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Pimentão - Cultivo

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Cultivo do Pimentão
Claúdia Silva da Costa Ribeiro
 Origem
Com a chegada dos navegadores portugueses e espanhóis ao continente americano,
muitas espécies de plantas foram descobertas, entre elas as pimentas. As pimentas do gênero
Capsicum já eram utilizadas pelos índios americanos (nativos) e mostravam-se mais picantes que
a pimenta-do-reino (Piper nigrum), cuja busca foi, possivelmente, uma das razões das viagens
que culminaram com o descobrimento do Novo Mundo.
Então, o centro de origem do pimentão, assim como das pimentas cultivadas e silvestres é
o continente americano. Depois do descobrimento das Américas, as pimentas foram introduzidas
em diferentes áreas e hoje encontram-se dispersas pelo mundo. No entanto, há de se esclarecer
que, depois de selecionadas nas áreas originais (centros primários), estas plantas podem (e
muitas vezes o foram) ser introduzidas em áreas diferentes, onde, pelo processo de seleção,
continuam gerando novos tipos morfológicos. Por esse motivo, as novas áreas são consideradas
centros secundários.
Assim, o centro primário de diversidade de C. annuum var. annuum (a forma
domesticada mais variável e largamente cultivada, a qual pertence o pimentão) inclui México e
América Central; centros secundários existem no sudeste e centro da Europa, África, Ásia e
partes da América Latina.
Foi substancial a contribuição histórica brasileira na dispersão destas plantas pelo
mundo, eficientemente feita pelos portugueses e pelos povos que eram transportados em suas
embarcações. As rotas de navegação no período de 1492-1600 permitiram que as espécies
picantes e doces de pimentas viajassem o mundo. As pimentas foram então, introduzidas na
África, Europa e posteriormente na Ásia. A China e a Índia cultivam anualmente cerca de
1.000.000 ha de pimenta. Os tailandeses e coreanos são tidos como os maiores consumidores
de pimenta do mundo - consome-se 5 a 8 g de pimenta/dia/pessoa.
 Importãncia Econômica
O cultivo de pimentões é uma atividade significativa para o setor agrícola brasileiro,
sendo responsável anualmente por cerca de 13.000 ha de área cultivada, com a produção de
aproximadamente 280.000 toneladas de frutos. O pimentão figura entre as dez hortaliças mais
importantes do Brasil. A produção de pimentão existe em todos os estados da federação, mas
concentra-se nos estados de São Paulo e Minas gerais que plantam, em conjunto,
2
aproximadamente 5.000 ha, com considerável produção de 120 mil toneladas. Somente o
mercado nacional de sementes de pimentão movimenta US$ 1,5 milhão.
O cultivo de pimenta ocorre praticamente em todas as regiões do país e é um dos
melhores exemplos de agricultura familiar e de integração pequeno agricultor-agroindústria. A
área anual cultivada é de 2.000 ha e os principais estados produtores são MG, GO, SP, CE e
RS.
 Valor Nutricional
Os frutos de Capsicum são fontes importantes de três antioxidantes naturais: a vitamina
C, os carotenóides e a vitamina E. Há evidências de que os antioxidantes previnem doenças
degenerativas como o câncer, doenças cardiovasculares, catarata, mal-de-Parkinson e mal-de-
Alzheimer, por seqüestrarem radicais livres.
As pimentas doces e os pimentões possuem alto teor de vitamina C; algumas
variedades de pimentão possuem até 340 miligramas por 100 gramas (ver tabela 1). Um fruto
de pimentão vermelho possui quantidade de vitamina C (180 miligramas por 100 gramas)
suficiente para suprir as necessidades diárias de até seis pessoas. É importante ressaltar que,
na secagem, os frutos perdem praticamente toda a vitamina C, e no cozimento a perda é de cerca
de 60%.
Os frutos de Capsicum são também fontes de vitaminas do complexo B (tiamina,
riboflavina, niacina, B-6 e ácido fólico) e de vitamina A. O pimentão vermelho contém 650
microgramas (µg) de retinol por 100 gramas de parte comestível, quantidade próxima da
necessidade diária de um adulto, que é estimada em 750 microgramas. Algumas variedades
podem apresentar de 3 a 10 miligramas de vitamina E por 100 gramas de parte comestível (as
necessidades nutricionais de vitamina E foram fixadas em 10 miligramas para pessoa adulta).
Os frutos maduros de diferentes variedades de pimentas concentram altas quantidades
de carotenóides. As pimentas doces são amplamente usadas como corantes naturais, na forma
de extratos concentrados (oleorresinas) e de pó (colorau ou páprica). A pimenta vermelha é
uma das hortaliças mais ricas em betacaroteno e betacriptoxantina, carotenóides com
importante valor nutricional devido à provitamina A.
Os frutos de Capsicum são, ainda, fontes importantes de fibras, elementos essenciais
no processo de digestão e que previnem problemas intestinais e reduzem o desenvolvimento
de divertículos e de câncer do intestino grosso.
Tabela 1. Teor de vitaminas C e E em frutos de Capsicum e em outras espécies.
Alimento Vitamina C Vitamina E
(mg/100g de parte comestível)
Pimentão amarelo 334 n/d*
Pimentão verde 192 n/d
Pimentão vermelho 180 n/d
Pimenta vermelha 140 0,80
3
Brócolos 87 1,30
Laranja-pera 41 n/d
Tomate 17 1,22
Cenoura 6 0,56
Batata - 4,56
*n/d – não determinado
 Clima
O desenvolvimento da planta de pimentão, assim como o florescimento e a frutificação,
são influenciados pela temperatura. As variedades de pimentão cultivada (cultivares) são de
origem tropical e não toleram frio e geadas, preferindo temperaturas mais altas. Assim, em
regiões de clima temperado, o cultivo é feito na época em que não há riscos de ocorrência de
geadas.
