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Procedimento Operacional Padrão (POP) Pág: 1/6 Punção Venosa Periférica Elaborado por: Mariana de Souza Wink Data da criação: 02/04/2022 Docente: Janezeide Carneiro 1. Definição A punção venosa periférica trata-se de um procedimento invasivo comumente realizada por profissionais de enfermagem, sendo muito utilizada na assistência à pacientes submetidos à terapia endovenosa. Consiste na introdução de um cateter venoso na luz de uma veia superficial, de preferência de grande calibre. 2. Objetivo Fornecer via de acesso venoso para a administração de sangue e hemoderivados, líquidos, eletrólitos, contrastes, nutrientes, medicamentos e coletar sangue. 3. Contraindicação Braço ou mão edemaciados; Comprometimento em membros; Queimaduras ou outras lesões de continuidade em locais de punção; Plegia em membro a ser puncionado.. Membro com déficit motor e sensitivo ou fístula arteriovenosa. Membro superior com esvaziamento linfático. Distúrbios graves de coagulação. 4. Executante Enfermeiro, Técnico/Auxiliar de Enfermagem. 5. Material: • Bandeja • Luvas de procedimento; • Garrote; • Algodão; • Filme transparente estéril ou curativo estéril ou esparadrapo ou fita microporosa • Dispositivo de punção venosa (cateter periférico flexível/ cateter sobre agulha ou cateter agulhado tipo borboleta); • Seringa 10 mL; • Agulha 40 x 12 mm • 01 ampola de Solução Fisiológica 0,9%; • Extensor dupla via ou “torneirinha de três vias”(Dânula” ou “Three-way) • Papel toalha para forrar; • Álcool 70%; • Mesa de auxiliar ou de cabeceira; 6. Descrição do procedimento 1. Chamar o paciente pelo nome completo e pedir para que o paciente (ou acompanhante) se identifique dizendo o seu nome; 2. Em caso de nomes comuns ou semelhantes/ homônimos, pedir ao paciente para que diga a data de seu nascimento (dia, mês e ano) e nome da mãe; 3. Conferir na prescrição médica a indicação de realização do procedimento 4. Reunir todo o material em uma bandeja limpa 5. Leve a bandeja para o quarto e coloque em uma mesa auxiliar ou mesa de cabeceira do paciente; 6. Explique o procedimento para o paciente 7. Higienize as mãos 8. Calce as luvas de procedimento 9. Conecte a agulha na seringa e aspire S.F. 0,9% 10. Preencher o extensor dupla via ou torneirinha com S.F. 0,9%, manter conectado à seringa com S.F. 0,9% contendo cerca de 5 a 8 mL e reservar; 11. Realizar inspeção visual para selecionar a veia periférica mais adequada sempre que possível, evitando áreas de dobras e próximas a articulações; se for necessário, garrotear o braço para evidenciar rede venosa, logo em seguida, retire o garrote. 12. Forrar o leito para proteger a roupa de cama; 13. Apoiar o braço do paciente mantendo o cotovelo em extensão; 14. Selecionar dispositivo de punção venosa adequado para o tipo de terapia a ser infundida e calibre de acordo com a necessidade: Cateter venoso periférico maleável - calibres: ✓ nº 14 e 16 – para grandes cirurgias, traumatismos, para infusão de grandes quantidades de líquidos; ✓ nº 18 – para administração de sangue e hemocomponentes ou outras infusões viscosas; ✓ nº 20 – uso comum adequado para a maioria das infusões venosas; ✓ nº 22 – para crianças, bebês, adolescentes, idosos, também adequado para a maioria das infusões que precise de velocidade de infusão menor. ✓ nº 24 – Recém-nascidos, bebês, crianças, adolescentes e idosos, adequado para infusões de velocidade menor. 15. Garroteie o local a ser puncionado (em adultos: aproximadamente 5 a 10 cm do local da punção venosa) para propiciar adequada dilatação da veia 16. Solicite o paciente para abrir e fechar a mão (ajuda ao ingurgitamento venoso) 17. Peça ao paciente que fique com a mão fechada e imóvel Figura 1. Técnica de punção venosa Fonte: Enfermagem Online 18. Faça antissepsia ampla da pele em sentido único, com algodão e álcool 70%, ou em movimentos circulares, do centro para a periferia, em uma área de 5 cm. O sítio de inserção do cateter intravascular não deverá ser tocado após a aplicação do antisséptico (técnica do no touch) e aguarde a secagem do antisséptico antes de proceder com a punção. 19. Mantenha o algodão seco ao alcance das mãos 20. Firmar a pele no local com a mão não dominante, com o objetivo de fixar a veia, tracionando a pele para baixo com o polegar (ou em outra direção preferida), abaixo do local a ser puncionado; 21. Introduzir a agulha em ângulo 30º a 45º dependendo da profundidade da veia, com bisel voltado para cima e depois paralela à pele na direção da veia a ser puncionada. 