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Bittencourt 
ESQUIZOFRENIA 
A principal forma de psicose ou síndrome psicótica, por sua 
frequência e sua importância clínica, é, certamente, a 
esquizofrenia. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
• Internacionalmente, tem incidência anual (casos 
novos por ano) em torno de 15 a 42 por 100 mil 
habitantes. 
• Prevalência pontual de 0,4% (4,5 pessoas por 
1.000 habitantes). 
• O risco de ter esquizofrenia alguma vez na vida é, 
em média, de 0,7% – 7 pessoas em cada 1.000 
habitantes. 
• No Brasil, a prevalência alguma vez na vida é 
semelhante, em torno de 0,8% 
 
FATORES DE RISCO 
• Hereditariedade 
• Adversidades intraútero: infecções e desnutrição 
materna 
• Complicações obstétricas: nascimento pre pré-
eclâmpsia 
• Abuso de substâncias 
• Densidade populacional 
• Migração 
 
ETIOLOGIA 
Fatores genéticos – não é determinante 
• Mais d e100 loci associados com o transtorno 
• Deleção no cromossomo 22q11.2 (associado a 30 -
40% do risco) 
• 50% de concordância entre gêmeos idênticos 
 
Fatores bioquímicos 
• GABA-glutamato em desbalanço = GABA inibe 
mais o neurodesenvolvimento 
• Hipótese dopaminérgica 
 
Circuitos neuronais 
• Diferentes áreas cerebrais e circuitos neurais 
 
Teorias psicossociais e analíticas 
Fatores de condição psicológica que estariam relacionados 
a patogênese da esquizofrenia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO DSM-5 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um 
presente por uma quantidade significativa de 
tempo durante um período de um mês (ou menos, 
se tratados com sucesso). Pelo menos um deles 
deve ser (1), (2) ou (3) 
1. Delírios → é irremovível, ilógico 
2. Alucinações → alterações 
sensoperceptivas 
3. Discurso desorganizado 
4. Comportamento desorganizado ou 
catatônico 
5. Sintomas negativos 
B. Por período significativo de tempo desde o 
aparecimento da perturbação, o nível de 
funcionamento em uma ou mais áreas 
importantes do funcionamento, como trabalho, 
relações interpessoais ou autocuidado, está 
acentuadamente abaixo do nível alcançado antes 
do início (ou, quando o início se dá na infância ou 
na adolescência, incapacidade de atingir o nível 
esperado de funcionamento interpessoal, 
acadêmico ou profissional). 
C. Sinais contínuos de perturbação persistem 
durante, pelo menos, seis meses. Esse período de 
seis meses deve incluir no mínimo um mês de 
sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que 
precisam satisfazer ao Critério A (i.e., sintomas da 
fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas 
prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos 
prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação 
podem ser manifestados apenas por sintomas 
negativos ou por dois ou mais sintomas listados no 
Critério A presentes em uma forma atenuada (p. 
ex., crenças esquisitas, experiências perceptivas 
incomuns) 
D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo 
ou transtorno bipolar com características 
psicóticas são descartados porque 1) não 
ocorreram episódios depressivos maiores ou 
maníacos concomitantemente com os sintomas da 
fase ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram 
durante os sintomas da fase ativa, sua duração 
total foi breve em relação aos períodos ativo e 
residual da doença. 
E. A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos 
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de 
abuso, medicamento – cocaína, crack, 
alucinógenos) ou a outra condição médica. 
F. Se há história de transtorno do espectro autista ou 
de um transtorno da comunicação iniciado na 
infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é 
realizado somente se delírios ou alucinações 
proeminentes, além dos demais sintomas exigidos 
de esquizofrenia, estão também presentes 
por pelo menos um mês (ou menos, se tratados 
com sucesso) 
 
Há uma ruptura da biografia em muitos casos = perda do 
rendimento, não reconhecimento do comportamento = 
perda cognitiva. 
 
SUBTIPOS 
• Paranoide – alucinações, ideias delirantes, 
principalmente de conteúdo persecutório. 
• Desorganizado 
• Catatônico – alterações motoras, hipertonia, 
flexibilidade cerácea e alterações da vontade, 
como negativismo, mutismo e impulsividade. 
• Indiferenciado 
• Residual 
 
