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1 Exercícios e orientações para o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico e de leitura e interpretação de textos Material do Aluno (PARA USO NO 1º SEMESTRE DE 2022) Obra de Manabu Mabe. Profª. Drª. Christiane Mazur Doi Profª. Drª. Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro Profª. Drª. Tânia Sandroni Nome: RA: Turma: 2 APRESENTAÇÃO As questões apresentadas neste caderno têm como base o respeito aos Direitos Humanos e visam ao desenvolvimento da prática reflexiva do estudante por meio do uso do raciocínio lógico, da articulação de conhecimentos, da análise de enunciados contextualizados, da avaliação crítica de situações, da comparação de possibilidades e da interpretação de dados. Nas questões, há comentários a respeito de enunciados, afirmativas, asserções e alternativas que ajudam na elucidação dos problemas propostos e no esclarecimento de dúvidas. As explicações presentes em cada questão guiam o leitor no sentido de desenvolver as habilidades e as competências requeridas pelos exercícios, tais como: ler e interpretar textos de diversos formatos com clareza e coerência; compreender representações simbólicas, pictóricas, tabulares, gráficas e numéricas; formular argumentos consistentes para determinada situação; comparar ideias contidas em dois ou mais textos; diferenciar conceitos; distinguir dados absolutos e dados relativos; realizar cálculos e análises envolvendo percentuais; estabelecer relações de causa e efeito; avaliar consequências e propor soluções para a resolução de problemas. Diversos são os assuntos abordados nas questões, como meio ambiente, saúde, educação, comunicação, linguagem, cultura, arte, padrões de beleza, ética, confronto entre opinião e fato, democracia, sociodiversidade, comportamento, desenvolvimento pessoal, cidadania, violência, economia, tecnologia, inclusão digital, processos migratórios, políticas públicas, globalização, industrialização, transportes, mobilidade urbana, relações de gênero, relações de trabalho, relações étnico-raciais e responsabilidade social. Esperamos, assim, que a utilização deste material amplie a compreensão do leitor quanto às questões apresentadas em diversos exames de alcance nacional, com destaque para o Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante), que avalia cursos de Ensino Superior do país, e quanto aos saberes que cada tipo de exercício demanda do estudante. 3 CURRÍCULOS RESUMIDOS DAS AUTORAS Christiane Mazur Doi Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Mestra em Ciências - Tecnologia Nuclear, Engenheira Química e Licenciada em Matemática, com Aperfeiçoamento em Tópicos de Estatística. Professora titular da Universidade Paulista. Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro Doutora em Astronomia e Bacharela em Física, com Habilitação em Astronomia. Professora titular da Universidade Paulista. Tânia Sandroni Doutora em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada), Mestra em Ciências da Comunicação, Bacharela em Comunicação Social (Jornalismo) e Licenciada em Letras/Português. Professora titular da Universidade Paulista. 4 ÍNDICE Questão Assunto/tema Questão 1 Ciência e sociedade: negacionismo. Questão 2 Lirismo: envelhecimento e morte. Questão 3 Redes sociais: fake news. Questão 4 Sociedade: invisibilidade da pobreza. Questão 5 Comportamento: uso do celular. Questão 6 Economia: descontos e promoções. Questão 7 Comportamento: confronto entre opinião e fato. Questão 8 Literatura e sociedade: desastre ambiental. Questão 9 Economia: importação de óleo diesel. Questão 10 Língua e linguagem: características e diferenças. Questão 11 Políticas públicas: inclusão digital. Questão 12 Educação: anos de estudo dos brasileiros. Questão 13 Sociedade: preconceito contra nordestinos. Questão 14 Política internacional: refugiados. Questão 15 Meio ambiente: consumo consciente e preservação ambiental. Questão 16 Educação: desempenho dos estudantes