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67 O ENSINO EM TEMPOS DE PANDEMIA E AS PL ATAFORMAS TECNOLÓGICAS Deborah Gomes de Paula Joana da Silva Ormundo 1. Introdução A pandemia propagada pela Covid-19 trouxe mudanças para diversas esferas da sociedade, incluindo a educacional. A mudança mais brusca foi a alteração da modalidade de ensino, migrando de modo presencial para o ensino remoto emergencial. No início de 2020, o mundo se viu abatido por uma das maio- res pandemias do século. O vírus que surgiu na cidade de Wuhan, na China, se espalhou rapidamente e chegou a muitos lugares do mundo, até mesmo ao Brasil. O novo vírus, chamado de Covid-19, tem um alto índice de contágio, por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o distanciamento social, visando assim evitar o avanço e o crescimento do número de casos. No Brasil, o número de infectados e mortos cresceu abruptamente de forma que para se evitar o contágio foram adotadas algumas normas anun- ciadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde. Entre as medidas a serem adotadas para que o contágio pudesse ser evitado, estavam: lavar frequentemente as mãos, usar máscaras ao sair, evitar o conta- to social, entre outras. Uma das medidas adotadas pelo governo foi a quarentena, na qual as pessoas que pudessem teriam que manter isolamento social fi cando em suas casas, saindo somente quando necessário, o objetivo disto era a diminuição de casos e contágio. O Ministério da Educação e Cultura (MEC) anunciou por meio da portaria n. 343 no dia 17 de março de 2020, em caráter ex- cepcional, “a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Corona- vírus – Covid-19”. As escolas foram fechadas em São Paulo e com Marcos Rogério Martins Costa | Roseli Gimenes (orgs.) 68 isso as instituições de ensino tiveram que tomar medidas para a aprimoramento e continuação do ensino em modalidade remota. Diante destes novos desafi os e difi culdades a educação teve que se reinventar. O ensino que antes acontecia de forma presencial foi transferido para o ambiente virtual. Muitas instituições de ensino adotaram ferramentas tecnológicas que permitiram que o processo de aprendizagem acontecesse de forma remota. Segundo Litto (2010) o ensino tradicional costumava ser pauta- do pela exposição do conhecimento através da fi gura do professor, este sendo representado como detentor de todo o conhecimento. Por sua vez, os alunos se colocavam como meros reprodutores da- quilo que ouviam, assumindo uma postura passiva diante do co- nhecimento. Seguindo um cronograma determinado por determi- nada instituição, o professor tinha que se planejar entre período da explanação do conteúdo e das avaliações. Através dos métodos avaliativos (provas bimestrais ou semestrais e trabalhos) o docente poderia verifi car se o aluno estava apto para avançar para a próxima fase ou não. Nessa metodologia o aluno não era, muitas vezes, visto como ser pensante e autônomo, mas apenas como uma “esponja” que absorve o conhecimento por meio da exposição. A centraliza- ção na fi gura do professor acabava tornando o aluno um simples expectador, o que de certa forma poderia acarretar sérios problemas para sua autonomia e aprendizagem. Os métodos de ensino tradicionais acabaram por se chocar com as transformações acarretadas pela chegada das novas tecnologias. O aluno, ouvinte passivo, passou a ter acesso a qualquer informação de forma instantânea através das mídias sociais. De modo geral, há dois tipos de ensino na sociedade contem- porânea, o ensino presencial e o ensino à distância. O ensino pre- sencial costumava acontecer integralmente em sala de aula, em que o aluno ocupava as carteiras da escola e o professor desenvolvia na lousa o tema diário da aula. O ensino à distância acontece em ambiente virtual e é aquele em que o professor não está fi sicamente com os seus alunos, muitas vezes ele acontece com aulas gravadas Educação em tempos pandêmicos: contextos, avanços e desafi os 69 nas quais o aluno é orientado a fazer certas atividades ou participar de fóruns de discussão. Do ponto de vista metodológico, pode-se pensar que tal ensino seja mais propicio à