Maiores taxa e velocidade de germinação são obtidas entre 25o e 30oC. A emergência
das plântulas também é beneficiada em temperaturas elevadas. A faixa de temperatura ideal
para o florescimento fica entre 21o e 27oC. Em temperaturas abaixo de 15oC ocorre queda de
flores. Tanto o pegamento de fruto quanto o seu crescimento, são favorecidos por
temperaturas amenas (19 a 21oC). O mesmo não se observa em temperaturas acima de 35oC.
Temperaturas altas acompanhadas de umidade relativa do ar baixa, também provocam queda
de flores e de frutos recém-formados. Há maior tolerância até 40oC quando a umidade relativa
do ar é elevada. Durante a floração e desenvolvimento dos frutos, é fundamental que umidade
relativa do ar oscile entre 50-70%.
O pimentão é uma espécie exigente em luminosidade durante todo o seu ciclo
vegetativo, e a falta de luz provoca o estiolamento da planta, alongando os entrenós e tornando
os galhos frágeis.
 Cultivares
Pimentão
Não se sabe com precisão a data e muito menos o local em se iniciou o cultivo de
pimentão no Brasil em maior escala. Há registros de que as primeiras cultivares de pimentão
que aqui chegaram são de origem espanhola, do grupo "Casca Dura", de frutos cônicos, e
foram introduzidas inicialmente em Mogi das Cruzes e Suzano, no Estado de São Paulo. As
primeiras cultivares brasileiras de pimentão surgiram a partir de seleções feitas em populações
destes materiais de origem espanhola. Até a última década de sessenta, as principais
cultivares plantadas eram aquelas selecionadas por agricultores, que levavam em
consideração o vigor da planta, frutos graúdos e de formato cônico, com polpa espessa e firme.
Normalmente recebiam o nome do produtor - cv. Ikeda - ou do local onde eram cultivadas - cv.
Avelar, no Estado do Rio de Janeiro, e cv. São Carlos, no Estado de São Paulo.
4
O pimentão doce tem sido foco de programas de melhoramento há várias décadas no
Brasil. Programas de melhoramento do setor público criaram uma grande parte dos materiais
plantados até a década de oitenta. As cultivares da série Agronômico, desenvolvidas sob a
liderança de H. Nagai, do Instituto Agronômico de Campinas, foram, e algumas ainda são, de
grande importância para a produção nacional. São cultivares resistentes à doença conhecida
como mosaico (causada por um vírus do gênero Potyvirus). Esta doença surgiu no Estado de
São Paulo, na década de sessenta, e inviabilizou o cultivo de pimentão na região por alguns
anos. Também foram conduzidosprogramas de melhoramento de pimentão na Universidade
Federal de Viçosa (UFV-MG), na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e na
Embrapa Hortaliças.
A Embrapa Hortaliças, no setor público, a Sakata e a Horticeres, no setor privado, são
hoje condutores de substanciais programas de melhoramento genético de pimentão no Brasil.
A Sakata lançou, em 1978, a cv. Magda, de fruto cônico, que ainda hoje é muito plantada por
pequenos produtores de pimentão. Em 1989, lançou o híbrido Magali, aliando produtividade e
frutos bem maiores (cônico alongado); em 1995, o híbrido Magali R, com resistência a viroses;
e em 1998, o híbrido Martha, com resistência a viroses e tolerância à doença fúngica murcha-
de-fitóftora ou requeima.
O programa de melhoramento da Horticeres está concentrado na resistência à murcha-
de-fitóftora, causada pelo fungo Phytophthora capsici, que é a principal doença do pimentão. A
companhia lançou quatro híbridos resistentes no mercado: "Atenas", "Apólo", "Hércules" e
"Priscila".
Nos últimos vinte anos, o programa de melhoramento da Embrapa Hortaliças tem-se
concentrado principalmente na resistência múltipla a doenças como murcha-de-fitóftora
(Phytophthora capsici), mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria), murcha-
bacteriana (Ralstonia solanacearum), mosaico (PVY) e vira-cabeça (TSWV). Como resultado
deste trabalho, foram liberadas linhagens que estão sendo utilizadas tanto no Brasil como no
exterior, a exemplo da linhagem CNPH 148, resistente à murcha-de-fitóftora (usada como fonte
de resistência pela Horticeres), e da linhagem CNPH 703, padrão mundial de resistência
estável e durável a Xanthomonas campestris pv. vesicatoria. Em recentes estudos sobre
hortaliças no Estado de São Paulo, a principal demanda levantada por extensionistas foi a
necessidade de novas cultivares resistentes a pragas e doenças, mais produtivas e adaptadas
às condições locais de cultivo.
Para consumo de fruto in natura, o mercado brasileiro tem preferência por frutos de
formato cônico, graúdos e de coloração verde-escuro. Cultivares do tipo quadrado restringem-
se às regiões Norte, Nordeste e ao Rio Grande do Sul. Esse tipo de pimentão tem grande
aceitação nos mercados americano e europeu. Alguns países da Europa têm importado
pimentões brasileiros de formato quadrado, durante o inverno europeu.
5
No mercado existe um predomínio de híbridos, que se caracterizam pela resistência
múltipla a doenças (herdada dos dois pais), alto vigor, produtividade, precocidade de produção
e uniformidade.