brasileiros. Questão 17 Sociedade: desigualdades de gênero. Questão 18 Sociedade e tecnologia: exclusão digital. Questão 19 Sociedade: trabalho escravo. Questão 20 Sociedade: pós-verdade. Questão 21 Sociedade brasileira: mapa da fome. Questão 22 Meio ambiente: necessidade de preservação das florestas. Questão 23 Sociedade: representatividade. Questão 24 Educação: desempenho dos alunos brasileiros da Educação Básica em exame internacional de Matemática. Questão 25 Avaliação crítica de situações: modos diferentes de ser ver uma circunstância. Questão 26 Sociedade contemporânea: consciência no consumo e avaliação crítica de descontos e comparação de promoções. Questão 27 Cidadania: análise de tabela e avaliação correta de desempenhos em concurso de redação. Questão 28 Desenvolvimento pessoal: impacto da leitura no indivíduo e transformação do modo de ver a realidade. Questão 29 Cidadania: justiça social, igualdade e ações afirmativas. 5 Questão 30 Ética, democracia e cidadania: desmatamento e condições de vida da população indígena. Questão 31 Sociodiversidade e multiculturalismo: inclusão social de pessoas com deficiência. Questão 32 Sociodiversidade e multiculturalismo: relações étnico-raciais e articulação indígena e quilombola. Questão 33 Processos migratórios e questão de gênero: números de imigrantes homens e mulheres para diversos países e continentes. Questão 34 Responsabilidade social e setor privado: responsabilidade social empresarial e diminuição das desigualdades sociais. Questão 35 Políticas públicas: profissionais da área da saúde e realização de procedimentos adequados. Questão 36 Sociodiversidade e multiculturalismo: violência, relações étnico-raciais e assassinatos de afrodescendentes em relato da ONU. Questão 37 Ciência, tecnologia e sociedade: relações de consumo e descartabilidade na sociedade contemporânea. Questão 38 Tecnologias de informação e comunicação: redes sociais e construção da autoestima. Questão 39 Cultura e arte: registros fotográficos, situações do cotidiano e realidade. Questão 40 Meio ambiente: pegada ecológica, biocapacidade e razão entre indicadores. Questão 41 Sociodiversidade e multiculturalismo: violência, relações de gênero e taxa de homicídios de mulheres. Questão 42 Transportes: tempo de deslocamento casa-trabalho e políticas públicas direcionadas à mobilidade urbana. Questão 43 Sociodiversidade e multiculturalismo: relações de gênero e jornada semanal de trabalho. Questão 44 Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): alfabetização midiática e informacional e consequências da falta de letramento digital. Questão 45 Meio ambiente: desmatamento da Amazônia e suas consequências. Questão 46 Sociedade, cultura e arte: manifestações artísticas e formas de expressão popular. Questão 47 População: números de habitantes nos estados brasileiros. Questão 48 Sociodiversidade e multiculturalismo: relações de gênero, conquistas das mulheres e participação feminina na política. Questão 49 Sociedade e relações de trabalho: levantamento da renda familiar no Brasil. Questão 50 Igualdade de gêneros: direito das jovens à educação formal, relações de poder entre homens e mulheres e discurso de Malala na ONU. Questão 51 Responsabilidade social: formas de chegada dos usuários aos serviços socioassistenciais. 6 Questão 52 Sociodiversidade e multiculturalismo: intolerância religiosa. Questão 53 Meio ambiente: consumo sustentável e descarte de resíduos. Questão 54 Formação do Brasil: reflexos da colonização. Questão 55 Meio ambiente e saúde: poluição do ar. Questão 56 Arte urbana: expressões artísticas e grafite. Questão 57 Saúde: alimentação e obesidade. Questão 58 Tecnologia: realidade aumentada. Questão 59 Preconceito:estereótipos sociais e racismo. Questão 60 Condição humana: opressão social e comportamento. Questão 61 Sistema socioeconômico: injustiça social. Questão 62 Preconceito: herança colonial e racismo. Questão 63 Mídia: influência dos meios de comunicação. Questão 64 Cidadania: protagonismo