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APS – Direito Administrativo 
No presente acórdão do Tribunal Regional Federal-5 do Estado do Acre, o qual a discussão versa a respeito de um equívoco por parte de um fiscal de trânsito ao aplicar uma multa de trânsito. Ocorre que o mesmo realizou anotação errada do numeral de emplacamento sendo assim um erro da administração em decorrência de seu ato como descrito na presente ementa abaixo: 
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MULTA DE TRÂNSITO INDEVIDA. EQUÍVICO NO NÚMERO DA PLACA INFORMADA. ANULAÇÃO DA AUTUAÇÃO. DESCABIDA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. 
1. A sentença declarou a nulidade do auto de infração de trânsito, condenando ainda a ré a pagar indenização de seis mil reais. O juízo singular considerou ter havido equívoco no preenchimento da informação referente à placa do veículo, tendo sido erroneamente registrada na autuação a placa do veículo da autora, que é muito semelhante à do veículo apreendido.
2. Do exame dos autos, vê-se, no auto de infração que o veículo abordado pela fiscalização foi um modelo XY50Q, de cor preta, tendo sido registrada para ele a placa QKV1246, a qual, de fato, é a placa do veículo da autora. Ocorre que, consoante seu CRLV, a motocicleta da demandante é uma Honda Biz 110I, de cor vermelha, completamente diferente do modelo abordado e apreendido por trafegar com condutor desabilitado. Por sua vez, de acordo com o extrato informativo apresentado, a placa QKV1246 (observa-se a semelhança da numeração) corresponde a uma moto Shineray XY50Q Phoenix, de cor preta, que é exatamente a descrição do veículo autuado. 
(TRF-5 - AC: 08000421820184058501, Relator: Desembargador Federal Roberto Machado, Data de Julgamento: 18/02/2019, 1º Turma)
Conforme a jurisprudência supracitada, o equívoco por parte da administração na autuação da multa pode ser anulado de ofício pela própria administração, salvo a apreciação do poder judiciário segundo o, princípio da autotutela e de acordo ao mister das súmulas 346 e 473 do STF as quais estabelecem a anulação de atos eivados de vícios da administração pública. 
Súmula 346: “A Administração Pública pode anular seus próprios atos”.
Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
Contudo, a administração possui a faculdade, anular ou convalidar, este ato, mas desde que seja sanado o erro pertinente a anotação de placa. Caso a administração pública opte por convalidar este ato ela estará se sujeitando ao princípio da eficiência, pois a mesma estará buscando solucionar o erro com mais agilidade em menos tempo em face do particular que está sendo prejudicado, conforme o erro correspondente ao emplacamento de acordo com o, art. 55 da Lei Geral de Processo Administrativo (lei 9.784/98), a qual em seu artigo 55, estabelece hipótese de convalidação:
 “Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria administração”
Segundo as lições de Di Pietro, a convalidação significa saneamento de vicio “é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado”
Em seu raciocínio, a autora entende que convalidação é um modo de correção e que seus efeitos são retroativos, ou seja, retorna a data do ato, mas para que isso possa ocorrer devem ser preservados os direitos de terceiros e também o da coletividade de acordo com o, princípio da supremacia do interesse público, a autora ressalta que uma faculdade da administração pública realizar ou não a convalidação. 
Destarte, ao princípio da legalidade que estabelece à administração pública cumprir à risca do que estabelece a lei, ou seja, diverso ao que é estabelecido no art. 5º, inciso II, da Magna Carta de 1988 que estabelece ao particular fazer ou deixar de fazer algo em virtude de lei, pois é inerente à administração pública o poder discricionário que obriga a mesma a seguir, discricionariedade, da lei, tendo uma margem que limita a sua atuação e cominada a isto acaba que por também atender ao princípio da segurança jurídica. 
Em suma, a administração pública tem a faculdade de convalidar os atos eivados de vícios e esta convalidação por sua vez tem, efeitos retroativos, a data do ato conforme entende a doutrina Maria Silva Zanyella de Di Pietro, e de acordo o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal através de suas sumulas vinculantes que estabelecem medidas cabíveis a administração de anular seus próprios atos quando, eivados viciados, sem necessariamente se dirigir ao poder judiciário por conta do, princípio da autotutela, para tanto embora possa ele também vir a anular atos administrativos viciados.
Referência
 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 32ªed, editora forense.

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