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Cinomose O vírus da cinomose (VC) é um membro do gênero Morbillivirus, da família Paramyxoviridae. Apresenta diâmetro variável, relativamente grande (150 a 250 nm), com um filamento único de RNA negativo envolto em um nucleocapsídio de simetria helicoidal (N) e circundado por envelope de lipoproteína derivada da membrana celular (E) que contém glicoproteínas virais H (proteína de inserção) e F (proteína de fusão). Vírus como o VC, que codificam proteínas capazes de se integrar à membrana celular, tornam as células infectadas suscetíveis ao dano causado pela citólise imunomediada. O VC também pode induzir a fusão celular (formação sincicial). A indução sincicial envolve a interação complexa de proteínas virais com a célula do hospedeiro e ocorre com cepas do VC menos propensas a produzir apoptose celular. As interações do VC com as células do hospedeiro explicam os diferentes desfechos da infecção por esse vírus. A molécula sinalizadora da ativação de linfócitos (SLAM) é uma glicoproteína da membrana e receptora celular do morbilivírus que se expressa na superfície de células do sistema imune, inclusive timócitos imaturos, linfócitos e monócitos ativados, bem como células dendríticas maduras. O VC virulento se liga de maneira seletiva à SLAM nessas células imunes por meio de suas proteínas H e F, possibilitando a disseminação rápida nos tecidos linfoides. Ocorre imunossupressão não apenas em razão da citólise induzida, mas também porque o VC virulento inibe as respostas da interferona (IFN) e da citocina das células linfoides pela expressão do gene P das proteínas de virulência V e C. No cérebro, o VC se liga a um receptor denominado GliaR, induzindo uma infecção persistente sem morte celular. Em resposta à infecção aguda pelo VC, ocorre um aumento do número de receptores SLAM nas células imunes do cão, que infiltram o sistema nervoso central (SNC), o que pode amplificar ainda mais a replicação viral no cérebro. Além disso, podem causar infecções intracelulares persistentes crônicas do SNC, ao induzirem a fusão de uma célula a outra e a citólise. A expressão do gene F e a liberação viral reduzidas causam persistência viral e neuroinvasão com início tardio de manifestações no SNC. Diferentemente do VC virulento, as cepas virais da vacina são menos patogênicas e se ligam a receptores celulares semelhantes ao da heparina, encontrados em células não imunes. 1www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina INFECÇÃO SISTÊMICA TRANSMISSÃO O vírus é susceptível à luz ultravioleta, extremamente sensível ao calor e ao ressecamento, sendo destruído por temperatura de 50 a 60°C em 30 min. Em tecidos excisados ou secreções, ele sobrevive por pelo menos 1 h a 37°C e por 3 h a 20°C. Em climas quentes, o VC não persiste em canis após a retirada dos cães infectados. Como qualquer vírus com envoltório (envelope), é susceptível ao éter, clorofórmio, à solução diluída de formol, fenol e a desinfetante a base de amônio quaternário. A transmissão geralmente ocorre através de aerossóis ou gotículas respiratória, mas também pode ocorrer infecção transplacentária a partir de mães Infectadas. A propagação viral ocorre 7 dias após a inoculação, podendo ser excretado até 60 a 90 dias após a infecção, embora períodos mais curtos de propagação sejam mais típicos. O contato entre animais recém-infectados mantém o vírus em uma população, e o suprimento constante de filhotes de cães fornece uma população susceptível à infecção. Embora a imunidade à virulência do VC seja prolongada ou dure pelo resto da vida não é absoluta após a vacinação. Cães que não recebem a imunização periódica podem perder a proteção infectar-se após estresse, imunossupressão ou contato com indivíduos doentes. Muitos cães susceptíveis pode ter a infecção subclínica mas eliminar vírus do corpo sem exibir sinais da doença. Embora a maioria