implementação de meto- dologias ativas, utilizando as tecnologias como aliadas na busca do conhecimento, no entanto, deve-se considerar as especifi cidades de cada meio e as realidades e difi culdades encontradas nesses meios. A tecnologia precisa ser usada como uma ferramenta de suporte para a aquisição do conhecimento e não como uma solucionadora dos problemas. Diante desta contextualização, chegamos aos dias atuais, nos quais, repentinamente, desencadeou-se uma nova situa- ção fora do comum que balançou os alicerces da educação. As aulas presenciais foram suspensas e as instituições de ensino se viram obrigadas a adotar novas formas pedagógicas de ensinar para que o processo de aprendizagem dos alunos não fosse prejudi- cado. A “migração” integral para o ambiente virtual foi requerida, mas nem todos estavam preparados para a situação. Adotou-se me- todologias pedagógicas de ensino à distância para o ensino remoto. No entanto, é preciso destacar que as atividades remotas e educação a distância (EaD) não podem ser vistas como sinônimas, pois o en- sino remoto é visto como uma solução temporária com a fi nalidade de minimizar os impactos na aprendizagem dos alunos em situa- ções atípicas, como neste período de pandemia, em que o ensino integralmente de modo presencial deixou de acontecer. Freitas (2009) diz que os sujeitos que nasceram nessa geração da cibercultura, e estão envoltos por esse mundo globalizado, são chamados de “nativos digitais”, visto que eles já são inseridos às ferramentas digitais desde tenra idade, enquanto que os profes- sores, por sua vez, tantas vezes encontram difi culdades e desafi os para interagir com essas novas plataformas são chamados de “es- trangeiros digitais”. Por mais que a tecnologia, aparentemente, faça parte da vida cotidiana dos indivíduos do século XXI, nem todos se sentem aptos a lidar com ela. As instituições de ensino tiveram que buscar alternativas de ca- pacitação para os docentes e ferramentas que se adequassem à nova Marcos Rogério Martins Costa | Roseli Gimenes (orgs.) 70 proposta de ensino remota. Os professores e alunos tiveram que se adaptar à nova forma de interação entre professor-aluno, por meio de uma tela. Dentro desse ambiente remoto de ensino fez-se neces- sário a utilização de ferramentas e plataformas que pudessem me- diar a aprendizagem, utilizando a mediação assíncrona ou síncrona. A mediação assíncrona é a mais conhecida quando se fala de EaD, visto que não acontece em tempo real. Um exemplo disso são as videoaulas que são gravadas em determinado momento, com certa organização e determinação de tempo, logo após fi cando disponível em uma nuvem de hospedagem do ambiente virtual. Este conteúdo fi ca disponível na plataforma para que o aluno assista em momen- to posterior. Já a mediação síncrona é aquela que acontece quando se fala, em tempo real. A comunicação precisa acontecer de forma instantânea. Um exemplo disso são as lives, transmissões de vídeo ao vivo que permitem interação através de comentários e perguntas. 2. Plataformas tecnológicas A partir do surgimento das novas tecnologias da informação e comunicação (TICs), em meados dos anos 60, a sociedade sofreu fortes mudanças nos âmbitos social, histórico, econômico até mes- mo a educação foi afetada por isto. A importância das novas tecno- logias é notada quando o docente que domina um modelo clássico de comunicação e informação, consegue fazer o bom uso destas no- vas ferramentas mediando os processos de ensino e aprendizagem. Castells (2007) diz que apesar da difusão da internet não é possível apenas pensar que se colocar as tecnologias à disposição de todos será a solução. Ainda argumenta que seria necessário que especifi camente e intrinsecamente os novos meios de comunicação e as novas tecnologias,como um todo, fossem analisadas de forma singular para se propor novas maneiras de se lidar com elas. Lévy (2000) argumenta que o impacto da tecnologia trouxe formas de repensar rotas signifi cativas trocando as antigas ferra- mentas por outras que não substituem a antiga, mas que agregam valor a ela, e acrescenta Educação em tempos pandêmicos: contextos, avanços e desafi