Prévia do material em texto
Medula Espinal ✎ A medula espinal é um tubo cilíndrico de tecido nervoso, que se inicia logo abaixo do bulbo. Ela possui a função de transmitir informações do encéfalo para a periferia do corpo e é responsável por coordenar atividades musculares e reflexos. ✎ A medula espinal passa através do canal vertebral, o qual é formado a partir da união de vários forames vertebrais presentes nas vértebras sendo um mecanismo de proteção junto ao líquor e as meninges. ✎ Entre a meninge dura-mater (mais externa) e o canal vertebral existe a cavidade epidural/peridural, a qual possui um tecido adiposo e conjuntivo que auxilia a proteção da medula. ✎ A medula se inicia na altura do forame magno do crânio e vai até aproximadamente a segunda vértebra lombar (L2), sendo que em algumas partes – como na cervical e na lombar – ela possui intumescências (partes mais largadas). ✎ A intumescência cervical é onde partem os nervos que vão enervar os membros superiores, formando o plexo braquial. Ademais, a intumescência lombar/lombo-sacra é o local onde saem os nervos responsáveis por enervar os membros inferiores e formar o plexo lombossacro. ✎ Os nervos que saem da parte final da medula se projetam por dentro do canal vertebral, formando uma estrutura chamada de cauda equina, enquanto no final da medula é formado uma estrutura cônica denominada cone medular, que termina entre a L1 e L2. ✎ A medula é dividida em duas metades, dada anteriormente pela fissura mediana anterior, e posteriormente pelo sulco mediano posterior. ✎ A parte interna da medula possui uma substância cinzenta – possui corpos de neurônios – no formato de H ou borboleta, circundada por uma substância branca – possui axônios mielinizados. No centro da comissura cinzenta, encontra-se o canal central, o qual consiste em um pequeno espaço que contém líquido cerebrospinal. ✎ A parte posterior do H, possui duas pontas mais finas, denominadas cornos posteriores e recebem os neurônios sensitivos vindo dos nervos periféricos (aferente); enquanto os cornos anteriores, nos quais partem os neurônios motores até os periféricos (eferente). ✎ A região da substância branca é organizada em colunas/funículos: anterior, posterior e laterais. ✎ No que se refere as vias aferentes (sensitivas/ascendentes), tem-se que na substâcia branca há tratos e fascículos, que são axônios organizados por função. Na região lateral da medula são chamados de tratos espino-cerebelares, e proximo deles é encontrado os tratos espinotalâmicos.. A região posterior do funículo posterior, é preenchida pelos fascículos grácil e cuneiforme. ✎ Os estímulos são cruzados na medula, o que permite que um lado do cérebro controle o outro. Sendo assim, quando um estímulo chega na medula, ele vai se conectar com um trato do lado oposto. ✎ O trato espino-talâmico anterior vai ser responsável por conduzir estímulos de tato protopático (grosseiro) e pressão para o cérebro; já o trato espino-talâmico lateral serve para conduzir estímulos de dor e temperatura. Ademais, o trato espino-cerebelar conduz os estímulos proprioceptivos para o cerebelo. Ademais, esses tratos representam a via anterolateral, já que vão pelo caminho mais rápido, indo direto para o telencéfalo. ✎ Os fascículos grácil e cuneiforme vão carregar ao cérebro estímulos de estereognosia – reconhecimento de objetos mesmo sem olhar –, propriocepção consciente – capacidade de reconhecer as posições/movimentação das articulações sem olhar –, tato epicrítico. – reconhecimento fino de formas, texturas, dois pontos –, e as vibrações. Além disso, esses fascículos representam a via dorsal lemnisco medial, dado que vão pelo caminho mais longo até o cérebro, passando pelo bulbo. ✎ No que se refere as vias eferentes (motoras/descendentes) tem-se que na substância branca da medula há o trato córtico espinhal lateral e o trato córtico espinhal anterior (ambos originados no córtex cerebral). Esses dois tratos representam a vias piramidais, dado que, o lateral é constituído por estímulos que chegam na porção das pirâmides bulbares e se cruzam obliquamente para o lado oposto – mecanismo chamado de decussação das pirâmides –, diferentemente do anterior que é formado a partir das fibras que se cruzam paralelamente – mecanismo chamado de comissura. Vale ressaltar que essas fibras que são paralelas, cruzam-se