Prévia do material em texto
Emanuelle Ferreira ELETROCARDIOGRAMA I PRINCÍPIOS BÁSICOS • O coração tem capacidade de gerar energia, assim como uma pilha • Despolarização -> processo para geração de potencial elétrico • Repouso: carga positiva predomina no meio extracelular - Na despolarização inverte • Vai de -90 a perto de 0 • Processo muito rápido -> a cada batida • Processo de recarregar a célula = repolarização FASES DE DESPOLARIZAÇÃO • Fase 0: corresponde a despolarização da célula, ocorrendo grande influxo de íons de sódio para o interior da célula. Como o sódio tem carga positiva, ocorre rápida positivação da voltagem no interior da célula cardíaca -> alteração abrupta do potencial • Fase 1: interrupção da entrada de sódio, inicia-se a saída de íons potássio, como esses possuem carga positiva e estão deixando a célula, a voltagem no interior fica um pouco menos positiva. • Fase 2: inicia-se a entrada de íons cálcio ao mesmo tempo em que saem íons potássio, neste caso o potencial pouco se alterada pois há entrada e saída de íons positivos -> estado de platô • Fase 3: acaba a entrada de cálcio, segue a saída de potássio, a voltagem segue diminuindo até o nível basal (-90mV). • Fase 4: ao voltar para a voltagem basal, inicia-se esta fase que irá durar até a próxima despolarização Emanuelle Ferreira PROPRIEDADES DAS CÉLULAS CARDÍACAS Cada grupo de célula tem especialidade em uma função dessas • AUTOMATISMO (cronotropismo): Capacidade de iniciar impulso elétrico de maneira espontânea - Geralmente a causa da maioria das arritmias • CONDUTIBILIDADE (dromotropismo): Capacidade das células de transmitir o impulso elétrico para células adjacentes • ESCITABILIDADE (batmotropismo): Capacidade das células responder a certos estímulos elétricos, químicos ou mecânicos, ou seja, a célula também sofre influência de fatores externos (SNA, alterações eletrolíticas, PH, hipóxia, etc...) • CONTRATILIDADE (ionotropismo): Capacidade que a célula tem de encurtar suas fibras em reposta a um estímulo ESTÍMULO ELÉTRICO CARDÍACO • Inicia no nó sinusal -> primeiro marca-passo do coração - Despolariza 50 a 220 batimentos por minuto • Estímulo percorre vias intra- atriais e depois vai para o nó AV que também é um marca-passo, mas é menos eficiente em gerar o estímulo - Retarda a condução para o ventrículo para que contraiam em momentos diferentes e permita o esvaziamento do átrio - Diferença de 1/5 de segundo - Consegue segurar fibrilações atriais • Feixe de His -> ramos esquerdo e direito -> rede de Purkinje • O primeiro vetor de despolarização em direção ao septo IV, o segundo em direção ao ápice e o terceiro em direção a lateral -> a soma dos vetores direciona sempre a maior energia para o ápice Emanuelle Ferreira ELETROCARDIOGRAMA • É um exame que possibilita registrar as variações extracelulares do potencial elétrico das células cardíacas. • Célula cardíaca tem potencial de repouso de -90mV resultante do equilíbrio dinâmico entre as forças do gradiente químico (há mais K e Na no interior e mais Ca no exterior da célula) • O profissional responsável posiciona eletrodos que irão registrar as atividades elétricas a partir de um “ponto de vista” específico • O ECG funciona como se “câmeras” fossem posicionadas em volta do coração em locais pré- determinados e estas registram os impulsos elétricos que se aproximam ou se afastam de cada eletrodo • Essas “câmeras” são as derivações • Quando a inversão da carga elétrica de propaga em direção