os 71 É impossível separar o humano de seu ambiente material, assim como dos signos e das imagens por meio dos quais ele atribui sentido à vida e ao mundo. Da mesma forma, não podemos separar o mundo material — e menos ainda sua parte artifi cial — das idéias por meio das quais os obje- tos técnicos são concebidos e utilizados, nem dos humanos que os inventam, produzem e utilizam. (Lévy, 2000, p. 19) A partir dessa ideia é possível pensar que aquilo que surge, através da interface técnica da tecnologia existe, num ciberespaço, numa diferente realidade, se tornaria a extensão do tempo material do mundo real em que vivemos. Logo, entende-se que o uso das tecnologias na educação não poderia ser ignorado, na medida em que, é uma ferramenta que auxilia no processo de ensino e aprendizagem, pois a tecnologia está presente em todos os ambientes da sociedade. Apesar do de- safi o da inserção de ferramentas tecnológicas no ambiente educa- cional, isso é necessário para que assim os alunos possam adquirir competências e habilidades que permitam estar inseridos no mun- do globalizado que os cerca. De modo geral, a contribuição dos artefatos computacionais, pode ser considerada positiva, pois, a sua inserção no ambiente da sala de aula pode acarretar algumas mudanças na interatividade, no entanto, a tecnologia, por si só, não é capaz de trazer uma mudança por completo na educação. Por isso, é necessário que o professor desenvolva uma nova perspectiva, pois os seus alunos são seres in- dividuais com valores, ideias e convicções, e faça, frequentemente, refl exões sobre suas práticas pedagógicas. O docente também deve estar disposto a adotar estratégias que colaborem para que os seus alunos compreendam o conteúdo e se envolvam na aprendizagem sendo agentes ativos na busca pelo conhecimento. Estas estratégias são necessárias, na medida em que, podem defi nir os melhores cami- nhos para aprendizagem signifi cativa dos discentes, considerando o contexto em que eles estão inseridos e suas respectivas difi culdades. Marcos Rogério Martins Costa | Roseli Gimenes (orgs.) 72 Diante do cenário atual, no qual o ensino está acontecendo virtualmente, fez-se necessário a ampliação ou iniciação do uso de tecnologias educacionais para dar continuidade ao processo de aprendizagem. Para tanto, fez-se necessário que as institui- ções de ensino buscassem plataformas para mediar o ensino e aplicação de atividades e avaliações. Existem diversas platafor- mas, no entanto, o presente trabalho trata de algumas ferra- mentas tecnológicas que se destacaram no contexto de ensino à distância, por suas diversas funcionalidades e possibilidades de interação. Antes de falarmos sobre cada uma delas é preciso que se entenda que a forma de mediação no ambiente virtual pode acontecer de duas formas: assíncrona e síncrona. Segundo Oliveira (2020) as duas mediações têm suas especifi - cidades e, sendo assim, para o ensino completo, o ideal é mesclar a mediação da aprendizagem combinando ferramentas síncronas e assíncronas, a fi m de que os professores possam oferecer aos seus alunos uma inovadora experiência no ensino . 3. Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) A globalização trouxe diversas mudanças para a sociedade, e ainda mais para o que consideramos de suma importância para este presente trabalho, o âmbito educacional, este enfrentou diversos de- safi os, como exemplo, a inserção de artefatos tecnológicos integrados as novas metodologias pedagógicas. Os avanços dessas mudanças ocorreram de forma tão instantânea e fora de todo e qualquer con- trole que se fez necessário a implementação de uma educação que iria além das fronteiras do ensino presencial, e para ancorar este aparato criou-se aquilo que é chamado de ambiente virtual de aprendizagem. Segundo Vasconcelos, Jesus e Santos (2020) a globalização trouxe ao sujeito novas formas de comunicação, interação e abriu novos caminhos para aprendizagem em ambiente virtual. O Am- biente Virtual de Aprendizagem, popularmente conhecido como AVA, não é apenas um software, mas um espaço de aprendizagem Educação em tempos pandêmicos: contextos, avanços e desafi os 73 criado a