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Acampamento e Colônia de Férias - Mód IV

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CURSO DE 
ACAMPAMENTOS E COLÔNIAS DE 
FÉRIAS: O TRABALHO E A 
MONTAGEM 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
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MÓDULO IV 
 
 
17 UM DIA DE ACAMPAMENTO E NA COLÔNIA 
 
 
Conforme o estabelecimento de lazer pode haver dias regulares, com 
atividades corriqueiras; ou atípicos, com atividades mestres ou eventos. Em dias 
atípicos normalmente as atividades corriqueiras ficam em segundo plano e todos os 
esforços são direcionados para a elaboração e execução das atividades principais, 
sejam elas recreativas, shows, festas ou qualquer evento. Geralmente em dias 
atípicos, enquanto uma atividade mestre está sendo preparada, estão sendo 
aplicadas atividades menores que necessitam de pouco contingente, pois todo o 
restante da equipe é direcionada para a atividade mestre, seja na confecção de 
cenários, elaboração do material a ser utilizado, preparação dos espaços e 
equipamentos, separação do material, enfim, no que for necessário. 
Não há como descrever um dia atípico, pois depende da atividade que o 
torna como tal. A seguir há a descrição de dias típicos, tanto em colônias de férias 
como em acampamentos. 
 
 
17.1 UM DIA DE ACAMPAMENTO 
 
 
Os dias nos acampamentos dependem do tipo do empreendimento, da 
segmentação de demanda e do que os dirigentes, a coordenação e a equipe 
decidem, definindo assim o que acreditam ser o melhor para o seu negócio. Cada 
acampamento é único e a definição a seguir é apenas um exemplo do que se pode 
fazer com um dia típico na temporada de um acampamento, no caso, infanto-juvenil, 
que é um dos tipos mais encontrados no mercado. Será exemplificado um 
acampamento que não faz divisão de faixa etária para suas atividades; a diferença 
 
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para acampamentos que realizam essa divisão de grupos é que haveria mais de 
uma atividade ocorrendo ao mesmo tempo nos três períodos do dia, geralmente em 
espaços diferentes. 
 
Preparo do desjejum – a equipe de restauração inicia os serviços, 
preparando o café da manhã de todos; a antecedência dependerá da quantidade de 
acampantes e do que necessita ser preparado. Durante todo o dia esta equipe 
estará no preparo de todas as refeições, principais ou secundárias e seu turno de 
trabalho termina após o jantar, quando deixa tudo limpo e em ordem para o dia 
seguinte, além do lanche noturno preparado, para ser servido pelos monitores aos 
acampantes. 
 
Despertar – o dia dos acampantes começa com o despertar, seja por meio 
de equipamento de som, com monitores passando pelos dormitórios acordando a 
todos, ou com um grupo de acampantes acordando todo o acampamento, que 
também é muito comum; nesse caso o grupo, geralmente de um quarto inteiro, é 
avisado na noite anterior, o que os leva a preparar algo, como uma música, por 
exemplo, a ser cantada na porta de cada quarto, acordando aos acampantes e 
monitores de quarto. 
Entre o despertar e o hastear da bandeira os acampantes procuram fazer 
sua higiene matinal, trocar de roupa, arrumar suas camas e armários. 
 
Hastear bandeira – os acampantes são chamados para hastear as bandeiras 
(geralmente são três: do Brasil, do Estado ou da cidade em que se encontra o 
empreendimento e do acampamento) e cantar o hino do acampamento. Pode 
acontecer antes ou depois do café da manhã, assim como pode existir ou não. 
 
Desjejum – os acampantes são chamados ao refeitório para o café da 
manhã, seja por meio de sirene, sino, apitos, gritos, cantos ou o que for de costume 
do local. Após o café e ainda no refeitório são passadas as informações a respeito 
da próxima atividade, como local aonde será realizada, vestimenta indicada, 
materiais próprios a serem levados, se for o caso, etc. 
 
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Entre o desjejum e a atividade da manhã os acampantes retornam aos 
dormitórios para se aprontar, fazer sua higiene bucal e terminar a arrumação dos 
quartos. 
O monitor responsável pela atividade da manhã conversa com o 
coordenador para solicitar instruções, se for o caso, pega o material separado e se 
dirige ao local combinado, solicitando ajuda de outros monitores, se precisar. 
 
Atividade da manhã – os acampantes são chamados ao local marcado 
conforme costume do local (apitos, sino, etc.) e são acompanhados pelos monitores, 
que se encarregam de verificar se nenhum acampante ficou para trás. De acordo 
com a necessidade, vários monitores podem ser destacados para auxiliar com a 
mesma, ou para ajudar com a elaboração de outras atividades, junto ao 
coordenador. 
Normalmente é nesse momento que um dos monitores faz a inspeção nos 
quartos para verificar a arrumação e conferir os respectivos pontos aos quartos, se 
essa prática for de costume do acampamento. 
 
Horário livre – normalmente com o término da atividade da manhã sobra 
algum tempo antes do almoço, tempo esse que é dispensado para atividades livres 
por todo o espaço do empreendimento. Os monitores se espalham, acompanhando 
os acampantes nas diversas atividades que eles desejam desempenhar. Se o 
acampamento tiver complexo aquático e o clima for favorável, certamente será um 
dos locais mais procurados, e o que mais necessita de monitores por causa da 
segurança. 
 
Almoço – após o horário livre os acampantes são chamados ao refeitório 
para almoçar. Se estiverem na piscina ou em atividades de muito gasto energético, 
como praticando futebol, basquete, etc., os acampantes são orientados a cessar as 
atividades cerca de dez minutos antes do almoço, a fim de ser preparar para a 
refeição. 
Depois do almoço, conforme o calor e o ânimo dos acampantes são 
ensinadas e cantadas algumas músicas (com ou sem gestos) típicas do 
empreendimento. 
 
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Após a sessão lúdico-musical são transmitidas as informações a respeito da 
atividade da tarde, assim como foi feito no período matutino e os acampantes são 
liberados para o descanso. 
 
Descanso – este é um período que nem todo acampante aprecia, por ser um 
tempo em que não são permitidas atividades físicas de nenhum tipo. Este é um 
momento necessário ao organismo para facilitar a digestão e evitar danos à saúde. 
Conforme o empreendimento, os acampantes são orientados a permanecer em seus 
quartos, mesmo porque, muitas vezes são preparadas atividades vespertinas nos 
espaços de lazer, que não podem ser vistas pelos participantes até o momento da 
atividade da tarde. 
Durante o descanso alguns monitores permanecem nos quartos com os 
acampantes, outros são destacados para ajudar a coordenação com atividades 
diversas ou mesmo no preparo da atividade da tarde. 
 
Atividade da tarde – após o descanso os acampantes são chamados e 
acompanham os monitores ao local combinado, onde será realizada a atividade ou 
para serem orientados sobre ela, que pode acontecer em todo o espaço do 
empreendimento. 
Durante a atividade vespertina há acampamentos que realizam outra 
inspeção de quartos. Assim como o período da manhã, são destacados para 
acompanhar a atividade somente os monitores necessários, os outros estarão 
realizando as tarefas que o coordenador assim designar. 
 
Lanche – após a atividade vespertina ou ao meio dela, conforme a atividade, 
é reservado um horário para os acampantes comerem um lanche rápido e 
retornarem à atividade, ou se direcionarem para o banho. 
 
Banho – após a atividade vespertina ou após o lanche os acampantes 
retornam a seus dormitórios para proceder ao banho diário, o que acontece para 
todos ao mesmo tempo ou em dois turnos, conforme o sistema deaquecimento de 
água do empreendimento. Não são permitidas atividades físicas nesse período, 
 
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tampouco o trânsito de pessoas do sexo oposto próximo ao dormitório alheio nesse 
período. 
 
Jantar – após o banho de todos do empreendimento, os acampantes são 
chamados ao refeitório para o jantar. Após a refeição, se houver tempo, é realizado 
mais uma vez o momento lúdico-musical e em seguida passadas informações 
diversas, sobre a atividade noturna, recados sobre regras que precisam ser 
lembradas, cartas que chegam de parentes e amigos, parabéns e bolo para algum 
aniversariante e também é comum nesse horário a realização do chamado “leilão” 
ou qualquer outro nome que o acampamento quiser dar; no leilão são apresentadas 
peças de roupa esquecidas nos espaços do acampamento, para serem 
reconhecidas e recolhidas por seus donos; algumas peças possuem nome ou 
numeração na etiqueta, se for de costume do acampamento numerar os 
acampantes, outras não; de qualquer forma este tende a ser um momento também 
divertido, quando levado na brincadeira e desde que não muito demorado. 
Após o jantar, há um pequeno tempo para os acampantes escovarem os 
dentes e se prepararem para a atividade noturna: trocar de roupa, procurar e levar 
lanterna, preparar algum material que foi solicitado, etc. 
 
Atividade da noite – os acampantes são chamados ao local combinado para 
realizar ou iniciar a atividade noturna. Se a atividade for longa, geralmente os 
menores finalizam antes do término oficial e são acompanhados por seus monitores 
de quarto aos dormitórios para seu descanso. 
Se a atividade noturna for realizada em espaço externo, principalmente 
amplo, vários monitores são destacados para cuidar também da segurança dos 
acampantes. 
 