na medula (muda de lado). ✎ As vias extrapiramidais têm origem no tronco encefálico e não passam pelas pirâmides bulbares, sendo compostas pelo: trato vestíbulo espinal; trato teto espinal; trato rubro espinal; e trato reticulo espinal. Coluna Vertebral ✎ A coluna vertebral é composta de 33 vértebras, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais (vértebras fundidas) e 4 coccígeas (vértebras fundidas). Ela possui uma estrutura flexível, dado que é segmentada e composta por vértebras, articulações e discos intervertebrais. ✎ As vertebras ficam intercaladas por discos intervertebrais, os quais são compostos por cartilagem, são mais espessos nas regiões cervicais e lombares, e atuam como amortecedores de choque. ✎ Na visão lateral, a coluna vertebral possui curvaturas normais: a lordose cervical – curva cervical com concavidade voltada para trás; a cifose toráxica – curva convexa para trás; a lordose lombar; e a cifose sacral. No caso do aumento nessas curvaturas, há uma anormalidade na biomecânica da coluna vertebral, sendo acrescentado o “hiper” antes do nome. Ademais, no caso da diminuição da curvatura, é chamado de retificação, e no caso de curvas na vista frontal da coluna, é característico de escoliose. ✎ Uma vértebra típica é constituída de um corpo vertebral/trabecular arredondado, o qual é composto por um osso esponjoso, que auxilia na absorção das cargas, e trabéculas preenchidas com líquido. Além disso, essas vértebras também possuem um arco vertebral. Essas estruturas delimitam um espaço denominado forame vertebral, local por onde passa a medula espinal e sua união forma o canal vertebral. ✎ No caso da osteoporose, o osso esponjoso vai ficando mais poroso, tornando-o quebradiço nessas regiões. ✎ Os discos vertebrais são revestidos nas suas porções anteroposterior por ligamentos longitudinais, sendo que a região lateral fica desprotegida, sendo comum casos de hérnia de disco na parte póstero- lateral. ✎ O disco vertebral é composto por um núcleo pulposo – composto basicamente por material gelatinoso – e um por anéis fibrosos – composto de fibrocartilagem fortemente fixada aos corpos vertebrais e aos ligamentos longitudinais anterior e posterior. No momento de absorção de impacto, o núcleo pulposo se expande e é contido pelos anéis fibrosos; logo, se há um aumento de cargas, os primeiros anéis são rompidos, afetando os nervos espinais, o que posteriormente provocará uma hérnia de disco... Nervos Espinais ✎ Os nervos espinais tem origem na medula espinal e são 31 pares, sendo eles 8 cervicais, 12 torácicas, 5 lombatres, 5 sacrais e 1 coccídea. ✎ Os nervos espinais conectam o SNC a receptores sensitivos, músculos e glândulas em todas as partes do corpo, sendo que um nervo espinal típico tem duas conexões com a medula: uma raiz posterior e uma raiz anterior. Essas raízes se unem para formar um nervo espinal no forame intervertebral. Esse nervo formado pela união das raízes possui característica mista (nervo misto), dado que a raiz posterior é sensitiva e a anterior é motora. ✎ Cada nervo espinal e craniano é formado por vários axônios e apresenta membranas protetoras de tecido conjuntivo. Cada axônio do nervo é revestido por endoneuro – camada mais profunda de fibras de colágeno, fibroblastos e macrófagos. Ao se agruparem formam feixes chamados de fascículos, os quais são envolvidospor perineuro – camada média e mais espessa de tecido conjuntivo. Já a camada externa, que cobre todo o nervo, é conhecida como epineuro, o qual é formado por fibroblastos e fibras colágenas grossas. ✎ A dura-máter das meninges espinais se funde com o epineuro no momento em que o nervo passa pelo forame intervertebral. ✎ Logo após passar pelo seu forame intervertebral, um nervo espinal se divide em vários ramos. O ramo posterior (dorsal); o ramo anterior (ventral); os ramos meníngeos – entram novamente no canal vertebral pelo forame intervertebral e suprem as vértebras, os ligamentos vertebrais, os vasos sanguíneos da medula espinal e as meninges – e os ramos comunicantes – componentes da divisão autônoma. ✎ Os axônios dos ramos anteriores dos nervos espinais, com exceção dos nervos torácicos T2 a T12, não chegam diretamente às estruturas corporais supridas por eles, sendo assim eles formam uma rede (ligação de vários axônios) em ambos os lados do corpo, chamada de