,1% Nordeste - 27,8% Sul - 14,4% Norte* - 8,3% Centro-Oeste* - 7,4% *Continuam aumentando a representatividade no crescimento populacional, enquanto as demais regiões mantêm a tendência histórica de declínio em sua participação nacional. A região Norte - fronteira agrícola mais recente foi a que mais cresceu no último Censo (2010), devido os seguintes fatores: - ‘boom’ das commodities agrícolas; - Melhoria da infraestrutura; - Encarecimento da produção no Centro-Oeste; MAIORES TAXAS DE CRESCIMENTO (2000-2010) As regiões Norte (2,09%) e Centro-Oeste (1,91%), obtiveram os maiores crescimento. As dez Unidades da Federação que mais aumentaram suas populações se encontram nessas regiões: Amapá (3,45%); Roraima (3,34%); Acre (2,78%); Distrito Federal (2,28%); Amazonas (2,16%); Pará (2,04%); Mato Grosso (1,94%); Goiás (1,84%); Tocantins (1,80%); Mato Grosso do Sul (1,66%). De acordo com o IBGE, a componente migratória contribuiu significativamente para esse crescimento. Estados de ocupação agrícola mais antiga como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul obtiveram taxas altas, mas sem o ritmo das décadas anteriores, revelando a estabilidade de sua estrutura fundiária e de sua produção agrícola. Observação: Mato Grosso teve o segundo maior crescimento da região Centro-Oeste, perdendo apenas para o Distrito Federal. •POPULAÇÃO ABSOLUTA: 3 035 122 Habitantes •DENSIDADE DEMOGRAFICA: 3,36 Hab./Km2 •MAIORES CIDADES: Cuiabá 551 098 Várzea Grande 252 596 Rondonópolis 195 476 Sinop 113 099 Cáceres 87 942 Tangará da Serra 83 431 CRESCIMENTO POPULACIONAL - CAPITAL: CUIABÁ A capital de Mato Grosso obteve um crescimento inferior a do que ocorreu no Estado. Entre os anos de 70 - 80: 112,2 % Entre os anos de 2000 - 2010: 14,0 % É a menor variação desde 1950, quando a população da cidade deu um salto quase imperceptível de 3,3%. MUNICÍPIOS QUE MAIS CRESCERAM EM MATO GROSSO •Sapezal; •Nova Mutum; •Juruena; OBS.: Itaúba foi o que a maior redução populacional emMT, está entre os cinco do país. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 9 MAIORES CIDADES DE MATO GROSSO MENORES CIDADES DE MATO GROSSO 3.3- DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DISTRIBUIÇÃO POR SEXO Em Mato Grosso contrariando uma tendência nacional, há um predomínio de Homens, uma diferença de 63.797 pessoas. - 1.548.894 homens; - 1.485.097 mulheres; ✓Brasil: 100 mulheres para cada 96 homens. ✓Mato Grosso: 100 mulheres para cada 104,30 homens. ✓Cuiabá: 100 mulheres para cada 95,5 homens. ✓Várzea Grande: 100 mulheres para cada 98,38. ✓Tapurah: 100 mulheres para cada 139,83 homens. DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA DE IDADE Acompanha a tendência nacional, predomínio de adultos. •Idosos 5,82% •Adultos 53,46% •Jovens 40,72% 3.4 - DIVISÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO A COR A população brasileira e mato-grossense formou-se a partir de três grupos étnicos básicos: o indígena, o branco e o negro. A intensa miscigenação (cruzamentos) ocorrida entre os grupos deu origem a numerosos mestiços ou pardos (como são oficialmente chamados), cujos tipos fundamentais são os seguintes: • mulato (branco+negro); • caboclo ou mameluco (branco+Índio); • cafuzo (negro+índio). http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 10 • BRANCOS: 37,0% • NEGROS: 4,5% • PARDOS: 57,0% • MARELOS: 0,5% • ÍNDIOS: 1,0% ÍNDIO Os nativos espalhavam-se por todo território nacional, formando tribos com diferentes estágios culturais, originados de três grandes lingüísticos: Tupi, Jê, Aruak. Também é desconhecido o número de índios que habitavam o espaço mato-grossense antes da chegada de Pascoal Moreira Cabral. Sabe-se que eram muitos. Estudos mostram que nessa época já existiam disputa por território entre tribos diferentes. Também já é conhecida a grande diversidade lingüística das tribos que vivem neste Estado. É importante o conhecimento dessa diversidade, para entendermos por que muitas tribos são rivais e não conseguem se entender. Como exemplo, podemos citar os índios originados da família Tupi-Guarani (Apiaká, Kayabi) que estabelecem boas relações entre si, porque conseguem se entender através de uma linguagem semelhante. O mesmo não acontecendo se forem colocados juntos os índios Bororos (cujo tronco lingüístico é o Macro-Jê), com os índios Parecis da família Aruak (tronco lingüístico desconhecido) que falam línguas diferentes e têm culturas diferentes. Quando o Brasil realizou seu primeiro recenseamento em 1872, Mato Grosso tinha uma população de 60.417 habitantes, destes 14,10% foram agrupados como caboclo- índios. Em 1980, um século mais tarde, os amarelos constituíam 0,41% da população mato-grossense. PRINCIPAIS ETNIAS E ÁREAS: - XAVANTES: Nova Xavantina, Campinápolis, Barra do Garças, São Felix do Araguaia, Cocalinho e Água Boa. - CHIQUITANO: Porto Esperidião, Cáceres, Pontes e Lacerda e Villa Bela S. Trindade. - PARESI: Sapezal, Pontes e Lacerda, Campo Novo dos Parecis, Tangará da Serra, Campos de Julio e Conquista do Oeste. - CINTA LARGA: Aripuanã e Juína - BORORO: Rondonópolis, Poxoréu, Nova São Joaquim, Barão de Melgaço, Santo Antonio do Leverger. * KAIAPÓ, KAYABI, AWETI, TRUMAI, WAURÁ E OUTROS: http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 11 TEXTO COMPLEMENTAR Histórico da ocupação do entorno do Xingu Apesar de a soja ser o vetor mais recente da degradação ambiental na área de entorno do Parque Indígena do Xingu, o passivo ambiental da região já existia. Está associado à história de ocupação da região, marcada pelos projetos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), criada em 1966, pelos projetos de colonização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e de empresas particulares. O resultado foi a intensa especulação de terras, desencadeada com força na década de 1960, e o incentivo ao desenvolvimento agrícola