Lanche da noite – após a atividade noturna os acampantes que quiserem 
são convidados a tomar um último lanche, esse geralmente leve, antes de dormir. 
 
Dormir – após o lanche os acampantes que ainda estiverem acordados são 
direcionados aos seus dormitórios para o descanso merecido. Nem sempre os 
 
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acampantes estão com vontade de dormir e leva certo tempo até os ânimos se 
acalmarem. 
 
Reunião – após os acampantes terem dormido, em algumas noites ou todas, 
depende do acampamento, há a reunião da equipe de lazer, na qual o coordenador 
conversa com os monitores sobre o andamento das atividades, ritmo da temporada, 
preparo das atividades mestres, acampantes com problemas, situações especiais, 
desavenças, espaços, equipamentos e materiais que não estão de acordo, e tudo o 
que for pertinente e necessário ser exposto em reunião. 
O ideal é que a reunião seja realizada ao menor tempo possível, uma vez 
que todos estão cansados e os acampantes estão sozinhos. Às vezes algum monitor 
permanece nos dormitórios para fazer uma ronda enquanto ocorre a reunião, 
principalmente se o local da reunião for distante dos dormitórios. 
Após a reunião a equipe é liberada para dormir e o coordenador pode 
solicitar a algum monitor que fique um tempo maior, seja para conversar em 
particular, seja para passar informações sobre o dia seguinte ou para informar ao 
monitor de determinado quarto que este fará o despertar da manhã seguinte. 
 
 
17.2 UM DIA NA COLÔNIA DE FÉRIAS 
 
 
Diferentemente dos acampamentos, as colônias de férias não têm uma 
rotina tão rígida, seu dia a dia é mais parecido com o de um hotel. 
Assim como os acampamentos, há dias típicos e dias de eventos, festas, 
etc. e a equipe também é direcionada para as tarefas conforme a necessidade, 
entretanto, a equipe de lazer das colônias pode ser mais especializada no que diz 
respeito às tarefas, por exemplo, certo monitor pode ser perfeito para o 
desenvolvimento de atividades esportivas, portanto ele sempre será destacado para 
aplicar esse tipo de atividade. 
O preparo do desjejum funciona da mesma forma que os acampamentos, 
porém o café da manhã é livre, cada turista acorda na hora que desejar e toma seu 
café no horário que quiser, desde que dentro do horário estabelecido nas normas do 
 
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empreendimento; desta forma, a equipe de restauração fica disponível para o café 
mais tempo que em acampamentos. 
Após o café, cada participante se dirige para os locais onde estão sendo 
realizadas as atividades da manhã, que podem ser diversas; em cada local haverá 
um ou mais monitores responsáveis pela recreação e os turistas podem escolher o 
que querem fazer, assim como nos hotéis. Geralmente há também alguns monitores 
destacados para cuidarem das crianças menores, eles estarão desenvolvendo 
atividades específicas, longe dos pais, para que estes também possam aproveitar 
suas férias. 
Não há o hastear das bandeiras, tampouco horário livre em colônias, pois 
todo horário é livre, o turista é quem decide o que quer fazer, inclusive fazer nada, 
se assim for de seu agrado. 
O almoço também é livre, cada turista faz sua refeição no horário que 
desejar, desde que respeitando o regulamento do empreendimento. 
Não há horário de descanso, cada turista é responsável por sua saúde, 
porém, normalmente, as atividades da tarde iniciam somente após algum tempo 
depois do almoço, considerando um tempo necessário à digestão dos turistas e 
também ao almoço e digestão da equipe de lazer. Assim como na parte da manhã, 
cada turista decide o que quer fazer, se dirige ao local da atividade desejada e lá 
encontra os monitores responsáveis. 
Cada turista decide também seu horário de banho, assim como sua janta, 
que funciona na mesma sistemática que as outras refeições. Não há horário de 
lanche e o turista que assim o desejar deve se dirigir à cantina do empreendimento e 
solicitar sua refeição secundária, que normalmente é paga à parte. 
Não é comum haver atividade noturna, quando essa ocorre geralmente é de 
caráter cultural e geralmente voltada para adultos e melhor idade, como música ao 
vivo ao redor da piscina, bingo, torneio de cartas, etc. Os turistas decidem se 
querem ou não participar e são responsáveis por seu horário de dormir. Como as 
colônias trabalham muito com famílias, geralmente os pais seguem o horário dos 
filhos, que neste momento de lazer noturno normalmente estão muito cansados, por 
terem gasto muita energia durante o dia, e não conseguem acompanhar o ritmo dos 
adultos. 
 
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Pode-se perceber que, embora acampamentos e colônias de férias possam 
ter atividades similares de lazer, o ritmo de ambos é completamente diferente e a 
forma de se trabalhar também. 
Não há temporada em colônias de férias, o que há são programas ou 
pacotes para dias, finais de semana ou feriados específicos. Geralmente quem 
decide quantos dias permanecer nas colônias são os próprios clientes, sendo que 
quando há programação fechada, o mínimo de diárias é definido. 
 
 
18 UMA TEMPORADA DE ACAMPAMENTO 
 
 
Cada acampamento tem a sua sistemática de trabalho. A maioria dos 
acampamentos trabalha aos finais de semana, feriados e nas férias escolares, com 
temporadas em Julho e Janeiro e/ou Fevereiro. Há aqueles que trabalham também 
com o sistema de Day Camp, ou seja, acampamentos de um dia, sem pernoite. 
As atividades e o planejamento de tudo o que deve acontecer no 
acampamento varia conforme o tempo em que os acampantes permanecem no 
acampamento, portanto é fundamental saber de quantos dias os acampantes 
dispõem para programar da melhor maneira possível, de forma que o ritmo da 
temporada seja agradável, ou seja, nem corrido demais, nem lento demais, é preciso 
equilibrar as atividades. 
Para que a temporada ocorra conforme o previsto é necessário um 
planejamento antecipado, pois somente assim pode-se antecipar o ritmo, prever 
atividades complementares ou substitutas, checar os equipamentos e materiais, 
fazer a compra ou troca do que não está de acordo, calcular a alimentação, as 
equipes, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
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18.1 PLANEJAMENTO E CICLO DA TEMPORADA 
 
 
Além do ciclo de cada atividade individualmente, comentado anteriormente, 
há ainda o ciclo das atividades na temporada, que também é importante de ser 
observado. Em todos os acampamentos e colônias há atividades que chamamos de 
carros-chefe, ou de primeira linha, outras de segunda linha ou atividades mais 
importantes ou mais fortes e atividades não tão importantes ou mais fracas. 
Quando vamos planejar e escolher as atividades que serão aplicadas no 
acampamento é preciso saber primeiro de quanto tempo é a temporada: 7, 10, 15, 
30 dias. Conforme o tempo que o acampante irá passar no local, teremos um ciclo 
diferente de atividades mais fortes e mais fracas, balanceadas de forma a promover 
um ritmo adequado. Se colocarmos, por exemplo, várias atividades muito cansativas 
em sequência, é provável que o acampante fique esgotado demais para aproveitar 
as últimas da série ou não as aprecie como deveria. 
Outro fator que deve ser observado é se o acampamento tem temporadas 
abertas ou fechadas; se forem fechadas o mesmo grupo de acampantes inicia e 
termina uma temporada; se forem abertas quer dizer que há mistura de grupos; um 
grupo de acampantes pode iniciar a temporada, outros vão se juntando a eles 
conforme o tempo for passando e terminam todos juntos, ou alguns podem sair 
antes que a última temporada termine. 
Em temporadas fechadas é aconselhável, após as atividades de integração 
para conhecimento mútuo, iniciar com alguma atividade forte para animar a turma e 
causar boa impressão principalmente nos acampantes novos, que nunca 
frequentaram o acampamento; depois se podem intercalar as atividades médias e 
fortes até o ponto alto da temporada, que se dá, assim como no ciclo de atividades, 
quase no final, quando deve ser aplicado o carro-chefe. Ao final da temporada é 
comum aplicar atividades de grande envolvimento emocional, como fogueiras da 
amizade, momentos de reflexão, etc., assim como a apresentação de tudo o que foi 
feito na temporada, para os próprios acampantes ou para os pais e tutores, 
geralmente no último dia ou nos dois últimos. 
 
