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ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO A PRÁTICA DA ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO TEM CONQUISTADO ESPAÇO ENTRE AS ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS A pratica da entrevista de desligamento é pouco expressiva entre as organizações brasileiras e quando é adotada, por vezes, está a cargo de pessoas pouco preparadas que, conseqüentemente, fazem uma utilização inadequada dos dados obtidos. A entrevista de desligamento só tem sentido quando conduzida por empresas que prezam a prática do feedback feita com transparência. Para isso, precisa existir uma relação de confiança e respeito, e algumas empresas resistem a utilizar esta prática porque não têm profissional habilitado para realizá-la. Quando a entrevista é realizada nestas condições o que ocorre é que quem a conduz não consegue extrair resultados que possam contribuir para o melhor desempenho da empresa e os utiliza forma inadequada. Outro fator de resistência consiste na desvalorização, por parte dos gestores em geral, dos dados fornecidos pela entrevista de desligamento e no receio de que eles denunciem deficiências que tentam desconsiderar. OS PRINCIPAIS FATORES QUE TÊM DESENCADEADO O TURNOVER NAS EMPRESAS BRASILEIRAS De forma simples, podemos analisar em duas vertentes: macro ou micro- econômica e social, considerando-se que em nossa realidade, temos empresas de diferentes negócios e diferentes estágios de evolução. De um modo geral, os principais fatores têm sido os seguintes: instabilidades econômicas; desregulamentação ou melhoria de desempenho de determinados setores; crescimento econômico e expansão internacional do mercado brasileiro; mudanças tecnológicas e de modelos de gestão; agilidade da concorrência e perda de mercado; insucesso dos negócios; ambiente e imagem organizacional; falta de diretrizes da empresa; não expectativa ou falta de política e estratégias para crescimento, aprendizagem e carreira; liderança; rotina sem desafios; além de salário e falta de reconhecimento. CONCEITO DE TURNOVER Turnover é termo, do idioma inglês, utilizado para caracterizar o movimento de entradas e saídas, admissões e desligamentos, de profissionais empregados de uma empresa, em um determinado período. Quanto aos desligamentos, podem ser espontâneos ou provocados pelas empresas. O alto turnover é sinônimo de perda de produtividade, de lucratividade e de saúde organizacional. Impacta na motivação das pessoas, no comprometimento, que acaba gerando ainda mais absenteísmo, mais rotatividade, interferindo na credibilidade junto aos clientes. O GERENCIAMENTO DO TURNOVER É IMPORTANTE PARA AS EMPRESAS A gestão do turnover é fundamental para todas as empresas, que atuam em um cenário cada vez mais competitivo e exigente. A rotatividade faz parte da vida e do mundo dos negócios. Pessoas vêm e vão, num movimento natural de mudança, de oxigenação e de transformação das empresas. As pessoas são os ativos essenciais e os diferenciadores de qualquer negócio, portanto, devem ser geridas, assim como devem ser geridos todos os demais ativos. O elevado índice de perda de pessoas revela problemas e desafios a serem superados. A perda de pessoas significa perda de conhecimento, de capital intelectual, de inteligência, de entendimento e de domínio dos processos, perda de conexões com os clientes, de mercado e de negócios. O turnover gera custos ou investimentos financeiros, de tempo e de recursos, assim como perdas de difícil reparação, que vão além de custos diretos com admissões e desligamentos: posição em aberta - improdutividade; horas extras, que além da perda financeira, sobrecarrega os pares; integração e orientação do novo profissional; treinamento e desenvolvimento da pessoa recém- contratada; tempo do profissional de RH e de outros profissionais envolvidos, desde o recrutamento até à capacitação da nova pessoa; menor produtividade, enquanto a pessoa está no tempo de aprendizado; aumento de acidentes e doenças; processos trabalhistas; entre outros. A gestão do turnover preserva o capital intelectual, o ambiente e a imagem da empresa. COMO OBTER O DIAGNÓSTICO DAS RAZÕES DE TURNOVER EM SUA EMPRESA ? Avaliando e mapeando, através de indicadores de performance quantitativos e qualitativos, o ciclo de gestão do capital humano: atração e seleção; aculturação; educação e aprendizagem, além de transição. Na primeira fase, de atração e seleção, obtém-se informações sistematizadas sobre os fatores que atraem ou não as pessoas para trabalhar na empresa: aspectos da imagem organizacional, a forma como são apresentadas as oportunidades de crescimento profissional para o candidato, entre outros. O monitoramento dos profissionais é feito no período de admissão recente - 90, 120 ou mais dias, para avaliar como suas expectativas estão sendo satisfeitas ou realinhadas, no processo de interação com a cultura da empresa, sua estrutura, pares e lideranças. No período de educação e aprendizagem que as pessoas aprofundam seus vínculos interpessoais e o compromisso com o desempenho pessoal e organizacional. Aqui se levanta dados sobre o nível de satisfação dos profissionais com determinados aspectos da empresa, ao mesmo tempo, o grau de impacto destes fatores na sua motivação e compromisso. São questões relativas à liderança, imagem da empresa, relações entre áreas, comunicação interna, relações interpessoais, entre outras, que permitem um diagnóstico sobre o ambiente e imagem organizacional. É nessa fase que se realiza a pesquisa de clima e pesquisas de satisfação dos clientes internos e externos. Complementando a análise destes indicadores de satisfação, monitora- se os resultados organizacionais, tais como participação de mercado, lucratividade, inovação, investimento em T&D, saúde ocupacional, acidentes do trabalho, entre outros. A fase de transição caracteriza-se pela passagem por diferentes áreas da empresa ou para outras oportunidades de trabalho, fora da organização. Neste ponto, o registro qualitativo e quantitativo dos motivos das mudanças, do turnover, fornecem aos gestores e às áreas de RH um feedback valioso para direcionar as políticas e as práticas em gestão de pessoas. Mapeia-se, por exemplo, os motivos que levaram a saída de um determinado profissional, o que o fez preferir uma nova oportunidade de trabalho, o que foi prioritário em sua decisão - aspectos relacionados à remuneração, à liderança ou às relações com pares, e como os fatores se diferenciam em relação ao perfil dos profissionais - tempo de casa, idade, formação, sexo, entre outros. Complementando a análise desta fase do ciclo, temos os indicadores sobre rotatividade - tempo, custo e quantidade - por nível profissional, que demonstram uma "fotografia" sobre o fluxo de entradas e saídas na empresa. OBJETIVOS DA ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO A entrevista de desligamento tem a finalidade de permitir que o demitido ou demissionário manifeste sua percepção quanto às razões da separação, à equipe com a qual trabalhava, à chefia e às políticas, princípios e valores da organização. Por outro lado, é uma oportunidade para que a empresa possa ter registrado esta informação para análise da situação e correção de rota. A entrevista de desligamento pode servir para a empresa identificar problemas que causam a rotatividade, porque trará informações quanto às razões pelas quais as pessoas deixam a empresa e que estão associadas à forma como são tratadas. QUEM DEVE CONDUZIR ESSE PROCESSO? O processo deve ter início com uma reunião em que serão discutidas as razões da demissão, conduzida pelo superior imediato do profissional que está sendo desligado ou que está pedindo demissão. A seguir, no sentido de garantir a neutralidade e o distanciamento necessários, será feita uma entrevista por um profissional habilitado da área de Recursos Humanos,em ambiente que proporcione condições de privacidade e sigilo. OS PRINCIPAIS ASSUNTOS QUE DEVEM SER ABORDADOS NUMA ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO Inicialmente, deve ser abordada cuidadosamente a percepção que o profissional que está deixando a organização tem quanto às razões da demissão ou do pedido de desligamento. Deve ser feita uma análise cuidadosa da carreira dentro da companhia, contemplando a evolução, a estabilização e o declínio da performance do profissional, devendo ainda, ser feita uma análise: das competências desenvolvidas e a desenvolver; dos fatores que impediram ou dificultaram o desenvolvimento do profissional; da natureza e a qualidade das relações com a chefia, os pares e os subordinados; da percepção das operações e dos processos da área em que atuava; do papel da área de Recursos Humanos com relação ao tratamento das pessoas e da empresa como um todo. Podem-se solicitar também sugestões para o aprimoramento da área de atuação e da companhia. Para realizar a entrevista de desligamento é aconselhável que exista um consentimento prévio do funcionário que está saindo da organização, porque sem este consentimento prévio, ele pode não querer falar e com isso, existe uma grande