partir de ferramentas e softwares especialistas que facilitam a criação de ambientes virtuais. Esses espaços são usados para inter- mediação e facilitação da aprendizagem, podem ser colaborativos ou não, isto depende da estratégia metodológica empregada, por isso se faz necessário perceber se a construção coletiva e colaborati- va do conhecimento é privilegiada. Os AVAs são sistemas de gerenciamento de cursos on-line que fa- cilitam a criação de um ambiente educacional colaborativo, baseado em interface web, permitindo que o conhecimento seja construído por dois ou mais indivíduos mediante discussão e refl exão. O AVA tem diversas caraterísticas e qualidades relacionadas à linguagem gráfi ca e textual, outras relativas as arquiteturas da informação e navegação e ainda outras relacionadas com a interação que o indiví- duo tem com o conteúdo e com os outros internautas. O AVA é de- senvolvido a partir de sistemas de gerenciamento da aprendizagem. Estes sistemas, também denominados de sistemas de gerenciamento da aprendizagem online, são softwares especializados em gerenciar atividades de ensino e aprendizagem online, são constituídos por bancos de dados, ferramentas de gestão de atividades acadêmicas ou didáticas, ferramentas de publicação de conteúdo e de comunicação. 4. Moodle O Moodle é uma plataforma para construção e administração de cursos on-line, tendo se popularizado como um ambiente virtual de aprendizagem se tornou uma ferramenta muito utilizada para estes fi ns. Fernandes e Dantas (2009) afi rma que já foi traduzido que o programa já foi traduzido para 75 idiomas e é utilizado por mais de 200 países. O Moodle foi concebido, por Martin Dougia- mas em 2001, com base na fi losofi a de software livre, se tornan- do, posteriormente uma ferramenta de apoio à aprendizagem, pois qualquer indivíduo pode acessá-lo de forma gratuita. O software tem variados recursos disponíveis para auxiliar na interação e de- senvolvimento das atividades. Marcos Rogério Martins Costa | Roseli Gimenes (orgs.) 74 É um sistema de administração de atividades educacionais desti- nado às comunidades on-line em ambientes virtuais, permitindo que estudantes e professores se integrem, de forma simplifi cada, seja estu- dando ou lecionando. O Moodle oferece uma variedade de recursos pedagógicos (fórum, tarefa, questionário, blog, wiki, chat, glossário, pesquisa de avaliação, além da base de dados), onde os alunos podem experimentar, testar, explorar cada recurso e suas variações, pois esta é a melhor forma de aprender a utilizar e conhecer as possibilidades formativas fornecidas pelo AVA. Permite a criação de curso online, páginas de disciplinas, grupos de trabalhos e comunidades de apren- dizage m. A plataforma permite também a transmissão e organização dos conteúdos de materiais de apoio às aulas e páginas da Web, além de facilitar a comunicação síncrona e assíncrona. 5. Google Classroom O Google Classroom é uma plataforma utilizada para o ensino à distância ou mediação com metodologias ativas, através do ensino hí- brido. Nessa plataforma é possível fazer uma mediação remota, pois não necessita de uma instalação local e um servidor exclusivo. É uma ferramenta online que permite a intermediação de aula e comparti- lhamentos de conteúdos entre alunos e professores. Além de permitir acesso a outros recursos disponibilizados pelo Google, como: Gmail, Google Drive, Hangouts,Google Docs, Google Forms (Google Clas- sroom, 2020). É possível que os usuários tenham acesso à plataforma por meio de smartphones e tablets, baixando o aplicativo disponível na Google Play e Apple Store, plataformas de serviços de distribuição de aplicativos. O sistema de feedback é um de seus diferenciais, visto que permite que o professor acompanhe a aprendizagem do aluno, e que este saiba aquilo que precisa melhorar. Há um sistema de posta- gens de atividades que permite que o aluno receba uma notifi cação em seu e-mail no momento em que ela foi postada, isso permite que o discente esteja sempre atento sobre os novos conteúdos que são in- seridos no ambiente virtual, o que pode facilitar a interação e engaja- mento entre a turma. (Google