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Essas atividades culturais do tipo fogueira da amizade são importantes 
porque, além de evidenciarem as amizades formadas e fazerem o fechamento da 
temporada, deixam o acampante com um “gostinho de quero mais” e fazem o 
gancho para a próxima temporada; os acampantes se emocionam, fazem “juras de 
amor eterno” ao amigo que provavelmente não irão encontrar tão cedo, pois muitos 
moram em cidades diferentes, e marcam presença novamente na temporada 
seguinte. 
Um gráfico de atividades para uma temporada curta ou média ficaria desta 
forma: 
 
 
Em temporadas abertas o planejamento das atividades é mais complicado, 
pois é preciso deixar as atividades principais para quando todos acampantes 
estiverem presentes, o que pode acontecer no começo, meio ou fim, depende de 
como foram intercaladas as temporadas. De qualquer modo deve-se tentar proceder 
como a programação de temporadas fechadas, na medida do possível. 
Esse esquema de apenas um auge nas temporadas funciona muito bem 
para temporadas de até 15 dias, para temporadas maiores pode-se acrescentar 
mais de um pico, como no gráfico abaixo, por exemplo: 
 
 
 
 
 
 
0
10
20
30
40
50
60
0 1 2 3 4 5 6 7
Pico 
 
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Para acampamentos de um dia apenas, ou Day Camp, geralmente são 
aplicadas atividades fortes, pois os acampantes estão com sua energia no máximo e 
a aplicação de atividades mestres, além de agradar a todos, funciona como 
marketing direto: os acampantes que gostarem poderão se inscrever para participar 
das temporadas de férias. 
O planejamento das atividades é fundamental para a organização e 
aplicação das mesmas e deve ser feito de forma estratégica, ou seja, pode ser 
modificado a qualquer momento, sempre que o coordenador achar necessário ou 
prudente. O planejamento de uma temporada de acampamento pode começar no 
término da temporada imediatamente anterior, quando são verificados os pontos 
fortes e fracos, tudo o que funcionou e o que precisa ser melhorado para a próxima, 
isso normalmente é feito por meio de relatórios e in loco, com a ajuda dos monitores; 
depois, um planejamento mais específico é feito cerca de um a dois meses antes da 
temporada, conforme a complexidade, duração e segmentação de mercado 
esperada. Algumas atividades exigem planejamento bem antecipado, como 
atividades que precisam de confecção de material, compra de equipamentos, 
ensaios ou reuniões em equipe para seu sucesso. 
Em colônias de férias o planejamento é constante e pode ser feito 
semanalmente, conforme o fluxo de turistas no empreendimento. 
Para o planejamento da temporada deve-se levar em conta também alguns 
fatores como: 
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12
Picos 
 
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 Atividades mestres tipo fixas como jogo de copa do mundo, fenômenos 
naturais, etc. Conforme a atividade pode-se aproveitar o momento para aplicar 
outras complementares à atividade mestre, como oficina de artes para decoração do 
salão onde será assistido o jogo e/ou para confecção de instrumentos musicais, 
criação de gritos de guerra, etc. 
 Temporada de meio de ano – atividade mestre tipo festa Junina. 
 Temporada de início de ano – atividade mestre tipo pré-carnaval. 
 Ano de comemoração de algum evento especial ou Ano de aniversário 
do acampamento – prever alguma atividade para coroar esses eventos. 
Qualquer evento que possa ser considerado como atividade mestre deve ser 
estimado no planejamento, pois altera o ritmo da temporada e nem sempre é 
possível modificar a data para se adequar ao ritmo previsto antecipadamente. 
Outras atividades mestres podem ser complementadas com atividades 
secundárias, a exemplo da copa do mundo citada, e devem ser previstas no 
planejamento da temporada, muitas vezes tirando o lugar de outras atividades 
comumente aplicadas. 
Embora o coordenador procure planejar a temporada com antecedência 
suficiente, normalmente com a ajuda ou palpite de monitores experientes, deve-se 
ter em mente que nem sempre o que se planeja é o que acontece. Já aconteceu de 
o coordenador realizar o planejamento para uma temporada de sol, com algumas 
atividades coringa para chuva e acontecer de chover noventa por cento dos dias da 
temporada. Em outra ocasião o planejamento estava pronto e a data do início da 
temporada próxima, quando o proprietário do empreendimento comprou um 
equipamento de lazer novo e sugeriu uma atividade inovadora com sua utilização. 
Nunca se deve afirmar, portanto, que o planejamento está fechado, ele estará no 
máximo pronto na medida do possível, até que a primeira intempérie aconteça. 
 
 
19 FAZENDO AS MALAS 
 
 
Fazer as malas é sempre um problema para quem não tem experiência, 
principalmente quando se tratam de viagens longas, a locais ou empreendimentos 
 
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que não se conhece. Assim, a maioria dos acampamentos fornece um check list 
para facilitar a vida de quem vai organizar uma viagem, principalmente se forem os 
pais de crianças que ficarão cerca de um mês fora de casa. 
Os componentes de uma mala de quem vai a um acampamento depende de 
alguns fatores: 
 Tipo de acampamento e de atividades desenvolvidas. 
 Clima do local na época visitada. 
 Duração da temporada. 
 Faixa etária do acampante. 
 
 
19.1 TIPO DE ACAMPAMENTO E DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
 
 
Embora o tipo do acampamento influencie na confecção da mala, não há 
como prever aqui tudo o que deve ser levado, pois é de competência de cada 
empreendimento determinar o que é necessário para seu acampante, podemos, no 
entanto, exemplificar. 
Acampamentos de aventura podem incluir em seu check list: calçado 
antiderrapante, roupa de neoprene, capacete, luvas e equipamento de segurança, 
para quem os tiver.Acampamentos religiosos podem incluir: terço, bíblia ou outros 
materiais próprios da religião em questão. Acampamentos esportivos podem incluir 
roupas próprias para a prática do esporte e assim por diante. 
O mesmo acontece com o tipo de atividades desenvolvidas nos 
acampamentos, por exemplo, se o empreendimento tiver piscina e for temporada de 
verão, é muito provável que várias atividades sejam desenvolvidas no complexo 
aquático, o que implicaria em incluir na mala cerca de dois maiôs ou sungas, além 
de toalha extra e chinelo de borracha. Se estiver programada para a temporada 
alguma festa temática ou for necessária alguma fantasia, também é comum solicitar 
vestimenta adequada no check list e assim por diante. 
 
 
 
 
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19.2 CLIMA DO LOCAL NA ÉPOCA VISITADA 
 
 
Há dois tipos de climas bem definidos quando se trata de temporadas de 
verão ou inverno, clima quente ou frio, porém depende também da localização do 
empreendimento; há localidades em que o frio praticamente não ocorre e outras em 
que a temperatura alta do verão é escassa. O Brasil é imenso e as diferenças 
climáticas são claras conforme a região. Mais uma vez, cada empreendimento sabe 
de suas características e deve sugerir a vestimenta adequada ao clima que enfrenta 
nas distintas épocas do ano. É comum, portanto, elaborar um check list para 
temporadas de verão, outros para temporadas de inverno. Não é costume elaborar 
check list para finais de semana ou feriados, somente quando solicitado ou quando 
há necessidade específica de algum componente na mala. 
 
 
19.3 DURAÇÃO DA TEMPORADA 
 
 
A duração da temporada é fundamental para a elaboração do check list no 
que diz respeito à quantidade de componentes solicitados. Pode-se fazer um check 
list para uma semana apenas, porém não se pode multiplicar a quantidade de itens 
desse check list por quatro, se a temporada for de um mês, por exemplo, pois há 
componentes que podem ser usados por mais de uma semana, outros que precisam 
de troca constante, enfim, é comum a elaboração de um check list para temporadas 
pequenas, outro para médias, outro para grandes temporadas, vai depender do tipo 
de temporada que o acampamento oferece. 
 
 
 
 
 
 
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19.4 FAIXA ETÁRIA DO ACAMPANTE 
 
 
Costuma-se sugerir check list diferenciado conforme a faixa etária, pois 
crianças pequenas geralmente sujam muitas roupas, participam de mais atividades 
artísticas e, portanto pedem-se alguns materiais desse gênero. Adultos costumam 
levar mais roupas do que o necessário, e idosos menos, embora não seja comum 
elaborar um check list específico a essas segmentações de demanda, a lista em 
ambos os casos é muito bem aceita. 
A sugestão abaixo foi elaborada para um acampamento lúdico infanto-
juvenil, considerando que não há lavanderia ou local para lavar roupas. 
Temporada de verão Quantidade 
Tipo Descrição 7 dias 15 dias 30 dias 
Ve
st
uá
rio
 
Calças 4 7 10 
Bermudas/shorts 4 8 12 
Casaco leve/moletom 1 2 3 
Camisetas 10 18 33 
Pijamas 1 2 3 
Cuecas ou calcinhas 9 17 32 
Sungas ou maiôs 2 3 3 
Meias (pares) 9 17 32 
Tênis (pares) 2 3 4 
Chinelo (par) 1 1 1 
Bonés 2 2 2 
C
am
a 
Lençol (jogo) 1 2 3 
Fronha 1 2 3 
Cobertor ou edredom leve 1 1 1 
Travesseiro 1 1 1 
B
an
ho
 Toalhas de banho 2 4 6 
Toalha de rosto 1 2 3 
 
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H
ig
ie
ne
 p
es
so
al
 
Escova para dentes 1 1 1 
Fio dental 1 1 1 
Pasta para dentes 1 1 1 
Sabonete 1 1 1 
Saboneteira 1 1 1 
Xampu 1 1 1 
Condicionador 1 1 1 
Creme hidratante 1 1 1 
Protetor Solar 1 1 1 
Repelente de insetos 1 1 1 
Escova e/ou pente para cabelos 1 1 1 
C
am
pi
ng
 
