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Indaial – 2021 Tecnologias da informação e comunicação aplicadas à educação Prof.ª Karen Cris Sartori Frederico 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.ª Karen Cris Sartori Frederico Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F852t Frederico, Karen Cris Sartori Tecnologias da informação e comunicação aplicadas à educação. / Karen Cris Sartori Frederico – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 205 p.; il. ISBN 978-65-5663-845-4 ISBN Digital 978-65-5663-840-9 1. Tecnologia e educação. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 370 apresenTação Olá, acadêmico. A generalização da internet como um potente recurso a serviço da sociedade do conhecimento está fomentando o desenvolvimento de novos cursos, como os on-line, os programas de educação a distância e as aplicações de tecnologias educacionais nos cursos presenciais. Por isso, apresentamos a você o livro de Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação. Seja bem-vindo! Na Unidade 1, intitulada Comunicação, Tecnologia e o Ensino: processo de conexão entre mensagens, abordaremos os conceitos básicos de tecnologias da informática, as tecnologias da informática aplicadas à educação, as implicações do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no processo de ensino e aprendizagem e o desempenho e a formação docente no universo digital frente à informação na nova era. Aprenderemos também sobre a democratização do acesso à informação e as tecnologias e o fazer pedagógico do docente. Na Unidade 2, com o título de Produção Didático-Pedagógica Digital de Materiais Instrucionais, aprenderemos sobre comunicação digital (mídia, cultura e subjetividade), convergência tecnológica, organizacional, profissional e cultural (tecnologias e ferramentas visuais) e, por fim, sobre ciberespaço (educação e produção do conhecimento em ambientes virtuais e aprender e desafiar a aprender em ambiente híbrido). Por último, na Unidade 3, que recebe o título de Ferramentas pedagógicas e suas possibilidades, aprenderemos sobre como utilizar as redes sociais, os ambientes virtuais de aprendizagem e os softwares e aplicativos educativos (conceitos, tipos e ferramentas). Esperamos que você aproveite ao máximo o conteúdo deste livro. Qualquer dúvida, lembre-se, estaremos sempre à disposição. Bons estudos! Prof.ª Karen Cris Sartori Frederico Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS ................................................................. 1 TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO .......................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 CONCEITOS BÁSICOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO .......................................... 3 2.1 DADOS ............................................................................................................................................. 4 2.2 INFORMAÇÃO .............................................................................................................................. 7 2.3 CONHECIMENTO ........................................................................................................................ 9 3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO APLICADAS À EDUCAÇÃO.............................. 11 4 IMPLICAÇÕES DO USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC’S) NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM .......................................................................................................................... 14 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 21 TÓPICO 2 — A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO ................................ 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23 2 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ............................................................................................ 23 2.1 EDUCAÇÃO CONSEQUÊNCIA DE UMA NOVA SOCIEDADE - A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .................................................................................................................... 24 3 A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO POR DIFERENTES MEIOS TECNOLÓGICOS E DIGITAIS ....................................................................................... 26 4 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E A COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL ................................................................................................ 29 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 35 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 36 TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO ................................................ 39 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39 2 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DO PROFESSOR ..................................................39 3 AS TECNOLOGIAS NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ....................................... 43 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 49 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 60 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 61 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 63 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS .............. 71 TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE ................................................................ 73 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73 2 COMUNICAÇÃO DIGITAL ......................................................................................................... 73 2.1 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ........................................................................................... 74 2.1.1 O Ser Humano e a Comunicação ....................................................................................... 76 2.1.2 Educação, Cultura e Comunicação Digital ...................................................................... 84 2.2 CULTURA x TECNOLOGIA DIGITAL ..................................................................................... 86 3 O RELACIONAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES COM SEUS PÚBLICOS NO AMBIENTE DIGITAL .............................................................................................................. 91 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 95 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 97 TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL ................................................................................ 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99 2 TECNOLOGIAS E MEDIAÇÃO ESCOLAR ............................................................................... 99 2.1 MEDIAÇÃO ESCOLAR ............................................................................................................ 100 3 FERRAMENTAS VISUAIS PARA CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS ................................. 101 3.1 FERRAMENTAS PARA CONSTRUÇÃO DE TEXTOS ......................................................... 101 3.1.1 Editores de textos ............................................................................................................... 101 3.1.2 Editores de Apresentação ................................................................................................. 103 3.1.3 Elementos Gráficos ............................................................................................................ 104 3.1.4 Redes Sociais ...................................................................................................................... 106 3.1.5 Ambientes virtuais de aprendizagem ............................................................................ 108 4 DESIGNER INSTRUCIONAL/EDUCACIONAL ...................................................................... 109 4.1 DESIGNER INSTRUCIONAL ................................................................................................... 110 4.2 DESIGNER EDUCACIONAL ................................................................................................... 112 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 114 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 115 TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS .................................................................................. 117 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 117 2 CIBERESPAÇO: RELAÇÃO ENSINANTE/APRENDENTE.................................................... 117 3 COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM: A CONSTITUIÇÃO DE REDES SOCIOCOGNITIVAS E AUTONOMIA EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ................................................................................................................... 120 4 APRENDER E DESAFIAR A APRENDER EM AMBIENTE HÍBRIDO ................................ 128 4.1 METODOLOGIAS ATIVAS ....................................................................................................... 129 4.2 ENSINO HÍBRIDO ..................................................................................................................... 131 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 134 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 137 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 139 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 140 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES ................ 147 TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES ............... 149 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149 2 CONCEITOS E UTILIZAÇÃO DE REDES SOCIAIS ............................................................. 149 2.1 REDES SOCIAIS DIGITAIS: TIPOS E POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO .................... 153 2.1.1 Facebook ............................................................................................................................ 154 2.1.2 Twitter.................................................................................................................................. 155 2.1.3 YouTube............................................................................................................................... 156 2.1.4 Instagram ............................................................................................................................ 156 2.1.5 Pinterest ............................................................................................................................... 157 3 REDES SOCIAIS POUCO CONHECIDAS, MAS COM POTENCIAL PEDAGÓGICO ......... 159 3.1 TIKTOK ........................................................................................................................................ 159 3.2 FOURSQUARE ............................................................................................................................ 159 3.3 MYSPACE .................................................................................................................................... 160 3.4 TUMBLR....................................................................................................................................... 160 3.5 PARLER ........................................................................................................................................ 161 3.6 LINKEDIN ................................................................................................................................... 161 3.7 BRAINLY...................................................................................................................................... 161 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 163 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 164 TÓPICO 2 — AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ............................................... 167 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 167 2 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM-CONCEITOS E FINALIDADES ............... 167 3 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM – TIPOS E POSSIBILIDADES ................ 169 3.1 MOODLE .................................................................................................................................... 170 3.2 BLACKBOARD ........................................................................................................................... 172 3.2.1 Totalmente on-line ............................................................................................................. 173 3.2.2 Híbrido ou mesclado ......................................................................................................... 173 3.2.3 Aprimorado pela web ....................................................................................................... 174 3.3 CANVA......................................................................................................................................... 175 4 PLATAFORMAS DE APRENDIZAGENS (AVAS): AMBIENTES DE COLABORAÇÃO E PARTILHA ............................................................................................ 176 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 178 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 179 TÓPICO 3 — SOFTWARES E APLICATIVOS EDUCATIVOS ................................................. 181 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 181 2 SOFTWARES E APLICATIVOS – CONCEITOS E ESPECIFICIDADES ............................. 181 2.1 SOFTWARES EDUCACIONAIS ............................................................................................... 182 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOFTWARES ..................................................................................... 183 2.3 SOFTWARES EDUCACIONAIS EXISTENTES NO MERCADO E SUAS ESPECIFICIDADES .................................................................................................................... 185 3 AVALIAÇÃO DE SOFTWARE ..................................................................................................... 187 3.1 AVALIANDO SOFTWARES ATRAVÉS DE CRITÉRIOS E MODELOS ............................. 189 3.1.1 Norma ISO de produto de software................................................................................ 189 3.2 O MODELO TUP ........................................................................................................................ 190 3.3 O MODELO DE REEVES .......................................................................................................... 192 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 197 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 200 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 201 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 203 1 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os aspectos relacionados aos conceitos de tecnologia, educação e o processo de informação na construção do saber; • entender o papel do docente frente aos processos de sua formação e a importância da comunicação para a construção de um processo eficaz de ensino; • compreender a relação entre educação, tecnologia e informação para a elaboração de uma comunicação eficaz através das mídias digitais; • entender a importância do papel do professor na utilização dos meios para a educação. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO TÓPICO 2 – A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO TÓPICO 3 – AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO DO DOCENTE 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, estamos iniciando os estudos da disciplina Tecnologia da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação e queremos, neste tópico, apresentar a você, alguns conceitos relacionados à tecnologia com foco na comunicação alinhada à educação. Assim, a compreensão dos conceitos sobre tecnologia na educação e a democratização da educação farão parte do nosso estudo nesta unidade para embasar a prática docente. Afinal, a educação e a formação docente estão intimamente ligadas ao ato de se comunicar e é significativa a relação entre o tripé: Tecnologia, Educação e Informação, sem entendermos essa tríade o fazer pedagógico fica comprometido na era digital. Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os conceitos de tecnologias, mas sob o olhar da educação e como é a sua aplicabilidade, no Tópico 2 iremos nos focar na informação, no viés da construção do conhecimento numa era em que o fazer se faz tão importante e no Tópico 3, iremos nos ater no fazer do docente unindo os conceitos trabalhados focando na aplicabilidade. Cabe ressaltar, prezado acadêmico, que você está sendo convidado a analisar, refletir, questionar, pesquisar e construir novas ideias a partir do material aqui apresentado, então faça um ótimo estudo! Vamos à leitura! 2 CONCEITOS BÁSICOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Ao falarmos em tecnologia da informação, com certeza pensamos no profissional da TI, o que não está errado, afinal o conceito de Tecnologia da Informação é mais abrangente do que os de processamentos de dados, sistemas de informação, engenharia de software, informática ou o conjunto de hardware e software, pois também envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais (KEEN, 1993). UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 4 Ao analisarmos pelo olhar de Alter (1992), o qual faz distinção entre Tecnologia da Informação e Sistemas de Informação, restringindo à primeira expressão apenas os aspectos técnicos, enquanto à segunda corresponderiam as questões relativas ao fluxo de trabalho, pessoas e informações envolvidas. O termo Tecnologia da Informação serve para designar o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação. A TI está fundamentada nos seguintes componentes: hardware e seus dispositivos periféricos; software e seus recursos; sistemas de telecomunicações; gestão de dados e informações. Cerqueira e Fonseca (2009, p.130) afirmam que: Um importante ponto a ser observado é que se conceituando a Tecnologia da Informação, temos, além dos equipamentos (hardware) e programas (software), a comunicação dos dados. Atualmente diversastecnologias são empregadas para o tráfego de informações nas organizações, podendo ser citadas as redes de computadores, sistemas de transmissão por fibras óticas, Bluetooth, micro-ondas, telefonia móvel e VoIP. É um verdadeiro arsenal disponível para o funcionamento adequado das empresas, dentro das novas demandas do mercado. Ao falarmos em tecnologia da Informação estamos falando em dados, em fluxo e principalmente em tráfego de conhecimento, e para entender como ocorre é preciso o entendimento da sua evolução, que como todo o processo teve seus momentos. A evolução da Tecnologia da Informação passa por basicamente quatro períodos, sendo que o último se caracteriza pelo surgimento de novos modelos de negócio, onde a ênfase está no atendimento das necessidades de toda a cadeia de valor agregada ao produto da empresa. Os aspectos importantes envolvidos nesta cadeia são o crescimento do grupo de clientes que necessitam de atendimento (demanda), aumento dos canais de distribuição, maior concorrência, utilização ampla da tecnologia para ganho de tempo e velocidade e maior relacionamento com fornecedores e parceiros (MURPHY, 2002 apud ALBERTIN, 2004, p. 30). Assim, cabe salientarmos que o conceito de Tecnologia da Informação tem sua base no conhecimento refletido em equipamentos e programas, criados e desenvolvidos para ambientes coorporativos, visando maximizar o “poder da informação” alinhada à segurança dele, seja em empresas ou em instituições educacionais. 2.1 DADOS Para podermos ter uma informação é preciso entender que ela será composta de um dado, mas o que seria isso? TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 5 Dado é qualquer indício ou registro que permita identificar alguma característica de uma entidade ou evento. • “indício ou registro”: porque um dado não é, necessariamente, resultado de uma intenção de registrar alguma coisa – um som qualquer, uma pegada, a sombra de um objeto, o aspecto de uma rocha, podem ser dados; • o dado não precisa ser um registro físico – uma imagem ou um valor, guardados na memória de uma pessoa, ou transmitidos verbalmente, podem ser dados; • “entidade” está representando qualquer coisa, concreta ou abstra- ta, sejam objetos, entes, ideias, fatos, situações etc. (HASHIMOTO, 2003, s.p.). Segundo Ferreira et al. (1999, p. 602), dado é o “princípio em que se assenta uma discussão” ou o “elemento ou base para formação de um juízo”. A informação, segundo Ferreira et al. (1999, p. 1109), é o “ato ou efeito de informar (-se)”, ou seja, o ato de tomar conhecimento, de inteirar-se ou instruir-se sobre algo. No que diz respeito ao conhecimento Ferreira et al. (1999, p. 529) diz que é o “ato ou efeito de conhecer” ou “ideia, noção”. FIGURA 1 - BOLAS DE GOLFE NUM MERCADO. FOTO DE KAPTAIN KOBOLD/FLICKR (CC) FONTE: <https://escoladedados.org/tutoriais/o-que-sao-dados/>. Acesso em: 23 maio. 2021 Analisando a imagem nos deparamos com os seguintes questionamentos no tutorial da Escola de Dados (2021, p. 5): https://escoladedados.org/tutoriais/o-que-sao-dados/ UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 6 O que você pode dizer sobre essas bolas? Elas são bolas de golfe, correto? Logo, um dos primeiros dados que temos é que elas são usadas para o golfe, um tipo de esporte. Isso já nos ajuda a classificá- las numa taxonomia. Mas há mais coisas. Sabemos a cor delas: branca. A condição delas: usada. Todas têm um tamanho, há um número determinado delas, provavelmente elas têm um valor monetário, e por aí vai. Mesmo os objetos mais comuns levam com eles um monte de dados. Você, também. Você tem um nome (muitas pessoas têm um nome e um sobrenome), uma data de nascimento, peso, altura, nacionalidade etc. Tudo isso são dados. Pelo exemplo das bolas, já é possível ver que há diferentes tipos de dados. As duas principais categorias são dados qualitativos e dados quantitativos. Ao falarmos em dados quantitativos e qualitativos lembra também quan- do realizamos uma pesquisa, então não fica tão longe das paredes das instituições educacionais, mas vamos depurar melhor para entender a linha de raciocínio deste tutorial. Segundo a Escola de Dados (2021, p. 6): Dados qualitativos: tudo o que se refere à qualidade de algo. Uma descrição de cores, textura, uma descrição de experiências, uma entrevista. Tudo isso é dado qualitativo. Dados quantitativos: dados que se referem a números. O número de bolas de golfe, o tamanho, o preço, a nota em uma prova etc. Há outras categorias com as quais você provavelmente vai se deparar: Dados categóricos: são os que categorizam o item que você está descrevendo. A condição de “usadas” das bolas de golfe, por exemplo. Outros exemplos poderiam ser bolas novas, bolas quebradas etc. Dados discretos: são dados numéricos com brechas na sequência entre eles. Por exemplo, a contagem das bolas de golfe. Só pode haver um número inteiro de bolas de golfes (0,3 bolas seria impossível). Notas de prova e tamanhos de calçados são outros exemplos. Dados contínuos: são dados em que todos os valores são possíveis. Não há brechas entre eles. O tamanho das bolas de golfes pode ser qualquer valor, 10,53 mm, 10,54 mm ou 10,536 mm. O tamanho do pé é outro exemplo, ao contrário do tamanho do calçado, que é um dado discreto. Então, podemos dizer que para a tecnologia da informação temos dados estruturados, aqueles que o computador consegue ler, dados semiestruturados tem alguma estrutura mão não está limitada e rígida e o dado não estruturado, aquele que o computador não lê, como nos explica Rocha (2021, p. 4): Dado estruturado Estrutura e organização rígidas e previamente definidas; Dados organizados em relações semânticas (tabelas), com os mesmos atributos para cada registro de dados; Facilmente interpretados por linguagem de máquina; Exemplo: banco de dados. Dado semiestruturado Representação Estrutural Heterogênea; Definição de estrutura à posteriori (estrutura é geralmente definida após a existência e análise dos dados, pois pode estar implícita entre eles, sendo auto descritivos); TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 7 Exemplo: XML. Dado não estruturado Não possuem estrutura e formato previamente definidos; Não são de fácil interpretação por ferramentas convencionais; Representam a maioria dos dados corporativos gerados; Exemplos: relatórios, vídeos, fotos e áudios. FIGURA 2 - COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS - AUTOR KÁSSIO H. SOBRAL ROCHA FONTE: <https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/dados-estruturados-e-nao- estruturados/>. Acesso em: 27 maio. 2021 2.2 INFORMAÇÃO Ao analisar a palavra na sua origem, vamos nos deparar que, segundo Houaiss et al. (2001, p. 1615) ela é “o conhecimento obtido por meio de investigação ou instrução”. A informação pode ser entendida como o conjunto de Dados, antes de forma bruta e agora tratados e aplicados de forma homogênea a um contexto. Ferreira et al. (1999, p. 1109) afirmam que a informação constitui de “dados acerca de alguém ou de algo” ou “conhecimento, participação”. Houaiss et al. (2001, p. 1615) afirmam que a informação é “o conhecimento obtido por meio de investigação ou instrução”. Dessa maneira, a Informação é formada por dados relacionados entre si a respeito de algo ou alguém. Ao trabalharmos com a informação como algo que percorre as instituições educacionais de forma síncrona ou assíncrona podemos dizer conforme Messias (2005, p. 10), em que a informação é composta de palavras, ou seja, “a palavra de fácil pronúncia e difícil definição tem sido alvo de investigação em diversos campos científicos, gerando polêmicas no meio acadêmico/científico. O motivo associa-se a sua imprecisão conceitual”. https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/dados-estruturados-e-nao-estruturados/ https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/dados-estruturados-e-nao-estruturados/ UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 8 Forma síncrona: quando estamos simultaneamentecom alguém nos comunicando ao vivo como no telefone. Forma assíncrona: ocorre ao contrário da síncrona, ou seja, não é realizada de forma ao vivo ao mesmo tempo, é o processo interacional entre indivíduos ou grupos em que o receptor da mensagem não a receberá ou responderá imediatamente, ou seja, o outro interlocutor não replicará simultaneamente, como nas conversas habituais. IMPORTANT E Ainda nesse pensamento, segundo Francelin e Pellegatti (2004, p. 124), “numa disposição formal, o fenômeno da informação é estudado em disciplinas diversas, confirmando assim as ramificações complexas e muitas manifestações a ele associadas”. Seguindo o pensamento de H ashimoto (2003, s.p.): • Informação é uma visão pessoal sobre um conjunto de dados – as relações percebidas associam ao dado um significado próprio, na medida em que são específicas para cada indivíduo, pois dependem de suas experiências anteriores, do que ele tem armazenado em sua memória e de sua capacidade de estabelecer essas relações. Assim, um mesmo conjunto de dados não gera a mesma informação para diferentes pessoas. Nos casos mais simples, envolvendo dados e relações menos complexas, as informações percebidas por diferentes pessoas poderão ser mais semelhantes. Quanto maior a complexidade da Informação, mais ela dependerá do repertório anterior e da capacidade de cada indivíduo de estabelecer essas relações e, portanto, mais pessoal será. • Informação é, portanto, a leitura que cada indivíduo faz de um conjunto de dados, é o significado que lhe atribui ao “internalizar” esses dados. • As relações mencionadas podem ser percebidas intuitivamente, e assim permanecerem, podem ser interpretadas posteriormente, ou podem ser estabelecidas pela reflexão. Em geral haverá uma mistura de todas essas situações. Quando as relações são predominantemente intuídas, e assim permanecem, podemos caracterizar a informação como tácita. Quando grande parte das relações é determinada conscientemente, ou interpretada conscientemente a partir da percepção inicial, ela é explicitável. Em geral a explicitação não pode ser total, pois raramente todas as relações serão determinadas ou interpretadas conscientemente – algumas delas podem permanecer inconscientes ou difíceis de descrever, ou podem estar associadas a impressões, lembranças etc., também difíceis de verbalizar. Sendo assim, a informação faz parte de uma comunicação, seja verbal ou não, mas estabelece relações com os dados estruturados ou não, para podermos construir o conhecimento. TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 9 2.3 CONHECIMENTO O conhecimento é algo que não temos como concreto se tornando totalmente abstrato, mas de fácil percepção quando estamos imergidos ou em contato com ele. Alguns autores irão demonstrar de diversos vieses o seu significado e tipos para compreendermos. Segundo Davenport (1998 apud CARVALHO, 2012), conhecimento é a informação que, devidamente tratada muda o comportamento do sistema. O conhecimento é o resultado de um processamento complexo e subjetivo da informação, pois quando a informação é absorvida por um sujeito, ela interage com processos mentais lógicos e não lógicos, experiências anteriores, insights, valores, crenças, compromissos e vários outros elementos que fazem parte da mente do sujeito, pois consciente ou não ele usa seu conteúdo psíquico para trabalhar a informação e como base nisso tomar uma decisão de acordo com o contexto no qual ele está envolvido. Segundo Polanyi (1966 apud CARVALHO, 2012) e Nonaka e Takeuchi (1997 apud CARVALHO, 2012), o conhecimento é formado por uma estrutura paradoxal, na qual se identifica dois componentes aparentemente opostos: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Para Carvalho (2012), o conhecimento tácito não é um conhecimento palpável, e nem explicável. Esse tipo de conhecimento é profundamente pessoal e por este motivo muito mais difícil de ser compartilhado. […] é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de comu- nicação e compartilhamento dificultoso. As intuições e os palpites subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conheci- mento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiên- cia corporal do indivíduo, assim como nas ideias que ele incorpora. (NONAKA; TAKEUCHI, 2008 apud CARVALHO, 2012, p. 12). Para Carvalho (2012), o conhecimento tácito é empírico e prático. Seu contexto é daqui e agora, aborda as sensações e emoções do indivíduo, como também suas crenças, intuições, habilidades e experiência informais, modelos mentais e percepções. Para Cruz (2002), o conhecimento tácito é aquele que todos nós acumula- mos dentro de nós mesmos, ele é fruto do aprendizado, da educação, da cultura e da experiência de vida de cada um. Segundo ele, esse tipo de conhecimento é muito comum em qualquer tipo de organização e considera esse tipo de conhe- cimento como informal. Por esse motivo um dos grandes desafios que qualquer organização tem é o de coletar, organizar e utilizar esse tipo de conhecimento. Quando falamos em conhecimento explícito, Carvalho (2012) afirma que ele pode ser mensurado, além de ser mais racional e teórico. UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 10 Para Cruz (2002), o conhecimento explícito é aquele compartilhado, que é passado a outros para que esses também desenvolvam suas habilidades e possam gerar mais conhecimento e ser passado a outros e assim por diante formando uma cadeia de desenvolvimento científico, cultural, organizacional, emocional etc. Ele considera esse tipo de conhecimento como formal. Para Carvalho (2012), o conhecimento não é só tácito e nem só explícito, o conhecimento é a soma desses dois tipos, o Quadro 1 mostra a diferença entre os dois componentes do conhecimento. QUADRO 1 – COMPONENTES DO CONHECIMENTO FONTE: Nonaka e Takeuchi (1997 apud CARVALHO, 2012) Cruz (2002) traz um olhar para o conhecimento que será explicito no Quadro 2, o qual tomando como base um ambiente organizacional tanto o conhecimento tácito quanto o conhecimento explícito podem ser classificados quanto ao seu uso em três distintos grupos. QUADRO 2 – GRUPOS DO CONHECIMENTO EXPLÍCITO Conhecimento Estratégico Conhecimento Operacional Conhecimento Emocional Serve para avaliar os setores: econômico, político, social, tecnológico, entidades reguladoras, governo, fornecedores, cliente e concorrentes permitindo que qualquer empresa possa tomar decisões de longo prazo, criar cenários, desenvolver estratégias de atuação, definir políticas, criar produtos e definir o modus operandi. Absolutamente tudo que se faz em qualquer empresa, em qualquer organização, está inserido num processo de negócio. Considera que é preciso levar em conta aspectos socioeconômicos, culturais, religiosos e políticos que serão atingidos por tais conteúdo. FONTE: Adaptado de Cruz (2002) TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 11 Sendo assim, segundo McGarry (1999), podemos compreender que o conhecimento é um processo que envolve representações mentais. O ato de conhecer visa o desenvolvimento e a emancipação do sujeito, sendo então a construção do conhecimento um aspecto relevante na prática escolar. Para tal procedimento ocorre a aprendizagem significativa que desafia a criação e recriação de conceitos e soluções para situações problemas. 3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO APLICADAS À EDUCAÇÃO Num mundo em que a tecnologia se faz presente num simples controle remoto para adentrar uma porta, as famosas fechaduras de tags, como não refletirmos o seu uso na e para educação? Todo e qualquer recurso bem como ferramenta necessita de utilização da tecnologia da informação, ou seja, dos conceitos trabalhados sobre tecnologia, dado, informação e conhecimento para que possamos entender as transformações de nossa sociedade e as relações. Oliveira (2015, p. 2) afirma que “com o avanço tecnológico dispomos de uma infinidade de equipamentose ou ferramentas com a finalidade de facilitar os afazeres no dia a dia, tanto em nossa casa, quanto no trabalho como também inclusive, no ensino”. Ainda Oliveira (2015, p. 3), “a escola, muitas vezes, eximindo-se de seu papel social, tem deixado de lado a utilização das tecnologias para o ensino, mesmo dispondo minimamente de tais recursos”. Os avanços científicos e tecnológicos impactam diretamente na área social e consequentemente nos processos educativos da escola. As tecnologias educacionais produzem possibilidades de interações entre educador e educando através do uso de “computadores pessoais em rede” permitindo assim o desenvolvimento de diferentes capacidades tanto na vida pessoal e quanto profissional dos sujeitos (ABEGG, 2009). Oliveira (2015, p. 5) aponta que os “Parâmetros Curriculares Nacionais (1996) estabelecem que o uso das tecnologias de informação e comunicação na educação possibilitam o desenvolvimento intelectual, cultural e social dos educandos”. Na Base Nacional Comum Curricular, encontraremos o olhar para as tecnologias nas competências gerais: UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 12 Competências gerais de forma resumida: 1. Conhecimento. 2. Pensamento científico, crítico e criativo. 3. Repertório cultural. 4. Comunicação. 5. Cultura digital. 6. Trabalho e projeto de vida. 7. Argumentação. 8. Autoconhecimento e autocuidado. 9. Empatia e cooperação. 10. Responsabilidade e cidadania. Competências gerais de forma ampla, conforme texto da BNCC: • Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social e cultural para entender e explicar a realidade (fatos, informações, fenômenos e processos linguísticos, culturais, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e naturais), colaborando para a construção de uma sociedade solidária. • Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e inventar soluções com base nos conhecimentos das diferentes áreas. • Desenvolver o senso estético para reconhecer, valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também para participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. • Utilizar conhecimentos das linguagens verbal (oral e escrita) e/ou verbo-visual (como Libras), corporal, multimodal, artística, matemática, científica, tecnológica e digital para expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e, com eles, produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. • Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as escolares) ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas. • Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao seu projeto de vida pessoal, profissional e social, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. • Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. • Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas e com a pressão do grupo. • Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de origem, etnia, gênero, orientação sexual, idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou de qualquer outra natureza, reconhecendo-se como parte de uma coletividade com a qual deve se comprometer. UNI TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 13 • Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões, com base nos conhecimentos construídos na escola, segundo princípios éticos democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. FONTE: <https://bit.ly/3nw6fwc>. Acesso em: 6 out. 2021. Então, a tecnologia da informação aplicada à educação ganha um olhar especial uma vez que, segundo Abegg (2009, p. 20), “o processo de escolarização necessita do uso de tecnologias como forma a disseminar a informação e comunicação, através de “redes de produção colaborativa de conhecimento””. Hoje a forma como nos conectamos com o mundo é complexa e em forma de uma grande teia ou rede mesmo na qual a forma de comunicar-se não linear e sim através de links e pensamentos através de conectores, mudando inclusive as relações e a cultura. Pretto (2011) e Fileno (2007) afirmam que a forma de escrever hoje se modificou com o uso de celulares, tablets e notebooks criando, assim, novas e diferentes linguagens e/ou formas de comunicação. Conforme Pretto (2011), os adolescentes e jovens vão além do consumo de informações, há uma produção de conhecimento e de cultura através da apropriação destes recursos tecnológicos, assim para a escola as tecnologias de informação e comunicação devem ser entendidas como “elementos de cultura, e não apenas como aparatos tecnológicos [...] que ilustram ou facilitam os processos escolares” (PRETTO, 2011, p. 110). A respeito da cultura, Fileno (2007) afirma que escola e a cultura estão intrinsecamente interligados devendo dessa forma haver uma integração do meio no qual o educando está inserido. Analisando o que os autores nos remetem, hoje os estudantes têm acesso muito mais rápido e fácil às informações, esse fator tornou as aulas expositivas desinteressantes e assim sua presença se tornou limitada, aos eventos protocolares como: exames e atividades extraclasses. O horizonte de uma criança, de um jovem, hoje em dia, ultrapassa claramente o limite físico da sua escola, da sua cidade ou de seu país, quer se trate do horizonte cultural, social, pessoal ou profissional. Diante disso é importante lembrarmos que os professores não nasceram digitalizados, enquanto seus alunos, sim. Segundo Xavier (2005), as novas gerações têm adquirido o letramento digital antes mesmo de ter se apropriado completamente do letramento alfabético ensinado na escola. Essa intensa utilização do computador para a interação entre pessoas a distância, tem possibilitado que crianças e jovens se aperfeiçoem em práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais de letramentos e alfabetizações. Essas inúmeras modificações nas formas e possibilidades de utilização da linguagem em geral são reflexos incontestáveis das mudanças tecnológicas que vem ocorrendo no mundo desde que os equipamentos informáticos e as novas tecnologias de comunicação começaram a fazer parte intensamente do cotidiano das pessoas. UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 14 Sendo assim, a aprendizagem intermediada pela tecnologia da informa- ção aplicada à educação com suas linhas conceituais, gera profundas mudanças no processo de produção do conhecimento, se antes as únicas vias eram de sala de aula, o professor e os livros didáticos, hoje é permitido ao estudante navegar por diferentes espaços de informação, que também nos possibilita enviar, receber e armazenar informações virtualmente. 