possibilidade de que quem está sendo desligado ou demitido não seja sincero nas respostas. A solicitação prévia melhora a qualidade das respostas e garante ao funcionário o direito de decidir se deseja falar. DICAS PARA ENTREVISTADORES E ENTREVISTADOS TENHAM SUCESSO NA ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO: ENTREVISTADOR: Escolha um local tranqüilo, onde não haverá interrupções. Se possível, e se a situação exigir, leve o profissional para almoçar ou para algum local fora da empresa. Sinta-se como se estivesse indo a um happy hour - e faça o funcionário sentir o mesmo. Demonstre bom humor, tranqüilidade e confiança, para deixá-lo à vontade. Trabalhe como numa dinâmica de grupo: quebre o gelo, conquiste o profissional valorizando o que ele tem a dizer. Procure não anotar o que ouvir. O entrevistado pode sentir-se ameaçado. Depois que ele for embora você pode registrar suas impressões. Seja ético. Mantenha as informações sob sigilo e use-as para discutir, apenas junto às diretorias responsáveis, a possível melhoria para a organização. ENTREVISTADO: Colabore. Participar da entrevista de desligamento não é obrigatório, mas contribui para a sua boa imagem e mantém as portas da empresa abertas para você. Seja sincero. Os selecionadores são capazes de perceber uma mentira e, além disso, a empresa tem como checar a veracidade do que foi dito. Sinta-se à vontade. A empresa quer a sua colaboração e quer que você leve a melhor imagem possível para o mercado. Por isso, você não precisa sentir-se obrigado a responder tudo. Não leve respostas prontas. Às vezes o profissional recebe orientação até do novo empregador sobre o que deve responder. O entrevistador percebe. Dê suas próprias opiniões e seja você mesmo. A entrevista de desligamento é um convite para bate-papo com duração de 20 minutos. Depois do bate-papo, o funcionário entrega o crachá e abandona de vez o cargo. As entrevistas de desligamento costumam ser dividida em duas partes. Na primeira, são aplicados questionários com itens dissertativos e de múltipla escolha. O teor das respostas conduz a conversa com o entrevistador, que geralmente é um profissional da própria empresa. Nos testes da demissão, só entram assuntos que possam melhorar o dia-a- dia dos que ficam na empresa. ‘‘Fala-se sobre benefícios, ambiente de trabalho, efeito dos treinamentos’’, Para enfrentar a bateria de perguntas, as consultoras recomendam que os profissionais façam alguns minutos de reflexão antes da conversa derradeira. TIPOS DE ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO Quando o funcionário é demitido Identificar, tanto quanto possível, de maneira natural, as causas que motivaram a demissão: competências insatisfatórias (quais?), razões pessoais (quais?), razões estruturais (quais?). Obter contribuições para ações que o ex-funcionário considera úteis e necessárias para a empresa/ área e que não teve oportunidade anterior de manifestar. Quando o funcionário é demissionário: Identificar, tanto quanto possível, de maneira natural, as causas que motivaram o pedido de demissão: ambiente de trabalho insatisfatório (em quê?), salário insatisfatório, falta de perspectivas profissionais e de desenvolvimento. Outras. Obter contribuições para ações que o ex-funcionário considera úteis e necessárias para a empresa/área e que não teve oportunidade anterior de manifestar. POSSÍVEIS SENTIMENTOS DEMONSTRADOS PELO EX- FUNCIONÁRIO Quando o funcionário é demitido: FALSA ALEGRIA – “Eu já estava louco pra sair mesmo...Já tenho um monte de coisas em vista”. Neste caso, o ex-funcionário responderá a tudo muito rapidamente e sem refletir. RESSENTIMENTO – “Não entendo como fizeram isso comigo. Tanto que me sacrifiquei pela empresa...” O ex-funcionário se sentirá injustiçado e poderá fazer acusações contra colegas e possivelmente contra o chefe também. IRRITAÇÃO – “Esse negócio aqui vai demorar muito?”. O ex-funcionário responderá rápido, sem refletir, e poderá fazer acusações de modo inconsistente ou irônico. TRISTEZA – “Essa empresa era minha vida. Não sei o que vou fazer agora.” O ex-funcionário falará dos “sacrifícios” que fez pela empresa e dos seus problemas pessoais. Manterá a esperança de um dia voltar. QUAIS AS VANTAGENS QUE A ENTREVISTA DE DESLIGAMENTO PODE PROPORCIONAR À ORGANIZAÇÃO O feedback do colaborador quanto aos diferentes aspectos, se bem utilizado, poderá contribuir para a reformulação de políticas, processos, ações e para o desenvolvimento, revisão das decisões quanto ao aproveitamento e realocação de pessoas e análise do clima organizacional.