Saco de dormir 1 1 1 
Cantil 1 1 1 
Lanterna 1 1 1 
Pilhas para lanterna (jogo) 2 4 6 
Prato plástico 1 1 1 
Talheres (colher, garfo, faca) 1 1 1 
Copo plástico 1 1 1 
Mochila pequena 1 1 1 
A
rt
es
 
Giz de cera (caixa) 1 1 1 
Canetas hidrográficas coloridas (caixa) 1 1 1 
Lápis de cor (caixa) 1 1 1 
Papel crepom colorido (rolos) 3 4 5 
O
ut
ro
s 
Saco para roupa suja 1 1 1 
Capa de chuva 1 1 1 
Medicamentos pessoais Se houver Se houver Se houver 
Carteira do convênio médico 1 1 1 
Kit de costura 1 1 1 
 
 
O check list da mala dos acampantes também serve como exemplo para o 
check list dos monitores, tanto para temporadas de verão quanto de inverno; as 
 
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quantidades de cada componente, no entanto, podem diferir, pois acampantes 
costumam usar mais roupas do que membros da equipe; alguns itens podem ser 
suprimidos, outros acrescentados, a saber: 
Suprimir: 
 Material de artes. 
Acrescentar: 
 Canivete multifuncional para camping. 
 Óculos de sol. 
 Botas para caminhada, se as tiver. 
 Roupas pretas ou escuras para se esconder à noite. 
Temporada de inverno Quantidade 
Tipo Descrição 7 dias 15 dias 30 dias 
Ve
st
uá
rio
 
Calças 5 10 20 
Bermudas/shorts 3 6 10 
Casacos/moletons 2 4 6 
Camisetas 10 18 33 
Pijamas 1 2 3 
Cuecas ou calcinhas 10 18 33 
Sungas ou maiôs 2 3 3 
Meias (pares) 10 18 33 
Tênis (pares) 2 3 4 
Chinelo (par) 1 1 1 
Bonés/gorro de lã 2 3 3 
C
am
a 
Lençol (jogo) 1 2 3 
Fronha 1 2 3 
Cobertor ou edredom 2 2 2 
Travesseiro 1 1 1 
B
an
ho
 Toalhas de banho 2 4 6 
Toalha de rosto 1 2 3 
H
ig
ie
ne
 
pe
ss
oa
l Escova para dentes 1 1 1 
Fio dental 1 1 1 
Pasta para dentes 1 1 1 
 
 AN02FREV001 
 158 
Sabonete 1 1 1 
Saboneteira 1 1 1 
Xampu 1 1 1 
Condicionador 1 1 1 
Creme hidratante 1 1 1 
Protetor Solar 1 1 1 
Repelente de insetos 1 1 1 
Escova e/ou pente para cabelos 1 1 1 
C
am
pi
ng
 
Saco de dormir 1 1 1 
Cantil 1 1 1 
Lanterna 1 1 1 
Pilhas para lanterna (jogo) 2 4 6 
Prato plástico 1 1 1 
Talheres (colher, garfo, faca) 1 1 1 
Copo plástico 1 1 1 
Mochila pequena 1 1 1 
A
rt
es
 
Giz de cera (caixa) 1 1 1 
Canetas hidrográficas coloridas (caixa) 1 1 1 
Lápis de cor (caixa) 1 1 1 
Papel crepom colorido (rolos) 3 4 5 
O
ut
ro
s 
Saco para roupa suja 1 1 1 
Capa de chuva 1 1 1 
Medicamentos pessoais Se houver Se houver Se houver 
Carteira do convênio médico 1 1 1 
Kit de costura 1 1 1 
 
 
19.5 IDENTIFICAÇÃO DAS BAGAGENS 
 
 
Para facilitar o encaminhamento das malas aos quartos nos dormitórios do 
acampamento, ou mesmo para o próprio acampante poder identificá-las, é 
 
 AN02FREV001 
 159 
aconselhável a identificação das bagagens por meio de etiquetas presas a uma das 
alças. 
Para uma fácil visualização das malas é comum os acampantes colocarem 
fitas coloridas ou chaveiros chamativos nas alças, adesivos nas laterais quando as 
malas são de plástico resistente ou outro método que os ajude a encontrar 
facilmente seus pertences em meio a tantos outros. 
O mesmo ocorre com as malas dos membros das equipes, se estes 
acompanharem os acampantes nos ônibus, pois seus pertences ficam nos mesmos 
bagageiros e, portanto, a identificação é necessária. 
 
 
20 A PARTIDA E O RETORNO 
 
 
20.1 A PARTIDA 
 
 
Local e horário 
O dia da partida dos acampantes para o acampamento é sempre um 
momento delicado, quando há vários procedimentos a serem feitos e é uma ocasião 
de muita emoção, tanto para os acampantes, principalmente os novatos, quanto 
para os pais. 
No planejamento da temporada do acampamento é necessário escolher o 
local da partida, onde os ônibus e a equipe deverão esperar pelos acampantes e 
seus pais. Normalmente essa escolha é feita da primeira vez e mantida nas 
próximas temporadas, a não ser que precise ser mudada porque não foi uma boa 
escolha ou por motivo de força maior, como, por exemplo, quando há obras no local. 
Esse ponto deve ser público, de fácil acesso, que tenha espaço para 
estacionamento tanto de ônibus quanto de carros e que seja de conhecimento geral, 
como um marco da cidade, por exemplo: uma praça com uma escultura famosa, um 
estacionamento à frente de um grande hipermercado ou de um estádio de futebol, 
umparque famoso, em frente à catedral ou igreja matriz, etc. 
 
 AN02FREV001 
 160 
É preciso verificar também se no local é possível e permitido o 
estacionamento na data e horário marcados, assim como se há necessidade de 
autorização para sua utilização, seja da prefeitura, do órgão, setor ou empresa 
responsável pela localidade. Uma atenção especial deve ser tomada quanto a locais 
de feiras livres, de artesanato e para eventos, no que se refere aos períodos 
utilizados, para não coincidirem com a partida dos acampantes. 
Quando há partida para o acampamento de um público específico, como 
escolas em finais de semana ou feriados, o local escolhido geralmente é onde essa 
demanda costuma se reunir, no exemplo dado, a escola. 
O horário marcado para o encontro deve ser preferivelmente na primeira 
metade da manhã, pois se pode aproveitar mais o dia. Deve-se levar em conta em 
grandes cidades o trânsito, principalmente em horários de pico, assim como o tempo 
que o ônibus leva da origem ao destino. O primeiro dia normalmente é reservado às 
apresentações, arrumação dos quartos, visita aos espaços e infraestruturas do 
empreendimento, explicações gerais sobre o acampamento, regulamentos, etc. e 
alguma atividade simples ao final da tarde e/ou à noite. 
Exceção se faz quando há necessidade de marcar horário distinto devido a 
especificidades da demanda, por exemplo, quando a contratação do acampamento 
é feita por escolas em finais de semana, pode-se marcar a saída para depois das 
aulas de sexta-feira, o que ocorre ao horário do almoço ou ao final do dia, conforme 
o período em que estudam os acampantes. 
 
Recepção aos pais 
A recepção aos pais é sempre um momento delicado, pois cada pai é único 
e seu filho ou filhos são os mais importantes para eles, portanto todos merecem 
atenção especial. 
Na chegada o monitor deve ir ao encontro do acampante e seus pais, 
preferivelmente antes que eles cheguem ao monitor, e auxiliar com as malas, pois 
demonstra atenção. Se for a primeira temporada do acampante, algumas 
informações podem ser solicitadas pelos acampantes e seus pais, que devem estar 
apreensivos; o monitor deve respondê-las e, se não souber, ou não for de sua 
competência, deverá encaminhá-los a alguém que possa solucionar suas questões. 
 
 AN02FREV001 
 161 
Após checar se as malas estão devidamente identificadas, o monitor as 
guarda no bagageiro do ônibus (a partir desse momento e até a entrega das 
bagagens aos acampantes, as malas são de responsabilidade do acampamento), 
avisa quanto tempo falta para a partida e deixa o acampante livre para se despedir 
de seus pais e aproveitar de sua companhia no tempo restante. Deve-se então 
informar o nome do acampante ao monitor responsável pela lista de presença. 
O papel do monitor também é tranquilizar os pais, para isso deve ser 
simpático e cordial, brincar com o acampante e seus pais de modo a descontrai-los 
e deixá-los à vontade, mas não se deve forçar o acampante tímido a se expor nesse 
momento, haverá muitas outras oportunidades para trabalhar com a introversão da 
criança. 
Geralmente os pais querem também conhecer o monitor que cuidará de 
seu(s) filho(s) nos quartos, a fim de passarem algumas informações que julgam 
importantes como o comportamento da criança em determinadas situações, enurese 
noturna, introversão, etc. Se os monitores já souberem quais os acampantes de 
seus quartos, essa apresentação poderá se feita, caso contrário essas informações 
podem ser passadas para o coordenador ou para a (o) enfermeira (o). 
 