 Outros: 
• Latente 
• Parafrenia 
• Esquizofrenia de início precoce (< 18 anos) = pior 
prognóstico pelo impacto cognitivo 
• Esquizofrenia de início tardio 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
• Nenhum Sinal ou sintoma é patognomônico 
• História do paciente X exame do estado mental 
• Considerar nível de escolaridade, capacidade 
intelectual, identidade cultural 
• Sinais e sintomas pré-mórbidos: 
o Personalidade esquizoide ou esquizotípica 
o Infância com poucos amigos 
o Adolescência: ausência de amigos 
próximos, interesses românticos e 
evitação de esportes em equipe, 
preferência por assistir filmes ou 
televisão, escutar músicas ou jogar jogos 
no computador 
o Validade incertos 
o Queixas de sintomas somáticos (dores de 
cabeça, fraqueza, problemas digestivos) 
o Interesse por ideias abstratas, filosofia, 
questões ocultas e religiosas 
o Comportamento acentuadamente 
excêntrico, afeto anormal, discurso 
incomum, ideias bizarras e experiências 
perceptuais estranhas 
o Comportamentos obcessivos-compulsivos 
 
 
 
 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
• Descrição geral 
• Humor/afeto 
• Sensopercepção 
• Pensamento (conteúdo, forma e curso) 
• Sensório o cognição 
o Orientação 
o Memória 
o Comprometimento negativo 
o Julgamento e insight 
o Confiabilidade 
 
OUTRAS COMORBIDADES 
• Obesidade 
• DM 
• Doenças cardiovasculares 
• DPOC 
• ISTs 
 
Antipsicóticos atípicos tem como efeito colateral a 
síndrome metabólica. 
 
Prevalência aumentada de tabagismo. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Transtornos psicóticos secundários 
o Sífilis terciária 
o Doença de Huntigton 
o 
o 
o 
o 
 
VIAS DOPAMINÉRGICAS 
• Mesolímbica ATV ----- SL (sintomas +) 
o Hiperfuncional 
• Mesocortical ATV ----- Córtex frontal (sintomas -) 
o Hipofuncional 
• Nigroestriatal SN ----- CE 
o Pode ser afetada pelos AP típicos de alta 
potência e causar parkinsonismo 
secundário 
 
O AP ideal teria que bloquear a mesolímbica e ativar a 
mesocortical. 
 
Os AP típicos bloqueiam os receptores dopaminérgicos (D2) 
→ melhora os sintomas positivos = possibilita reinserção 
social do indivíduo. Mas piora os sintomas negativos e 
causam sintomas extrapiramidais – parkinsonismo 
secundário. 
• Alta potência = bloqueio D2 mais intenso e maior 
SEP, não causam aumento do apetite 
o Haloperidol, trifluoperazina, periciazinha 
• Baixa potência = mais sedativo e hipotensão 
postural 
o Clorpromazina, levopromazina 
 
Os AP atípicos (2ª geração) bloqueiam o 5HT2A. Causam 
ganho de peso e aumento do apetite, síndrome metabólica, 
menos SEP e não agravam os sintomas negativos. 
• Risperidona, olanzapina (+ ganho de peso), 
quetiapina (dá menos SEP de todos = preferencia 
em idosos), ziprasidona, paliperidona 
 
TRATAMENTO 
• Novos AP 
o Aripiprazol: agonismo parcial de D2= 
ocupa o receptor → ativação parcial da 
via mesolímbica (diminui) = menos 
sintomas positivos. E onde tem pouco 
(mesocortical), começa a ter mais, então 
tem menos sintomas negativos. 
▪ Alguns pacientes não 
respondem 
o Lurasidona: atípico mais recente. 
Promessa de ser olanzapina sem muito 
ganho de apetite e peso. Porém, não é 
tão boa em casos de esquizofrenia. Ajuda 
mais no TAB e TPB. 
 
• Medicação de depósito = para paciente com baixa 
adesão via oral e dificuldade de administração. 
o Haloperidol decanoato = SUS = óleo de 
liberação lenta do Haldol. Tem ação em 3-
4 semanas. 4 ampolas = 10mg/dia. 
o Risperidona (Risperdal) = alto custo 
o Paliperidona (Invega sustenna) = alto 
custo 
 
• Casos refratários 
o Clorpromazina = necessidade de 
hemograma semanal por 18 semanas e 
mensalmente pelo restoda vida, por 
conta do risco de agranulocitose. 
 
• Em surto 
o AP típicos de alta potência 
o AP atípicos 
 
Efeitos extrapiramidais 
• Parkinsonismo secundário 
• Distonia aguda 
• Acatisia (sensação de inquietação) 
• Discinesia tardia (uso crônico dos típicos pp) 
• Síndrome neuroléptica maligna (hipertermia, 
rebaixamento de nível de CS, contração muscular) 
 
Geralmente usa-se o anticolinérgico Biperideno para 
atenuação dos SEP agudos, muitas vezes sendo necessária a 
prescrição de manutenção. 
 
TERAPÊUTICA PSICOSSOCIAL 
• Reinserção Social 
• Terapia ocupacional 
• Psicoterapia em grupo 
• Psicoterapia individual 
• Hábitos de vida (incentivo à melhor alimentação) 
• Centros de convivência 
• Abordagem da família

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