22. Uma vez introduzido na pele, direcione o cateter e introduza-o na veia, ao introduzir na veia o sangue refluirá ao canhão da agulha ou mandril, introduzir apenas o cateter segurando o mandril, não permitindo que este seja introduzido com o cateter; 23. Soltar o garrote; 24. Conectar o equipo dupla via previamente preenchido com S.F.0,9% ou a torneirinha de três vias; 25. Aspirar para verificar se a agulha ou cateter continuam na veia; 26. Lavar o cateter ou agulha, injetando cerca de 5 mL de S.F. 0,9% em seringa de 10 mL, clampear e remover a seringa ou conectar o equipo de infusão venosa; 27. Fixar o acesso venoso com curativo estéril ou com esparadrapo ou fita microporosa; 28. Proteger o local de conexão, com gaze estéril para manter a área asséptica, desconectar a seringa e ligar ao equipo de hidratação venosa ou fechar com dispositivo de vedação. 29. Realizar anotação de enfermagem; 30. Manter ambiente de trabalho limpo e organizado. 7. Observações • A escolha do dispositivo para punção venosa deve considerar o estado clínico do paciente, rede venosa, tipo de medicação, volume e tempo de infusão, tempo de permanência em observação na unidade. • Se terapia intravenosa prolongada – iniciar punção pelas veias periféricas menores – distal / proximal. • Cateteres com menor calibre causam menos flebite mecânica (irritação da parede da veia pela cânula) e menor obstrução do fluxo sanguíneo dentro do vaso. Um bom fluxo sanguíneo, por sua vez, ajuda na distribuição dos medicamentos administrados e reduz o risco de flebite química (irritação da parede da veia por produtos químicos). ANVISA 2017 • Cada profissional não deve fazer mais que duas tentativas de punção periférica, limitar no máximo quatro tentativas. • Trocar o cateter a cada tentativa. • Os locais de punção endovenosa mais comuns são a face anterior e posterior do antebraço. • Não use as veias das mãos nos idosos ou em pacientes que deambulam. • A inserção endovenosa em veias dos MMII é comum em crianças que não deambulam, porém esses locais devem ser evitados em adultos pelos riscos de tromboembolismo. • Evite puncionar veias trombosadas (paredes endurecidas, pouco elásticas, consistência de cordão), ou membros paralisados com fístula, edemaciados em membro ipsilateral de mastectomia; • Evitar região de flexão, membros comprometidos por lesões como feridas abertas, infecções nas extremidades, veias já comprometidas (infiltração, flebite, necrose), áreas com infiltração e/ou extravasamento prévios, áreas com outros procedimentos planejados • Evite proximidade entre o local da nova punção e o local da punção anterior. • Para facilitar a visualização de uma veia, pode-se aquecer o local escolhido com uma compressa ou bolsa de água morna, minutos antes da punção (exceto para coleta de sangue para exame). • Na retirada do cateter, pressione o local com uma bola de algodão seco por 3 min, retire-a e aplique um curativo adesivo no local. • Avaliar o sítio de inserção do cateter periférico e áreas adjacentes quanto à presença de rubor, edema e drenagem de secreções por inspeção visual e palpação sobre o curativo intacto e valorizar as queixas do paciente em relação a qualquer sinal de desconforto, como dor e parestesia. •Cada acesso venoso periférico pode permanecer no mesmo local por até 72 horas quando confeccionado com teflon e 96 horas quando confeccionado com poliuretano. • Caso ocorra extravasamento da medicação, interromper a infusão imediatamente. Dar preferência para o membro que não seja dominante para propiciar ao paciente o auto cuidado. • A remoção dos pelos, quando necessária, deverá ser realizada com tricotomizador elétrico ou tesouras. Não utiliza lâminas de barbear, pois essa aumentam o risco de infecção. • A estabilização do cateter deve ser realizada utilizando técnica asséptica. Não utilize fitas adesiva não estéreis (esparadrapo comum e fitas do tipo microporosas não estéreis. • A cobertura deve ser trocada imediatamente se houver suspeita de contaminação e sempre quando úmida, solta, suja ou com a integridade comprometida. Manter técnica asséptica durante a troca. • Proteger o sítio de inserção e conexões com plásticos durante o banho. 8. Fixação de acesso venoso periférico: Técnica estéril com gaze: 1. Mantenha a pele onde será realizada a fixação limpa, seca e esticada; 2. Cortar uma tira de esparadrapo longa e estreita (1,3cm x 10cm); 3. Colocar a face adesiva para cima, sob o conector do cateter; 4. Cruzar as pontas do esparadrapo sobre o conector e fixar o esparadrapo na pele do cliente, nos dois lados do conector; 5. Colocar uma gaze estéril no sítio de inserção do cateter; 6. Aplicar um pedaço de esparadrapo de aproximadamente 2cm de largura e 5cm de comprimento sobre as pontas do esparadrapo cruzado; 7. Fazer uma alça com o conector de duas vias e fixá-la com esparadrapo de 1,3cm de largura. 2. Colocar um rótulo com data e hora da inserção, tipo e calibre da agulha e assinar. 