ao eletrodo temos uma onda positiva, quando se afasta temos uma onda negativa (Dr. Willen Einthovem - 1924) - Sempre que uma onda se aproxima de uma derivação fica positiva no exame -> tudo que está acima da linha mostra estímulos positivos que se aproximam e o inverso para ondas negativas - Com apenas três eletrodos, podemos inferir que o estímulo está indo da direita para esquerda. Se colocar mais, podemos saber se está indo de cima para baixo, para frente ou para trás, etc. • Buscamos padrões de normalidade ou anormalidade -> avalia padrões patológicos • Ondas não mostram a contração, apenas a despolarização -> apenas registros elétricos PADRONIZAÇÃO • No papel de ECG, as linhas claras circunscrevem pequenos quadrados de 1 x 1 mm • As linhas escuras circunscrevem grandes quadrados de 5 x 5 mm • 1 quadrado grande é composto por 5 pequenos de largura e 5 pequenos de altura • O eixo horizontal mede o tempo -> - 1 pequeno quadrado = 0,04 segundo - 1 grande quadrado = 0,2 segundo (5x maior) - 1s = 5 quadrados grandes • O eixo vertical mede a voltagem -> - 1 pequeno = 0,1 mV - 1 quadrado grande = 0,5 mV - 10 quadrados pequenos ou 2 quadrados grandes = 1mV -> essa amplitude é considerada padrão ou N • Se 1mV corresponder ao dobro da amplitude normal, ou seja, se 20 quadradinhos forem equivalentes a 1mV, dizemos que a amplitude é 2N Emanuelle Ferreira COMO CONFIRMAR A PADRONIZAÇÃO • Devemos procurar o retângulo que sempre está nas laterais direita do ECG - Ele deve ter 10 quadradinhos de altura e 5 de largura • Se configurar um ECG para amplitude 2N, a amplitude QRS poderá ficar maior e muitas vezes confundir com um diagnostico de sobrecarga de ventrículo esquerdo NORMAL x 2N ONDAS P, QRS, T • Como qualquer onda, as do eletro possuem três características principais: - Duração: medida em fração de segundos - Amplitude: medida em milivolts (mV) - Configuração: um critério mais subjetivo que se refere à forma e ao aspecto de uma onda • O registro elétrico do coração é composto pelas seguintes atividades: 1. Despolarização dos átrios (primeiro direito, depois esquerdo) = ONDA P 2. Intervalo átrio-ventricular = INTERVALO PR -> normalmente dura de 0,12 a 0,20 segundos (de 3 a 5 mm no papel do ECG) 3. Despolarização dos ventrículos = COMPLEXO QRS 4. Repolarização dos átrios = não é vista em situações normais de repouso Emanuelle Ferreira 5. Repolarização dos ventrículos = SEGMENTO ST (horizontal ou levemente ascendente em todas as derivações) e ONDA T • Onda P -> Geralmente é mais arredondada - A primeira parte da onda P representa, predominantemente, a despolarização do átrio direito e a segunda parte representa a despolarização do átrio esquerdo • Intervalo PR -> atraso provocado pelo nó AV -> no eletro avaliamos a variação desse intervalo - Mostra o intervalo entre a despolarização do nó sinusal e o início da despolarização do nó AV • Complexo QRS -> - Q é sempre a primeira onda negativa - R é a primeira onda positiv - S é a segunda onda negativa após o R - Algumas situações podem dar uma segunda onda positiva, sendo chamada R’ – (lê-se erre linha) - A maior parte do que vemos no ECG representa a ativação ventricular esquerda, porque a massa muscular do ventrículo esquerdo é cerca de três vezes maior do que a do ventrículo direito • Segmento ST -> linha de base fica isoelétrica • Onda T -> sempre da mesma polaridade no complexo QRS • IMAGEMS COM OS PADRÕES DO COMPLEXO QRS Emanuelle Ferreira CONFIGURAÇÃO DOS ELETRODOS • O