Medicamentos 
Se o acampante fizer uso regular de algum medicamento, os pais deverão 
ser encaminhados à (ao) enfermeira (o) que acompanhará o grupo na temporada e 
que também deve estar na partida dos ônibus. O profissional de saúde deverá 
receber os medicamentos e as instruções dos pais, e fazer as anotações 
pertinentes, como o nome dos remédios, indicação, dosagem e posologia, além de 
proceder às observações na ficha do acampante. É importante tranquilizar os pais 
nesse momento e transmitir segurança, responsabilizando-se por ministrar os 
medicamentos conforme as orientações recebidas. É comum os pais solicitarem 
informações ao profissional sobre sua experiência, principalmente em 
acampamentos e situações de emergência. 
 
A viagem 
No horário marcado para a saída dos ônibus os monitores solicitam o 
embarque dos acampantes, o que leva certo tempo, após todas as despedidas. 
 
 AN02FREV001 
 162 
Checa-se então se todos os acampantes estão presentes e dentro dos veículos. 
Caso falte algum acampante, deve-se procurar entrar em contato para saber sobre 
seu paradeiro; se a criança estiver chegando dentro de 15 minutos, costuma-se 
aguardá-la. Se o atraso for grande é aconselhável liberar os ônibus para partida e, 
se possível, aguardar com o carro de apoio, caso contrário o pai do acampante 
deverá providenciar seu transporte ao acampamento. Se não foi possível o contato 
com o acampante, é comum a espera de 10 a 15 minutos, depois desse tempo 
deve-se proceder à partida, principalmente em respeito aos pais que chegaram no 
horário marcado. 
Após a liberação dos veículos pelo coordenador, os monitores passam 
algumas informações aos acampantes, como o tempo de viagem, se haverá paradas 
ou não e as regrinhas dentro do veículo. Em viagem podem-se fazer algumas 
atividades, cantar músicas, conversar e colocar em dia o papo com os acampantes 
antigos e tentar entrosar os acampantes novos; o ideal é que a percepção do tempo 
de percurso seja o menor possível, independente da distância e tempo real 
transcorrido. 
 
 
20.2 O RETORNO 
 
 
Atividades de finalização 
Em todos os acampamentos há algumas atividades típicas que são feitas ao 
final da temporada, no último ou nos dois últimos dias; alguns acampamentos 
solicitam a presença dos pais, tutores ou parentes próximos, outros não, porém é 
mais raro, a maioria abre as portas do acampamento para os pais conhecerem o 
ambiente em que seus filhos passaram a temporada; alguns realizam atividades em 
conjunto com os pais, outros demonstram o que foi feito ou desenvolvido na 
temporada, por meio de apresentações teatrais e musicais dos acampantes, 
exposição de artes, cartazes confeccionados, etc. 
De um modo geral as atividades de finalização buscam fazer o fechamento 
da temporada, fortalecendo os vínculos de amizade e convidando os acampantes 
para a próxima temporada. Procuram também mostrar aos pais que fizeram um bom 
 
 AN02FREV001 
 163 
investimento enviando seus filhos ao acampamento, pois esses retornam com 
grande bagagem emocional e educacional. 
Para os acampantes, as atividades de finalização começam geralmente no 
dia anterior à partida, com os últimos jogos e desafios entre acampantes e 
monitores, a fogueira da amizade, atividades de confraternização, a foto com todos 
do grupo, geralmente vestidos com camisetas estampadas com o logotipo do 
empreendimento, etc. 
Há acampamentos que realizam dois dias de atividades com os pais, desde 
esportivas até culturais, há outros que oferecem almoço ou lanche no último dia a 
todos e procedem às apresentações teatrais e musicais, outros somente solicitam 
aos pais que vão buscar seus filhos. Há também aqueles em que os acampantes 
voltam com seus colegas, de ônibus; neste caso os pais devem aguardar os 
veículos no mesmo local em que foi a partida. É comum esse procedimento em 
acampamentos de finais de semana, feriados e day camp. 
 
Recepção aos pais 
Quando os pais vão buscar seus filhos no acampamento, geralmente estão 
bastante ansiosos e com muitas saudades, querem logo encontrar suas crias e 
conversar com os monitores dos quartos sobre o comportamento e desenvolvimento 
da criança. É importante nesse momento encaminhar os pais a suas crianças e 
transmitir a segurança que eles esperam, informando sobre os procedimentos que 
se seguirão. 
Se alguma informação importantesobre o acampante deve ser passada, 
como algum comportamento que necessita de maior atenção ou algum 
procedimento médico ou ambulatorial realizado, geralmente é o coordenador ou o 
enfermeiro que faz esse comunicado. 
 
A Viagem 
Quando os acampantes retornam com os veículos do acampamento, a 
viagem deve ser semelhante a de ida, com a diferença que agora os vínculos já 
estarão formados e o clima não é mais de excitação, mas de certa melancolia, pelo 
término da temporada. 
 
 AN02FREV001 
 164 
Geralmente os pais aguardam seus filhos no local combinado antes da 
chegada dos veículos, sendo que se algum pai se atrasar, um monitor ou 
geralmente o coordenador deve ficar responsável pelo aguardo do mesmo. NUNCA 
se deve abandonar o acampante e esse deve ser SEMPRE liberado aos pais ou 
responsáveis no retorno. Se os pais não puderem buscá-lo e designarem alguém em 
seu lugar, a autorização para entregar o acampante deve ser feita por escrito e 
preferivelmente enviada antecipadamente ou comunicado por telefone e/ou e-mail e 
confirmada com a autorização. 
Igualmente à partida, as malas, enquanto no bagageiro, são de 
responsabilidade do acampamento, até que o profissional responsável as entregue 
aos respectivos donos. 
 
 
21 ENFERMARIA, PRIMEIROS-SOCORROS E SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA 
 
 
21.1 ENFERMARIA 
 
 
A enfermaria é um dos locais do acampamento que merece tanta atenção 
quanto qualquer espaço de lazer. Deve estar localizada em posição estratégica, de 
fácil acesso, tanto a pé, quanto de carro. A maioria dos acidentes ocorre nas áreas e 
equipamentos de lazer, portanto seria interessante estar próxima a eles. 
Precisa ser um ambiente limpo, higienizado com frequência, 
independentemente do uso, pois por menor que seja sua utilização (e espera-se 
precisar usá-la o mínimo possível), acampamentos e colônias de férias geralmente 
encontram-se em ambientes naturais e, portanto, tendem a acumular poeira em 
ambientes abertos ou mesmo fechados. 
Os equipamentos e materiais de uma enfermaria tanto de colônias quanto de 
acampamentos são todos aqueles necessários ao atendimento de pequenas 
ocorrências, pois incidentes graves são encaminhados imediatamente ao hospital 
mais próximo ou àquele que tiver convênio com o empreendimento. 
A seguir um exemplo de enfermaria tradicional de empreendimento de lazer: 
 
 AN02FREV001 
 165 
 Maca; 
 Pia; 
 Armário para armazenagem de instrumentos e medicamentos; 
 Mesa; 
 Cadeira; 
 Relógio de parede; 
 Esfigmomanômetro; 
 Estetoscópio; 
 Termômetro; 
 Maleta de primeiros socorros; 
 Material de primeiros socorros: talas, faixas, gases, fita crepe, rolo de 
esparadrapo, tesoura de ponta arredondada, pinça, alicate de cutícula, bolsa para 
água quente, bacia de aço inox, pares de luvas de látex; 
 Medicamentos: álcool, iodo, soro fisiológico, analgésicos, xarope para 
tosse, pastilha para garganta, anti-histamínico, remédio para enjoo, pomadas para: 
picadas de insetos, queimaduras e hematomas. 
O profissional que trabalha como enfermeiro de um acampamento difere um 
pouco do que trabalha em uma colônia de férias. O enfermeiro de colônias 
geralmente fica na enfermaria, aguardando alguma ocorrência, e seu turno de 
trabalho normalmente coincide com o horário em que são oferecidas as atividades 
de lazer diurnas da colônia. O enfermeiro de acampamentos nem sempre 
permanece na enfermaria; se as atividades de lazer estiverem sendo desenvolvidas 
em um só espaço, o enfermeiro geralmente acompanha o grupo, levando uma 
pequena caixa de primeiros socorros, assim fica mais fácil o atendimento in loco no 
momento da ocorrência; além disso, é um profissional que dorme no acampamento, 
estando disponível por 24h. 
A escolha do profissional que trabalha em acampamentos tem que ser feita 
com cuidado, principalmente se o público for infanto-juvenil, pois o enfermeiro 
precisa ser paciente e compreender que nem sempre a criança que o procura tem 
algum problema físico, muitas vezes ela está carente, com saudades de casa e 
como o enfermeiro é a pessoa que lhe dará atenção especial, certas crianças 
tendem a se apegar ao profissional às vezes mais do que aos próprios monitores. É 
comum os acampamentos contratarem estagiários em enfermagem para essa 
 
 AN02FREV001 
 166 
função, e são pessoas que costumam se empenhar e cumprir com esmero seu 
papel, porém é necessário que se verifique se o estagiário está pronto para agir em 
situações de emergência, como acidentes mais graves que precisem de pronto 
atendimento. 
O trabalho de enfermeiros de colônias resume-se em atender as 
ocorrências, como pequenos incidentes: torções, arranhões, hematomas, dores de 
cabeça, musculares, etc. O profissional deve estar preparado, no entanto, para o 
atendimento de ocorrências graves, como problemas cardíacos, sufocamentos, 
afogamentos, etc. 
A maior parte do trabalho de enfermeiros de acampamentos, principalmente 
infanto-juvenis, compreende ministrar os remédios regulares dos acampantes e 
atender as pequenas ocorrências, como nas colônias; sendo que os incidentes mais 
graves geralmente são decorrentes de acidentes em atividades de lazer, como 
membros quebrados, afogamentos, cortes que necessitem de pontos, etc. 
É importante também ao enfermeiro de acampamentos manter um registro 
das ocorrências, as fichas dos acampantes sempre à mão, para verificar possíveis 
alergias, etc., assim como manter anotação sobre medicamentos regulares a serem 
ministrados e o prontuário atualizado. 
 