dos cães recuperados elimine completamente o vírus, alguns podem continuar a abrigá-lo no SNC. A taxa de prevalência de cinomose é maior dos 3 aos 6 meses de idade, devido à perda dos anticorpos maternos após o desmame. PATOGENIA O vírus da cinomose se dissemina por meio de aerossol e contato do epitélio do trato respiratório superior. Após 24 h após a inoculação, o vírus se multiplica nos macrófagos teciduais e dissemina-se nessas células por meio dos linfócitos locais para as tonsilas e os linfonodos brônquicos. Por volta de 2 a 4 dias pós infecção (PI), o número de vírus nas tonsilas e linfonodos retrofaríngeos e brônquicos aumenta, mas o número de células mononucleares infectadas pelo VC encontradas em outros órgãos linfoides diminui. Em cerca de 4 a 6 dias PI ocorre a multiplicação do vírus nos folículos linfoides do baço, no tecido linfático associado ao intestino da lâmina própria do estômago e do intestino delgado, nos linfonodos mesentéricos e nas células de Kupffer do fígado. A proliferação disseminada do vírus nos órgãos linfoides corresponde ao aumento inicial na temperatura corporal e a leucopenia (Baixo nível de leucócitos no sangue) entre 3 e 6 dias PI. A leucopenia é primariamente uma linfopenia (baixo nível de linfócitos) causada pelo dano viral às células linfoides, que acomete tanto os linfócitos T quanto os B. 2 www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina A disseminação do VC para células epiteliais e tecidos do SNC que ocorre de 8 a 9 dias pós infecção e depende das condições imunológicas do cão. A eliminação do vírus em todas as secreções do corpo começa no momento de colonização epitelial, mesmo em cães com infecções subclínicas. Cerca de 14 dias PI, animais com títulos de anticorpos adequados contra o VC e citotoxicidade mediada por célula eliminam o vírus da maioria dos tecidos e não exibem sinais clínicos de doença. Cães com níveis intermediários de resposta imune e títulos de anticorpos tardios por volta de 9 a 14 dias PI apresentam disseminação viral para seus tecidos epiteliais. Os sinais clínicos que se desenvolvem podem acabar se resolvendo à medida que o título de anticorpo aumenta e o vírus é eliminado da maioria dos tecidos corporais. Nos dias 9 a 14 PI, cães em más condições do sistema imunológico apresentam disseminação viral para muitos tecidos, inclusive a pele, glândulas exócrinas e endócrinas e o epitélio dos tratos gastrintestinal (GI), respiratório e geniturinário. Os sinais clínicos de doença nesses cães em geral são acentuados e graves, e o vírus geralmente persiste nos seus tecidos até a morte. A sequência de eventos patogênicos depende da cepa viral e pode durar 1 a 2 semanas. Infecções bacterianas secundárias aumentam a gravidade da doença clínica. A infecção aguda pelo VC causa apoptose linfocitária, redução de células T e imunossupressão. INFECÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Ocorre a invasão do sistema nervoso central quando a viremia é intensa o suficiente, mas isso depende do grau da resposta imune do hospedeiro. O vírus entra no sistema nervoso central (SNC) via circulação cerebral, onde se deposita nos espaços perivasculares dos vasos sanguíneos finos. Como alternativa, o vírus entra nos vasos do plexo coroide e, por fim, no líquido cerebrospinal (LCS) e no sistema vestibular. Como um fenômeno incomum em cães, o VC pode seguir pelas vias nasais, através da lâmina cribriforme e em sentido anterógrado pelo nervo olfatório para o bulbo olfatório e o SNC, onde se localiza predominantemente nos lobos piriformes do córtex cerebral. O tipo de lesão que ocorre e a evolução da infecção no SNC dependem de numerosos fatores, inclusive a idade e a imunocompetência do hospedeiro no momento da exposição, das propriedades neurotrópicas do vírus e do momento em que aslesões são examinadas. A encefalite pelo VC, que ocorre no início da evolução da infecção em animais