plexo. Os principais plexos são o plexo cervical (C1 a C4), o plexo braquial (C5 a C8), o plexo lombar (L1 a L4) e o plexo sacral (L4 - L5 a S4 - S5). Também existe um pequeno plexo coccígeo (S4 - S5 a coccígeo). Vale ressaltar que os nervos que saem dos plexos são nomeados de acordo com as regiões que suprem ou com o trajeto que seguem. ✎ No caso dos ramos anteriores dos nervos espinais T2 a T12 não formam plexos e são conhecidos como nervos intercostais ou nervos torácicos e eles se conectam diretamente às estruturas supridas nos espaços intercostais. Arco Reflexo ✎ Um reflexo pode ser definido como uma resposta involuntária a um estímulo. Em sua forma mais simples, um arco reflexo consiste nas seguintes estruturas anatômicas: (1) um órgão receptor, (2) um neurônio aferente, (3) um neurônio efetor e (4) um órgão efetor. ✎ Um arco reflexo que envolve apenas uma sinapse é denominado arco reflexo monossináptico e a interrupção do arco reflexo em qualquer ponto ao longo do seu trajeto anula a resposta. ✎ No arco reflexo tem a ação de neurônios dentro do H medular, sendo ele chamado de interneurônio, dado que faz a comunicação do neurônio aferente (sensitivo) com um eferente (motor), podendo ser excitatório – contração – ou inibitório – relaxamento. ✎ Um reflexo ocorre quando o estímulo sensorial não vai até o SNC, apenas faz a comunicação na própria medula. ✎ O reflexo de estiramento é um mecanismo protetor, desencadeado quando tem o alongamento (comprimento) exagerado da fibra muscular. Em resposta a esse estiramento, o fuso muscular gera um ou mais impulsos nervosos que se propagam em um neurônio sensitivo somático da raiz posterior do nervo espinal até a medula espinal. Na medula espinal o neurônio sensitivo faz uma sinapse excitatória com um neurônio motor no corno anterior, ativando-o. Esse estímulo é suficientemente intenso, então um ou mais impulsos nervosos são gerados no neurônio motor e se propagam por seu axônio, o qual se estende da medula espinal até a raiz anterior, passando pelos nervos periféricos, até o músculo estimulado. ✎ Nesse tipo de arco reflexo, os impulsos nervosos sensitivos entram na medula espinal pelo mesmo lado que os impulsos nervosos motores saem. Esta disposição é conhecida como reflexo ipsolateral. Todos os reflexos monossinápticos são ipsolaterais. ✎ No caso do reflexo tendinoso, ocorre um mecanismo de retroalimentação para controlar a tensão muscular por meio do seu relaxamento, antes que a força do músculo se torne intensa o suficiente para romper seus tendões. Esse reflexo pode anular o reflexo de estiramento quando a tensão é excessiva, fazendo com que você deixe cair no chão um objeto muito pesado, por exemplo. Assim como o reflexo de estiramento, o reflexo tendinoso é ipsolateral. ✎ À medida que a tensão aplicada sobre um tendão aumenta, o órgão tendinoso é estimulado e gera impulsos nervosos que se propagam para a medula espinal através de um neurônio sensitivo. Na medula espinal o neurônio sensitivo ativa um interneurônio inibitório que faz sinapse com um neurônio motor. O neurotransmissor inibitório hiperpolariza o neurônio motor, diminuindo a geração de impulsos nervosos. O músculo relaxa e alivia o excesso de tensão. ✎ O reflexo de retirada envolve um arco polissináptico e ocorre quando, por exemplo, você pisa em um prego. Em resposta a este estímulo doloroso, você imediatamente retira sua perna. ✎ Quando você pisa no prego, ocorre a estimulação dos dendritos de um neurônio sensível à dor, o qual gera impulsos nervosos que se propagam em direção à medula espinal. Na medula espinal, o neurônio sensitivo ativa interneurônios excitatórios que se estendem por vários níveis medulares. Os interneurônios ativam neurônios motores e consequentemente, os neurônios motores geram impulsos nervosos, que se propagam em direção às terminações axônicas, gerando uma contração dos músculos. O reflexo de retirada, assim como o de estiramento, é ipsolateral. Referências: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. E-book. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97 88527728867/. Acesso em: 20 ago. 2022. SPLITGERBER, Ryan. Snell Neuroanatomia Clínica. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. E- book. 9788527737913. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97 88527737913/. Acesso em: 20 ago. 2022.