 
21.2 PRIMEIROS SOCORROS 
 
 
Embora o enfermeiro do empreendimento de lazer seja a pessoa mais 
indicada para prestar os primeiros socorros a quem precisa, nem sempre esse 
profissional está próximo ao local da ocorrência ou está disponível, pode, por 
exemplo, estar em outro atendimento, acompanhando algum caso grave ao hospital 
ou mesmo fora de seu horário de serviço, no caso das colônias; assim sendo, é 
fundamental que os membros da equipe de lazer estejam aptos a prestar os 
primeiros socorros, para isso um bom curso específico é essencial e deve ser 
exigido como pré-requisito à contratação do profissional; assim como deve ser 
constante a prática, por meio de treinamentos para que os procedimentos estejam 
sempre vivos na memória e sejam aplicados com precisão e rapidez sempre que 
 
 AN02FREV001 
 167 
necessários. É aconselhável aos empreendimentos de lazer providenciar essa 
reciclagem de tempos em tempos, ou sempre que a equipe necessitar. 
As dicas a seguir não dispensam a habilidade aprendida no curso de 
primeiros socorros a que os profissionais devem se submeter, mas são válidas para 
relembrar alguns procedimentos na reciclagem da equipe. Alguns procedimentos 
aqui descritos e retirados do livro do SENAC, apresentado na bibliografia, devem ser 
aplicados após análise criteriosa, pois alguns se modificam se houver mais de um 
caso, por exemplo, se no procedimento há necessidade em se virar a cabeça da 
vítima para um dos lados a fim de evitar que se sufoque em seu próprio vômito, este 
não deverá ser aplicado se houver suspeita de lesão na coluna, portanto, cada caso 
é único e os procedimentos a serem tomados devem sempre ser aplicados após 
verificação do quadro geral da vítima. 
Em primeiro lugar em qualquer emergência é preciso manter a calma para 
avaliar as necessidades de atendimento. Se o socorrista estiver acompanhado, 
solicitar a alguém do grupo que peça ajuda profissional, ou seja, que chame o setor 
de enfermagem e, conforme a gravidade, também um transporte rapidamente. 
Solicitar também que os curiosos se afastem para prestar melhor atendimento e 
evitar o pânico. Se estiver sozinho com a vítima, prestar os primeiros socorros e 
então solicitar atendimento do profissional qualificado. 
Há inúmeros tipos de ocorrências, desde graves até leves e não se pretende 
aqui apresentar os procedimentos que devem ser tomados em todosos casos, 
somente nos mais comuns em acampamentos e colônias de férias. 
 
Parada cardiorrespiratória – parada dos batimentos cardíacos e o 
desaparecimento dos movimentos respiratórios, cujos indícios devem ser 
imediatamente verificados para o pronto atendimento, ou seja, o RCPC 
(Ressuscitação CardioPulmonar-Cerebral), que deve ser ministrado por pessoa(s) 
que conheça (m) o procedimento: retirada de objeto que obstrui as vias respiratórias, 
se houver, respiração boca a boca e massagem cardíaca. O processo realizado por 
duas pessoas é mais eficaz e não cabe aqui a explicação por se tratar de 
procedimento complexo, cujo treino é essencial, pois lida com a vida da vítima, é 
preciso demonstração ao vivo de profissional qualificado. 
Gravidade: alta. 
 
 AN02FREV001 
 168 
Hemorragias visíveis – perda de sangue por consequência de rompimento 
de veias ou artérias. 
Gravidade: alta, conforme o caso. 
Causas possíveis: cortes, amputações, esmagamentos, fraturas, etc. 
Sintomas: sangue saindo do corpo por meio da lesão 
Procedimentos: comprimir diretamente o ferimento com firmeza, usando 
pano limpo, amarrar a compressa no lugar; acrescentar mais compressas sem retirar 
as primeiras, se necessário; elevar a parte do corpo afetada, se possível (ainda 
comprimindo o ferimento). O uso do torniquete, em casos graves como amputação 
ou dilaceração, só deve ser feito por pessoa qualificada, pois pode prejudicar ainda 
mais o caso. 
Procedimento em hemorragias nasais: acalmar a vítima, colocá-la à sombra, 
sentá-la ereta em cadeira com a cabeça levemente inclinada para trás, apertar a 
narina até cessar a hemorragia, orientar a vítima para não assoar o nariz. Se a 
hemorragia não parar, procurar socorro médico. 
 
Contusão – lesão sem rompimento de pele. 
Gravidade: geralmente média, podendo se agravar. 
Sintomas: dor no local da batida, a região fica de cor roxa (hematoma) e 
pode inchar. 
Procedimentos: repouso da parte contundida, aplicação de gelo para 
melhora da dor e inchaço, elevação da parte afetada. 
 
Ferimentos – lesão com rompimento da pele. 
Gravidade: média ou leve, conforme o caso. 
Sintomas: escoriações ou cortes visíveis. 
Procedimentos: lavar bem as mãos e posteriormente a ferida com água e 
sabão, secar com pano limpo, verificar sangramento e se houver estancar por 
compressão, proteger o local com gaze e esparadrapo, manter o curativo limpo e 
seco. Se for caso mais grave, com necessidade de fechamento da ferida por pontos, 
encaminhá-la para atendimento médico. 
 
 
 
 AN02FREV001 
 169 
Ferimentos nos olhos. 
Gravidade: média a alta. 
Procedimentos: não retirar corpo estranho, se houver, cobrir o olho lesado 
com pano limpo, cobrir o outro olho para evitar movimentação do atingido. Levar a 
vítima para pronto atendimento de especialista. 
 
Ferimentos com presença de objeto encravado. 
Gravidade: média a alta. 
Procedimentos: não retirar o corpo estranho, fazer curativo volumoso para 
estabilizar o objeto, encaminhar a vítima para atendimento médico. 
 
Fratura fechada – quebra de osso sem rompimento da pele. 
Gravidade: média a alta. 
Sintomas: dor intensa, deformação do local afetado, incapacidade ou 
limitação de movimentos, edema com ou sem hematoma, crepitação (atrito entre as 
partes fraturadas). 
Procedimentos: imobilização do membro afetado. Manter o membro em 
posição natural, improvisar talas com material disponível e acolchoá-las, amarrar as 
talas com tiras de pano em torno do membro fraturado, porém não na fratura, deixar 
os dedos para fora para verificar a circulação do sangue. Em caso de fratura de 
antebraço, providenciar tipoia. Em casos de fraturas de clavícula, omoplata, braço, 
ombros ou cotovelos, imobilizar com tipoia e prender o braço no tronco com tiras de 
pano. Encaminhar a vítima ao hospital. 
 
Fratura exposta – quebra de osso com rompimento da pele. 
Gravidade: alta. 
Procedimentos: proteger o ferimento com pano limpo antes de imobilizar, 
nunca tentar colocar o osso no lugar, imobilizar, encaminhar para o hospital. 
 
Fratura de crânio. 
Gravidade: alta. 
Sintomas: dor local, vômito, inconsciência, parada respiratória, hemorragia 
pelo nariz, boca ou ouvido. 
 
 AN02FREV001 
 170 
Procedimentos: manter a vítima imóvel e agasalhada, não mexer na vítima 
até chegada do socorro, quando será colocada de costas sobre superfície dura 
(maca, tábua), com imobilização da cabeça e encaminhada ao hospital. 
 
Fratura de coluna. 
Gravidade: alta. 
Sintomas: dor local, perda de sensibilidade, formigamento e perda de 
movimento dos membros. 
Procedimentos: iguais aos da fratura de crânio. 
 
Fratura de costelas. 
Gravidade: alta. 
Sintomas: respiração difícil, dor a cada movimento respiratório. 
Procedimentos: iguais aos da fratura de crânio. 
 
Fratura de bacia ou fêmur. 
Gravidade: alta. 
Sintomas: dor no local, dificuldade de movimentos e de ficar em pé. 
Procedimentos: iguais aos da fratura de crânio. 
 
Entorses – estiramento ou ruptura dos ligamentos. 
Gravidade: média. 
Sintomas: dor intensa no local, edema com ou sem hematoma. 
Procedimentos: colocar gelo no local, imobilizar com faixas. Se houver 
suspeita de fratura, o inchaço e a cor roxa forem excessivos, encaminhar para 
atendimento médico, pois pode haver necessidade de engessamento. 
 