jovens e imunodeprimidos, caracteriza -se por replicação viral direta e lesão. O VC causa lesões multifocais nas substâncias cinzenta e branca. As lesões na substância cinzenta resultam de infecção neuronal e necrose, podendo ocasionar polioencefalomalacia. No entanto, também pode ocorrer infecção neuronal sem evidência mínima de citólise. No estágio agudo da infecção, os animais apresentam diminuição dos linfócitos em decorrência da apoptose induzida pela viremia, que visa essencialmente às células CD4+. As células miogliais sofrem alterações e há um aumento de citocina pró-inflamatórias nas lesões da cinomose. Pode ocorrer também a desmielinização não inflamatória aguda na substância branca, devido à replicação do vírus em células da micróglia e astróglia. 3www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina Uma predominância de linfócitos CD8+ e menor número de linfócitos CD4+ dominam os infiltrados perivasculares durante todos os estágios da encefalite causada pela cinomose. Essas células induzem uma resposta imune humoral forte, e há aumento de anticorpos intratecais neutralizantes do vírus. Os anticorpos contra o VC interagem com macrófagos infectados nas lesões do SNC, causando sua ativação com a liberação de radicais de oxigênio reativo. Tal atividade pode ocasionar maior destruição de células oligodendrogliais e mielina. A encefalite do cão idoso (ECI) é uma doença inflamatória ativa progressiva extremamente rara, crônica, da substância cinzenta dos hemisférios cerebrais e do tronco cerebral no SNC, associada à infecção pelo VC. Essa forma de infecção ocorre em animais imunocompetentes com persistência do vírus nos neurônios. A polioencefalite com corpúsculo de inclusão é uma forma variante de encefalite causada pelo VC que pode ocorrer após vacinação ou em cães com início súbito apenas de manifestações neurológicas da cinomose. São observadas necrose multifocal da substância cinzenta, inflamação linfocitária perivascular e inclusões citoplasmáticas e Intranucleares. ACHADOS CLÍNICOS SINAIS SISTÊMICOS Os sinais sistêmicos de cinomose variam, dependendo da virulência da cepa viral, das condições ambientais, da idade e da imunidade do hospedeiro, sendo que mais de 50% das infecções pelo VC são subclínicas. Formas brandas da doença clínica também são comuns, e os sinais incluem inquietação, queda do apetite, febre e infecção do trato respiratório superior. A secreção serosa oculonasal bilateral pode se tornar mucopurulenta, com tosse e dispneia. Pode surgir ceratoconjuntivite seca após infecções sistêmicas ou subclínicas em cães. A anosmia (perda do olfato) persistente pode ocorrer em cães que se recuperaram de cinomose. 4www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina A cinomose generalizada grave é a mais conhecida e pode ocorrer em cães de qualquer idade. No entanto, é mais comum em cães não vacinados e em filhotes expostos de 12 a 16 semanas de idade que tenham perdido seus anticorpos maternos, ou mais jovens que tenham recebido concentrações inadequadas desses anticorpos. O primeiro sinal de infecção é uma conjuntivite discreta, serosa a mucopurulenta, seguida em poucos dias por tosse seca que rapidamente torna se úmida e produtiva. O aumento dos sons respiratórios no tórax pode ser ouvido à auscultação. A depressão e a anorexia são seguidas por vômitos, em geral sem relação com a alimentação. Em seguida ocorre diarreia, cuja consistência varia de líquida a francamente sanguinolenta e mucosa. Pode haver tenesmo e ocorrer intussuscepção. Desidratação grave e emaciação (perda de massa muscular e gordura) podem ser causada pela adipsia (ausência de sede) e perda de líquido. Os animais podem ter morte súbita em decorrência de doença sistêmica, mas o tratamento adequado pode diminuir o risco em muitos casos. 