e pecuário, sem qualquer tipo de cuidado ambiental, o que gerou um quadro de expressiva degradação ambiental. Para se ter uma idéia, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que a área desmatada no Mato Grosso passou de 920 mil hectares em 1975 para 6 milhões de hectares, em 1983. Essa história começou nos anos 1940, quando o presidente Getúlio Vargas criou a Marcha para Oeste. O objetivo era desbravar uma parte do Brasil, até então desconhecida e isolada do contexto nacional, e realizar obras de infra- estrutura para permitir sua ocupação por não-índios e integrar economicamente o Centro-Oeste ao Norte e Sul do país. Paralelamente, Vargas organizou a Expedição Roncador- Xingu, cuja missão era abrir o caminho e realizar o reconhecimento oficial das áreas ocupadas pelos povos indígenas. O nome foi dado em referência à Serra do Roncador, divisor de águas entre o Rio das Mortes (Bacia do Araguaia) e o Rio Xingu, no leste do Mato Grosso. A expedição era subordinada à Fundação Brasil Central (FBC), criada no mesmo ano, 1943, cuja meta era estabelecer núcleos populacionais. A partir de 1946, a FBC começou a se instalar na região leste do Mato Grosso e iniciou-se o trabalho dos irmãos Villas Boas, indigenistas, integrantes da Expedição Roncador- Xingu. A missão dos Villas Boas era contatar grupos indígenas que vivessem nos locais onde seriam implementados os núcleos de desenvolvimento e levá-los para outros lugares. Essa missão se estendeu pela década de 1950 e início dos anos 1960 e foi acompanhada por uma forte campanha para demarcar e proteger as Terras Indígenas da região. Doze anos depois, em 1964, era criado o Parque Indígena do Xingu. Os militares e o surto desenvolvimentista Naquele ano, logo após o golpe militar, o presidente Castello Branco instituiu a Operação Amazônia, estratégia que visava introduzir um modelo de desenvolvimento econômico na região amazônica, com base em obras de infra-estrutura - como a abertura de rodovias - e em incentivos fiscais e créditos à iniciativa privada. Entre as diretrizes estabelecidas, merece destaque a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que seria a partir daquele momento e até o final dos anos 1980 o principal norteador da ocupação da região a leste do Xingu por grandes projetos agropecuários. Extinta em fevereiro de 2001 sob uma enxurrada de denúncias de desvio de dinheiro público, acaba de ser recriada, em novas bases, pelo governo Lula. Se até a década de 1950, grande parte das áreas de floresta amazônica e de cerrados no norte do estado do Mato Grosso estava bem preservada e praticamente intacta nos anos 1960 a estratégia do governo federal de intensificar a ocupação na região das nascentes do rio Xingu, gerou os primeiros desmatamentos a leste do parque indígena, cujas terras haviam sido demarcadas em 1961 pelo presidente Jânio Quadros. A ocupação da região das nascentes do Rio Xingu - e do norte do Mato Grosso - não se restringe, no entanto, aos grandes empreendimentos agropecuários. O outro eixo da estratégia de ocupação e desenvolvimento da região foi a política de colonização, que era dirigida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e contava com incentivos fiscais da Sudam para projetos privados de colonização. Essas iniciativas foram implementadas nas décadas de 1970 e 1980, destinadas ao assentamento de pequenos produtores do sul, à produção de lavouras alimentares (arroz, milho e mandioca) e ao desenvolvimentoda pecuária bovina. Os projetos de colonização, principalmente os de caráter privado, tornaram-se marcos importantes na formação de cidades. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 12 CAPÍTULO 04 CRESCIMENTO URBANO 4.1 - URBANIZAÇÃO É o aumento da população urbana sobre a população rural. Características: A partir da década de 80 - Processo Rápido - Centralizado - Desorganizado Conseqüências: - Violência - Falta de moradia - Favela - Trânsito precário - Desemprego MIGRAÇÕES Atualmente o Mato Grosso aparece como uma das maiores frentes pioneiras da Amazônia. A ocupação do norte do estado se iniciou com a abertura da BR 163 inaugurada em 1974. Os primeiros empreendimentos foram realizados por empresas privadas de colonização que implantaram projetos de milhares de hectares e de onde surgiram cidades como Alta Floresta, Colíder ou Sinop. Até 1978, o INCRA não tinha nenhum projeto na região. O custo alto de implantação e o sucesso dos projetos privados levaram o INCRA a desenvolver um novo tipo de colonização pública: o PAC (Projeto de Assentamento Conjunto) onde "seriam somadas as experiências e recursos do órgão colonizador oficial (INCRA) e da iniciativa privada (cooperativas)" A partir de imagens de satélite da série Landsat, foi realizado um estudo multitemporal da ocupação do solo desses projetos. Esse trabalho mostra a dinâmica do desmatamento em cada um dos seis projetos para quatro datas diferentes. A observação das imagens em conjunto com a realização de trabalhos de campo permitiu identificar alguns fatores responsáveis pela a forma e a velocidade dos desmatamentos, assim como os modos de uso do solo. Em trinta anos, o Mato Grosso tornou-se numa das fronteiras mais ativa da Amazônia. Quando o governo federal criou o PIN (Plano de Integração Nacional) em 1970, apenas o sul do atual estado do Mato Grosso já tinha sofrido ocupação e principalmente devido: ao garimpo (bacia do rio Cuiabá e região de Diamantino), à pecuária (Pantanal) e à agricultura familiar (região de Rondonópolis). Em 1974, a abertura da BR 163 ligando Cuiabá à Santarém levou vários projetos de colonização privada (SINOP, LÍDER, INDECO...) em direção ao interior do estado e a outras regiões da Amazônia. No final da década de 70, o governo federal procura implementar projetos de colonização pública ao longo da BR 163. O INCRA não quis assumir sozinho a realização desses