Classroom, 2020). Educação em tempos pandêmicos: contextos, avanços e desafi os 75 O Google Classroom vem sendo aprimorado constantemente pelos seus criadores por meio de feedbacks fornecidos pelos usu- ários da plataforma. Daudt (2015) cita algumas contribuições do Google Classroom que são: criação de turmas virtuais; lançamento de comunicados; criação de avaliações; receber os trabalhos dos alu- nos; organização de todo material de maneira facilitada e otimiza- ção da comunicação entre professor e aluno. O Google Classroom é visto como uma proposta de ferramentas assíncronas da educação remota, pois são aquelas consideradas desconectadas do momento real, não sendo necessário que os alunos e professores estejam co- nectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam concluídas. Por isso, o aluno tem todo o conteúdo a qualquer momento na platafor- ma, podendo acessá-lo no horário que puder. 6. Google Meet O Google Meet é uma plataforma de videoconferência que per- mite reuniões com até 250 participantes com um tempo de dura- ção média de uma hora para que aqueles que tem acesso gratuito. De acordo com Google (2020) “escolas podem utilizar os recursos avançados oferecidos pela plataforma como, por exemplo, reuniões com até 250 participantes. As escolas podem usar o Google Meet gratuitamente como parte do G Suite for Education. Fazendo parte do G Suíte é uma ferramenta de interface de fácil uso que permite acesso via web ou através de smartphones e tablets com sistemas operacionais iOS e Android. É necessário ter uma conta no Google para criar uma reunião. A ferramenta pode ser usada para aulas que aconteçam de forma síncrona, já que permite fazer reuniões em tempo real. Como o Meet é totalmente integrado ao G Suite – serviço que disponibiliza versões dos produ- tos Google – é possível participar de reuniões a partir de um evento do Agenda ou um convite por e-mail. O professor que tem acesso a plataforma Google Classroom pode marcar dia e horário para uma reunião Meet e seus alunos são notifi cados através de seus e-mails. Marcos Rogério Martins Costa | Roseli Gimenes (orgs.) 76 Todos os detalhes importantes do evento estão disponíveis quando necessário: seja em um laptop ou em um smar- tphone. O hardware Google Meet conecta qualquer sala de reunião ou espaço a uma videochamada com um único clique. (Google, 2020) Utilizando essa ferramenta o professor consegue interagir com os seus alunos em tempo real, além de possibilitar a criação de gru- pos para realização de atividades. É necessário que o docente crie salas paralelas para cada grupo. Quando reunidos em grupos os alunos podem trocar ideais e debater sobre determinado tema ex- posto em aula. E o professor sendo participante da sala de todos os grupos se torna um intermediador dos processos de aprendizado, tirando dúvidas e auxiliando-os. 7. Zoom O Zoom é um serviço de videoconferência baseado em nu- vem que você pode usar para se encontrar virtualmente com ou- tras pessoas - por vídeo ou somente áudio ou ambos, durante a realização de bate-papos ao vivo. As sessões podem ser gravadas para visualização posterior. Zoom Cloud Meetings é uma das maiores empresas de tele- conferência do mundo. É um aplicativo fundamental para quem precisa realizar ou participar de reuniões em vídeo, podendo ser re- alizadas em dispositivos móveis com sistemas operacionais Android ou iOS. No Zoom é possível convidar os participantes por e-mail, SMS e redes sociais. Possui também a possibilidade de comparti- lhamento de arquivos, textos e apresentações durante as chamadas. Com o lema “Aprendizado moderno para o aluno moderno”, o aplicativo abriga mais de 17.000 mil instituições educacionais, 96% delas são as principais universidades dos Estados Unidos da América (EUA), que potencializam o processo de aprendizagem dos alunos usando a ferramenta para aulas virtuais e híbridas, tarefas adminis- trativas e reuniões. (Zoom, 2020). Na versão gratuita, a ferramenta Educação em tempos pandêmicos: contextos, avanços e desafi os 77 permite realizar reuniões virtuais com até 100 participantes, com duração de 40 minutos no máximo. O Zoom permite acessar apre- sentações, vídeos, documentos e outros arquivos hospedados em nu- vem para apresentar aos outros usuários durante a videoconferência (Zoom, 2020), o que favorece a apresentação do conteúdo ministra- do pelo professor. O layout oportuniza que todos os participantes apareçam na tela, lado a lado, como se estivessem em sala de aula. Assim como ocorre na sala de aula presencial, esta modalidade facilita a praticidade para tirar dúvidas. O professor pode aumentar a participação dos alunos em discussões temáticas, obtendo feed- back sobre as principais dúvidas e permitindo que eles façam suas perguntas e sejam valorizados no processo de aprendizagem. Nas aulas remotas síncronas é necessário que a participação do aluno seja ativa da mesma maneira que estaria em uma aula presencial. As videoconferências no Zoom são exemplos claros de aulas remotas em ferramentas síncronas, sendo que acontecem com horário mar- cado via transmissão em tempo real. O aluno é convidado para par- ticipar da aula por meio de um link, que o direciona para o encon- tro virtual no exato momento em que é transmitido (Zoom, 2020). As aulas podem ser concebidas no formato de videoconferência: quando proporciona o contato audiovisual entre seus participantes; ou áudio-conferencia: quando possibilita a comunicação e a inte- ração seja realizada por meio de áudios. Independente do formato escolhido, também existe a possibilidade de gravar a aula para que ela seja assistida ou ouvida outras vezes – de maneira assíncrona. 8. Teams De acordo com o site da Microsoft, o Teams é um software desenvolvido para a cooperação de equipes. O conceito inicial do aplicativo foi desenhado para colaboração de equipes corporativas, mas recentemente tem sido utilizado também para fi ns educacio- nais. Pensando na fi nalidade educacional, o Microsoft Teams fun- ciona como um hub digital (hub é o equipamento utilizado na área da informática para realizar a conexão de computadores de uma rede) entre professores, alunos e coordenações de curso e direção da Marcos Rogério Martins Costa | Roseli Gimenes (orgs.) 78 unidade acadêmica. Ele reúne conversas, conteúdo e aplicativos em um só lugar, simplifi cando o fl uxo de trabalho dos coordenadores e diretores ao mesmo tempo que permite que os professores criem ambientes personalizados de aprendizado. O professor pode criar suas salas de aula colaborativas, persona- lizar o aprendizado com tarefas, conectar-se com os alunos, otimi- zando a comunicação. Nas equipes, os professores podem conversar rapidamente com os alunos, compartilhar arquivos e sites, criar um bloco de anotações de classe do OneNote e distribuir e classifi car tarefas. Os alunos são livres para usar as ferramentas da Microsoft com as quais estão mais familiarizados – Word, PowerPoint, One- Note e Excel –, além de acessar sites e outros aplicativos de terceiros usados com frequência. Os blocos de anotações de classe OneNote estão também integrados e o gerenciamento de tarefas de ponta a ponta permitem que os professores organizemaulas interativas, ofereçam aprendizado personalizado e forneçam feedback. Assim, é uma ferramenta que pode ajudar nas tarefas administrativas e de sala de aula dos professores. Direção, coordenação e professores podem se comunicar e colaborar com toda a equipe em um lo- cal. Políticas e procedimentos, formulários, instruções para várias tarefas e responsabilidades, sites dentre outros materiais podem ser compartilhados nas equipes para acesso rápido. O Teams também oferece suporte a reuniões on-line com compartilhamento de tela e anotação do quadro branco que podem ser gravadas, salvas automa- ticamente e transcritas no Stream (Microsoft Teams, 2020). À guisa de conclusão A educação a distância (EaD) propicia uma aprendizagem co- laborativa, na qual há um distanciamento do método de ensino tradicional que privilegia o professor, e passa a estar centralizado na fi gura do aluno. Freire (1996) afi rma que ensinar não é a trans- ferência de conteúdo, mas criar caminhos e possibilidades para a construção do conhecimento. Na modalidade de ensino à distân- cia, para além do contexto de sala de aula como ambiente