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“Botoeir�” SP5-UC2 1) Conceituar doenças auto imunes e discutir os termos de tolerância imunológica e autoimunidade. ❖ Doença autoimune Doença auto imune se caracteriza pelo mau funcionamento do sistema imunológico, levando o corpo a atacar os seus próprios tecidos. Ocorre a perda da tolerância imunológica, ou seja, o corpo reconhece os antígenos próprios da célula, atacando-as. ❖ Autoimunidade DEFINIÇÃO DE AUTOIMUNIDADE Autoimunidade é uma condição onde o sistema de defesa imunológico de um indivíduo agride “por engano” estruturas do corpo desta pessoa, como faria com micróbios invasores. O sistema imune serve para diferenciar o que é próprio do que é estranho. Na maioria das ocasiões, o organismo tolera o que é próprio por mecanismo de tolerância central e periférico (fazem o organismo não responder aos antígenos próprios). Os diferentes linfócitos são formados por uma combinação ao acaso, e quando ativados para destruir antígenos próprios, aparecem mecanismos que os inativam (os mecanismos fazem com que eles não respondam aos antígenos próprios). A tolerância é uma não responsividade do sistema imune a determinados antígenos (tolerogênicos).Ao contrário de outros antígenos que geram resposta imune e são chamados de imunogênicos. ➔ ANTÍGENO TOLEROGÊNICO: estão presentes nos órgãos geradores (formadores de novos linfócitos). Esses órgãos já apresentam mecanismos que impedem que os linfócitos (LINFÓCITOS AUTO REAGENTES) que reagem aos antígenos próprios sejam liberados ➔ Na TOLERÂNCIA CENTRAL ocorre nesse processo de amadurecimento, e se ocorrer alguma falha nesse processo de tolerância, haverá uma segunda chance na tolerância periférica. O precursor linfóide dá origem aos linfócitos imaturos na medula óssea (linfócito B amadurece ainda na medula óssea, e o linfócito T amadurecem no timo). Nesse local de amadurecimento o linfócito é apresentado a uma grande quantidade de antígenos próprios, e o linfócito que reconhece um antígeno próprio com grande afinidade, recebe um sinal de que poderão acontecer três coisas com ele: ★ Sofrer apoptose (deleção); ★ Mudar seus receptores de superfície (acontece com os linfócitos B, fazendo com que não econheça mais um antígeno próprio e sim, antígenos estranhos e deixe o órgão gerador); ★ Transformado em linfócito T regulador (ocorre somente com células T CD4+). →Na TOLERÂNCIA PERIFÉRICA, os linfócitos que passaram pela tolerância central se tornam maduros. Se ele reconhecer um antígeno próprio pode sofrer: ★ Anergia (inativação, porque não irá ocorrer um co-estímulo para ser ativado); ★ Apoptose; ★ Supressão (por uma célula reguladora). ●Linfócitos T: Criados na medula óssea e amadurecem no timo. Primeiro mecanismo: Quando o linfócito T não é autorreativo (não reage a antígeno próprio), não sofre nenhum tipo de seleção no timo, completa toda a sua fase de amadurecimento e cai nos tecidos periféricos, sendo exposto a um antígeno que se reconhecer, será ativado, sofre sua expansão clonal e cumpre suas ações. Se no timo ele for reconhecido como linfócito T autorreativo, sofrera por mecanismo de tolerância central, uma apoptose (seleção negativa) ou se transformar em uma célula T regulatória (pode ir para os tecidos porque não irá mais provocar uma resposta imune, e sim uma resposta regulatória/ supressora). Segundo mecanismo: Quando um linfócito T autorreativo não passa pela seleção negativa e cai na corrente de tolerância periférica, ele passa por uma nova seleção. Mesmo que o linfócito reconhece o antígeno da célula, não haverá um co-estímulo para fazer a sua ativação, (célula não ativa o D7 que se liga ao CD28 do linfócito para fazer o co-estímulo) e o linfócito entra em anérgica. ●Linfócito B: Criado e amadurecido na medula óssea. Primeiro mecanismo: Se a célula imatura reconhece um antígeno próprio, pode sofrer uma edição de receptor (recebe um sinal que faz ela gerar um novo receptor, o que não irá mais reconhecer antígeno próprio, podendo cair nos tecidos periféricos por não ser mais uma célula B autorreativa. Pode também, passar por deleção, ou, ao reconhecer um antígeno próprio, pode passar a ser uma célula anérgica. Segundo mecanismo: mesmo que o linfócito autorreativo consiga passar pela seleção central e caia na tolerância periférica, ele quando reconhecer o antígeno próprio, no receber um co-estímulo e não conseguir fazer sua ativação, poderá sofrer deleção ou anergia. Células autorreativas:Linfócitos T e B possuem afinidade com o anticorpo reagindo. Em todos os indivíduos, existe um certo grau de reconhecimento do próprio. Na verdade, é necessário que as células T sejam selecionadas positivamente no timo para o reconhecimento do MHC próprio. Além disso (exceto em indivíduos com imunodeficiência profunda), as células B autorreativas e as células T reativas aos peptídeos + MHC próprios são detectáveis na circulação de todos os seres humanos, assim como os autoanticorpos (anticorpos com capacidade de reagir contra componentes próprios). O termo doença autoimune é utilizado quando a autoimunidade resulta em patologia. Por conseguinte, a existência de um baixo nível de autoimunidade parece constituir a norma e, em geral, não resulta em patologia. Todavia, quando a tolerância imunológica não consegue eliminar ou controlar linfócitos auto reativos patogênicos, surgem doenças autoimunes. ATIVAÇÃO DO LINFÓCITO POR MEIO DO ANTÍGENO MICROBIANO Geralmente os linfócitos autorreativo quando reconhecem antígenos próprios, não recebem o co-estímulo daqueles e não é ativado, sofrendo deleção ou anergia. Quando há uma alteração ambiental, o linfócito autorreativo ao reconhecer o antígeno próprio recebe o co-estímulo e por consequência, sofre ativação. Um dos principais fatores ambientais que levam a ativação do linfócito autorreativos e que levam a uma doença autoimune, são as INFECÇÕES. Primeira forma: O linfócito T autorreativo, normalmente, é apresentado ao antígeno por uma APC (célula dendrítica), se não houver um sinal do co-estimulador, ele sofrerá uma deleção. Caso tenha uma infecção, a APC (célula dendrítica) que apresentam o auto-antígeno, fagocita o micróbio que está causando a infecção, passa a ter um antígeno estranho, podendo agora fazer a co-estimulação com o linfócito. Quando o linfócito T reativo reage com a APC infectada (b7 da célula se liga com o CD28 do linfócito ), esse será ativado e irá combater o tecido próprio e gerar uma reação de autoimunidade. Segunda forma: Há microorganismos com antígenos muito semelhantes aos antígenos próprios. Quando o linfócito T reconhece o antígeno microbiano com a presença de um co-estimulador é ativado, ele passa a ser autorreativo, nisso ele passa a reconhecer também o antígeno próprio que é muito parecido com o antígeno microbiano, e começa a atacar o tecido próprio e causar a reação de autoimunidade 2) Compreender os fatores desencadeadores da doença autoimune. ➔ Fatores genéticos: Diversas doenças autoimunes apresentam acentuada incidência familiar, sugerindo-se uma predisposição genética a tais distúrbios. Existe uma forte associação de algumas doenças com determinadas especificidades do antígeno leucocitário humano (HLA), especialmente os genes de classe II. Por exemplo, a artrite reumatoide ocorre predominantemente em indivíduos portando o gene HLA-DR4. A probabilidade de ocorrer espondilite anquilosante é cem vezes maior em indivíduos portando HLA- B27, um gene de classe I, do que naqueles que não o apresentam. Há duas hipóteses para explicar a relação entre determinados genes HLA e as doenças autoimunes. Uma postula que tais genes codificam proteínas do MHC de classe I ou classe II, as quais apresentam autoantígenos com maior eficiência que as proteínas do MHC não associadas a doenças autoimunes. A outra hipótese afirma que células T autorreativas escapam da seleção negativa no timo porque se ligam fracamente àquelasproteínas do MHC de classe I ou classe II na superfície do epitélio tímico. Deve-se observar, no entanto, que o fato de uma pessoa desenvolver ou não uma doença autoimune é evidentemente multifatorial, uma vez que indivíduos com genes HLA que sabidamente predispõem a certas doenças autoimunes, apesar disso não desenvolvem a doença, como, por exemplo, muitos indivíduos carreando o gene HLA-DR4 não desenvolvem artrite reumatoide. Isto é, acredita-se que genes HLA são necessários, mas não suficientes, para causar doenças autoimunes. Em geral, doenças relacionadas a MHC de classe II, por exemplo, artrite reumatoide, doença de Graves (hipertireoidismo) e lúpus eritematoso sistêmico, ocorrem de forma mais comum em mulheres, enquanto doenças relacionadas a MHC de classe I, por exemplo, espondilite anquilosante e síndrome de Reiter, ocorrem mais comumente em homens. ➔ Infecção; ➔ Hormônios ( Artrite reumatóide); ➔ Fármacos; ➔ Radiação UV; ➔ Estresse psicológico; ➔ Dieta. 