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Primeira Aula:
Luis Claudio Figueiredo propõe duas pré-condições para o surgimento da psicologia como ciência: 1. Surgimento de uma noção clara de subjetividade privada e 2. Essa concepção de sujeito teria entrado em crise gerando crise de identidade.
Segundo Vernant o aparecimento, na cultura grega, do conceito de psique, ou alma, acontece primeiro na cultura mitológica. Psique: elemento estranho à vida terrestre, aparentado ao divino, força misteriosa e sobrenatural, a alma. A psique permite ao mundo interior objetivar-se e tornar-se forma. Essa origem religiosa teve uma dúplice consequência: é opondo-se ao corpo que a alma conquista sua subjetividade. A alma define-se como contrária ao corpo, encadeada. Por outro lado, a alma sendo divina ela supera e ultrapassa o individual. misteriosa força de vida.
Erwin Rohde e Ernst Arbman concordam de que existiriam duas noções distintas que foram unificadas no único termo psique: a psique como princípio vital de um corpo; e a psique como princípio separado e livre, esse segundo aspecto sendo ligado à questão acerca da sobrevivência do ser humano.
Homero utiliza o termo psique para indicar a alma livre (fantasma, sombra, mundo inferior da mitologia grega- hades), e para indicar as características ligadas ao corpo animado usa termos como thymós, noús e mens (vida emocional, virtude, coragem, sopro vital). Uma concepção oposta a de Homero é o orfismo (de Orfeu), que declara a psique como um demônio de origem divina e imortal, sua presença decorre da culpa e tem caráter expiatório. A essência do homem está na psique e o corpo é interpretado numa perspectiva negativa.
Físicos pré-socráticos (Escola Iônica): Psique como força vital. Tales de Mileto explica a realidade na base de um princípio unitário e a psique é esse princípio. Anaxágoras e Diógenes de Apolônia identificam a psique com a inteligência. Esses pensadores investigam os elementos constitutivos da natureza e quatro elementos são reconhecidos como tal: água, ar, terra e fogo. Após se debruçarem sobre o mundo natural e se perguntarem sobre o cosmos e o homem os Pensadores iônicos (etnia grega) constatam as seguintes evidências: Por um lado, a condição humana é frágil e transitória, determinada por circunstâncias externas e imutáveis (longitude da vida), por outro lado, reconhecem que a condição humana é também marcada pela sede do infinito e de imortalidade, e pela busca de verdade através da razão.
Heráclico é o primeiro pensador que estabelece nexo entre psique e logos (razão), entre alma e razão, para o pensador a alma é um estado de constante devir devido a presença do logos, reconhece no homem a presença de um centro consciente.
Sócrates: Viveu entre 469 e 399 AC em Atenas. Sua atividade filosófica se desenvolveu de forma oral, sem escritas (Platão), busca do belo, do bom e do justo através do exercício intelectual que ele define como parto (maiêutica): a verdadeira filosofia consiste na consciência da própria ignorância e é essa consciência que move a busca de sabedoria. A verdade não é transmitida exteriormente, mas se gera dentro de cada um, por isso a arte do filósofo-educador é semelhante à da parteira, através de perguntas faz emergir no interlocutor a verdade. O objetivo do filósofo não é afirmar um conteúdo de verdade, bondade, justiça e beleza, mas cuidar dos homens para que eles possam buscar o verdadeiro, o justo, o bom e o belo. Filosofia é uma prática de vida, uma maneira de viver, e não um conjunto de teorias. Núcleo da atividade filosófica: conhecer a si mesmo. Daímon: a voz da consciência interior de origem divina. Essa voz obedece aos deuses: isso indica que a consciência é obediência a um princípio interior que possui a paradoxal característica de ser inerente ao homem e também transcendente a ele.
Segunda Aula:
A passagem da idade média ao renascimento.
Trata-se de expor que a concepção atual do “eu” não era possível na idade média.
No renascimento nasce o humanismo moderno e se cria uma noção de subjetividade privada, ou seja a noção de liberdade do homem e sua posição como centro do mundo.