4 IMPLICAÇÕES DO USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO(TIC’S) NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM A educação e principalmente as salas de aula gritam por mudanças, e nos últimos tempos com os avanços tecnológicos e a própria pandemia do Covid-19, as instituições se obrigaram a colocar em prática tudo que vínhamos estudando, dialogando e pesquisando nas últimas décadas. Nesse momento, fez-se necessário mais que reflexões sobre as práticas pedagógicas, mas principalmente sobre como deveríamos utilizar e através desta discussão percebeu-se as grandes lacunas educacionais. Para Lorenzato (1995, p. 4), Os recursos interferem fortemente no processo de ensino e aprendiza- gem; o uso de qualquer recurso depende do conteúdo a ser ensinado, dos objetivos que se deseja atingir e da aprendizagem a ser desenvol- vida, visto que a utilização de recursos didáticos facilita a observação e a análise de elementos fundamentais para o ensino experimental, contribuindo com o aluno na construção do conhecimento. De acordo com Sancho (2001), o quadro de giz é o meio mais acessível, mais econômico e mais fácil de usar, apesar do inconveniente do professor ficar de costas para os alunos enquanto faz anotações, mas se torna funcional para demonstrações. O giz é muito utilizado nas aulas expositivas, Libâneo (1994) afirma que os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentadas, explicadas ou demonstradas pelo professor e a atividade dos estudantes é receptiva, embora não necessariamente passiva. Diz também que o método expositivo é bastante utilizado nas escolas, apesar das críticas, principalmente por não levar em conta o princípio da atividade do estudante e que apesar desta limitação, é um impor- tante meio de obter conhecimentos. Entre as formas de exposição, menciona a exposição verbal, a demonstração, a ilustração e a exemplificação. Essas formas, segundo o autor, em geral, podem ser conjugadas possibilitando o enriqueci- mento da aula expositiva. TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 15 Para uma sociedade em que muitas escolas não conseguem ter acesso ao recurso do wi-fi, a aula expositiva é a que alcança o maior público. Temos outras questões como a formação dos professores, a utilização de ambientes com inter- net e principalmente a desigualdade econômica das famílias. Para Moraes (1997, p. 12), “o simples acesso à tecnologia, em si, não é o as- pecto mais importante, mas sim, a criação de novos ambientes de aprendizagem e de novas dinâmicas sociais a partir do uso dessas novas ferramentas”. Na organização de um novo olhar com a utilização, é preciso compre- ender o fluxo entre ensino e aprendizagem. Masetto (2000, p. 140) afirma que o processo de ensino e de aprendizagem: “considero haver uma grande diferença entre o processo de ensino e o processo de aprendizagem quanto as suas finalida- des e à sua abrangência, embora admita que seja possível se pensar num processo interativo de ensino aprendizagem”. Importante entendermos que ao compreender o processo de ensino apren- dizagem também teremos que analisar a mudança cultural que essa geração do século XXI sofreu, afinal nasceram em uma sociedade tecnológica e conectada, o uso de dispositivos tecnológicos durante a difusão do uso de tecnologias no processo de ensino e de aprendizagem. O que causa o choque com as pessoas nas- cidas anteriormente ao século XXI desenvolveram uma relação com a tecnologia conforme descrita por Prensky (2010, p. 10): Nativos digitais e imigrantes digitais são termos que explicam as dife- renças culturais entre os que cresceram na era digital e os que não. Os primeiros, por causa de sua experiência, têm diferentes atitudes em relação ao uso da tecnologia. Hoje, há muito mais adultos que migra- ram e, nos Estados Unidos, quase todas as crianças em idade escolar cresceram na era digital. Pode ser que em alguns lugares os nativos sejam separados dos imigrantes por razões sociais. Essa articulação entre o entendimento das relações das gerações com a evolução das tecnologias e sua utilização mostra segundo Serres (2013, p. 22), acrescenta que: [...] essa geração que chega à escola é completamente diferente em re- lação às gerações que a antecederam; os alunos e alunas têm outra cabeça, maneiras diferentes de pensar, de conviver, de relacionar, de interagir e de aprender. As grandes barreiras que a educação enfrenta, além da econômica, é a dependência e a sua utilização conforme aponta Kenski (2007, p. 19): [...] as tecnologias invadem as nossas vidas, ampliam a nossa memó- ria, garantem novas possibilidades de bem-estar e fragilizam as capa- cidades naturais do ser humano. Somos muito diferentes dos nossos antepassados e nos acostumamos com alguns confortos tecnológicos – água encanada, luz elétrica, fogão, sapatos, telefone – que nem pode- mos imaginar como seria viver sem eles. UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 16 Desse modo, embora a tecnologia já faça parte do contexto cultural e social das pessoas, em que principalmente os mais jovens fazem parte de uma cultura na qual as pessoas ficam conectadas em rede por longos períodos, podem aproveitar esta ferramenta para a educação. Porém, os muros das diferenças sociais, das gera- ções e do olhar da escola podem tornar os grandes empecilhos para sua utilização, além da formação e compreensão adequada por parte do corpo docente. TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR: POSSIBILIDADES Ao longo das últimas décadas, as tecnologias digitais da informação e comunicação, também conhecidas por TDICs, têm alterado nossas formas de trabalhar, de se comunicar, de se relacionar e de aprender. Na educação, as TDICs têm sido incorporadas às práticas docentes como meio para promover aprendizagens mais significativas, com o objetivo de apoiar os professores na implementação de metodologias de ensino ativas, alinhando o processo de ensino-aprendizagem à realidade dos estudantes e despertando maior interesse e engajamento dos alunos em todas as etapas da Educação Básica. As razões pelas quais as tecnologias e recursos digitais devem, cada vez mais, estar presentes no cotidiano das escolas, no entanto, não se esgotam aí. É necessário promover a alfabetização e o letramento digital, tornando acessíveis as tecnologias e as informações que circulam nos meios digitais e oportunizando a inclusão digital. Nesse sentido, a Base Nacional Comum Curricular contempla o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas ao uso crítico e responsável das tecnologias digitais tanto de forma transversal – presentes em todas as áreas do conhecimento e destacadas em diversas competências e habilidades com objetos de aprendizagem variados – quanto de forma direcionada – tendo como fim o desenvolvimento de competências relacionadas ao próprio uso das tecnologias, recursos e linguagens digitais, ou seja, para o desenvolvimento de competências de compreensão, uso e criação de TDICs em diversas práticas sociais, como destaca a competência geral 5: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (BNCC, 2018). Nesse contexto, é preciso lembrar que incorporar as tecnologias digitais na educação não se trata de utilizá-las somente como meio ou suporte para promover aprendizagens ou despertar o interesse dos estudantes, mas sim de utilizá-las com os estudantes para que construam conhecimentos com e sobre o uso dessas TDICs. TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO 17 Para apoiar a construção de currículos escolares e de propostas pedagógicas que contemplem tal uso “ativo” das TDICs nas escolas, o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) elaborou e disponibilizou de forma aberta e gratuita o Currículode Referência em Tecnologia e Computação (2018), que prevê eixos, conceitos e habilidades alinhadas à BNCC e voltadas exclusivamente para o desenvolvimento de competências de exploração e de uso das tecnologias nas escolas, além de propor uma reflexão sobre os usos das TDICs. Os eixos propostos nesse currículo perpassam todas as etapas da educação básica, e são: Basear-se nesses eixos e nas habilidades propostas neste Currículo de Referência pode dar norte aos gestores e professores para implementar o uso de tecnologias no contexto escolar não somente como meio para promoção de aprendizagem ou como forma de estímulo e engajamento dos estudantes, mas também como objeto de conhecimento em si, preparando os alunos para o uso das TDICs nas esferas pessoais e profissionais. Uma discussão importante que se tem feito nos últimos anos e que vale destacar é que não se deve prezar somente pela utilização das tecnologias em si, mas sim pela reflexão crítica e pelo uso responsável. Assim, cabe aos professores trabalharem também conceitos relacionados a segurança na rede, cyberbullying, checagem de fatos (com ênfase nas famosas fake news) e informações e o uso da tecnologia como ferramenta de construção e compartilhamento de conhecimentos. Nesse cenário, o professor não precisa ser o detentor do conhecimento técnico sobre o uso das ferramentas disponíveis, mas sim o mediador que vai auxiliar os estudantes na reflexão sobre os melhores usos possíveis das TDICs. Nas práticas apresentadas no Caderno dos Anos Iniciais destacam- se tanto as práticas com usos das TDICs transversalmente ou para apoiar a implementação da sequência didática, ou seja, sendo suporte para promover a construção de conhecimentos e aprendizagem, quanto as práticas cujo objeto do conhecimento é a própria tecnologia. No relato Sustentabilidade x Educação: Preservar É Nossa Missão! por exemplo, a professora utilizou uma página em uma rede social “para expandir as práticas pedagógicas e alcançar mais pessoas”. Em Professores UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 18 Mirins e Alunos Escritores de HQ e Informação, apresenta-se o uso de softwares e aplicativos como meio para promover a aprendizagem e estimular a prática da escrita. Já na prática Inclusão Digital como Inovação para Combater o Déficit de Leitura, Produção e Sistematização, o destaque está no uso das TDICs como meio para a promoção de aprendizagem sobre outro objeto de conhecimento, como objetivo de aprendizagem em si e, ainda, como fator motivacional para engajar e envolver os estudantes no tema da sequência didática. No relato, a professora responsável pela prática afirma: “Destaco o uso das TIC como um dos pontos positivos do projeto, pois gerou maior interatividade durante as aulas e, consequentemente, maior interesse e facilidade na compreensão dos componentes curriculares”. Em resumo, incorporar as TDICs nas práticas pedagógicas e no currículo como objeto de aprendizagem requer atenção especial e não pode mais ser um fator negligenciado pelas escolas. É preciso repensar os projetos pedagógicos com o olhar de utilização das tecnologias e recursos digitais tanto como meio, ou seja, como apoio e suporte à implementação de metodologias ativas e à promoção de aprendizagens significativas, quanto como um fim, promovendo a democratização ao acesso e incluindo os estudantes no mundo digital. Para isso, é preciso fundamentalmente revisitar a proposta pedagógica da escola e investir na formação continuada de professores. Além do uso das tecnologias para apoio à prática do ensino, como apresentações digitais, mostras de vídeos etc., e para o desenvolvimento de pesquisas, alguns relatos propõem o uso das TDICs para promover a criação de conteúdos digitais. Uma possibilidade para isso é o uso de softwares para a elaboração de histórias em quadrinhos (HQs). Outra possibilidade está na criação de conteúdos midiáticos ou multimidiáticos. Com o uso de ferramentas simples e acessíveis, os alunos podem criar áudios e vídeos para compartilhar as aprendizagens de uma aula ou sequência didática. Que tal conhecer algumas dessas possibilidades? FONTE: <https://bit.ly/3vKNYyZ>. Acesso em: 1 jun. 2021 19 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • O conceito de Tecnologia da Informação é mais abrangente do que os de processamento de dados, sistemas de informação, engenharia de software, informática ou o conjunto de hardware e software, pois também envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais. • Dados são códigos que constituem a matéria prima da informação, ou seja, é a informação não tratada que ainda não apresenta relevância. Eles representam um ou mais significados de um sistema que isoladamente não pode transmitir uma mensagem ou representar algum conhecimento. • O dado é o menor e mais simples elemento dessa hierarquia, é uma unidade indivisível, objetiva e abundante. Por esse motivo, o dado é o elemento mais fácil de ser manipulado e transportado, seja em um meio de transporte concreto (de um lugar para outro), seja de uma forma abstrata (de um sistema para outro ou de uma pessoa para outra). • A informação seria qualquer estruturação ou organização desses dados. • O conhecimento é a informação processada e transformada em experiência pelo indivíduo. O conhecimento é a capacidade que, o processamento da informação adicionado ao repertório individual, nos dá, de agir e prever o resultado dessa ação. Aprendizagem seria, então, toda exposição a novas informações que, a partir daí, modificam o nosso comportamento e relacionamento com o meio ambiente. • A tecnologia da informação é o conjunto de recursos tecnológicos e compu- tacionais para geração e uso da informação, utilizando também um conjun- to de recursos não humanos dedicados ao armazenamento, processamento e comunicação da informação, bem como o modo como esses recursos estão organizados em um sistema capaz de executar um conjunto de tarefas. • A preocupação com o impacto que as mudanças tecnológicas podem causar no processo de ensino-aprendizagem impõe a área da educação a tomada de posição entre tentar compreender as transformações do mundo, produzir o conhecimento pedagógico sobre ele auxiliar o homem a ser sujeito da tecnologia, ou simplesmente dar as costas para a atual realidade da nossa sociedade baseada na informação. 20 • As tecnologias proporcionam que cidadãos construam seus saberes a partir de comunicação e interações com um mundo de pluralidades, no qual não há limi- tes geográficos, culturais e a troca de conhecimentos e experiências é constante. • Na sociedade atual em que estamos vivendo, por muitas vezes a diversidade cultural, social e econômica são pontos cruciais de distanciamentos, cabe ao homem à tarefa de ser criativo, ter boas ideias. Na era da informação e comunicação é indispensável que as pessoas saibam e consigam identificar o que há de essencial. 21 1 Sabemos que a tecnologia da informação é uma área que utiliza a computação como um meio para produzir, transmitir, armazenar, aceder e usar diversas informações. Como a tecnologia da informação pode abranger e ser usada em vários contextos, a sua definição pode ser bastante complexa e ampla. Sobre a definição de tecnologia da informação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Análise de dados para respostas rápidas. b) ( ) Designar o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação c) ( ) Palavras e frases com efeitos tecnológicos. d) ( ) Pesquisa Operacional com tratamento de dados binários. 2 (ENEM, 2013) A tirinha retrata as questões da influência do uso das tecnologias da informação e da comunicação nas vidas das pessoas. Com base no exposto e na figura, assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE FONTE: <http://tirasnacionais.blogspot.com>. Acesso em: 13 nov. 2011 A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frenteao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude. a) ( ) Crítica, expressa pelas ironias. b) ( ) Resignada, expressa pelas enumerações. c) ( ) Indignada, expressa pelos discursos diretos. d) ( ) Agressiva, expressa pela contra-argumentação. 22 3 Trabalhar com Tecnologia da Informação aplicada a Educação é um caminho que deve ser percorrido do dado até chegar ao conhecimento, passando por questões tecnológicas e estruturais. Na sua concepção, como seria esse percurso? Disserte sobre isso. 23 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, discutiremos temáticas que envolvem as questões sobre o acesso à informação, as formas como elas chegam até nós e principalmente como as transformamos em conhecimento numa era digital tão complexa em suas relações. Além desses itens, é importante prestar atenção aos detalhes que abordam a educação como grande mentora do processo de democratização e processo de ensino e aprendizagem do saber. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a utilização das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) na sociedade do conhecimento, como elas podem auxiliar neste processo e o papel da escola como grande centro da alfabetização tecnológica. Um ótimo estudo! 2 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO Os avanços entre as gerações, as mudanças ocorridas nos processos de desenvolvimento e suas consequências na democracia e cidadania, principalmente após março de 2020 com o COVID-19, concorrem para uma sociedade caracterizada pela crescente influência dos recursos tecnológicos e pelo avanço exponencial das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), com impacto nas relações sociais, e principalmente nas instituições sejam elas, empresariais ou educacionais. As TICs foram e podem ser consideradas um dos fatores mais impor- tantes para as profundas mudanças nas relações educacionais e, com a dinâ- mica da inovação, tornam-se imprescindíveis para as novas transformações e o desenvolvimento direto no que tange a sociedade. É a partir da década de 1990 que a educação, a inovação contínua e os avanços tecnológicos passaram a ser vistos como as forças motrizes do desenvolvimento e alicerce no processo de ensino e aprendizagem. 24 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Ao abordarmos o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação como ferramentas de geração do desenvolvimento social e intelectual, com ênfase na construção do saber olhando o percurso em que a união tem o foco na finalidade e nas relações existentes entre tecnologia e desenvolvimento, buscando analisar como são conjeturadas as formas de utilização das TICs pelos grupos como docentes e discentes para promover o desenvolvimento e reduzir as desigualdades educacionais promovendo a alfabetização tecnológica. A sociedade da informação é uma nova forma de organização da economia e da sociedade. É entendida como um estágio de desenvolvimento social que é realizado pela capacidade dos indivíduos de adquirir e compartilhar informações (PALHARES et al., 2018). 2.1 EDUCAÇÃO CONSEQUÊNCIA DE UMA NOVA SOCIEDADE - A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO As relações na busca e na organização de como interagimos entre a informação e o conhecimento são diversas, ainda mais numa sociedade que podemos ter acesso à informação de diversas formas. Essas informações podem ser adquiridas em variados meios de comunicação, como a Internet, a televisão e o rádio. Os benefícios que essas tecnologias proporcionam para a sociedade podem comprometer o enriquecimento cultural dos indivíduos. A mídia frequentemente confere a tudo aquilo que parece ter valor objetivo e publicitário uma subjetividade, que tende, portanto, a escravizar a sociedade além de fazer com que esta adquira um caráter consciente (TARGINO, 1995). Segundo Silveira (2019, p. 2): na “sociedade de informação” em que vivemos é baseada na informação e conhecimento, o que é diferente da antiga “sociedade industrial” em que tinha como base a produção e capital. Dessa forma, conforme Silveira (2019), vivemos em uma sociedade em que a informação chega a todo instante com algo novo e sempre atualizado em alta velocidade. As tecnologias estão presentes em todos os ambientes, inclusive na Educação. A união e integração da tecnologia de informação e comunicação na educação favorece, em muito, a aprendizagem podendo aproximar e quebrar barreiras, uma vez que a tecnologia proporciona através do meio tecnológico a possibilidade da construção do conhecimento através interação, troca de ideias e experiências. Numa sociedade em que o conhecimento é e será tão valorizado o saber lidar com a ferramenta e suas potencialidades será o grande diferencial, exemplo disso, é o computador. Ele se tornou um grande aliado na busca do conhecimento, tratando de uma ferramenta que auxilia na resolução de problemas e até mesmo no desenvolvimento de projetos. As TICs têm como característica o fazer e o refazer, transformando o erro em algo que pode ser refeito e reformulado TÓPICO 2 — A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO 25 instantaneamente para produzir novos saberes, cada indivíduo que explora as tecnologias de informação e comunicação se torna um emissor e receptor de informações, mais especificamente leitor, escritor e comunicador, esse emaranhado de possibilidade ocorre graças ao poder persuasivo das informações contidas nas TICs que envolve o sujeito incitando-o à leitura e à expressão através da escrita textual e hipertextual (RAMOS; CARMO, 2009). Quando analisamos os fatores da educação no que tange a evolução da sociedade e as questões que permeiam as relações com os meios que o conhecimento vai ser construído, notamos que o avanço das sociedades atuais em direção a sociedades futuras pode seguir múltiplas vias, cujo eixo central é diferentes apostas na forma de organizar os recursos de matéria, de energia e informação utilizados em benefício dessas sociedades. Uma das vias desse desenvolvimento pode ser a construção de sociedades baseadas no uso das tecnologias de informação e orientadas pelo conhecimento científico nas decisões que tomam sobre a sua própria organização: sociedades cujo funcionamento terá como suporte fundamental a informação transformada em conhecimento fundamentado, em princípio, no nível das ciências que são o núcleo central da sua cultura e modo de ver a realidade (MASSON; MAINARDES, 2011). Ainda nessa linha de pensamento, Santos e Weber (2013) relatam que, a partir do final do século XX, a intensificação e a abrangência de avanços tecnológicos relacionados à computação têm produzido transformações em diversos meios sociais, tanto presenciais quanto virtuais. Uma das tecnologias que proporcionou o avanço e abrangência atual do ensino a distância é a Internet, que permite a troca de informações entre os participantes de forma rápida e eficiente. Ao alinharmos as formas de construirmos o conhecimento Silveira (2019, p. 10) aponta: a tecnologia não pode ser excluída do modelo pedagógico e comuni- cativo das escolas. Nesse caso, a tecnologia deve ser um aparato para melhorar, transformar e modernizar o ensino, e não para a transfor- mação das estruturas metodológicas e das práticas de aprendizado. Diante desse cenário, a distância transacional pode ser um problema ligado a comunicação na educação. Atualmente, a sociedade está imersa pela era digital que perpassa a tecnologia e suas ferramentas para podermos ter acesso às informações, sejam elas uma simples receita de ovo frito até mesmo um complexo circuito elétrico. A tecnologia é o agente das transformações e o responsável pela criação de novas linguagens, contribuindo para mudar o ambiente natural, os padrões de trabalho, os padrões de consumo e os padrões de lazer exercendo influênciaao homem de maneiras diferenciadas (TARGINO, 1995). As novas formas de nos relacionarmos com a informação e como estamos nos conectando nesta sociedade presenciamos inúmeras mudanças em diversas áreas do conhecimento humano. As tecnologias de informação e comunicação 26 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS têm provocado mudanças de conduta, de costumes, de consumo, no lazer, nas relações entre os indivíduos e nas formas como eles se comunicam. Recriando, então, novas identidades, novos hábitos sociais, novas formas de interação. 3 A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO POR DIFERENTES MEIOS TECNOLÓGICOS E DIGITAIS Quando falamos em democratização do acesso estamos falando diretamente ao direito do cidadão em ter a informação inclusive de inclusão. Marques (2019) aponta que os avanços da tecnologia mudaram drasticamente as relações e devido aos avanços tecnológicos houve a necessidade de compartilhar conhecimentos, utilizando novos recursos e possibilitando a criação de um ambiente virtual de aprendizagem. Para Marques (2019, p. 1): com o desenvolvimento dos meios de comunicações a internet mudou a forma de comportamento da sociedade atual. Por ser uma ferramenta que permite a interação e criação de novas linguagens, levando a reflexões, posicionamentos críticos no processo de construção e difusão do saber. Esse processo vai além da esfera municipal, estadual e nacional, rompe com paradigmas cria novos espaços para a produção, possibilitando a comunicação a fim de viabilizar a autoformação do aprendizado por interação entre os colegas. Nessa relação de mudanças e visando a maior conectividade entre as pessoas, encontramos dentro do território brasileiro diferentes realidades de acesso, sendo que antes do COVID-19, em 2018, segundo o IBGE, 4 em cada 10 brasileiros não tinham acesso a internet, um dado que por si só justifica o investimento em políticas de inclusão digital, mas o fato de não terem acesso a internet não quer dizer exatamente que não tenham acesso a tecnologia, já que segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas de abril/2019 o Brasil tem 230 milhões de smartphones ativos. Segundo o IRIS (Instituto de Referência em Internet e Sociedade), Carmo et al. (2019, p. 4): Estamos no final da segunda década do século XXI, que é descrita com grande frequência como a “era digital” ou “sociedade da informação e do conhecimento”. Esses são termos relacionados a uma tecnologia que surgiu há algumas décadas, com a ideia principal de ser uma rede onde outras redes pudessem operar. A “rede das redes” foi chamada de internet e conquistou escala global graças as suas características predominantes: abertura, acesso e ligação fim-a-fim. Elas se refletem na possibilidade de qualquer dispositivo conectado à rede poder ter acesso exatamente ao mesmo conteúdo ou serviço de qualquer outro, independente de sua localização geográfica, e que a circulação entre esses dispositivos seja recebida da forma como foi enviada. TÓPICO 2 — A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO 27 Para entendermos a democratização e o acesso à informação é preciso retomar os dados e isso Carmo et al. (2019, p. 6) fazem muito e nos traz que: em 2018, a União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), estimou que 3.9 bilhões de pessoas estão conectadas à internet. Quando este dado é representado em porcentagem, percebe-se que 51,2% da população mundial possui acesso à internet. Esse dado nos mostra que as pessoas estão muito conectadas e buscando interagir através da tecnologia em diferentes espaços e ferramentas. Segundo Gamboa (2012, p. 33), “o advento da internet é considerado ponto de inflexão para o surgimento de revoluções de várias ordens - como a revolução informacional”. Segundo o IBGE (2017), nas últimas cinco décadas, estudos foram desenvolvidos em busca de respostas às perguntas originadas do uso da internet e da adoção de novos processos tecnológicos pela sociedade, por exemplo, segundo pesquisas do IBGE, são consideradas conectadas à internet as pessoas que utilizaram a rede ao menos uma vez nos últimos três meses. Com esses dados notamos que a população e a sociedade em si, num modo geral, utilizam da internet para obter informação e interagir com o mundo, mas Carmo et al., (2019, p. 14) exploram: a adoção das novas tecnologias e o uso da internet por governos, empresas, organizações, professores ou indivíduos possui um denominador comum: a inclusão digital. Ou seja, usufruir das novas formas de geração de renda, conhecimento e relações pessoais possibilitadas pela internet perpassa um processo anterior de inserção dos indivíduos ou grupos no ciberespaço. Esse processo pode ser coordenado pelo próprio indivíduo, por inclusão voluntária, ou estimulado por algum ente - como governos ou organizações sociais - que perceba a importância de oferecer e de inserir cidadãos nos espaços virtuais. Segundo Mori (2021, p. 238): a inclusão digital é recorrentemente compreendida de três formas. A primeira delas entende o significado de inclusão digital como a democratização do acesso às TIC, ou seja, fazer com que a tecnologia chegue até o indivíduo no âmbito de infraestrutura, incluindo, por exemplo, a aquisição de computadores com softwares atualizados e a presença de redes telefônicas na região do usuário. A segunda, entendida como alfabetização digital, compreende que é preciso desenvolver habilidades específicas para usufruir do meio digital, e essas competências são tão importantes quanto a possibilidade do acesso. A última delas aponta para a inclusão digital como a apropriação das TIC pelo indivíduo, quando ele deixa de ser somente um receptor, mas passa a se valer das ferramentas se valendo de sua capacidade criativa e de sua subjetividade. 28 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Estamos percebendo que a democratização da informação vai além do meio, ou seja, do ter o celular, mas da condição do acesso e da oportunidade de po- der entender e inclusive de chegar o sinal em determinadas regiões do nosso Brasil. O acesso às Tecnologias da Informação é condição primeira para o esforço da inclusão digital, a falta de infraestrutura compromete todo o processo subsequente. Entretanto, na sociedade da informação a inclusão digital deve ser compreendida como um passo além do acesso: a plena capacidade do indivíduo interagir, criar e consumir conteúdos, bem como desempenhar tarefas on-line. A inclusão digital dos indivíduos pode significar uma mola propulsora para o seu desenvolvimento em múltiplas esferas, possibilitando o acesso à informação e ao conhecimento, aos serviços prestados on-line, à economia digital, entre outras ferramentas que possibilitam maior qualidade de vida aos sujeitos que interagem com o meio virtual (CARMO; DUARTE; GOMES, 2019, p. 22). O Instituto IRIS mostra algumas alternativas e possibilidades para integrar e incluir para democratizar a informação através das tecnologias, como retrata em sua página que aponta para a importância do olhar da sociedade para as políticas públicas e para programas outrora considerados obsoletos, como a rede “Telecentros” são tão necessários ainda hoje, existe um abismo entre ter acesso a tecnologia, saber usar basicamente alguns recursos para comunicação e ser fluente na tecnologia. O Instituto IRIS (CARMO; DUARTE; GOMES, 2019, p. 2) mencionou também que: uma das experiências que considero mais incríveis para inclusão tecnologia é a formação de comunidades sobre temas específicos, isso porque o conhecimento circula de maneira horizontal, e fugimos do modelo tradicional e verticalizado da educação, isso porque as comunidades entendem o valor da partilha, não criamos apenas ilhas de excelência apenas, isso reduz desigualdades e promove autonomia dos indivíduos. Então, é importante entender que se antes dapandemia já tínhamos uma lacuna, ou seja, antes de março de 2020, hoje os desafios para a democratização podem ser maiores, como mostra o IDCT (2020, p. 1): Diante da pandemia, muitas questões afligem o povo brasileiro, e obter respostas é o principal caminho para uma sociedade mais justa e sem corrupção. Por isso, a Lei de Acesso à Informação (LAI) é um mecanismo fundamental para que a população participe ativamente da política do país, por meio de solicitações de informação à administração pública. Segundo dados do Informe Semanal da LAI, levantado pela Controladoria-Geral da União (CGU), até o dia 03 de julho (última atualização), 9.922 pedidos foram respondidos com relação à Covid-19 (19,6% do total). Ainda para o IDCT (2020, p. 2): TÓPICO 2 — A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO 29 O diretor de Transparência e Controle Social da CGU, Otávio Castro Neves, explica que a LAI contribui para a democracia no país, uma vez que amplia a participação popular e fortalece os mecanismos de controle da gestão pública. “É fundamental o cidadão ter consciência deste direito, pois a partir dele ele pode melhor exercer sua cidadania, conhecendo mais sobre outros direitos, sobre a execução das políticas públicas, sobre os serviços públicos e sobre o funcionamento do Estado” lembra. Além disso, os cidadãos precisam observar o andamento e a efetividade da Lei em sua localidade, assim, é possível saber como e onde recorrer caso necessite alguma informação pública que não esteja disponível. Um fato importante que devemos trazer e que está no IDCT (2021, p. 2) “a média diária de pedidos aumentou de 377 para 528 e respondidos de 375 para 499, se comparar antes e depois do Decreto de Calamidade Pública, em março”. Em época de pandemia a população mostrou que o isolamento necessita- va de interação e uma busca o que caracteriza as mudanças de comportamentos, formas de comunicação e interação têm promovido a revolução tecnológica mais significativa na educação desde a mudança do ensino baseada na oralidade para o ensino baseado na imprensa e no livro (SELWYN, 2008). Como argumenta Lévy (1999), essas dinâmicas implicam seriamente em uma nova relação que o homem estabelece com o saber que está imerso na cibercultura. 4 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E A COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL Ao longo da vida somos imersos desde cedo ao sistema de ensino por décadas ficamos presos as leituras dos livros. Lembrando que a educação ao longo da vida será o único meio de evitar a paralisia, a desqualificação profissional e de atender às exigências do mercado de trabalho da sociedade tecnológica. Assim segundo BELLONI (1999 apud CAPELLO, 2011), faz-se necessário uma flexibilização forte de recursos, tempos, espaços e tecnologias, que abrigam à inovação constante, por meio de questionamentos e novas experiências. Importante perceber que a sociedade vai buscar (como ocorre faz mais ou menos desde a década de 1990) a transformação do indivíduo, por meio de adequação das gerações através da educação e no que se referem à escola as tecnologias sempre esteve presentes na educação formal, o que faz necessário é o fato de que as instituições de ensino têm o papel de formar cidadãos críticos e criativos em relação ao uso dessas tecnologias. Para isso, é preciso que elas abandonem a prática instrumental das tecnologias e façam avaliações sobre o trabalho com a inserção das novas tecnologias educativas. Segundo Santos (2012, p. 2): 30 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Dessa forma, temos de avaliar o papel das novas tecnologias aplica- das à educação e pensar que educar utilizando as TIC (e principal- mente a internet) é um grande desafio que, até o momento, ainda tem sido encarado de forma superficial, apenas com adaptações e mudanças não muito significativas. Sociedade da informação, era da informação, sociedade do conhecimento, era do conhecimento, era digital, sociedade da comunicação e muitos outros termos são uti- lizados para designar a sociedade atual. Percebe-se que todos esses termos estão querendo traduzir as características mais representati- vas e de comunicação nas relações sociais, culturais e econômicas de nossa época. Necessário refletir sobre as tecnologias de informação e comunicação e suas potencialidades uma vez que tem desempenhado um papel importante na comunicação coletiva, pois através dessa ferramenta a comunicação flui sem que haja barreira. Segundo Levy (1999), novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo da informática. O grande desafio da educação é conseguir lidar com a velocidade que a tecnologia da informação possui, segundo Kalinke (1999, p. 15): Os avanços tecnológicos estão sendo utilizados praticamente por todos os ramos do conhecimento. As descobertas são extremamente rápidas e estão a nossa disposição com uma velocidade nunca antes imaginada. A internet, os canais de televisão à cabo e aberta, os recursos de multimídia estão presentes e disponíveis na sociedade. Em contrapartida, a realidade mundial faz com que nossos alunos estejam cada vez mais informados, atualizados, e participantes deste mundo globalizado. Ramos e Carmo (2012, p. 12) apontam: com toda agilidade que a internet proporciona a comunicação, esse se tornou o meio mais utilizado e eficaz na transmissão de mensagens. Atraindo pincipalmente os jovens que têm uma enorme necessidade de interagir entre si, e tudo para eles tem que ser e acontecer de forma rápida, em casa ou em outro local, crianças, jovens e adultos tem utilizado a internet diariamente para se comunicar com amigos e familiares, além de realizarem muitas outras ações. Outros pontos que a tecnologia da informação favorece quando estão inseridas nas instituições educacionais Pierre Lévy (1999), em sua obra Cibercultura, afirma que a rede de computadores é um universo que permite as pessoas conectadas construir e partilhar inteligência coletiva sem submeter-se a qualquer tipo de restrição político-ideológico, ou seja, a internet é um agente humanizador porque democratiza a informação e humanitário porque permite a valorização das competências individuais e a defesa dos interesses das minorias. TÓPICO 2 — A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO 31 Livro: Cibercultura O que é cibercultura? Quais suas implicações no campo da educação, do trabalho, da política, dos direitos? O filósofo Pierre Lévy responde a estas e outras questões suscitadas pela Internet e pelas novas tecnologias de forma clara e acessível aos não especialistas. FONTE: <https://bit.ly/2ZA0fum>. Acesso em: 27 set. 2021 DICAS Para Ramos e Carmo (2009), diante dessa realidade, surgem os desafios da escola, na tentativa de responder como ela poderá contribuir para que crianças, jovens e adultos tornem se usuários criativos e críticos dessas ferramentas, evitando que se tornem meros consumidores compulsivos ou até mesmos depositórios de dados, que não fazem sentido algum. Para tanto, seria preciso estudar, aprender e depois ensinar a história, a criação, a utilização e a avaliação dos equipamentos tecnológicos, analisando de forma minuciosa como estas estão presentes na sociedade e qual o impacto e implicações causados por elas na sociedade. Então, para que a sociedade e as instituições compreendam que as Tecnologias de Informação e Comunicação são aprimoradas dia após dia, hoje quando alguém precisa de uma informação que desconhece, é possível entrar na internet e pesquisar o que quer e ter a informação ao alcance de um toque, ou até mesmo através de comandos de voz. Porém, todas essas mudanças e inovações acontecendo a cada instante trazem alguns desafios para muitas áreas e a educacional, principalmente da educação pública, é uma das que mais sofre com esse avanço desenfreado das tecnologias. Conforme Guimarães e Ribeiro (2207, p. 10): Conhecer os desafios, o potencial, as restrições e as dificuldades destas tecnologiaspassa a ser essencial para qualquer pessoa, especialmente para qualquer aprendiz e qualquer educador. Os novos professores do século 21, chamados por Pierre Levy de “Arquitetos Cognitivos”, precisam se apropriar destas novas tecnologias com segurança e conhecimento, de forma favorável a seus alunos, permitindo maior variedade nos processos de ensino e aprendizagem e tornando-se criadores de ambientes de aprendizagem, utilizando os novos meios que surgiram e que continuam evoluindo. 32 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS INCLUSÃO DIGITAL NA PANDEMIA: DESAFIOS EM TEMPOS DE ENSINO ON-LINE Entenda quais são os principais desafios envolvidos na inclusão digital na pandemia e a necessidade de continuar o estudo on-line. A crise da COVID-19 escancarou diversos desafios na educação, um deles foi à inclusão digital na pandemia e as dificuldades dos alunos de acessarem as aulas on-line, não apenas no ensino superior, mas, principalmente, na educação básica. O acesso à internet é um problema latente no nosso país, segundo a última pesquisa TIC Kids Online Brasil, realizada em 2019, cerca de 4,8 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar vivem em domicílios sem conexão com a rede. Com a necessidade do ensino on-line para continuação da educação, diversos alunos não tiveram a oportunidade de manter os estudos frente à barreira tecnológica. Esse cenário, por sua vez, pode afetar consideravelmente toda a cadeia de aprendizagem e o futuro da educação. Diante disso, para compreendermos os desafios da inclusão digital na pandemia tanto para estudantes, quanto para professores e outros agentes envolvidos no processo educacional, assim como o papel das instituições de ensino na democratização dos estudos, preparamos um conteúdo completo e, dessa vez, mais reflexivo. Confira! Desafios da inclusão digital na pandemia Se tratando de inclusão digital na pandemia, alguns dos principais desafios enfrentados por todos os envolvidos no setor educacional são: Para os alunos: Algumas pesquisas feitas durante a pandemia nos mostram a gravidade da situação, especialmente com a desigualdade social. Segundo a Opinion Box, 54% dos alunos de escolas públicas não conseguiram fazer as aulas on-line. Se comparado com instituições de ensino particulares, esse número cai para 32% dos estudantes. Outra pesquisa, essa realizada pela Pearson, nos revela que 9 em cada 10 estudantes dizem não ter acesso à tecnologia necessária para estudar on- line de maneira efetiva. TÓPICO 2 — A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO 33 Uma das razões para isso, sem dúvidas, pode ser a acessibilidade, visto que, de acordo com a Undime, 46% dos alunos acessam os conteúdos das aulas apenas pelo celular. Como citado, o cenário de desigualdade e a falta de condições favoráveis para continuação das aulas on-line em todo o país desencadeia problemas no presente que serão refletidos no futuro. Os alunos não conseguirão acompanhar as disciplinas e, consequentemente, podem reprovar em matérias importantes ou, se avançarem nos estudos, correm o risco de se formar sem algumas competências básicas. Com essa realidade, teremos estudantes no ensino superior menos preparados e, no mercado de trabalho, profissionais cada vez menos qualificados. Nessas circunstâncias, toda a sociedade perde em desenvolvimento e retornos econômicos. Para os professores: Os professores também foram diretamente afetados pela pandemia e têm enfrentado desafios no quesito inclusão digital. Uma pesquisa realizada pela Nova Escola, no ano passado, nos revela que 64% das instituições estavam preocupadas em garantir o devido acesso à tecnologia ao corpo docente. Dentre outras dificuldades apontadas no levantamento estão: acompanhar a presença dos alunos e o processo de aprendizagem a distância (54,7%), orientar familiares (54,7%) e planejar as atividades das aulas (49,3%). Com a necessidade de readaptação, os docentes não estavam totalmente preparados para lidar com as novas tecnologias, tanto em questão de conhecimento sobre as ferramentas, quanto em relação à infraestrutura tecnológica que tinham à disposição. Para os pais e responsáveis: Por fim, os pais e responsáveis de alunos do ensino básico também entraram no combo de agentes desafiados pela inclusão digital na pandemia. Muitas famílias são compostas por mais de um filho em idade escolar, que precisam assistir as aulas, acessar as atividades, entregar trabalhos e se comunicar com os professores. 34 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS O problema? Nem sempre essas famílias possuem equipamentos tecnológicos para todas as crianças e adolescentes. Com isso, os estudantes fazem uma espécie de revezamento para conseguirem visualizar os conteúdos das aulas. Para os pais e responsáveis, o desafio maior é garantir uma infraes- trutura adequada e auxiliar os seus filhos nesse processo de aprendizagem on-line, papel que, muitas vezes, acaba sendo bastante dificultoso. Como as instituições de ensino podem promover um processo educacional mais inclusivo? Como visto, promover a inclusão digital na pandemia não é apenas um esforço das instituições de ensino ou familiares, mas sim de toda a sociedade. Os desafios são inúmeros e precisamos cada vez mais nos engajar na cobrança de políticas públicas que priorizem o acesso à informação, maximizem o investimento nos estudantes de baixa renda e promovam melhores condições de aprendizagem e desenvolvimento. No entanto, escolas e universidades também possuem um papel importante na democratização do ensino com a adoção de ferramentas mais intuitivas e responsivas, que facilitam os estudos do aluno, independentemente das condições, por exemplo, permitindo acesso offline ou por diferentes dispositivos. Além disso, a implementação de metodologias ativas torna o processo de aprendizagem mais dinâmico e efetivo, focado nas necessidades dos estudantes, viabilizando melhor desempenho nas disciplinas e minimizando os impactos gerados pela pandemia no ensino. FONTE: <https://www.d2l.com/pt-br/blog/inclusao-digital-na-pandemia/>. Acesso em: 21 jun. 2021. 35 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Os avanços tecnológicos e a pandemia levaram a sociedade a um novo olhar sobre as formas de comunicação e como a mesma ocorre. • A Tecnologia da Informação e Comunicação mudou a forma das pessoas se relacionar e construírem seus saberes. • Hoje, as TICs utilizadas na educação vão além de livros e um giz para passar o conteúdo para os alunos, a aprendizagem expositiva é quase que totalmente ultrapassada pela disponibilidade de tecnologias e formas com que o aluno recebe informação a todo momento, seja na internet, na televisão, revistas, jornais, anúncios, ou qualquer outro meio de transmissão de informação utilizado, existe uma participação do aluno na própria aprendizagem uma troca de conhecimentos dentro da sala de aula muito maior do que ocorria a 10 anos atrás nas salas de aula. • A revolução na área de tecnologias vem trazendo inovações e junto com essas inovações inúmeros desafios, principalmente dos educadores, pois para a maioria ainda é difícil dominar as TICs. 36 1 (IFRN, 2011) Analise atentamente a charge a seguir: AUTOATIVIDADE FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/28693282>. Acesso em: 7 out. 2021 Com base na charge, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As TICs são muitas vezes usadas para reforçar crenças existentes sobre ambientes de ensino em que ensinar é explicar e aprender é escutar. b) ( ) A contribuição mais significativa das tecnologias da informação e da comunicação é a capacidade para intervir como mediadoras nos processos de aprendizagem. c) ( ) As escolas planejam a utilização dos recursos tecnológicos como um in- vestimento na capacidade dos alunos de adquirir sua própria educação. d) ( ) A utilização das TICs na escola é resultado de decisõescolegiadas que respondam, de forma satisfatória, às iniciativas dos professores. 