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IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 1 metabolismo da bilirrubina e colestase • ORIGEM DA BILIRRUBINA: tem origem na hemoglobina pelo grupo heme. Cada globina entrelaçada corresponda a um grupo heme, que contêm ferro. A hemoglobina A1 (tipo 1) é a que predomina no adulto. Para que ocorra esse metabolismo do heme para formar a bilirrubina, deve haver o mecanismo da hemólise, com os eventos extravasculares (fagocitose) pelo macrófago, principalmente pelo baço, e intravasculares. Um macrófago fagocita a hemácia e libera seus componentes. O ferro é cedido e liga-se a transferrina. O anel tetrapirrólico é conjugado em bilirrubina dentro do macrófago e é então liberada na circulação pelo macrófago. A bilirrubina indireta (não-conjugada) circula acoplada a albumina e não atinge o SNC e não sai na urina. Após passar pelo fígado, essa bilirrubina, agora, solúvel em água, juntamente com a bile, atinge o intestino grosso e produz o urobilinogênio e estercobilinogênio. A BILIVERDINA ESTÁ AINDA DENTRO DO MACRÓFAGO. OS DOIS TIPOS DE BILIRRUDINA: DIRETA E INDIRETA. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 2 metabolismo da bilirrubina e colestase • METABOLISMO HEPÁTICO DA BILIRRUBINA: a bilirrubina indireta que estava circulante junto a albumina sérica, é capturada pelo fígado. Lá, há conjugação dessa BI. O ácido glicurônico, pela ácão da enzima glicuroniltransferase, forma o monoglicuronídeo (MG), que pela ação do ácido glicurônico, leva a formação de diglicuronídeo (DG). Assim, ocorre a formação da bilirrubina direta (BD). No intestino grosso, a bilirrubina conjugada, ou direta, é desconjugada em substâncias incolores, que são o urobilinogênio e estercobilinogênio. Uma lesão do hepatócito pode comprometer não só a síntese da bilirrubina conjugada, como também o fluxo ao longo do canalículo biliar. O FLUXO SANGUÍNEO PARA FÍGADO SEGUE 2 FLUXOS: VEIA PORTA E ARTÉRIA HEPÁTICA. O MAIOR VOLUME VAI PELA VEIA PORTA. ELES CONFLUEM PARA VEIA CENTRAL, NUTRINDO OS HEPATÓCITOS. O FLUXO DE BILE É CONTRÁRIO AO DE SANGUE. O CANALÍCULO BILIAR É FORMADO PELA APOSIÇÃO DO PRÓPRIO HEPATÓCITO (NÃO POSSUI PAREDE PRÓPRIA. O DUCTO POSSUI PAREDE PRÓPRIA, MAS O CANALÍCULO NÃO). IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 3 metabolismo da bilirrubina e colestase • ICTERÍCIA: é um sinal de que existe um acúmulo de bilirrubina total > 2 mg/dL no sangue. A icterícia pode ser caracterizada em: a) PRÉ-HEPÁTICA: comum na anemia hemolítica (produção elevada de muita bilirrubina indireta). b) INTRA-HEPÁTICA: comum quando o hepatócito e as estruturas intra- hepáticas estão comprometidas. c) PÓS-HEPÁTICA. Quando o fluxo de bile não ocorre, seja por comprometimento intra-hepático ou pos- hepático, ocorre um mecanismo conhecido como colestase (estase de bile). • COLESTASE: é a obstrução do fluxo de bile, seja por elevação de BD no sangue e/ou retenção de sais biliares. - COMPONENTERS DA BILE: a bile é concentrada na vesícula biliar e possui como componentes a água, sais biliares, pigmento biliar, colesterol, ácidos graxos etc. Os sais biliares têm origem do colesterol no fígado. - COLESTASE INTRA-HEPÁTICA: pode ocorrer por lesão hepatocelular ou por lesão das vias biliares intra-hepáticas. No caso da colestase intra-hepática por lesão dos hepatócitos, que leva a icterícia, a secreção de sais biliares e bilirrubina conjugada são ativamente secretadas para o lúmen do canalículo. Isso aumenta a osmolaridade intracanalicular, favorecendo a difusão passiva de água, glicose, aminoácidos, cálcio e ureia para os canalículos. A bile fica mais solúvel pelo aumento de água e flui por esses canalículos. Se houver menos água, o fluxo de bile fica mais lento, e a bilirrubina direta e os sais que deveriam ir para os canalículos não vão. Isso aumenta esses 2 circulantes. Na hepatite, deverá haver uma regurgitação desses sais para o sangue e um comprometimento parcial da conjugação da bilirrubina direta na urina. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 4 metabolismo da bilirrubina e colestase A bilirrubina direta no sangue no caso de colestase hepatocelular é maior que a bilirrubina indireta, que vem das hemácias (a indireta não sai na urina, quem sai é a direta). Por isso a colúria (urina escura), onde os componentes da bile – sais bilires, junto com a BD, estão saindo pela urina e as fezes hipocólicas por diminuição de estercobilina. Já no caso da colestase intra-hepática por lesão da árvore biliar, ainda no fígado, abre um quadro onde a bilirrubina indireta é conjugada em direta, demonstrando que o fluxo canalicular está funcional, mas o fluxo de bile dentro da árvore biliar está lesado/prejudicado. O fluxo para o intestino delgado, dessa forma, fica afetado. A bilirrubina direta, que é solúvel, vai para o sangue e sai na urina. - COLESTASE HEPATOCELULAR: ocorre por uma deformação/obstrução dos canalículos com secreção ativa de BD e a de SB comprometida. A BI está normal ou aumentada no plasma, com baixa de estercobilina (fezes acólicas) e de urobilinogênio. BD e SB estão em grande concentração na urina. - COLESTASE EXTRA-HEPÁTICA: se for uma obstrução extra-hepática total, não ocorrerá nenhum fluxo de bile, por exemplo, por um tumor de vias bilares. Ou seja, não chega bilirrubina direta no intestino, deixando as fezes ficam brancas. A urina está repleta de bilirrubina direta e sai biliares, escura. A bilirrubina indireta está normal ou aumentada no plasma. A estercobilina está ausente, logo as fezes estarão acólicas. O urobilinogênio é ausente na urina. • ASPECTOS CLÍNICOS: normalmente, a BI é maior que a BD no sangue. • COLESTASE EM CRIANÇAS: - ICTERÍCIA NO RECÉM-NASCIDO: relacionadas com o aumento da birirrubina direta. Defeitos de excreção incluem: § INTRA-HEPÁTICOS: hepatite neonatal, sepse/infecção urinária e Síndrome de Dubin-Johnson. § EXTRA-HEPÁTICOS: atresia de vias biliares (geral acolia fecal e colúria) e pâncreas anular. • COLESTASE EM ADULTOS: assim como na criança, a colestase em adultos pode ser intra-hepática (por hepatites, sejam elas virais, alcoólicas ou autoimunes) ou extra- IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 5 metabolismo da bilirrubina e colestase hepática. (por litíase biliar, adenocarcinome de cabeça de pâncreas ou carcinoma de vias biliares). O cálculo que está dentro da vesícula, ou seja, que não obstrui o fluxo de bile, NÃO CAUSA ICTERÍCIA. • EXAME FÍSICO: o sinal de Murphy é o ponto cístico. A vesícula distendida de forma súbita gera dor. O mecanismo da colestase pode gerar: § PRURIDO: sais biliares podem irritar terminações Livres da pele. § XANTOMAS CUTÂNEO: sais biliares são formados a partir do colesterol; como o fluxo está interrompido, os sais retornam ao sangue e a produção fica estática, por já ter uma quantidade “boa”. Isso resulta da não utilização do colesterol para formar novos sais e seu acúmulo. Se for resultante de hepatite, as aminotransferases podem aumentar. § XANTELASMA: acúmulo de colesterol na região das pálpebras.