social. Questão 65 Formas alternativas de energia: energia solar. Questão 66 Sociedade contemporânea: mercantilização do indivíduo. Questão 67 Violência: inadequação e ineficiência dos presídios brasileiros. Questão 68 Comunicação de massas: sensacionalismo. Questão 69 Saúde: atividade física. Questão 70 Meio ambiente: emissões de gases e efeito estufa. Questão 71 Educação: formação do indivíduo. Questão 72 Sustentabilidade: energia eólica. Questão 73 Violência: repressão policial. Questão 74 Meio ambiente: resíduos sólidos. Questão 75 Violência: celulares e o registro do cotidiano. Questão 76 Preconceito: xenofobia. Questão 77 Educação: formas de ensinar. Questão 78 Tecnologia: obtenção de água potável. Questão 79 Saúde pública: ebola. Questão 80 Alimentação: desperdício de alimentos. Questão 81 Tecnologia: mundo virtual. Questão 82 Educação: sistemas de ensino. Questão 83 Questão de gêneros: educação para a igualdade. Questão 84 Impostos: carga tributária no Brasil. Questão 85 Educação: relação entre pais e filhos. Questão 86 Arte: Leonardo da Vinci. Questão 87 Sociedade contemporânea: racionalidade técnica e problemas sociais. 7 Questão 88 Saúde pública: medicina preventiva e desigualdade social. Questão 89 Tecnologia: redes sociais e trabalho. Questão 90 Sociedade contemporânea: internet, redes sociais e conhecimento. Questão 91 Economia: globalização e relações de trabalho. Questão 92 Economia: globalização e desigualdades. Questão 93 Educação: valorização do professor. Questão 94 Sociedade: civilização e progresso. Questão 95 Sociedade do controle: internet e redes sociais. Questão 96 Sociedade brasileira: política e corrupção. Questão 97 Sociedade brasileira: invisibilidade social. Questão 98 Educação: ensino e política. Questão 99 Movimentos migratórios: xenofobia. Questão 100 Direitos humanos: literatura e arte. Questão 101 Saúde: vida moderna e obesidade. Questão 102 Educação: papel do educador. Questão 103 Saúde: mapa com áreas populacionais sem acesso ao saneamento básico. Questão 104 Educação: escolaridade, emprego e salário. Questão 105 Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): exclusão digital. Questão 106 Desenvolvimento sustentável: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica. Questão 107 Saúde: nova tecnologia aplicada à Medicina (método Odón). Questão 108 Industrialização: transformações nos meios rural e urbano. Questão 109 Globalização: estágio supremo da internacionalização. Questão 110 Cultura e arte: evolução tecnológica e produção/divulgação de obras artísticas. 8 Exercícios e orientações para o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico e de leitura e interpretação de textos (material do aluno) Questão 1. Assunto/tema. Ciência e sociedade: negacionismo. Leia a charge e o trecho a seguir e avalie as afirmativas. Disponível em <https://www.reddit.com/r/brasil/comments/mk5z37/brasil_2021/>. Acesso em 02 ago.2021. Algo muito estranho está acontecendo no mundo atual. Vivemos melhor do que qualquer outra geração anterior. Pessoas são saudáveis graças às ciências da saúde. Moram em residências robustas, produto da engenharia. Usam eletricidade, domada pelo homem devido ao seu conhecimento de química e física. Paradoxalmente, essas mesmas pessoas ligam seus computadores, tablets e celulares para adquirir e disseminar informações que rejeitam a mesma ciência que é tão presente em suas vidas. Vivemos num mundo em que pessoas usam a ciência para negar a ciência. KOWALTOWSKI, Alicia. Usando a ciência para negar a ciência. 