Luxação – ruptura das superfícies articulares. 
Gravidade: média. 
Sintomas: dor, deformação no nível da articulação, impossibilidade de 
movimentação e hematoma. 
Procedimentos: imobilização e encaminhamento médico. 
 
 
 AN02FREV001 
 171 
Vertigem – tontura seguida de mal-estar. 
Gravidade: leve. 
Sintomas: tontura, mal-estar, zumbidos, surdez momentânea e até náuseas, 
conforme o caso. 
Procedimentos: deitar a vítima em decúbito dorsal, mantendo a cabeça 
baixa, evitar movimentos bruscos, afrouxar a roupa, aguardar melhora. 
 
Desmaio – perda momentânea da consciência. 
Gravidade: leve. 
Sintomas: fraqueza, tontura, palidez, suor frio, escurecimento da vista, falta 
de controle muscular, seguidos de perda da consciência. 
Procedimentos: se o socorrista antecipar o desmaio, sentar a vítima em uma 
cadeira, baixar sua cabeça entre as pernas, colocar a mão sobre a nuca da pessoa 
e pedir que ela empurre sua mão com a cabeça, enquanto o socorrista força 
ligeiramente para baixo. Se o desmaio já aconteceu, deitar a vítima no chão, 
afrouxar suas roupas, elevar suas pernas e aguardar que retome a consciência, se 
não ocorrer em três minutos, procurar ajuda médica. 
 
Convulsão – perda de consciência acompanhada de contrações musculares 
violentas. 
Gravidade: leve a média. 
Sintomas: queda, corpo tenso e retraído, a vítima debate-se violentamente, 
pode revirar os olhos, lábios e dedos arroxeados, salivação excessiva e presença de 
urina em alguns casos. 
Procedimentos: deitar a vítima, colocar pano abaixo da cabeça, afastar tudo 
ao redor, retirar próteses dentárias, óculos, etc., se possível colocar pano dobrado 
entre os dentes, mas se os tiver cerrados não tentar abrir sua boca; afrouxar sua 
roupa; se houver salivação excessiva, segurar sua cabeça virada para escorrer a 
saliva. Aguardar que cesse a convulsão e encaminhá-la para atendimento médico. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
 172 
Afogamento. 
Gravidade: leve a alta. 
Procedimentos: após o salvamento, se a vítima estiver consciente, aquecê-la 
e encaminhá-la para atendimento médico. Se estiver inconsciente, proceder à 
RCPC, se necessário e encaminhá-la ao hospital. 
 
Sufocamento. 
Gravidade: alta. 
Sintomas: dificuldade ou falta de respiração causada por corpo estranho na 
garganta. 
Procedimentos: curvar o corpo da vítima para frente, aplicar palmadas secas 
no meio das costas, se o corpo estranho não sair, tentar localizar o objeto na 
garganta, introduzir o indicador junto às paredes da boca para tentar alcançá-lo por 
trás, tomando cuidado para não empurrá-lo ainda mais; se falhar, abraçar a pessoapor trás e comprimir-lhe o abdômen na parte superior, colocando uma mão sobre a 
outra com o punho fechado cerca de quatro dedos abaixo do externo; repetir a 
operação até a expulsão do corpo estranho. Se a vítima estiver asfixiada, proceder à 
RCPC. 
 
Mordida de serpentes 
Gravidade: média a alta, conforme toxidade do animal e idade da vítima. 
Sintomas: variáveis conforme a espécie do animal. Dor no local com ou sem 
inchaço, vermelhidão, arroxeamento, bolhas ou necrose de tecido, aumento de 
volume, adormecimento ou formigamento no local da mordida, face neurotóxica, 
diminuição ou perda de visão, dores musculares principalmente na nuca, diminuição 
do volume da urina ou escurecimento, salivação excessiva, dificuldade de engolir e 
às vezes na fala, sangue incoagulável. 
Procedimentos: deitar a vítima e mantê-la calma, evitar a movimentação, se 
for um dedo atingido, retirar anéis e aliança; lavar o local da mordida com água 
corrente, aplicar compressas frias ou de gelo, transportar a vítima movimentando-a o 
mínimo possível para local que disponha de tratamento antiofídico. 
 
 
 
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Picada de escorpiões 
Gravidade: média a alta, conforme toxidade do animal, idade da vítima e 
alergia. 
Sintomas: variáveis conforme a espécie do animal. Dor intensa na região da 
ferroada ou generalizada pelo corpo, náuseas, vômitos, diarreia, dores no estômago, 
vontade constante de urinar, dificuldade de respirar, palidez, suor intenso, salivação 
abundante, dificuldade na fala e sonolência. 
Procedimentos: manter a vítima em repouso, abrandar a dor no local da 
picada com compressas quentes, encaminhar para atendimento médico imediato. 
 
Picada de aranhas 
Gravidade: leve a alta, conforme a toxidade do animal, idade da vítima e 
alergia. 
Sintomas: variáveis conforme a espécie do animal. Dor forte, formigamento, 
queimação ou coceira no local da picada, aumento ou queda da pressão, suor 
abundante, agitação, febre, anemia, icterícia, visão turva, vômito, insuficiência renal, 
priapismo, salivação, diarreia, diminuição dos batimentos cardíacos, dificuldade na 
respiração, convulsões e até mesmo choque. 
Procedimentos: compressas quentes no local da picada para aliviar a dor, 
encaminhar para atendimento médico em casos graves. 
 
Picadas de insetos 
Gravidade: leve a grave, conforme a toxidade do animal, idade da vítima e 
alergia. 
Sintomas: variáveis conforme a espécie do animal. Dor intensa, inchaço no 
local, náusea, vômito, tontura, transpiração, rigidez dos músculos, dificuldade na 
respiração, aparecimento de manchas avermelhadas na pele, coceira no local, 
convulsões e coma. 
Procedimentos: compressas geladas para o combate à dor, manter a vítima 
em repouso e encaminhar para atendimento médico conforme a gravidade. 
 
Observação: em caso de picadas ou mordidas de animais, sempre que 
possível levar o causador para identificação e facilitação do tratamento. 
 
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22 SITUAÇÕES ESPECIAIS 
 
 
Embora todos os empreendimentos de lazer se cerquem de cuidados para 
que nada fora do programado aconteça, é bom lembrar que, em se tratando de 
trabalho com pessoas isso é impossível. Situações não planejadas das mais 
diversas podem aparecer todos os dias e muitas vezes requerem pensamento 
rápido e agilidade para lidar com as questões. De problemas simples, como a falta 
de energia, até os mais complexos, como a morte de algum participante, tudo pode 
acontecer e é importante a equipe estar preparada, ao menos emocionalmente. 
Em qualquer situação a primeira regra dos primeiros socorros também é 
válida aqui: manter a calma. A tranquilidade é a melhor amiga para a solução dos 
problemas e fundamental para avaliar o quadro geral e tomar as decisões cabíveis. 
Essa análise é o que chamamos de diagnóstico e a ela se segue o prognóstico, o 
qual consiste sistematizar as ações para a solução do problema. 
Para cada situação há uma ou várias soluções diferentes e não há o certo 
ou errado, apenas opiniões distintas que podem ou não ser adequadas à questão; o 
importante é ter bom senso. O bom senso é o pai de todas as soluções, é ele que 
vai determinar a escolha por esta ou aquela solução e geralmente, quando ouvimos 
nossa consciência optamos pela solução que mais adequada à questão. 
Assim como em direito os advogados usam a jurisprudência, o exemplo é 
um dos recursos utilizados para se ter uma base do que fazer em cada situação, 
embora, como já foi dito, cada questão é única e, portanto, assim será sua solução. 
A seguir alguns exemplos de situações especiais e possíveis soluções. 
 
 
22.1 FALTA DE ENERGIA 
 
 
Hoje em dia somos reféns da energia, as tarefas profissionais ficam 
praticamente inativas com a falta do computador, as tarefas domésticas 
 
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prejudicadas e se for noite nada se faz, a não ser jantar à luz de velas (se não for 
necessário o microondas para cozinhar e se houver fósforos em casa, pois a maioria 
dos fogões possuem acendimento elétrico). No lazer, no entanto, como a maioria 
das atividades é realizada em ambientes externos, não se usa energia e as 
atividades podem ser desenvolvidas sem maiores dificuldades. 
O problema reside nos setores operacionais dos empreendimentos de lazer. 
A falta de energia pode causar transtornos na cozinha, na manutenção, na 
temperatura da água para o banho e até mesmo a falta de água se o problema 
persistir por muito tempo, pois não funcionam as bombas que levam água para as 
caixas d’água. 
A solução? Criatividade. Levar os acampantes para um banho no rio ou 
lagoa e comer lanches são apenas alguns exemplos do que se pode fazer. É claro 
que as providências para a solução do problema devem ser tomadas logo que é 
detectado, para que o tempo sem energia seja o mínimo possível. 
Outra dica é a precaução. Instalar geradores e trocar o sistema elétrico dos 
chuveiros por aquecimento a gás pode fazer toda a diferença, principalmente para 
empreendimentos localizados em regiões de clima frio. 
 