2 (ENEM, 2019) “O computador, dando prioridade à busca pela própria felicidade, parou de trabalhar para os humanos”. É assim que termina o conto O dia em que um computador escreveu um conto, escrito por uma inteligência artificial com a ajuda de cientistas humanos. Os cientistas selecionaram palavras e frases que seriam usadas na narrativa, e definiram um roteiro geral da história, que serviria como guia para a inteligência https://brainly.com.br/tarefa/28693282 37 artificial. A partir daí o computador criou o texto combinando as frases e seguindo as diretrizes que os cientistas impuseram. Os juízes não sabem quais textos são escritos por humanos e quais são feitos por computadores, o que mostra que o conto estava bem escrito. O dia só não passou para as próximas etapas porque, de acordo com os juízes, os personagens não foram muito bem descritos, embora o texto estivesse estruturalmente impecável. A ideia dos cientistas é continuar desenvolvendo a criatividade da IA para que ela se pareça cada vez mais com a humana. Simular esse tipo de resposta é difícil, porque o computador precisa ter, primeiro, um banco de dados vasto vinculado a uma programação específica para cada tipo de projeto — escrita, pintura, música, desenho e por aí vai. FONTE: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 5 dez. 2018 Com base nas limitações da tecnologia utilizada na composição do conto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A indistinção entre personagens produzidos por máquinas e seres humanos. b) ( ) Necessidade de reformulação da base de dados elaborada por cientistas. c) ( ) Autonomia de programas computacionais no desenvolvimento ficcional. d) ( ) Diferença entre a estrutura e a criatividade da linguagem humana. 3 (IFRN, 2011) As transformações decorrentes do avanço das TICs têm cada vez mais exigido a formação de um professor com capacidades de mediar o processo de descoberta, assimilação e construção de novos conhecimentos. Esse professor seria o que inúmeros autores classificam como mediador. Sobre mediação pedagógica, analise as sentenças a seguir: I- Uma prática, verdadeiramente mediadora, depende fundamentalmente dos meios tecnológicos, sem os quais se torna inviável o processo de interação. II- A mediação é a característica da interação especialmente na experiência de aprendizagem e na transmissão cultural. III- A mediação pedagógica não é possível em situações em que o professor utiliza técnicas didático-pedagógicas tradicionais. IV- O uso das TIC não garante a qualificação da prática docente mediadora, podendo até mesmo ser um obstáculo a essa realização. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II e III estão corretas. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. 38 4 A utilização dos recursos tecnológicos no contexto escolar requer um olhar especial para os avanços da comunicação e as transformações das relações sociais e culturais. Com base no exposto, disserte sobre os avanços e as transformações das relações sociais e culturais. 5 A democratização da informação deveria ser um direito de todos ainda mais quando estamos lidando com tecnologia da informação. Disserte sobre o que pode impedir que a informação chegue para todos de forma democrática. 39 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, até o momento, nos deparamos com diversos mecanismos que compõem todo o entendimento das tecnologias da informação e da comunicação, as possibilidades e suas formas na sociedade atual. Agora, entraremos numa das partes mais importantes para que essa melodia ocorra: o professor. Momento de perceber as tecnologias como aliadas do processo de ensino e aprendizagem. Começaremos com um panorama sobre a utilização e a função docente frente as tecnologias e o currículo no processo de ensino e aprendizagem. Neste tópico, ao refletirmos sobre competências e habilidades para a relação entre tecnologia, informação, currículo, ferramenta e processos pedagógicos. Bons estudos! 2 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DO PROFESSOR Sabemos da importância da informação e dos meios pelos quais ela percorre para chegar até o indivíduo, mas acima de tudo perceber a importância que a educação tem na compreensão da mensagem. O ato educativo vem sofrendo transformações através das últimas décadas e a prática educativa é a que sofre a influência direta da crescente digitalização das atividades sociais. Queira ou não, o computador vai até a escola, seja na forma do desktop ou nos smartphones, não conseguimos mais escapar dessa educação tecnológica e em rede. Aoki (2004, p. 45) traz a reflexão: Parece inevitável que a educação atual deva buscar o entendimento entre a sociedade contemporânea e a futura, que deva adquirir a capacidade de adequar-se e de apresentar resultados e propostas aos desafios que se apresentam. Ser capaz de compreender, de debater e desenvolver os novos elementos que surgem, como: questões ambientais, biogenética, AIDS, alteração dos polos de poder econômico e político. Isso implica ser capaz de perceber o mundo como uma aldeia, desenvolver o pensamento interdisciplinar; estar apto a propiciar condições para a organização de sociedade e Estado, desenvolvendo um senso democrático. E, principalmente, ter como objetivo máximo, a participação como sujeito nesse processo. 40 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Para poder efetivar um processo de aprendizagem efetivo é necessário o olhar na formação do grande maestro dessa orquestra toda, o PROFESSOR. Não podemos falar em ensino e aprendizagem se não buscarmos olhar em como esse ícone vai trabalhar e construir o saber com seus alunos. A discussão e o olhar para a formação do professor é mais que necessária e importante quando falamos em educação em um trabalho que a escola faz com as tecnologias da informação e da comunicação, segundo Almeida e Menezes (2004, p. 1): Ao explorar as potencialidades das TIC no seu cotidiano, principal- mente com o acesso à Internet, a escola abre-se para novas relações com o saber, vivenciando a comunicação compartilhada e a troca de informações com outros espaços do conhecimento que possuem os mesmos interesses. Ser estudante na sociedade do conhecimento tem vários desafios impostos pela Sociedade da Informação e da Sociedade da Comunicação: o fluxo de informação é abundante e, às vezes, pode ser nefasto, mais confundindo e distraindo os aprendizes do que os auxiliando na construção de novos saberes. Essa realidade tem se constituído num grande desafio aos docentes, Coutinho e Lisboa (2011, p. 10) dão pistas de novos modos de ação que requerem a intervenção docente, em especial, que se “estabeleçam critérios para organizar e selecionar as informações, e não simplesmente ser influenciado e ‘moldado’ pelos constantes fluxos informativos disponíveis”. Para Coutinho e Lisboa (2011, p. 10), a inovação no processo educacional está pautada pelas “inúmeras possibilidades de propiciar aos utilizadores da rede global a construção dos seus conhecimentos por meio de processos infor- mais, através da conectividade e dos constantes feixes de interações entre as pessoas”. Essa conectividade entre as pessoas, “cujo principal veículo conti- nua sendo a palavra escrita embora não seja mais impressa” (POZO, 2004 apud COUTINHO; LISBÔA, 2011, p. 10), tem tomado proporções até então desconhe- cidas pela sociedade, desafiando os modos de concepção e funcionamento das instituições modernas. Para Coll e Monereo (2010), pensar o perfil do estudante do século XXI é considerar a alfabetização digital como algo necessário para seu desempenho acadêmico. Esses autores lembram que há diferentes níveis de alfabetização digital,como níveis mais operacionais ou ferramentais até o uso social, que resulta em práticas sociais e culturais de convívio e aprendizagem que podem potencializar a participação na construção de verdadeiras comunidades de aprendizagem. Lindo ouvirmos falar em como a aprendizagem pode ocorrer com as TICs, mas devemos olhar para a base de quem fará essa construção, é necessário que ele esteja disposto a uma atualização permanente e atento às mudanças que ocorrem cotidianamente. TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 41 Segundo Cerqueira et al. (2009, p. 11): a formação adequada dos professores é imprescindível para que a aprendizagem esteja centrada no desenvolvimento intelectual de cada aluno, de forma que uma impossibilidade para andar, ouvir, enxergar, ou um déficit, não sejam classificados como falta de competência para aprender e nem tampouco como causa para que os alunos desistam da escolarização. Para pensarmos em estrutura de educação e no professor, precisamos focar no início de sua jornada, buscando entender sua formação recebida no início da vida profissional. Para alguns profissionais da educação, o curso de magistério foi à formação inicial exigida antes do ingresso a carreira docente. Disposto no art. 30 da LDB 5.692/71, que exigia como formação mínima para o exercício do magistério no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau. Como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/1996) o curso de licenciatura, de nível superior, passou a ser a formação inicial mínima exigida para a atuação docente. Conforme, determinado no artigo 62 que: a formação de docente para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível médio, na modalidade normal. Nóvoa (1997, p. 24) afirma que: Infelizmente, a formação inicial do professor, algumas vezes, se distancia da realidade docente […] a formação de professores pode desempenhar um papel importante na configuração da nova profissionalização docente estimulando a emergência de uma cultura profissional no seio do professorado de uma cultura organizacional das escolas. A formação de professores tem ignorado, sistematicamente, o desenvolvimento pessoal, confundindo ‘formar’ e ‘formar-se’, não compreendendo que a lógica da atividade docente nem sempre coincide com as dinâmicas próprias da formação. Ferreira (2014, p. 33) enfatiza que: os alunos dos cursos de formação de professores, seja inicial ou continuada, sempre relatam a importância do conhecimento teórico em sua formação, mas enfatizam a necessidade de relacionar a teoria que está sendo contextualizada com a prática que será desenvolvida pelo professor da educação. O conhecimento teórico e prático deve estar presente desde a formação inicial, para que o professor tenha subsídios que integrem antigas e novas metodologias a sua prática pedagógica. 42 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Demo (1997, p. 94) afirma que é preciso: consolidar ambiente acadêmico comprometido, nos alunos e nos professores, com pesquisa, elaboração própria, produtividade, mérito; […] exigir, ao final do curso, a leitura de trabalho científico denso, cuja função principal é demonstrar que o aluno é capaz de construir projeto pedagógico próprio. Segundo Pimenta e Anastasiou (2005, s.p.): a formação continuada é, sem dúvida um recurso à construção de uma docência com qualidade, proporcionando ao professor a oportunidade de refletir sistematicamente sobre a sala de aula, o seu papel, o significado do ensinar e do aprender, o planejamento, o encaminhamento metodológico, a avaliação, dentre outros. Ainda nesse pensamento, Oliveira (2015, p. 14) considera que: a Modernidade e a tecnologia estão do cerne desta questão, trazendo à tona um assunto que necessita de ampliação e aprofundamento teórico, ou seja, a formação de professores inicial e continuada, que permita criar espaços para refletir sobre o papel do docente na sociedade frente ao pensamento complexo. E, neste movimento, busca-se construir uma prática pedagógica que acolha o paradigma da complexidade, que projete uma aprendizagem com ênfase na transdisciplinaridade e que usufrua de uma visão crítica do uso da tecnologia. A aquisição do conhecimento do professor nas TICs ocorre de maneira progressiva através de experiências, interações e formações pessoais. Para Piaget (1998 apud SLOCZINSKI; CHIARAMONTE, 2005): [...] o conhecimento é fruto de um processo de ‘construção contínua’ que ocorre indefinidamente ao longo da vida, na ação pessoal, em cada realidade, oportunidade, contexto social, cultural e econômico. Para o construtivista, o conhecimento é uma atividade construída pelo aprendiz e não apenas uma descoberta, pois surge das relações estabelecidas, das ações realizadas e da sua experiência no mundo. Portanto, os processos, assim como os resultados, se diferenciam de um indivíduo e de um contexto para outro”. Sette, Aguiar e Sette (2021, p. 38) ressaltam a importância da integração dos conhecimentos de informática e de ferramentas computacionais aos cursos de licenciatura “[...] os conhecimentos de informática e as ferramentas computacionais devem integrar processos pedagógicos amplos em situações de formação bem definidas”. Os alunos dos cursos de licenciatura não podem mais se abster dessa formação tecnológica articulada à dimensão pedagógica dos processos de ensino e aprendizagem, por isso, a abordagem interdisciplinar do trabalho pedagógico constitui um imperativo. TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 43 Para Costa (2019, p. 283), “a formação continuada deve ser capaz de qua- lificar o docente conforme o dia a dia do docente, propor temas e métodos de operacionalização que busquem auxiliar os docentes a refletir e a enfrentar as adversidades vivenciadas na prática”. Para uma melhor atuação profissional do professor, ele deve passar pela experiência do aprendizado do uso pertinente das TICs. Ao pensarmos em educação com foco no professor e as novas normativas, principalmente com o olhar na educação à distância a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394/1996, regulamentou a Modalidade de Educação a Distância no Brasil. Nos seus artigos 80 e 87, parágrafo 3º, item III legislando sobre a importância da Educação a Distância em programas de Capacitação para Professores em Exercício, assegurando por meio da lei “que o poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de educação continuada”. As formações precisam ter em suas bases que ao contrário do que grande parte da sociedade pensa, os recursos tecnológicos não foram implantados nas escolas para facilitar o trabalho dos educadores, para que ele pudesse através de nossos percursos e ferramentas desafiasse o educando para que o seu aprender pudesse partir da realidade do mundo e principalmente para que esse indivíduo consiga então agir sobre essa realidade, transformando-a e assim transformando a si próprio. Todo e qualquer conhecimento implica uma série de ações, e todo indivíduo deve agir sobre o objeto do conhecimento para que se torne possível reconstruí-lo e até mesmo ressignificá-lo. 3 AS TECNOLOGIAS NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Quando olhamos e analisamos os perfis dos nossos estudantes e a evolução da sociedade percebemos que a escola ficou muito tempo parada em algum lugar, não acompanhando esse pensamento e essa tecnologia em teia. Buscando embasar, temos as colocações de Almeida e Valente (2011, p. 19) de que a inserção das tecnologias digitais no currículo são exatamente delineadas como dispositivos de complementaridade, integração e personalização de novos processos, contornos, linguagens, pensamentos,formas de promover a cultura e, principalmente, de “novos horizontes em relação à flexibilização de hierarquias espaço-temporais da escola, potencializam novas formas de aprender, ensinar e a lidar com os conhecimentos” que integram o currículo. Ainda dentro desse pensamento, acrescenta-se que a presença das tecnologias digitais no currículo proporciona o intercâmbio entre o conhecimento cotidiano e científico, cultural e popular dos estudantes, dos professores e da cultural digital com aqueles conhecimentos que emergem das relações de ensino e aprendizagem socialmente válidos e sistematizados no currículo. 44 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Todavia, o que seria o currículo? Como as grandes obras nos trazem o termo currículo tem origem no latim e significa “curriculum”, cujo sentido original refere-se à “pista de corrida, caminhada, percurso a seguir e encerra” (MACEDO; MACEDO, 2012, p. 7), dando a entender, literalmente, segundo Lopes e Macedo (2011, p. 16), duas ideias pontuais: “[...] uma de sequência ordenada e outra de noção de totalidade de estudos”. Seguido por essa definição conceitual, as mesmas autoras comentam que o lexema currículo proveniente do étimo “currere” é definido “[...] como um processo das coisas, como uma ação, como um sentido particular e uma esperança pública” (LOPES; MACEDO, 2011, p. 35). Costa et al. (2016, p. 523) abordam que os currículos: [...] não são tecidos coesos, ordenados de um modo coerente, gradual, processual e sem contestações e sim campos de confluências de forças, os quais travam lutas para definir quais sentidos de educação prevalecem e quais os tipos de sujeitos terão primazia. As autoras mostram que o currículo é marcado por um campo que está em constante processo de construção coletiva, coparticipação colaborativa e de reconceptualização, face ao corpus cultural que vivem e com as quais convivem em sua dimensão contextual, do ambiente vivido e do espaço educativo. Ao trazermos essa leitura para o entendimento do currículo se faz necessário a partir do momento que nossas normativas nos cercam e nos dão luz sobre a utilização e os caminhos que devemos percorrer para a utilização das tecnologias no e para a educação. O currículo está alinhado às competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e às habilidades da Base e seu objetivo é ajudar na implementação do que estabelece a 5ª competência geral: compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética, nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Porém, como pensar nesses currículos e nessas escolas? Segundo Marinho (2006, p. 1), “a escola e o currículo não estão dando conta de acompanhar essas mudanças da sociedade e de preparar seus alunos e alunas para um mundo que é bem diferente daquele para o qual, por exemplo, nós fomos preparados”, e ainda complementa: Parecemos estar convencidos de que somos “modernos” porque colocamos computadores nas nossas salas de aulas. Mas, na verdade, somos o que Pedro Demo (1993) chama de modernosos. A postura modernosa seria aquela que maquia de moderno o que, no fundo, TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 45 continua arcaico (DEMO, 1993, p.28). E o currículo, currículo que é retrato de escola, está envelhecido independente das tecnologias. É o arcaico que persiste. (DEMO, 1993, p28 apud MARINHO, 2006, p. 1). Segundo Guerreiro e Battini (2014, p. 299), temos a seguinte reflexão: Atualmente é ampla a discussão em relação à Educação Básica no Brasil. Vários são os fatores que levam esta pauta adiante nas esferas de construção de políticas públicas e de efetivação das mesmas. A busca pelo avanço na qualidade do ensino na educação básica permeia os documentos oficiais, onde diversos programas são desenvolvidos, seja na esfera federal, estadual ou municipal de ensino. Em torno de diversos apontamentos, de efetivações ou não da melhoria da qualidade de ensino, há dúvidas em relação as novas tecnologias no ambiente escolar, e muito se questiona se de fato ela pode ser uma aliada nos processos de ensino aprendizagem, ou de nada contribui como recurso pedagógico em sala de aula. Ainda nesta linha, Guerreiro e Battini, (2014, p. 299) apontam que: Quando refletimos não apenas nas inovações que percebemos através das tecnologias, mas de que forma elas podem se efetivar como oportunidades de recursos em especial na educação básica da rede pública de ensino, sem dúvida nos deparamos com diversos desafios, como por exemplo os desafios estruturais, como custos encarecidos para implantação de internet nas escolas, aquisição de computadores e outros materiais para utilização eficaz destas tecnologias; manutenção contínua destes recursos, que muito rapidamente evolui em termos tecnológicos; contratação de profissionais capacitados que estejam disponíveis na escolas com suporte para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico pautado na utilização de novas mídias e novos recursos didáticos. Existem programas nas diversas esferas governamentais que estão atingindo as escolas, mas ainda muito timidamente comparados ao número de escolas e demanda reprimida no aguardo da implantação. Sacristán (2000, p. 101) salienta: Sobre o currículo incidem as decisões sobre os mínimos a que se deve ater a política da administração num dado momento, os sistemas de exame e controle para passar para níveis superiores de educação, assessores e técnicos diversos, a estrutura do saber de acordo com os grupos de especialistas dominantes num dado momento, elaboradores de materiais, os seus fabricantes, editores de guias de livros-texto, equipes de professores organizados etc. Ao falarmos em currículo e na instituição escola como espaços e am- bientes educativos que proporcionam a ampliação da aprendizagem humana e focada em construir o saber e preparar o indivíduo para a vida. Assim, é lugar de construção de conhecimentos, de convívio social e de constituição da cidada- nia, isso nos leva a olhar para o campo do currículo escolar como uma dimensão que envolve múltiplos agentes que têm compreensões diversas, peculiaridades e singulares. 46 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Analisar, repensar e reconhecer as questões curriculares e suas interfaces com as práticas pedagógicas, ou seja, seus percursos formativos, implicam buscar possibilidades mais eficazes e a garantia do direito à educação para todos com qualidade e eficiência pedagógica, buscando a integralização com as ferramentas tecnológicas e sua utilização. Quando falamos em existirem problemas curriculares, encontramos alguns autores, os quais indicam a necessidade de se compreender os aspectos políticos, administrativos, de produção de materiais institucionais, pedagógicos, entre outros, para se compreender as práticas pedagógicas cotidianas. Assim, para refletirmos sobre tal situação, é necessário olharmos para sua construção interna, que ocorre no desenvolvimento das práticas escolares, pois atualmente o que visualizamos em educação é que as decisões não se produzem linearmente conectadas com a prática educativa. É preciso alinhar a teoria com a prática efetiva de sala aula, currículo e demais normativas. Nesse sentido: Concebemos o conhecimento escolar como uma construção específica da esfera educativa, não como uma mera simplificação de conheci- mentos produzidos fora da escola. Consideramos, ainda, que o co- nhecimento escolar tem características próprias que o distinguem de outras formas de conhecimento. Ou seja, vemos o conhecimento es- colar como um tipo de conhecimento produzido pelo sistema escolar e pelo contexto social e econômico mais amplo, produção essaque se dá em meio a relações de poder estabelecidas no aparelho escolar e entre esse aparelho e a sociedade. O currículo, nessa perspectiva, constitui um dispositivo em que se concentram as relações entre a so- ciedade e a escola, entre os saberes e as práticas socialmente construí- dos e os conhecimentos escolares (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 22). Retomando a linha de pensamento, o currículo é algo amplo e significativo, mais do que uma simples lista de objetivos, conteúdos e critérios de avaliação com os quais o professor deve trabalhar durante o ano letivo. Assim, “o currículo é sempre resultado de uma seleção de um universo mais amplo de conhecimentos e saberes” (SILVA, 2001, p. 15), pois a seleção é feita a partir de interesses diversos, o que irá constituir precisamente o currículo. Portanto, o currículo exprime relações de poder, identidade, conflito e interesses. Para que o trabalho seja efetivo e coerente é preciso termos um currículo que pertença e, portanto, “qualquer tentativa de organizar uma teoria coerente deve dar conta de tudo o que ocorre nesse sistema curricular, vendo como a forma de seu funcionamento num dado contexto afeta e dá significado ao próprio currículo” (SACRISTÁN, 2000, p. 103). TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 47 FIGURA 5 - OS MOMENTOS DO CURRÍCULO FONTE: Sacristán (2000, p. 105) Valente (apud TEZANE, 2011, p. 42) afirma que as tecnologias proporcionarão um grande impacto no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que essa facilidade de acesso às informações pode oferecer inúmeras possibilidades para a prática pedagógica. Entretanto, esse mesmo autor alerta que existe uma gama de atividades que podem contribuir para o processo de construção do conhecimento, mas os professores devem ficar atentos, pois as tecnologias podem ser utilizadas favorecendo o trabalho com os conteúdos de modo tradicional, sem inovação, e assim não contribuir para a construção de novos conhecimentos: No trabalho com projetos há de se ir além da superação de de- safios, buscando desvelar e formalizar os conceitos implícitos no desenvolvimento do trabalho para que se estabeleça o ciclo da produção do conhecimento científico que vai tecendo o currículo na ação (VALENTE apud TEZANE, 2011, p. 42). Tezane (2011, p. 44) pontua brilhantemente o papel do currículo, das tecnologias e do professor no que tange a educação e o docente: Ensinar não é simplesmente transmitir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou construção. Entretanto, consideramos que aprender é construir conhecimentos e, para tanto, é necessário que haja interação entre pessoas e objetos. Este processo interativo nos coloca em situações diversas, nas quais necessitamos buscar informações e saber aplicá-las. A aplicação da informação exige sua interpretação e seu processamento, o que implica a atribuição de significados, para que a informação passe a ter sentido para aquele aprendiz. 48 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS [...] há necessidade de que as barreiras de ordem administrativa e pedagógica sejam ultrapassadas, para que o sistema fragmentado se dilua e a abordagem integradora dos conteúdos, voltados para a elaboração de projetos temáticos, seja desenvolvida com os alunos. O desafio é enorme, pois falamos de integração efetiva das tecnologias no currículo, de modo que elas sejam incorporadas às práticas pedagógicas docentes. [...] repensar a prática pedagógica cotidiana diante do contexto das TIC. • Há possibilidade de integração real das TIC ao currículo escolar? • A construção curricular é permeada por práticas democráticas? • Como preparar o docente para a integração das tecnologias ao currículo escolar? • Afinal, qual seria a melhor forma de integrar as TIC ao currículo escolar? • Como garantir que a prática pedagógica curricular cotidiana atenda aos anseios do processo de ensino e aprendizagem e trabalhe com as TIC de modo transversal? TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 49 LEITURA COMPLEMENTAR FORMAÇÃO DOCENTE E NOVAS TECNOLOGIAS Luís Paulo Leopoldo Mercado Universidade Federal de Alagoas – Brasil 1 INTRODUÇÃO O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. No contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação exige uma abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado. As novas tecnologias e o aumento exponencial da informação levam a uma nova organização de trabalho, em que se faz necessário: a imprescindível especialização dos saberes; a colaboração transdisciplinar e interdisciplinar; o fácil acesso à informação e a consideração do conhecimento como um valor precioso, de utilidade na vida econômica. Diante disso, um novo paradigma está surgindo na educação e o papel do professor, frente às novas tecnologias, será diferente. Com as novas tecnologias pode-se desenvolver um conjunto de atividades com interesse didático-pedagógico, como: intercâmbios de dados científicos e culturais de diversa natureza; produção de texto em língua estrangeira; elaboração de jornais interescolas, permitindo desenvolvimento de ambientes de aprendizagem centrados na atividade dos alunos, na importância da interação social e no desenvolvimento de um espírito de colaboração e de autonomia nos alunos. O professor, nesse contexto de mudança, precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la e como utilizá-la. Esse educador será o encaminhador da autopromoção e o conselheiro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de grupos reunidos por área de interesses. A qualidade da educação, geralmente centradas nas inovações curricu- lares e didáticas, não pode se colocar à margem dos recursos disponíveis para levar adiante as reformas e inovações em matéria educativa, nem das formas de gestão que possibilitam sua implantação. A incorporação das novas tecnologias como conteúdos básicos comuns é um elemento que pode contribuir para uma maior vinculação entre os contextos de ensino e as culturas que se desenvolvem fora do âmbito escolar. 50 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS Frente a esta situação, as instituições educacionais enfrentam o desafio não apenas de incorporar as novas tecnologias como conteúdo do ensino, mas também reconhecer e partir das concepções que as crianças têm sobre estas tec- nologias para elaborar, desenvolver e avaliar práticas pedagógicas que promo- vam o desenvolvimento de uma disposição reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos. A sociedade atual passa por profundas mudanças caracterizadas por uma profunda valorização da informação. Na chamada Sociedade da Informação, processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo. Cabe a educação formar esse profissional e para isso, esta não se sustenta apenas na instrução que o professor passa ao aluno, mas na construção do conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento de novas competências, como: capacidade de inovar, criar o novo a partir do conhecido, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia, comunicação. É função da escola, hoje, preparar os alunos para pensar, resolver problemas e responder rapidamente às mudanças contínuas. 2 NOVAS TECNOLOGIAS E NOVAS FORMAS DE APRENDER Com as Novas Tecnologias da Informação se abrem novas possibilidades à educação, exigindo uma nova postura do educador. Com a utilização de redes telemáticas na educação, pode-se obter informações nas fontes, como centros de pesquisa, Universidades, Bibliotecas, permitindo trabalhosem parceria com diferentes escolas; conexão com alunos e professores a qualquer hora e local, favorecendo o desenvolvimento de trabalhos com troca de informações entre escolas, estados e países, através de cartas, contos, permitindo que o professor trabalhe melhor o desenvolvimento do conhecimento. O acesso às redes de computadores interconectadas à distância permitem que a aprendizagem ocorra frequentemente no espaço virtual, que precisa ser inserido às práticas pedagógicas. A escola é um espaço privilegiado de interação social, mas esse deve interligar-se e integrar-se aos demais espaços de conhe- cimento hoje existentes e incorporar os recursos tecnológicos e a comunicação via redes, permitindo fazer as pontes entre conhecimentos se tornando um novo elemento de cooperação e transformação. A forma de produzir, armazenar e dis- seminar a informação está mudando; o enorme volume de fontes de pesquisas é aberto aos alunos pela Internet, bibliotecas digitais em substituição às publi- cações impressas e os cursos à distância, por videoconferências ou pela Internet. A formação de professores para essa nova realidade tem sido crítica e não tem sido privilegiada de maneira efetiva pelas políticas públicas em educação nem pelas Universidades. As soluções propostas inserem-se, principalmente, em programas de formação de nível de pós-graduação ou, como programas de qualificação de recursos humanos. O perfil do profissional de ensino é orientado TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 51 para uma determinada "especialização", mesmo porque, o tempo necessário para essa apropriação não o permite. Como resultado, evidencia-se a fragilidade das ações e da formação, refletidas também através dos interesses econômicos e políticos (COSTA; XEXÉU, 1997). O objetivo de introduzir novas tecnologias na escola é para fazer coisas novas e pedagogicamente importantes que não se pode realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando metodologias adequadas, poderá utilizar estas tecnologias na integração de matérias estanques. A escola passa a ser um lugar mais interessante que prepararia o aluno para o seu futuro. A aprendizagem centra-se nas diferenças individuais e na capacitação do aluno para torná-lo um usuário independente da informação, capaz de usar vários tipos de fontes de informação e meios de comunicação eletrônica. Às escolas cabe a introdução das novas tecnologias de comunicação e conduzir o processo de mudança da atuação do professor, que é o principal ator destas mudanças, capacitar o aluno a buscar corretamente a informação em fontes de diversos tipos. É necessário também, conscientizar toda a sociedade escolar, especialmente os alunos, da importância da tecnologia para o desenvolvimento social e cultural. O salto de qualidade utilizando novas tecnologias poderá se dar na for- ma de trabalhar o currículo e através da ação do professor, além de incentivar a utilização de novas tecnologias de ensino, estimulando pesquisas interdisciplina- res adaptadas à realidade brasileira. As mais avançadas tecnologias poderão ser empregadas para criar, experimentar e avaliar produtos educacionais, cujo alvo é avançar um novo paradigma na Educação, adequado à sociedade de informação para redimensionar os valores humanos, aprofundar as habilidades de pensa- mento e tornar o trabalho entre mestre e alunos mais participativos e motivante. A integração do trabalho com as novas tecnologias no currículo, como ferramentas, exige uma reflexão sistemática acerca de seus objetivos, de suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das grandes habilidades e seus pré-requisitos, enfim, ao próprio significado da Educação. Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são necessárias e fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem. 3 PERFIL DO PROFESSOR E EXIGÊNCIAS DE FORMAÇÃO Existem dificuldades, através dos meios convencionais, para se preparar professores para usar adequadamente as novas tecnologias. É preciso formá-los do mesmo modo que se espera que eles atuem. 52 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS As tentativas para incluir o estudo das novas tecnologias nos currículos dos cursos de formação de professores esbarram nas dificuldades com o investimento exigido para a aquisição de equipamentos, e na falta de professores capazes de superar preconceitos e práticas que rejeitam a tecnologia mantendo uma formação em que predomina a reprodução de modelos substituíveis por outros mais adequados à problemática educacional. Os professores são profissionais que tem uma função recriação sistemática, sendo essa a única forma de proceder quando se tem alunos e contextos de ensino com características tão diversificadas, como sucede em todos os níveis de ensino. A função do professor é a criação e recriação sistemática, que tem em conta o con- texto em que se desenvolve a sua atividade e a população-alvo desta atividade. É preciso estimular a pesquisa e colocar-se a caminho com o aluno e estar aberto à riqueza da exploração, da descoberta de que o professor, também pode aprender com o aluno. na formação do professor, este, durante e ao final do processo, precisa incorporar na sua metodologia: • conhecimento das novas tecnologias e da maneira de aplicá-las; • estímulo à pesquisa como base de construção do conteúdo a ser veiculado através do computador, saber pesquisar e transmitir o gosto pela investigação a alunos de todos os níveis; • capacidade de provocar hipóteses e deduções que possam servir de base à construção e compreensão de conceitos; • habilidade de permitir que o aluno justifique as hipóteses que construiu e as discuta; • especialidade de conduzir a análise grupal a níveis satisfatórios de conclusão do grupo a partir de posições diferentes ou encaminhamentos diferentes do problema; • a capacidade de divulgar os resultados da análise individual e grupal de tal forma que cada situação suscite novos problemas interessantes à pesquisa. A sociedade do conhecimento exige um novo perfil de educador, ou seja, alguém: Comprometido - com as transformações sociais e políticas, com o projeto político pedagógico assumido com e pela escola. Competente - evidenciando uma sólida cultura geral que lhe possibilite uma prá- tica interdisciplinar e contextualizada, dominando novas tecnologias educacio- nais. Um profissional reflexivo, crítico, competente no âmbito da sua própria dis- ciplina, capacitado para exercer a docência e realizar atividades de investigação. Crítico - que revele, através da sua postura suas convicções, os seus valores, a sua epistemologia e a sua utopia, fruto de uma formação permanente, seja um intelectual que desenvolve uma atividade docente crítica, comprometida com a ideia do potencial do papel dos estudantes na transformação e melhoria da sociedade em que se encontram inseridos. TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 53 Aberto às mudanças - ao novo, ao diálogo, à ação cooperativa, que contribua para que o conhecimento das aulas seja relevante para à vida teórica e prática dos estudantes. Exigente - que promova um ensino exigente, realizando intervenções pertinen- tes, desestabilizando, e desafiando os alunos para que desencadeie a sua ação reequilibradora, que ajude os alunos a avançarem de forma autônoma em seus processos de estudos, e interpretarem criticamente o conhecimento e a sociedade de seu tempo. Interativo - que concorra para a autonomia intelectual e moral dos seus alunos trocando conhecimentos com profissionais da própria área e com os alunos, no ambiente escolar, construindo e produzindo conhecimento em equipe, promo- vendo a educação integral, de qualidade, possibilitando ao aluno desenvolver-se em todas as dimensões: cognitiva,afetiva, social, moral, física, estética. A formação de professores sinaliza para uma organização curricular inovadora que, ao ultrapassar a forma tradicional de organização curricular, estabelece novas relações entre a teoria e a prática. Oferece condições para a emergência do trabalho coletivo e interdisciplinar e possibilite a aquisição de uma competência técnica e política que permita ao educador se situar criticamente no novo espaço tecnológico. Ao professor cabe o papel de estar engajado no processo, consciente não só das reais capacidades da tecnologia, do seu potencial e de suas limitações para que possa selecionar qual é a melhor utilização a ser explorada num determinado conteúdo, contribuindo para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, por meio de uma renovação da prática pedagógica do professor e da transformação do aluno em sujeito ativo na construção do seu conhecimento, levando-os, através da apropriação desta nova linguagem a inserirem-se na contemporaneidade. O processo de preparação dos professores, atualmente, consiste em cursos ou treinamentos com pequena duração, para exploração de determinados programas, cabendo ao professor o desenvolvimento de atividades com essa nova ferramenta junto aos alunos, sem que tenha oportunidade de analisar as dificuldades e potencialidades de seu uso na prática pedagógica. Essas mudanças exigem uma profunda alteração curricular, em que os conteúdos acumulados pela humanidade serão os objetos do conhecimento, mas os novos problemas e os projetos para suas soluções comporão os procedimentos e atividades que serão avaliados pelas escolas para constatar sua eficácia. Para inovações novos instrumentos e utensílios serão necessários, entre eles as estradas da comunicação como a Internet e a capacitação docente para o domínio das novas tecnologias. Formar professores, nesse contexto, exige: 54 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS • mudanças na forma de conceber o trabalho docente, flexibilização dos currículos nas escolas e as responsabilidades da escola no processo de formação do cidadão; • socialização do acesso à informação e produção de conhecimento para todos; • mudança de concepção do ato de ensinar em relação com os novos modos de conceber o processo de aprender e de acessar e adquirir conhecimento; • mudança nos modelos/marcos interpretativos de aprendizagem, passando do modelo educacional predominante instrucionista, isso é, que o ensino se constrói a partir da aplicação do conhecimento teórico formulado a partir das ciências humanas e sociais que dariam fundamentos para a educação; • construção de uma nova configuração educacional que integre novos espaços de conhecimentos em uma proposta de inovação da escola, na qual o conhecimento não está centrado no professor e nem no espaço físico e no tempo escolar, mas visto como processo permanente de transição, progressivamente construído, conforme os novos paradigmas; • desenvolvimento dos processos interativos que ocorrem no ambiente telemático, sob a perspectiva do trabalho cooperativo. Para Frigotto (1996), um desafio a enfrentar hoje na formação do educador é a questão da formação teórica e epistemológica e essa tarefa não pode ser delegada à sociedade em geral. O locus adequado e específico de seu desenvolvimento é a escola e Universidade, em que se articulam as práticas de formação-ação na perspectiva de formação continuada e da formação inicial. O professor, na nova sociedade, revê de modo crítico seu papel de parceiro, interlocutor, orientador do educando na busca de suas aprendizagens. Ele e o aprendiz estudam, pesquisam, debatem, discutem, constroem e chegam a produzir conhecimento, desenvolver habilidades e atitudes. O espaço aula se torna um ambiente de aprendizagem, com trabalho coletivo a ser criado, trabalhando com os novos recursos que a tecnologia oferece, na organização, flexibilização dos conteúdos, na interação aluno-aluno e aluno-professor e na redefinição de seus objetivos. As informações que os jovens obtêm através da Internet não são apenas recebidas e guardadas. Elas representam um ponto de partida e não um fim em si mesmas. Quando um estudante encontra uma informação na Internet, ele a coloca no seu contexto, da sua realidade, busca mais informações a respeito, torna-a um elemento da sua própria formação, sabendo qual a importância daquilo que aprendeu. Quando estudantes podem trocar experiências e conhecimentos com colegas do mundo inteiro, assim como bibliotecas, centros de pesquisas, universidades, museus, todo um universo de percepção se abre para eles, a própria perspectiva de mundo e de realidade se modifica, dando lugar à formação de um conhecimento mais global, menos limitado às fronteiras nacionais e imediatas. Eles podem construir pontes de conhecimento e entender outras culturas, outros modos de compreender o significado das coisas, da realidade. TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 55 As mudanças que vem ocorrendo em todos os campos do saber desloca o modelo de educação escolarizada, que ocorre numa determinada faixa etária do aluno e num determinado espaço físico, apoiada na especialização do saber, para uma educação continuada que dá importância ao sujeito, à reflexão e a aprendizagem em sua aplicabilidade à vida social, fundamentada em princípios de cidadania e liberdade. A reflexão, como princípio didático, é fundamental em qualquer metodologia, levando o sujeito a repensar o processo do qual participa dentro da escola como docente. A formação deve considerar a realidade em que o docente trabalha, suas ansiedades, suas deficiências e dificuldades encontradas no trabalho, para que consiga visualizar a tecnologia como uma ajuda e vir, realmente, a utilizar-se dela de uma forma consistente. O processo de formação continuada permite condições para o professor construir conhecimento sobre as novas tecnologias, entender por que e como integrar estas na sua prática pedagógica e ser capaz de superar entraves administrativos e pedagógicos, possibilitando a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. Deve criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e as experiências vividas durante sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetos pedagógicos que se dispõem a atingir. Essa formação propicia condições necessárias para que o professor domine a tecnologia - um processo que exige profundas mudanças na maneira do adulto pensar. O objetivo da formação, além da aquisição de metodologias de ensino, conhecer profundamente o processo de aprendizagem, como ele acontece e como intervir de maneira efetiva na relação aluno-computador, propiciando ao aluno condições favoráveis para a construção do conhecimento. A ênfase do curso deve ser a criação de ambientes educacionais de aprendizagem, nos quais o aluno executa e vivencia uma determinada experiência, ao invés de receber do professor o assunto já pronto. Um curso de formação em novas tecnologias prevê espaços para o desenvolvimento de atividades de integração de tecnologias em educação, como trabalhar em grupos que desenvolvem formas de utilizar as tecnologias com finalidade educacional. Para essa capacitação: • professores se apropriam das novas tecnologias como um recurso próprio, como livros e lápis, e não como uma "caixa preta" imposta externamente; • educação permanente é um componente essencial da formação de professores. Seria útil se existissem centros de apoio em que os professores pudessem testar programas e receber orientações sobre o uso; • há considerável necessidade para a cooperação local e inter-regional, estimulada através de encontros periódicos e jornais para a troca de experiências e de programas, estimulados pelo governo ou outrasinstituições; 56 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS • enfatizar atitudes pedagógicas de inovação e interação nas equipes interdisciplinares; • uma visão integrada de ciência e tecnologia que busque entender os processos científicos e a mudança nos paradigmas científicos. Isso é recomendado de maneira a se colocar a tecnologia educacional na perspectiva de um esforço científico. Para essa inserção social, é fundamental o trabalho em equipe, trabalhar em equipe e participar efetivamente de um processo contínuo que tem início na apropriação da intencionalidade de um projeto, mediante a tomada de consciência dos objetivos e do sentido da situação; planejamento das ações pelas quais se implementará o mesmo projeto; dos momentos de avaliação e de reorientações. Essa participação implica em compartilhar os esforços de descoberta dos caminhos, de elucidação dos obstáculos, visando-se sempre fazer com que a intencionalidade global do projeto se explicite claramente, se torne coletiva, enquanto visada de um grupo que, em volta dela, se constitui solidário. O trabalho cooperativo como uma estratégia incentivadora nas relações de trabalho entre indivíduos, é estimulante e através dele encontra-se um modelo em que a convivência social e a autoestima são incrementadas. As ferramentas de apoio ao trabalho cooperativo utilizando novas tecnologias, são os hipertextos, correio eletrônico, editores cooperativos de textos e as salas de aula virtuais. As mudanças que as tecnologias favorecem na postura do professor em aula: ajuda os alunos a estabelecerem um elo entre os conhecimentos acadêmicos com os adquiridos e vivenciados, ocorrendo uma troca de ideia e experiências, em que o professor, em muitos casos, se coloca na posição do aluno, aprendendo com a experiência deste. Durante as aulas os alunos são levados a pesquisar e estudar individualmente, bem como a buscar informações e dados novos para serem trazidos para estudo e debates em aula. Enfatiza-se uma aprendizagem ativa e um processo de descobertas dirigidas. Incentiva-se a aprendizagem interativa em pequenos grupos. As principais diretrizes teóricas na educação na Sociedade da Informação (DOWBOR; DRUCKER, 1993), permitem desenvolver vários níveis de competência: Conhecimento - transformar a informação em conhecimento, captar a informação relevante, senti-la, relacioná-la com a vida. Ajudar a estimular o que é relevante na informação, a transformá-la, a saber integrá-la dentro de um modelo mental/emocional equilibrado e transformá-la em ação presente ou futura. Aprender a navegar entre tantas e tão desencontradas informações, entre modelos contraditórios de conhecimento, de visões de mundo opostas. Desenvolvimento pessoal - integração pessoal, trabalhar a identidade positiva, a autoestima, o valor dos professores. Permitir um professor com novos e variados papéis, que funcione como planejador e como orientador da aprendizagem, capaz de se comunicar, criativo, consciente de sua responsabilidade TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 57 para contribuir com a transformação da sociedade, e de seus limites como pessoa e como profissional, em constante aperfeiçoamento, e assume conscientemente seu autoaperfeiçoamento. É o professor que usa as próprias experiências para refletir criticamente sobre sua própria prática docente, e na ação-reflexão-ação vai promovendo seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional. Desenvolvimento cognitivo - os ambientes computacionais quando voltados para a inteligência e o desenvolvimento cognitivo como processos básicos da aprendizagem podem constituir-se num desafio à criatividade e invenção. Uma nova ecologia cognitiva (Lévy,1993) significa uma nova dinâmica na construção do conhecimento, um novo movimento, novas capacidades de adaptação e de equilíbrio dinâmico nos processos de construção do conhecimento, um novo jogo entre sujeito e objeto, um novo enfoque mostrando o enlace e a interatividade existentes entre as coisas do cérebro e os instrumentos que o homem utiliza. Comunicação - Aprender a manifestar o que o indivíduo é, o que sente, deseja, captar o que é o outro em todas as suas dimensões. Aprender a comunicar- se com todas as linguagens - oral, escrita, áudio-vídeo-gráfica - com todo o ser, corpo, mente, gestos. Desenvolver formas de interação, baseadas na confiança, na valorização mútua, na interação sensorial-emocional-intelectual aberta, criativa e organizada. O educador é um comunicador que expressa capacidade de motivar, de liderar, de coordenar e de adaptar-se aos vários ritmos dos diversos grupos. Trabalho interdisciplinar - as redes de computadores podem oferecer efetivas oportunidades para trabalho cooperativo, mas problemas estruturais encontrados no contexto escolar para uso de redes, que incluem acesso, custos telefônicos para ligação on-line, tempo e equipamento, podem dificultar seu uso, devendo ser buscadas alternativas para superar esses problemas. Criticidade - não basta que os alunos simplesmente se lembrem das informações: eles precisam ter a habilidade e o desejo de utilizá-las, precisam saber relacioná-las, sintetizá-las, analisá-las e avaliá-las. Juntos, estes elementos constituem o pensamento crítico aparecendo em aula quando os alunos se esforçam para ir além de respostas simples, quando desafiam ideias e conclusões e procuram unir eventos não relacionados dentro de um entendimento coerente do mundo. Mas sua aplicação mais importante está fora da sala de aula. A habilidade de pensar criticamente apresenta pouco valor se não for exercitada no dia a dia das situações da vida real. É aí que as redes telemáticas têm seu papel, fornecendo o cenário para interessantes aventuras do intelecto. É preciso que se crie condições para que os participantes desenvolvam visão crítica frente a utilização das Novas Tecnologias na Educação, e se desenvolva estudos sobre ambientes computacionais, proporcionando a ação e a reflexão sobre objetos de conhecimento, favorecendo a aprendizagem a partir de situações experimentais e conjeturais. 58 UNIDADE 1 — COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E ENSINO: PROCESSO DE CONEXÃO ENTRE MENSAGENS 4 CONCLUSÃO As novas tecnologias podem ter um significativo impacto sobre o papel dos professores, pela reciclagem constante recebida via rede, em termos de conteúdo, métodos e uso da tecnologia, apoiando um modelo geral de ensino que encara os estudantes como participantes ativos do processo de aprendizagem e não como receptores passivos de informações ou conhecimento, incentivando-se os professores a utilizar redes e começarem a reformular suas aulas e a encorajar seus alunos a participarem de novas experiências. Alguns pontos positivos: ao ter acesso as tecnologias da informação e sua transformação em conhecimento durante todo o período escolar, os alunos serão posteriormente agentes de mudança no setor produtivo e de serviços ao influir naturalmente no uso destas. O uso adequado destas tecnologias estimula a capacidade de desenvolver estratégias de buscas; critérios de seleção e habilidades de processamento de informação, não só a programação de atividades. Em relação a comunicação, estimula o desenvolvimento de habilidades sociais, a capacidade de comunicar efetiva e coerentemente, a qualidade da apresentação escrita das ideias, permitindo a autonomia e a criatividade. Os trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente em rede para quem quiser. Alunos e professores encontram inúmeros recursos que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação. A possibilidade de que os usuários tenham acesso às redes de informação de todo o mundo durante todo o período escolar, independente do lugar geográfico em que estudam, amplia sua visão de mundo, sua capacidade de comunicar-se com pessoas de outras culturas, idiomas,interesses. Os projetos exitosos estão centrando seus esforços no interesse em incorporar as novas tecnologias como uma ferramenta habitual nas práticas docentes pode conseguir gradualmente mudanças significativas na qualidade e efetividade de seu trabalho. A formação de professores em novas tecnologias permite que cada professor perceba, desde sua própria realidade, interesses e expectativas, como as tecnologias podem ser úteis a ele. O uso efetivo da tecnologia por parte dos alunos, passa primeiro por uma assimilação da tecnologia pelos professores. Se quem introduz os computadores nas escolas, o fazem sem atenção aos professores, o uso que os alunos fazem deles é de pouca qualidade e utilidade. Além disso, o fato de só colocar computadores em uma escola raras vezes traz impacto significativo. Para atingir efeitos positivos, é fundamental considerar uma capacitação intensiva inicial e um apoio contínuo, começando com os professores, quem a sua vez, poderão capacitar a seus alunos. É necessário planejar a integração da tecnologia na cultura da escola, fenômeno de avaliação gradual, que requer apoio externo. TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS E O FAZER PEDAGÓGICO 59 Se espera do professor no século XXI que ele seja aquele que ajude a tecer a trama do desenvolvimento individual e coletivo e que saiba manejar os instru- mentos que a cultura irá indicar como representativos dos modos de viver e de pensar civilizados, específicos dos novos tempos. Para isso, ainda são necessárias muitas pesquisas em novas tecnologias da informação, modelos cognitivos, in- terações entre pares, aprendizagem cooperativa, adequados ao modelo baseado em tecnologia, que oriente a formação de professores no seu desenvolvimento e ofereça alguns parâmetros para a tarefa docente nesta perspectiva. FONTE: <http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/210M.html>. Acesso em: 27 set. 2021. http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/210M.html 60 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • Ser estudante na sociedade do conhecimento tem vários desafios impostos pela Sociedade da Informação e da Sociedade da Comunicação: o fluxo de informação é abundante e, às vezes, pode ser nefasto, mais confundindo e distraindo os aprendizes do que os auxiliando na construção de novos saberes. • A inovação no processo educacional está pautada pelas “inúmeras possibilidades de propiciar aos utilizadores da rede global a construção dos seus conhecimentos por meio de processos informais, através da conectividade e dos constantes feixes de interações entre as pessoas”. • Pensar o perfil do estudante do século XXI é considerar a alfabetização digital como algo necessário para seu desempenho acadêmico. Esses autores lembram que há diferentes níveis de alfabetização digital, como níveis mais operacionais ou ferramentais até o uso social, que resulta em práticas sociais e culturais de convívio e aprendizagem que podem potencializar a participação na construção de verdadeiras comunidades de aprendizagem. • A formação continuada é, sem dúvida, um recurso à construção de uma docência com qualidade, proporcionando ao professor a oportunidade de refletir sistematicamente sobre a sala de aula, o seu papel, o significado do ensinar e do aprender, o planejamento, o encaminhamento metodológico, a avaliação, dentre outros. • A modernidade e a tecnologia estão do cerne desta questão, trazendo à tona um assunto que necessita de ampliação e aprofundamento teórico, ou seja, a formação de professores inicial e continuada, que permita criar espaços para refletir sobre o papel do docente na sociedade frente ao pensamento complexo. Nesse movimento, se busca construir uma prática pedagógica que acolha o paradigma da complexidade, que projete uma aprendizagem com ênfase na transdisciplinaridade e que usufrua de uma visão crítica do uso da tecnologia. 61 1 Na sociedade da Informação, possuímos diretrizes teóricas que permitem desenvolver diversos níveis de competência. Com base nas competências que desenvolvemos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Conhecimento, desenvolvimento pessoal, desenvolvimento cognitivo, comunicação, trabalho interdisciplinar e criticidade. b) ( ) Informação, conhecimento, desenvolvimento pessoal, desenvolvimento cognitivo, comunicação, trabalho interdisciplinar e criticidade. c) ( ) Informação, desenvolvimento coletivo, desenvolvimento cognitivo, comunicação, trabalho interdisciplinar e criticidade. d) ( ) Informação, conhecimento, desenvolvimento pessoal, desenvolvimento cognitivo, comunicação, trabalho interdisciplinar e reflexão. 2 O professor, para trabalhar numa instituição engajada com as questões da sociedade do conhecimento e que busque alinhar com as normativas necessitam ter um certo perfil. Com base nesse perfil, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Estudioso, Competente, Crítico, Aberto à mudanças, Empático, Exigente, Interativo. b) ( ) Pesquisador, Competente, Crítico, Aberto à mudanças, Exigente, Interativo. c) ( ) Comprometido, Competente, Crítico, Aberto à mudanças, Exigente, Interativo. d) ( ) Reflexivo, Competente, Crítico, Aberto à mudanças, Exigente, Interativo. 3 (ENEM, 2019) Observe a imagem: AUTOATIVIDADE FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/45977093>. Acesso em: 9 out. 2021. https://brainly.com.br/tarefa/45977093 62 Ao relacionar os problemas da acessibilidade à inclusão digital, assinale a alternativa CORRETA em que essa charge faz uma crítica a respeito da: a) ( ) Dificuldade na distribuição de computadores nas áreas rurais. b) ( ) Capacidade das tecnologias em aproximar realidades distantes. c) ( ) Possibilidade de uso do computador como solução de problemas sociais. d) ( ) Escolha das prioridades no atendimento às reais necessidades da população. 4 Com base na formação do docente e sua qualificação para planejar e alfa- betizar tecnologicamente seus alunos, você acredita que sua formação o habilita para estar atuando com as diversas metodologias? 5 Qual perfil deveria ser planejado e organizado pelas instituições na formação de um docente capaz de lidar com as tecnologias? 63 REFERÊNCIAS ABEGG, I. Produção colaborativa e diálogo-problematizador mediados pelas tecnologias da informação e comunicação livres. 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Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontraráautoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE TÓPICO 2 – CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 72 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 73 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, estamos dando continuidade aos nossos estudos em relação a este tema tão fundamental na construção de uma trilha formativa eficaz para a educação. Até o momento, vimos que a tecnologia da informação e da comunicação é base para a elaboração de plano de educação que proporcione ao educando sinergia e principalmente compreensão na sua alfabetização tecnológica. Foi notório que a educação mudou, a sociedade evoluiu e suas relações não poderiam ficar para trás, assim sendo, os processos ligados a educação e seus atores tiveram que acompanhar essas mudanças. Novas normativas e inserção de tecnologias se fizeram necessário, tivemos que olhar para o grande maestro desta harmonia, o professor. Agora, vamos aprofundar nossos estudos para compreender melhor que uma boa aula ou percurso formativo vão além de normativas, investimentos e formações acerca de metodologias, mas sim, na elaboração adequada dos materiais que iremos utilizar. Tudo faz parte de uma grande harmonia e alinhamento. No Tópico 1, abordaremos a relação entre mídia, cultura e a subjetividade que compõem a comunicação digital no que tange a mensagem entre as organizações e seus públicos-alvo. No Tópico 2, aprofundaremos visando entender a usabilidade adequada e estratégias para as tecnologias digitais e seus conceitos de designer. Para finalizar, no Tópico 3, vamos abordar e refletir a comunicação digital e sua relação com as metodologias utilizadas para o processo de ensino e aprendizagem. Com certeza será uma unidade repleta de reflexões e ressignificados para nossas ações pedagógicas no que diz respeito à elaboração de espaços e materiais instrucionais educativos. TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 2 COMUNICAÇÃO DIGITAL A educação, cultura, meios digitais, meios de comunicação e organizações educacionais se misturam e buscam alinhar a sinergia com a velocidade da informação e a evolução do educando. UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 74 Quando falamos em comunicação digital temos que refletir em torno da comunicação e a educação lembrando que vivemos momentos de efervescência, como afirma Kensky (2007, p. 662): A educação e a comunicação como áreas do conhecimento fluem e se atualizam de acordo com as oportunidades oferecidas pelas mais diferenciadas inovações tecnológicas. As crises, portanto, estão distantes dos conhecimentos educacionais ou comunicacionais. Não é a educação ou a comunicação que estão em crise. Ao contrário, ambas vivem um momento de efervescência singular. Para Valente (2014, p. 142): A presença das tecnologias digitais de comunicação e educação (TDICs) no nosso dia a dia tem alterado visivelmente os meios de comunicação e como nos comunicamos. As possibilidades e o potencial que essas tecnologias oferecem para a comunicação são enormes. É possível vislumbrar mudanças substanciais nos processos comunicacionais, alterando a maneira como recebemos e acessamos a informação. Infelizmente as mudanças observadas no campo da comunicação não têm a mesma magnitude e impacto com relação à educação. Esta ainda não incorporou e não se apropriou dos recursos oferecidos pelas TDICs. Na sua grande maioria, as salas de aulas ainda têm a mesma estrutura e utilizam os mesmos métodos usados na educação do século XIX: as atividades curriculares ainda são baseadas no lápis e no papel, e o professor ainda ocupa a posição de protagonista principal, detentor e transmissor da informação. A educação necessita de um processo de comunicação para que a apren- dizagem ocorra, mesmo que a comunicação seja baseada em modelos internacio- nais, em que o diálogo e a interação entre sujeitos fazem a relação, ou deveria, num processo bilateral, o conhecimento que cada indivíduo constrói é produto do processamento, da inter-relação entre interpretar e compreender a informação que recebe. Como nos aponta Valente (2014, p. 144), “o conhecimento é fruto do signi- ficado que é atribuído e representado na mente de cada indivíduo, com base nas informações advindas do meio em que ele vive. É algo construído por cada um”. 2.1 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Para que uma mensagem seja bem compreendida é preciso entender seu processo como um todo, ou seja, comunicar é mais que falar. Para transmitir algo se faz necessário o entendimento das partes ou etapas de cada processo que o ato de se comunicar passa para então ocorrer de fato a chamada: COMUNICAÇÃO. Ao falarmos em processo de comunicação, estamos mencionando de forma indireta os seis elementos da comunicação que formam o fluxo comunicativo, cada um possui sua função primordial nesta engrenagem desde o momento em que a mensagem é emitida, até quando é recebida e compreendida. Quando falamos em comunicação, seja ela digital ou não, esses elementos estão presentes e podem sofrer alterações para adequarem-se ao contexto em questão. TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 75 FIGURA 1 - ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO, DE ROMAN JAKOBSON FONTE: <https://www.emaze.com/@AOLITICZC>. Acesso em: 17 ago. 2021. Analisando os elementos da comunicação, no qual, para estabelecer as funções da linguagem, Jakobson tomou por referência três funções básicas da língua propostas por Karl Buhler - função expressiva; função conativa; função de representação -, e também os fatores constitutivos do ato de comunicação verbal. Como fatores constitutivos, o linguista apresenta: • Emissor ou locutor: quem elabora a mensagem, quem diz. • Receptor ou interlocutor: a quem a mensagem é dirigida, por quem ela é captada. • Mensagem: texto verbal ou não verbal propriamente dito, é a estrutura textual. • Referente ou contexto: o assunto que perpassa o ato comunicativo. • Canal ou veículo: o meio pelo qual a mensagem é difundida, divulgada, o seu veículo condutor. • Código: a forma como a mensagem organiza-se, é um conjunto de sinais organizados de maneira que tanto o locutor quanto o interlocutor conheçam e tenham acesso. “Cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem” (JAKOBSON, 2010, p. 157). Quando entendemos que a comunicação possui um fluxo, ou seja, funciona ou deveria funcionar como engrenagens em que cada parte precisa estar alinhada com a outra para que possa ocorrer o ato de comunicar-se e que, um está diretamente ligado ao outro e é imprescindível entender que existe no ato de comunicar funções estabelecidas para que a mensagem possa chegar ao seu destino de forma eficaz e a comunicação de fato ocorra. Para que o processo de comunicação seja eficaz e cumpra seu papel, o de comunicar, é preciso que cada elo desta corrente seja bem executado. UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 76 FIGURA 2 – FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO FONTE: <https://www.todamateria.com.br/funcoes-da-linguagem/>. Acesso em: 18 jul. 2021. Essas funções estão interligadas com a linguagem que veremos mais adiante. 2.1.1 O Ser Humano e a Comunicação Se uma pessoa ficar isolada de seus semelhantes, com alimentação e conforto físico garantidos, mas privada de qualquer forma de contato com o mundo exterior, tenderá a apresentar rapidamente sintomas de ansiedade. Uma manifestação básica dessa ansiedade será a necessidade de falar com outros [...] Com o prolongamentoda situação, a fala e o próprio pensamento deverão ficar desconexos e a pessoa começará a perder o autocontrole. Se a situação não for remediada a tempo, haverá uma desagregação psicológica, acompanhada de descontrole orgânico. O modo de remediá-la é fácil e evidente: basta romper o isolamento em que a pessoa se encontra. Com isso, ela poderá satisfazer a uma necessidade humana básica: comunicar-se. FONTE: <https://bit.ly/3CtWcOo>. Acesso em: 6 out. 2021. UNI O ato de se comunicar faz parte do ser humano, do seu processo de evolução e até mesmo de hierarquia. Schlickmann e Skrsypcsak (2017, p. 1) reforçam que “a comunicação é um ato puramente humano e inteligente usada a anos, representa a forma de se expressar e interpretar ideias, emoções e desejos” e ainda apontam que “a comunicação pode levar a transformação e organização dos conhecimentos e ações”. https://www.todamateria.com.br/funcoes-da-linguagem/ TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 77 Ao analisar o ato de “comunicar-se bem”, Chiavenato (2010) afirma que não significa apenas expressar ideias, respeitar cada etapa do processo de comunicar, mas estabelecer um ato que o outro possa te compreender dentro dos elementos da comunicação. Ao comunicarmos, estamos além de trocando uma informação, es- tamos passando um conjunto de elementos que farão com que a mensagem ocorra que vão além da palavra, passando pelos gestos, sentimentos, expressões etc. [...] é impossível conceber-se a comunicação humana de transmissor a receptor, sem mensagem, de transmissor e mensagem sem recep- tor, ou de mensagem sem transmissor e receptor. A mensagem é o elo que une esses dois elementos, sendo o seu objeto e a finalidade da comunicação humana. Toda mensagem no processo da Comunicação Humana precisa ser significativa, deve dizer coisas em comum para transmissor e para receptor. Se não falo nem leio japonês, será perfei- tamente inútil a mensagem falara ou escrita nessa língua[...] pode-se concluir que é a Linguagem em comum, que empresta significado à mensagem, compreendendo-se por “linguagem”, tudo o que serve à Comunicação Humana: palavras, sons, gestos, sinais, símbolos etc. (PENTEADO, 1976, p. 6). Ao falarmos em comunicação e nossa necessidade humana, estamos trabalhando na linha do conhecimento e de como o construímos nas nossas interações e que tipo de relações estabelecemos, uma vez que o ser humano é um ser social. Por ser um ser social, o processo de comunicação necessita de um fluxo para que o ato de comunicar ocorra de forma efetiva e na escola não é diferente. Ao trazermos as tecnologias para a comunicação estabelecemos mais que um fluxo de comunicação “simples”, mas um complexo ato em que muitas vezes será necessário lembrar que a mensagem terá que chegar sem a presença física do interlocutor. Aqui cabe entendermos alguns pontos como: Língua, linguagem e funções da linguagem. FIGURA 3 – PROCESSO DE COMUNICAÇÃO (RAFAEL CASTRO) FONTE: <https://bit.ly/3pG1XFu>. Acesso em: 20 jul. 2021. O processo de comunicação precisa ter um conjunto organizado de sinais que cada pessoa utiliza para se comunicar (linguagem), código verbal que um grupo de indivíduos compartilham (língua) e utilização pessoal da língua (fala). UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 78 E agora, já podemos nos comunicar? Até podemos, porém precisamos compreender que, para essa nova realidade, é imprescindível entender o universo da comunicação da língua escrita, pois essa é a união dos códigos e regras de formais de uma comunicação. Afinal, a língua falada e a língua escrita embora possam expressar a mesma comunicação exigem formatações diferentes, consequentemente, há diferenças. Então vamos ter que estabelecer a diferença entre língua e linguagem. Segundo Almir (2017, s.p.): A língua é um conjunto de palavras organizadas por regras gramaticais específicas. É uma convenção que permite que a mensagem transmitida seja sempre compreensível para os indivíduos de um determinado grupo. A língua pode variar de acordo com a região, com o grupo social, a cultura, entre outros fatores. É o ato de se comunicar com alguém, ou seja, a transmissão da mensagem. É a capacidade de comunicar ideias, pensamentos, opiniões, sentimentos, experiências, desejos, informações etc. A linguagem pode ser verbal, não-verbal e mista: • Verbal: é composta plenamente por palavras, podendo ser oral ou escrita. • Não verbal: utiliza outros meios comunicativos, como gestos, sons, cores, imagens, expressões faciais e corporais, símbolos, dentre outros. • Mista: é composta por linguagem verbal e não-verbal, como as histórias em quadrinhos, cinema, teatro e revistas. Ainda na linguagem mista, pode-se encontrar redes sociais como Instagram, Facebook e Twitter, que possibilita a publicação de texto e imagem. FIGURA 4 – COMUNICAÇÃO VERBAL FONTE: <https://bit.ly/3np4KQw>. Acesso em: 18 jul. 2021. TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 79 FIGURA 5 – COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL- EXPRESSÕES CORPORAIS FONTE: <https://url.gratis/5Dm0YQ>. Acesso em: 18 jul. 2021. FIGURA 6 – COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL Fonte: <https://bit.ly/3GrRBi8>. Acesso em: 18 jul. 2021. FIGURA 7 – COMUNICAÇÃO MISTA Fonte: <https://bit.ly/3BfruY3>. Acesso em: 18 jul. 2021. UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 80 A partir das últimas décadas, o estudo da linguagem se tornou mais presente no ensino. Para Mendes (2012 apud SCHLICKMANN; SKRSYPCSAK, 2017, p. 5), “a linguagem é interpretada como uma forma de expressão do mundo e dos seus pensamentos. O ser humano se comunica por meio da linguagem, refletindo sobre seu pensamento, sobre os seus conhecimentos do mundo”. A linguagem é forma de interação e orientada para abranger e chegar a uma finalidade, a se comunicar e enviar uma mensagem. Vygotsky (1998) ao falar sobre a aquisição da linguagem se refere ao desenvolvimento da criança, sendo que a mesma só começa na faze egocêntrica. A linguagem não é uma capacidade inata, mas precisa de tempo para se desenvolver, somente a partir do momento que ela começa a assimilar que ela aprende uma língua, uma forma de expressar. o elo de todas as características especificas da lógica das crianças é o egocentrismo do pensamento infantil. A esse traço central relaciona todos os outros que descobriu, tais como o realismo intelectual, o sincretismo e a dificuldade de compreender as relações (VYGOTSKY, 1998, p. 14). Vygotsky (1998, p. 35) relata que “a conquista da linguagem para criança dá-se através de uma constante interação de disposição internas que preparam a criança para a linguagem e para condições externas”. Com isso, o palavreado que as pessoas que as rodeiam definem a sua linguagem, estimulando a criança e a formação da sua própria forma de pensar e lidar com suas emoções. Penteado (1976, p. 31) considera “a linguagem como toda comunicação compreensiva, de pessoa a pessoa”, com isso a linguagem pode ser considerada a forma mais utilizada para se comunicar, um ato repleto de identidade. Esse ato vem composto de seis funções definidas que irão auxiliar na compreensão da mensagem e quando estão num texto ou mesmo na verbalização terão atribuições diversificadas, mas que juntas, bem-organizadas e articuladas farão com que a comunicação seja assertiva. QUADRO 1 – FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO- LINGUAGEM FUNÇÃO DA COMUNICAÇÃO – Linguagem Tipo Explicação Exemplo Função Conativa (Apelativa) É uma função que tem como objetivo a persuasão de seu leitor (receptor). Para que isso ocorra, é comum obser- var o imperativo, bem como imagens sugestivas a realizar determinada função desejada pelo emissor. Campanha da Dengue do RS TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 81 Função Emotiva(Expressiva) Nessa função é frequente encontrarmos verbos em primeira pessoa, bem como a subjetividade do texto criado pelo emissor. Além disso, comumente obser- va-se a presença do “eu”, demonstrando a caracterís- tica centralizada da função emotiva. Interrogações, ex- clamações e reticências fa- zem-se, também, presentes, uma vez que auxiliam na subjetividade da mensagem a ser enviada. “Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte para lá; sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem quinda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá”. (Trecho da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias) Função Metalinguística Entre as seis funções da linguagem, essa é a única que discursa sobre si própria. É a língua falando da língua, o poema falando da poesia, o quadro que se pinta, dentre outros exemplos. A função metalinguística é recorrente nos poemas do Enem em que os autores falam sobre o ato de escrever, por exemplo, neste poema a seguir de Carlos Drummond de Andrade. “Poema que aconteceu Nenhum desejo neste domingo Nenhum problema nesta vida O mundo parou de repente Os homens ficaram calados Domingo sem fim nem começo. A mão que escreve este poema Não sabe que está escrevendo Mas é possível que soubesse Nem ligasse”. (Poema que Aconteceu, de Carlos Drummond de Andrade) Função Referencial Diferente da função expres- siva, a referencial é carac- terística de ser uma função informativa. A linguagem se faz objetiva com o intuito de emitir os dados de maneira concreta. O “contexto” é o objetivo dessa função, relatar de maneira exata e livre de julgamentos. Essa função é notada facilmente em jornais, revistas, bulas de remédios e manuais de instrução. Manchete do Jornal Folha de São Paulo https://foconoenem.com/os-10-autores-mais-cobrados-no-enem/ https://foconoenem.com/os-10-autores-mais-cobrados-no-enem/ UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 82 Função Fática O foco aqui é o canal. Faz-se muito presente em diálogos, os quais há a tentativa de estabelecer uma comunicação adequada: “consegue me ouvir?”. Os objetivos de textos com esta função são de testar, interromper ou prolongar a comunicação criada. Figurinha do Garfield é um exemplo Função Fática Função Poética O foco da função poética é a mensagem, o seu formato, o que contém em seu interior. São textos, imagens, quadros ricos em subjetividade com conotação muito presente, bem como figuras de pleo- nasmos e polissemia. Fonte de mel Nos olhos de gueixa Kabuki, máscara Choque entre o azul e o cacho de acácias Luz das acácias Você é mãe do sol a sua coisa é toda tão certa Beleza esperta Você me deixa a rua deserta Quando atravessa e não olha pra trás (Trecho de “Você é Linda”, de Caetano Veloso) FONTE: <https://foconoenem.com/funcoes-da-linguagem/>. Acesso em> 18 jul. 2021. https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/43884/ https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/43884/ https://foconoenem.com/funcoes-da-linguagem/ TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 83 Filme: O abutre (2014). Enfrentando dificuldades para conseguir um emprego formal, o jovem Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) decide entrar no agitado submundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles. A fórmula é correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo e vender a história para veículos interessados. FONTE: <https://bit.ly/3End2zl>. Acesso em: 2 out. 2021 DICAS Ribeiro (1993, p. 3) pontua: cada função terá seu lugar no processo de comunicação, seja ele através de uma mídia impressa ou digital. O que alguns autores abordam ainda, são as variações linguísticas que irão além das questões regionais, são as variantes que os homens estão criando diariamente em diversos aspectos como sociais, históricos etc. Segundo Bagno (2009 apud RIBEIRO, 1993, p. 8), há dentro da área da lin- guística uma regra muito valiosa: “só existe língua enquanto houver seres huma- nos que a falem” (BAGNO, 2009, p. 19). Essa simples frase mostra o quão o ato de comunicar depende da interação entre as pessoas e algo que seja comum, como a língua. Para alguns algo tão óbvio se encarássemos os fatos simples dos estudos da língua de qualquer falante. Essa ação é mais que falar por falar: “pode ser que falem de formas um pouco peculiares, que certas características do seu modo de falar nos pareçam desagradáveis ou engraçadas. Mas isso não impede que seja verdade que sabem falar” (POSSENTI, 1996, p. 29 apud RIBEIRO, 1993, p. 7). Ainda nas ideias e reflexões de Bagno (2009, p. 51 apud RIBEIRO, 1993, p. 9): “e se sabe falar é porque sabem uma língua”. Se sabem uma língua é porque sabem as regras de funcionamento dessa língua, ou seja, a gramática. “Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua”, “saber uma língua, na concepção científica da linguística moderna, significa conhecer intuitivamente e empregar com facilidade e naturalidade as regras básicas de funcionamento dela”. Valente (2014, p. 147) nos traz um estudo muito pontual sobre a comuni- cação e a era digital com as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs): UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 84 As TDICs têm contribuído muito para o desenvolvimento, a reformulação e a disseminação da Educação a Distância (EAD). Na verdade, essas tecnologias têm possibilitado uma revolução na EAD. No entanto, a maioria das ações de EAD ainda podem ser caracterizadas como uma imitação da educação presencial, como é o caso da abordagem broadcast e da “virtualização da escola tradicional”. Por outro lado, a EAD, ao utilizar recursos tecnológicos, apresenta características que podem contribuir para uma aprendizagem baseada na construção de conhecimento, já que as facilidades de interação via Internet permitem um tipo de educação que é muito difícil de ser realizado presencialmente. A EAD pode utilizar abordagens pedagógicas que exploram os verdadeiros potenciais que as TDICs oferecem, ao facilitar não somente o aprofundamento da interação professor-aprendiz, mas também entre aprendizes, o que propicia meios para uma educação dificilmente implantada em ações estritamente presenciais. Todo o processo de comunicação necessita estar alinhado para que a interação mediada pelas TDICs tenha, como objetivo, a realização de ciclos de ações, facilitando o processo de construção de conhecimento ou a espiral de aprendizagem (VALENTE, 2005). 