ECG conta com 12 derivações principais • 6 periféricas (D1, D2, D3, aVR, aVL e aVF) -> são usados 4 eletrodos -> dois eletrodos são colocados nos braços e dois nas pernas. Eles fornecem as bases para as seis derivações dos membros • 6 precordiais (V1, V2, V3, V4, V5, V6) -> são usados 6 eletrodos no tórax • As derivações periféricas verificam se o estímulo elétrico vai para cima ou para baixo e para a esquerda ou para direita, mas não se anterior ou posteriormente • As derivações precordiais enxergam se o estímulo vai para frente e para trás, para a esquerda e para a direita, mas não se superior ou inferiormente • Em casos que necessite derivações posteriores, podem ser usadas V7, V8, etc. (geralmente com os cabos de V5 e V6) - V7: 5º EIC na linha axilar posterior - V8: 5º EIC na linha hemi-escapular• Ideal sempre fazer o eletro no mesmo padrão • V1 e V2 -> septo • V3 e V4 -> parede anterior do ventrículo esquerdo • V5 e V6 -> parede lateral do VE Emanuelle Ferreira TEORIA DOS VETORES • Se o caminho do estímulo está certo, a soma dos vetores sempre respeita esse sentido • As derivações formam um plano frontal e um plano horizontal PLANO FRONTAL • As seis derivações periféricas formam esse plano • O triângulo de Einthoven foi criado a partir dessas derivações: - D1 grava o potencial de ação entre o braço direito e o braço esquerdo - D2 entre o braço direito e a perna esquerda - D3 entre o braço esquerdo e a perna esquerda Emanuelle Ferreira • Ângulos de orientação: - D1 = 0º - D2 = 60º - D3 = 120º - aVR = -150º - aVL = -30º - avF = 90º • avR -> sempre negativo pois é o sentido contrário do estímulo • avF -> precisa estar positiva • Positivo em D1 = estímulo indo da direita para esquerda • As derivações II, III e aVF são chamadas derivações inferiores porque elas veem de maneira mais eficaz a superfície inferior do coração • As derivações I e aVL frequentemente são chamadas de derivações laterais esquerdas porque elas têm a melhor vista da parede lateral esquerda do coração • A derivação aVR é a única derivação do lado direito verdadeira PLANO HORIZONTAL • As derivações precordiais definem um plano horizontal ou transverso e veem forças elétricas se movendo anterior e posteriormente • V1 fica diretamente sobre o ventrículo direito • V2 e V3, sobre o septo interventricular • V4, sobre o ápice do ventrículo esquerdo • V5 e V6, sobre a lateral do ventrículo esquerdo ONDA P • ONDA P = despolarização dos átrios • Vetor aponta da direita para a esquerda e discretamente para baixo - Positiva em D1 e aVL (lateral-esquerda) - Positiva em D2 e aVF (inferior) - Negativa em aVR (direita) - Eixo de despolarização da onda P (SÂP) entre 0 e 90º Emanuelle Ferreira • A derivação III é a derivação inferior mais à direita (orientação de +120) e, fica quase perpendicular à corrente atrial - registra uma onda P bifásica • No plano horizontal: - V5 e V6 (letarais-esquerdas) -> positiva - V1, que fica sobre o ventrículo direito, é orientada perpendicularmente = onda bifásica - V2 a V4 são variáveis • A amplitude da onda P geralmente é mais positiva na derivação II e mais negativa na derivação aVR COMPLEXO QRS • COMPLEXO QRS = despolarização dos ventrículos - Predominantemente positiva em D1 e aVF - SÂQRS = 0 e 90º (pode ser de -30 até 90-> nesses casos pode acontecer de aparecer avF negativo e está normal) ONDA Q • O septo interventricular é o primeiro a se despolarizar e o faz da esquerda para a direita • A despolarização septal nem