Além de cultivares de frutos verdes (quadrados ou cônicos) e vermelhos quando
maduros, existe no mercado um grande número de híbridos de pimentão coloridos, em cores
que variam do marfim ao púrpura, passando pelo creme, amarelo e laranja e podem também
apresentar resistência a diferentes doenças (ver Tabela 2). A área cultivada com estes híbridos
ainda é pequena, e as sementes, importadas, correspondem a 1% do volume total de
sementes de pimentão comercializado no Brasil, sendo normalmente cultivados em estufas.
Pimentas
A maioria das cultivares de pimentas plantadas no Brasil como a 'Malagueta' (C.
frutescens), 'Dedo-de-Moça' (C. baccatum), 'Cumari' (C.baccatum var. praetermissum), 'De
Cheiro' e 'Bode' (C. chinense), são consideradas variedades botânicas ou grupos varietais, com
características de frutos bem definidas. Normalmente, o produtor produz sua própria semente,
e as diferenças existentes dentro destes grupos estão relacionadas às diferentes fontes de
sementes utilizadas para o cultivo.
São poucos os programas nacionais de melhoramento de pimentas. Destes destaca-se
o desenvolvimento de cultivares de pimenta doce para processamento industrial, como páprica
doce e pimenta picante dos tipos 'Jalapeño' e 'Cayenne' para molhos líquidos, coordenado pela
Embrapa Hortaliças. Os prováveis fatores que restringem trabalhos de melhoramento com
pimentas advém da dificuldade de se manusear as pequenas flores para a execução dos
cruzamentos e multiplicação das sementes; a produção escassa de sementes por frutos, uma
vez que estes normalmente são muito pequenos e ainda a picância extrema dos frutos,
dificultando a extração das sementes. Outro fator importante é a área consideravelmente
pequena de produção de pimentas, que implica no desinteresse das companhias de sementes
de produzirem e comercializarem sementes.
Apesar do crescente interesse no cultivo pimentas, este ainda é feito por pequenos
produtores que produzem suas próprias sementes ou compram frutos maduros em mercados e
feiras e deles extraem as sementes que serão utilizadas para plantio. Normalmente estas
sementes são de qualidade variável, com baixa germinação e muitas vezes transmissoras de
doenças (já que são obtidas sem seguir regras básicas para a produção de sementes). A
maioria das áreas cultivadas com pimentas, as plantas apresentam sintomas de mancha-
bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria), doença transmitida a longas distâncias
por meio de sementes.
Capsicum annuum é a espécie mais cultivada e inclui as variedades mais comuns deste
gênero como pimentões e pimentas doces para páprica e consumo fresco e pimentas picantes
como 'Jalapeño', 'Cayenne' entre outras, e ainda poucas cultivares ornamentais (colocar fotos).
6
As pimentas dos tipos 'Jalapeño' e 'Cayenne' podem ser consumidas frescas, ou na forma de
molhos líquidos (frutos maduros e vermelhos), desidratados na forma de flocos ou pó, ou ainda
em conservas (verdes) e escabeches. Estas pimentas são cultivadas principalmente nos
estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
Os tipos mais comuns e cultivados da espécie C. baccatum no Brasil são as pimentas
'Dedo-de-Moça', 'Chifre-de-Veado' e 'Cambuci' (também conhecida como 'Chapéu de Frade').
Neste grupo de pimentas, a pungência dos frutos é menos intensa; há inclusive cultivares de
pimenta 'Cambuci' que são doces. A pimenta 'Dedo-de-Moça' é cultivada principalmente nos
estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Além de ser consumida fresca, em molhos e
conservas, também é utilizada na fabricação de pimenta 'calabresa' (desidratada na forma de
flocos com a semente). A pimenta 'Cumari' é bem popular na região Sudeste do Brasil e é
encontrada também em estado silvestre, crescendo sob árvores diversas e em capoeiras.
Normalmente as plantas são mantidas por alguns anos e chegam a formar verdadeiros
arbustos. Os frutos desta pimenta são bem pequenos, arredondados ou ovalados, de coloração
vermelha quando maduros.
C. chinense é a mais brasileira das espécies domesticadas e caracteriza-se pelo aroma
acentuado dos seus frutos. Há tipos varietais desta espécie com frutos extremamente picantes,
como a pimenta 'Habanero', muito popular no México. No Brasil, as mais conhecidas são as
pimentas 'De Cheiro', 'Bode', 'Cumari do Pará', 'Murici', 'Murupi', entre outras. Há também,
dentro da espécie, uma expressiva variabilidade de formatos e cores de frutos. A pimenta 'De
Cheiro', que predomina no Norte do país, possui frutos de tom amarelo-leitoso, amarelo-claro,
amarelo-forte, alaranjado, salmão, vermelho e até preto. A pungência também é variável, são
encontrados frutos doces a muito picantes. Na região Centro-Oeste, é mais comum o cultivo da
pimenta 'Bode', que tem frutos arredondados de cor amarela ou vermelha quando maduros, e
da 'Cumari do Pará', que possui frutos ovalados de coloração amarela quando maduros.
Ambas possuem pungência e aroma característicos que as destinguem das demais. A pimenta
'Murupi', cultivada nos estados do Amazonas e Pará, possui coloração amarela e o aroma das
pimentas 'De Cheiro' e 'Bode'.
A espécie C. frutescens é representada pelo tipo de pimenta mais conhecido e
consumido no Brasil, a pimenta 'Malagueta'. Plantada em todo o país, destacam-se os cultivos
nos estados de Minas Gerais, Bahia e Ceará. Também pertence a esta espécie a pimenta
'Tabasco', conhecida mundialmente pelo molho de pimenta que levaseu nome. Estas pimentas
são extremamente picantes, possuem frutos pequenos de formato alongado e de coloração
vermelha quando maduros.