5www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina Dermatites vesicular e pustular em filhotes raramente estão associadas a doença do SNC, enquanto os cães que desenvolvem hiperqueratose nasal e digital geralmente têm complicações neurológicas. LESÕES CUTÂNEAS 6www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina SINAIS NEUROLÓGICOS Os sinais neurológicos variam de acordo com a área do SNC envolvida. É possível observar hiperestesia (excesso de sensibilidade) e rigidez cervical ou paraespinal em alguns cães como resultado de inflamação das meninges. Convulsões, sinais cerebelares e vestibulares, paraparesia ou tetraparesia com ataxia sensorial (descoordenação dos membros) e mioclonia (contração involuntária dos músculos) são comuns. As convulsões podem ser de qualquer tipo, dependendo da região do prosencéfalo danificada pelo vírus. As convulsões do tipo “mascando chiclete”, classicamente associadas à infecção pelo vírus da cinomose em geral ocorrem nos cães que desenvolvem polioencefalomalacia dos lobos temporais. Pode haver mioclonia, a torção involuntária dos músculos em uma contração simultânea forçada, sem outros sinais neurológicos. Caso haja dano mais extenso da medula óssea, o cão pode ter paresia do neurônio motor superior do membro acometido, associada a mioclonia. Podem ocorrer contrações rítmicas enquanto o cão está desperto, embora sejam mais comuns enquanto está dormindo. Em geral, essas manifestações neurológicas começam 1 a 3 semanas após a recuperação da doença sistêmica. Os sinais neurológicos também podem ocorrer ao mesmo tempo que a doença multissistêmica ou, menos comumente, podem ocorrer semanas a meses mais tarde. Em geral, os sinais neurológicos se desenvolvem sem sinais extraneurais ou com alguns muito leves. Cães adultos ou parcialmente imunes previamente vacinados e sem antecedentes de doença sistêmica podem desenvolver subitamente sinais neurológicos que, se agudos ou crônicos são tipicamente progressivos. Podem ocorrer deterioração neurológica crônica recidivante com recuperação intermitente e um episódio agudo superposto tardio de disfunção neurológica. As complicações neurológicas da cinomose são os fatores mais significativos que afetam o prognóstico e a recuperação da infecção. 7www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina INFECÇÃO TRANSPLACENTÁRIA Filhotes jovens com infecção transplacentária podem desenvolver sinais neurológicos durante as primeiras 4 a 6 semanas de vida. Infecções leves ou inaparentes são detectadas em cadelas. Dependendo do estágio da prenhez em que a infecção se desenvolveu, podem ocorrer abortos, nascimento de natimortos ou de filhotes fracos. Os filhotes de caninos infectados no útero que sobrevivem a tais infecções podem ter imunodeficiências permanentes por causa do dano a elementos linfoides primordiais. INFECÇÃO NEONATAL Filhotes jovens infectados com o VC antes da erupção da dentição permanente podem sofrer dano grave do esmalte, da dentina ou das raízes dos dentes. O esmalte ou a dentina podem ficar com aspecto irregular, além de erupção parcial, oligodontia (dentes ausentes) ou impactação dos dentes. A hipoplasia do esmalte, com ou sem sinais neurológicos, pode ser um achado incidental no cão idoso e é um sinal relativamente típico de que aquele animal, quando filhote se infectou com o VC. Cães jovens em crescimento infectados pelo VC desenvolvem osteoesclerose metafisária dos ossos longos. Cães de raças de grande porte entre 3 e 6 meses de idade são mais comumente acometidos. LESÕES ÓSSEAS 8www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina SINAIS OCULARES Em geral, cães com encefalomielite causada pelo VC têm uveíte anterior discretaclinicamente assintomática. Lesões oftalmológicas mais óbvias na cinomose foram atribuídas a um efeito do vírus sobre o nervo óptico e a retina. A neurite óptica pode se caracterizar por início súbito de cegueira, com pupilas dilatadas não responsivas. A degeneração e a necrose da retina acarretam densidades irregulares