projetos e decide então estabelecer parcerias com associação de produtores ou cooperativas. São criados os PAC (Projeto de Assentamento Conjunto). No Mato Grosso, o governo instala seis PACs, todos ao longo da BR 163. No início dos anos 1980, vários colonos vindo principalmente das regiões de tensão social do sul do país compraram lotes nesses PACs e começaram a implantar a agricultura nessa região da Amazônia Legal a "marcha para o oeste": em busca do 'progresso' Em 1937, o Governo VARGAS, visando alargar as fronteiras ocupacionais, dentro das fronteiras físicas do País, decide ocupar os grandes vazios demográficos existentes no Oeste do território brasileiro, iniciando, então, talvez um dos mais ambiciosos projetos colonizadores já desenvolvidos por um governo no Século XX. Foi uma iniciativa governamental 'progressista', cujos resultados refletem-se, ainda hoje, no modo de vida e em diversos problemas ainda enfrentados pelas populações locais. Desenvolvida por cerca de quarenta anos, a 'Marcha para o Oeste' fundou cerca de 43 vilas e cidades, construiu 19 campos de pouso, contatou mais de 5 mil índios e percorreu 1,5 mil quilômetros de picadas abertas e rios. A integração do Vale do Araguaia à economia nacional e a construção de rodovias como Belém-Brasília e Araguaia- Cuiabá também podem ser creditadas como conseqüência deste empreendimento e, cidades como Brasília e Goiânia vem na esteira deste esforço de "desenvolvimento" e ocupação das terras da 'fronteira oeste' do país. Neste contexto, o Oeste, com enorme potencial de produtividade agrícola e com as necessidades dos centros urbanos em plena expansão, a Marcha também promoveu a migração de trabalhadores brasileiros, o que se pretendeu fazer com base em pequenas propriedades de terra. Desta forma, ainda que nesta época sejam encontradas referências à ocupação do Estado pela ótica de minifúndios o seu território foi e continua sendo predominantemente demarcado pela presença de latifúndios. E, em geral, uma moderna e mais eficiente "marcha para o oeste" continua adentrando os estados de Rondônia, Pará e a Amazônia como um todo. o desenvolvimentismo dos anos 70 e 80: A OCUPAÇÃO INCENTIVADA Nos anos 1970-80, o esgotamento das fronteiras agrícolas nos estados do Sul, entendendo-se aí o devastamento de quase todas as florestas então existentes, associado a uma maior pauperização do homem do campo (não só naqueles estados, como em várias outras regiões do País) dá ensejo a que as terras do Centro-Oeste sejam novamente pervadidas por levas e mais levas de migrantes em busca de novas áreas para desbravamento e cultivo - terras mais baratas e mais fáceis de serem adquiridas. Colonos do Sul, em grande maioria, buscam nas terras de Mato Grosso e de Rondônia, e, posteriormente, mais ao norte, na região amazônica e, inclusive, além fronteira, no Paraguai, novas fronteiras a serem exploradas em busca de melhores condições de vida. A ocupação das terras deste Estado se dá conforme três vertentes migratórias que se somam propiciando um dos processos de desbravamento mais predatórios da natureza já verificados no País: a) iniciativas individuais/familiares, configuradas pela leva de famílias que, autonomamente buscaram as terras mato- grossenses; b) companhias de colonização que, por meio de estímulos e facilidades propiciadas pelo poder público federal e estadual, promoveram a ocupação massiva de determinadas áreas do Estado (algumas das cidades mato-grossenses foram inclusive nominadas com as siglas destas companhias); c) programas governamentais que forçaram esta ocupação. Neste período, a ocupação desordenada e indiscriminada da porção noroeste do Estado, teve seus efeitos, em termos de impactos ambientais, amplamente divulgados. Apesar dos discursos oficiais, das boas intenções discursivas e de resultados positivos no que tange à implementação de infra-estrutura para acesso às regiões de fronteira, os processos de ocupação daquele período foram considerados verdadeiros 'desastres' sob o ponto de vista ambiental. Esta dinâmica, que associa problemas sociais nas camadas menos favorecidas com problemas ambientais, "indicam que o Mato Grosso ingressou num processo de acelerada exploração dos seus recursos, num processo que caracteriza-se por sua insustentabilidade". Desta forma, se até a década de 1970 a ocupação das terras de Mato Grosso foi realizada em função da apropriação do território, nas décadas seguintes, esta foi determinada sobretudo pela busca de novas terras para trabalho e, principalmente, pelo uso da terra como 'objeto de negócio. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 13 Em 1985, o Censo Agropecuário realizado pelo IBGE mostrou o perfil da ocupação das terras de Mato Grosso revelando que o mesmo contava com 78.370 estabelecimentos e, que, "70% destes tinham menos de 100 hectares e correspondiam tão somente a 3% da área total, enquanto que os com mais de 1000 hectares (7% do total), abarcavam 83% da área total dos estabelecimentos". [71] Predominantemente, o Estado (a região Centro-Oeste)estava constituído por grandes estabelecimentos agropecuários (latifúndios), situação que perdura até os dias de hoje. Neste período, os agentes institucionais federais e estaduais estavam, em geral, "estrategicamente" voltados para apoiar a ocupação do território e motivar o 'desenvolvimento' da porção Centro-Oeste do território nacional. Na prática, pouca atenção foi efetivamente voltada para a variável ambiental. Implicações decorrentes do não fortalecimento institucional, resultaram também numa reduzida capacidade gerencial dos órgãos públicos e na observância de fragilidades internas às agências executoras dos projetos e programas governamentais levados a efeito neste lapso de tempo. A preocupação maior, existente no período, foi voltada à ocupação efetiva do território e, pouco foi realizado no