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Tabela 2. Características de cultivares e híbridos de pimentão disponíveis no mercado
brasileiro.
Nome Fruto Resistência Empresa
Cor Peso
C. Wonder (cv) Vd 220-240 - Sakata
Magda (cv) Vd 150-170 PVY Sakata
Casca Dura Ikeda (cv) Vd 110-130 - Sakata
Yolo Wonder (cv) Vd 100-120 - Horticeres
Itapuã (cv) Vd - - Isla
Magali (Híb) Vd 220-240 TMV Sakata
Magali R (Híb) Vd 220-240 PVY,TMV Sakata
Martha-R (Híb) Vd 140-160 PVY Sakata
Atenas (Híb) Vd 240 MF Horticeres
Safari (Híb) Vd 250 - Horticeres
Apólo (Híb) Vd 120 PVY, MF Horticeres
Priscila (Híb) Vd/Verm 240 PVY, MF Horticeres
Melody (Híb) Vd - A, MB Asgrow
Dominó (Híb) Vd - - Asgrow
Magnata (Híb) Vd 160 - Hortec
Mayata Vd 240 TMV Hortec
Nathalie (Híb) Vd 230 MF, PVY Syngenta/Rogers
Margarita (Híb) Vd/Verm 250 - Syngenta/Rogers
Reinger (Híb) Vd 230 PVY, MF Syngenta/Rogers
Vedete (Híb) Vd 220 TMV Topseed
Tango (Híb) Vd 240 TMV Topseed
Condor (Híb) Vd 230 TMV, PVY Topseed
Fortuna (Híb) Vd 150-160 TMV Topseed
Elisa (Híb) Vd/Verm 200 - Syngenta/Rogers
Zarco (Híb) Am 240 PVY, TMV Hortec
Matador (Híb) Am 240 TMV Hortec
Marengo (Híb) Am - - Asgrow
Admiral (Híb) Am - PVY, TMV,MaB (1,2) Novartis
Amanda (Híb) Am 220 - Sakata
Amarilis (Híb) Am 260 - Horticeres
Lilac Roxo 200 TMV Hortec
Rosana Roxo - - Sakata
Ivory Marfin 200 PVY, TMV Sakata
Mandarim Laranja 260 TMV Sakata
Cristina Creme - - Sakata
Fonte: Catálogos da Sakata, Horticeres, Asgrow, Syngenta, Topseed, Isla, Hortec.
MF- Murcha-de-fitóftora (Phytophtora capsici); A- Antracnose; MB - Murcha-bacteriana (Ralstonia solanacearum) ;
MaB - Mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria); TMV -Mosaico (Tobaco Mosaic Virus), PVY-
Vírus Y da batata (Potato Virus Y).
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 Produção de Mudas
O cultivo de pimentão é feito através do transplante de mudas, que normalmente são
produzidas em bandejas de isopor. Na produção de mudas, é fundamental que as sementes
sejam de boa qualidade e de procedência conhecida. O solo ou substrato utilizado deve ser
desinfestado, para evitar a ocorrência de doenças, como o tombamento (causado por diversos
fungos de solo).
As bandejas de isopor devem ser as mais altas, cerca de 10 cm de altura. Encher a
bandeja (ou vaso) sem apertar o substrato ou solo. São semeadas 1 a 2 sementes por célula, e
as bandejas devem ser colocadas, de preferência, em ambiente protegido, com lateral telada,
para evitar entrada de insetos. São gastos cerca de 300 g de sementes para o plantio de 1
hectare. As bandejas devem ser mantidas acima do solo, a uma altura que facilite a rega diária,
e, principalmente, sobre um estrado telado de arame que possibilite claridade na superfície
inferior, a fim de que as raízes não se exponham e não sejam danificadas por ocasião do
transplante. A rega deve ser diária, evitando as horas mais quentes do dia. Colocar sempre
água em excesso, cerca de 10 a 15% a mais. Medir periodicamente o pH da água de irrigação,
que deve estar em torno de 5,5 a 6,0.
Aos dez dias após a germinação, aplicar adubo foliar, como o produto “Ouro Verde 3H”
ou equivalente, na dose de 3 gramas por litro de água.
 Preparo do Solo
Os solos utilizados para o cultivo de pimentão devem ser profundos, leves, drenados
(com bom escoamento de água, não sujeitos a encharcamento), preferencialmente férteis, com
pH entre 5,5 a 7,0. Devem ser evitados solos salinos ou com elevada salinidade, uma vez que
o pimentão é moderadamente sensível. Altas concentrações de sais no solo podem ser de
origem natural, ou resultantes do uso excessivo de fertilizantes, localização inadequada de
fertilizantes ou ainda do uso de água de irrigação com altas concentrações de sais. A
salinidade do solo, medida por meio da condutividade elétrica produzida por sais solúveis do
solo a 25oC, deve estar abaixo de 3,5 cS/m de condutividade elétrica, pois a partir deste valor a
produtividade do pimentão começa a diminuir.
Do ponto de vista sanitário, recomenda-se que sejam evitadas áreas com cultivos nos
últimos 4-5 anos com Solanáceas (batata, tomate, berinjela, pimenta, jiló, tabaco, Physalis) ou
Cucurbitáceas. Áreas com cultivos anteriores de cereais ou leguminosas, são as mais
indicadas.
