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Resumo texto Lygia Clark

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Resumo Lygia Clark: seis células – Guy Brett
O texto de Guy Brett se divide em seis partes, como o próprio título já diz, são as seis células. Ele traça uma trajetória da vida de Lygia Clark e explora seus principais objetivos nas suas obras, sempre dialogando com suas influências e as novidades que ela trouxe para o mundo da arte.
Na primeira parte vemos uma breve apresentação da artista, ou como ela preferiu ser chamada quando começou suas terapias, ‘pesquisadora’ ou ‘psicóloga’. O autor acredita que a melhor forma de explicar a Lygia, não seria através do texto, mas sim dando ao leitor um objeto banal e as instruções de como usá-lo. Ignorada durante toda sua vida pelo mundo da arte, rejeitava as instituições de arte e buscava uma nova forma do indivíduo se relacionar com a arte e com ele mesmo. Guy Brett ainda irá abordar as três entidades – o artista, o objeto e o espectador. O artista, ele comenta, seria um “criador, análogo a Deus”. Sendo assim, as imagens mais claras da Lygia nesse papel de artista seria a imagem da deglutição e ovulação, pois ela não se contenta em somente propor aos outros a serem eles mesmos, mas sim dar a ela mesma, como numa ovulação. Já o papel do objeto, o autor descreve com sendo “um movimento fluído da juventude à velhice”, sendo suas obras acompanhadas de tédio e vazio. Após uma breve cronologia de seu trabalho, entendemos que Lygia evolui em sua obra do objeto até chegar as experiências do corpo com materiais banais que serviam de analogia aos órgãos e ritmo do corpo. Por último falemos do espectador que para ela seriam seus ‘pacientes’. Todas as experiências que ela quer passar são relacionadas a nossa relação conosco, os outros e o mundo, envolvendo muitas contradições como experiências agradáveis e perturbadores. Para finalizar esta primeira parte, o autor comenta sobre sua relação com Mondrian, já que ambos buscam novos conceitos, apesar dele tratar de um futuro incerto e Clark focar no agora, numa “preparação para vida”.
Em seguida podemos ver como Lygia Clark chegou na sua proposta principal e abandonou o lugar privilegiado na arte para ir em direção a uma arte não valorizada na época. Podemos ver em suas primeiras obras nos anos 1950, como Unidade, um tom pictórico, inspirado principalmente no trabalho de Mondrian, inclusive Lygia comenta que seus primeiros trabalhos eram geométricos, mas que ela sempre procurou um “espaço orgânico onde se pudesse entrar no quadro”. Nos anos 1960 podemos ver um trabalho que irá envolver a visão com o corpo, um conceito que se perdeu com a criação da câmara obscura no século XVI. Sendo assim, ela volta com o envolvimento do multissensorial, conectando “o mundo interior e exterior” e a relação observador e mundo. Um dos principais trabalhos foram as Máscaras Sensoriais (1967) e as Máscaras-abismo (1968). Ambas levavam a uma nostalgia do corpo, sendo a primeira uma experimentação de mundo através das sensações e a segunda uma imersão no próprio corpo. Em 1967 também houve um dos seus principais trabalhos, respire comigo, que tinha um objetivo similar a Máscara-abismo. Assim, podemos ver que seus primeiros trabalhos tiveram uma evolução, sendo os primeiros voltados para visão, Bichos inaugura o tato e as Máscaras-abismo inaugura as questões multissensoriais. Por último o autor também cita o trabalho de Lygia Clark com Hélio Oiticica, ambos tinham como modelo Mondrian e Malivitch. Os dois artistas abandonam as questões pictóricas (ilusionismo, profundidade e perspectiva) e optam pelo abstrato. Enfim, o que Lygia faz em suas obras é fazer com que o espectador seja engolido pelo objeto de arte.
Na terceira parte continuamos a ver o trabalho de Lygia Clark, em que ela consegue dá um novo olhar a Antropofagia de Oswald de Andrade, um sentido mais corporal e uma evolução do que era o abstrato europeu. Ela é vista até hoje como uma inovadora da escultura e a pioneira do ‘retorno ao corpo’. O autor afirma que ela é totalmente diferente dos artistas de ‘body art’ que estavam surgindo na época, pois ela não usa o corpo como um objeto de arte, mas sim para uma reflexão pessoal e uma libertação através do outro. Seguindo neste tema presente em suas obras, vemos algo que Lygia usava que eram os aparelhos de cativeiro humano, sempre relacionando o real e a fantasia. Logo, podemos ver uma aproximação com Goya, apesar deles trabalharem com linguagens diferentes, um visual e a outra sensorial/corporal. Porém a luz e sobra na psique e o prazeroso e monstruoso são similares em ambos os artistas. Desde o começo de suas obras o diálogo direto com o público era claro. Bichos pode ser um bom exemplo de uma resposta direta com o espectador. Outro exemplo também pode ser Máscara-abismo que é um contato do espectador com ele próprio. Outro ponto que Lygia trabalha é a relação entre corpo e arquitetura, podendo citar A casa é o corpo entre outras obras que trabalham o labirinto. Algo que é certo é que quem ‘participava’ de suas obras sempre tinha uma experiência contraditória, porém seu principal objetivo era um equilíbrio de corpo e mente. Um último ponto que o autor traz é algo que Ricardo Basbaum sugere quando diz que Lygia antecipou a criação do capacete de “realidade virtual”, pois ela propõe uma experiência de sensações e uma sensibilização do real e do imaginário. Portanto, vemos cada vez mais a questão do indivíduo no coletivo mais evidente. 