cinzentas a rosadas no fundo do olho com ou sem tapete ou em ambos. Pode ocorrer descolamento da retina bolhoso ou completo quando os exsudatos dissecam entre a retina e a coroide. Lesões inativas crônicas do fundo do olho estão associadas a atrofia e cicatrização (fibrose) da retina. Essas áreas circunscritas de hiper reflexão são denominadas lesões em medalhão dourado e consideradas características de infecção prévia por cinomose DIAGNÓSTICO Na prática, o diagnóstico de cinomose baseia se primordialmente na suspeita clínica. Uma história característica de um filhote com 3 a 6 meses de vida não vacinado e com doença compatível confirma o diagnóstico. A maioria dos cães com doença grave tem sinais clínicos distintos o suficiente para se estabelecer um diagnóstico presuntivo, mas geralmente infecções respiratórias superiores em cães mais velhos costumam ser diagnosticadas incorretamente como traqueobronquite. 9www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina Os achados hematológicos anormais incluem linfopenia absoluta causada por depleção linfoide, que frequentemente persiste em cães muito jovens com sinais sistêmicos rapidamente progressivos ou neurológicos. Trombocitopenia (até de 30.000 células/μL) e anemia regenerativa em neonatos com menos de 3 semanas de idade. As inclusões citoplasmáticas (corpúsculos de lentz) da cinomose podem ser detectadas na fase inicial da doença pelo exame de esfregaços periféricos corados, no baixo número de linfócitos circulantes e, com menor frequência, em monócitos, neutrófilos e eritrócitos. As inclusões em linfócitos são estruturas grandes (até 3 μm), únicas (isoladas), ovais e cinzentas, enquanto as inclusões eritrocitárias (mais numerosas em células cromatofílicas) são arredondadas, em posição excênpersistente causada pelo vírus. IMUNOCITOLOGIA As técnicas imunofluorescentes podem facilitar o diagnóstico específico de cinomose, mas esses testes também requerem equipamento especial. Em cães clinicamente doentes, a imunofluorescência costuma ser feita com esfregaços citológicos preparados a partir de epitélio conjuntival, tonsilar, genital e respiratório. A técnica também pode ser realizada com células de líquido cerebrospinal, sangue (sobrenadante), sedimento urinário e medula óssea. ACHADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS As alterações bioquímicas séricas nas infecções sistêmicas são inespecíficas. A análise das proteínas totais inclui queda da albumina e aumento das concentrações de globulinas α e γ em não neonatos. Alguns filhotes com infecção pré natal ou neonatal pelo VC têm hipoglobulinemia acentuada em decorrência da imunossupressão 10www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina TRATAMENTO Embora seja de suporte e inespecíficas, o tratamento frequentemente são benéficas porque reduzem a mortalidade. A única razão para se recusar a iniciar o tratamento ante a insistência de um proprietário é a existência de sinais neurológicos incompatíveis com a vida. Mesmo na ausência de sinais neurológicos, deve se sempre avisar os proprietários que tais sequelas podem surgir depois. Alguns cães com cinomose sistêmica apresentam melhora espontânea. Entretanto ao contrário dos sinais sistêmicos, os sinais neurológicos são geralmente irreversíveis. Cães com infecções do trato respiratório superior devem ser mantidos em ambientes limpos, aquecidos e sem dejetos. As secreções oculonasais devem ser limpas da face. A pneumonia costuma ser complicada por infecção bacteriana secundária, em geral com Bordetella bronchiseptica, que requer tratamento antibacteriano de amplo espectro e expectorantes ou nebulização e coupage. Boas escolhas antibacterianas iniciais para a broncopneumonia incluem ampicilina, tetraciclina e cloranfenicol. Deve-se evitar a administração de tetraciclina em filhotes devido à alteração na cor dos dentes. O tratamento parenteral é essencial quando há