3. Recolher o material, encaminhar ao expurgo; 4. Higienizar as mãos Figura 2. Técnica de fixação de acesso venoso periférico com gaze estéril Fonte: Google Com curativo transparente estéril Aplique uma borda de curativo e alise suavemente o restante do curativo sobre o local de punção, deixando bem visível o local entre a conexão do cateter e o equipo da dupla via. Realizar posteriormente a devida identificação do dispositivo. Figura 3. Técnica de fixação de acesso venoso com filme transparente Fonte: Potter, 2018 Com curativo estéril Abra a embalagem e destaque as duas tiras extras do curativo, aplique uma tira sobre o canhão de caterer o cateter, remova a proteção do cateter e aplique sobre o sítio de inserção com as abas abertas voltadas para os extensores acomodando os mesmos, finalize colocando a outra tira sobre o canhão para melhor a estabilização do cateter. Figura 4. Técnica de fixação de acesso venoso com curativo estéril Fonte: site Sou Enfermeiro 9. Flusghing e manutenção do cateter periférico • Realizar o flushing e aspiração para verificar o retorno de sangue antes de cada infusão para garantir o funcionamento do cateter e prevenir complicações. • Realizar o flushing antes de cada administração para prevenir a mistura de medicamentos incompatíveis. • Não utilizar soluções em grande volumes (como por exemplo, bags e frascos de soro) como fonte para obter soluções para flushing. • Utilizar solução de cloreto de sódio 0,9% para flushing e lock do cateter (preenchimento). • Usar o volume mínimo equivalente a duas vezes o lúmen interno do cateter mais a extensão para flushing ( 5ml para periféricos). 10. Avaliação • Avaliar a permeabilidade e funcionalidade do cateter ao passo que utilizando as seringas de diâmetro de 10 ml para gerar baixa pressão no lúmen do cateter e registrar qualquer tipo de resistência. Não forçar o flushing utilizando qualquer tamanho de seringa. Em caso de resistência, avaliar possíveis fatores (como, por exemplo, clamps fechados ou extensores e linhas de infusão dobrados). Não utilizar seringas preenchidas para diluição de medicamentos. • Utilizar a técnica da pressão positiva visto que minimiza o retorno de sangue para o lúmen do cateter. O refluxo de sangue que ocorre durante a desconexão da seringa, dessa forma é reduzido com a sequência flushing, fechar o clamp e desconectar a seringa. • Considerar o uso da técnica do flushing pulsátil (push pause). Estudos in vitro demonstraram que por exemplo, a técnica do flushing com breves pausas, por gerar fluxo turbilhonado, pode ser mais efetivo na remoção de depósitos sólidos (fibrina, drogas precipitadas) quando comparado a técnica de flushing contínuo, que gera fluxo laminar. • A princípio realizar o flushing e lock de cateteres periféricos imediatamente após cada uso. • A avaliação de necessidade de permanência do cateter deve ser diária. 11. Remoção do cateter • Remover o cateter periférico tão logo não haja medicamentos endovenosos prescritos se caso nesse meio tempo o mesmo não tenha sido utilizado nas últimas 24 horas. • O cateter periférico instalado em situação de emergência com comprometimento da técnica asséptica deve ser trocado por conseguinte tão logo quanto possível. • Remover por fim, o cateter periférico na suspeita de contaminação, complicações ou mau funcionamento. • Rotineiramente o cateter periférico não deve ser trocado logo após um período inferior a 96 h. A decisão de estender a frequência de troca para prazos superiores ou quando clinicamente indicado dependerá da adesão da instituição às boas práticas recomendadas nesse documento, em conclusão: avaliação rotineira e frequente das condições do paciente, sítio de inserção, integridade da pele e do vaso, duração e tipo de terapia prescrita, local de atendimento, integridade e permeabilidade do dispositivo, integridade da cobertura estéril e estabilização estéril. • Em contraste com pacientes neonatais e pediátricos, não trocar o cateter rotineiramente. Além disso, é imprescindível que os serviços garantam as boas práticas recomendadas neste documento, tais como: avaliação rotineira e frequente das condições do paciente, sítio de inserção, integridade da pele e do vaso, duração e tipo de terapia prescrita, local de atendimento, integridade e permeabilidade do dispositivo, integridade da cobertura estéril e por fim estabilização estéril. 12. Referências • BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília: Anvisa, 2017. Disponível em: http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/medidas-de- prevencao- deinfeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude-3 • CARMAGNANI, M. I. S, FAKIH, T., CANTERAS, L. M. S, TERERAN, N. Procedimentos de Enfermagem - Guia Prático, 2ª edição. Guanabara Koogan, 04/2017. • POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. • PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. Secretaria Municipal de Saúde. Manual de Procedimentos Operacionais Padrão (POP). Versão 03. Campinas, 2020. http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/medidas-de-