sentido do fortalecimento das instituições gestoras no âmbito do Estado e, ademais, isto também ocorre nos outros estados que sofreram os efeitos dos processos migratórios e decorrente ocupação sócio-econômica. Neste período, o desmatamento e a exploração pura e simples, de resultados imediatistas, de lucro relativamente fácil é, em geral, sempre associado ao "desenvolvimento do Estado" e a conceitos tais como "progresso", "prosperidade", "avanço da civilização", "abertura de novas fronteiras agrícolas". Conceitos estes que, como se observa na atualidade, vem sendo submetidos a novos pontos de vista, processos de reavaliações e de redefinições. É neste cenário que se planeja e executa o Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil (POLONOROESTE) cujos resultados negativos serviriam para embasar muitas das justificativas de definição do seu sucessor o PRODEAGRO, objeto desta Avaliação Final. o polonoroeste: o antecedente do prodeagro É neste contexto e com este histórico político, institucional e social de ocupação territorial e, ainda sob a vigência desta 'visão de mundo' que, em 1980, "reconhecendo os crescentes problemas sócio-econômicos causados pela migração acelerada" [73], o Governo Brasileiro lançou mais um programa de investimentos nas áreas de fronteiras agrícolas de Rondônia e Mato Grosso: o POLONOROESTE. Criado no final da década de 1970, somente foi assinado em 1982, sendo financiado com recursos do Banco Mundial. Foi coordenado pelo Governo Federal e executado por instituições federais e estaduais. Seu principal produto foi a construção/pavimentação da BR-364. [74] Este programa, de cunho "nitidamente desenvolvimentista (...) visava orientar o ordenamento do processo de ocupação em curso, estabelecendo e consolidando uma estrutura física e social sustentável" e, foi efetivado em "reconhecimento dos crescentes problemas sócio-econômicos causados pela migração acelerada". Em sua gênese, foi reputado como "uma tentativa da maior importância, por parte do governo brasileiro de ordenar a ocupação do espaço rural da região" e, "um dos maiores programas de desenvolvimento do Governo". O POLONOROESTE consumiu US$423,4 (quatrocentos e vinte e três milhões e quatrocentos mil dólares), distribuídos em quatro projetos principais, dois projetos adicionais e um financiamento complementar, assim distribuídos: "NOROESTE 1" - "Proteção Ambiental e Desenvolvimento Agrícola 1", aprovado em 1981, empréstimo 2060-BR, no valor de US$67,0 (sessenta e sete milhões de dólares), destinado à "melhoria das colonizações agrícolas existentes na Rondônia Central"; "NOROESTE 2" - "Proteção Ambiental e Desenvolvimento Agrícola 1", aprovado em 1982, empréstimo 2116-BR, no valor de US$26,4 (vinte e seis milhões e quatrocentos mil dólares), destinado a "atividades semelhantes em Mato Grosso"; "NOROESTE 3" - "Novas Colonizações", aprovado em 1983, empréstimo 2553-BR, no valor de US$65,2 (sessenta e cinco milhões e duzentos mil dólares), destinado à "colonização das terras não ocupadas em Rondônia"; Em adição aos esforços pretendidos pelo POLONOROESTE também foram executados os seguintes projetos: SAÚDE DO NOROESTE", aprovado em 1981, empréstimo 2061-BR, no valor de US$13,0 (treze milhões de dólares), destinado a "melhoria das condições de saúde nas áreas de colonização em Rondônia e Mato Grosso; RODOVIAS DO NOROESTE", aprovado em 1981, empréstimo 2062-BR, no valor de US$240,0 (duzentos e quarenta milhões de dólares) destinado a "ajudar a financiar a pavimentação da rodovia federal BR-364, entre Cuiabá/MT e Porto Velho/RO. Em 1983, por meio do Programa de Ações Especiais (SAP), o Banco também aprovou um financiamento suplemementar no valor de US$22,8 (vinte e dois milhões de dólares). Os relatórios de encerramento do POLONOROESTE, exceto aquele relativo ao "último projeto agrícola - empréstimo 2353- BR", foram todos preparados em 1991, sendo que o do projeto 2353-BR foi encerrado em 31 de março de 1992. No entanto, tendo em vista que a ênfase do mesmo foi voltada para a 'implementação de infra-estrutura' e, muito pouco para o desenvolvimento social, observa-se que "os resultados desse Programa, entretanto, não foram satisfatórios do ponto de vista sócio-ambiental, nem para Rondônia e nem para Mato Grosso". Uma avaliação de meio-termo, realizada em 1984, "acentuou as diferenças entre o motivo pelo qual o projeto tinha sido planejado e a maneira pela qual estava sendo implementado", ou seja, entre o que foi inicialmente previsto e o que estava efetivamente sendo feito foram constatados diversos problemas, dentre os quais merecem destaque: a) "liberações inadequadas e atrasadas de fundos de contrapartida"; b) "o virtual desaparecimento de créditos de investimento necessário para estabelecer culturas perenes"; c) "integração ineficiente das agencias participantes"; d) "alta migração não esperada"; e) "desmatamento não controlado"; f) "contínuos abusos em áreas não adequadas de fertilidade marginal do solo". Neste período, vale observar que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) também apresentava algumas preocupações quando, "considerando que a estratégia do Programa POLONORESTE é manter um razoável equilíbrio social e ambiental na Região Noroeste do País, e (...) a necessidade de se compatibilizar as atividades desse Programa", cria uma Comissão Especial "com as diretrizes do CONAMA". Por ser um Programa "estratégico" existiu a preocupação de que também estivesse compatibilizado com as "estratégias" em nível federal, ou seja, não faltaram preocupações de ordem 'estratégica' apesar de que, com o tempo, estas se verificassem com pouco eficientes em relação à preservação do meio ambiente. A despeito destas preocupações, tendo em vista as condições efetivamente propiciadas em decorrência da melhoria de acesso às regiões abrangidas pela ações de infra-estrutura do POLONOROESTE, o processo de migração e desflorestamento acelerou-se, transformando radicalmente, em menos de uma década, quase toda a estrutura social, cultural e ambiental onde este Programa foi desenvolvido. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 14 Por um outro lado, o POLONOROESTE também se propunha a "assentar comunidades de pequenos agricultores embasada na agricultura auto-sustentada, com atendimento básico nas áreas de saúde, educação, escoamento da produção, protegendo a floresta e garantindo a manutenção das terras e das culturas das comunidades indígenas". Isto provocou a imediata reação de organismos internacionais, principalmente aqueles ligados às questões ambientais, que elegeram o Banco Mundial como alvo principal, acusando-o de financiar o desmatamento da Amazônia. E o POLONOROESTE foi descontinuado. Em geral, quando se consulta as fontes informacionais disponíveis, particularmente aquelas que fundam os argumentos dos projetos governamentais seqüentes, o POLONOROESTE é apresentado com o "grande vilão", constituindo-seno "saco-de-pancadas" predileto das considerações e argumentações e, em geral, é comum o esquecimento de que este Programa foi levado a efeito por um conjunto de agentes que permaneceram no tempo e que, todo um conjunto de "elementos culturais" e "entendimentos particularizados" destes agentes antecederam a existência do mesmo e se mantiveram nos programas/projetos seguintes, ainda que os novos empreendimentos mudassem suas ênfases discursivas. O POLONOROESTE seria mais um da lista de projetos e programas que tiveram problemas na sua execução. Restaram, no entanto, algumas "lições" reputadas como "aprendidas" pelos diferentes agentes envolvidos na sua execução (governos federal e estaduais). Ocupação da Amazônia Matogrossense A ocupação da Amazônia matogrossense ocorreu sem que qualquer tipo de reflexão fosse feita a respeito das particularidades da região. Inúmeros projetos de colonização foram implantados pelos Governos Federal e Estadual e executados pela iniciativa privada, especialmente no contexto de ocupação dos espaços vazios do território nacional tão em voga no regime militar, ou seja, a região era vista como uma "válvula de escape" das tensões sociais que estavam ocorrendo em outras áreas, principalmente aquelas de caráter fundiário do Nordeste (latifúndio) e, também as conseqüências do elevado crescimento populacional da região Sudeste. Vale ressaltar as políticas públicas direcionadas para a implantação de pólos de desenvolvimento, como por exemplo o Polocentro, o Polonordeste e o Polamazônia. No caso do Polocentro foi direcionado para a expansão da cultura de grãos (soja e arroz, principalmente) nas áreas de cerrado do Centro Oeste brasileiro. Já os investimentos do Polonordeste foram destinados para projetos de irrigação na Zona da Mata nordestina e no Sertão. O Polamazônia foi responsável pela implementação de pólos de desenvolvimento agromineral e agropecuário na região amazônica, dando início aos processos de desatamento desta área. A partir dos anos 70, ocorreu uma maior inserção do estado de Mato Grosso no mercado nacional e internacional. Esta incorporação da área com a expansão capitalista aumenta a procura pela propriedade privada e grandes fazendas agropecuárias vão sendo formadas por meio de financiamentos nas áreas de cerrado, consideradas até então inadequadas para fins agrícolas. O processo de ocupação e uso dos recursos naturais nessa região foi acelerado pelo forte investimento do Governo Federal em obras de infra-estrutura, principalmente na construção de rodovias como a Transamazônica e a BR-163 que liga Cuiabá a Santarém. Eram abertos os chamados " corredores de desmatamento" , ou seja, à medida que diversas áreas iam sendo desmatadas a partir de um eixo central da rodovia, contribuía para um desmatamento podendo chegar até 50Km "mata adentro" Aponta para o fato de que a colonização do Norte de Mato Grosso começa por iniciativa de três grandes empresas colonizadoras: SINOP - Sociedade Imobiliária Norte do Paraná; COLIDER - Colonizadora Integração e Desenvolvimento Regional e INDECO - Integração desenvolvimento e Colonização. Em 1972, o grupo econômico pertencente à colonizadora SINOP de propriedade do senhor Enio Pipino, adquiriu uma área de 48.670.000 Km2 de terras do município de Chapada dos Guimarães, onde teve início o processo de formação das cidades de Vera e Sinop, entre outros núcleos urbanos localizados na então denominada Gleba Celeste. Assim, o início do desmatamento da área contribuiu para o desenvolvimento das cidades, visto que a exploração de madeira tornou-se a principal atividade econômica da região norte e noroeste do Estado. OS PRIMEIROS PROJETOS DE COLONIZAÇÃO Histórico resumido da origem dos municípios na região das nascentes do rio Xingu. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 15 Campinápolis 1973 - formação do povoado de Jatobá, em Barra do Garças, com produtores de Goiás e Minas Gerais, e cultivo do milho, arroz e feijão para família; - extensão do movimento colonizador de Nova Xavantina; 1980 - criação do distrito de Campinápolis; 1986 - criação do município. Canarana 1971 - Nasce a Cooperativa Colonizadora 31 de Março (COOPERCOL) voltada à atividades pecuárias; 1972 - 1975 - Primeiros colonos, estabelecimento de uma agrovila e colonizações assentadas através da empresa de Colonização Consultoria Agrária (CONAGRO S.C. Ltda) e da Empresa Cacique Empreendimentos; 1975 - núcleo urbano de Canarana; 1975 - projetos de colonização através da COOPERCANA; 1979 - criação do município. Cláudia 1978 - Início do projeto de colonização pela empresa Sociedade Imobiliária do Noroeste do Paraná S/A (SINOP), na maior parte do município e pela Colonizadora Maiká, responsável pela Vila Atlântica; 1985 - criação do distrito de Cláudia; 1988 - criação do município; Feliz Natal 1950 - a região participa da "Terceira Borracha" ; 1978 - empresários madeireiros de Sinop deslocam-se para a região do Rio Ferro; - ocupação se efetiva após colonização de Sinop, Cláudia, Santa Carmem e Vera; 1995 - criação do município. Gaúcha do Norte 1979 - projeto da Colonizadora Gaúcha e implantação do núcleo de Gaúcha do Norte; 1980 - fluxo migratório do Sul e cultivo da seringa como alternativa à agricultura; 1980- criação do distrito de Gaúcha; 1997 - criação do município. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 16 Fonte: Sanches & Gasparini (2000). Origem dos dados: "Estudos de Realidade dos municípios" (EMPAER), entrevistas em 1999 e Ferreira (1997) http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 17 CAPÍTULO 04 ECONOMIA Mato Grosso tem crescido economicamente muito acima da média nacional. Esse crescimento econômico pode ser comprovado com os dados referentes à evolução da exportação do estado. INDÚSTRIA DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DO MATO GROSSO O Estado que mais cresceu a partir de 1980, com base no agronegócio, parte para o seu segundo ciclo de crescimento, agora com base também na indústria. Considerando os dados mais atuais que temos disponíveis neste momento, verificamos que as exportações mato- grossenses cresceram 9,81% em 2018 no comparativo com 2017, somando US$ 16,171 bilhões. Os números são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que registram ainda US$ 1,563 bilhão em importações. Segundo a pasta do governo federal, a diferença entre as exportações e importações resultou um superávit da balança comercial de US$ 14,608 bilhões no estado. Atenção concurseiros, Mato é um estado que tem grandes SUPERÁVITS na Balança Comercial. Diante o embarque de US$ 16 bilhões em produtos, principalmente commodities, para o mercado externo, Mato Grosso foi responsável por uma fatia de 6,7% das negociações feitas pelo Brasil, que somaram US$ 239,5 bilhões. No ranking nacional o estado ocupou o 6º lugar. Dos US$ 16 bilhões negociados por Mato Grosso entre janeiro e dezembro de 2018 a soja, mesmo triturada, foi responsável por 48% dos embarques. Ao todo US$ 7,8 bilhões em soja foram enviados para o mercado externo, um aumento de 14,6%. Já em milho em grãos foram US$ 2,89 bilhões, um aumento de 1,4% ante 2017 e uma participação de 18% nas negociações do estado. Em farelo e outros resíduos da extração de óleo de soja foram enviados para o exterior US$ 2,37 bilhões, alta de 20,5% ante o ano anterior. O algodão somou US$ 902,4milhões, um aumento de 1,8%. Em contrapartida, a carne bovina congelada, fresca ou resfriada apresentou queda de 2,9%, fechando o ano de 2018 em US$ 1,12 bilhão em negócios. Importações DOS US$ 1,563 bilhão em produtos adquiridos do exterior por Mato Grosso, o cloreto de potássio teve uma participação de 42% nas importações. Ao todo US$ 655,42 milhões foram importados pelo estado em 2018, um aumento de 26,2% em comparação a 2017, de acordo com o MDIC. Em adubos ou fertilizantes com nitrogênio, fósforo e potássio a soma foi de US$ 262,28 milhões. Conforme o MDIC, Mato Grosso importou 23,9% a menos tal produto em 2018. Já em ureia, mesmo em solução aquosa, foram US$ 251,27 milhões. Rondonópolis se destaca ocupando o primeiro lugar no ranking de exportações e também no ranking de importações no ano de 2018 quando comparado aos demais 140 municípios do estado mato-grossense. Os dados são do Relatório do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). Quando elevado ao cenário nacional, a cidade fica em 39º em exportações totalizando o valor de US$ 1.318,73 milhões. E, ocupa o 67º lugar das cidades brasileiras em importações. A avaliação sobre o desempenho dos municípios na balança comercial brasileira mostra Rondonópolis como responsável por 12,8% das exportações do estado. A maior demanda de entre os produtos exportados é de tortas e outros resíduos sólidos com 67%, seguido de soja com 13%, milho com 9,6%, algodão com 4,5%, carne com 2%, entre outros. Os países que mais compram mercadorias rondonopolitanas são: Tailândia com 25%, Indonésia com 20%, China com 13%, Países Baixos (Holanda) com 9,7% Irã com 7,3%, Vietnã com 5,7%, Cuba com 2,5% e outros com índices abaixo de 2% do consumo dos itens produzidos na cidade. Em relação as importações, o município teve participação de 39,6% do total do estado, totalizando US$ 631,56 milhões o que dá um superávit de US$ 687,17 milhões. Os países parceiros são Belarus, Rússia, Canadá, Estados Unidos da América, China, Marrocos, Israel, Alemanha, entre outros, dos quais Rondonópolis importa adubos, fertilizantes e minerais. Considerando o ano de 2019 temos alguns dados relevantes: As exportações mato-grossenses de produtos do agronegócio fecharam o primeiro semestre de 2019 com receita de US$ 3,78 bilhões, registrando o maior saldo comercial do país para o período. Apesar de uma retração de 4,10% em relação ao acumulado em igual momento de 2018, os embarques mato-grossenses ficaram a frente da movimentação registrada em São Paulo, US$ 3,18 bilhões - que ocupa a segunda posição - e do Paraná com US$ 2,69 bilhões, terceiro lugar do ranking nacional. De janeiro a março do ano passado a receita estadual somou US$ 3,94 bilhões, conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Nesse período, o melhor momento para o embarque dos produtos do agro foi fevereiro, cujo faturamento gerou US$ 1,38 bilhão. Março foi o segundo melhor mês, com US$ 1,34 bilhão. Janeiro somou outros US$ 1,07 bilhão. O carro-chefe das exportações segue sendo o complexo soja (grãos, farelo e óleo), produto que responde por 61,74% da receita gerada nos últimos três meses. Com 19,28% de participação está o milho. O complexo carnes (aves, suínos e bovinos) respondem por 8,84% e o algodão por 8,34%. NEGÓCIOS - A receita do agro representa 