sinais GI. É usado para detectar anticorpos IgG e IgM séricos contra o VC. Títulos elevados de anticorpo sérico IgM neutralizante podem ser medidos em cães que sobrevivem à fase aguda da infecção e em geral desaparecem em cerca de 3 meses. Cães que não desenvolvem um título pelo menos baixo ou nenhum de IgM ou IgG após a inoculação acabam morrendo ou sendo submetidos à eutanásia por causa de doença clínica grave. ELISA A PCR por transcrição reversa é utilizada para detectar o RNA do VC em células do sobrenadante, sangue total, soro e líquido cerebrospinal de cães com cinomose sistêmica ou neurológica. PCR Técnicas de coloração imunoquímicas, usando conjugados fluorescentes ou peroxidase são feitas com cortes congelados de amostras de biopsia do epitélio de coxim plantar e da pele ou necropsia, como o baço, tonsilas, linfonodos, estômago, pulmão, duodeno, bexiga e cérebro. IMUNO‐HISTOQUÍMICA 11www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina As convulsões, mioclonia ou neurite óptica são três manifestações neurológicas que podem ser toleradas por muitos tutores. A mioclonia geralmente é intratável e irreversível. O tratamento com a administração de benzodiazepínicos ou o levetiracetam pode diminuir a gravidade das contratações musculares, mas raramente as elimina. O melhor tratamento para as convulsões é diazepam parenteral (0,5 a 2 mg/kg por via retal ou IV lenta) no estado epiléptico e fenobarbital como manutenção preventiva. Primidona ou brometo de potássio são opções alternativas, podendo ser necessárias combinações ou doses maiores em casos refratários. O tratamento com glicocorticoides em doses anti inflamatórias ou antiedema do SNC pode ter sucesso variável no controle da cegueira ou da dilatação pupilar decorrente da neurite óptica ou outros sinais neurológicos associados a formas de encefalite vacinal ou inflamatória crônica. O tratamento dos distúrbios neurológicos é menos eficaz. A encefalite em geral causa tetraplegia, semicoma e incapacitação tão grande que a eutanásia deve ser recomendada. Apesar do tratamento ineficaz, os cães não devem ser sacrificados, a menos que os distúrbios neurológicos sejam progressivos ou incompatíveis com a vida. Para combater o edema do SNC, no sentido de acabar com os sinais neurológicos, pode ser administrada Dexametasona (2,2 mg/kg IV) em uma única dose, mas o resultado é variável ou temporário. O tratamento de manutenção subsequente com doses de anti- inflamatórios pode ser necessário. Vitaminas do complexo B devem ser administradas como terapia inespecífica para substituir as perdas vitamínicas decorrentes da anorexia e da diurese, bem como estimular o apetite. A suplementação de vitamina A pode ser benéfico em filhotes com infecção sistêmica aguda. O fornecimento de alimentos, água e medicações ou líquidos por via oral ao animal deve ser interrompido se houver vômitos e diarreia. Antieméticos parenterais podem ser necessários. A suplementação com líquidos isotônicos poli iônicos, como a solução de lactato de Ringer, deve ser administrada por via intravenosa ou subcutânea, dependendo das condições de hidratação do paciente. 12www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina Uma forma de prevenção é com a vacina polivalente ministrada no cão a partir dos 45 dias de vida (filhote). Devem ser administradas três doses, com intervalo de 30 dias entre elas e reforço anual. Outra forma de manter o cão livre da cinomose é evitando locais com muitos cães. Além disso,a higiene e desinfecção do ambiente e dos acessórios utilizados pelo cão devem ser uma rotina diária. PREVENÇÃO 13www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina REFERÊNCIAS Greene, Craig E. Doenças infecciosas em cães e gatos / Craig E. Greene; tradução Idilia Vanzellotti, Patricia Lydie Voeux. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 14www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina