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RESUMO HIPNÓTICOS E SEDATIVOS RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA Resumo Hipnóticos e Sedativos o Os hipnóticos e sedativos são depressores do Sistema Nervoso Central. Atuam ao reduzir ou inibir a função do SNC. Os sedativos causam uma leve depressão e são usados geralmente para reduzir a ansiedade (podem ser considerados ansiolíticos). Os hipnóticos são capazes de induzir sonolência, por causar um grau de depressão um pouco maior que os sedativos, podem produzir sonolência e induzir o sono, por isso são usados para tratar insônia. Em muitos casos, o que vai diferenciar o efeito sedativo ou hipnótico é a dosagem, como é o caso dos benzodiazepínicos (BZP) que quando em dosagem mais baixa causam leve depressão e com dose mais alta podem ter efeito hipnótico. Atenção: com o aumento gradativo os BZP podem produzir anestesia geral, levando o indivíduo ao coma e até mesmo ao óbito. Insônia Pode ser definida como a incapacidade de iniciar o sono, mantê-lo ou a sua má qualidade. Pode ser classificada em três tipos: 1) TRANSITÓRIA: (duração: três dias) Ocorre por alguma situação ou evento específico que cause efeito estressor no indivíduo. Nesses casos, a insônia não ultrapassa três dias. O medicamento pode ser utilizado de forma pontual, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do indivíduo no dia seguinte, mas seu uso não deve ultrapassar os três dias. 2) CURTA DURAÇÃO: (duração: até três semanas) Aqui pode haver ação de um agente estressor que pode ser pessoal, por exemplo, uma patologia. O tempo de utilização do medicamento não deve ultrapassar dez dias. 3) LONGA DURAÇÃO: (duração: mais de três semanas) Nesse caso, não há ação de um agente estressor e por isso deve ser realizada uma avaliação médica mais aprofundada para conhecer sua causa. Tipos de tratamentos para insônia: Etiológico: Deve-se investigar primeiramente a causa da insônia e, posteriormente, retirar essa causa. Caso a causa seja algum sofrimento mental, como a ansiedade, utiliza-se um ansiolítico. Caso o paciente esteja com insônia por motivos de dor, é prescrito analgésico. Higiene do sono: Importante não só para pacientes com insônia. Consiste em práticas e hábitos de vida que melhoram a indução e qualidade do sono. Por exemplo, diminuir e até suspender o uso de eletrônicos antes de dormir, evitar alimentos como cafeína, evitar dormir durante o dia, etc. Medicamento: É recomendado quando os outros tratamentos não são suficientes. Primeiramente, deve-se identificar o funcionamento da insônia do paciente, se ela tem início na fase inicial da noite (paciente demora a pegar no sono), no terço médio ou final (paciente acorda no final da noite). o Início de noite: o medicamento deve ter início de ação rápida e meia vida de eliminação curta, pois o problema aqui, não é manter o sono, mas inicia-lo. o Final de noite: Aqui é preciso um medicamento com meia vida longa para ter efeito a noite toda. A duração deve ser entre intermediária e longa. Benzodiazepínicos: • Classe mais utilizada para ação hipnótica; • É um potencializador da ação do GABA (neurotransmissor inibitório), favorecendo a depressão do SNC. • Mecanismo de ação: Os BZP deprimem o SNC ao potencializar a ação do GABA, que se liga ao receptor do neurônio inotrópico (canal iônico que passa cloreto), aumentando a abertura do canal de cloreto e hiperpolarizando o neurônio. Então, o BZP se liga no receptor de GABA em um sitio de ligação diferente deste neurotransmissor. Não há competição pelo sitio de ligação. Durante a ligação, o BZP promove uma alteração na RESUMO HIPNÓTICOS E SEDATIVOS RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA Resumo Hipnóticos e Sedativos estrutura do receptor, que mudará sua conformação devido à saída de uma molécula chamada gabamobulina, aumentando, assim, a afinidade pela ligação do GABA e por consequência entrando mais cloreto no neurônio, deixando-o mais hiperpolarizado. Interações medicamentosas: Uma das principais interações é a utilização com outros medicamentos depressores do SNC. Os barbitúricos, ansiolíticos, anti-histamínicos podem aumentar o sono, potencializando o efeito. Essa interação é farmacodinâmica do tipo sinérgica, pois um medicamento potencializa o outro. Atenção: Interação com álcool O álcool se liga ao mesmo receptor do benzodiazepínico, assim, também potencializa a ação do GABA. Dessa forma, o uso concomitante com BZP aumenta o risco de depressão profunda do SNC. Reações adversas dos benzodiazepínicos: Normalmente, as reações adversas dos BZP são leves quando administrados em doses leves. Mas quando há concentração plasmática máxima, o paciente pode apresentar: lentidão, sonolência, dificuldades para se concentrar, cefaleia e alteração do trato gastrointestinal. Intoxicação por benzodiazepínicos: Pode ser involuntária ou voluntária, a segunda normalmente é causada por tentativa de suicídio. Se isso ocorrer, pode haver depressão do sistema cardiovascular devido à queda de pressão arterial e depressão respiratória, podendo evoluir a óbito. Antagonista: Atualmente, só existe um medicamento antagonista do BZP, o flumazenil. O flumazenil compete com qualquer benzodiazepínico, independente do sítio de ligação, pela ligação no receptor de GABA, bloqueando o sítio de ligação e impedindo que o benzodiazepínico se ligue ali. Principais benzodiazepínicos e suas utilizações: Barbitúricos: • Classe antiga de medicamentos que está caindo em desuso quando a indicação terapêutica é sedação e hipnótico. • Possuem grande capacidade de depressão do SNC. Mecanismo de ação: assim como os BZP, também potencializa a ação do GABA, porém tem seu sitio de ligação diferente. Além disso, também bloqueia o receptor AMPA, que tem como ligante o glutamato, que é um neurotransmissor excitatório. O barbitúrico bloqueia essa ligação, inibindo a ação do glutamato e, por consequência, a sinapse excitatória do glutamato. Fernobabital: é o mais conhecido e mais utilizado como anticonvulsivante. Tem ação longa, cerca de 24 horas ou mais. Reações adversas: Sonolência, sedação, dificuldade ou lentificação dos pensamentos, efeito paradoxal (contrário), excitabilidade, hipersensibilidade, reações alérgicas. Interações medicamentosas: Os barbitúricos são capazes de alterar o metabolismo de outros medicamentos ou substâncias, sendo considerado um inibidor enzimático. O fenobarbital, por exemplo, induz enzimas do citocromo p450 - inclusive isoenzimas RESUMO HIPNÓTICOS E SEDATIVOS RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA Resumo Hipnóticos e Sedativos que metabolizam medicamentos anticoncepcionais (CYP3A4). Buspirona: É um agonista dos receptores 5-HT: Esses fármacos possuem ação ansiolítica, porém não são apreciavelmente hipnóticos. Mecanismo de ação: Esse é um fármaco que controla os níveis de serotonina no SNC, diminuindo a ansiedade. Quando a serotonina estiver baixa, a buspirona aumentará seus níveis e, quando ela estiver alta, ela evitará a ligação do excesso de SRH, bloqueando seu receptor. NÃO causa depressão do SNC, pois os problemas relacionados a ansiedade, em sua maioria, são causados por uma falta de regulação da serotonina. Tem início de ação muito lenta, podendo levar até duas semanas para começar seu efeito. Por isso, em casos de crise de ansiedade, o melhor a ser utilizado é um BZP, que tem ação mais rápida. Vantagens da buspirona em relação aos benzodiazepínicos: não causam os mesmos inconvenientes, como indução de sono, prejuízo cognitivo ou psicomotor, dependência. Beta – bloqueadores: antagonistas dos receptores β-adrenérgicos Agem indiretamente nas crises de ansiedade, isto é, reduzem a intensidade das crises pela redução dos sinais e sintomasperiféricos, como taquicardia, tremores, sudorese, boca seca. Sua eficácia depende mais do bloqueio das respostas simpáticas periférica do que de qualquer efeito central. Ou seja, não causam depressão no SNC. Ex: Cloridrato de propranolol NOVAS CLASSES