O preparo consiste de limpeza da área, aração a uma profundidade de 30 cm, seguida
de gradagem de nivelamento. Logo após a primeira gradagem faz-se a calagem de acordo com
a análise de solo. Uma segunda gradagem é feita para incorporar o calcário ao solo e adequá-
9
lo a sulcagem. O plantio do pimentão pode ser feito em canteiros, mas o mais comum é o
plantio em sulcos. Os sulcos devem ter 30 a 40 cm de largura e 20 a 25 cm de profundidade. A
distância entre os sulcos é de 80 cm. Fazer a abertura dos sulcos com declividade de 0,2% a
0,5%, para facilitar o escoamento da água sem causar erosão. Após a incorporação de matéria
orgânica (1 semana antes do plantio) e dos fertilizantes (um dia antes do plantio), o sulco ficará
com a forma de U.
Em épocas chuvosas, recomenda-se a construção de canteiros com 20-25 cm de altura
e 50-60 cm de largura, para facilitar a drenagem e reduzir riscos de contaminação com
murcha-de-fitóftora (Phytophhtora capsici). Se o plantio for feito em uma área pequena, os
canteiros podem ser levantados com o auxílio de uma enxada.
 T = soma dos íons trocáveis Ca + Mg + K + (H + Al),
 em meq/100 cm3 de solo;
V2 = 80%, saturação de bases recomendada para o pimentão;
V1 = saturação de bases existentes no
 sendo
 S = K + Ca + Mg, em meq/100 cm3 de solo;
PRNT = poder relativo de neutralização total do cálcario a
 ser aplicado.
 Adubação de Plantio
A quantidade de adubo a ser aplicada é determinada com base na análise química do
solo e nos boletins-aproximação de cada região. A quantidade de fertilizantes indicada deverá
ser distribuída uniformemente no sulco ou no canteiro. Para que ocorra uma boa incorporação
do adubo, deve ser revolvido bem o solo a uma profundidade de aproximadamente 30
centímetros. Nos latossolos da região do Distrito Federal adota-se a recomendação de
adubação de plantio de P e K apresentada na Tabela 3. A adubação nitrogenada deve ser feita
na base de 150 kg/ha de N. A adubação orgânica de solo deve ser usada neste tipo de solo na
razão de 30 t/ha de esterco de curral ou 10 t/ha de esterco de galinha. Além de NPK, fontes de
 T (V2 -V1)
t/ha de calcário =
 PRNT
onde
 S X 100
solo =
 T
10
B e Zn devem ser aplicadas no solo antes do plantio na base de 15-20 kg/ha. O nutrientes mais
absorvidos pela planta de pimentão são, em ordem decrescente, potássio, nitrogênio, cálcio e
magnésio, entre os macronutrientes, e manganês, ferro, zinco e boro, entre o micronutrientes.
Tabela 3. Recomendação de adubação com P2O5 e K2O para a cultura do pimentão na região
do Distrito Federal, baseada na análise química do solo.
Níveis no solo (ppm) Dosagem (kg/ha)
 P K P2O5 K2O
0-10 0-50 400-600 150-200
11-30 51-100 200-400 100-150
31-50 101-150 100-200 50-100
+ 50 + 150 50 -
 Fonte: EMATER-DF, Recomendações para uso de corretivos, matéria orgânica
 e fertilizantes para hortaliças: Distrito Federal (1ª aproximação). Brasília-DF.
 EMATER-DF/EMABRAPA-CNPH, 1987. 50 p.
 Transplante
A transferência das mudas para o local definitivo de plantio deve ocorrer quando elas
tiverem de 4-6 folhas definitivas ou 10-15 centímetros de altura, que corresponde a
aproximadamente 40 dias depois da germinação. Ao serem transplantadas, as mudas não
devem ser enterradas no canteiro ou sulco, mas colocadas na mesma profundidade em que
estavam antes, em relação à superfície do solo.O transplante deve ser feito preferencialmente
em dias nublados ou nas horas mais frescas do dia, no final da tarde. O localonde as mudas
serão plantadas deve ser bem irrigado previamente.
O espaçamento normalmente adotado é de 0,8-1,0 m entre linhas e de 0,4-0,5 m entre
plantas, dependendo do porte da cultivar ou híbrido a ser plantada e das condições climáticas
predominantes no local de plantio, oque dá uma densidade de 20.000-31.250 plantas/ha.
O espaçamento utilizado para as pimentas é maior - 1,2 a 1,5 m entre linhas e 0,80 a
1,0 m entre plantas, pois apresentam porte maior e ficam por mais tempo no campo.
11
 Tratos Culturais
Irrigação
A irrigação é indispensável ao cultivo de pimentão, espécie muito sensível a falta de
água. Pode ser feita por aspersão ou por gotejamento. O gotejamento é o método mais
indicado no cultivo com cobertura (“mulching”) e em estufas, propiciando irrigação mais
econômica ou com menor gasto de água. A umidade deve ser mantida uniforme durante o
desenvolvimento das plantas, mas deve-se evitar o acúmulo de água, para não favorecer o
surgimento de doenças que podem causar apodrecimento do colo e raízes. O excesso de
umidade também pode provocar o abortamento e queda de flores. O rendimento é afetado
quando o deficit de água ocorre durante a floração até a maturação dos frutos. A falta de água
também provoca o aparecimento de podridão apical nos frutos.
Capina, desbaste e desbrota
A retirada das plantas daninhas que competem pelos nutrientes e água com as plantas
cultivadas, prejudicando o seu desenvolvimento, devem ser freqüentes e feita com cuidado. A
maior interferência das plantas daninhas ocorre no início do cultivo, ou seja, até cerca de 60
dias após o transplante. O controle depende do grau de infestação e agressividade das plantas
daninhas e pode ser feito através de método cultural, mecânico, químico ou de forma
integrada. A eficiência dependerá da espécie, época do controle, estádio de desenvolvimento
das plantas, condições climáticas, tipo de solo, disponibilidade de herbicidas, de mão-de-obra e
de equipamentos. Quando a área cultivada é pequena, não há necessidade de uso de
herbicidas, as plantas daninhas podem ser eliminadas manualmente ou por capinas. Quando
há reinfestação da área após o preparo do solo, a eliminação pode ser feita com uma
gradagem ou aplicação de herbicida de pré-plantio incorporado (Trifluralina - registrado pelo
Ministério da Agricultura), antes do transplante.
Frutos em excesso devem ser retirados, para o melhor desenvolvimento dos frutos
restantes. A eliminação da flor/fruto que surge na primeira forquilha da planta pode aumentar a
produção da planta em até 40%.
No cultivo de pimentão em estufa devem-se eliminar todas as brotações laterais das
plantas abaixo da primeira bifurcação e selecionar, acima desta, quatro hastes para conduzir,
eliminado-se as demais. Esta prática, que tem por objetivo reduzir o desenvolvimento
exagerado das plantas, pode ser dispensável no cultivo de pimentas e pimentões em campo
aberto.
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Estaqueamento ou tutoramento
Normalmente são colocadas estacas (de 1 metro de altura) ao lado das plantas, para
apoiar o seu crescimento, evitar seu contato com a terra e facilitar os tratos culturais. O
estaqueamento contribui para o aumento de produção e a melhoria da qualidade dos frutos. As
plantas de pimentão devem ser amarradas (em forma de oito) ao tutor. O tutoramento substitui
a amontoa ou a colocação de terra no colo da planta. Normalmente a amontoa é feita para
firmar a planta e favorecer a formação de mais raízes. No caso de pimentão, a amontoa é
proibitiva, porque favorece o surgimento de doenças no colo da planta, principalmente murcha-
de-fitóftora. Desta forma, para a maior parte das cultivares de pimentão, o tutoramento é
indispensável.
Adubação de cobertura
Aos 15 dias após o transplante, aplicar adubo foliar, como o produto “Ouro Verde 3H” ou
equivalente, na dose de 3 gramas por litro de água. As adubações de cobertura devem ser
feitas a partir dos 30 dias após o transplante, em intervalos de 20-30 dias, na base de 20 kg de
N e 20 kg de K2O por hectare.
 Principais Doenças
Vírus - Muitos são os vírus que causam problemas em plantas de pimentão. Dentre
eles, destacam-se membros de alguns importantes gêneros como o Potyvirus, que produz um
mosaico nas folhas, e o Tospovirus, que causa a doença conhecida como “vira-cabeça”. Além
dos vírus já presentes no Brasil, uma ameaça ao cultivo de Capsicum no país são os
Geminivirus, que causam grandes perdas em pimentão e pimenta em outras regiões do mundo,
como o México e países do continente asiático. Em pimentão, os sintomas causados por vírus
são variáveis, dependendo da cultivar e das condições climáticas. Aparecem principalmente
nas folhas e nos frutos. Esses sintomas são caracterizados por variadas formas de mosaico,
clorose e necrose dos pontos de crescimento, deformação foliar e lesões necróticas nas folhas,
caules e frutos. Os danos nos frutos tornam inviável sua comercialização e comprometem o
seu consumo. As plantas infectadas geralmente têm o crescimento reduzido, tanto maior
quanto mais cedo a planta for infectada. Perdas de produção de 30% a 100% têm sido
freqüentemente registradas. Os danos são mais drásticos nas regiões tropicais.
O desenvolvimento de cultivares resistentes é, sem dúvida, a mais prática, econômica e
biologicamente segura estratégia para redução de perdas causadas por estes fitopatógenos.
Devido à grande variabilidade dos vírus presentes no Brasil, a obtenção de fontes amplas de
resistência às diversas espécies dos gêneros de vírus constitui importante estratégia nos
programas de melhoramento genético. Os métodos de controle devem incluir a eliminação das
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fontes de inóculo, o plantio de mudas sadias e o controle dos insetos vetores, para diminuir os
prejuízos.
Fungos - A murcha-de-fitóftora, é uma das doenças mais comuns e destrutivas do
pimentão. É causada por Phytophthora capsici, um fungo de solo que ataca plantas desde a
sementeira até a fase adulta. Ocorre em todo o Brasil e causa maiores prejuízos no verão,
principalmente quando há excesso de água no solo. Chega a ser um problema limitante à
produção em algumas regiões, como nas áreas de baixada nos Estados do Rio de Janeiro, São
Paulo e Espírito Santo. Nestes locais, as plantas afetadas ficam com as folhas murchas e a
planta morre em poucos dias, geralmente antes de proporcionar uma única colheita. A base do
caule de plantas totalmente murchas fica escurecida, característica marcante da doença. É
importante que este sintoma não seja confundido com o da murcha-bacteriana, causada pela
bactéria Ralstonia solanacearum que também é habitante do solo. Os frutos afetados apodrecem
e mostram o fungo crescendo em sua superfície.
O oídio (Leveillula taurica) é uma doença que vem ganhando importância nos cultivos
em estufa e também em campo aberto. Afeta somente as folhas das plantas, a partir das mais
velhas, deixando-as com manchas amareladas. Quando a doença evolui, toda a folha fica
recoberta por um pó branco constituído de estruturas do fungo, que se espalham para outras
plantas pelo vento. O ataque severo da doença desfolha a planta e reduz a sua produtividade.