físico, são perceptíveis as mudanças na estrutura de ensino e aprendiza- Educação em tempos pandêmicos: contextos, avanços e desafi os 79 gem. O aluno pode se tornar mais autônomo e protagonista do seu aprendizado enquanto o professor tem um papel de acompanhar o aluno, exercendo a função de mediador do conhecimento, guiando o aluno pelo caminho da aprendizagem signifi cativa. O professor, como tutor, pode auxiliar o aluno durante o processo de busca de conhecimento, acompanhando o seu desenvolvimento, estando disponível para responder eventuais dúvidas e dando feedback às atividades realizadas no ambiente virtual. A mudança temporal e espacial da sala de aula não tirou do docente a responsabilidade de se preocupar com suas as práticas pedagógicas. O docente ainda tem que planejar o conteúdo que será ensinado, fazer o plano de aula defi nindo objetivos e estratégias de aprendizagem, assim como gravar videoaulas, quando necessário e buscar materiais e planejar em atividades e avaliações. A diferença é que no ensino presencial o professor poderia verifi car, no momento da aula, possíveis adaptações que seriam necessárias fazer para que os alunos pudessem assimilar o conteúdo, por conseguinte no en- sino à distância a contextualização de tempo e espaço são distintas o que difi culta essa adaptação. Todavia, é possível que o professor possa verifi car as difi culdades do aluno por meio de atividades e interações na sala de aula virtual. O docente na aprendizagem à distância também terá a função de distribuir os grupos de alunos aleatoriamente ou permitir que eles mesmos se dividam em gru- pos para realização de atividades assíncronas, tais como: debates ou postagens de atividade no ambiente virtual. Maciel (2018) afi rma que o professor muitas vezes poderá exer- cer a função de observador, pois irá acompanhar e intervir nas ativi- dades que estão sendo realizadas, em outros momentos agirá como um agente de apoio que estimulará a participação dos alunos, aju- dando em situações diversas e na resolução de dúvidas. Apesar disso é necessário que se considere que é preciso perceber os contextos reais de aprendizagem em que essas práticas se darão não crian- do estereótipos inalcançáveis. O desenvolvimento de atividades pedagógicas que desenvolvam a colaboração deve ter planejamen- to prévio engajando os alunos a irem além do que está disponível na plataforma virtual e buscarem informações complementares ao Marcos Rogério Martins Costa | Roseli Gimenes (orgs.) 80 conteúdo. Para isso, é necessário que o docente conduza o discente a buscar o conhecimento pelo conhecimento e não como uma fer- ramenta utilitária com um fi m em si mesmo. Para Maciel (2018) ser professor, atualmente, é encarar os novos desafi os que surgem criando espaços de aprendizagem pensando em adaptações que facilitem a aprendizagem do aluno. Além disso, os autores destacam que o professor precisa acreditar em sua prática e pensar criticamente sobre ela, investindo em capitação profi ssio- nal que o ajudará a implementar estratégias para que aprendizagem seja mais signifi cativa e colaborativa. Pensando na modalidade a distância é necessário que o docente crie propostas didáticas que permitam que aluno tenha espaços de interação com o conteúdo dentro e fora da sala de aula virtual. Em síntese, de modo geral o ensino mediado por tecnologias vem sendo pensado como uma alternativa para fl exibilizar o am- biente presencial, juntamente com o uso de tecnologias, no entan- to, se faz necessário um planejamento por parte das instituições de ensino, pois além de incentivar a autonomia e a motivação do alu- no, se faz necessário providenciar o acesso à internet para àqueles que não têm e pensar em capacitação para professores que, muitas vezes, se sentiram despreparados para dar aula neste contexto de ensino em ambiente virtual. Referências AZEVEDO, Deleuze Russi de. O aluno virtual: perfil e motivação. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Flo- rianópolis, 2007. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 11 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. 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