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MARIANA MARQUES – T29 CIRURGIA GERAL E GASTRO INTRODUÇÃO • Consiste na hemorragia (sangramento) que ocorre dentro da luz do trato digestivo inferior. • Causa enterorragia: presença de sangue vivo em grande volume e habitualmente associado a dor abdominal. • O paciente portador de HDB pode evacuar somente sangue, sem a presença de fezes. • Compõe cerca de 20% das hemorragias digestivas e tem mobimortalidade menor do que a HDA. • Geralmente é autolimitado, porém, pode causar hemorragia maciça → choque hipovolêmico. • Atinge principalmente indivíduos do sexo masculino e idosos > 60 anos. CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS • É considerada HDB sangramento que se originem distalmente ao ligamento de Treitz (localizado na transição duodenojejunal). • As hemorragias baixas mais comuns originam-se no colón e no reto. ETIOLOGIAS DOENÇA DIVERTICULAR: • É a causa mais comum de HDB. • Cerca de 95% dos divertículos ficam localizados no cólon sigmoide. • Geralmente, o sangramento é indolor, e resulta de lesão (pseudodivertículos) na artéria penetrante do divertículo. • Afeta tanto homens como mulheres entre 50-70 anos (mais comum após os 70 anos). • Afetam áreas de fraqueza da parede colônica próxima a vaso por hipotonia muscular (forma hipotônica) ou por rotura de fibras musculares por pressão elevada (forma hipertônica). • Fatores de risco para doença diverticular: ➔ Dieta pobre em fibras; ➔ Sedentarismo; ➔ Tabagismo; ➔ Constipação crônica; ➔ Obesidade. • Classificação: HIPERTÔNICA: ➔ Apresenta camada muscular espessada; ➔ Menos frequente e afeta pacientes mais jovens ➔ Atinge principalmente o sigmóide (60 a 70%); ➔ Apresentam mais complicações pelo colo estreito (diverticulite e perfuração); ➔ Pacientes geralmente constipados com fezes em cíbalas (bolinhas); ➔ Sintoma mais frequente: dor no quadrante inferior esquerdo. HIPOTÔNICA: ➔ Apresenta camada muscular adelgaçada; ➔ Mais frequente, comum em pacientes idosos, ➔ Apresenta-se difusamente pelo cólon; ➔ Causa divertículos maiores e de colo largo; ➔ Complicações: hemorragia (complicação mais frequente) e perfuração intestinal; ➔ O ritmo intestinal permanece regular; ➔ Pacientes assintomáticos em 80% dos casos. Hemorragia Digestiva Baixa MARIANA MARQUES – T29 CIRURGIA GERAL E GASTRO • Complicações da doença diverticular: ➔ A principal complicação é o sangramento (enterorragia) que pode ser contínuo ou recorrente e geralmente é resolvido de forma espontânea (95% dos casos). • Diagnóstico: ➔ Realizado através da colonoscopia (usado desde que o ritmo de sangramento permita o preparo intestinal). ➔ Tem alta acurácia no diagnóstico. ➔ Deve ser realizada nas primeiras 24 horas da chegada do paciente, após estabilização hemodinâmica e preparo adequado do cólon. ➔ Em pacientes instáveis e com sangramento ativo maciço, deve-se realizar a angiografia. • Tratamento: ➔ Em casos de doença diverticular que possuam sangramento ativo, deve-se estabilizar o paciente, localizar o sangramento e cessar a hemorragia. ➔ Em geral, sangramento diverticular é tratado endoscopicamente através da terapia mecânica com uso de clipes. ANGIODISPLASIAS: • Causa mais frequente de HDB aguda importante e de perda de sangue lenta e intermitente. • Podem se localizar tanto no intestino grosso, como no delgado. • São lesões geralmente múltiplas, pequenas e que envolvem primariamente o ceco e o cólon direito. • Causam lesões degenerativas associadas ao envelhecimento (comum em pacientes > 70 anos). • Podem ser hereditárias, podendo ocorrer em crianças e jovens. • Diagnóstico: ➔ Feito por colonoscopia ou angiografia. ➔ Diagnóstico definitivo é difícil → sangramento ativo poucas vezes é identificado. COLITE ISQUÊMICA: • Causa comum de isquemia intestinal e geralmente é auto-limitada, resolvendo-se espontaneamente. • O intestino é mal vascularizado e sofre ação da flora bacteriana, ficando predisposto a eventos isquêmicos. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS: • Colite ulcerativa e doença de Crohn. • São doenças crônicas que inflamam os intestinos em intensidades variadas, podendo em alguns casos, causar sangramentos. DOENÇAS ORIFICIAIS: • Hemorroidas (internas ou externas), fissuras ou abcessos. DIVERTÍCULO DE MECKEL: • consiste em tecido embrionário de origem gástrica, mais comumente no íleo. • Esse tecido gástrico secreta enzimas gástricas que podem erodir a mucosa, causando sangramento. • Possui baixa prevalência – rara. • Afeta comumente indivíduos mais jovens. NEOPLASIAS BENIGNAS OU MALIGNAS: • As neoplasias benignas e malignas do cólon são lesões frequentes que ocorrem de forma predominante no idoso. • A hemorragia de grande porte, causada por pólipo ou carcinoma de cólon, é pouco comum. • O diagnóstico pode ser feito através de colonoscopia ou enema opaco. CANCER DE CÓLON: ➔ Abrange tumores na parte do intestino grosso, que é chamada de cólon, no reto e no ânus. ➔ Rastreio: deve ser iniciado aos 50 anos, podendo ter início aos 45 anos em grupos de risco. ➔ Fatores de risco: idade > 50 anos, excesso de peso, alimentação não saudável, consumo de carnes processadas e ingestão excessiva de carne vermelha. MARIANA MARQUES – T29 CIRURGIA GERAL E GASTRO ➔ Sinais e sintomas: sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal (diarreia e constipação alternados), dor abdominal, fraqueza, anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração no formato das fezes (finas e compridas), podendo apresentar uma massa/tumoração na região abdominal. ➔ Além disso, o paciente pode apresentar sinais de instabilidade hemodinâmica: palidez, taquicardia, extremidades frias e hipotensão arterial. ABORDAGEM TERAPÊUTICA • Deve-se realizar anamnese detalhada e exame físico completo (avaliar sinais vitais e presença de sinais de choque hipovolêmico). • É de extrema importância a realização do toque retal para comprovar se há ou não sangue no reto, avaliar a presença de doenças orificiais, doença no reto, observar volume e característica das fezes e do sangramento. PARA SANGRAMENTO MODERADO OU VOLUMOSO: • Internação; • Estabilização hemodinâmica: veia calibrosa para expansão volêmica e coleta de exames laboratoriais (hematócrito, hemoglobina, tipagem sanguínea com prova cruzada); • Sondagem vesical para controle de hidratação e balanço hídrico. • Sondagem nasogástrica diagnóstica: o aspirado bilioso é sugestivo de ausência de sangramento digestivo alto, se o aspirado for escuro será necessária a realização de EDA. • É necessário avaliar a origem do sangramento, assim pode ser feito: ➔ Anuscopia: sempre ser realizada, permite o diagnóstico de afecção do canal anal sem a necessidade de preparo intestinal. ➔ Retossigmoidoscopia: para afastar doença no intestino distal. ➔ Colonoscopia: procedimento diagnóstico de escolha se o ritmo de sangramento permitir o preparo intestinal. TRATAMENTO • O tratamento da HDB depende diretamente da causa subjacente. • Deve-se investigar o estado hemodinâmico do paciente, em caso de instabilidade hemodinâmica, iniciar ressuscitação volêmica. • Tratamento preconizado: estabilizar o paciente, localizar o sangramento e cessar a hemorragia. TRATAMENTO ENDOSCÓPICO: • Diverticulose, angiectasia e sangramento pós- polipectomia são as fontes de sangramento que provavelmente mais se beneficiam da terapêutica endoscópica (terapia mecânica com uso de clipes é o método de escolha por diminuir o risco de lesão transmural). MÉTODOS DE TRATAMENTO ENDOSCÓPICOS: • Gold (eletrocoagulação bipolar); • Injeção submucosa de adrenalina; • Hemostasia com hemoclips; • Eletrocoagulação monopolar; • Coagulação com laser e plasma de argônio. TRATAMENTO CIRÚRGICO:• É necessário em 10 a 25% dos pacientes com HDB; • Indicações cirúrgicas: ➔ Tipo sanguíneo raro; ➔ Politransfusão (necessidade de 2000mL de hemocomponentes em 24h) e persistência de sangramento por 72h; ➔ Idade superior a 60 anos; ➔ Incapacidade de determinar a origem do sangramento; ➔ Insucesso no tratamento do sangramento por terapia endoscópica ou arteriografia ➔ Ressangramento.