sempre é visível no ECG, mas, quando é visível, inscreve uma pequena deflexão negativa • Pode ser vista nas derivações I, aVL, V5 e V6. Às vezes, pequenas ondas Q também podem ser vistas nas derivações inferiores e em V3 e V4 RESTANTE DO COMPLEXO • Como a massa do ventrículo esquerdo é muito maior que a do direito, ele predomina na onda e forma um vetor predominante para esquerda • Grandes deflexões positivas (ondas R) podem ser vistas nas derivações laterais esquerdas e inferiores • A derivação aVR, que fica à direita, registra uma deflexão negativa profunda (onda S) • O complexo QRS é bifásico na derivação III • Plano horizontal: - V1 que fica sobre o ventrículo direito, geralmente registra ondas S profundas, já que a corrente está se movendo para a esquerda (longe dela) - V5 e V6, que ficam sobre o ventrículo esquerdo, registram ondas R positivas altas - V3 e V4 -> onda bifásica, ou seja, uma onda R e uma onda S de amplitude quase igual Emanuelle Ferreira • Progressão da onda R -> derivação V1 tem a menor onda R e V5, a maior ONDA T • Repolarização ventricular • É típico e normal encontrar ondas T positivas nas mesmas derivações que têm ondas R altas DESVIO DE EIXO OLHANDO QRS Emanuelle Ferreira ROTEIRO PARA INTERPRETAÇÃO DO ECG • 12 passos de análise -> Onda P (4 itens), QRS (4 itens) e T (3 itens) 1º PASSO – IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE E PADRONIZAÇÃO • Aparece na parte de cima do ECG • Identificar nome, idade e sexo do paciente • A padronização precisa estar correta também. Normalmente, a velocidade precisa ser de 25 mm/s e amplitude N (essa informação aparece na parte de cima ou de baixo do ECG) • Vale a pena conferir ainda se houve qualidade técnica (se o traçado está bom e se os eletrodos foram posicionados corretamente) 2º PASSO – ONDA P (RITMO) • Definir se o ritmo é sinusal ou não • Onda P positiva nas derivações D1 e AVF (consequentemente em D2), sempre de mesma morfologia e com a mesma orientação, precedendo os complexos QRS = RITMO SINUSAL • Diferente disso não é sinusal 3º PASSO – ONDA P (FREQUÊNCIA CARDÍACA) • Dividir 1500 pelo número de quadradinhos entre os picos de 2 complexos QRS • Dividir 300 pelo número de quadradões entre os picos de 2 complexos QRS Emanuelle Ferreira • Se o intervalo entre os QRS for IRREGULAR, contar o número de complexos QRS na deviração D2 LONGA e multiplicar por 6 4º PASSO – ONDA P (SOBRECARGAS ATRIAIS) • Características normais: avaliar em D2 e V1 - D2: duração normal é de 80 a 110 mms (2 a 3 quadradinhos) e não pode ultrapassar 2,5 mm de amplitude (dois quadradinhos e meio) -> mais que isso seria sinal de sobrecarga atrial direita - V1: não pode ultrapassar 1,5 mm de amplitude em sua porção positiva e 1 mm de amplitude em sua porção negativa (sobrecarga atrial direita e esquerda respectivamente) SAE -> sobrecarga atrial esquerda • Onda bífida em D2 e mais prolongada (duração > 110 ms) • Componente final negativo em V1 com mais de 40 ms de duração (índice de Morris) ou >1mm de amplitude SAD -> sobrecarga atrial direita • Pontiaguda em DII, DIII e AVF (amplitude > 2,5 mm) • Amplitude > 1,5 mm em sua primeira porção de V1 • Imagem ao lado -> onda P maior que QRS ARRITMIAS SINUSAIS • O que fugir dos critérios de ritmo sinusal pode ser caracterizado como uma arritmia sinusal • Variação exacerbada entre dois intervalos PP (intervalo entre o início de onda P de dois batimentos consecutivos) -> valores >120 a 160 ms • No caso abaixo a variação é de 