DE FÁRMACOS HIPNÓTICOS Além dos benzodiazepínicos, existem novas classes de fármacos hipnóticas. Destaque para a classe dos compostos Z - porque todos os fármacos desta classe se iniciam com a letra Z Compostos Z: Mecanismo de ação: se parece com o do BZP, ao se ligar ao receptor de GABA, permitindo a hiperpolarização neuronal, aumentando o fluxo de cloreto no neurônio. Diferenças com os benzodiazepínicos: • Estrutura química diferente; • São mais específicos e seletivos, se ligam apenas à subunidade α1 do neuro receptor, enquanto os BZP se ligam a uma quantidade maior de unidades. • Por esse motivo, os compostos Z são usados apenas como hipnóticos, pois se ligam apenas a uma região, não sendo relaxantes musculares, nem anticonvulsivantes. Geram menos efeitos colaterais que os benzodiazepínicos. Zolpidem: usados para insônia de início de noite (induzem o sono) Por terem início de ação rápido, eles tratam a insônia de início de noite (o mais conhecido clinicamente é o zolpidem) e são muito utilizados devido à seletividade de ação por agir apenas como hipnótico. O zolpidem tem vida plasmática média de 2h. Então, se você o utiliza no início da noite, você induzirá o sono rápido com menos sedação residual, porém o paciente pode ter facilidade de acordar a noite, por ele não cobrir a noite toda; Zaleplone: Rápida indução do sono (meio da noite até 4hrs antes de se levantar). O zaleplone tem meia vida ainda mais curta, significando uma vantagem clinica que é poder ser utilizado tanto para induzir, quanto para pacientes que acordam a noite. Se o paciente acorda 4h da manhã, ele pode tomar o zaleplone até 4hrs antes de acordar que ele não terá problema com sonolência residual, pois terá sido eliminado. RESUMO HIPNÓTICOS E SEDATIVOS RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA Resumo Hipnóticos e Sedativos Zolplicone: Mais indicado para insônia de final de noite, porém apresenta maior potencial de sonolência residual pela manhã. Tem uma meia vida mais longa (de 5h à 6h) e por isso tem maior capacidade de produzir sonolência residual no outro dia. Ainda, ele também pode dar um gosto metálico, amargo, na boca no início do tratamento. Vantagem: Menor tendência a produzir dependência. Desvantagem (principalmente em idosos e com problemas hepáticos): A classe Z é metabolizada no fígado, por isso pode ocorrer acúmulo do medicamento no organismo. Neste caso, recomenda-se reduzir a dose do medicamento, principalmente do zolpiclone porque ele, ao ser metabolizado, gera metabolitos ativos. Isso é importante porque muitas vezes os compostos Z são considerados mais seguros que os benzodiazepínicos – mas somente se forem usados com segurança. Existem casos de pacientes que tomam sem indicação médica e que tiveram dificuldade respiratória grave com direito a intubada por uso de zolpidem. Melatonina: É um hormônio endógeno produzido pela glândula pineal para controlar o ciclo vigília-sono. Mecanismo de ação: seus receptores são MT1 e MT2 que estão no núcleo supraquiasmático e, ao se ligar ao receptor MT1, ela induz sonolência e quando ela se liga ao receptor MT2, ela controla a manutenção do sono. Sabe-se que existe o ciclo circadiano da melatonina natural e à medida que anoitece sua concentração aumenta e quando amanhece a concentração endógena diminui. Ela é usada para induzir o sono e é encontrada tanto manipulada quanto industrializada e sua desvantagem é que sua vida de eliminação é muito curta (de 30 minutos à 1 hora). Ramelteona: agonista de MT1 E MT2, produzida pela indústria farmacêutica brasileira, é uma substância química estruturalmente parecida com a melatonina e que se liga com grande facilidade com os receptores MT1 e MT2. Tanto induz quanto mantém o sono. Vantagens da ramelteona em relação a melatonina: • Possui afinidade de ligação apenas para receptores de melatonina, sendo incapaz de se ligar a receptores colinérgicos, adrenérgicos ou histaminérgicos, por exemplo. • Baixa tendência de produzir efeito colateral.