 O autor traz neste capítulo um pouco mais dos trabalhos experimentais de Lygia feitos com seus alunos em Paris. Algumas das experiências que podemos citar são: Mandala (1969), L’homme support... e Baba antropofágica (1973). Todas elas atingem o pessoal e o coletivo, seria então um corpo coletivo e um diálogo entre a vida exterior e interior, “é como entrar no corpo do outro”. Após esse período de experiências e retornando ao Brasil, Lygia embarcou no processo de cura através de terapias que buscavam o conhecimento do corpo através das memórias. Ela conseguia decifrar aquilo que palavras não poderiam dizer. Algo que Clark dava a seus pacientes nas terapias era uma pedra que servia coo uma âncora para o mundo real, reforçando a dialética real e imaginário.
Na quinta parte vemos um pouco mais afundo as relações de Lygia e Goya, principalmente nas contradições que ambos tinham. Porém Goya só as enfrentava enquanto Lygia propunha novas soluções. Algumas dessas dualidades que os dois se deparavam são monstruosas e prazerosas, racionais e obscuras. Clark era bem consciente desta questão da obscuridade, tanto que a pedra que ela utilizava em suas terapias era um objeto da realidade no meio da escuridão do ser. Objetos relacionais está cheio de contradições, como “peso e leveza, plenitude e vazio, calor e frio, transparência e opacidade, aspereza e maciez, dentro e fora, grande e pequeno, som e silêncio”. Todos estes não faziam sentido por si só, elas precisam de seus opostos para se tornarem completas.
	Por fim, na última parte podemos concluir então que a produção de Lygia Clark deixou um legado para todos e que ate hoje é admirado. Segundo o autor, a arte depois de conhecer seu trabalho, é uma arte desnecessária e ultrapassada. Vemos também um dilema dos novos artistas entre a arte conformista de museu e a arte que Lygia propôs que envolve o corpo e a relação eu e eu-outro. Lygia Clark, sendo uma fusão de artista e médica, consegue no meio de confusão uma proposta lúcida e coerente na evolução de seu trabalho. Consegue fazer de sua obra uma poesia utópica e abstrata do moderno e levou a uma nova relação com o corpo e a cultura brasileira.
1.Qual o texto escolhido? Qual a temática do texto? Sobre o que ele fala?
2.Sobre esse tema, qual a posição do autor? Qual ou quais ideias ele defende?
3.Quais os argumentos propostos para sustentar essa posição?
4.Você consegue conectar as posições do autor com outros autores que você tenha lido, de modo convergente ou divergente?
5.Faça uma breve reflexão sua sobre o texto.
RESPOSTAS:
1. Lygia Clark: seis células de Guy Brett. O texto faz uma trajetória da vidade Lygia Clark e explora os principais objetivos nas suas obras, sempre dialogando com suas influências e as novidades que ela trouxe para o mundo da arte contemporânea.
2. O autor defende que o trabalho de Lygia Clark trouxe um novo conceito de arte, explorando todas as relações do corpo com a arte e todas contradições que suas obras causavam no espectador, fazendo-o refletir sobre assuntos dele com o eu e com o eu-outro.
3. Para sustentar todas as suas ideias o autor traz como exemplo a própria obra de Lygia, desde as primeiras obras, em que ela estava se descobrindo como artistas, até chegar no seu método que levou as terapias feitas por ela que se valia de uma experiência do corpo e mente para se atingir um equilíbrio entre ambos.
4. Quando lemos, por exemplo, A perspectiva e o olho do sujeito de Arlindo Machado, vemos a questão da perspectiva que foi muito presente no pensamento ocidental na época do renascimento. A criação da câmara escura também como sendo um importante marco. Tanto os autores como Lygia tinham um outro pensamento a respeito disso. Tanto que o trabalho de Lygia foca num abstrato do moderno. Ela vai além da imagem, mas ela trata da experiência. Outro texto que podemos citar é O moderno e o contemporâneo – o novo e o outro de Ronaldo Brito, pois quando ele traz as vanguardas como aquele rompimento da arte existente até o momento, ligamos muito a Lygia que rompe com aquele ideal de arte e rejeita as instituições de arte, buscando uma nova forma do indivíduo se relacionar com a arte e com ele mesmo.
5. O texto de Guy Brett traz assuntos muito interessantes, pois além de conhecermos um pouco mais sobre a Lygia Clark e sua obra, percebemos todas as contradições de real e imaginário, mundo exterior e interior e tantas outras dialéticas que seu trabalho trouxe. Por fim, vemos então que a produção de Lygia Clark deixou um legado para todos e que até os dias de hoje é admirado. Segundo o autor, depois de conhecer seu trabalho, percebemos a arte como desnecessária e ultrapassada. Lygia Clark, sendo uma fusão de artista e médica, consegue no meio da confusão uma proposta lúcida e coerente na evolução de seu trabalho. Consegue fazer de sua obra uma poesia utópica e abstrata do moderno e levou a uma nova relação com o corpo e a cultura brasileira.

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