2.1.2 Educação, Cultura e Comunicação Digital A educação vem passando por severas transformações e consequen- temente nossa cultura acaba sendo atingida. Basta vermos as brincadeiras e os brinquedos que as crianças solicitam, sejam crianças ou adultos, todos os dias mais tecnológicos. Isso é o resultado de uma evolução vinda da comunicação e da forma de relação que os seres humanos estão estabelecendo entre si. Assim, as necessidades de interações de comunicação acabam por ser vistas de outra “jane- la”. A porta da comunicação em que apenas um falava e transmitia, visto muito na metodologia tradicional de educação já não pode mais conectar e fazer sentido entre os seus atores. Hoje o mundo está na palma das mãos e no comando da voz. Esse mundo novo repleto de interatividade e ao mesmo tempo cheio de obstáculos trouxe uma era digital que mudou radicalmente as formas de interações entre as pessoas e consequentemente essas mudanças chegariam à escola. Zygmunt Bauman (apud MARANGON, 2015, s.p.), autor do livro Amor Líquido – que trata da liquidez como característica das fragilidades e a perda de valores nas relações contemporâneas –, fala em palestra no encontro 360: [...] o modo de pensar também foi influenciado. Exemplodisso é a crise de atenção. “Somos cada vez menos capazes de nos dedicar por um longo tempo, de maneira adequada, a uma tarefa”, revela. Professores universitários vivem se queixando de que seus alunos não conseguem ler artigos inteiros e, por isso, indicam fragmentos de textos e citações de frases de importantes autores. TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 85 Chegamos ao ponto crucial, a função da escola da comunicação e da tecnologia em prol de uma educação de qualidade, se tem o mundo na palma da mão qual o motivo que não conseguimos ter o letramento? Aqui é o marco zero da nossa discussão: como estamos nos comunicando com os materiais? Quando estamos trazendo em jogo a comunicação e a educação como uma conectada na outra e a informação como fonte de possibilidade de virar conhecimento. O processo de comunicação deve ser alicerçado nas estratégias de levar o aprendiz/educando a construir e não a reproduzir, para isso é necessário a compreensão. Valente (2014, p. 144) aponta sua visão nesta busca de alinhamento das Tecnologias Digitais da informação e Comunicação (TDICs): A ação educacional consiste justamente em auxiliar o aprendiz, de modo que a construção de conhecimento possa acontecer. Isso implica criar ambientes de aprendizagem onde haja tanto aspectos da transmissão de informação quanto de construção, no sentido da significação ou da apropriação de informação. Portanto, a questão fundamental no processo educacional é saber como prover a informação, de modo que ela possa ser interpretada pelo aprendiz que passa a entender quais ações ele deve realizar para que a informação seja convertida em conhecimento. Ou seja, como criar situações de aprendizagem para estimular a compreensão e a construção de conhecimento. Uma das soluções tem sido o uso das TDICs. Porém, se tais tecnologias não forem compreendidas com um foco educacional, não será, simplesmente, o seu uso que irá auxiliar o aprendiz na construção do conhecimento. A evolução da humanidade é uma esteira em movimento que não pode ser parada. Um dos meios de evolução é o digital, que estabelece mais amplitude quando se trata da comunicação. O ato de comunicar-se é o processo em que muitas vezes não passará por uma regra fixa, afinal cada grupo, região, país, nesse interim está envolvido diretamente a linguagem seja ela formal ou informal, tendo que ter esse olhar sobre o processo e o fluxo para que a comunicação possa ocorrer. Rosenau et al. (2017) mostram que, ao utilizarmos as Tecnologias de Comunicação Digital (TCD), acabam por construir e mediar as grandes transformações da sociedade e suas interações desde a forma de um simples oi até mesmo a forma de escrever um texto. Esta invasão tecnológica impacta no ambiente escolar por diferentes meios, ora pelo estudante que cada vez mais está mergulhado no mundo tecnológico, ora pelo próprio sistema educacional que através de sites e softwares, buscam inserir essas ferramentas no processo burocrático da escola e através do docente que cada vez mais se vê “engolido” por estas novidades, seja em sua vida pessoal e/ ou profissional (ROSENAU et al. 2014, p. 14294). UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 86 Leitura do texto: Gêneros Digitais: O avanço tecnológico provocou alterações nos meios de comunicação e na linguagem, o que deu origem aos gêneros digitais. Autora: Luana Castro Alves Perez FONTE: <https://www.portugues.com.br/redacao/generos-digitais.html>. Acesso em: 2 out. 2021 DICAS 2.2 CULTURA x TECNOLOGIA DIGITAL Quando pensamos em evolução de uma sociedade e a forma como as pessoas interagem estamos falando em comportamento, estamos falando em mudanças culturais. A cada novo momento social os indivíduos acabam adaptando-se e reorganizando suas formas de inter-relação com o outro e com o meio, por exemplo: ao ler um outdoor, ver uma propaganda está sim tendo acesso direto a cultura e sua forma de comunicar-se com o meio. Conforme Santaella (2003, p. 31), uma definição breve e útil aponta que “a cultura é a parte do ambiente que é feita pelo homem”. Importante ressaltar que esse olhar sobre a cultura mostra a interação e modelagem do homem no seu meio. Ao mencionar cultura temos que analisar que ela é a gênese do acúmulo espaço-temporal do conhecimento, das práticas e das crenças de uma população. Segundo Johnson (1997, p. 59): cultura é o conjunto acumulado de símbolos, ideias e produtos mate- riais associados a um sistema social, seja ele uma sociedade inteira ou uma família. Juntamente com estrutura social, população e ecologia, constitui um dos principais elementos de todos os sistemas sociais e é conceito fundamental na definição da perspectiva sociológica. Quando analisar a cultura como algo que reflete costumes e a tradição de um povo, é inerente que se aborda o desenvolvimento do ser quando indivíduo e quando sociedade. Assim, Barros (2007, p. 4) chama de cultura de mudança que “significa pensar na maneira como sociedades, instituições e sujeitos constroem sentidos para mudá-lo”. Barros (2007) nos diz que a cultura da mudança é a transformação para o novo, para o amanhã, ou seja, resultado de uma disponibilidade para o futuro, para o novo, para o desconhecido, assim explicado: TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 87 Resulta da capacidade de abertura para o mundo. Não se trata da afirmação da ditadura da mudança, do equívoco de se tomar a mudança como sinônimo de excelência e desenvolvimento. Trata- se de se reconhecer que sociedades e instituições são desafiadas continuamente pela história. Há mudanças e mudanças. Mudanças que produzem movimento e desenvolvimento e mudanças que consolidam a permanência da desigualdade (BARROS, 2007, p. 6). A cultura é fruto do reconhecimento do indivíduo como Barros (2007, p. 7) menciona que “cultura gera desenvolvimento humano porque fornece instrumentos de conhecimento, reconhecimento e autoconhecimento”, ou seja, porque gera identidade. A identidade vai perpassar ainda seguindo a ideia do autor, por uma DIMENSÃO TRANSVERSAL, que: [...] na relação cultura e desenvolvimento: a cultura tem presença e importância em todas as dimensões sociais, ou seja, há sempre e necessariamente uma dimensão cultural na educação, na saúde, no trabalho etc. etc. Todo esse debate sobre a cultura e o desenvolvimento pressupõe ainda: a perspectiva do crescimento autossustentado, ou seja, crescimento que busca integrar passado, presente e visão de futuro; a busca da harmonia entre a lógica do simbólico e a razão do mercado de forma a resgatar o sentido da dádiva, ou seja, o reconhecimento da vida social como um constante dar e receber; o desenvolvimento do respeito para com o patrimônio natural e o patrimônio cultural, tanto material quanto imaterial; a redução das desigualdades locais, regionais e mundiais; a constituição desta integração a partir de um modelo democrático de decisões (BARROS, 2007, p. 10). A cultura é e faz parte da construção do conhecimento, seja ele através da leitura ou da escrita. Córdula e Nascimento, (2018, p. 3) dizem que “a cultura se processa nas sociedades, representando cada etnia, hábito/costumes, crenças e a infinidade de características próprias e que diferenciam umas das outras (Figura 8). E está intimamente relacionada aos aspectos sociais e ambientais nos quais as sociedades estão imersas. FIGURA 8 – ESTRUTURAÇÃO DA CULTURA EM UMA SOCIEDADE FONTE: Córdula e Nascimento (2018, p. 4) UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 88 A cultura fará parte direta da sociedade e da construção social do indiví- duo e tudo que estiver em contato sofrerá essas transformações. Córdula (2012,p. 23) diz: o desafio da nova sociedade está em conseguir inserir os conhecimen- tos para que a sociedade possa voltar a respeitar o meio ambiente e utilizar seus recursos de forma sustentável. Assim, sociedade e natu- reza podem novamente interagir de forma salutar, proporcionando equilíbrio. Em meio ao turbilhão de transformações culturais e sociais foram surgindo novas linguagens, novas formas de interações e segundo Kenski (2007, p. 31): Como tecnologia auxiliar ao pensamento, a escrita possibilita ao homem a exposição de suas ideias, deixando-o mais livre para ampliar a sua capacidade de reflexão e apreensão da realidade”. Por meio das diversas formas de interconexões com as informações, formou- se obviamente a figura do leitor, trazendo consigo idiossincrasias e especificidades em relação à construção de seu processo de leitura e interação com o meio. Com o advento da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TICs) as formas de interações e de busca com o conhecimento mudaram, levando a uma transformação na cultura e no olhar do indivíduo para a informação e para a instituição escolar. A cultura que antes era passada e cultuada apenas nas rodas e através das relações em tempo e espaços reais do tempo, agora ganham proporções que não temos como mensurar, as tecnologias fazem surgir na e para a sociedade e consequentemente para a educação a cultura digital. Podemos dizer que o termo “cultura digital” se refere às adaptações necessárias para acompanhar os avanços tecnológicos advindos da transformação digital, implicando o uso de ferramentas digitais em atividades cotidianas e a reflexão sobre isso. No contexto educacional, isso significa integrar esse tipo de recurso às práticas pedagógicas. Isto é, em vez de usá-los apenas de maneira pontual — como em apresentações de slides ou exibição de vídeos durante as aulas —, as escolas os incluem extensivamente no dia a dia, tornando-os parte do processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, os colégios devem promover o uso dessas ferramentas, estimular a reflexão sobre elas, ensinar os alunos a utilizá-las em contextos distintos, mostrar como elas são criadas e de que maneira impactam a sociedade. FONTE: <https://blog.elevaplataforma.com.br/cultura-digital/>. Acesso em: 6 out. 2021. IMPORTANT E https://blog.elevaplataforma.com.brtransformacao-digital-na-escola/ https://blog.elevaplataforma.com.brtransformacao-digital-na-escola/ TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 89 A cultura digital cria uma linguagem: a linguagem digital que como o (PUGLIESE, 2010, p. 10), “a linguagem digital impõe mudanças radicais nas formas de acesso à informação, criando consequentemente novos e dinâmicos processos de produção e difusão de conhecimentos. Cria dessa forma, uma nova cultura, a partir de sua estrutura de codificação distinta e particular.” Levy (1993, p. 121), nos aponta que: um modelo digital não é lido ou interpretado como um texto clássico, ele geralmente é explorado de forma interativa. Contrariamente à maioria das descrições funcionais sobre papel ou aos modelos reduzidos analógicos, o modelo informático é essencialmente plástico, dinâmico, dotado de uma certa autonomia de ação e reação. Então, McLuhan (1974, p. 110) afirma que “a falta de homogeneidade na velocidade do movimento informacional cria diversidades estruturais na organização” e Pugliese (2010, p. 5) complementa: Pode-se prever facilmente que qualquer novo meio de informação altera qualquer estrutura. Se o novo meio é acessível a todos os pontos da estrutura ao mesmo tempo, há a possibilidade de ela mudar sem romper- se. Assim, a imagem e o som podem tornar-se os pontos de apoio de novas tecnologias intelectuais. Uma vez digitalizadas, imagens podem ser decompostas, recompostas, indexada, ordenadas, comentadas, associadas no interior de hiperdocumentos multimídia. O indivíduo que está imerso nessa cultura digital é um leitor, e para Bol- ter, citado por Marcuschi e Xavier (2005, p. 176), “a imersão irrestrita do leitor numa atmosfera multimidiática o faz vivenciar uma experiência de leitura sines- tésica, o que concorre para uma atividade de leitura multissensorial”. Podemos dizer que a cultura digital é toda mudança ocasionada pela tecnologia e pela internet, que, em poucos anos, transformou o mundo e a maneira como interagimos nele na sociedade, que permanece em constante crescimento e transformação, a cultura digital emerge com práticas sociais que buscam sempre inovar e que reconfiguram a maioria dos aspectos de nossas vidas. Atualmente, estão diretamente por meios eletrônicos, que nos dão infinitas oportunidades, desafios e benefícios que vão da educação até as relações políticas. A cultura digital jamais teria surgido sem as tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Borges (2019, p. 2), pontua os aspectos inerentes à cultura Digital: World Wide Web A World Wide Web (WWW) é a maneira sistemática pela qual dife- rentes tipos de documentos, imagens e hipertextos são distribuídos por meio do uso, ou não, da internet. É um serviço que depende de hiperlinks e páginas para navegar entre eles, que podem ser: UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 90 • páginas web; • navegadores; • links e URLs; • HTML. Mas como assim, “por meio do uso, ou não, da internet”? A WWW é responsável pela navegação entre páginas, mas isso não acontece necessariamente com o uso da internet. Elas podem estar em um pendrive e serem vistas em um navegador sem a necessidade de uma conexão, ou seja, as informações são armazenadas em um meio local. Internet A internet é a infraestrutura pela qual os dados trafegam pelo mundo — é o que interconecta computadores em uma única rede global. Apresenta vários elementos, como conexões, roteadores, sinais de rádio, Wi-Fi, satélites, entre outros. Vale esclarecer que a World Wide Web não é o mesmo que a internet. Vamos dar um exemplo metafórico: se o serviço de água em uma cidade fosse a tecnologia em geral, a internet seriam os canos e a web seria a água que passaria por eles. A internet é utilizada por vários serviços, como WhatsApp, Messenger, jogos on-line, mecanismos de busca, Facebook, Web, entre outros. Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) As TICs são todas as ferramentas, conhecimentos e práticas que fazem a informação fluir de qualquer lugar do mundo. Elas foram criadas a partir da ascensão da internet e permitiram criar uma sociedade muito mais informada. • quadros e mesas interativas; • tablets; • computadores; • comércio eletrônico; • correio eletrônico; • busca on-line. As TICs são instrumentos para o processamento de informações, gestões administrativas, marketing e publicidade de novos produtos e serviços, operando em alta velocidade e atravessando fronteiras. Redes sociais As redes sociais, como o nome indica, são estruturas sociais que facilitam a interação e a troca de informações entre indivíduos por meio do uso da internet. Hoje existem inúmeros tipos de redes sociais que facilitam o processo de globalização social. Entre os mais importantes estão: • Facebook; • Instagram; • Snapchat; • Twitter; • YouTube; • Tumblr; • Pinterest. Segundo Lins (2017, p. 37): A cultura digital e essa nova forma de perceber o mundo nos mostram como os pensadores como Lévy (1993), Castells (1999), Flusser (2008) e Bauman (2008, 2011, 2014a, 2014b), entre outros, discutiram largamente os impactos das mídias e novas tecnologias https://rockcontent.com/br/blog/url/ https://rockcontent.com/br/blog/html/ https://rockcontent.com/br/blog/site-de-busca/ https://rockcontent.com/br/blog/futuro-da-busca-online/ https://rockcontent.com/br/blog/o-que-e-marketing/ https://rockcontent.com/br/blog/tudo-sobre-redes-sociais/https://rockcontent.com/br/blog/marketing-no-facebook/ https://rockcontent.com/br/blog/marketing-no-instagram/ https://rockcontent.com/br/blog/gerenciar-canal-do-youtube/ https://rockcontent.com/br/blog/marketing-no-tumblr/ https://rockcontent.com/br/blog/pinterest/ TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 91 nas subjetividades contemporâneas, na relação com as formas de (re) organização coletiva, evidenciando grandes mudanças no cotidiano e possíveis análises delas. Pelbart (2000) nos possibilita resumir o quadro: a emergência das tecnologias digitais instaura a constituição de “novas formas de vida”, onde se consome cada vez mais formas de ver, sentir, perceber e refletir. Ainda, Lins (2017, p. 27) faz uma reflexão sobre essa evolução toda e aponta: Certamente, tais possibilidades midiático-tecnológicas podem abrir uma seara para novas e mais autônomas experiências de vida (também das crianças, jovens e dos docentes), como também funcionar como dis- positivos de poder e regimes de visibilidade (relacionados à reprodução tão discutida pelos estudos na área da Comunicação), sob a égide de uma suposta inclusão e acessibilidade (agora também digitais) que tan- to são clamadas e alardeadas. Os usos da mídia/tecnologia são tornados, portanto, incontestáveis. Isto posto, além do impacto das imagens/telas (seus novos usos e roupagens), a influência e o tratamento publicitários (particularmente sobre como podemos ser afetados por elas e agir sobre as mesmas), faz-se importante refletir também as mudanças ocorridas no campo da leitura, suas (novas?) influências, também como campo se- miótico e cultural (de produção coletiva e subjetiva), especificamente no que se refere aos suportes, em função do desenvolvimento tecnológico que foi alcançado para uma maior liberdade e comodidade do leitor. A referência aqui se vale do que é gerado a partir das sofisticações tecno- lógicas (dadas as demandas subjetivas, concretas e sócio historicamente situadas), em que a novidade sempre esteve atrelada a preocupações histórico-culturais e a muitos preconceitos ou receios explícitos sobre essas novas tecnologias e mídias. A subjetividade da imersão que estamos inseridos e as constantes transformações sociais que estão correndo constantemente, estão mudando e construindo novas formas de pensar da comunicação e consequentemente de produzir materiais. Entender o processo de comunicação e seus fluxos é o primeiro passo, mas não o único, afinal, no mundo moderno em que o movimento, som e jogo de conexões ganham espaços o estático acaba tendo que se reinventar para poder comunicar e encantar para motivar o seu acesso. 3 O RELACIONAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES COM SEUS PÚBLICOS NO AMBIENTE DIGITAL Quando falamos em relacionamento entre públicos estamos mencionando comunicação e consequentemente o Marketing de Relacionamento que, segundo Rodrigues (2020, p. 1), “é o conjunto de estratégias de construção e disseminação de marca, prospecção, fidelização e criação de autoridade no mercado”. UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 92 As tecnologias digitais, os avanços da internet, as transformações nas relações, a evolução da cultura e a imersão das tecnologias digitais da informação e da comunicação (TDICs) diretamente conectadas as mídias sociais, mudaram a dinâmica que envolve o relacionamento entre pessoas devido ao seu caráter colaborativo, cooperativo e interativo. Essas mudanças se estendem desde o como um conteúdo é apresentado num livro até o relacionamento on-line entre instituições e usuários, trazendo novas perspectivas de atuação para o marketing, consequentemente um novo olhar para a comunicação e seu processo. Brito (2013, p. 15) pontua que: o surgimento e consolidação da Internet são acontecimentos imprescin- díveis para o entendimento da comunicação do cenário atual. Alicerça- da no avanço tecnológico, a mídia permite um fluxo e armazenamento de informações mais abrangente, se comparada aos outros meios de comunicação, além de possibilitar acesso instantâneo de informações e disponibilizar uma enorme variedade de conteúdos em seus mais diversos formatos. Tornando-se a principal responsável por fomentar requisitos favoráveis para o incremento de um mundo digital. Hoje o maior difusor de conteúdos com certeza é a Internet. Ela é um grande canal gerador de informações, conteúdos e a forma mais rápida de um usuário testar e buscar algo, tornando o seu internauta o maior criador e propagador de material, o que resulta em um ambiente on-line mais diversificado e descentralizado. Além disso, essa mídia digital tem a interação como elemento determinante para a caracterização da sua dinâmica, proporcionando interatividade entre seus usuários em grande velocidade e sem limites geográficos. Brito (2013, p. 30) contribui: O impacto causado pela Internet na sociedade provém dos benefícios trazidos pelas novas tecnologias de comunicação nas quais se alicerça. Elas são responsáveis, segundo Wolton (2007) por acrescentarem autonomia, domínio e velocidade à sua constituição. Assim, por não necessitar de intermediários, não possuir filtro e possibilitar alcançar resultados imediatos, se tem uma maior liberdade de atuação dos seus usuários. Portanto, na rede, os seus usuários se tornam também os arquitetos dos conteúdos, alternando nos papéis de emissor e receptor na transmissão da mensagem. Ao buscar transmitir algo estamos imersos ao marketing pessoal e no olhar para as relações e, segundo Kotler (2006, p. 7), “marketing é um processo social do quais pessoas e grupos obtêm aquilo de que necessitam e o que dese- jam, com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”. Marketing não tem o objetivo: exclusivo de vender algo, mas estabelecer uma relação de troca com o consumidor, por isso a intenção de se utilizar o marketing em instituições de ensino é despertar e estimular o desejo e a necessidade nos indivíduos de planejar em seu futuro (COLOMBO 2005, p. 34). TÓPICO 1 — MÍDIA, CULTURA E SUBJETIVIDADE 93 Vamos entender que aqui o consumidor não necessariamente é aquele que está comprando, mas o que está consumindo algo que foi em busca, como um livro, um filme. Para Braido (2005, p. 3): Marketing é uma orientação organizativa da gestão, que, através do conhecimento científico do mercado e das necessidades, desejos e valores do cliente, permite à empresa dar satisfação ao seu cliente, e receber, em retorno, do seu mercado, a possibilidade de realizar os seus objetivos, definidos a partir do próprio mercado. A construção de material para o consumo precisa: entender que os consumidores procuram bens e serviços com os quais mantém uma relação, isso perpassa os valores culturais, as expectativas individuais sobre determinados produtos, deixando transparecer seu estilo, sua resistência, seus costumes e hábitos no momento da compra (GODOY; NARDI, 2006, p. 56). Muitas vezes, ou na grande maioria, estamos envoltos aos ciberespaços, locais ou espaço de operações tecnológicas, de informação e inteligência, são re- des sociais, por exemplo, que segundo Torres (2009, p.113): Faz-se necessário reconhecer que as redes sociais, muitas vezes chamadas de sites de relacionamento, contribuem para a composição das mídias sociais. As redes sociais são, acima de tudo, recursos que permitem a interação e a troca de informações entre as pessoas, formando redes de pessoas e, ao produzirem conteúdo que é consumido e compartilhado na Internet, elas se tornam parte das mídias sociais, que são vistas como “o conjunto de todos os tipos e formas de mídias colaborativas. Ao elaborar a comunicação com o nosso cliente/usuário é imprescindível que essa relação sejapautada de um planejamento, linguagem e organização estratégica para que o fluxo do ato de comunicar-se seja eficaz e produza efeitos esperados. Os materiais que produzimos para essa nova era precisa estar alinhada sempre com esse novo pensar e agir da sociedade, Cipriani (2011, p. 110) nos pontua: Ter foco é imprescindível. Assim, se faz necessário abordar as mídias sociais de forma estratégica, em que é preciso identificar e delinear os objetivos de forma bem definida e que se ajustem às possibilidades da instituição. É com um objetivo definido que se apresenta o primeiro elemento para uma atuação consciente e estratégica dentro das mídias sociais, de modo a se aproximar do intento de, posteriormente, perceber o valor e o resultado alcançado a partir do relacionamento construído pelas mídias sociais. Com um objetivo definido, uma organização deve preocupar-se em como e quanto este é mensurável, devendo se fazer possível medir o sucesso ou fracasso dele com métricas que provenham das próprias mídias sociais. UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS 94 Quando pensar em produção de material para algo ou algum lugar devemos sim, estabelecer algumas conexões, principalmente alinhar com o que o nosso público busca e como iremos nos relacionar. Ser consumidor e trabalhar para/e entender que consumir conteúdo é buscar algo com qualidade e numa sociedade voraz e líquida precisa ser conciso, objetivo e acima de tudo que prenda a atenção. 95 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • A educação e a comunicação como áreas do conhecimento fluem e se atualizam de acordo com as oportunidades oferecidas pelas mais diferenciadas inovações tecnológicas. As crises, portanto, estão distantes dos conhecimentos educacionais ou comunicacionais. Não é a educação ou a comunicação que estão em crise. Ao contrário, ambas vivem um momento de efervescência singular. Os elementos da comunicação são: ○ Emissor ou locutor: quem elabora a mensagem, quem diz. ○ Receptor ou interlocutor: a quem a mensagem é dirigida, por quem ela é captada. ○ Mensagem: texto verbal ou não verbal propriamente dito, é a estrutura textual. ○ Referente ou contexto: o assunto que perpassa o ato comunicativo. ○ Canal ou veículo: o meio pelo qual a mensagem é difundida, divulgada, o seu veículo condutor. ○ Código: a forma como a mensagem organiza-se, é um conjunto de sinais organizados de maneira que tanto o locutor quanto o interlocutor conheçam e tenham acesso. • Comunicar-se bem não significa apenas expressar ideias, mas é garantir que a pessoa que está com você entenda aquilo que deseja dizer. É trocar sentimentos, transformando a realidade que está inserida, é compartilhar conhecimentos a partir de uma mensagem que pode ser escrita, verbal ou simplesmente corporal. No processo de comunicação, faz-se necessário o envolvimento dos indivíduos podendo ser em ambientes formais e informais. • O processo de comunicação precisa ter uma o conjunto organizado de sinais que cada pessoa utiliza para se comunicar (linguagem), código verbal que um grupo de indivíduos compartilham (língua) e utilização pessoal da língua (fala). • A linguagem pode ser verbal, não verbal e mista: ○ Verbal: é composta plenamente por palavras, podendo ser oral ou escrita. ○ Não verbal: utiliza outros meios comunicativos, como gestos, sons, cores, imagens, expressões faciais e corporais, símbolos, dentre outros; ○ Mista: é composta por linguagem verbal e não-verbal, como as histórias em quadrinhos, cinema, teatro e revistas. Ainda na linguagem mista, pode-se encontrar redes sociais como Instagram, Facebook e Twitter, que possibilita a publicação de texto e imagem. • A linguagem é interpretada como uma forma de expressão do mundo e dos seus pensamentos. 96 • A Classificação das Funções da Linguagem: ○ Função emotiva (expressiva). ○ Função denotativa (referencial ou informativa). ○ Função conativa (apelativa). ○ Função metalinguística. ○ Função poética. ○ Função fática. • Todo o processo de comunicação necessita estar alinhado para que a inte- ração mediada pelas TDICs tenha, como objetivo, a realização de ciclos de ações, facilitando o processo de construção de conhecimento ou a espiral de aprendizagem. • A ação educacional consiste justamente em auxiliar o aprendiz, de modo que a construção de conhecimento possa acontecer. Isso implica criar ambientes de aprendizagem em que haja tanto aspectos da transmissão de informação quanto de construção, no sentido da significação ou da apropriação de informação. Portanto, a questão fundamental no processo educacional é saber como prover a informação, de modo que ela possa ser interpretada pelo aprendiz que passa a entender quais ações ele deve realizar para que a informação seja convertida em conhecimento, ou seja, como criar situações de aprendizagem para estimular a compreensão e a construção de conhecimento. Uma das soluções tem sido o uso das TDICs, porém, se tais tecnologias não forem compreendidas com um foco educacional, não será, simplesmente, o seu uso que irá auxiliar o aprendiz na construção do conhecimento. • O uso das Tecnologias de Comunicação Digital (TCD) provocaram mudanças profundas na sociedade, encurtando distâncias e mudando a noção de espaço e tempo, a profunda necessidade que nós seres humanos temos em nos comunicar, expressar opiniões, ideias e interagir é antiga e, inevitavelmente estão evidenciadas neste desenvolvimento, ao ponto de atingirmos um poder nunca visto de comunicação, interação e troca de informações. • Traz uma definição breve e útil aponta que “a cultura é a parte do ambiente que é feita pelo homem”. A autora assevera ainda que a cultura “comporta- se sempre como um organismo vivo, inteligente, com poderes de adaptação imprevisíveis e surpreendentes”. • Cultura é o conjunto acumulado de símbolos, ideias e produtos materiais associados a um sistema social, seja ele uma sociedade inteira ou uma família. Juntamente com estrutura social, população e ecologia, constitui um dos principais elementos de todos os sistemas sociais e é conceito fundamental na definição da perspectiva sociológica. • A linguagem digital impõe mudanças radicais nas formas de acesso à informa- ção, criando consequentemente dinâmicos processos de produção e difusão de conhecimentos. Cria dessa forma, uma nova cultura, a partir de sua estrutura de codificação distinta e particular. 97 1 Entende-se que a linguagem é vista como meio de interação social entre os indivíduos de uma comunidade ou de um mesmo grupo. Com base no exposto, disserte sobre as relações estabelecidas entre os interlocutores da mensagem. 2 Na elaboração de um material, quais os elementos devemos levar em consideração? 3 Leia o poema de Fernando Pessoa. Mar português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. FONTE: <http://www.grijalvo.com/Citas/b_Pessoa_Mar_portugues.htm>. Acesso em: 2 out. 2021 Com base na leitura do poema, identifique os elementos do fluxo do processo de comunicação: a) Emissor: b) Receptor: c) Mensagem: d) Código: e) Canal: f) Contexto: 4 Uma pessoa é convidada a dar uma palestra em Espanhol. A pessoa não aceita o convite, pois não sabia falar com fluência a língua Espanhola. Com base no porquê essa palestra seria um fracasso se a pessoa tivesse aceitado, assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE http://www.grijalvo.com/Citas/b_Pessoa_Mar_portugues.htm98 a) ( ) Não dominava os signos. b) ( ) Não dominava o código. c) ( ) Não conhecia o referente. d) ( ) Não conhecia o receptor. 5 Leia com atenção a frase: “Comunicação só poderá existir quando duas ou mais pessoas estiverem interagindo em torno de uma mensagem, seja ela escrita ou oral por canais, como rádio, telefone, carta etc. Para que haja comunicação, é necessária a interação de vários elementos” (Professor Jean Rodrigues, 2018). Sobre os elementos da comunicação, assinale a alternativa CORRETA que corresponde ao veículo que permite a transmissão da mensagem: a) ( ) Emissor. b) ( ) Receptor. c) ( ) Ruído. d) ( ) Canal. e) ( ) Mensagem. 99 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, até o presente momento, trabalhamos sobre mídia, cultura e a subjetividade da comunicação e suas formas de ocorrer na atualidade. Agora, chegou o momento de buscar entender as questões da construção e organização dos materiais. Com as transformações culturais e sociais percebemos que está cada vez mais desafiador prender a atenção do consumidor ou dos nossos usuários, seja nas aulas, nas redes ou em materiais que produzimos para despertar o interesse pelos estudos. Acadêmico, neste tópico, abordaremos sobre as tecnologias e a mediação escolar, pois para trabalhar com as inovações é preciso estar interligado, sabendo como integrar a utilização, no Tópico 3 trabalharemos com as ferramentas visuais para a construção de materiais e no Tópico 4 aprofundaremos sobre o designer educacional na elaboração de materiais didáticos. Bons estudos! TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 2 TECNOLOGIAS E MEDIAÇÃO ESCOLAR As mudanças trazidas pelas TDICs mostram que mais que além das relações precisaram se reinventar como a forma de organizar um simples exercício para o professor. Com a evolução das relações e a forma de interagir, as linguagens também precisaram sofrer alterações e trouxeram em seu rastro modificações em seus suportes. Desde a oralidade, até chegarmos ao tempo das linguagens digitais, muitas alterações foram observadas nas relações que o sujeito estabelece com os textos. A leitura, que encontrou nas palavras a sua mais fiel referência, volta hoje à época dos primeiros registros feitos pelos homens, na medida em que se realiza por meio de diversos outros dispositivos, tendo as imagens como o seu melhor exemplo. O mundo é essencialmente imagético, e saber compreender os meandros de sua linguagem pode significar interpretá-lo melhor, mais eficazmente (PUGLIESE, 2010). Segundo Pischetola e Rosa (2019, p. 3): 100 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS As mudanças aportadas pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) na sociedade contemporânea estabelecem novas formas de lidar com o conhecimento e suas produções, assim como as relações sociais ensejadas. As especificidades das TICs decorrem dessas ferramentas criarem possibilidades de socialização do conhecimento de maneira colaborativa, interativa e horizontal. De acordo com Lévy (1999 apud PISCHETOLA; ROSA, 2019, p. 5): Na contemporaneidade existe uma fusão do social e do cultural com o tecnológico e produzem-se novas formas de sociabilidade e arranjos associativos na construção e produção de conhecimento, constituindo a chamada “cibercultura”. De fato, em cada época da humanidade a separação entre tecnologia, cultura e sociedade é apenas conceitual, pois toda realidade social é técnica e cultural ao mesmo tempo: as técnicas desenvolvidas pelo homem são constituídas historicamente como resultado de uma cultura e, por sua vez, condicionam a evolução da sociedade. A interconexão e o surgimento de comunidades virtuais, observados pelo autor como processos atuais de virtualização da comunicação e das relações sociais, alteram não apenas as trocas de informações, mas as próprias noções de informação, comunicação, interação, comunidade e relação social. Na cibercultura, aponta Lévy (1999), os sujeitos sociais estabelecem uma nova relação com o conhecimento, com implicações evidentes para a educação e os caminhos da aprendizagem. Nas últimas duas décadas, a perspectiva de interpretação do autor tornou-se cada vez mais realista e atual. As TICs abriram um espaço de questionamento da educação, colocando em xeque a organização do sistema educacional e o próprio papel do professor, que já não representa a fonte principal de conhecimento e se torna um mediador em sala de aula, um incentivador dos processos de aprendizagem em rede e através das redes. Ainda, segundo Levy (1993, p. 160): É aqui que percebemos a mistura, então, do que é de alcance humano e do que é de alcance da tecnologia (tratadas aqui como cores específicas), que passa a formar novos tons e composições que já não podem voltar ao “estado original”. No mesmo sentido, como já apontado, “[...] as criações de novos modos de representação e de manipulação da informação marcam etapas importantes na aventura intelectual humana. 2.1 MEDIAÇÃO ESCOLAR A partir do momento que nascemos já estamos iniciando o nosso processo de relação com o mundo e nossas aprendizagens serão orientadas pelos adultos, alguém que terá a função de nos formar e guiar. TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 101 No campo jurídico, mediar ou mediação, segundo o TJ-RS (Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul) (2021, p. 1): “a mediação é um processo voluntário que oferece àqueles que estão vivenciando uma situação de conflito a oportunidade e o espaço adequados para conseguir buscar uma solução que atenda a todos os envolvidos”. Ao abordar o termo com foco na educação encontramos, segundo o Educa Brasil (2021, p. 1), “expressão que se refere, em geral, ao relacionamento professor-aluno na busca da aprendizagem como processo de construção de conhecimento, a partir da reflexão crítica das experiências e do processo de trabalho”. Mediação no que tange o olhar da educação está relacionado diretamente na relação entre o docente e o discente, como o processo é conduzido para a construção do saber. Segundo Gomes (2002, p. 72), “baseia-se na modificabilidade, na flexibilidade da estrutura cognitiva, e tem como um dos aportes conceituais centrais o pressuposto de que o ser humano é dotado de uma mente plástica, flexível, aberta a mudanças”. 3 FERRAMENTAS VISUAIS PARA CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS Ao pensar em material, aprendizagem, conhecimento, é preciso antes de mais nada compreender os motivos que estão nos levando a produzir, qual nosso público, nosso objetivo e no qual queremos chegar. Cada rede, ferramenta ou recurso possui sua finalidade, então vamos dividir em: produções textuais, apresentações, elementos gráficos, redes socais e ambientes virtuais de aprendizagem. 3.1 FERRAMENTAS PARA CONSTRUÇÃO DE TEXTOS Aqui, teremos uma gama de ferramentas e softwares para trabalharmos com textos, desde o editor de texto até um programa para editar e produzir editoriais. 3.1.1 Editores de textos São programas/aplicativos em que podemos construir textos organizando e editando o mesmo. a) ATOM: é um editor de texto de código aberto, desenvolvido pela GitHub, muito utilizado por várias pessoas ao redor do mundo. Além haver uma versão para download, o Atom tem uma versão em HTML, permitindo editar o código por meio da internet, proporcionando o trabalho on-line. 102 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS FIGURA 9 – SITE DO ATOM FONTE: <https://atom.io/>. Acesso em: 13 jul. 2021. b) Google Docs ou Documentos do Google: inclusive funciona compartilhando com mais de um usuário, esse é o word tradicional. FIGURA10 – IMAGEM DO GOOGLE DOCS FONTE: A autora https://atom.io/ TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 103 3.1.2 Editores de Apresentação Editores ou Programas correspondem um tipo de programa de computador que tem por objetivo geração e edição de apresentação utilizando meios digitais. a) O Prezi: consegue substituir qualquer outro perfeitamente. Para construir apresentações nesta ferramenta, o usuário dispõe o conteúdo em uma "mesa" e usa o conceito de mapeamento mental para organizar ideias com movimentos de zoom. FIGURA 11 – IMAGEM DO PREZI FONTE: <https://cursos.aldeia.cc/blog/melhor-apresentacao-de-prezi/>. Acesso em: 21 jul. 2021. b) Google Drive: as apresentações disponíveis possuem recursos de edição mais limitados, mas, para apresentações urgentes, a eficiência da nuvem do Google pode ser muito útil. FIGURA 12 – IMAGEM DO GOOGLE APRESENTAÇÕES FONTE: <https://glo.bo/3EiWcSa>. Acesso em: 2 out. 2021. https://cursos.aldeia.cc/blog/melhor-apresentacao-de-prezi/ 104 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS c) Microsoft PowerPoint: vem melhorando a cada nova edição do Microsoft Office e já oferece integração com a nuvem. Seus recursos de edição são avançados e é possível adicionar diversas transições e efeitos aos slides. FIGURA 12 – IMAGEM DO POWERPOINT FONTE: <https://glo.bo/3EiWcSa>. Acesso em: 21 jul. 2021. 3.1.3 Elementos Gráficos Aqui teremos as ferramentas para produção de cartazes, vídeos, montagem de organização de imagens, produção de vídeos. a) CANVA: é uma ferramenta on-line que tem a missão de garantir que qualquer pessoa no mundo possa criar qualquer design para publicar em qualquer lugar, podendo acessar pelo celular ou computador para editar e construir novos designers. Possui acesso gratuito, com algumas limitações que a conta paga não tem. Proporciona fazer desde um simples cartaz até um infográfico animado. TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 105 FIGURA 13 – IMAGEM DO CANVA FONTE: <https://www.canva.com/pt_br/modelos/>. Acesso em: 20 jul. 2021. b) Genially: é um software de criação de conteúdo interativo. Permite criar imagens, infográficos, apresentações, micro sites, catálogos, mapas, entre outros, que podem ser dotados de efeitos e animações interativos. Ela também é uma plataforma que proporciona a elaboração de diversos materiais, tem a parte gratuita que possui suas limitações. Esse funciona apenas no computador, não possui o APP Mobile. FIGURA 13 – PLATAFORMA GENIALLY FONTE: <https://app.genial.ly/dashboard>. Acesso em: 2 out. 2021. https://www.canva.com/pt_br/modelos/ https://app.genial.ly/dashboard 106 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS c) Clipchamp: é uma nova funcionalidade criada para ajudar você e seus colaboradores a trabalhar juntos em projetos de vídeo. Agora, você pode criar uma equipe, convidar membros e editar projetos de vídeo no Clipchamp. FIGURA 14 – IMAGEM DO EDITOR DE VÍDEO FONTE: <https://clipchamp.com/pt-br/video-editor/>. Acesso em: 2 out. 2021. 3.1.4 Redes Sociais Estruturas formadas dentro ou fora da internet, por pessoas e organizações que se conectam a partir de interesses ou valores comuns. a) Facebook: proporciona interação entre pares, centro de interesse e sua lingua- gem deve ser mais casual. Muitas instituições e empresas possuem páginas na rede. Ela deve ter uma constância nas publicações, podendo ter a opção de fazer um perfil, página, poder configurar permissões de interações etc. https://clipchamp.com/pt-br/video-editor/ TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 107 FIGURA 15 – REDE SOCIAL FACEBOOK FONTE: <https://www.facebook.com/uniasselvi>. Acesso em: 2 out. 2021. b) Instagram: um álbum de fotos virtuais com pouco textos e com opções de vídeos. Ótima forma de interação. FIGURA 16 – REDE SOCIAL INSTAGRAM FONTE: <https://www.instagram.com/uniasselvioficial/>. Acesso em: 2 out. 2021. c) LinkedIn: rede mais focada as questões profissionais, inclusive aqui a linguagem deve ser muito observada bem como as regras da linguagem e da língua portuguesa. 108 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS FIGURA 17 – REDE SOCIAL LINKEDIN FONTE: <https://www.linkedin.com/school/grupo-uniasselvi>. Acesso em: 2 out. 2021. 3.1.5 Ambientes virtuais de aprendizagem São sistemas ou softwares que reúnem conteúdo, exercícios e ferramentas de cursos on-line para uma comunidade virtual. a) AVA – Gioconda – UNIASSELVI – Sistema programado pela instituição. FIGURA 17 – AMBIENTE VIRTUAL GIOCONDA FONTE: <https://areasegura.uniasselvi.com.br/identificacao>. Acesso em: 2 out. 2021. b) KITUTOR: é uma rede social educacional segura de colaboração e aprendizagem, em que alunos e professores terão acesso a conteúdo de qualidade, filtrados e indexados à uma base de conhecimento. TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 109 FIGURA 18 - KITUTOR FONTE: <https://kitutor.com.br/Login>. Acesso em: 2 out. 2021. 4 DESIGNER INSTRUCIONAL/EDUCACIONAL Os modelos educacionais estão sofrendo fortes mudanças, com o ensino a distância, ou melhor, com aproximação digital, como diz o mestre e gestor Stavros Xanthopoylos, que pontua muito bem que a sociedade a partir da década de 1990 iniciou um processo que não tem como voltarmos. Esse processo de evolução necessitou um olhar bem crítico e reflexivo para a construção dos materiais. Garcia et al. (2017, p. 4) pontuam: O crescente avanço tecnológico nos últimos anos tem proporcionado expressivo crescimento na utilização da Educação à Distância (EAD) para capacitação profissional em diversas áreas. Ao mesmo tempo, muitos têm sido os desafios para a aplicação de métodos de ensino voltados para esta modalidade aliando-se Tecnologias da Informa- ção e Comunicação (TICs) às necessidades pedagógicas para promo- ção de conhecimentos duradouros. Embora muitos olhares fiquem nos ambientes é preciso olhar “a forma de apresentação do conteúdo na educação a distância sofreu inúmeras modificações ao longo dos anos pela própria evolução das tecnologias digitais” (VIDAL, 2010, p. 23). Durante as primeiras experiências em EAD o material impresso era o recurso pedagógico principal. Com amadurecimento deste modelo educacional, que ocorre em decorrência do remodelamento social, sobretudo quanto às questões de comunicação e relação interpessoal, abre-se espaço para a inclusão de novos meios de viabilizar a troca de conhecimentos para suprir as necessidades da “nova sociedade” (MAGNAVITA, 2003). Sabemos que trabalhar com plataformas e uma educação a distância são ter como base um modelo pedagógico flexível e includente, a proposta de apresentação do conteúdo deve ser diferenciada para cada público visando sempre a individualidade do sujeito que será responsável pela construção do próprio conhecimento, tendo como base a estrutura que tem desde a proposta da instituição até profissionais devidamente habilitados. Para tanto, a EAD: https://kitutor.com.br/Login 110 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS requer técnicas especiais para o desenho do curso, técnicas especiais de instrução, diferentes métodos de comunicação através das tecnologias da informação e comunicação, além de arranjos organizacionais e administrativos necessários para a sua realização (KALATZIS; BELHOT, 2006, p. 5). Ao falar em educação e unir com organização de material pedagógico ou educacional e essa evolução toda, surge o Designer Instrucional ou o DI, “pode ser entendido como a atividade de desenvolvimento de um conjunto de ações e objetos que atendam determinadas necessidades de aprendizagem” (OZCINAR, 2009, p. 4). 