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B O A P R O V A ! ESCRITA CRIATIVA AVALIAÇÃO 2 BY LAW 1) Leia o excerto abaixo para responder à questão que se segue: “- Seu Maurício, quer fazer o favor de chegar perto da parede? Ele se encostou na parede. Encostado não, não, uns dois metros de distância. Mais um pouquinho para cá. Aí. Muito obrigado. Atirei bem no meio do peito dele, esvaziando os dois canos, aquele tremendo trovão. O impacto jogou o cara com força contra a parede. Ele foi escorregando lentamente e ficou sentado no chão. No peito dele tinha um buraco que dava para colocar um panetone. - Viu, não grudou o cara na parede, porra nenhuma. - Tem que ser na madeira, numa porta. Parede não dá, Zequinha disse. Os caras deitados no chão estavam de olhos fechados, nem se mexiam. Não se ouvia nada, a não ser os arrotos do Pereba. - Você aí, levante-se, disse Zequinha. O sacana tinha escolhido um cara magrinho, de cabelos compridos. - Por favor, o sujeito disse, bem baixinho. Fica de costas para a parede, disse Zequinha. Carreguei os dois canos da doze. Atira você, o coice dela machucou o meu ombro. Apóia bem a culatra senão ela te quebra a clavícula. - Vê como esse vai grudar. Zequinha atirou. O cara voou, os pés saíram do chão, foi bonito, como se ele tivesse dado um salto para trás. Bateu com estrondo na porta e ficou ali grudado. Foi pouco tempo, mas o corpo do cara ficou preso pelo chumbo grosso na madeira. - Eu não disse? Zequinha esfregou o ombro dolorido. Esse canhão é foda. - Não vais comer uma bacana destas?, perguntou Pereba. - Não estou a fim. Tenho nojo dessas mulheres. Tô cagando pra elas. Só como mulher que eu gosto. - E você… Inocêncio? - Acho que vou papar aquela moreninha. A garota tentou atrapalhar, mas Zequinha deu uns murros nos cornos dela, ela sossegou e ficou quieta, de olhos abertos, olhando para o teto, enquanto era executada no sofá. - Vamos embora, eu disse. Enchemos toalhas e fronhas com comidas e objetos. - Muito obrigado pela cooperação de todos, eu disse. Ninguém respondeu. Saímos. Entramos no Opala e voltamos para casa. Disse para o Pereba, larga o rodante numa rua deserta de Botafogo, pega um táxi e volta. Eu e Zequinha saltamos. - Este edifício está mesmo fudido, disse Zequinha, enquanto subíamos, com o material, pelas escadas imundas e arrebentadas. - Fudido mas é Zona Sul, perto da praia. Tás querendo que eu vá morar em Vilópolis? Chegamos lá em cima cansados. Botei as ferramentas no pacote, as jóias e o dinheiro na saca e levei para o apartamento da preta velha. - Dona Candinha, eu disse, mostrando a saca, é coisa quente. - Pode deixar, meus filhos. Os homens aqui não vêm. Subimos. Coloquei as garrafas e as comidas em cima de uma toalha no chão. Zequinha quis beber e eu não deixei. Vamos esperar o Pereba. Quando o Pereba chegou, eu enchi os copos e disse, que o próximo ano seja melhor. Feliz Ano Novo. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as características da escrita literária de Rubem Fonseca. Alternativas: • a) Enredo com estrutura fabular complexa, situações cotidianas retratadas sem nenhum tipo de filtro e transposição da fala para a escrita. • b) CORRETA Enredo com estrutura fabular simples, situações cotidianas retratadas sem nenhum tipo de filtro e transposição da fala para a escrita. • c) Enredo com estrutura fabular mista, situações inesperadas tratadas em tom poético e transposição da fala para a escrita. • d) Enredo com personagens planas, situações cotidianas retratadas de maneira idealizada e uso de uma linguagem informal. • e) Enredo simples, situações corriqueiras tratadas em tom desinteressante e o uso de uma linguagem sem muitos artifícios poéticos. 2) Os cânones literários constituem a maior parte das leituras literárias nas escolas brasileiras. Não raramente, as aulas de literatura são baseadas em obras clássica, assinadas por Machado de Assis, Castro Alves, José de Alencar, Monteiro Lobato, dentre outros. A escrita desses cânones é convidativa para entendermos questões ligadas ao social, à psicologia e ao comportamento do homem, pois são ricas de sentido e, com isso, incentivam o desenvolvimento das habilidades do aluno-leitor. Partindo desse pressuposto: “a importância maior do cânone literário está ligada à limitação temporal da vida humana e a impossibilidade de uma completa leitura do que já foi escrito: ‘quem ler tem de escolher, pois não há literalmente tempo suficiente para ler tudo...’. A efemeridade a que o humano está sujeito exige um dinamismo na escolha de suas leituras, selecionando aquilo que é julgado como relevante através das indicações feitas pelo cânone literário” (MOREIRA, 2011, p. 18). Considerando o contexto acima mencionado, avalie as afirmativas a seguir: I. Os cânones têm importância crucial na manutenção da nossa cultura, pois agrega em si valores estéticos, artísticos e, sobretudo, sociais de um povo localizado em um tempo e espaço da nossa história. II. A leitura dos cânones na escola é essencial, porque a maior parte dos autores contemporâneos buscaram suas inspirações nos escritos clássicos. III. As construções de sentidos a partir da leitura de um cânone tende a exigir do leitor um processo valorativo denso, pois resgata valores de todos os aspectos da prática humana. IV. A leitura de outras obras literárias pode substituir, perfeitamente, a leitura dos cânones na escola, pois isso visa a readequação das práticas pedagógicas no contexto atual das aulas de literatura. É correto o que se afirma em: Alternativas: • a) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. • b) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. • c) CORRETA Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. • d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. • e) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. 