400 ms -> arritmia sinusal Emanuelle Ferreira 5º PASSO – ONDA P (INTERVALO PR) • Medido da onda P até o início do complexo QRS -> intervalo entre a despolarização das células do nó sinusal e o início da despolarização do miocárdio ventricular • Intervalo normal -> 120 a 200ms (3 a 5 mm ou quadradinhos) • Mais curto em crianças ou com o aumento da frequência cardíaca • Em idosos ou pacientes com bradicardia, o intervalo PR é naturalmente mais longo • Redução do intervalo fora das condições normais -> RITMO ECTÓPICO ATRIAL (taquiarritmia atrial uni ou multifocal) ou PRÉ-EXCITAÇÃO (síndrome de wolff-Parkinson-White) - Essa síndrome conta com defeito no esqueleto fibroso que está permitindo a passagem do estímulo elétrico do átrio para o ventrículo, uma via acessória • Aumento do intervalo fora das condições normais -> bloqueio atrioventricular (BAV) de 1º grau (onda P colada na onda T na imagem) Emanuelle Ferreira 6º E 7º PASSO – COMPLEXO QRS (ORIENTAÇÃO E DURAÇÃO) • Avaliar DURAÇÃO (estreito ou largo), AMPLITUDE (sobrecarga de VE ou sobrecarga de VD), MORFOLOGIA (bloqueios de ramo, áreas inativas), ORIENTAÇÃO (eixo) • Orientação -> definir o eixo - Normal entre -30 e 90 (entre aVL e avF) - Além de -30 = desvio à esquerda - Além de 90 = desvio à direita • No plano horizontal -> normal quando orientado para trás (V1 negativo) PRINCIPAIS MORFOLOGIAS DENTRO DE UM ECG NORMAL EXEMPLO DE ECG COM EIXO -30 D1 positivo D2 isoelétrico D3 negativo (indo para lado oposto) avL com maior amplitude positiva (indo em direçãoa avL que fica em -30) avF negativo (fora do quadrante 0/90) Emanuelle Ferreira DURAÇÃO • O complexo dura normalmente de 80 a 100 ms, e não deve ultrapassar 120 ms (três quadradinhos) • Aumento da duração -> atraso na condução dos ventrículos, seja por uma doença miocárdica ou por bloqueio de ramo BLOQUEIOS DE RAMO • Bloqueio de condução no ramo esquerdo ou direito • O bloqueio de ramo é diagnosticado olhando a largura e a configuração dos complexos QRS • O sistema de condução compreende o feixo de His, seu ramo direito e seu ramo esquerdo com suas três divisões (ântero-superior, póstero-inferior e ântero medial) BLOQUEIO DE RAMO DIREITO • Modificações mais marcantes na porção final do complexo QRS 1. Duração maior que 3 quadradinhos 2. Positivo em V1 3. Ondas S lentas (profunda em V6) • Segunda onda R, chamada R’, nas derivações V1 e V2. Todo o complexo é chamado RSR’ (R-S- R linha) e seu aspecto tem sido comparado a orelhas de coelho Emanuelle Ferreira BLOQUEIO COMPLETO DO RAMO ESQUERDO • Despolarização alterada desde a porção inicial • Onda S profunda em V1 (negativo em V1) • Onda R alargada com entalhes em DI/AVL/V5/V6. Também chamado de “QRS EM TORRE” Emanuelle Ferreira BLOQUEIOS DIVISIONAIS • A característica marcante aqui é o desvio do eixo • NÃO HÁ QRS >0,11seg BRD + BDAS = Pensar em doença de chagas Emanuelle Ferreira 8º PASSO – COMPLEXO QRS (SOBRECARGAS VENTRICULARES) • Amplitude normal: o complexo deve ter pelo menos 5 mm em pelo menos uma derivação do plano frontal e 8 mm em pelo menos uma derivação do plano horizontal SOBRECRAGA VENTRICULAR ESQUERDA • Vários índices utilizados para avaliar SVE, com diferentes especificidades e sensibilidades SOBRECARGA VENTRICULAR DIREITA • Desvio de eixo para direita – positiva em D3 (>90º em adultos e >110º em crianças) • Desvio de eixo para frente (positivo em V1) • Onda S em V5/V6 > ou = 7mm • Alterações de repolarização Emanuelle Ferreira 9º PASSO – COMPLEXO QRS (ÁREAS ELÉTRICAS INATIVAS) • Presença de onda Q patológica -> pelo menos 40ms de duração (1mm) e apresentar pelo menos de 1/3 da amplitude do QRS, em duas derivações vizinhas • Didaticamente, o diagnóstico topográfico pode ser definido da seguinte forma: - Parede anterior: V1 a V2 = septal V1 a V4 = anterior V1 a V6 = anterior extenso V5, V6, D1 e avL = lateral - Parede inferior: D2, D3 e avF - Parede dorsal: V7 e V8 - Ventrículo direito: V3R, V4R (derivações direitas) • Área inativa não é sinônimo de infarto, mas pode ser sim uma ocorrência prévia de IAM • Doenças de depósito (amiloidose, hemocromatose) podem gerar essas áreas EXEMPLO DE ÁREA INATIVA INFERIOR Emanuelle Ferreira 10º PASSO – ONDA T (SEGMENTO ST) • Avaliar se há infra ou supra desnivelamento • O ponto J é o fim do completo QRS - Se inicia o segmento ST, indo até o início da onda T • Fase de silêncio elétrico • O normal é que o ponto J esteja na mesma linha de base do ECG, com margem de erro de 1mm para cima ou para baixo • O infra-desnivelamento ao esforço e na presença de dor torácica = isquemia miocárdica - Hipertrofia de VE, SVE, intoxicação digitálica também pode causar infra • O supra-desnivelamento pode significar IAM, em casos de história sugestiva - Outras causas: repolarização precoce, hipercalemia, bloqueio de ramo esq., pericardite, síndrome de Brugada, etc. • Indicativo de IAM: supra em pelo menos 2 derivações contíguas (com exceção de V2 e V3) associado a dor torácica 11º PASSO – MORFOLOGIA DA ONDA T • Representa a repolarizacão ventricular (lembrar que as últimas células que despolarizaram são as primeiras que irão sofrer a repolarização) • Uma onda T normal é concordante com o QRS (mesma polaridade) e assimétrica (parte ascendente mais lenta) • Presença de uma onda T apiculada, positiva e simétrica ou inversão de onda T -> sugestivo de isquemia miocárdica Emanuelle Ferreira Isquemia subendocárdica onda T invetida -> isquemia subepicárdica TIPOS DE LESÕES E ISQUEMIAS DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Distúrbios eletrolíticos como a hipercalemia podem gerar ondas T apiculadas ou em tenda Emanuelle Ferreira • Lesão cerebral aguda: ondas T gigantes, negativas e difusas + desnivelamento de ST e aumento do intervalo QT ONDAS T NEGATIVAS EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS • Ondas T negativas são consideradas normais se ocorrerem em: avR, D3 e V1 • Por isso, ondas negativas em paredes inferiores ou laterais sempre devem levar à investigação ONDA T INVERTIDA ISQUÊMICA OU NÃO • Onda T invertida simétrica -> isquemia Paciente com infarto sem supra de ST Emanuelle Ferreira • Onda T invertida assimétrica -> pensar em outras etiologias Paciente com SVE 12º PASSO – INTERVALO QT • Vai do início do complexo QRS até o fim da onda T, englobando também o segmento ST • Varia com idade e sexo, mas é considerado normal de 350 a 440 ms (8 a 11 quadradinhos) • Qual derivação olhar: por convenção, mede em D2 - DICA: meça também em V3-V5, considerando o maior resultado • Quanto menor a FC, maior o QT -> origem da fórmula de Bazett para encontrar o QT corrigido • Macete para calcular o QT -> traçar uma linha na metade de dois complexos QRS. Se a onda T terminar após essa linha= QT longo • Maior problema é que o intervalo QT longo predispõe a arritmias graves • Intervalo QT diminuído -> hipercalemia, hipercalcemia, hipertermia, acidose ou intoxicação digitálica Emanuelle Ferreira EXEMPLO DE INTERPRETAÇÃO COM OS 12 PASSOS