98% do faturamento global registrado pelo Estado nos primeiros três meses do ano, em US$ 3,87 bilhões. Dados do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Mato Grosso encerrou o primeiro trimestre do ano ocupando a 5ª posição entre os maiores estados exportadores do país. A receita é 5,82% maior frente a contabilizada em igual intervalo do ano passado. Ainda pelas estatísticas se observa que o saldo da Balança Comercial mato-grossense é o segundo maior do período, US$ 3,41 bilhões, atrás apenas do verificado em Minas Gerais, US$ 3,58 bilhões. Esse indicador reflete a diferença entre a receita gerada pelas exportações - US$ 3,87 bilhões - e o desembolso para custear as importações, que no caso de Mato Grosso somou US$ 466,93 milhões, cifras acumuladas de janeiro a março. No mesmo momento do ano passado, o saldo comercial fechava ligeiramente superior, US$ 3,43 bilhões. Balança comercial de Mato Grosso http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 18 BRASIL - No mês de março, as exportações do agronegócio somaram US$ 8,64 bilhões, valor 5,3% inferior aos US$ 9,12 bilhões exportados em março de 2018. A queda do valor exportado ocorreu em função, principalmente, da queda dos preços internacionais dos produtos exportados pelo Brasil. O índice de preço dos produtos exportados pelo agronegócio teve redução de 6,4%, porcentagem que foi em parte compensada pela elevação de 1,2% no volume das exportações. A participação dos produtos do agronegócio nas exportações brasileiras, teve elevação de 1,5 ponto percentual, chegando a 47,6% de participação. O aumento da participação ocorreu apesar da queda de 5,3% nas vendas externas dos produtos do agronegócio, pois as exportações dos demais produtos apresentaram queda superior, de 14,2%. Os cinco principais segmentos exportadores do agronegócio brasileiro foram: complexo soja (US$ 3,98 bilhões; 46,0% do valor exportado); carnes (US$ 1,23 bilhão; 14,3% do valor exportado); produtos florestais (US$ 1,10 bilhão; 12,7% do valor exportado); café (US$ 467,39 milhões; 5,4% do valor exportado); complexo sucroalcooleiro (US$ 392,70 milhões; 4,5% do valor exportado). A participação desses cinco principais segmentos foi de 83% do valor total exportado pelo agronegócio brasileiro em março. No mesmo mês do ano anterior, as exportações desses setores tiveram participação de 84,2% do valor total exportado em produtos do agronegócio. Ou seja, houve desconcentração nas exportações do setor. Fonte: Diário de Cuiabá A tabela a seguir mostra o peso de cada área na pauta das exportações de Mato Grosso. Dividimos em produtos primários, semi elaborados e elaborados. A parte com maior destaque nas exportações como mostra o gráfico acima são as commodities, que correspondem a mais de 90% dos produtos exportados por Mato Grosso. O mapa a seguir mostra os destinos dos produtos exportados a partir de Mato Grosso. O mapa evidencia um claro domínio das exportações para o Sudeste da Ásia, onde destaca-se a China como grande comprador das commodities de Mato Grosso. O mapa acima mostra as áreas onde ocorre a agricultura em Mato Grosso. DESTAQUES AGRÍCOLAS SOJA A produção de soja está entre as atividades econômicas que, nas últimas décadas, apresentaram crescimentos mais expressivos. Isso pode ser atribuído a diversos fatores, dentre os quais: desenvolvimento e estruturação de um sólido mercado internacional relacionado com o comércio de produtos do complexo agroindustrial da soja; consolidação da oleaginosa como importante fonte de proteína vegetal, especialmente para atender demandas crescentes dos setores ligados à produção de produtos de origem animal; geração e oferta de tecnologias, que viabilizaram a expansão da exploração sojícola para diversas regiões do mundo. No contexto mundial, o Brasil possui significativa participação na oferta e na demanda de produtos do complexo agroindustrial da soja. Isso tem sido possível pelo estabelecimento e progresso contínuo de uma cadeia produtiva bem estruturada e que desempenha papel fundamental para o desenvolvimento econômico-social de várias regiões do País. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 19 Para destacar a importânciado referido complexo para a economia nacional, pode-se utilizar algumas estatísticas básicas. A soja faz parte do conjunto de atividades agrícolas com maior destaque no mercado mundial. Observa-se que a soja tem sido o quarto grão mais consumido e produzido globalmente, atrás de milho, trigo e arroz, no entanto em Mato Grosso a oleaginosa é o principal produto. Aproximadamente 90% dos grãos consumidos são direcionados ao processo de esmagamento, que irá gerar farelo e óleo de soja, em uma proporção próxima a (80/20), sem considerar as perdas. Assim, o principal produto gerado nesse processo será o farelo de soja, que, junto com o milho, constituirá matéria-prima essencial para a fabricação de rações. Em outros termos, a demanda por soja em grão e seu principal produto derivado será dependente do mercado de carnes. O grande incremento na produção de soja pode ser atribuído a diversos fatores, dentre os quais, os seguintes merecem destaque: 1. O grão apresenta elevado teor de proteínas (em torno de 40%) de excelente qualidade, tanto para a alimentação animal quanto huma-na 2. A oleaginosa possui considerável teor de óleo (ao redor de 20%), usado para diversos fins, tais como alimentação humana e produ-ção de biocombustíveis ;3. A soja é uma commodity padronizada e uniforme, podendo, portan-to, ser produzida e negociada por produtores de diversos países; 4. O cultivo da soja é totalmente mecanizado e bastante automatizado; 5. A commodity é a fonte de proteína vegetal mais consumida para produzir proteína animal. Não obstante, seu óleo também assume papel importante ao ser o segundo mais consumido mundialmente, atrás apenas do óleo de palma. Esses mercados sólidos garantem à soja alta liquidez;6. Houve expressivo aumento da oferta de tecnologias de produção que permitiram ampliar significativamente a área e a produtividade da oleaginosa, sobretudo a partir dos anos 2000. Não obstante as regiões Sul e Centro-Oeste concentrarem 81,04% da área nacional de soja, a Figura 6 permite observar que a soja também tem ampliado sua fronteira nas direções norte e nordeste, notadamente na região conhecida como MATOPIBA (Maranhão Tocantins, Piauí e Bahia). A expansão da soja no Brasil começa mesmo nos anos 1970, quando a indústria de óleo começa a ser ampliada. O aumento da demanda internacional pelo grão é outro fator que contribui para o início dos trabalhos comerciais e em grande escala da sojicultura. A ampliação dos plantios de soja no Brasil sempre esteve associada ao desenvolvimento rápido de tecnologias e pesquisas focadas no atendimento da demanda externa. Tanto que na década de 70 a soja já era a principal cultura do agronegócio nacional: a produção havia passado do 1,5 milhão de toneladas em 1970 para mais de 15 milhões de toneladas em 1979. Importante notar que essa ampliação desde esse início esteve intrinsecamente ligada aos investimentos no aumento de produtividade, e não necessariamente de área (que de 1,3 milhão de hectares passou para 8,8 milhões de hectares na década). Os índices de produtividade nesse período saíram do patamar de 1,14 t/ha para 1,73 t/ha. Um dos importantes agentes desse processo de evolução da sojicultura brasileira foi a Embrapa, que tem desenvolvido desde esse período novas cultivares adaptadas às condições climáticas das regiões produtores, como o Centro-Oeste. A Embrapa Soja foi criada em 1975, e a partir da década de 90 várias agências de pesquisa começam a surgir para atuar no segmento A introdução da soja para além dos estados da região Sul só foi possível devido ao desenvolvimento de cultivares adaptadas ao clima mais quente. A adoção da técnica do plantio direto também contribuiu para a inserção do grão na agricultura das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O fato de que a soja permite a fixação no solo de nutrientes essenciais para o plantio de outras culturas, como o feijão e o milho, foi um aspecto positivo para sua expansão no Brasil, pois permitiu a adoção de uma entressafra produtiva. O desenvolvimento de cultivares tolerantes a herbicidas chega ao Brasil em 1995, quando o Governo Federal aprova a Lei de Biossegurança, permitindo então o cultivo de plantas de soja transgênicas em caráter experimental. A lei é atualizada em 2005, regulamentando definitivamente o plantio e a comercialização de cultivares transgênicas no Brasil. http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 20 Esse processo de consolidação da sojicultura no País foi fundamental para o desenvolvimento de toda uma cadeia produtiva, incluindo investimentos privados e públicos em estruturas de armazenagem, unidades de processamento do grão e modais para transporte e exportação da soja e seus derivados. Além disso, a soja brasileira permitiu uma maior viabilidade comercial para a atividade pecuária, devido ao fato de que se trata de uma matéria-prima estratégica para a produção de ração animal para gado bovino, suíno e aves. Outra conseqüência positiva da sojicultura no Brasil foi o processo de desenvolvimento urbano dos municípios ligados à cultura, principalmente nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Em Mato Grosso É na esteira da expansão da sojicultura para além das fronteiras do Rio Grande do Sul que Mato Grosso entra no cenário nacional de produção do grão. Cidades como Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Primavera do Leste, Campo Verde, Campo Novo, Sapezal e Tangará da Serra, entre outras, surgiram e se desenvolveram a partir da cultura da soja. Atualmente, das dez cidades com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, nove têm na sojicultura sua base econômica. Se por um lado havia terra farta e mais barata em Mato Grosso da década de 70, o solo não era muito propício. Foi preciso uma forte ação de desenvolvimento de pesquisas, tendo a Fundação Mato Grosso como principal expoente, para que se pudesse criar todo um know how para a inserção da cultura no Estado. Outro fator complicador era a infraestrutura de logística, tanto para o escoamento da produção, quanto para o recebimento de insumos. Em alguns municípios, produtores e gestores públicos pavimentaram rodovias, criaram novas estradas e investiram em uma rede básica de serviços para dar conta das necessidades que a nova cultura trazia. Em 2005, quando foi criada a Aprosoja, Mato Grosso já era o campeão nacional de produção e produtividade de soja. Mas vários problemas ainda dificultavam a evolução da cultura, como logística e endividamento dos produtores. Nessa mesma época, o Governo do Estado cria o Fundo Estadual de Apoio à Cultura da Soja (Facs), permitindo o estabelecimento de uma série de projetos que visam dar condições para o desenvolvimento da sojicultura. Atualmente Mato Grosso é o maior produtor de soja do Brasil, sendo que a maior parte é plantada nas área do Planalto dos Parecis. MILHO No Brasil No país o milho já era cultivado pelos índios antes mesmo da chegada dos portugueses, já que eles utilizavam o grão como um dos principais itens de sua dieta. Mas foi com a chegada dos colonizadores, cerca de 500 anos atrás, que o consumo do cereal no país aumentou http://www.fatodigital.com.br/ www.fatodigital.com.br 21 consideravelmente e passou a integrar o hábito alimentar da população. De acordo com a Fundação Joaquim Nabuco, no período Brasil-Colônia, os escravos africanos tinham no milho, além da mandioca, como um de seus principais alimentos. Em Mato Grosso O cultivo do milho, em escala comercial em Mato Grosso, pode ser considerado atividade recente. O início