Afeta mais os cultivos sob cobertura de plástico, que normalmente são irrigados por
gotejamento; o ambiente seco na folhagem favorece a doença.
A cercosporiose, causada pelo fungo Cercospora capsici, também causa maiores
prejuízos em épocas de temperatura e umidade altas. É danosa à planta por provocar lesões
grandes, marrom-acinzentadas, nas folhas, reduzindo a área foliar fotossintetizante e,
conseqüentemente, a produtividade. Não causa mancha de frutos, a não ser que as condições
climáticas sejam extremamente favoráveis à doença.
A principal doença em frutos de pimentão é a antracnose, causada por fungos por
espécies do gênero Colletotrichum. Os sintomas são manchas deprimidas nos frutos que, com
poucos dias, ficam recobertas pela frutificação alaranjada do fungo. No campo, é comum a
doença aparecer no verão, associada a muita chuvaou à irrigação excessiva. Frutos
aparentemente sadios podem desenvolver os sintomas após a colheita, ocasionando grandes
perdas em supermercados e feiras. As folhas não são afetadas.
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Bactérias - A mancha-bacteriana afeta com maior intensidade os cultivos de verão, pois
é favorecida por temperatura e umidade altas. É causada por Xanthomonas campestris pv.
vesicatoria, que pode ser transmitida pela semente e disseminar a doença a longas distâncias. A
partir de poucas plantas afetadas, a doença, com o auxílio de ventos fortes, se espalha pelo
campo. Provoca manchas nas folhas e nos frutos. As folhas atacadas pela doença caem com
facilidade, o que resulta em menor produtividade e na exposição dos frutos à queima pela
incidência direta de raios solares.
A murcha-bacteriana, causada por Ralstonia solanacearum, é uma doença tipicamente
tropical, sendo altamente destrutiva em Solanáceas cultivadas em terrenos úmidos, em regiões
ou períodos com temperaturas acima de 28°C. Provoca a murcha rápida das plantas, a
princípio durante as horas mais quentes do dia, até a murcha permanente e morte da planta.
Pode ser confundida com a murcha-de-fitóftora.
Uma das doenças mais conhecidas pelo consumidor é a podridão-mole, causada por
espécies do gênero Erwinia. A bactéria, após penetrar por ferimentos superficiais, produz
enzimas que causam rápida desintegração dos frutos, resultando em escorrimento aquoso,
observado freqüentemente em bancas de supermercado.
Medidas gerais para o controle das doenças
Embora sendo muitas vezes insuficientes quando aplicadas isoladamente, abaixo são
relacionadas algumas medidas que devem ser tomadas para reduzir as perdas com as
doenças de plantas:
1. Evitar o plantio em terrenos contaminados por cultivos anteriores;
2. Evitar o plantio durante o verão chuvoso, em especial se o solo é argiloso e acumula muita
água;
3. Plantar cultivares resistentes às doenças;
4. Plantar sementes ou mudas de boa qualidade, adquiridas de firma idônea. Muitas doenças
se iniciam a partir de sementes ou mudas contaminadas;
5. Adubar corretamente as plantas, com base em análise do solo. Plantas bem nutridas
resistem melhor às doenças;
6. Em plantios irrigados, fornecer água somente em quantidade suficiente, evitando excesso
de umidade no solo;
7. Durante os tratos culturais (capinas, amarrio, desbrota etc.), as plantas não podem sofrer
ferimentos, que facilitam a entrada de patógenos;
8. Manter o terreno e os arredores limpos de plantas daninhas, que servem como hospedeiras
de patógenos e de insetos vetores;
9. Usar espaçamento correto entre as plantas. Cultivos muito adensados favorecem a
ocorrência e a disseminação de patógenos de plantas doentes para as sadias;
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10. Logo após a colheita, os restos culturais devem ser eliminados, para evitar que se constitua
em foco de doença.
 Principais Pragas
As principais pragas que ocorrem nas pimentas e pimentão são:
Pulgão (Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae) - Ainda que os danos diretos
causados por estas espécies sejam de pouca importância, os danos indiretos causados através
da inoculação de viroses têm importância econômica. Os pulgões, principalmente da espécie
Myzus persicae, transmitem o vírus do mosaico do pimentão. Não se recomenda a utilização
de inseticidas para o controle de pulgão, por ser absolutamente ineficiente para prevenir a
disseminação da virose, uma vez que os pulgões transmitem o vírus com uma simples picada
de prova.
Tripes (Thrips tabaci e Frankliniella shulzei) - Os tripes causam danos diretos às plantas
pela sucção da seiva. Estes porém são infinitamente menores do que aqueles produzidos
indiretamente através da transmissão do vírus do vira-cabeça do tomateiro. Os tripes adquirem
o vírus somente na fase larval, tornando-se capazes de transmiti-lo pelo resto da sua vida. Os
sintomas mais comuns de vira-cabeça: mosaico amarelo, faixa verde nas nervuras, anéis
concêntricos, paralisação do crescimento e deformação dos frutos. As plantas infectadas na
sementeira ou logo após o transplantio têm sua produção totalmente comprometida. Quando a
contaminação ocorre tardiamente, a produção é menos afetada em quantidade e qualidade. 
Vaquinha (Diabrotica speciosa) - Os adultos têm 5-7 mm de comprimento, corpo ovalado e
coloração geral verde brilhante, mostrando em cada élitro, três manchas amarelo-alaranjadas.