Na Grécia Clássica (Séc V. A.C.), já existia uma valorização do ser humano não submetido ao poder de deuses (criação do direito e da democracia). Mas o humanismo colocando o homem como o centro do mundo e como medida de todas as coisas, tomou forma no renascimento.
Charles Taylor – As fontes do Self
Análise profunda do pensamento de que “possuímos uma interioridade”, sendo o ponto de partida Platão (razão é uma percepção de uma ordem absoluta), “ser racional é não se enganar com a natureza.” “A ordem reside no absolutamente bom.”
Descartes: “A ordem está dentro de nós.”
Santo Agostinho: Com Agostinho, Charles encontra a grande noção de interioridade: interno-externo, espírito-matéria, eterno-temporal, etc. Desvalorização do corpo e de tudo mundano, alma como algo interno e a busca por Deus passa a ser dentro de nós, Deus não deve ser procurado no que vemos, mas sim no nosso próprio olhar. 
Reflexão radical: pessoa como agente da experiência. Nesse caso a experiência passa a ser subjetiva e dependente de nós.
Concepção de mundo medieval: Mundo organizado em volta de Deus e seus representantes (Igrejas e a Bíblia). Há uma ordem superior, cada ser é parte da criação divina e a liberdade humana é restrita, pois deus é onisciente e onipotente, então nunca estamos sós.
Canto Gregoriano: Mono tônico, sem refrão, sempre uma representação de um texto sagrado, sem dança.
Humanismo na idade moderna: Paideia: educação liberal e relativas, atividades exclusivas do homem, que o distinguiam dos animais. As humanidades passam a ser a base de uma educação que preparariam os homens para o exercício da liberdade.
Valorização do homem como “eu”, se não nascemos com predestinados, devemos nos educar e formar nossos destinos.
Antes da crise do feudalismo: não havia liberdade, referência clara e de fácil entendimento. Após a crise: mundo aberto, sem referências absolutas, liberdade, solidão e responsabilidade (construir as próprias respostas)> humanismo.
Idade média: Representação da terra como uma esfera com Deus no centro.
Renascimento: Deus paira sobre a terra entretanto o homem está no centro.
O encontro com a multiplicidade: Espanto do homem ocidental ao se deparar com religiões e culturas distintas. Duas atitudes possíveis: considerar a diversidade um erro ou questionar a própria verdade.
Torodov: análise da colonização espanhola sobre os nativos americanos. A vitória dos espanhóis teria se dado por sua maior habilidade em entender o modo de pensar do outro, o maior e mais importante fatos de dominação é a capacidade de mentir, de distanciar ação com intenção, a modernidade seria fundada nessa capacidade de auto distanciamento. Duas questões: o europeu quase incapaz de entrar em contato com a alteridade, buscando dominar o outro porém, foi o mais capaz do que os outros povos de sair do seu ponto de vista, mesmo que fosse com a intenção de dominar.
Os procedimentos de contenção do eu: a ideia de que o ser humano agora é dono do seu próprio destino levará a tentativa de criação de mecanismos para o domínio e formação do eu, nisso reconhecemos rumos que levarão a psicologia.
Durante a idade média era difícil responsabilizar alguém por seus próprios atos, pois tudo era um “plano de Deus”, já no renascimento o homem é livre e por isso pode ser julgado por pecar.
Dom Quixote de La Mancha: se identifica como o cavaleiro medieval e procura afirmar-se. Identidade coesa > alucinação (identidade deve se impor ao mundo).
Séc XVI: procedimento para vislumbrar uma identidade coesa, que não se disperse. Pensamentos religiosos guiando o homem. 
Santo Inácio de Loyola: Reconhece a liberdade do homem, porém constata a perdição do mesmo e busca mostrar o caminho para o reencontro com a ordem.
O homem é livre, porém parece estar perdido, ele precisa e pode se dirigir ao caminho correto. (Exercícios espirituais – manual de instruções.)
Assim, a liberdade humana era reconhecida apenas para levá-lo a perdição, então devese atribuí-la a alteridade religiosa.
Final do século XX: psicologia de “autoajuda”, acredita na liberdade humana absoluta (culpa, nós produzimos porque merecemos).
A posição crítica a aparência: no séc. XVI há outra postura perante a liberdade do ser humano, autores criticam a pretensão do ser humano afirmando que isso o levaria a maldade (Maquiavel). 
Formação do “eu’: Montaigne, ceticismo, se retira da vida social e passa a escrever Ensaios (formação dele como sujeito). O livro é um momento de interiorização, uma digestão de experiências.
O ceticismo toma dois aspectos: 
-Fideísmo, critica o valor do ser humano para fazer voltar a Deus, “razão é inferior a fé”. Qualquer crença absoluta é insustentável. Qualquer possibilidade de crença em algo absoluto parecerá insustentável, o “eu” é algo inacabado e inconstante, daí nasce a ideia de privacidade ou mundo interno.
-No renascimento há um elogio ao ser humano, aqui estamos longe do humanismo. Elogio à loucura: desconstrução de valores tomados como óbvios. Desnaturalização dos costumes. Corpo passa a ser alvo de autocontrole. Hamlet: expressa a interioridade, a reflexão sobre si traz ao homem a consciência de sua vaidade e um distanciamento da experiência imediata (pois o leva a refletir sobre as experiências). 
Terceira aula:
O discurso do método de Descartes: no século XVII, há uma tentativa de organizar racionalmente a desordem do século anterior, dada a insegurança do ceticismo é necessário encontrar uma referência confiável sobre qual edificar sua existência. Discurso do método, primeiro livro não escrito em latim e sim em francês, o que demonstra a aproximação da racionalidade com a vida comum. Descartes acredita que o caminho para a verdade está disponível para todos, desde que todos são livres para escolher. Santo Inácio de Loyola acredita que a verdade é Deus e que o caminho é a meditação. A verdade para Descartes se dá do correto uso de regras matemáticas e geométricas. Seu pensamento se associa com a origem do Iluminismo e posteriormente da ciência.
Descartes estudou em um colégio jesuíta (seguia pensamentos de Santo Inácio), procurou saber se tudo que há no mundo poderia fornecer uma verdade segura, caso contrário, consideraria falso.
Podemos associar o pensamento de Descartes com a pintura barroca, no sentido que traz uma imagem realista e a técnica do claro/ escuro.
Exame de dentro pra fora: opiniões de pessoas comuns e especialistas/ variabilidade de leis regras morais. Não podemos contar com certezas externas e interroga a si mesmo.
Questionamentos de Descartes:
Órgãos do sentidos oferecem informações seguras? Não
Sentimentos não são objetivos.
Sensação de ter certeza sobre algo garante a verdade do correspondente? Não
Acontece um recuo metódico, chegando ao ceticismo.
Passa a duvidar de tudo, entretanto se há a atividade de duvidar, há um sujeito. Daí vem a ideia de “Eu penso, logo existo”. Ponto máximo do humanismo.
O homem já era reconhecido como centro mas, agora ele mesmo tem um centro, sua razão, sua autoconsciência.
A partir do “eu’’ Descartes deduzirá a existência do corpo e dos demais “eus” e deduzirá a própria existência de Deus como uma causa necessária para a existência do homem e questiona: Se a existência de Deus é deduzida a partir do eu, qual é mais importante?
Os caminhos de Descartes e Montaigne se assemelham porém, acabam de maneiras diferentes.
Montaigne: incerteza sem fim e a necessidade de construir continuamente um “eu”.
Descartes: a dúvida é superada pela suposição da existência prévia de um “eu absoluto”.
Dentre os pontos de contato entre Descartes e Santo Agostinho, podemos considerar que Agostinho teria antecipado o debate contra os céticos e mesmo a solução dada, mesmo que Agostinho sentia que devera se defender dos céticos, pois as crenças seriam arrasadas se fosse provado que de fato não sabemos nada. Desse contato surge a argumentação que, mesmo o cético não pode duvidar de sua própria existência, caso contrário ele não poderia duvidar, ou sequer se enganar em seus questionamentos.
Ponto máximo da dúvida metódica cartesiana: hipótese de um Deus enganador que pudesse insuflar falsidade em nossas representações.
Conhecedor e conhecidos são idênticos e a afirmação da verdade inquestionável ainda não garante as verdades das coisas e de Deus. A garantia para essas verdades se daria pela concepção de sendo imperfeitos, devemos ter sido originados de um ser imperfeito, em muito superior a nós.
Para Descartes: a fonte da moral da verdade é interna. Deus é a garantia para as ideias que tenho em mim. É no eu que tudo se encerra, ou seja, só será verdadeiro aquilo que passar pelo crivo da razão humana. O lugar da verdade é o eu, e não mais textos e representações sagradas.
A referência do eu dará início a todo o processo científico, logo que o homem passa a ter segurança quanto a possibilidade de alcançar um conhecimento objetivo do mundo. 
O EU E O NÃO EU.
Surge uma zona de exclusão representável pela loucura ou pela natureza animal do homem. Como forma de destacar o eu como único ponto de referência para a existência humana é importante fazer referência a loucura. 
Michel Foucault, em “A história da loucura”: A loucura surgiu no século XVII, pois antes a maneira de compreendê-la era diferente, não havia medo do louco, podiam ser considerados visionários, ou possessos pelo demônio ou até mesmo como bobos.
Por que surgiu o medo da loucura? No mundo medieval, se um homem perdia a razão era um problema individual, pois deveria estar tomado pelo demônio, as pessoas tinham medo de serem “tomadas” também mas isso não afetava a fé em Deus. Depois de Descartes isso mudou, pois agora o ponto de referência é o “eu pensante”, então qualquer coisa que ameace a lucidez é altamente ameaçador. Agora é toda estabilidade do mundo que está em jogo. É preciso criar mecanismos para defendê-la,
um desses mecanismos foi o isolamento do louco da sociedade, no século XVII não havia quaisquer expectativas de tratamento, o louco será tratado como um animal, como alguém que perdeu a alma, não há razão relativa, ou se é são ou dono do seu eu, não se pode pensar em um eu louco, pois se não há razão o eu submergiu.
A AUTOCRÍTICA DA RAZÃO.
Séc XVIII: crise da noção de subjetividade (razão como objeto de investigação e suas pretensões de alcançar a verdade plena será posta em choque). Descartes, havia debruçado sobre os objetos do mundo e concluiu que todos eram incertos, ou seja, falsos em sua perspectiva, restando apenas como ponto absoluto o próprio eu. Em Kant o próprio pensamento será tomado como objeto de investigação “A razão pensa sobre si> possibilidades e limites da razão”. 
Crítica da razão da pura: O pensar é organizado por categorias, estruturas que organizam tudo o que nos chega do mundo assim, todo nosso conhecimento será condicionado e formatado por nossas estruturas cognitivas, então temos acessos as coisas em si, mas a fenômenos, ao mundo como o apreendemos. Kant não duvida da existência das coisas em si, mas o eu pensante jamais terá acesso a elas, isso não significa que a razão é inútil ou que devemos deixar de tentar compreender o mundo, ela deve aprender e manter-se em seus limites dentro dos quais terá um conhecimento confiável. (não discutir Deus, alma ou liberdade, pois não haverá conclusões).
Cassirer: descreve no século XX o procedimento da razão do século XVIII, consiste em partir dos fatos solidamente observados, mas não basta que os fatos estejam lado a lado, mas que se encaixem (dependência, sistema), essa dependência não deve ser imposta, ela deve se sobressair. O trabalho do pensamento deve seguir do particular ao universal porém, esses princípios não possuem caráter absoluto, são relativos e provisórios.
A posição filosófica de Descartes: Havia uma necessidade de um novo método de conhecimento para alcançar a certeza e agora a presença da verdade se torna um dado problematizado. Método da dúvida metódica: distinguir mentira da verdade e discernir acerca das próprias ações. A única verdade era que ele estavapensando, o próprio pensamento é a verdade absolutamente firme que constitui a filosofia.
Para realizar a constituição do saber é necessário submeter todos os conhecimentos ao tete da dúvida, de modo a alcançar conhecimentos efetivamente verdadeiros. Regras para busca da verdade: novo método de uso da razão, baseado no conhecimento matemático. 
-Evidência: acolher somente o evidente.
-Análise: dividir problemas em partes.
-Síntese: ordenar os pensamentos (simples para complexos).
-Enumeração: controlar o percurso do raciocínio.
A mente pode conhecer apenas aquilo que ela mesma produz e retém dentro de si, o senso comum passa a ser uma faculdade interior: homens não tem um mundo comum senão a estrutura da mente. Dilui-se a conexão entre pensamento e experiência dos sentidos, substituída pelo mundo da experimentação científica.
Proposição de um novo conceito de mente 
Do procedimento da dúvida metódica decorre que o pensamento é sinônimo de mente e pode ser conhecido a priori do conhecimento do corpo. 
Reviravolta da tese tradicional, segundo o qual o conhecimento dos corpos precede o conhecimento reflexivo do u acerca de si mesmo, sendo o conhecimento do eu possível somente à partir do conhecimento do mundo externo. A partir da certeza fundamental do eu pensante é possível conhecer a realidade: Deus (garantia de nossas capacidades de conhecimento) e o mundo (máquina composta de matéria e movimento).
Proposição de um novo conceito de corpo
Descartes propõe o modelo da máquina como recurso para conhecer o corpo humano e o mundo material e biológico. Não é necessário postular a existência de uma alma, ou o princípio vital para conhecer o corpo, “se houvessem máquinas que tivessem órgãos e figura externa de um animal qualquer desprovido de razão, não haveria meio algum que nos permitisse conhecer que não são em tudo de natureza igual a esses animais”. O corpo também é comparado a um relógio, o princípio de seu funcionamento não é a alma e sim o movimento mecânico.
Relação mente-corpo
Metafísica de Descartes: homem é composto pelo corpo e pela mente (dualismo). Como é possível a unidade entre mente e corpo? A comunicação entre os dois se dá na glândula pineal (no meio do cérebro: irradiando ao corpo inteiro por meio dos espíritos, nervos e do sangue).
Quarta aula:
Os moralistas do século XVII
A valorização do eu livre e indeterminado impõe a tarefa de sua formação. Aqui o comportamento humano passa a ser rigorosamente observado.
O termo moralista tem um sentindo próprio nesse contexto, quanto mais a referência moral vai deixando de ser a igreja e a concepção de autocontrole refere-se a Deus, é na própria sociedade que se produzirão normas e mecanismos de vigia sobre seu cumprimento. Os moralistas são pessoas dedicadas a observação do comportamento humano e controle do mesmo (relação com Santo Inácio). Autores tentaram codificar regras de conduta do ser humano ou denunciar hipocrisias e farsas nas ações humanas. Dois moralistas importantes foram La Fontaine e Rochefoucauld.
La Fontaine
Conhecido pela literatura infantil, mas pretendia atingir adultos com humor e referências a figuras sociais, há sempre uma moral da história em seu conteúdo representado a ideia de “recompensa X punição”, com imposição de certo e errado. Suavização com animais como personagens entretanto com ataques às instituições e a natureza humana. Não denuncia frontalmente ninguém.
Rochefoucald
Crítica ao ponto crucial, textos em parágrafos únicos (funciona como provérbio). Suas ideais acabam retornando ao mesmo tempo: o motor principal da vida humana é a vaidade. Denuncia com humor irônico o quanto o eu é pretensioso e iludido sobre si. O eu não é neutro, mas interessado e desejante, o que coloca em cheque o projeto científico de Descartes.
O público e o privado
O eu, entendido como totalidade passa a ser visto como uma exterioridade. O que fora excluído emerge no mundo íntimo.
No século XVII o eu passou a ser tomado como o centro do mundo: a própria essência do homem foi identificada à sua racionalidade e consciência, tudo que não fosse identificado a isso era reconhecido como loucura. No século XVIII o eu deixará de ser tomado como totalidade e, cada vez mais, tomará o aspecto de uma apresentação social, uma autoimagem cultivada, disso há o espaço da privacidade que abarcará desejos e pensamentos antissociais, que devem ser ocultos pela etiqueta e boas maneiras. Se forma uma concepção de imagem social X máscaras.
Donatien-Alphonse-François Sade
Sua obra revela o fim da possibilidade de buscar uma fundamentação para a moral apoiando-se de fé. O século XVIII é conhecido como século das luzes, em que a razão, livre de qualquer coerção moral ou religiosa, estendeu-se sobre todo e qualquer objeto.
La philosophie dans le boudoir: obra pedagógica. Educar uma jovem para os caminhos do prazer (desfazer princípios morais), para Sade, todo princípio moral universal é uma quimera. Não existe um juiz transcendente, pois para o autor Deus não existe. A felicidade já não pode ser buscada em uma referência externa, mas nos caprichos da imaginação, sem limites impostos.
Imaginação e fantasia em Sade: o homem só pode ser feliz seguindo sua imaginação e separa a fantasia e objeto em que ela se realiza, o amor pode ser substituído e a fantasia ocupa um lugar privilegiado na obtenção do prazer, ela é a natureza de cada um e tornada a ato produz gozo. Sade diz que se saíssemos por ai mostrando nossos desejos seríamos presos ou mortos e com isso prega uma hipocrisia social, deve haver lugar preservado para o crime.
O pensamento de Sade é amoral por desqualificar toda a tentativa de fundamentar um critério absoluto de moral; depois dele a moral passou a ser fundamentada em valores propriamente ligados à convivência humana.
Outra expressão da modernidade que não a expressão cartesiana, a busca do bem passa a ser a busca do bem para si e toma a forma de busca pelo prazer.
Monzani (que cita Sade), diz que o homem não é dono do desejo, mas atravessado por ele.
Nascimento do individualismo e valorização absoluta do eu.
Tempestade e ímpeto: O Romantismo
O Iluminismo, que reconhecia na razão a essência do homem e na cultura sua maior realização, recebe a crítica do romantismo: a essência humana seria sua natureza pulsional, surgindo a ânsia pelo retorno ao mundo natural.
O Romantismo nasce como um movimento de crítica à Modernidade, ou ao Iluminismo, pelo exacerbado racionalismo porém, sem escapar do campo da modernidade, há a figura de um eu profundo, interior e puro, aquém da corrupção da influência do meio, a crença em uma individualidade absoluta acaba por se mostrar um modo a mais de afirmar um sujeito como fundamento.
Nesse século, o real é encoberto por um véu e há a necessidade de desvelá-lo, o eu é uma máscara, a vida social afasta o homem se sua verdadeira natureza. Para compreender o Romantismo: representa uma espécie de saudosismo de um estado natural perdido pelo homem, que seria preciso reencontrar. Essa natureza é idealizada. Recusando o pensamento cartesiano de que o homem é um ser pensante, o Romantismo ressalta que a essência humana está em sua natureza passional.
A separação entre as esferas públicas e privadas levava à concepção que aquilo que mostramos é o que temos de bom socialmente falando, enquanto o privado envolvia a ideia do que era excluído à expressão pública, algo potencialmente antissocial.
OS DIVERSOS CAMINHOS PARA A PSICOLOGIA
Desde a colocação do eu como centro do mundo por Descartes, diversos caminhos se desenvolveram na história dos pensamentos e dos costumes e esses caminhos se cruzam se misturam e voltam a se distanciar.
Alguns modos de ser do eu
Da questão dos costumes, poderíamos derivar um eu moral, atento ao autocontrole em função das exigências sociais. A noção do eu é dada pelo reconhecimento externo. Na expressão máxima romantista veríamos o eu interiorizado, que representa em grande medida individualismo e profundidade, esse eu romântico deriva do sentimento de possuirmos algo absolutamente único, que não se deixaconhecer ou controlar totalmente. Do Iluminismo derivaríamos o eu epistêmico, capaz de despir-se de todos os seus desejos e ser objetivo em suas observações, acredita poder ser neutro. Desse eu epistêmico resultaria um modo de ser absolutamente presente para nós > cada um possui seu lugar dentro de uma ordem maior e não há lugar para determinação individual. Este eu se anula, identificando-se com a instituição trazendo um engajamento ao trabalho semelhante a religião, família.
Triângulo da crise de identidade – Romantismo, Liberalismo e Disciplina.

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