5) Caracterizar a avaliação laboratorial e clínica nas doenças autoimunes. Como é feito o diagnóstico laboratorial das doenças autoimunes? O diagnóstico de uma doença autoimune consiste em fatores como avaliação clínica e laboratorial, além do histórico médico e familiar. Exames: ● Análises que indicam inflamação como PCR (Proteína C-reativa) e VHS (Velocidade de Hemossedimentação) ● Hemograma ● FAN (Fator Antinúcleo) Testes específicos na pesquisa de anticorpos, como por exemplo: ● Lúpus: Anti-DNA, Anti-histona, Anti-Sm. ● Artrite Reumatoide: Fator Reumatoide, Anti-CCP. ● Febre Reumática: ASLO (Anticorpo Antiestreptolisina O). ● Síndrome de Sjogren: Anti-Ro, Anti-La. ● Existem inúmeros testes de pesquisas de anticorpos específicos de cada doença autoimune em sua particularidade. Os mais utilizados são a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a dosagem da proteína C reativa (PCR), realizados em amostras de sangue. PCR: sempre está alterado (valor alto) para doenças de reumatismo. Proteína C reativa, está relacionada com processos de inflamação e infecção. PCR foi a primeira proteína conhecida como reagente de fase aguda ou fase ativa; a PCR se liga na superfície das bactérias, e isso facilita com que elas sejam opsonizadas. A principal função da PCR é se ligar na célula lesada e iniciar sua eliminação por meio da ativação do sistema complemento e de fagócitos. PCR está presente em pequenas quantidades em pessoas saudáveis, já em pessoas com reações inflamatórias, elas estão em maior quantidade. O fator antinúcleo (FAN), ou anticorpos antinúcleo (ANA), é um exame utilizado como rastreio para presença de autoanticorpos nos casos de suspeita de doenças autoimunes. Esse exame é baseado no padrão de fluorescência dos anticorpos, sendo possível visualizar no microscópio e auxiliar no diagnóstico de várias doenças. 6) Caracterizar medicamentos de alto custo e suas indicações para o tratamento das doenças autoimunes. TRATAMENTO O tratamento da maioria das doenças autoimunes consiste na inibição do sistema imunológico através de drogas imunossupressoras, como corticoides, ciclofosfamida, ciclosporina, micofenolato mofetil, rituximab, azatioprina, etc. No entanto, isso faz com que esses pacientes que fazem o uso desses medicamentos tenham um sistema imunológico mais enfraquecido e sejam mais suscetíveis a infecções por vírus e bactérias, por exemplo. Em outros casos, o paciente pode receber o uso de medicamentos que tratam seus sintomas, sem que haja a necessidade de trabalhar com o sistema imunológico. É importante fazer acompanhamento médico com frequência e seguir um estilo de vida saudável. Além disso, também existem terapias alternativas que ajudam no controle da DAI, como acupuntura, terapia ocupacional, entre outras, pelo fato de serem patologias fortemente ligadas ao estresse emocional. Não existe um único tratamento que sirva para qualquer uma das doenças autoimunes, é um conjunto multidisciplinar. Fármacos que suprimem o sistema imunológico (imunossupressores), como azatioprina, clorambucila, ciclofosfamida, ciclosporina, micofenolato e metotrexato, são muitas vezes administrados por via oral e habitualmente por um longo período. No entanto, estes fármacos suprimem tanto a reação autoimune como a capacidade de defesa do organismo contra substâncias estranhas, inclusive micro-organismos que provocam infecções e células cancerígenas. Por conseguinte, o risco de contrair infecções e determinados tipos de câncer aumenta. É frequente que administrem corticosteroides, como prednisona, geralmente por via oral. Esses fármacos aliviam a inflamação e suprimem o sistema imunológico. A administração prolongada de corticosteroides pode ter muitos efeitos colaterais. Se possível, os corticosteroides são administrados durante pouco tempo: no início da doença ou quando os sintomas se agravam. Contudo, por vezes, é preciso utilizar os corticosteroides indefinidamente. Algumas doenças autoimunes (como a esclerose múltipla e doenças da tireoide) também são tratadas com fármacos que não são imunossupressores ou corticosteroides. O tratamento para aliviar os sintomas pode revelar-se igualmente necessário. O etanercepte, o infliximabe e o adalimumabe bloqueiam a ação do fator de necrose tumoral (FNT), uma substância que pode causar inflamação no organismo. Esses fármacos são muito eficazes no tratamento da artrite reumatoide e de algumas outras doenças autoimunes, mas podem ser prejudiciais quando utilizados para tratar determinadas doenças autoimunes, como a esclerose múltipla. Esses fármacos também aumentam o risco de infecção e certos tipos de câncer de pele. Certos fármacos novos visam especificamente os glóbulos brancos. Os glóbulos brancos ajudam a defender o organismo contra a infecção e também participam das reações autoimunes. Esses medicamentos incluem os seguintes: ★ Abataceptebloqueia a ativação de um tipo de glóbulos brancos (célula T) e é usado na artrite reumatoide. ★ Rituximabe, inicialmente usado contra certos tipos de câncer nos glóbulos brancos, funciona através da depleção de certos glóbulos brancos (células B) do organismo. É eficaz em algumas doenças autoimunes, como na artrite reumatoide e em certas doenças que causam a inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite), incluindo granulomatose com poliangeíte (anteriormente denominada de granulomatose de Wegener). Rituximabe está sendo avaliado em uma variedade de outras doenças autoimunes. Imunoglobulina intravenosa e plasmaferese A plasmaferese é utilizada no tratamento de algumas doenças autoimunes. Neste procedimento, o sangue é retirado e filtrado para remover proteínas anormais como autoanticorpos. Uma vez filtrado, o sangue é restituído ao paciente. Imunoglobulina intravenosa (uma solução purificada de anticorpos obtida de doadores voluntários e administrada na veia) é usada para tratar algumas doenças autoimunes. Não se sabe como funciona. Vitiligo O vitiligo leva a produção inapropriada de anticorpos e linfócitos T (um tipo de glóbulo branco) contra os melanócitos, as células responsáveis pela produção de pigmento de nossa pele. A maioria dos pacientes de vitiligo não manifesta qualquer sintoma além do surgimento de manchas brancas na pele. Entretanto, em alguns casos, os pacientes relatam sentir sensibilidade e dor na área afetada. A maior preocupação dos dermatologistas são os sintomas emocionais que os pacientes podem desenvolver em decorrência da doença. Por isso, em alguns casos, recomenda-se o acompanhamento psicológico, que pode ter efeitos bastante positivos nos resultados do tratamento. 7) Discutir as maneiras de discussão e orientação médica para pacientes com doenças crônicas e incapacitantes. O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo uma postura capaz de acolher, escutare dar respostas adequadas aos usuários. Ou seja, requer exercitar uma escuta com responsabilização e resolutividade e, quando for o caso de orientar o usuário e a família para continuidade da assistência em outros serviços, requer o estabelecimento de articulações com esses serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos. Projeto Terapêutico Singular O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas para um indivíduo, uma família ou um grupo que resulta da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar com Apoio Matricial, se esse for necessário. Nesse sentido, pode ser utilizado como uma ferramenta do processo de integração entre NASF e equipes vinculadas, permitindo que, mesmo em situações em que seja necessária uma intervenção específica do profissional do NASF, a equipe de referência possa manter a coordenação do cuidado. 8) Compreender a fisiopatologia da artrite reumatoide e o seu tratamento. Reumatismo é um termo médico antigo, que há muitas décadas deixou de fazer parte dos dicionários médicos, mas que ainda é muito utilizado pela população leiga. Reumatismo costuma ser empregado nos casos de doenças dos sistemas muscular e osteoarticular de origem não traumática, o que, na prática, acaba por englobar centenas doenças de origens distintas. A artrose (do grego artros, articulação, e do latim ose, desgaste), também chamada de osteoartrose, não é uma doença. Trata-se de um fenômeno absolutamente natural – o desgaste da cartilagem que reveste nossas articulações ou juntas – que faz parte do envelhecimento global do organismo humano, como as rugas ou as chamadas manchas senis em nossas mãos. Em geral, a artrose é confundida com artrite, que aí, sim, denota uma doença. A artrite (do grego artros, articulação, e do latim ite, inflamação) implica na presença de uma das três características definidas por Galeno (século 3 d.C): dor, calor e rubor. 4. Sobre a artrite reumatóide: Causas: O aparecimento da Artrite Reumatoide decorre de vários fatores, os quais incluem predisposição genética, exposição a fatores ambientais e possivelmente Carolina Marques infecções. A causa mais importante é a tendência genética , e acredita-se que alguns genes possam interagir com os outros fatores causais da doença. Apesar desse conhecimento, sabe-se que alguns pacientes com a doença não apresentam estes genes e a presença destes genes não significa que a doença irá sempre aparecer. Além dos fatores genéticos, inúmeros vírus e bactérias foram investigados como sendo possíveis causadores da doença, o que não foi confirmado até o momento. Infecções periodontais podem predispor ao aparecimento da doença, ainda que estes novos conhecimentos precisam ser confirmados. Ainda em relação à causa, é sabido que pessoas que fumam têm grande risco de desenvolver a doença, a qual pode mesmo ocorrer com fumantes passivos. Outros fatores de exposição ambiental como os poluentes do tipo sílica também podem predispor à doença. Fatores hormonais também estão relacionados com Artrite Reumatoide e isto justifica o fato de a doença ocorrer três vezes mais em mulheres e apresentar melhora clínica no período da gestação. Fisiopatologia: A Artrite Reumatoide (AR) pode iniciar com apenas uma ou poucas articulações inchadas, quentes e dolorosas (artrite ou sinovite), geralmente acompanhada de rigidez para movimentá-las principalmente pela manhã e que pode durar horas até melhorar. Artrite corresponde à inflamação de algum dos componentes da estrutura articular (cartilagem articular, osso subcondral ou membrana sinovial) . Sinovite é a inflamação da membrana sinovial (que recobre a cápsula articular – que envolve a articulação – por dentro), e, geralmente, manifesta-se por vermelhidão, inchaço, calor, dificuldade de movimento e dor. O cansaço (fadiga) também é uma manifestação frequente. O quadro clínico mais visto é caracterizado por artrite nos dois lados do corpo, principalmente nas mãos, nos punhos e pés, que vai evoluindo para articulações maiores e mais centrais como cotovelos, ombros, tornozelos, joelhos e quadris. As mãos são acometidas em praticamente todos os pacientes. A evolução é progressiva sem o tratamento adequado, e determinando desvios e deformidades decorrentes do afrouxamento ou da ruptura dos tendões e das erosões articulares. A AR pode levar a alterações em todas as estruturas das articulações, como ossos, cartilagens, cápsula articular, tendões, ligamentos e mú sculos que são os responsáveis pelo movimento articular. Dentre os achados tardios da AR e que levam à incapacidade física para as atividades do dia a dia, podemos citar diversas alterações em diferentes juntas: ● desvio ulnar dos dedos ou “dedos em ventania”: resultado de múltiplos fatores (ex. deslocamento dos tendões extensores dos dedos, subluxações das metacarpofalangeanas) ● deformidades em “pescoço de cisne”: hiperextensão das interfalangeanas proximais – IFPs - e flexão das distais - IFDs) ● deformidades em “botoeira”: flexão das IFPs e hiperextensão das IFDs) ● “mãos em dorso de camelo”: aumento de volume do punho e das articulações metacarpofalangeanas com atrofia interóssea ● joelhos valgos: desvio medial (“joelhos para dentro”) ● tornozelos valgos: eversão da articulação subtalar ● hálux valgo: desvio lateral do hálux (“dedão do pé”) ● “dedos em martelo”: hiperextensão das metatarsofalangeanas e extensão ● das IFDs ● dedos em “crista de galo”: deslocamento dorsal das falanges proximais com exposição da cabeça dos metatarsianos ● pés planos: arco longitudinal achatado O acometimento da coluna cervical com a subluxação atlanto-axial (deslocamento das primeiras vértebras da coluna cervical) pode ocasionar quadros mais graves. Geralmente, manifesta-se por dor que “caminha” para a região occipital (atrás da cabeça) e dificuldade para mexer o pescoço. A AR é uma doença que não atinge só as articulações, mas também pode inflamar os vasos, olhos, pulmões, o coração e sistema nervoso (manifestações extra articulares). As manifestações extra-articulares correlacionam-se com pior prognóstico. Exames: O diagnóstico da Artrite Reumatoide é clínico, ou seja, baseia-se na história clínica e no exame físico feito pelo médico. Mas alguns exames complementares, de sangue ou de imagem, podem ser úteis, incluindo as provas que medem a atividade inflamatória, o fator reumatoide, o anticorpo anti peptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP), radiografias das articulações acometidas e, eventualmente, ultrassonografia ou ressonância das juntas, em caso de dúvida. Outros exames podem ser necessários para afastar outras doenças, dependendo de cada caso Tratament o (mecanismo de ação de corticoesteróides): Conforme dito antes, trata-se de uma doença autoimune inflamatória crônica. Os medicamentos que controlam a doença são os que regulam essa autoimunidade exagerada, diminuindo a inflamação e suas consequências para as juntas e outros órgãos. São da classe dos imunossupressores que funcionam muito mais como reguladores do sistema imunitário. Na reumatologia são chamados de medicamentos anti reumáticos modificadores e controladores da doença, que podem ser sintéticos ou fabricados por engenharia biológica (conhecidos como agentes biológicos ou apenas como “biológicos”). Muito se avançou no tratamento da Artrite Reumatoide. Hoje, sabe-se que, quanto antes iniciado o uso desses medicamentos específicos, maior e melhor é a resposta. Embora o tratamento precoce seja, logicamente, mais eficaz em controlar e prevenir as sequelas da doença, tratando em qualquer momen to consegue-se melhorar significativamente a inflamação e, portanto, a qualidade de vida dos pacientes. Esses medicamentos, apesar de serem muito eficazes, têm um início de ação mais lenta, podendo demorar algumas semanas a meses para ter sua melhor atuação na atividade da doença. Pode serque apenas uma dessas medicações ou uma combinação delas sejam necessárias para controle da Artrite Reumatoide. Até que as medicações específicas atuem, outros medicamentos (os analgésicos ou antiinflamatórios), para controle sintomático das dores e inflamação, podem ser utilizados. Por ser uma doença crônica o seu tratamento também deve ser. O objetivo ideal e possível do tratamento é o de controlar totalmente a doença e suas consequências, como as deformidades articulares. O reumatologista, durante as consultas regulares, irá controlar a atividade da Artrite Reumatóide e, também, prevenir ou tratar o acometimento de outros órgãos, caso aconteça. Os medicamentos específicos são seguros para uso a longo prazo e os possíveis efeitos colaterais devem ser prevenidos ou controlados durante as consultas. Após o controle adequado da doença, é necessário manter o tratamento específico por um tempo prolongado. Em alguns casos, é possível diminuir ou até suspender os medicamentos. Essa decisão será avaliada cautelosamente pelo seu reumatologista que, mesmo no caso de suspensão das medicações, deverá continuar o acompanhamento, fazendo reavaliações clínicas e com exames complementares regularmente para detectar possíveis recaídas da doença. VITILIGO O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões formam-se devido à diminuição ou ausência de melanócitos (as células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados. As causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas, mas alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença. A doença é caracterizada por lesões cutâneas de hipopigmentação, ou seja, diminuição da cor, com manchas brancas de tamanho variável na pele. O vitiligo não é contagioso e não traz prejuízos a saúde física. No entanto, as lesões provocadas impactam significativamente na qualidade de vida e na autoestima do paciente. Nesses casos, o acompanhamento psicológico pode ser recomendado. Sintomas: A maioria dos pacientes de vitiligo não manifesta qualquer sintoma além do surgimento de manchas brancas na pele. Entretanto, em alguns casos, os pacientes relatam sentir sensibilidade e dor na área afetada. A maior preocupação dos dermatologistas são os sintomas emocionais que os pacientes podem desenvolver em decorrência da doença. Por isso, em alguns casos, recomenda-se o acompanhamento psicológico, que pode ter efeitos bastante positivos nos resultados do tratamento. Tipos: Segmentar ou Unilateral: manifesta-se apenas em uma parte do corpo, normalmente quando o paciente ainda é jovem. Pelos e cabelos também podem perder a coloração. Não segmentar ou bilateral: é o tipo mais comum; manifesta-se nos dois lados do corpo, por exemplo, duas mãos, dois pés, dois joelhos. Em geral, as manchas surgem inicialmente em extremidades como mãos, pés, nariz, boca. Há ciclos de perda de cor e épocas em que a doença se desenvolve, e depois há períodos de estagnação. Estes ciclos ocorrem durante toda a vida; a duração dos ciclos e as áreas despigmentadas tendem a se tornar maiores com o tempo. Diagnóstico: O diagnóstico do vitiligo é essencialmente clínico, pois as manchas com pouca pigmentação aparecem geralmente em locais do corpo bem característicos, como boca, nariz, joelhos. A biópsia cutânea revela a ausência completa de melanócitos nas zonas afetadas, exceto nas bordas da lesão, e o exame com lâmpada de Wood (lâmpada com luz fluorescente utilizada nos diagnósticos dermatológicos) é fundamental nos pacientes de pele branca, para detecção das áreas de vitiligo. As análises sanguíneas deverão incluir um estudo imunológico que poderá revelar a presença de outras doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico e a doença de Addison. O histórico familiar também é considerado. Portanto, se há pessoas na família com vitiligo, é importante redobrar a atenção. É bom salientar que o diagnóstico deve ser feito por um dermatologista. Ele irá determinar o tipo de vitiligo do paciente, verificar se há alguma doença autoimune associada e indicar o tratamento mais adequado. Tratamento: O tratamento deve ser discutido com um dermatologista, conforme as características de cada paciente. Dentre as opções terapêuticas está o uso de medicamentos que induzem a repigmentação das regiões afetadas. Também é possível utilizar tecnologias como o laser, técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos. O tratamento do vitiligo é individualizado, e os resultados podem variar consideravelmente entre um paciente e outro. Por isso, somente um profissional qualificado pode indicar a melhor opção. É importante lembrar que a doença pode ter um excelente controle com a terapêutica adequada e repigmentar completamente a pele, sem nenhuma diferenciação de cor. Prevenção: Não existem formas de prevenção do vitiligo. Como em cerca de 30% dos casos há um histórico familiar da doença, os parentes de indivíduos afetados devem realizar vigilância periódica da pele e recorrer ao dermatologista caso surjam lesões de hipopigmentação, a fim de detectar a doença precocemente e iniciar cedo o tratamento. Em pacientes com diagnóstico de vitiligo, deve-se evitar os fatores que possam precipitar o aparecimento de novas lesões ou acentuar as já existentes. Evitar o uso de roupas apertadas, ou que provoquem atrito ou pressão sobre a pele, e diminuir a exposição ao sol. Controlar o estresse é outra medida bem-vinda.