As fêmeas fazem a postura no solo, próximo ao caule das plantas. As larvas são brancas e
possuem no dorso do último segmento abdominal uma placa quitinosa de cor marrom ou preta.
Os danos causados pelas larvas às raízes de pimenteira são em geral pouco importantes. Os
adultos, contudo, que se alimentarem das folhas, podem produzir injúrias sérias, principalmente
às plantas nas sementeiras ou as recém-transplantadas para o campo.
Lagarta Rosca (Agrotis ipsilon e Prodenia spp.) - Estas duas espécies são as mais comuns
e os mais importantes tipos de lagartas denominadas “roscas” que são encontradas nas
lavouras. São confundidas erroneamente com algumas espécies do gênero Spodoptera, que
também têm o hábito de se enroscarem ao serem tocadas. Os adultos da lagarta-rosca são
mariposas grandes, de envergadura aproximada de 50 mm de comprimento e apresentam
asas anteriores escuras e posteriores brancas ou cinzentas. As fêmeas podem fazer postura
de até 1000 ovos, que são depositados em folhas e caules das plantas, isoladamente ou em
massas. As lagartas possuem o hábito de cortar as plantas ao nível do solo durante a noite e,
durante o dia, as lagartas podem ser encontradas a pouca profundidade do solo, bem próximo
às plantas cortadas anteriormente.
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Ácaros (ácaro rajado Tetranyuchus urticae; vermelhos T. evansi e T. marianae (Acarina,
Tetranychidae; branco Polyphagotarsonemus latus (Acarina, Tarsonemidae) e plano
Brevipalpus phoenicis (Acarina, Tenuipalpidae). Por serem muito pequenos, difíceis de se ver a
olho nu, uma das maneiras de se poder identificar a espécie é através da descrição da
sintomatologia dos danos. O ácaro-rajado apresenta-se nas cores branca, verde, alaranjada e
vermelha, e tem duas manchas pretas em seu dorso. O ácaro-vermelho possui coloração
vermelha muito intensa, que o distingue facilmente dos outros ácaros. Ambos localizam-se na
face inferior das folhas independente da idade destas, causando danos caracterizados pelos
seguintes sintomas: 1) clorose generalizada das folhas, sendo que as nervuras mantêm-se
mais verdes; 2) aparecimento de teia envolvendo uma ou mais folhas; 3) queda acentuada das
folhas e morte das plantas. O ácaro-branco localiza-se preferencialmente na parte apical das
plantas, nos brotos terminais. Seus danos tornam as folhas coriáceas, com os bordos
recurvados ventralmente e de coloração bronzeada. O ácaro-plano localiza-se nas hastes e
folhas mais tenras da planta e têm coloração amarelada. As plantas podem apresentar
aparência bronzeada ou manchas cloróticas nas folhas.
Medidas gerais para o controle de pragas
A aplicação de inseticidas e acaricidas, na maioria das vezes é desnecessária,
antieconômica e danosa aos homens, animais domésticos e meio-ambiente. A obediência às
recomendações abaixo tornariam mais racional e eficiente o controle de pragas em Capsicum:
1. Erradicar plantas hospedeiras nativas, solanáceas silvestres e solanáceas cultivadas
voluntárias; evitar plantios novos em área adjacente a plantios mais antigos; proceder à
incorporação ou queima dos restos culturais;
2. Inseticidas e acaricidas jamais devem ser aplicados preventivamente, mas somente ao se
notar a presença de danos na cultura ou aumento das populações das pragas;
3. Familiaridade com os equipamentos de pulverização, que devem ser de boa qualidade e
sujeitos à manutenção periódica;
4. Produção de mudas em viveiros construídos em local afastado dos campos de produção e
protegido por telas que evitem a entrada dos tripes;
5. Se registrado o produto, recomenda-se o uso de inseticida de solo somentena fase de
sementeira, além de pulverizações periódicas com produtos de ação sistêmica ou de
contato, na sementeira e na fase inicial da cultura;
6. Intensificar as pulverizações durante os períodos imediatamente anterior e posterior ao
transplante, quando as plantas são mais susceptíveis a viroses.
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 Colheita e Acondicionamento
A colheita de pimentões é muito variável, depende da cultivar, das condições de cultivo
e ambiental, e inicia-se por volta dos 110 dias após o transplante, podendo estender-se por
cerca de 4 meses, para pimentão no campo, e por 8-9 meses para pimentões em estufas.
Pimentões coloridos cultivados em estufa, são colhidos por cerca de 6 meses, por ficarem mais
tempo na planta ocorre uma redução da produtividade e também da qualidade do fruto. Na
colheita, corta-se o pedúnculo do fruto com canivete ou tesoura de poda bem afiada, evitando
danos aos frutos e às plantas.
Os pimentões de cor verde-escura devem ser colhidos quando estiverem em seu
desenvolvimento máximo, o que varia de acordo com a cultivar ou híbrido plantado. Os frutos
de algumas cultivares pesam em torno de 150 a 180 gramas, enquanto os frutos dos novos
híbridos pesam de 220 a 240 gramas.
Hoje é significativa a procura por pimentões coloridos, que atingem preços maiores no
mercado. Como são comercializados maduros e em caixas de papelão, a colheita deve ser
feita antes do amadurecimento total do fruto na planta (isto causa estresse nas plantas, com
conseqüente queda de produtividade.). A maturação total ocorre durante o armazenamento,
que deve ser feito em galpão fresco e ventilado, por não mais que uma semana.
A produtividade do pimentão cultivado em campo fica em torno de 25-40 t/ha, enquanto
que a produtividade em cultivo protegido chega a 180 t/ha.
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