3) O teatro é uma manifestação literária muito rica de efeitos. Além do texto escrito, a arte teatral conta com recurso imagéticos, como, por exemplo, as roupas das personagens e suas caras e bocas, além de contar também com recurso sonoros para causar diferentes efeitos de sentidos em quem lê ou ouve. Abaixo, segue um fragmento da peça “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. “JOÃO GRILO - Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela vem, querem ver? (Recitando). Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, A braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, A braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, Mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, Só me falta ser mulher. ENCOURADO - Vá vendo a falta de respeito, viu? JOÃO GRILO - Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe cantava para eu dormir. Isso tem nada de falta de respeito! Já fui barco, fui navio, Mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, Só me falta ser mulher. Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré” Assinale a alternativa que apresenta corretamente a interpretação do fragmento acima. Alternativas: • a) João Grilo se mostra um personagem de fé fervorosa, tendo construído sua vida na terra conforme todos os preceitos religiosos. • b) CORRETA João Grilo invoca a figura de Nossa Senhora Aparecida como estratégia de se livrar do mal que estava por vir e, assim, garantir sua defesa diante do julgamento final. • c) João Grilo se mostra sem fé alguma, se referindo ao discurso religioso em tom sarcástico e irônico. • d) João Grilo invoca a figura de Nossa Senhora Aparecida apenas para demonstrar que saber recitar versos em rimas e, assim, provar sua esperteza. • e) Há uma recorrência latente ao discurso religioso, o qual aparece de maneira totalmente triste e angustiado. 4) A música é, sem dúvida, uma das expressões mais lindas e universais da arte. No campo dos estudosliterários, entendemos que as canções são, antes de tudo, construções poéticas, capazes de retratar os sentimentos mais articulares dos homens. A escrita criativa das letras musicais constitui um espetáculo a parte que, somado à sonorização da canção, torna-se uma expressão literária e artística com o poder de chegar até a massa. Abaixo, segue um trecho do poema musicalizado “Samba da Bênção”, de Vinícius de Moraes. “É melhor ser alegre que ser triste Alegria é a melhor coisa que existe É assim como a luz no coração Mas pra fazer um samba com beleza É preciso um bocado de tristeza É preciso um bocado de tristeza Senão, não se faz um samba não” Assinale a alternativa que apresenta corretamente a interpretação da música transposta acima. Alternativas: • a) A música de Vinícius de Moraes apresenta um eu-lírico triste por um amor não correspondido, mas que tenta, de todas as formas, sair dessa tristeza. • b) A música de Vinícius de Moraes apresenta um eu-lírico alegre e estridente, que procura rir de tudo que aparece em sua frente, considerando que o fim de um relacionamento é motivo de comemoração. • c) CORRETA A música de Vinícius de Moraes apresenta um eu-lírico que está alojado na interface entre alegria e tristeza, embora admita que a felicidade é melhor que a tristeza, conferindo ao samba a demonstração de alegria. • d) A música de Vinícius de Moraes apresenta um eu-lírico extremamente triste diante das coisas da vida, dos problemas financeiros, bem como das trapaças de amigos. • e) A música de Vinícius de Moraes apresenta um eu-lírico triste sem nenhum motivo aparente e que enxerga no samba uma maneira de extravasar sua tristeza. 5) A literatura também é uma manifestação de religiosidade. No Barroco, por exemplo, há uma excessiva recorrência ao espiritual, sempre em tom de angústia e de desespero. Aos olhos do homem barroco, o inferno é um mal quase irremediável, pois o pecado estaria em todas as práticas de relação humana. Por isso, não raramente, há apelos exagerados por parte do homem em relação a Jesus Cristo. Essa premissa pode ser vista nos seguintes versos: “Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Antes, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida já cobrada, Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória” (Gregório de Matos Guerra, A Jesus Cristo, Nosso Senhor) Considerando o contexto acima, avalie as afirmativas a seguir: I. O texto de Gregório de Matos é um soneto. II. De acordo com o texto, o homem se coloca como uma ovelha desgarrada e, por isso, implora perdão. III. No poema, há um eu lírico desesperado e admite estar sofrendo em razão dos pecados que cometeu. IV. A composição poética é desdobrada em sentimentos pós-regeneração, pois o homem acredita fielmente em sua redenção. É correto o que se afirma em: Alternativas: • a) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. • b) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. • c) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. • d) Apenas as afirmativas I. II e IV estão corretas. • E) CORRETA As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.