 
22.2 FURTO 
 
 
A questão do sumiço de pertences é muito delicada e pode gerar conflitos, 
principalmente em colônias de férias, pois o funcionamento é similar a hotéis, 
inclusive no que diz respeito aos apartamentos, onde a entrada de funcionários é 
permitida para a arrumação e é feita quando o aposento está sem nenhum hóspede. 
Em acampamentos, uma das solicitações que se faz é não levar objetos de valor, 
justamente porque os dormitórios são coletivos, as portas não são trancadas e a 
frequência é livre. 
Na maioria das vezes, o sumiço é culpa do próprio dono do objeto, que não 
se recorda onde o deixou e alardeia o roubo antes mesmo de checar em seus 
pertences e em todos os locais por onde passou. Normalmente, passado algum 
tempo, o objeto tende a aparecer, encontrado por outro participante. Em 
 
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acampamentos há a hora do leilão, onde são dispostos os objetos esquecidos nos 
espaços do empreendimento. Em colônias de férias há o setor de “achados e 
perdidos”, nos quais se podem encontrar objetos diversos, os mais estranhos para 
se perder, inclusive (a exemplo de uma dentadura, que foi deixada em um 
apartamento). 
Quando o objeto não aparece, no entanto, é preciso averiguar se houve 
realmente um furto, geralmente, quando há um “gatuno” no empreendimento, outros 
pertences tendem a desaparecer, o que caracteriza a ocorrência. Se os objetos 
forem de valor é fundamental dar início a uma investigação, que pode inclusive 
incluir a presença policial, em última instância. 
 
 
22.3 DESAPARECIMENTO DE PARTICIPANTE 
 
 
Em colônias de férias, cuja frequência é praticamente familiar, o 
desaparecimento de membros da família e amigos é praticamente nula, sendo 
caracterizada apenas por algum casal que resolveu dar uma voltinha maior pela 
praia, crianças que perderam a hora do almoço ou pessoas que dormiram mais 
tempo que o esperado. 
Em acampamentos,porém, o desaparecimento de acampantes preocupa 
porque as atividades são realizadas com todos os membros e o sumiço é notado 
imediatamente. Em caso de desaparecimento de adultos, geralmente algum outro 
acampante ou o setor de enfermagem tem pistas sobre seu paradeiro, como um 
comentário sobre problemas em casa, um mal-estar, um cansaço exagerado 
percebido por alguém; nesse caso procura-se primeiro nos lugares mais óbvios, até 
os extremos de um telefonema para a residência do acampante, quando for o caso. 
Não há relato de acampantes que sumiram para sempre, somente que estavam com 
problemas de vários gêneros. 
No caso de acampamentos infanto-juvenis, no entanto, o problema é muito 
mais grave, pois as crianças e adolescentes geralmente desaparecem por vontade 
própria e quando estão com problemas. O fato de o acampamento estar localizado 
geralmente em área natural, com espaço amplo, sem portas, somente cercas e 
 
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porteiras ou portões de fácil abertura, favorece a fuga dos que realmente desejam 
abandonar o local. Embora uma criança dê sinais de que pode fugir, não há como 
prever. Uma das formas de inibir essa fuga está nas regras do empreendimento, 
uma delas esclarece que se um acampante decide fugir, quando for encontrado será 
encaminhado para casa imediatamente. 
Quando o fato ocorre, porém, é preciso rapidez em sua solução, ou seja, é 
preciso sair à busca do acampante fujão. A primeira coisa a fazer é questionar os 
amigos mais próximos, os colegas de quarto, qualquer um que possa ter sido 
confidente e que possa fornecer informações importantes e relevantes sobre o 
possível paradeiro do acampante. É comum uma criança ou adolescente comentar 
sobre o que pretende fazer, afinal tudo o que ele quer é chamar atenção e, para 
tanto, precisa ser encontrado em algum momento; o problema reside no que pode 
acontecer com ele enquanto isso não acontece; seja em área natural, rural ou 
urbana, os perigos são inúmeros e quanto mais tempo se demora em encontrar a 
criança, maiores são as chances de algo grave acontecer. 
Com ou sem pistas é preciso encontrar o acampante. É preciso estimar o 
tempo de desaparecimento para calcular a possível distância percorrida, inclusive 
levantando todas as possibilidades, como por exemplo, ele ter conseguido uma 
carona do lado de fora do empreendimento. Alguns membros da equipe são 
destacados para a procura, que deve ser coordenada de forma a cobrir todas as 
áreas e locais possíveis. Os pais ou responsáveis pela criança ou adolescente 
devem ser avisados, inclusive para ajudar nas pistas do paradeiro e para 
possivelmente buscar o fujão quando for encontrado, se essa for a política do 
acampamento. Se as buscas não estiverem surtindo efeito as autoridades podem 
ser acionadas e, como normalmente os acampamentos estão localizados em 
municípios pequenos ou próximo a vilas, os moradores ficam sabendo e ajudam nas 
buscas. Normalmente o acampante é encontrado em pouco tempo e, como os 
adultos, não há registro de crianças e adolescentes desaparecidos 
permanentemente. 
 
 
 
 
 
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22.4 MORTE DE PARENTE 
 
 
Em caso de morte de algum parente de algum adulto que esteja em colônia 
de férias ou acampamento, esse deve ser informado pelo coordenador de lazer do 
empreendimento, ou o adulto deve ser avisado para ligar para casa, a fim de receber 
a notícia por seus parentes. A decisão em permanecer no local ou abandonar seu 
lazer é inteiramente sua e cabe aos dirigentes do empreendimento facilitar seu 
retorno, se assim for seu desejo. 
No caso de acampamentos infanto-juvenis, no entanto, embora a decisão 
sobre a notícia recaia sobre os parentes, a equipe deve estar preparada para dar o 
suporte emocional necessário ao acampante. Se os parentes decidirem que o 
acampante não deve saber sobre a morte, somente sendo avisado no último dia ou 
no retorno e pelos próprios parentes, a equipe nada tem a fazer senão com que o 
acampante aproveite o máximo a temporada. Se os parentes decidirem, no entanto, 
que o acampante deve saber antes de seu retorno, ele pode ser avisado pelos 
próprios parentes, ou por alguém da equipe, geralmente o coordenador ou o monitor 
mais próximo; pode também querer retornar e não voltar mais ao acampamento, 
retornar para o velório e enterro e voltar ao acampamento, ou não querer voltar. Em 
todos os casos é preciso tato para lidar com a situação e fornecer todo o apoio ao 
acampante, que tende a ficar abalado por um bom tempo. 
A experiência nos diz, no entanto que, se é possível uma dica nesse caso, é 
a de que o acampante deve saber da notícia no momento do ocorrido, seja por 
parentes ou por monitor próximo e deve permanecer no acampamento, pois o 
ambiente de alegria e brincadeiras tende a distrai-lo, os amigos e a equipe se 
comprometem a animá-lo e confortá-lo, e o tempo em que permanece nesse 
ambiente o ajuda a lidar mais facilmente com a situação, porém isso só será 
possível se o acampante concordar em ficar no acampamento, caso contrário não se 
deve forçá-lo, e sim, deve-se deixar as portas abertas, caso ele decida voltar. 
 
 
 
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22.5 MORTE DE PARTICIPANTE 
 
 
A morte de algum participante de colônia ou acampamento é rara, porém 
pode acontecer, principalmente em empreendimentos cuja faixa etária beira a 
melhor idade. 
Se algum participante falecer, deve-se em primeiro lugar verificar a situação 
que isso aconteceu, geralmente no apartamento ou dormitório, ou em alguma 
atividade e frequentemente devido à parada cardiorrespiratória ou ataque cardíaco. 
Se o ocorrido for durante alguma atividade, é certo que o pronto atendimento 
foi executado, sendo tentado de tudo para a reanimação da pessoa. Se a vítima 
estiver sozinha, geralmente em banheiros ou apartamentos, não houve o 
atendimento médico, mas em todos os casos, não se deve mexer no corpo e a área 
deve ser isolada; deve-se avisar imediatamente a coordenação, que entrará em 
contato com a gerência, a direção e até mesmo os parentes. A polícia e o IML 
devem ser avisados para realizarem a perícia e o local e o corpo só devem ser 
liberados após autorização dos órgãos competentes. Se a vítima for estrangeira, 
estiver em viagem ou intercâmbio, a embaixada e o consulado também devem ser 
avisados. A retirada do corpo deve ser feita da forma mais discreta possível. 
Pode acontecer de o grupo ao qual pertencia a pessoa que morreu querer 
finalizar sua participação na colônia ou acampamento, por conta do ocorrido. 
Aconselha-se a ficar, pelo mesmo motivo exposto no item anterior, mas se o grupo 
ou alguém do grupo resolver retornar, não se deve forçar a permanência. 
 
 
 
FIM DO MÓDULO IV 
 
 
 
 
	ACAMPAMENTOS E COLÔNIAS DE FÉRIAS: O TRABALHO E A MONTAGEM

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