4.1DESIGNER INSTRUCIONAL Essa atividade é a união do conteúdo com a comunicação e a tecnologia focadas na aprendizagem, visando auxiliar desde o planejamento, passando pela adaptação da linguagem até a busca de meio e ferramentas para tornar o percurso formativo mais criativo e prazeroso, seja ela on-line ou impresso. FIGURA 19 – PROCESSO DO PLANEJAMENTO DO DESIGNER INSTRUCIONAL FONTE: A autora Como aborda a Figura 19, todo e qualquer material que for ser produzido ou pensado precisa ser motivacional, possui um conjunto de estratégias para a aprendizagem e que esse processo seja significativo. O importante é perceber que o uso das TICs deve buscar mapear o conjunto de tarefas e questões para a implantação e desenvolvimento dos cursos, respondendo as seguintes questões: para quem o projeto será desenvolvido? Para que o projeto será desenvolvido? E como o projeto será desenvolvido? E são devido à utilização das TICs, que hoje a educação tem ultrapassado eliminado ou ao menos minimizadas distâncias geográficas e temporais. Segundo Silva e Castro (2009, p. 141): TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 111 A literatura acerca do tema destaca alguns princípios pedagógicos de Design Instrucional que auxiliam no planejamento do ensino- aprendizagem em Educação a Distância, são eles: • Coerência entre os objetivos do estudo e a abordagem pedagógica: é necessário levar o educando a atuar como protagonista do estudo; • Contextualização: de acordo com o público-alvo elabore a melhor maneira de expor o conteúdo; Ênfase na formação e no desenvolvimento de competências: organize os assuntos de modo que promova suas habilidades; • Estímulo da autonomia: procure formar pessoas capazes de irem a traz de seu próprio crescimento; • Aprendizagem significativa: atribua ao estudante significação àquilo que se está sendo apresentado, de forma que ele entenda a importância do tema; • Construtivismo: procure sempre que possível remeter-se à teoria de Jean Piaget, o qual afirma que o verdadeiro conhecimento é fruto de uma elaboração pessoal, resultado de um processo interno de pensamento; e Abordagem crítica-reflexiva dos conteúdos: estimule a abordagem dos temas dentro de uma perspectiva crítica levando o estudante a refletir e posicionar-se diante do assunto. Filatro (2008) também destaca que design instrucional pode acontecer em nível macro e/ou micro. O nível macro implica em gerenciar o projeto, envolvendo a análise dos requisitos de um curso, estratégias institucionais, os objetivos de aprendizagem, possível perfil dos alunos, a avaliação do curso etc. Já o nível micro está mais centrado na organização e adequação do conteúdo, na criação de recursos educacionais, objetos de aprendizagem que facilitem e qualifiquem o conteúdo disponibilizado ao aluno. Filatro e Piconez (2004, p. 4) complementam: Assim, apoiado por tecnologias, o design instrucional admite meca- nismos de efetiva contextualização, caracterizados por: maior perso- nalização aos estilos e ritmos individuais de aprendizagem; adaptação às características institucionais e regionais; atualização a partir de fee- dback constante; acesso a informações e experiências externas à orga- nização de ensino; possibilidade de comunicação entre os agentes do processo (professores, alunos, equipe técnica e pedagógica, comunida- de); e monitoramento automático da construção individual e coletiva de conhecimentos. As autoras ainda abordam que: Por essa razão, utilizamos o termo “design instrucional contextua- lizado” para descrever a ação intencional de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas específicas que, valendo-se das poten- cialidades da Internet, incorporem, tanto na fase de concepção como durante a implementação, mecanismos que favoreçam a contextuali- zação e a flexibilização. Os modelos convencionais de design instrucional frequentemente estruturam o planejamento do ensino-aprendizagem em estágios distintos: a) análise: envolve a identificação de necessidades de aprendizagem, a definição de objetivos instrucionais e o levantamento das restrições envolvidas; 112 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS b) design e desenvolvimento: quando ocorre o planejamento da instrução e a elaboração dos materiais e produtos instrucionais; c) implementação: quando se dá a capacitação e ambientação de docentes e alunos à proposta de design instrucional e a realização do evento ou situação de ensino-aprendizagem propriamente ditos; e por fim d) avaliação: envolve o acompanhamento, a revisão e a manutenção do sistema proposto (FILATRO; PICONEZ, 2004, p. 6). 4.2 DESIGNER EDUCACIONAL O designer educacional é aquele que pensa a educação do século XXI, ele deve ter a capacidade de se adaptar a situações desconhecidas e processos educacionais futuros, ele não está focado nos materiais e sim nos processos como um todo, ou seja, o DE é aquele que facilita o caminho nos processos de aprendizagem. É, sobretudo, um profissional ligado nas competências do século XXI, multidisciplinar, colaborativo, capaz de planejar, coordenar e avaliar processos educacionais com o uso de novas tecnologias. Segundo Lins (2017), em suas pesquisas, ao pensarmos sob as questões das normativas que embasam as relações trabalhistas, a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) regulamenta a profissão do designer educacional da seguinte maneira: 2394-35 – Designer educacional. Sinônimos: Desenhista instrucional, Designer instrucional, Projetista instrucional. Implementam, avaliam, coordenam e planejam o desenvolvimento de projetos pedagógicos/ instrucionais nas modalidades de ensino presencial e/ou a distância, aplicando metodologias e técnicas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Atuam em cursos acadêmicos e/ou corporativos em todos os níveis de ensino para atender as necessidades dos alunos, acompanhando e avaliando os processos educacionais. Viabilizam o trabalho coletivo, criando e organizando mecanismos de participação em programas e projetos educacionais, facilitando o processo comunicativo entre a comunidade escolar e as associações a ela vinculadas (BRASIL, 2012, s.p.). Para Ramos (2010, p. 53-54): o designer educacional é o responsável pelo diálogo entre a área técnica e a pedagógica, comportando-se como elemento mediador no processo de desenvolvimento dos conteúdos, desenvolvendo as seguintes funções: • Orientação e assessoria ao profissional responsável por escrever o conteúdo, que pode ser um professor da disciplina, um profissional da área, ou outra pessoa que domine o tema do curso, normalmente denominado de conteudista. • Organização do conteúdo on-line buscando adequar o formato e a linguagem para a web. • Criação de estratégias aproveitando as potencialidades e recursos disponíveis na internet, em conjunto com o conteudista. TÓPICO 2 — CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, ORGANIZACIONAL, PROFISSIONAL E CULTURAL 113 • Estruturação do conteúdo, por exemplo, em módulos, obedecendo à sequenciação ou não, observando a navegação no conteúdo e os modos de acesso. • Previsão de recursos como animações, simulações, interações. • Mediação entre os diferentes profissionais envolvidos na produção de um conteúdo on-line. • Acompanhamento das atividades de produção do conteúdo pela equipe técnica. De acordo com Maia e Mattar (2007), é função do designer também pensar didaticamente como o conteúdo deverá ser percorrido pelo aluno a distância: de maneira necessariamente linear, ou com a possibilidade de o aluno “pular” conteúdo, com liberdade em determinado módulo, ou de maneira totalmentelivre. O designer pode ainda refletir sobre o controle e a autonomia do aluno, planejar a interação do curso e o acesso ao material, escolher as atividades a serem utilizadas e até mesmo se envolver com o custo do projeto. 114 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • As mudanças aportadas pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) na sociedade contemporânea estabelecem novas formas de lidar com o conhecimento e suas produções, assim como as relações sociais ensejadas. As especificidades das TICs decorrem dessas ferramentas criarem possibilidades de socialização do conhecimento de maneira colaborativa, interativa e horizontal. • Na cibercultura, os sujeitos sociais estabelecem uma nova relação com o conhecimento, com implicações evidentes para a educação e os caminhos da aprendizagem. Nas últimas duas décadas, a perspectiva de interpretação do autor tornou-se cada vez mais realista e atual. As TICs abriram um espaço de questionamento da educação, colocando em xeque a organização do sistema educacional e o próprio papel do professor, que já não representa a fonte principal de conhecimento e se torna um mediador em sala de aula, um incentivador dos processos de aprendizagem em rede e através das redes. • Mediação é orientar, ouvir, organizar e proporcionar e dar vez de forma justa a valorizar cada ação. • O Design Instrucional, ou DI, é o processo sistemático e reflexivo de traduzir princípios de cognição e aprendizagem para o planejamento de materiais didáticos, atividades, fontes de informação e processos de avaliação”. Designer Educacional (DE) é o profissional responsável pelo aperfeiçoamento dos processos de aprendizagem. Ele precisa ser colaborativo, multidisciplinar e capaz de planejar, coordenar e avaliar processos educacionais com o uso de novas tecnologias. 115 1 (IBGE, 2013) O designer instrucional deverá desenvolver suas atividades numa dimensão transdisciplinar, de modo a fazer a ponte entre os especialistas de diversas áreas, para atingir a finalidade que é promover a melhor instrução e a aprendizagem mais significativa. FILATRO, Andrea. Design Instrucional Contextualizado: educação e tecnologia. São Paulo: Senac, 2003. p. 141. Com base em quais as áreas de conhecimento que estão envolvidas na atuação do Designer Instrucional, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Educação, comunicação, filosofia e gestão. b) ( ) Educação, didática, comunicação e gestão. c) ( ) Educação, didática, política e gestão. d) ( ) Educação, tecnologia, comunicação e gestão. 2 (IBGE, 2015) Leia com atenção o caso a seguir: Lucas era um experiente designer instrucional e foi convidado a apresentar os passos para o desenvolvimento de uma situação de aprendizagem voltada para métodos ativos. Lucas estudou um conjunto de soluções presentes na literatura e observou que seria possível definir uma estrutura comum que tivesse um conjunto de sete passos. Para que o desenvolvimento de competências pudesse acontecer da forma adequada, as etapas a serem percorridas deveriam obedecer à seguinte sequência lógica: a) ( ) Contextualização e mobilização; organização da atividade de aprendi- zagem; definição da atividade de aprendizagem; análise e avaliação da atividade de aprendizagem; coordenação e acompanhamento; referên- cias complementares; síntese e generalização. b) ( ) Definição da atividade de aprendizagem; contextualização e mobilização; organização da atividade de aprendizagem; coordenação e acompanhamento; análise e avaliação da atividade de aprendizagem; síntese e generalização; referências complementares. c) ( ) Definição da atividade de aprendizagem; contextualização e mobilização; organização da atividade de aprendizagem; coordenação e acompanhamento; análise e avaliação da atividade de aprendizagem; referências complementares; síntese e generalização. d) ( ) Contextualização e mobilização; definição da atividade de aprendi- zagem; organização da atividade de aprendizagem; coordenação e acompanhamento; análise e avaliação da atividade de aprendizagem; referências complementares; síntese e generalização. AUTOATIVIDADE 116 3 Com base nas funções e atribuições de Designer Educacional, analise as sentenças a seguir: I- Organizar e unificar recursos disponíveis. II- Determinar prazos para executar atividades. III- Realizar avaliação diagnóstica para intervenção na realidade. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) Somente a sentença III está correta. d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. 4 Para a sociedade do século XXI a Mediação é mais que apenas interlocutor é estar presente em diversos contextos. Disserte como e onde a mediação ocorre. 117 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, até o presente estudo estávamos compreendendo tudo que está alicerçando a construção de um ambiente de aprendizagem de fato que seja instrutivo e que leva à construção do saber. Agora entenderemos a relação dos ciberespaços e a relação ensinar e apren- der no Tópico 1, enquanto no Tópico 2 analisaremos e aprofundaremos nossas re- flexões acerca das comunidades de aprendizagem para no Tópico 3 chegarmos no grande desafio dessa sociedade do saber, o ambiente híbrido e a aprendizagem. Esperamos que você até aqui tenha conseguido perceber que a educação é uma grande teia e que os seus fios precisam estar interligados para o percurso ocorrer! Bons estudos! TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 2 CIBERESPAÇO: RELAÇÃO ENSINANTE/APRENDENTE Ciberespaços ou espaço cibernético intensificou transformações sociais nos mais diversos campos da atividade humana, é o que Manuel Castells (1999, p. 34) chama de sociedade em rede. Segundo Castells (1999, p. 36): O "ciberespaço" é o ambiente criado de forma virtual através do uso dos meios de comunicação modernos destacando-se, entre eles, a internet. Este ambiente tornou-se possível graças a uma grande infraestrutura técnica na área de telecomunicação composta por cabos, fios, redes, computadores, etc. Como afirma Lévy (1999, p. 17), o ciberespaço é "o novo meio de comu- nicação que surge da interconexão mundial de computadores". A partir disso, seria possível identificar a Internet como sendo esse novo meio levando a con- clusão de que são as mesmas coisas. Contudo, existe uma diferença fundamental a ser considerada. 118 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS As grandes tecnologias digitais surgiram, então, como a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado de informação e do conhecimento (LÉVY, 1999, p. 32). Assim, a Internet pode ser vista como parte dessas tecnologias digitais, ou como a infraestrutura de comunicação que sustenta o ciberespaço, sobre as quais se montam diversos ambientes, como a Web, os fóruns, os chats e o correio eletrô- nico para ficar apenas com os exemplos mais comuns e disseminados. Em suma, o ciberespaço é o ambiente e a Internet uma das infraestruturas. Segundo Lévy: a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma virtualização geral da economia e da sociedade. Das substâncias e dos objetivos voltamos aos processos que o produzem. Dos territórios, pulamos para o nascente, em direção às redes móveis que os valorizam e as desenham. Dos processos e das redes, passamos à competências e aos cenários que as determinam, mais ainda. Os suportes de inteligência coletiva do ciberespaço multiplicam e colocam em sinergia as competências. Do design à estratégia, os cenários são alimentados pelas simulações e pelos dados colocados à disposição pelouniverso digital. Ubiquidade da informação, documentos interativos interconectados, telecomunicação recíproca e assíncrona em grupo e entre grupos: ciberespaço faz dele o vetor de um universo aberto. Simetricamente a extensão de um novo espaço universal dilata o campo de ação dos processos de virtualização (LÉVY, 1999, p. 49-50). Segundo Junior (2021, p. 2): Neste novo século, a sociedade se caracteriza pela vasta quantidade de informação em fluxo e por seu consequente acesso, bem como a acelerada alteração e atualização da informação. Neste contexto, a familiarização com novas tecnologias da informação e a contínua atualização de conhecimentos serão necessários, potencializando ainda mais a influência da tecnologia sobre diversos aspectos da atividade humana relacionados à aprendizagem. A educação contemporânea mostra que os atuais paradigmas não atendem mais o momento atual, visto a velocidade e quantidade de informações. Como o conhecimento tornou-se dinâmico, precisamos fazer novas conexões de fatos e informações, pois tudo está sistematizado. Os meios de produção mudaram para o paradigma da produção enxuta em lugar da produção em massa. Essa nova visão mostra a necessidade de um perfil diferenciado de cidadão para conviver na sociedade da informação e da tecnologia. Os ciberespaços são espaços que, conforme Kenski (2003), estão mudando a forma de aprender e viver, as tecnologias além de trazer um novo olhar possibilitam a comunicação e informação de uma nova forma que vão desde o telefone até o computador. É possível perceber que, atualmente, a cada geração, passou a existir novas tecnologias que se transformam radicalmente em várias formas, como na organização social, comunicação, cultura e na própria aprendizagem. Toda aprendizagem é mediada pelo momento da tecnologia disponível, tem-se tecnologias diferentes do ser e do agir na sociedade. TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 119 Esses novos espaços alteraram inclusive as formas como estamos intera- gindo com nossos processos de ensino e aprendizagem, segundo Rosenau (2017, p. 14.298): As novas tecnologias são instrumentos transformadores e contri- buem para o processo de ensino-aprendizagem. A interação nas redes sociais como WhatsApp, Messenger, Facebook e outros apli- cativos facilita essa interação a qualquer momento do dia, é a tec- nologia que está na palma da mão. Acredita-se que o mediador das interações no processo de ensino-aprendizagem é o docente, o obje- tivo é transformar informação em conhecimento, onde docente e es- tudante interagem a todo momento. A interatividade da ferramenta deverá ser planejada previamente para que as interações ocorram com clareza e intenção educacional. As relações do processo de ensino e aprendizagem nestes espaços tornam o aprendizado colaborativo, mediado pelas tecnologias interativas de informação e comunicação, vem de encontro à sociedade da informação como possibilidade no atendimento às demandas advindas das novas relações e percepções da realidade e produção de conhecimento. Os desafios, as ameaças e as possibilidades características da contemporaneidade exigirão, cada vez mais, o desenvolvimento de abordagens pedagógicas capazes de desenvolver competências e habilidades e, consequentemente, resoluções de problemas. Para Silva, Teixeira e Freitas (2015, p. 8): Segundo esse "mundo dos mundos" sem tempo e espaço, acelera e facilita a fragilização da narrativa histórica hegemônica que perdura até a Era Industrial, pela temporalidade que se contrai no instante, instaurado pela rapidez das ações. Essas características definem, assim, uma nova era: a do Conhecimento. O ciberespaço, segundo Lévy (1998, p. 104), refere-se ao "universo das redes digitais como lugar de encontros e de aventuras, terreno de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural". Nos dias atuais, há várias vertentes que propagam a arte, ideologias, músicas, ideias políticas, culturais, entre outros movimentos que se originam na cibercultura. O ciberespaço se configura como um meio de socialização do homem, que, por meio de relações dialéticas, apropria-se, age sobre este espaço, sendo os instrumentos aplicados a essa rede nova meios de o homem conhecer e interagir com diversos contextos globais. Assim, o computador torna-se uma extensão do corpo humano, bem como o homem pode ter seu corpo fundido ou estendido por tecnologias, hibridizando-se em um organismo protético (ASSIS, 2010 apud SILVA; TEIXEIRA; FREITAS; 2015, p. 12). Silva, Teixeira e Freitas (2015, p. 9) ainda complementam que as relações nesses espaços se diferem do mundo fora dele, mas em partes. O primeiro foi totalmente construído pelo homem, sem ter a propriedade natural que condiciona questionamentos sobre sua criação, inclusive a do homem. No ciberespaço 120 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS o homem é seu criador, tal como concebem as doutrinas criacionistas, que a humanidade, a terra e o universo foram criados por um agente sobrenatural e os evolucionistas delegam essa criação à própria natureza, o homem se apropria como o criador do espaço cibernético. Apesar de Lévy (1999, p. 120) mencionar que a essência da cibercultura é ser universal sem totalidade, anunciando o paradoxo central: "quanto mais universal (intenso, interconectado, interativo), menos totalizável", é também nesse espaço que o homem busca totalizar-se. 3 COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM: A CONSTITUIÇÃO DE REDES SOCIOCOGNITIVAS E AUTONOMIA EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Falar em comunidade nos leva em o conceito segundo o Centro de Referência em Educação Integral, refere-se a um grupo de pessoas que compartilham algo em comum, como uma história comum, um objetivo comum, uma determinada área geográfica ou práticas comuns, como as comunidades quilombolas, as comunidades virtuais e as comunidades escolares. A nossa sala de aula é uma comunidade de aprendizagem, mas quando construímos e adaptamos novas formas como os ciberespaços as formas de interações também mudam e consequentemente a construção do conhecimento. Segundo Gadotti (1992 apud VALENTINI; SOARES, 2010, p. 22): As modificações no modo de transmissão do conhecimento necessário para a manutenção, criação e recriação da estrutura social dá-se ao mesmo tempo que ocorrem grandes mudanças econômicas. A escola, tal como a conhecemos hoje, surge no contexto da Revolução Industrial. Há a necessidade de corpos domesticados para longos períodos de trabalho em locais fechados, em modalidades lineares e repetitivas. O domínio da escrita, da matemática, das ciências físicas e mecânicas alimenta o cotidiano das fábricas e dá vida às máquinas. É clássica a leitura de Althusser (1980) que coloca a escola, junto com outras instituições, como sendo um aparelho que ensina saberes para assegurar a sujeição às regras da ordem estabelecida, ao mesmo tempo que garante a reprodução da qualificação mista necessária à reprodução da força de trabalho. Uma outra abordagem vê na escola a possibilidade da construção do discernimento e da cidadania, quando ela puder fugir dos esquemas simplistas técnico-científicos reproduzidos pela pequena burguesia escolar e, assim, contribuir para o amadurecimento da classe trabalhadora. A educação e seus espaços sofreram grandes mudanças ao longo dos anos através das transformações sociais ligadas a economia e demais questões sociais da nossa sociedade. Essas evoluções mudaram diretamente a vida do indivíduo e suas relações com o ato de aprender e seus espaços. Diante dessas mudanças, Valentini e Fagundes (2010 apud FAGUNDES; SOARES, 2010,p. 33): TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 121 As possibilidades dos ambientes virtuais de aprendizagem vão além da simples apropriação de conteúdos. Novas aprendizagens se constituem nesses contextos digitais de interação, reconstruindo conceitos e concepções. Entretanto, são necessários estudos para a formalização dessas concepções e a construção de modelos. No processo de aprendizagem em ambientes virtuais, temos muito a desvendar sobre as interações, as aprendizagens, a formalização do ensino e como esses aspectos se relacionam com os diferentes recursos tecnológicos. O aprender, nessa concepção, é entendido como a construção e reconstrução do conhecimento e ampliação da consciência do aprendiz. Não se trata do aprender a partir de um ensinante ou de regras estabelecidas, mas do aprender enquanto força e energia criativa que move o aprendiz em seu processo de constituir-se. O homem vive e aprende; a sua vida só é possível porque interage e aprende. O aprender é aqui entendido como a expressão da inteligência que, para Piaget (1987), compõe-se de duas condições: organização e adaptação. Considerando a Biologia do Conhecer de Maturana e Varella (1997), e Maturana (1999), o viver e conhecer podem ser compreendidos como o movimento humano de aprender, ou seja, nesse movimento está presente o aspecto da organização comum a todos os seres, contemplado no conceito de autopoiese. A autopoiese define os seres vivos como sistemas que produzem continuamente a si mesmos, numa constante autocriação e auto-organização. Assim, um sistema autopoiético é, ao mesmo tempo, produtor e produto. Os ambientes são locais ativos de aprendizagens, mas não de aprendi- zagens convencionais, ou seja, da forma como estávamos acostumados. Hoje a forma de interagir com a informação e os meios é em teia ou rede, que foram trazidos pelos avanços tecnológicos rompendo barreiras e quebrando paradig- mas em diversas áreas. A educação como demais setores foram impactados pelas inovações, trazendo novas possibilidades e oportunidades em suas atividades. Nesse sentido, os diferentes estilos de ensino – o escolar, acadêmico e empresa- rial – também passaram a adotar métodos inovadores para se modernizar, como a aprendizagem em rede. Esse ensino ou abordagem possibilitada com que a construção do saber seja conduzida pelo docente, mas realizada pelo discente, atualmente com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), na qual o protagonismo é tão presente em seu percurso esse é o melhor caminho. No processo convencional temos os papéis bem claros e definidos, professor ensina/transmite e o aluno aprende/aplica. Quando estamos falando em aprender em comunidade, com tecnologia estamos inclusive revendo as funções e atribuições de todos os atores. Ao olhar a aprendizagem como uma grande comunidade de aprendizagem trazendo os ciberespaços, estamos trazendo também ciberculturas e reformulando a forma de aprender e ensinar, bem como as relações entre o percurso formativo. Trabalhar com a educação, nesse caso, é um perceber que os meios tecnológicos são bastante conhecidos e implementados no ensino, tanto formal quanto na educação empresarial. O aluno/colaborador, agora assim visto por fazer parte ativa do seu processo, pode acessar as aulas 122 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS e outros conteúdos informativos em qualquer horário e local, tendo autonomia para estudar em seu ritmo. Apesar de suas qualidades, essa metodologia tem algumas limitações e, em comparação a outras ferramentas, poderia criar uma dinâmica mais motivadora. FIGURA 20 – APRENDIZAGEM ON-LINE FONTE: <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/>. Acesso em: 14 jul. 2021. O trabalhar com o pensamento em rede, em ciberespaços e com todas essas transformações culturais e sociais é pensar como vimos na Figura 20, o pensar fazer em todo o processo para que a aprendizagem seja ativa, colaborativa e efetiva além de significativa e motivadora. Um ambiente que busque desenvolver o protagonismo e autonomia do educando, de forma que para construir ambientes estimuladores é preciso criar uma organização e espaços motivadores que estejam alinhados com essa proposta, inclusive trazendo as metodologias ativas para o processo. Ao construir esses espaços será necessário criar alguns hábitos como rede de trocas cooperativas, rede de identidade e vínculo, lembrando que todas as relações em ambiente necessitam de respeito e um olhar atento para o outro, segundo Piaget (1998, p. 29) afirma: No respeito mútuo, os indivíduos que estão em contato consideram- se iguais e se respeitam reciprocamente. Em decorrência do respeito mútuo, temos a moral que Piaget define como “um sentimento diferente, o sentimento do bem, mais interior à consciência, cujo ideal de reciprocidade tende a tornar-se inteiramente autônomo. http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/ TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 123 Podemos/devemos (re)pensar nossos desenhos didáticos para o digital em rede nos inspirando nos valores e práticas da cibercultura. O cenário sociotécnico contemporâneo, de nossa cultura estruturada pelas tecnologias digitais em rede, vem nos desafiando a reconfigurar a educação formal para estarmos mais em sintonia com o “espírito de nosso tempo”. Os meios de comunicação de massa, unidirecionais, que foram característicos do século passado, hoje nos parecem datados, bem como nos parecem ultrapassadas as práticas pedagógicas intuicionista- massivas que muitas vezes são equivocadamente confundidas com a própria modalidade a distância (PIMENTEL, 2020, p. 6). Os computadores representam uma evolução das mídias e não modificam o modelo de comunicação de massa, predominantemente unidirecional, que tipicamente caracteriza a abordagem instrucionista-massiva. NOTA Pimentel (2020) aborda princípios da educação on-line que auxiliam diretamente nas concepções da elaboração e relações nas comunidades colaborativas de aprendizagens. Princípio 1 – Conhecimento como “obra aberta”. FIGURA 21 – CONHECIMENTO COMO “OBRA ABERTA” FONTE: <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/>. Acesso em: 18 jul. 2021. Princípio 2 – Curadoria de conteúdo + sínteses e roteiros de estudo (em vez da produção de conteúdos próprios para EAD). http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/ 124 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS FIGURA 22 – CURADORIA DE CONTEÚDOS + SÍNTESES E ROTEIROS DE ESTUDO FONTE: <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/>. Acesso em: 18 jul. 2021. Princípio 3 – Ambiências computacionais diversas (em vez de se restringir aos serviços do Ambiente de Aprendizagem). Na modalidade a distância, é fundamental a adoção de um Ambiente Vir- tual de Aprendizagem (AVA), como Moodle, Google Classroom, Canvas, Grupo de Aprendizagem Social do Facebook, entre outros (GOMES; PIMENTEL, 2020, p. 7), contudo, a grande ênfase que é dada para o uso de AVA na modalidade a distância acabou disseminando uma cultura de confinamento e exclusividade, a tal ponto que os professores na EAD chegam a supor ser proibido usar outros sis- temas computacionais, acreditando que tudo deva ser realizado dentro do AVA. FIGURA 23 – AMBIÊNCIAS COMPUTACIONAIS DIVERSAS FONTE: <https://bit.ly/3Cm8I2H>. Acesso em: 18 jul. 2021. http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/ TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 125 Princípio 4 – Aprendizagemem rede, colaborativa (em vez de aprendiza- gem individualista). FIGURA 24 – APRENDIZAGEM EM REDE, COLABORATIVA FONTE: <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/>. Acesso em: 18 jul. 2021. Princípio 5 – Conversação entre todos, em interatividade (em vez de apresentação de conteúdo). FIGURA 25 – CONVERSAÇÃO ENTRE TODOS, EM INTERATIVIDADE FONTE: <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/>. Acesso em: 18 jul. 2021. Princípio 6 – Atividades autorais inspiradas nas práticas da cibercultura (em vez de “estudo dirigido”). http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/ http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/principios-educacao-online/ 126 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS FIGURA 26 – ATIVIDADE AUTORAIS INSPIRADAS NAS PRÁTICAS DA CIBERCULTURA Princípio 7 – Mediação docente on-line para colaboração (em vez de “tutoria reativa”). FIGURA 27 – MEDIAÇÃO DOCENTE ON-LINE PARA COLABORAÇÃO Princípio 8 – Avaliação formativa e colaborativa (em vez de apenas exames presenciais). FONTE: <https://bit.ly/3Cm8I2H>. Acesso em: 18 jul. 2021. FONTE: <https://bit.ly/3Cm8I2H>. Acesso em: 18 jul. 2021. FONTE: <https://bit.ly/3Cm8I2H>. Acesso em: 18 jul. 2021. FIGURA 28 – AVALIAÇÃO FORMATIVA E COLABORATIVA TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 127 Segundo Pimentel (2020, p. 6-9): A modalidade a distância potencializa novas formas de avaliação. Os rastros que os alunos deixam nas ambiências digitais ao participar das situações de aprendizagem arquitetadas pelo professor possibilitam a realização de uma avaliação com base em competências, valorizando não apenas os conhecimentos (saber o que as coisas são, os conceitos, as fórmulas), mas também as habilidades (o saber fazer, o conhecimento em ação) e as atitudes: presença, participação e colaboração. Idealizamos a realização da avaliação on-line como uma ação coletiva, realizada não apenas pelo professor (heteroavaliação), mas também pelo próprio aprendente (autoavaliação) e por todos da turma (avaliação colaborativa, avaliação 360º), fugindo da resposta certo-errado e voltando-se para a valorização dos diferentes olhares, da compreensão e da crítica de todos os envolvidos no processo formativo. Que a avaliação seja feita numa perspectiva formativa, de maneira contínua, voltada não apenas para aprovar ou reprovar ao final da disciplina, mas sim para apoiar a tomada de consciência sobre o próprio processo de aprendizagem em curso, de tal maneira que os alunos percebam o que já aprenderam bem, o que precisam aprender mais e quais ações formativas devem realizar. A partir do momento que estamos inseridos nessas comunidades e espaços os processos e concepções que tínhamos serão quebrados e perceberemos que a aprendizagem e a construção do saber quando elaborados de forma colaborativa será mais eficaz: QUADRO 2 – APRENDIZAGEM COLABORATIVA X APRENDIZAGEM INDIVIDUALISTA Aprendizagem Colaborativa Aprendizagem Individualista Estudo em grupo, em colaboração com os colegas da turma. Estudo sozinho, em competição com os demais da turma. Aprendizagem decorrente da interatividade, construção ativa e investigativa. Aprendizagem decorrente da recepção- assimilação, repetição e memorização. Atividades autorais e discussões. Atividades repetitivas, questionários e exercícios de fixação. Professor atua como mediador/ coordenador/líder. Professor atua como palestrante/ certificador/chefe. Conhecimento aberto a intervenções, a ser tecido por meio da interação social (interatividade), por diferentes pontos de vista. Conhecimento fechado, a ser apreendido de conteúdos e de apresentações do professor, de um ponto de vista único (do autor/ professor). 128 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS Ênfase no processo, na participação-colaboração, na tecedura coletiva de saberes. Ênfase no produto, nos conteúdos memorizados, na capacidade de repetição. Avaliação continuada, formativa e realizada colaborativamente. Avaliação pontual, somativa e realizada pelo professor. FONTE: <https://bit.ly/3jI98sH>. Acesso em: 18 jul. 2021. 4 APRENDER E DESAFIAR A APRENDER EM AMBIENTE HÍBRIDO Antes de falarmos em ambiente híbrido iremos refletir e buscar compreender alguns termos que se faz necessários como: aprender, desafiar, metodologias ativas e ambiente híbrido. Aprender: alcançar ou conseguir conhecimento, cognição, educação ou especialidade através da experiência ou do estudo; formar-se. Ficar-se competente ou apto em; Ficar-se eficiente ou capaz, em alguma coisa, de forma gradual. Ao analisarmos a origem da palavra, teremos: APRENDER – de ad, “junto” mais prehendere, com o sentido de “levar para junto de si”, metaforicamente “levar para junto da memória”. E este verbo se origina em prae-, “à frente”, mais hendere, relacionado a hedera, “hera”, já que essa planta trepadeira se agarra, se prende às paredes para poder crescer. FONTE: <https://www.lexico.pt/aprender/>. Acesso em: 6 out. 2021. IMPORTANT E Então, aprender é construir algo, é poder ressignificar e inovar, transformar. Quando falamos em entender o que são desafios ou desafiar encontraremos segundo o dicionário Léxico: “aliciar alguém a fazer algo: desafiar alguém para um jogo; levar alguém a fazer algo difícil: Desafio-te a escreveres as tuas memórias; não ter medo: desafiar os perigos”. Quando falamos em conhecer as metodologias ativas estamos falando em aprender e em novos desafios, em se jogar num novo mundo em que o educando é nosso aliado, que a aprendizagem é transversal e flexível. TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 129 4.1 METODOLOGIAS ATIVAS Podemos iniciar lembrando que o ato de aprender é uma ou deveria ser uma eterna descoberta e que devemos levar em mente os quatro pilares sobre os quais as nações deveriam enfatizar suas aprendizagens no novo século que iria começar: “Aprender a conhecer“, “Aprender a fazer“, “Aprender a conviver” e “Aprender a ser“. FIGURA 29 – OS QUATRO PILARES- QUEBRA CABEÇA FONTE: <https://bit.ly/3jHjR6I>. Acesso em: 28 jun. 2021. Segundo Moura (2020, p. 2): O relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvol- vimento Económico), sugere ser necessário repensar o que é ensina- do, como é ensinado e como a aprendizagem é avaliada. O relató- rio afirma ainda que, no século XX, o conceito de aprendizagem teve desenvolvimentos importantes, sendo na atualidade a concepção do sócio construtivismo a mais dominante. Segundo Driscoll (1994), por exemplo, a aprendizagem é uma mudança persistente da interação do aprendiz com o ambiente, constrói-se, portanto, ativamente no contorno social, por meio de negociação com pares e outras pessoas. A educação quando modelo e abordagem é um olhar e uma reconstrução no currículo desde a formação do docente até a estrutura da instituição e seu fazer pedagógico, ainda encontramos muito mais aulas expositivas em que o foco é no professor e não no conteúdo ou em como o aluno irá construir o saber. Segundo Moura (2020, p. 3): O modelo de aula mais predominante nos ambientes de ensino ainda é a aula expositiva, geralmente na apresentação de informação verbal do professor a um grupo de estudantes, observando-se pouca ativida- de aberta e pouco entrosamento entre estudantes e professor; somente em alguns casos a palavra do professor é interrompida por comen- tários e perguntas. Todo professor em algum momento também foi aluno, e muitos continuando sendo, e é inevitável que o processo de replicar os métodos pelos quais aprenderam aconteça de forma na- tural, pois atuamos dentro da concepção de mundo conhecida por cada um. 130 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAISQuando fomentamos e analisamos as mudanças e percebemos esses novos caminhos, abrimos as possibilidades de novas abordagens metodológicas e a certeza de que a evolução e as transformações socorreram quebrando velhos conceitos, estereótipos e paradigmas. As escolas já não são mais aqueles espaços que antes era possível imaginar sem estar lá in loco, afinal cada dia é um momento único e por isso o maestro dessa banda precisa estar atento e conectado com esse novo mundo e novos alunos. Nossos espaços de interações ultrapassaram os concretos das construções e hoje estão além das fibras. As salas enfileiradas e silenciosas dão espaços as ilhas e ao ensino em movimento com abordagens ativas colocando o aluno no centro. Segundo Noemi (2020, p. 2): A transformação do ensino obtida com essas metodologias se dá, principalmente, por conta da mudança no protagonismo em sala de aula. Com abordagens inovadoras e diferentes, o aluno se coloca em uma posição mais ativa, sendo ele mesmo o condutor de seu próprio conhecimento (em conjunto, é claro, com seus colegas de classe). Nesse cenário da sociedade do conhecimento surgem as metodologias ativas como alicerce no princípio teórico em que a sociedade do conhecimento deve pressupor um estudante autônomo, que autogerencie autogoverne seu processo formativo. Sendo assim, essas metodologias utilizam-se da problematização como metodologia de ensino-aprendizagem, com a meta de alcançar e motivar o estudante mediante ao problema apresentado dentro do cenário educacional, relacionando sua história e passando a ressignificar as suas descobertas. As metodologias de aprendizagem ativa, trazem o aluno para o cen- tro das discussões, ele se torna o agente principal da construção do aprendi- zado. Malpartida e Martins (2013) ressaltam que aprender é um ato interno, pessoal e voluntário, efetivado pelo aprendiz na medida em que se constrói e se assume o sujeito de seu processo cognitivo; isto implica volição, compromisso, desejo, responsabilidade, esforço e disciplina. Para Malpartida e Martins (2013), discutir sobre metodologia de apren- dizagem ativa tornando-a como centro das discussões revela o questionamento em que se colocam as formas tradicionais de ensino e aprendizagem, centradas na transmissão/assimilação e reduzidas à memorização. Para os autores, enfocar metodologias de aprendizagem ativa significa pontuar uma outra forma relacio- nal entre professores e alunos. Ao utilizar as metodologias de aprendizagem ativa a figura do professor é substituída pelo Educador, e é ele quem direciona e conduz o processo ensino-aprendizagem. O aluno é visto como uma pessoa concreta objetiva, que determina e é determinada pelas dimensões histórica, social, política, econômica e individual. Os objetivos de aprendizagem são definidos a partir das necessidades concretas do contexto histórico-social no qual se encontram os sujeitos. TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 131 A mudança certamente está acontecendo, de forma gradativa. Algumas metodologias já são aplicadas com muita propriedade por professores: “Sala de aula invertida”, Resolução de problemas”, “Gamificação”, “Rotação de estações”, entre outras. 4.2 ENSINO HÍBRIDO Segundo Moran (2015, p. 65): Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos. Esse processo agora, com a mobilidade e conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo: é um ecossistema mais aberto e criativo. Podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços. Híbrido é um conceito rico, apropriado e complicado. Tudo pode ser misturado, combinado e podemos, com os mesmos ingredientes, preparar diversos “pratos” com sabores muito diferentes. Atualmente, nossos documentos normativos mostram que o caminho é trabalhar sob a ótica do Ensino Híbrido, a Base Nacional Comum Curricular – BNCC como referência, assim como outros documentos anteriores, já se fala em aprendizagem espiralada, na qual podemos levar o aluno a aprender a partir do desenvolvimento de níveis mais simples para os níveis mais complexos, acompanhando o ritmo de aprendizagem do aluno. Esses processos de aprendizagens são múltiplos e todos nos direcionam para um único aspecto: o protagonismo do aluno. Esse protagonismo está bem claro no conceito na aplicação de metodologias ativas e ensino híbrido. Moran (2018, p. 76) ainda complementa: Metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada, híbrida. As metodologias ativas num mundo conectado e digital se expressam através de modelos de ensino híbridos, com muitas possíveis combinações. A junção de metodologias ativas com modelos flexíveis, híbridos traz contribuições importantes para a o desenho de soluções atuais para os aprendizes de hoje. Trabalhar de forma híbrida é desenvolver ativamente o potencial máximo dos seus atores, é buscar alinhar ferramentas e estratégias pedagógicas de forma síncrona e assíncrona, buscar mediar e desafiar o educando para que identifique seu percurso formativo. O ensino híbrido, também denominado blended learning, apresenta- se como um processo para inovar a sala de aula, ao integrar o que temos de bom de um currículo tradicional com um currículo inovador, mesclado com as TDIC, como forma de garantir um melhor aproveitamento das atividades em sala de aula. Essa abordagem se faz em diversos “espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos” combinando atividades presenciais e a distância. Essa perspectiva 132 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS abre espaço para que tanto professor quanto estudante tornem-se protagonistas do ensino e da aprendizagem, já que o ensino híbrido faz com que todos se tornem atores do conhecimento (MORAN, 2015, p. 27). Trabalhar de forma híbrida é desenvolver de forma mais completa o percurso e o ciclo de cada educando, pois essa é uma metodologia na qual estudantes vivenciam o processo de aprendizagem por meio das modalidades presencial e à distância de forma integrada. Assim, esse procedimento une elementos tradicionais com ferramentas e dispositivos tecnológicos, o que resulta em uma educação mais completa e relevante para estudantes do século XXI. Essa modalidade proporciona personalização em um acompanhamento muito mais real de cada caminha formativa, investimento correto na estratégia de cada necessidade, possibilidade de flexibilidade e desenvolvimento de competências para a vida em sociedade, sendo possível entender quais são as necessidades e as carências — pedagógicas, tecnológicas e sociais — que cada estudante tem e, a partir disso, elaborar metodologias específicas. Segundo estudos realizados por algumas empresas, existem alguns modelos e características do ensino híbrido, que são: É necessário entender que há três modalidades de ensino e de aprendizagem que se integram para a formação da educação híbrida. Cada uma delas tem as suas particularidades e devem ser usadas de acordo as necessidades previstas: • on-school: trata-se dos momentos de interação presenciais que ocorrem dentro do ambiente escolar, também chamada de off-line; • on-line: está relacionada ao uso de tecnologias para o desenvolvimento de atividades que ocorre de forma síncrona entre estudantes e escola; • on-time: são as atividades desenvolvidas pelos estudantes por meio da tecnologia, mas fora do ambiente escolar e de forma assíncrona. A partir do entendimento das modalidades existentes, os modelos existentes são:Rotação por estações Nesse modelo, a turma é separada em grupos que se revezam em estações de aprendizagem. Cada estação vai explorar uma forma de aprender diferente, sendo que em uma pode haver o uso de tecnologia, na outra a elaboração de atividades coletivas e, em uma terceira, uma situação de interação com o professor. Além disso, capacidades e habilidades diferentes podem ser exploradas em cada uma das estações. Por exemplo, em uma estação pode ser exibido um material multimídia que trabalhe com o ver e o escutar; na outra pode ser explorado o fazer; e na última o ensinar. A quantidade de estações depende do número de estudantes e do tempo disponível para a aula. UNI TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 133 Sala de aula invertida Muito comum no ensino superior, esse modelo está centrado na autonomia dos estudantes, os quais têm o primeiro contato com o conteúdo da aula em casa, por meio de vídeos, textos, jogos educacionais e outros. Assim, os estudantes já chegam na sala de aula com uma boa bagagem do conteúdo e usam esse espaço para colocar em prática o que estudaram, tirar dúvidas e aprofundar o conhecimento. Laboratório rotacional Esse modelo consiste em dividir a aula em dois momentos: um no laboratório de informática e outro na própria sala de aula. Sendo assim, a turma pode ser separada em dois grupos, que trabalham em cada ambiente em tempos diferentes. No momento quando estão no laboratório, os estudantes trabalham de forma autônoma para executar as atividades propostas — resolução de exercícios on-line, pesquisas, curadorias etc. Já na sala de aula, o momento pode ser aproveitado para tirar dúvidas, explicar conceitos, fazer projetos coletivos e outros, com o auxílio do professor. Além desses modelos, apresentados como sustentados, ainda há os modelos que se categorizam como disruptivos. Dentre esses é possível destacar: Rotação individual Nesse modelo, explora-se o conceito de personalização da educação, pois são elaborados diferentes roteiros de aprendizagem para uma mesma turma. Assim, cada roteiro deve propor atividades relacionadas às necessidades específicas do estudante ou grupo de estudantes que o receber. À la carte Para a realização desse modelo, os estudantes traçam os seus objetivos de aprendizagem e podem escolher disciplinas eletivas para complementar os estudos básicos. Assim, pelo menos uma dessas disciplinas é ofertada de modo totalmente on- line, para que o estudante estude no momento que preferir. Flex O modelo flex é sustentado na educação on-line, que pode ocorrer tanto à distância quanto em laboratórios na escola. Tendo isso em vista, o professor atua apenas como mediador, tirando dúvidas, orientando a execução de tarefas e propondo discussões e projetos. Virtual aprimorado Nesse modelo, os estudantes têm todas as disciplinas on-line, porém, participam de momentos presenciais semanalmente, para discutir os conteúdos estudados, fazer atividades e obter acompanhamento pedagógico. FONTE: <https://blog.conexia.com.br/o-que-e-ensino-hibrido/>. Acesso em: 6 out. 2021. Falar de Ensino Híbrido e Metodologias ativas é realmente um grande desafio, e sempre será. Por conta disso, sempre seremos aprendizes dentro desse processo. 134 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS LEITURA COMPLEMENTAR PENSANDO O CIBERESPAÇO E A CIBERCULTURA Gustavo Souza Nas últimas décadas, assistimos a mudanças revolucionárias em matéria de educação em todo o mundo. Novos métodos, técnicas e recursos passaram a habitar as salas de aula e o imaginário social. Adentramos novas eras em que a educação supera antigas imagens e modelos e abre alas para posturas de se ensi- nar e aprender transformadoras, que extrapolam os muros do ambiente escolar. É fato que os desafios e as dificuldades ainda são muitas. Todavia, a capacidade de modificação e inovação do pensamento educacional tem trazido experiências altamente significativas e interessantes, dando uma nova cara para o cotidiano do quadro negro e do giz. Nesse movimento de novidades, as tecnologias da informação e da comunicação tem um grande destaque. O cotidiano do quadro negro e do giz tem sido revolucionado. Como entender todas essas mudanças? Recursos digitais, sistemas computacionais, interatividade e ferramentas de comunicação diversas passaram a fazer parte do universo da sala de aula. E hoje, pensar o futuro da educação passa pela fusão dessas tecnologias com o processo de ensino-aprendizagem. Além da perspectiva educacional, esses recursos também passaram a habitar o cotidiano, tornando-se mais do que acessórios, mas extensões de nossas ações. Você já parou para pensar qual é a origem de toda essa revolução tecnológica? De onde vem essas novas linguagens que unem internet, informação e comunicação? Por que tamanha força hoje em dia? Por trás desses cenários sociais e educacionais, outras revoluções vêm acontecendo e chacoalhando as noções de sociedade e cultura. Com a chegada dos computadores e sua popularização, uma série de estruturas passaram a cooperar para a fundamentação de um novo espaço de operações tecnológicas, de informação e inteligência: o ciberespaço. Além dele, a internet surgiu com a premissa de conectar não apenas máquinas, mas pessoas. E desse novo espaço, nasce um conjunto de práticas culturais, modos de se viver e expressar: a cibercultura. Quem nos explica esses dois termos com maestria é o filósofo francês Pierre Lévy por meio de sua obra Cibercultura (2000): http://www.ead.unimontes.br/nasala/author/gustavo/ TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES VIRTUAIS 135 O termo ciberespaço especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de infor- mação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 2000, p. 17). Lévy é um grande estudioso dessas transformações ocorridas com o ciberespaço e a cibercultura. E por que chegamos até elas? Se você observar novamente as definições do próprio Lévy, vai entender que esse cotidiano tecnológico e interativo no qual estamos inseridos e nossa prática educativa também, derivam dessa revolução primeira, alicerçada no ciberespaço e aquecida pela cibercultura. Para entender ainda mais como isso se fortaleceu, recorremos ao próprio Lévy que descreve três pulsões que nos lançaram nesse dia a dia frenético, inovador e promisso de tecnologias educacionais, redes sociais, recursos computacionais e interatividade on-line. Essas pulsões são a interconexão de computadores, a formação de comunidades virtuais e a geração de uma inteligência coletiva. Três pulsões da cibercultura segundo Lévy: • Interconexão: A integração de computadores, informações e pessoas dispostos pelas redes e caminhos do ciberespaço. • Comunidades Virtuais: Coletividades geradas pela interconexão de pessoas, computadores e informações, seja por afinidades, projetos comuns ou sentidos de pertença desenvolvidos na rede. • Inteligência Coletiva: A construção colaborativa de saberes compartilhados produzidos no ciberespaço graças a interconexão e a coletividade das comunidades virtuais, cuja meta é a melhoria do ambiente em rede e metas de progressos contínuos. O trabalho contemporâneo de produzir e aplicar tecnologias educacionais e promover novas formas de ensino e aprendizagem partilham dessa origem. Com a interconexão, a coletividade virtual e a inteligência coletiva, podemos entender como se expande nossa sociedadee como partir dela para promover revoluções ainda mais significativas no contexto educacional. Unir educação e tecnologias para produzir resultados passa pelas discussões do ciberespaço e da cibercultura. Entender essa origem nos habilita ainda mais a empreender projetos de trabalho com enfoque em produtos educacionais para essa nova e sempre nova sociedade. 136 UNIDADE 2 — PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓCICA DIGITAL DE MATERIAIS As iniciativas educacionais atuais passam a transcorrer nesse novo espaço apresentado por Lévy. Com o ciberespaço, temos mais do que uma estrutura técnica e funções computadorizadas, mas um lugar que favorece iniciativas que fazem do conhecimento um intercâmbio ainda maior, ligando alunos ao conhecimento e tornando-os protagonistas na busca dos saberes. E o conjunto de práticas vividas nesse espaço, a cibercultura, nos fornece modelos para entender comportamentos, funções, linguagens e cenários para ações educacionais mais precisar e interconectadas com as novas gerações de alunos e uma nova era para educação. FONTE: <http://www.ead.unimontes.br/nasala/pensando-ciberespaco/#ffs-tabbed-13>; Acesso em: 23 jun. 2021 http://www.ead.unimontes.br/nasala/pensando-ciberespaco/#ffs-tabbed-13 137 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • O ensino tradicional, caracterizado por aulas expositivas e pela figura central do professor no processo de ensino e aprendizagem, ainda é predominante na realidade educacional brasileira em todos os níveis de ensino, especialmente na educação básica. • As metodologias ativas dão ênfase ao papel protagonista do estudante, ao seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo, experimentando, desenhando, criando, com orientação do professor. • Metodologias ativas o ensino é centrado no estudante e contextualizado com o seu cotidiano, estimulando que sejam ativos e criativos no processo de ensino e aprendizagem. • As metodologias ativas podem ou não fazer o uso de TDIC, pois o foco não é a utilização de recursos tecnológicos, mas o estímulo à autonomia e ao protagonismo do estudante. Porém, reitera-se que se nas décadas passadas já se cobrava uma mudança metodológica do processo de ensino e aprendizagem, atualmente, com a utilização das TDIC e as possibilidades de trocas de informação, experiências e aprendizagens em rede, esses anseios por mudanças estão mais fortes. • Os Pilares da Educação são: ○ Aprender a conhecer: é necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, para que se mantenha ao longo do tempo e para que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção permanentemente. É preciso, também, pensar o novo, reconstruir o velho e reinventar o pensar. ○ Aprender a fazer: não basta preparar-se com cuidados para se inserir no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo e de humildade na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e intuição, gostar de uma certa dose de risco, saber comunicar- se e resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas. ○ Aprender a conviver: no mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, a compreendê-los, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. 138 ○ Aprender a ser: é importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e esté- tico, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação à inteli- gência. A aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo. • O ensino híbrido pode ser estruturado via atividades síncronas, nas quais o professor e os estudantes trabalham juntos em um horário predefinido de ma- neira on-line ou presencial, ou assíncronas, quando o aluno pode estudar em seu próprio tempo e velocidade, sem necessidade de estar com a turma ou o educador. O ensino híbrido busca unir os aspectos positivos das duas metodo- logias, a fim de oferecer melhores condições de aprendizagem para os alunos. • Modelos Híbridos: ○ Modelo Flex: os estudantes recebem uma lista de temas para pesquisar, o ensino ocorre de forma personalizada, a maioria do tempo on-line, e o professor fica disponível para tirar dúvidas sempre que necessário. Os grupos podem ter estudantes de turmas diferentes, sendo esse modelo considerado disruptivo, ainda sem referência de escolas no Brasil. ○ Modelo à La Carte: o estudante de posse dos objetivos gerais é o responsável pela organização de seu estudo, assemelhado ao home schooling e a EAD. Ele controla o tempo e o local da aprendizagem. Em parceria com o educador, em projetos personalizados com pelo menos um curso ofertado on-line. O modelo propõe uma organização de escola sem regulamentação no Brasil. ○ Modelo Virtual Enriquecido: o tempo é dividido entre aprendizagem on-line e presencial, e todas as disciplinas podem ser feitas on-line, possibilitando aos estudantes comparecerem em aula presencial uma vez por semana. É considerado disruptivo, sem regulamentação na Educação Básica no Brasil. • Pode ser trabalhado de diferentes formas como: ○ Rotação por Estação. ○ Laboratório Rotacional. ○ Sala de Aula Invertida. ○ Rotação Individual. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 139 1 Pierre Lévy é hoje um dos mais expressivos filósofos do mundo no campo da informação, novas mídias, Internet e cibercultura. Com base no pensamento desse autor, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Para Lévy, a Internet não permite a interatividade total, uma vez que, assim como a televisão e o rádio, está centrada no sistema de difusão Um-Todos, pois os usuários ainda dependem de provedores que controlam a transmissão de dados e limitam o acesso à rede. b) ( ) Segundo esse autor, o ciberespaço propicia a criação de uma inteligência coletiva, c) ( ) Para Lévy, os CDs e DVDs, por serem mídias que comportam arquivos digitalizados, fazem parte do ciberespaço. d) ( ) De acordo com o filósofo mencionado, o ciberespaço não possui capacidade de armazenar memória, e, por isso, serve apenas para a transmissão de dados entre usuários. 2 Com base em uma das Metodologias Ativas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A aprendizagem baseada em problema (da sigla inglesa PBL). b) ( ) A aprendizagem baseada em comandos (da sigla inglesa CBL). c) ( ) A aprendizagem baseada em leitura (da sigla inglesa RBL). d) ( ) A aprendizagem baseada em memorização (da sigla inglesa MBL). 3 Com base nos modelos do Ensino Híbrido, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) On-drive, on-line on-time. b) ( ) On-school, on-off on-time. c) ( ) On-school, on-line on-time. d) ( ) On-school, on-line on-drive. 4 Quais os benefícios da adoção do sistema híbrido de ensino no cenário atual? 5 Quais os benefícios pedagógicos do Ensino Híbrido? AUTOATIVIDADE 140 REFERÊNCIAS ALMIL, C. Libras é língua ou linguagem? 2017. Disponível em: https://www. libras.com.br/libras-e-lingua-ou-linguagem. Acesso em: 22 jul. 2021. ASSIS, E. C. P. de. Ciberespaço e pós-modernidade em Neuromancer de William Gibson. 2010. Salvador: UFBA - FACOM. Disponível em: http://www.cult.ufba. br/wordpress/24841.pdf.Acesso em: 18 jun. 2021. BARROS, J. M. Cultura, mudança e transformação: a diversidade cultural e os desafios de desenvolvimento e inclusão. 2007. Salvador: UFBA - FACOM. Disponível em: http://www.cult.ufba.br/enecult2007/JoseMarcioBarros.pdf. Acesso em: 16 maio. 2021. BAUMANN, Z. Amor Líquido, Zygmunt Bauman: Uma Resenha. 2013. Disponível em: https://colunastortas.com.br/amor-liquido-zygmunt-bauman- uma-resenha/. Acesso em: 12 maio. 2021. BORGES, C. Cultura digital: quais são as suas características e influências na sociedade? 2019. Disponível em: https://rockcontent.com/br/blog/cultura-digital/. Acesso em: 2 jul. 2021. BRAIDO, Q. E. 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Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – UTILIZAÇÃO DE REDES SOCIAIS TÓPICO 2 – AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM TÓPICO 3 – SOFTWARES E APLICATIVOS EDUCATIVOS 148 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 149 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, chegamos na nossa última unidade, até o presente momento perpassamos diversos assuntos para podermos entender como utilizar as tecnologias da informação e da comunicação em prol da educação. Agora chegou o momento de falarmos onde iremos aplicar todo esse conhecimento, em que iremos fazer a conexão entre todos os assuntos abordados e a educação Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos a compreensão sobre o que são redes sociais e como elas podem ser utilizadas na e para educação, no Tópico 2 conheceremos alguns ambientes virtuais de aprendizagem e suas potencialidades no Tópico 3 iremos explorar alguns softwares e aplicativos educacionais que poderão enriquecer nosso trabalho. Esperamos que tenha gostado e que essa unidade sirva de incentivo para seu lado criativo! Bons estudos! TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES 2 CONCEITOS E UTILIZAÇÃO DE REDES SOCIAIS O tema Redes Sociais se tornou no meio da educação algo polêmico e ao mesmo tempo desafiador para os atores envolvidos. Nosso sistema educativo passa por transformações diárias que até então,ou melhor, até 2020, não pensávamos que seriam tão rápidas e radicais. A pandemia trouxe a potencialização da utilização das ferramentas, não foi a culpada, mas a grande responsável por essa visão para a utilização na educação. Até março de 2020, com a chegada da pandemia, falávamos em tecnologias e até utilizávamos alguma coisa, mas com o isolamento social tivemos que buscar alternativas para que os processos educativos continuassem ocorrendo, foi neste momento que em algumas práticas temos na escola um espaço temporal deslocado, ou seja, práticas que não dialogam com as realidades dos sujeitos ou da contemporaneidade. UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 150 Nesse momento, muitos docentes começaram a perceber o poder de alcance das redes sociais não apenas como forma de interação e entretenimento, afinal, segundo Barcelos, Passerino e Behar (2010, p. 2), as redes sociais: Podem ser entendidas como um conjunto de nós, interconectados, formados por estruturas não lineares, flexíveis, dinâmicas, compostas de organizações formais e informais. Esses nós representam indivíduos ou grupos de indivíduos responsáveis por alimentar as redes sociais por meio da troca e do compartilhamento de informações. Uma outra definição de rede social é dada por Costa et al. (2003, p. 73), que propõe compreendê-la como “forma de organização caracterizada fundamentalmente pela sua horizontalidade, isto é, pelo modo de inter- relacionar os elementos, sem hierarquia”. Para eles, a horizontalidade desfaz a concentração do poder comunicacional nas mãos de um indivíduo e favorece as relações todos-todos e reafirmando a importância de um no processo. As redes sociais tornam-se meios comuns ou populares a partir do momento que começam a chegar de forma massiva em cada grupo, principalmente via os aparelhos que possibilitaram as interações sem fronteiras físicas. Essas possibilidades foram possíveis graças à internet. Com o advento da internet, as redes sociais também foram para o mundo virtual, iniciamos as redes virtuais de interações e com isso muitas vezes vistas apenas como meios de entretenimento. Muitas vezes, e porque não dizer, na maioria delas, as redes sociais apenas são vistas como comunidades sem fins educacionais. Com as transformações da sociedade as redes sociais iniciam também seus processos de evolução. Essas transformações vão interferir diretamente na forma como os indivíduos se comunicam e interagem entre si. A utilização das redes sociais torna o processo de comunicação mais ativo, para Barcelos, Passerino e Behar (2010, p. 8): Com o uso efetivo das redes sociais, essa troca/resposta acontece de forma dinâmica. Mais do que isso, é possível saber e atender a real necessidade do cliente, estabelecendo fortes elos com os consumidores dos produtos ou serviços oferecidos, o que se torna um diferencial positivo em relação àquelas empresas que somente disponibilizam seus produtos em sites impessoais de compra. Para as autoras citadas, essa interação proporciona a possibilidade de vermos e percebemos as reais necessidades do outro, seja ele um cliente ou um estudante. Quando falamos em educação, as redes sociais foram muitas vezes deixadas de lado e não sendo utilizadas como instrumentos pedagógicos por não serem vistas como campos de percurso formativo. TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES 151 Segundo Lima (2011 apud BERCELOS; PASSERINO; BEHAR, 2010), as redes sociais virtuais são grupos ou espaços específicos na internet, que permi- tem partilhar dados e informações, sendo essas de caráter geral ou específico, das mais diversas formas (textos, arquivos, imagens fotos, vídeos). Diante disso, os estuantes são estimulados a formar grupos de estudos em tecnologia da infor- mação, usando esses espaços para discussões, debates e apresentação de temas transversais à informática. Para entender melhor o que motiva os educandos a utilizarem tão ativamente as redes sociais é necessário saber o que elas são, como estão estruturadas e como elas funcionam. Lima (2011 apud BARCELOS; PASSERINO; BEHAR, 2010, p. 12) “define rede social como uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns”. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes que naqueles grupos, páginas ou salas podem expressar seus pensamentos e buscar suas identificações. Essas buscas tornam-se um campo rico para o campo educacional, uma vez que a educação dentro da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) como já foi dito, contempla o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas ao uso crítico e responsável das tecnologias digitais tanto de forma transversal – presentes em todas as áreas do conhecimento e destacadas em diversas competências e habilidades com objetos de aprendizagem variados – quanto de forma direcionada – tendo como fim o desenvolvimento de competências relacionadas ao próprio uso das tecnologias, recursos e linguagens digitais, ou seja, para o desenvolvimento de competências de compreensão, uso e criação de TDICs em diversas práticas sociais, como destaca a competência geral 5: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (BNCC, 2018). Ao trabalharmos com a competência 5 da BNCC, não podemos deixar de trazer a competência 4: Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. Essas competências buscam que os estudantes se comuniquem bem. É preciso entender, analisar e criticar os variados tipos de linguagens e plataformas, incluindo a digital, para que, assim, eles possam se expressar e partilhar UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 152 informações. A competência relembra também a importância de uma experiência mais completa através de diferentes formatos de expressão, a fim de tornar os estudantes capazes de ouvir outras pessoas com atenção, interesse e respeito por suas ideias e sentimentos. Rico (2021, p. 2) reforça referente a competência 5 da BNCC: Essa competência reconhece o papel fundamental da tecnologia e estabelece que o estudante deve dominar o universo digital, sendo capaz, portanto, de fazer um uso qualificado e ético das diversas ferramentas existentes e de compreender o pensamento computacional e os impactos da tecnologia na vida das pessoas e da sociedade. Os alunos irão desenvolver: 1. Utilização de ferramentas digitais: precisam ser capazes de usar ferramentas multimídia e periféricos para aprender e produzir. 2. Produção multimídia: utilizar recursos tecnológicos para desenhar, desenvolver, publicar e apresentar produtos (como páginas de web, aplicativos móveis e animações, por exemplo) para demonstrar conhecimentos e resolver problemas. O trabalho com as redes sociais proporciona ao estudante, um campo de possibilidade de interações e aprendizagens, porém não aprendizagens convencionais em que a relação à unilateral e sim de forma transversal. Ainda, Hilu, Oliveira e Rodero (2011, p. 15043): Ao trabalhar pedagogicamente no terreno da comunicação digital, deve-se ter claro que ao utilizar meios específicos, estesnão deixarão de ser e ter suas características próprias. Seus limites e características devem ser respeitados a fim de não suprimir o que estes meios têm de atrativo e popular e, assim, engessar seus princípios em condições escolásticas. Congruente com esta afirmação, o uso pedagógico de ferramentas comunicativas digitais pressupõe um acompanhamento constante do educador na proposta do trabalho ou atividade pedagógica. A presença e a intervenção em prol da construção de um conhecimento crítico não se efetivam no livremente ou por osmose, ela exige um ir e vir pedagógico, a fim de mediar conhecimento e saberes. Por mais avançadas que possam ser as ferramentas tecnológicas, a intervenção do educador é crucial. Por mais que os sujeitos estudantes interajam sozinhos com o conhecimento posto, as mediações e aprofundamentos teóricos se consolidam nas relações com o docente. Partindo desses princípios, a aplicação pedagógica de uma determinada tecnologia exige uma intenção pedagógica clara, um planejamento de uso, uma perspectiva de aprendizagem para desenvolvimento do ensino proposto e uma intervenção e acompanhamento sistemáticos desta atividade, caso contrário poderá cair em descrédito dos participantes motivando-os a desistência. É fundamental pensar a reação da educação com as transformações nas formas de comunicar, com as transformações na sensibilidade dos jovens. TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES 153 É importante esclarecer que se possui muitas formas de entendimento de mediação, porém, o conceito entendido aqui é o sentido mais amplo como mediação cultural de Martin Barbeiro que “[...] significava que entre estímulo e resposta há um espesso espaço de crenças, costumes, sonhos, medos, tudo o que configura a cultura cotidiana” (p. 154, 2000), esclarecendo-o. O que se quer dizer com isso é que por mais que se tenha um objetivo claro preciso de comunicação e se lança isto para que as pessoas o interpretem isso não significa, necessariamente, que elas farão exatamente o que foi pensado pelo propositor. Ou seja, as pessoas interpretam as mensagens e o fazem dentro de suas culturas e conhecimentos (BARCELOS; MARTIN-BARBEIRO, 2000, p. 158). Esse novo olhar traz uma nova abordagem metodológica e uma nova cultura que antes não era vista pela escola e nem pelo professor, como afirma Perrenoud (2000, p. 74): Uma cultura tecnológica de base também é necessária para pensar as relações entre a evolução dos instrumentos (informática e hipermídia), as competências intelectuais e a relação com o saber que a escola pretende formar. Pelo menos sob esse ângulo, as tecnologias novas não poderiam ser indiferentes a nenhum professor, por modificarem as maneiras de viver, de se divertir, de se informar, de trabalhar e de pensar. Tal evolução afeta, portanto, as situações que os alunos enfrentam e enfrentarão, nas quais eles pretensamente mobilizam e mobilizarão o que aprenderam na escola. 2.1 REDES SOCIAIS DIGITAIS: TIPOS E POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO As pessoas recebem, processam e apresentam as informações de maneiras diferentes, de acordo com suas características próprias de aprendizagem e o meio escolhido ou neste caso, a rede social. “Ao organizar espaços de aprendizagem, no mundo atual, é necessário considerar os estilos de aprendizagem dos envolvidos e prover formas distintas de trabalho com o intuito de motivar e envolver os alunos, de maneira participativa e responsável, em sua aprendizagem”, como afirmam Mota e Rocha, (2014, p. 2). A nova concepção de educador deverá contemplar as qualidades de um orientador, facilitador do processo, que aprenda a repensar suas sínteses, a tomar atitudes provisórias, permanentemente, refeitas mediante perspectivas e resultados obtidos com a utilização da tecnologia e dos recursos multimídias por ele oferecidos (MORAN, 1997). Ao introduzir e perceber as possibilidades das redes sociais na e para a educação, Mota e Rocha (2014, p. 4) nos pontuam que: UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 154 Faz-se necessário repensar o ensino e a aprendizagem, colocando-se numa postura de professor inovador, criando situações significativas e diferenciadas, cabendo propiciar diferentes situações “problemas” ao educando. Uma das formas de propiciar “problemas” seria a proposta de trabalhar através de uma pedagogia de projetos. Para Gardner (1995), os projetos constituem-se em fontes de criação, que passam por processos de pesquisa, aprofundamento, análise, depuração e criação de novas hipóteses. Quando olhamos as redes sociais e seu crescente em todas as faixas etárias, percebemos pelas falas dos autores que eles acabam abrindo um leque de possibilidades e estratégias tanto no campo da educação quanto no ensino. Falar em utilizar algo que antes era apenas visto como entretenimento para reconstruir, construir e integrar conteúdos e processos de aprendizagem é valorizar o mundo do educando, dar voz e escutar as diversas formas que um docente pode mediar o percurso formativo. Dentro do vasto mundo das redes sociais, tivemos diversas plataformas que ao longo da última década evoluíram agregando serviços, aplicativos e funcionalidades conforme a necessidade dos indivíduos e que podem ser aproveitados para a educação. Vamos conhecer algumas redes sociais populares atualmente. 2.1.1 Facebook FIGURA 1 – FACEBOOK FONTE: <https://bit.ly/2Zr7gNM>. Acesso em: 2 out. 2021. Criado por Mark Elliot Zuckerberg, Eduardo Luiz Saverin e outros ex- -alunos da Universidade de Havard, nos Estados Unidos da América, em 2004, inicialmente pensado para uso dos alunos na Universidade. Os colegas criadores da plataforma tinham um livro no dormitório estudantil que se chamava Face Book´s, baseado nessa ideia do livro de fotos os programadores colocaram no site duas fotos de dois homens e de duas garotas, assim os visitantes poderiam escolher quem estava mais adequado ou era mais “simpático”, esse ranking era contabilizado. TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES 155 Essa rede social permite que qualquer usuário que declare ter pelo menos 13 anos possa se tornar usuário registrado do site. Para participar do Facebook, o usuário deve se registrar no site http://www.facebook.com/ e, em seguida, criar um perfil pessoal, só então o usuário cria seu grupo de contatos, adicionando outros usuários do Facebook como amigos. A troca de mensagens é realizada entre os amigos e pode ser acompanhada na interface da própria rede social ou por notificações automáticas recebidas por e-mail a cada nova atividade realizada pelo grupo, tais como troca discursiva ou atualização de perfil. Os usuários têm, nessa rede social on-line, a possibilidade de participar do grupo de interesse comum de outros utilizadores, organizados por escola, trabalho, faculdade ou outras características, e categorizar seus amigos em listas como “as pessoas do trabalho” ou “amigos íntimos”, atrelando esses subgrupos ao seu perfil. É uma interface com código fonte fechado e interesses comerciais em publicidade e propaganda, gratuito para usuários em geral. Essa rede possibilita ao professor ou a escola a organizar grupos abertos ou fechados para compartilhar desde informações até mesmo organizar “salas de aulas” para interações conforme projetos, conteúdos e assuntos. 2.1.2 Twitter FIGURA 2 - TWITTER FONTE: <https://bit.ly/3vTBi91>. Acesso em: 2 out. 2021. Vasconcelos (2010, p. 26) define o Twitter como um serviço de microblog que permite contactar as pessoas através da postagem de mensagens curtas e instantâneas. O Microblog é uma versão simplificada do já conhecido blog, adaptada para o uso com base em dispositivos móveis com acesso à Internet. Também é considerado o “SMS da Internet”. Oferece duas maneiras de o assinante ficar atualizado: via web ou pelo telefone celular. O Twitter é um excelente serviçopara comunicação rápida, muitos usuários utilizam para se manter informados sobre assuntos de seu interesse seguindo perfis específicos. É uma forma que possibilita manter os estudantes informados a respeito do assunto, bem como de mantê-los atualizados do que há de novidades no mundo, postando notícias e links que possam ser de interesse dos estudantes. Isso colabora para fortalecer a cultura digital. UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 156 2.1.3 YouTube FIGURA 3 - YOUTUBE FONTE: <https://glo.bo/318vNbm>. Acesso em: 2 out. 2021. O YouTube é o site de compartilhamento de vídeos mais popular do mundo, possibilitando que milhões de pessoas assistam e compartilhem vídeos criados por profissionais e amadores. O aumento de banda larga e da popularidade dos vídeos digitais fez surgir uma verdadeira explosão de publicação de vídeos na web e o YouTube foi o grande catalisador dessa onda, permitindo a publicação de vídeos de qualquer natureza. Trata-se de uma verdadeira enciclopédia universal audiovisual, produ- zida pela inteligência coletiva dos internautas. Com tamanha popularidade, é difícil encontrar algum jovem que tenha acesso a internet que não conheça o You- Tube. Entretanto, com tantas possibilidades, o site é mais utilizado como serviço de entretenimento. Vídeos divertidos e de astros da música são os campeões de audiência. Todavia, como fazer desta biblioteca multimídia uma grande ferra- menta pedagógica? O YouTube permite que usuários criem canais de comunicação. A escola, o professor e os próprios estudantes podem criar canais para interações. Nesse canal, os estudantes podem encontrar videoaulas gravadas pelos professores, como edição de imagens, criação de websites, programação e outras matérias. Além disso, é um eficiente canal de divulgação do trabalho realizado pelos estudantes e de eventos relacionados a instituição ou aulas propriamente ditas. 2.1.4 Instagram FIGURA 4 - INSTAGRAM FONTE: <https://bit.ly/3biqKH0>. Acesso em: 2 out. 2021. TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES 157 Pellanda e Streck (2017) definem o Instagram como um aplicativo de rede social, destinado à publicação prioritária de imagens previamente tratadas e editadas pelo usuário. Eles explicam que o aplicativo foi originalmente criado para utilização exclusiva em smartphones, através dos quais as imagens seriam produzidas (fotografadas ou pesquisadas e em seguida tratadas) e instantaneamente publicadas, o que permite ao usuário interagir quase que em tempo real com os seus seguidores. É dessa noção que advém o nome do aplicativo, o prefixo: Insta, proveniente de instantâneo, acrescido de gram, derivado de telegrama, forma mais rápida de se enviar informações antes do advento das TICs. O primeiro passo para se desenvolver um trabalho pedagógico com uma rede social é delimitar claramente o papel que o recurso tecnológico assumirá no processo. O aplicativo Instagram pode ser empregado das seguintes formas: • Portfólio da turma: criação de um perfil para compartilhar, com os responsá- veis e com a comunidade escolar, todos os projetos realizados pelos alunos. • Portfólio de um projeto: criação de um perfil para documentar o desenvolvimento e a culminância de um projeto em determinada(s) disciplina(s). • Fonte de pesquisa: utilização dos perfis dos próprios alunos para reunir informações sobre determinado assunto, como, por exemplo, a visita a perfis de museus e artistas plásticos. • Reforço extraclasse: criação de um perfil para determinada disciplina ou projeto, cujas postagens objetivem relembrar e substanciar o que foi visto em sala de aula. • Ampliação de conhecimentos: sugerir que os alunos sigam perfis em que são abordados temas educacionais de seu interesse, tais como a prática de alguma língua estrangeira ou perfis relacionados a dicas de estudo para o ENEM, por exemplo. 2.1.5 Pinterest FIGURA 5 - PINTEREST FONTE: <https://neilpatel.com/br/blog/publicidade-do-pinterest/>. Acesso em: 2 out. 2021. UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 158 É uma rede social de compartilhamento de fotos, assemelha-se a um quadro de inspirações, em que os usuários podem compartilhar e gerenciar imagens temáticas, como de jogos, de hobbies, de roupas, de perfumes, de animes etc. Cada usuário pode compartilhar suas imagens, e compartilhar novamente as de outros utilizadores e colocá-las em suas coleções ou quadros (boards), além de poder comentar e realizar outras ações disponibilizadas pelo site. Segundo Alex Contin, do site Geek, ele pode ser usado na educação da seguinte forma: 1 – Crie boards para guardar e organizar ideias: Isso é útil se você, como a grande maioria das pessoas, não sabe como guardar e organizar o enorme número de imagens, links e textos interessantes que encontra na internet. É possível criar um board no Pinterest para reunir só referências para a organização de sua sala, planos de aula ou informações para trabalhar quando for explorar alguma matéria específica. Dica: ao postar o “pin”, é possível escrever observações. Aproveite esse espaço para deixar um lembrete sobre o que há de interessante e útil em cada um deles. Assim, será mais fácil lembrar por que estão ali quando sua coleção começar a crescer. 2 – Salve ilustrações, fotos e vídeos para usar em suas aulas: Apesar de ser possível salvar links, o Pinterest é uma ferramenta essencialmente visual, e essa é sua principal utilidade. Para os professores, é uma ótima chance de encontrar material e fazer um repositório de fácil acesso com imagens para enriquecer suas aulas – esquemas, ilustrações, fotos, imagens históricas, vídeos. 3 – Gerencie projetos com seus alunos: Você pode estimular seus alunos a usarem o Pinterest em projetos específicos, seja para reunir ideias, referências e conceitos ou mesmo para publicar seu próprio material. Em uma aula de artes, por exemplo, eles podem subir fotos mostrando a evolução de seu trabalho, permitindo ao professor dar feedbacks em tempo real. Outra possibilidade é criar um diário para o registro de uma viagem de campo, com a publicação de fotos e legendas, ou fazer um álbum descrevendo algum evento histórico. O estudo de idiomas estrangeiros também pode ser favorecido: você pode pedir para seus alunos postarem fotos com legendas em outra língua segundo um tema pré-estabelecido. 4 – Crie uma coleção literária: Muitas pessoas usam o Pinterest para gerenciar sua coleção de livros que já leram ou que pretendem ler. Seus alunos podem ser estimulados à leitura dessa mesma maneira. Crie um board com livros recomendados para a sua aula e proponha para que eles comentem o que acharam da leitura de cada um. Outra ideia é pedir para que cada aluno crie um board com os livros que já leu, seguidos de uma resenha, e promover o compartilhamento desses boards entre toda a sala. Isso poderá incentivar a turma a ler mais e ajudá-los a descobrir novos livros de interesse. Ou então proponha um desafio literário: peça para que seus alunos criem um board com os livros que pretendem ler naquele ano e os incentive a escrever resenhas à medida que completam a leitura, para acompanhar seu progresso. TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES 159 3 REDES SOCIAIS POUCO CONHECIDAS, MAS COM POTENCIAL PEDAGÓGICO Muitos usuários, ao falar em rede social, já lembram de algumas, normalmente as mais utilizadas. Conhecemos as redes mais utilizadas e que a grande maioria usa, porém existem outras que não são tão difundidas, mas que possuem alto poder pedagógico quando bem utilizadas. Importante mensurar que o trabalho dependerá de alguns fatores: 1. Conhecer a rede social 2. Planejar a utilização 3. Explorar as ferramentas 4. Determinar a finalidade 5. Estabelecer objetividade 3.1 TIKTOK FIGURA 6 – TIKTOK FONTE: <https://bit.ly/31bBntH>. Acesso em: 2 out. 2021. É uma rede social atravésde um aplicativo de mídia para criar e compartilhar vídeos curtos. De propriedade da companhia de tecnologia chinesa ByteDance, o aplicativo de mídia foi lançado como Douyin na China em setembro de 2016, e introduzido no mercado internacional como musical.ly um ano depois, porém em novembro de 2017 o TikTok comprou o Musical.ly. É uma plataforma de vídeos curtos líder na Ásia, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. O aplicativo ganhou popularidade e se tornou o aplicativo mais baixado nos Estados Unidos em outubro de 2018. 3.2 FOURSQUARE FIGURA 7 - FOURSQUARE FONTE: <https://bit.ly/3Cg6vpn>. Acesso em: 2 out. 2021. https://pt.wikipedia.org/wiki/ByteDance UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 160 É uma rede geossocial e de microblogging que permite ao utilizador indicar onde se encontra, e procurar por contatos seus que estejam próximo desse local. O aspecto lúdico vem do fato de ser possível acumular distintivos relativos a lugares específicos, um pouco como os autocolantes dos anos 1970. 3.3 MYSPACE FIGURA 8 - MYSPACE FONTE: <https://bit.ly/3mhCa46>. Acesso em: 2 out. 2021. É uma rede social americana que oferece uma rede interativa de amigos, perfis pessoais, blogs, grupos, fotos, músicas e vídeos enviados por usuários. Foi criada em 2003. Inclui um sistema interno de e-mail, fóruns e grupos. Chegou a ser a rede mais popular, mas perdeu para o Facebook. 3.4 TUMBLR FIGURA 9 – TUMBLR FONTE: <https://www.cnnturk.com/teknoloji/internet/tumblr-tarih-verdi>. Acesso em: 2 out. 2021. É uma rede social organizada como uma plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações, áudio e "diálogos". A maioria dos posts feitos no Tumblr são textos curtos, mas a plataforma não chega a ser um sistema de microblog, estando em uma categoria intermediária entre os blogs de formato convencional Wordpress ou Blogger e o microblog Twitter. Os usuários são capazes de "seguir" outros usuários e verem seus posts em seu painel (dashboard). Também é possível "gostar" (favoritar) ou "reblogar" (semelhante ao RT do Twitter) outros blogs. O sistema de personalização enfatiza a facilidade de uso e permite que os usuários usem tags especiais do sistema para criar seus documentos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Microblogging https://pt.wikipedia.org/wiki/Blog https://pt.wikipedia.org/wiki/Texto https://pt.wikipedia.org/wiki/Imagens https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADdeo https://pt.wikipedia.org/wiki/Links https://pt.wikipedia.org/wiki/Cita%C3%A7%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81udio https://pt.wikipedia.org/wiki/Microblogging https://pt.wikipedia.org/wiki/Wordpress https://pt.wikipedia.org/wiki/Blogger https://pt.wikipedia.org/wiki/Twitter https://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Painel https://pt.wikipedia.org/wiki/Dashboard https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema TÓPICO 1 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POTENCIALIDADES 161 3.5 PARLER FIGURA 10 - PARLER FONTE: <https://bit.ly/3EpnuWL>. Acesso em: 2 out. 2021. É um serviço de microblogue e rede social estadunidense lançado em agosto de 2018. Parler se apresenta como uma alternativa imparcial de "liberdade de expressão" às redes sociais convencionais, como Twitter e Facebook. No entanto, jornalistas e usuários têm criticado o serviço pelas políticas de conteúdo que são mais restritivas do que a empresa retrata e às vezes mais restritivas do que as de seus concorrentes. 3.6 LINKEDIN FIGURA 11 - LINKEDIN FONTE: <https://www.amocrm.com/br/integracoes/linkedin/>. Acesso em: 2 out. 2021. É uma rede social de negócios fundada em dezembro de 2002 e lançada em 5 de maio de 2003. É comparável a redes de relacionamentos, e é principal- mente utilizada por profissionais com o intuito de apresentar suas aptidões, de uma forma que outros profissionais da mesma empresa possam endossar, dando credibilidade ao conteúdo. 3.7 BRAINLY FIGURA 12 - BRAINLY FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Brainly>. Acesso em: 2 out. 2021. https://pt.wikipedia.org/wiki/Microblogue https://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social_virtual https://pt.wikipedia.org/wiki/Facebook https://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_redes_sociais UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 162 É uma empresa de tecnologia educacional localizada em Cracóvia, Po- lônia, que gera um grupo de redes sociais de aprendizagem para estudantes e educadores. Está disponível em 13 versões linguísticas que são visitadas por mais de 40 milhões de usuários únicos mensais de mais de 35 países do mun- do. A primeira versão do grupo foi lançada em 2009 na Polônia sob o nome Zadane.pl. O sistema da plataforma é baseado em elementos de gamificação, como por exemplo: pontos que permitem os usuários fazerem e responder per- guntas de matérias escolares. O objetivo do Brainly é promover a aprendiza- gem colaborativa on-line aproveitando as novas tecnologias. https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia_educacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Crac%C3%B3via https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%B4nia https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%B4nia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ludifica%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem https://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem 163 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • Rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que compartilham valores e objetivos comuns. Uma das fundamentais características na definição das redes é a sua abertura, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes. Redes não são, portanto, apenas uma outra forma de estrutura, mas quase uma não estrutura, no sentido de que parte de sua força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente. • Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Essa competência reconhece o papel fundamental da tecnologia e estabelece que o estudante deve dominar o universo digital, sendo capaz, portanto, de fazer um uso qualificado e ético das diversas ferramentas existentes e de compreender o pensamento computacional e os impactos da tecnologia na vida das pessoas e da sociedade. • Facebook, atualmente, é uma das formas mais utilizadas entre aqueles que acessam a internet, para se conectar com outras pessoas e para realizar buscas rápidas de informações, além de funcionar como espécie de centralizador de contatos. • Twitter é uma rede social e um servidor para microblogging, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos, por meio do website do serviço, por SMS e por softwares específicos de gerenciamento. • Instagram é uma rede social de fotos para usuários de celular. Basicamente se trata de um aplicativo gratuito que pode ser baixado e, a partir dele, é possível tirar fotos com o celular, aplicar efeitos nas imagens e compartilhar com seus amigos. • Youtube é um site de compartilhamento de vídeos enviados pelos usuários através da internet. 164 1 Com o avanço tecnológico surgiram várias Redes Sociais buscado espaço na rede de internet, porém tivemos uma em especial com o foco nas questões profissionais: “maior rede profissional do mundo, com aproximadamente 550 milhões de usuários, com objetivo de conectar profissionais de todo o mundo, focando no crescimento de suas carreiras, permitindo assim, a empresa a buscar pelos perfis profissionais nessa rede social”. Com base na rede social apresentada no trecho anterior, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) YouTube. b) ( ) Instagram. c) ( ) My space.d) ( ) Linkedin. 2 O conceito de uma Rede Social é: tipo de rede de relacionamento que permite que os usuários criem perfis e os utilizem para se conectar a outros usuários, compartilhar informações e se agrupar de acordo com interesses em comum. Com base na rede social mais utilizada entre as pessoas no mundo, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Gmail. b) ( ) Twitter. c) ( ) Facebook. d) ( ) Pinterest. 3 Facebook, Instagram e Twitter, embora estejam nas lojas de APP para poderem ser utilizados nos celulares, são conhecidos como: a) ( ) Programas. b) ( ) Grupos. c) ( ) Softwares. d) ( ) Redes sociais. AUTOATIVIDADE 165 4 As redes sociais são atrativas e repletas de possibilidades pedagógicas. Como a escola poderia aproveitar esse mundo rico de oportunidades e uti- lizar em prol da educação? 5 Quais motivos podem ser apontados para que as redes sociais se tornem uma ferramenta para a educação na sociedade atual? 166 167 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, chegamos no tópico em que iremos compreender o que são e a finalidade dos ambientes virtuais de aprendizagem e principalmente o papel interlocutor do professor/tutor/mediador. Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, os conhecidos AVAs, não são apenas salas de aula virtuais com um monte de apostilas e exercícios, tudo nesses ambientes são ou deveriam ser devidamente planejados e organizados com uma finalidade pedagógica, lembrando que a educação é um ato intencional, logo seus espaços, sejam eles físicos ou presenciais também. No Tópico 1, abordamos a compreensão sobre o que são redes sociais e como elas podem ser utilizadas na e para educação, no Tópico 2, conheceremos alguns ambientes virtuais de aprendizagem e suas potencialidades. Por fim, no Tópico 3, exploraremos alguns softwares e aplicativos educacionais que poderão enriquecer nosso trabalho. Vamos aos estudos! TÓPICO 2 — AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 2 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM-CONCEITOS E FINALIDADES Falar em Ambientes Virtuais de Aprendizagem é falar em novas abordagens metodológicas e organização curricular. É pensar numa trilha formativa autoinstrutiva que converse com o estudante, que o leve a autonomia e isso requer planejamento. Para planejarmos, é necessário entendermos o que é um AVA, para muitos é apenas um software que colocamos as aulas, informação INCORRETA! Um Ambiente Virtual de Aprendizagem se trata de uma plataforma ou também conhecido como software que reúne um conjunto de percursos e possi- bilidades, tendo como objetivo principal simular uma sala de aula virtualmen- te, facilitando a distribuição de conteúdo, materiais, provas e exercícios para os estudantes, possibilitando o monitoramento e a verificação do aproveitamento 168 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES por parte do estudante. Através desse ambiente ou sistema virtual os professores podem gerenciar todas as atividades que fazem parte do curso analisando e ve- rificando o percurso do estudante e podendo inclusive buscar estratégias perso- nalizadas para intervenções. Afinal, os profissionais acompanham o desempenho e o histórico de aprendizagem de cada estudante, podendo oferecer conteúdo personalizado de acordo com a necessidade individual. Com os avanços e transformações na educação e no perfil do estudante a aprendizagem tem passado por mutações significativas em que o acesso à informação vem sendo cada vez mais facilitado pelas redes móveis e as mídias digitais tem se tornado um elemento cada vez mais presente no cotidiano das pessoas e, segundo Filatro (2016), a paradoxal simultaneidade de presença e ausência ensejada pelas mídias digitais ressignifica o conceito de educação à distância, substituindo-o pelo termo educação on-line ou mesmo educação em ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs). A função dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) é possibilitar que o conteúdo das aulas seja oportunizado como uma conversa reflexiva e ati- va aos usuários/estudantes, através de vários recursos e ferramentas que podem variar conforme o ambiente escolhido, o nível, a turma e até mesmo o projeto. Os AVAS são utilizados para atender todas as abordagens, sejam elas no on-line ou no presencial, trabalhando muito bem em parceria direta com as metodologias ativas. Segundo Scherer (2020, p. 75), mudar a práxis pedagógica tradicional através das Metodologias Ativas e utilizar as plataformas educativas para fortalecer o processo, é resultado da necessidade de ajustar a uma nova concepção de entendimento do mundo. Na medida em que a Universidade se desenvolve e transforma suas estratégias, seus métodos de trabalho e seus programas de “pesquisa – ensino”, maior se faz sua necessidade de autonomia e de liberdade de ação. Ainda complementando a ideia do autor citado, Saviani et al. (1998, p. 60) atribuem à formação profissional uma dupla missão: “a formação de profissionais de nível superior e a cultura superior, destinadas a possibilitar à toda população, a difusão e discussão aprofundada dos grandes problemas que afetam o homem contemporâneo”. A utilização desses ambientes só vem aumentando e é preciso saber como escolher e trabalhar, por isso, para Vilaça (2010, p. 78), os AVAs têm as seguintes características: • O acesso ao interior do AVA é feito por meio de login; • Pouco conteúdo fica disponível ou visível para usuários não cadastrados; • Há papeis com permissões diferentes para os usuários. Adminis- trador, criador do curso, professor ou tutor, alunos e visitantes são alguns exemplos; TÓPICO 2 — AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 169 • Os cursos são separados em “salas virtuais” e o acesso é restrito por código, senha ou inscrição feita ou aprovada pelo responsável do curso; • As ferramentas e funcionalidades encontram -se voltadas primordialmente para situações de ensino-aprendizagem; • Há formas variadas de comunicação e interação (atividades diversas, tarefas, chat, blog, fórum etc.); • O professor ou tutor pode acompanhar o desenvolvimento e a participação do aluno, elaborar e corrigir atividades, atribuir notas, estabelecer prazos para a realização de atividade, enviar mensagens, e muito mais; • Há exercício de naturezas diversas, alguns similares a aprendizagem presencial. Existem várias plataformas (softwares) destinada a formatação de AVAs que possuem características particulares e podem ser adquiridas gratuitamente. Algumas instituições optam em produzir sua própria plataforma. Sendo assim, ao buscarmos trabalhar com as possibilidades das tecno- logias é necessário perceber a funcionalidade e potencialidades das ferramen- tas, segundo Almeida (2004, p. 89), “relaciona-se à sistemas computacionais, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação”. Permitem integrar múltiplas mídias e recursos, apresentam informações de maneira organizada, proporcionam interações entre pessoas e objetos de conhecimento, visando atingir determinados objetivos. 3 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM – TIPOS E POSSIBILIDADES Atualmente, temos diversos tipos de AVAs, o funcionamento de um Am- biente Virtual de Aprendizagem costuma ser bastante simples. A maioria das instituições utiliza sistemas próprios, baseados nas próprias necessidades espe- cíficas e nos diferenciais oferecidos por cada escola. Isso significa que cada facul- dade pode apresentar variadas funções em seu sistema de aprendizagem virtual. Basicamente, apenas o acesso à internet é exigido para que seja possível usufruir de um AVA, já que a maioria dos sistemas costuma ser leve e simplificada, sendo sua utilização de fácil acesso através de computadores, tablets e até mesmo smartphones são suficientes para assistir a uma aula, desde que tenham, é claro, alguma saída de áudio. No mercado temos algumas possibilidades de AVAS prontosque podem ser personalizados conforme a necessidade da instituição e até mesmo curso. 170 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES 3.1 MOODLE FIGURA 13 - MOODLE FONTE: <https://ifrs.edu.br/erechim/orientacoes-de-acesso-ao-moodle/>. Acesso em: 2 out. 2021. O Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) é o AVA mais conhecido do mercado, possuindo aproximadamente 1.370.000 usuários registrados no mundo. O Moodle oferece uma variedade de opções para trabalhar com os conteúdos e atividades, desde links até arquivos em formatos variados, recursos específicos para a formatação de conteúdos e espaços de comunicação e troca de mensagens. Ele foi concebido a partir da tese de doutorado de Martin Dougiamas (DOUGIAMAS, 1999). O Moodle permite a integração de novas ferramentas a partir de plug-ins. Segundo Caldas (2018, p. 3): Moodle é um sistema de gestão de aprendizagem e uma plataforma educacional on-line que fornece ambientes personalizados de apren- dizado para os alunos. Os educadores (gestores ou professores) podem usar o Moodle para: • Criar aulas on-line por meio de videoaulas • Estimular a aprendizado compartilhado por meio dos fóruns • Compartilhar arquivos • Gerenciar cursos • Interagir com outros professores e alunos por meio de chats ou do fórum Já os alunos podem usar o Moodle com a finalidade de: • Revisar o calendário das aulas • Enviar tarefas finalizadas aos professores • Fazer questionamentos e tirar dúvidas sobre temas abordados nas disciplinas • Interagir com os colegas, entre outros. O Moodle é usado por milhares de instituições de ensino em todo o mundo e fornece uma interface organizada de apoio às estratégias de e-learning. http://moodle.org/ https://moodle.org/plugins/ TÓPICO 2 — AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 171 O e-learning ou ensino eletrônico corresponde a um modelo de ensino não presencial apoiado em Tecnologia de Informação e Comunicação. Atualmente, o modelo de ensino/aprendizagem eletrônico assenta no ambiente on-line, aproveitando as capacidades da Internet para comunicação e distribuição de conteúdo. DICAS O Moodle nas suas funcionalidades proporciona a instituição organizar seus conteúdos de forma personalizada, conforme sua estrutura, podendo ser aplicado e organizado de diversas formas e situações, entre elas: • Ensino on-line ou semipresencial qualquer instituição de todos os níveis, inclusive cursos preparatórios e cursos técnicos. • Para a educação corporativa EAD ou como apoio ao treinamento e desenvolvimento de funcionários em cursos presenciais de empresas ou outras organizações. • Na comunicação e troca de documentos entre colaboradores. • Para compartilhamento de materiais de apoio pelos professores para ampliar o acesso à informação e conteúdo dos estudantes. • Grande parte das atividades do Moodle estão relacionadas a aprendizagem colaborativa, como no caso dos exemplos de fóruns de discussão EAD. Além de ser uma plataforma que proporciona a personalização ela tam- bém possui funcionalidades básicas que podem ser utilizadas por todos os seus usuários, independente da função com a qual está determinado, como: • Glossário: lista dos termos mais usados e seus significados. • Fórum: para discussão de temas relacionados às disciplinas. • Chat: canal de comunicação instantânea para resolução de dúvidas. • Wiki: esse recurso permite que os participantes adicionem e editem uma coleção de páginas da web sobre os temas abordados (como a Wikipédia, mas exclusiva para àquela turma ou curso). • Espaço para avaliações de múltipla escolha ou dissertativas. • O professor pode repassar pela plataforma as tarefas e atividades que os estudantes devem realizar em determinado período. • Envio de tarefas e avaliações: em contrapartida, os estudantes podem enviar os trabalhos prontos para os professores, também pela plataforma. Com relação a adquirir, Caldas (2018, p. 5) nos pontua: 172 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES O Moodle é um software livre, ou Open Source, portanto, ele é gratuito e pode ser copiado, modificado e redistribuído pelos usuários gratuitamente. Entretanto, software livre não é sinônimo de custo zero. Há custos com a equipe de TI, necessária para implantá-lo, tempo para realizar as necessárias customizações e investimento em infraestrutura. É preciso montar ou terceirizar sua equipe de TI e uma estrutura de hardware e software básicos para atender às suas necessidades. Os programadores envolvidos na implantação do sistema precisam saber PHP e MySQL. Neste caso, também é necessária uma equipe de suporte, interna ou terceirizada, uma vez que a plataforma não oferece esse tipo de apoio. Software de código aberto é o software de computador com o seu código fonte disponibilizado e licenciado com uma licença de código aberto no qual o direito autoral fornece o direito de estudar, modificar e distribuir o software de graça para qualquer um e para qualquer finalidade. DICAS 3.2 BLACKBOARD FIGURA 14 - BLACKBOARD FONTE: <https://bit.ly/3pIa7wN>. Acesso em: 2 out. 2021. Blackboard Learn é um ambiente de aprendizagem virtual e um sistema de gerenciamento de cursos desenvolvido pela Blackboard Inc. É um software baseado na Web que possibilita o gerenciamento de cursos, possui arquitetura aberta personalizável e design escalável que permite a integração com sistemas acadêmicos e protocolos de autenticação. Pode ser instalado em servidores locais ou hospedado pelo Blackboard ASP Solutions. Sua licença de distribuição é proprietária, contrapondo-se ao tipo de licença livre que é adotada pelo Moodle. Segundo o fabricante, esse ambiente de aprendizagem on-line pode ser realizado em um ambiente síncrono ou assíncrono. Em um ambiente síncrono, os estudantes e os instrutores têm interação instantânea ou “em tempo real”. Os par- ticipantes do curso precisam se encontrar em uma hora definida, o que pode ser TÓPICO 2 — AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 173 visto como negativo. No entanto, uma hora definida pode ajudar os estudantes a permanecer no caminho e gerenciar o tempo. Um exemplo de uma ferramenta síncrona é o Blackboard Collaborate. No Collaborate, sua turma se reúne para uma palestra. Você pode fazer horas adicionais e sessões de estudo, ter discus- sões improvisadas e receber palestrantes convidados. O Blackboard CollaborateTM é uma solução de webconferência simples, conveniente e confiável criada para ensino e treinamento. Interaja com os materiais e com seu instrutor. Graças às ferramentas robustas de colaboração e de conferências, todos sentem como se estivessem na mesma sala juntos, independentemente de sua localização ou dispositivo. DICAS Ainda, segundo o desenvolvedor, essa plataforma proporciona três tipos de modalidades de cursos, embora tenha sido pensado para as atividades on-line suas funcionalidades proporcionam que sejam utilizadas como complemento nos processos formativos, sejam eles educacionais convencionais ou corporativos. Vamos conferir os três tipos de cursos. 3.2.1 Totalmente on-line • Os participantes não se encontram pessoalmente na sala de aula, mas intera- gem, totalmente on-line. • Você fornece os materiais do curso no formato on-line. • Você se comunica e interage com os estudantes com ferramentas on-line. • Os estudantes interagem, se comunicam e colaboram on-line. • Você avalia o trabalho do estudante on-line. 3.2.2 Híbrido ou mesclado • Os participantes ainda se encontram em uma aula agendada ou usam o tempo de laboratório, mas o tempo é reduzido, por exemplo, você ministra uma aula em um curso que normalmente tem três aulas por semana. Se você adicionar alguns aspectos on-line, talvez só precise de duas aulas por semana. • Você cria as atividades presenciais e on-line que reforçam, complementam e apoiam umas às outras. 174 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES • Você pode combinar os melhores recursos dos cursos on-line baseadosna sala de aula. Os estudantes se beneficiam por se encontrarem com o instrutor regularmente e ainda desfrutam da flexibilidade do aprendizado on-line. 3.2.3 Aprimorado pela web • Os participantes se encontram em sala de aula nas horas programadas do curso, mas você adiciona algumas atividades educacionais on-line. • Materiais complementares, como um programa de estudos de um curso, exercícios de dever de casa e discussões opcionais, são enviados on-line. Esses componentes têm a intenção de complementar, não de substituir, o trabalho do curso presencial. Ele funciona nos celulares e temos duas formas de aplicativos, segundo o site do fabricante: ○ Blackboard: os estudantes recebem atualizações sobre os cursos, realizam exercícios e testes, participam de discussões, iniciam sessões do Collaborate e visualizam as notas. ○ Blackboard Instructor: o Blackboard Instructor é um aplicativo para dispositivos móveis que permite que os instrutores visualizem o conteúdo do curso, avaliem exercícios, conectem-se com os estudantes em discussões e iniciem sessões do Collaborate. O Blackboard Learn é onde os estudantes encontram os conteúdos e as ferramentas digitais para acompanhar as disciplinas presenciais ou virtuais e se aprofundar no conteúdo visto no curso, seja em sala de aula ou no AVA. Ele conta com o Menu do curso, que costuma estar localizado na barra lateral, que é onde o aluno vai acessar todas as áreas disponibilizadas, que variam de curso para curso. Essas ferramentas são flexíveis, e podem ser adaptadas pelos instrutores do curso de acordo com as necessidades, com novas cores, inclusão de ferramentas, subcabeçalhos ou outros links importantes. Na Página inicial do Menu, o estudante encontra os detalhes mais importantes do curso, com as matérias que estão em andamento, a caixa de avisos, de tarefas e uma aba com “novidades” que traz novos conteúdos do curso ou informações da instituição. O estudante pode gerenciar essas configurações e personalizar como prefere receber notificações e avisos, por exemplo. Em “Novidades”, o aluno vai acessar os conteúdos atualizados pelos professores dos cursos. Cada alteração no conteúdo disponibilizado vai aparecer neste módulo, que notifica os estudantes uma vez por dia se há, por exemplo, novos testes, pesquisas, exercícios, blogs, discussões e mensagens do curso. UNI TÓPICO 2 — AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 175 A plataforma Learn ainda conta com o módulo “Para fazer”, que vai apresentar os prazos expirados ou a serem cumpridos das atividades que estão pendentes, ferramenta que auxilia o estudante a acompanhar o seu dia a dia do curso e o que ele precisa priorizar. A interação com outros usuários pode ser feita de diversas maneiras pelo Blackboard Learn, como por e-mail, mensagens, discussões, reuniões e com plataformas externas, como o Google Meet. Outras ferramentas da Blackboard A interação entre professores e alunos também pode ser feita pelo Blackboard Collaborate, que é uma outra plataforma disponível pelo serviço que conta com ferramentas de colaboração entre os usuários e oferece espaço para webconferências. Pelo Collaborate, as chamadas virtuais podem acontecer ao vivo e a interação dos presentes é feita de forma dinâmica, com opções de chat, respostas rápidas, comen- tários sobre a aula e até uma opção “Erguer a mão”, que indica que um aluno possui uma dúvida pendente. Para acompanhar a exigência de personalização dos ambientes virtuais, a plata- forma também conta com o Blackboard Open LMS, que disponibiliza que professores das universidades adaptem seus conteúdos de acordo com a necessidade das aulas e dos cursos. Há também o Blackboard Ally, que usa a tecnologia para que o conteúdo digital das aulas seja disponibilizado de forma mais acessível, com formatos compatíveis com a plataforma, como PDF, HTML, áudio, entre outros. FONTE: <https://querobolsa.com.br/revista/conheca-os-principais-portais-do-aluno-das- universidades-brasileiras>. Acesso em: 9 out. 2021. 3.3 CANVA FIGURA 15 - CANVA FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Canva>. Acesso em: 2 out. 2021 O Canva é considerado um coringa para a educação, além de trazer uma gama de ferramentas e possibilidades ainda abre o leque para transformarmos em um ambiente de aprendizagem. Segundo Silva, Mehlecke e Furtado (2018, p. 48): O Canvas é um LMS lançado em 2011, pela Instructure, uma empresa de tecnologias educacionais, o qual foi distribuído para universidades, distritos escolares e instituições educacionais (CANVAS, 2018). Configuração como um software aberto, que implementa uma plataforma colaborativa, também disponível para dispositivos móveis. 176 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES A avaliação do LMS CANVAS foi organizada em 5 dimensões, a saber: a) Administração; b) Coordenação; c) Comunicação; d) Conteúdos; e, e) Ferramentas. Tais dimensões serão analisadas em relação aos seguintes níveis: a) disponibilidade; b) facilidade de uso; c) diferencial em relação a outros LMSs. A plataforma oferece diversos recursos que possibilitam a melhor interação entre professores e estudantes, deixando o contato mais pessoal entre eles mesmo em cursos à distância. Veja algumas ferramentas: • Conferências virtuais (aulas, interação entre colegas e grupos de estudo). • Anúncios, pelo qual os professores se comunicam sobre conteúdos com estudantes. • Tarefas, em que as atividades, questionários e debates avaliados estão localizados. • Análises, em que os professores abordam o andamento do aprendizado; • Calendário. • Chat. • Página para trabalho colaborativo ou em grupo. • Banco de perguntas e questões. • Novos métodos de avaliação e acompanhamento do estudante. • Portfólio dos estudantes. 4 PLATAFORMAS DE APRENDIZAGENS (AVAS): AMBIENTES DE COLABORAÇÃO E PARTILHA As plataformas possuem enormes potencialidades, o que é preciso é uma articulação em torno do planejamento e organização conectando os conteúdos, meto- dologias e perfil do estudante, sem esquecer da formação e perfil do docente também. As tecnologias abrem portas para novas realidades que fazem parte das vivências dos nossos alunos, com especial ênfase para as redes sociais – o Facebook, o Twitter, o YouTube, o Ning, o hi5, entre outras. Do ponto de vista pedagógico, têm um potencial infinito, já que constroem verdadeiras comunidades virtuais e que poderão constituir-se de aprendizagem, as quais derrubam fronteiras e limites à aprendizagem – uma aula sem paredes – parafraseando o famoso artigo de McLuhan5. E, se efetivamente numa primeira fase estas comunidades podem assemelhar–se a pequenas ilhas de aprendizagem, rapidamente se transformam em densos tômbolos cuja rápida expansão permite extravasar continentes. A criação de grupos de aprendizagem constitui uma verdadeira mais-valia: são espaços sociais de aprendizagem informal, núcleos de motivação, entreajuda, intercâmbio de conhecimentos e de competências, de discussão e debate de ideias, reflexão e construção de conhecimento. TÓPICO 2 — AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 177 A criação de grupos de aprendizagem está em plena consonância com as necessidades da sociedade, pois fornecendo vias para os grupos se comunicarem, não só se promove a intercomunicação, como se gera uma orientação prática, que dá resposta às necessidades de preparação para as ações coletivas e cooperativas exigidas na era da comunicação. Os desafios vivenciados estão conectando os atores que buscam fazer a educação uma jornada de eterna transformação e letramento digital de busca pelo saber de forma autônoma e que desenvolva indivíduos protagonistas de suas histórias e escolhas. Trabalhar com AVAs é reconhecer que o processe educativo não é de trans- missão e sim de descoberta, mediação, orientação, resolução de problemas, diálo- go, reflexão e acima de tudo de confronto de ideias através de desafios que possam e devem levar todos os envolvidos a umprocesso de partilha e colaboração. O desafio que se coloca à escola nesta nova era é o digital, o qual é capaz de mobilizar o aluno para a aprendizagem, como verdadeiro autor do conhecimento e não um mero consumidor de informação. O mundo digital centra no aluno as aprendizagens, através do manuseio das tecnologias e da necessidade da tomada de decisões perante o mundo da interatividade proporcionado pelas tecnologias de informação e comunicação. No entanto, reconhece-se que cada vez mais o mundo escolar diverge do mundo de interesses dos nossos alunos. E é progressivo o hiato entre a experiência cultural de onde falam os professores e aquela outra de onde aprendem os alunos. Assim, o buscar da educação torna-se um processo de cooperação, co- laboração, partilha e descobertas em que professor, estudante e todos envolvi- dos possuem a flexibilidade de construir seu percurso formativo, dentro de uma orientação e não dentro de uma caixa fechada que as respostas precisam ser padronizadas. 178 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, os conhecidos AVAS, não são apenas salas de aula virtuais com um monte de apostilas e exercícios, tudo nestes ambientes são ou deveriam ser devidamente planejados e organiza- dos com uma finalidade pedagógica, lembrando que a educação é um ato intencional, logo seus espaços, sejam eles físicos ou presenciais também. • A função dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) é de possibilitar que o conteúdo das aulas se já possibilitando uma conversa reflexiva e ativa aos usuários/estudantes através de vários recursos e ferramentas que podem variar conforme o ambiente escolhido, o nível, a turma e até mesmo o projeto. Os AVAS eles são utilizados para atender todas as abordagens sejam elas no on-line ou no presencial, trabalhando muito bem em parceria direta com as metodologias ativas. • Moodle é um sistema de gestão de aprendizagem e uma plataforma educacional on-line que fornece ambientes personalizados de aprendizado para os estudantes. • Blackboard Learn é um ambiente de aprendizagem virtual e um sistema de gerenciamento de cursos desenvolvido pela Blackboard Inc. É um software baseado na Web que possibilita o gerenciamento de cursos, possui arquitetura aberta personalizável e design escalável que permite a integração com sistemas acadêmicos e protocolos de autenticação. • O Canva é considerado um coringa para a educação, além de trazer uma gama de ferramentas e possibilidades ainda abre o leque para transformarmos em um ambiente de aprendizagem. 179 1 Com base nos conceitos sobre Ambientes Virtuais de Aprendizagem, analise as sentenças a seguir: I- Os ambientes virtuais de aprendizagem são sistemas fechados desenvolvidos por empresas e precisam ser adquiridos por meio de planos com assinaturas semestrais, anuais ou bianuais. II- Para o professor organizar os materiais de sua disciplina no ambiente virtual de aprendizagem, ele precisa de conhecimentos técnicos sobre como programar em diversas linguagens. III- Um ambiente virtual de aprendizagem é um sistema que proporciona a organização e distribuição de conteúdo diversos para cursos on-line e disciplinas semipresenciais para estudantes em geral com objetivo de auxiliar o processo de ensino e aprendizagem. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) Somente a sentença III está correta. c) ( ) As sentenças I e II estão corretas. d) ( ) As sentenças I e III estão corretas. 2 Ao analisar os conceitos trabalhados em relação aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) são páginas na internet que disponibilizam ferramentas síncronas e assíncronas, sendo um espaço de informação projetado, uma vez que a gestão de conteúdos se torna uma questão central para todos os professores envolvidos em ambientes virtuais de aprendizagem. Levando em consideração as características dos AVAs, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Os ambientes virtuais de aprendizagem são apenas utilizados para a educação à distância, não podem ser utilizados como complementos de aulas presenciais. b) ( ) AVAs são páginas na internet que disponibilizam ferramentas síncronas e assíncronas. c) ( ) Os ambientes virtuais de aprendizagem não apresentam diferentes usos na educação ou no meio corporativo, pelo fato destes ambientes não tratarem de processos relacionados à aprendizagem. d) ( ) Ambiente de aprendizagem virtal não é um espaço de informação projetado. AUTOATIVIDADE 180 3 Com base nas finalidades dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, dis- serte sobre os propósitos dos ambientes virtuais de ensino e aprendizagem. 4 Com base nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, quais as possibilidades que organização e interações que eles proporcionam ao tutor e ao aluno? 181 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, chegamos no último tópico que traz a conceitualização e as reflexões sobre softwares e aplicativos utilizados em prol da educação. O processo educativo não é composto e não deve por transmissão e sim por construção então o percurso formativo deve ser visando oportunizar ao docente e aos discentes ambientes e estratégias que visem contemplar a correta utilização e seleção de ferramentas para interligar conteúdo, aprendizagem e protagonismo. Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos mais que mostrar alguns softwa- res, aplicativos e caminhos, mas levar-te a refletir sobre o papel da escolha e conexão do profissional que deve fazer o planejamento da ferramenta visando a aprendizagem significativa. TÓPICO 3 — SOFTWARES E APLICATIVOS EDUCATIVOS 2 SOFTWARES E APLICATIVOS – CONCEITOS E ESPECIFICIDADES A era tecnológica invadiu os espaços, sejam eles educativos ou não, o fato é que a sociedade é conectada e globalizada. A cada instante surgem novas formas de interações, redes e programas para celulares, computadores e tabletes, sejam eles específicos para educação ou não. Quando falamos em softwares precisamos refletir onde eles serão usados e é então que iremos nos deparar com o uso do computador, mas não como meio de apenas armazenar dados e sim como ferramenta pedagógica. Para iniciarmos nossos estudos é importante inicialmente estabelecermos se há diferença entre Software e Aplicativo (App). Segundo Bonfim (2021, p. 3): Software é basicamente o sistema operacional e todos os seus programas associados. Aplicação de software, também conhecido como aplicação ou aplicativo, é o software que é projetado para ajudar o usuário a executar várias tarefas no computador. Software e aplicativos são programas de computador. Software é composto por tudo o que não é hardware, incluindo aplicações. Simplesmente, um aplicativo é um tipo de software, no entanto, não são todos os softwares aplicativos. https://mixmisturado.com/author/admin/ 182 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES Os softwares educacionais são construídos para ser usado especifica- mente no âmbito educacional e seguem uma concepção educacional. Os softwa- res podem se constituir em uma importante ferramenta pedagógica para o pro- cesso de ensino-aprendizagem. Os usos desses recursos evidenciam uma forma de dinamização no ensino e motivação pela aprendizagem da matemática, ao passo em que seus conceitos são construídos a dispor da informática e que está presente na realidade social de cada aluno. O uso dos softwares pode ser um importante aliado no desenvolvimento cognitivo de cada aluno facilitando um trabalho que se adapta a distintos ritmos de aprendizagens e permite que os educandos aprendam com seus erros. A utilização da informática no ambiente escolar destaca o uso de softwa- res educativos que oportunizam os professores trabalharem os campos conceitu- ais através dos programas que apoiam as atividades didáticas. Segundo Gomes e Padovani (2005, p. 45), “são softwares educativos o sistema computacionale interativo intencionalmente concebido para facilitar a aprendizagem de conceitos específicos como os conceitos matemáticos ou científicos”. O uso de novas tecnologias como os softwares podem solucionar proble- mas encontrados no âmbito educacional desde o ensino fundamental ao superior. Os softwares podem ser uma proposta pedagógica vivenciada em sala de aula para motivação da aprendizagem e a ruptura da postura passiva do aluno. As especificidades que caracterizam a qualidade e a eficiência dos softwares edu- cativos atendem a características que apontam suas finalidades e enquadram os softwares em duas categorias: os softwares aplicativos, aqueles que não possuem finalidades educacionais, mas que podem ser usados para este fim, como o uso do Excel em cursos de formação de professores de matemática, e os softwares educativos os que são elaborados para atender exigências educacionais favore- cendo o processo de ensino-aprendizagem. Estes são criados para desenvolver conhecimentos sobre conteúdos didáticos e podem ser manipulados por alunos com ou sem a mediação do professor. 2.1 SOFTWARES EDUCACIONAIS Nossos educandos estão sedentos por desafios e alinhar a sala de aula ao mundo externo repleto de interações, e é neste momento que entram os softwares, em que os programas educacionais podem ser excelentes professores eletrônicos - desde que não limitem o processo de aprendizagem a um mero exercício de repetição e memorização. A competência, nesse caso, está com os softwares que incentivam o estudante a analisar, sintetizar e estabelecer relações entre eventos não diretamente associados. O software educativo é um dos elementos mais simples que contribuem na aprendizagem dos estudantes, pois os métodos que eram utilizados há muitos anos já não ajudam tanto, se reconhecermos que, basicamente, todas as necessi- dades que os estudantes possuem, atualmente, estão aliadas ao uso da tecnologia. TÓPICO 3 — SOFTWARES E APLICATIVOS EDUCATIVOS 183 Segundo Gomes e Padovani (2005), para avaliar os softwares, é necessário utilizar diversos critérios na classificação de softwares educativos. Esses sistemas podem ser classificados de acordo com a liberdade de criação de situações pelos professores, o nível de aprendizagem do sequencial, relacional ou criativo, ou seus objetivos pedagógicos (tutoriais, aplicativos, de programação, exercícios e prática, multimídia e internet, simulação e jogos). 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOFTWARES Como vimos os softwares educacionais são o elo entre o conteúdo, a máquina e a utilização da tecnologia, nesse caso a internet a qual o grande objetivo seja o processo de ensino-aprendizagem. Segundo Vieira (2000 apud MARTINS, 2002, p. 1): os diversos tipos de softwares usados na Educação podem ser classificados em algumas categorias, de acordo com seus objetivos pedagógicos: tutoriais, programação, aplicativos, exercícios e práticas, multimídia e Internet, simulação e modelagem e jogos. QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DA TIPOLOGIA DO SOFTWARE Tipo Especificação Tutorais Se caracterizam por transmitir informações pedagogicamente organizadas, como se fossem um livro animado, um vídeo interativo ou um professor eletrônico. A informação é apresentada ao aprendiz seguindo uma sequência, e o aprendiz pode escolher a informação que desejar. A informação que está disponível para o aluno é definida e organizada previamente, assim o computador assume o papel de uma máquina de ensinar. A interação entre o aprendiz e o computador consiste na leitura da tela ou escuta da informação fornecida, avanço pelo material, apertando a tecla ENTER ou usando o mouse para escolher a informação. Exercícios e Práticas Enfatizam a apresentação das lições ou exercícios, a ação do aprendiz se restringe a virar a página de um livro eletrônico ou realizar exercícios, cujo resultado pode ser avaliado pelo próprio computador. As atividades exigem apenas o fazer, o memorizar informação, não importando a compreensão do que se está fazendo. Programação As linguagens de programação são softwares que permitem que as pessoas, professores ou alunos, criem seus próprios protótipos de programas, sem que tenham que possuir conhecimentos avan- çados de programação. Ao programar o computador utilizando conceitos estratégias, este pode ser visto como uma ferramenta para resolver problemas. 184 UNIDADE 3 — FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES Programação A execução de um programa exige que o aprendiz processe a informação, transformando-a em conhecimento. A programação permite a realização do ciclo descrição - execução - reflexão - depuração - descrição. O programa representa a ideia do aprendiz e existe uma correspondência direta entre cada comando e o comportamento do computador. As características disponíveis no processo de programação ajudam o aprendiz a encontrar seus erros, e ao professor compreender o processo pelo qual o aprendiz construiu conceitos e estratégias envolvidas no programa. Aplicativos São programas voltados para aplicações específicas, como processadores de texto, planilhas eletrônicas, e gerenciadores de banco de dados. Embora não tenham sido desenvolvidos para uso educacional, permitem interessantes usos em diferentes ramos do conhecimento. Nos processadores de textos, as ações do aprendiz podem ser analisadas em termos do ciclo descrição - execução - reflexão - depuração - descrição. Quando o aprendiz está digitando um texto no processador de texto, a interação com o computador é mediada pelo idioma materno e pelos comandos de formatação. Apesar de simples de serem usados e de facilitar a expressão do pensamento, o processador de texto não pode executar o conteúdo do mesmo e apresentar um feedback do conteúdo e do seu significado para o aprendiz. A única possibilidade, em se tratando de reflexão, é comparar as ideias originais do formato com o resultado apresentado, não dando margem para a reflexão e depuração do conteúdo. Nesse sentido, o processador de textos não dispõe de características que auxiliam o processo de construção do conhecimento e a compreensão das ideias. Multimídia e Internet Com relação à multimídia, vale chamar a atenção para a diferença entre o uso de uma multimídia já pronta e o uso de sistemas de autoria para o aprendiz desenvolver sua multimídia. Na primeira situação, o uso de multimídia é semelhante ao tutorial, apesar de oferecer muitas possibilidades de combinações com textos, imagens, sons, a ação do aprendiz se resume em escolher opções oferecidas pelo software. Após a escolha, o computador apresenta a informação disponível e o aprendiz pode refletir sobre ela. Às vezes o software pode oferecer também ao aprendiz, oportunidade de selecionar outras opções e navegar entre elas. Essa ideia pode manter o aprendiz ocupado por certo tempo e não lhe oferecer oportunidade de compreender e aplicar de modo significativo as informações selecionadas. Dessa forma, o uso de multimídia pronta e Internet são atividades que auxiliam o aprendiz a adquirir informações, mas não a compreender ou construir conhecimentos com a informação obtida. TÓPICO 3 — SOFTWARES E APLICATIVOS EDUCATIVOS 185 Multimídia e Internet Torna-se necessária a intervenção do "agente de aprendizagem" para que o conhecimento seja construído. Na segunda situação, o aprendiz seleciona as informações em diferentes fontes e programa construindo assim um sistema de multimídia. Dessa forma é possibilitado ao aprendiz refletir sobre os resultados obtidos, compará-las com suas ideias iniciais e depurar em termos de qualidade, profundidade e significado da informação apresentada. Assim, pode-se garantir a realização do ciclo descrição - execução - reflexão - depuração - descrição, para representar a informação de forma coerente e significativa. O tipo de execução do sistema de autoria se assemelha ao processador de texto, pois