2019. Disponível em https://www.nexojornal.com.br/ (com adaptações). Acesso em 02 ago. 2021. I. A charge ilustra o paradoxo que se afirma no texto: novas tecnologias, frutos do desenvolvimento científico, são usadas para negar a ciência. II. A charge tem por objetivo contrapor um professor arcaico com as novas tecnologias, que permitem assimilar o conhecimento de forma mais rápida. III. De acordo com o texto, é paradoxal que as pessoas atualmente, com o desenvolvimento científico contemporâneo, ainda fiquem doentes e não tenham moradias robustas. É correto o que se afirma apenas em I. II. III. I e II. I e III. 9 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar uma charge e um texto temático. Estabelecer relações entre textos. Compreender a crítica aos discursos que circulam na sociedade. Questão 2. Assunto/tema. Lirismo: envelhecimento e morte. Leia o poema a seguir. Porta do armário aberta Marina Colassanti Abro a porta do armário como abro um diário, a minha vida ali dependurada meu frusto cotidiano sem segredos intimidade exposta que os botões não defendem nem se veda nos bolsos, espelho mais real que todo espelho entregando à devassa as medidas do corpo. Armário tabernáculo do quarto que abro de manhã como à janela para sagrar o ritual do dia. Sala de Barba Azul coalhada de pingentes longas saias e véus emaranhados sem que sangue goteje. Corpos decapitados ausentes minhas mãos dos murchos braços. Do armário minhas roupas me perseguem como baú de herança ou 10 maldição. Peles minhas pendentes em repouso silenciosas guardiãs dos meus perfumes tessituras de mim mais delicadas que a luz desbota que o tempo gasta que a traça rói ainda assim durarão nos seus cabides muito mais do que eu sobre meus ossos. Nenhuma levarei. Irei despida deixando atrás de mim a porta aberta. COLASSANTI, Marina. Rota de colisão. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O objetivo do poema é questionar a necessidade de substituição das roupas no guarda-roupa de acordo com os ditames da moda. II. Metaforicamente, o poema tem por objetivo revelar, por meio do armário e de suas roupas penduradas, a perda de um amor. III. A questão central do poema é o ressentimento da mulher pelo fato de que suas roupas estão desbotadas e roídas pelas traças. IV. A poetisa compara o armário a um diário: as roupas penduradas revelam aspectos da sua vida. É correto o que se afirma apenas em A. I e III. B. II e IV. C. II e III. D. IV. E. II, III e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar um poema. Compreender metáforas. 11 Questão 3. Assunto/tema. Redes sociais: fake news. Leia o meme e o texto a seguir. Disponível em <https://pt.dopl3r.com/memes/engra%C3%A7ado/as-pessoas-deveriam-antes-de-compartilhar-pesquisar-se-as-frases- atribuidasa-pessoasfamosas-realmente-pertencem-a-elas-d-pedro/102625/>. Acesso em 21 jul. 2021. Fake news são notícias e informações falsas — ou modificadas — veiculadas na internet com o propósito de manipular pessoas e eventos. Elas também estão ligadas ao sensacionalismo, que visa a chamar a atenção e a obter “likes” para gerar lucro. Segundo pesquisa do Instituto Reuters para o estudo do Jornalismo, as redes sociais são a maior fonte de notícias para os brasileiros. E isso só aumenta, já que o percentual de pessoas que usam as redes sociais como fonte de notícias foi de 47% em 2013 para 72% em 2016. Isso mostra que a repercussão de uma notícia falsa pode atingir inúmeras pessoas em poucos minutos e acarretar prejuízos morais e até mesmo financeiros. Algumas pessoas acreditam que as fake news prejudicam apenas pessoas públicas, mas isso não é uma regra. É o caso de uma mulherem São Paulo que foi espancada até a morte depois de ter sido acusada de sequestrar e matar crianças para fazer magia negra. Os boatos associavam seu nome e sua imagem ao crime; só após sua morte a verdade apareceu. Outra situação envolvendo fake news foi a da vereadora Marielle Franco, que teve seu nome vinculado a mentiras com o intuito de desqualificar sua imagem. Uma das notícias foi a de que ela seria casada com um traficante e eleita por uma das maiores facções criminosas do país, o Comando Vermelho. Contudo, tais informações eram inverídicas. http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-morta-apos-boato-em-rede-social-e-enterrada-nao-vou-aguentar.html http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-morta-apos-boato-em-rede-social-e-enterrada-nao-vou-aguentar.html 12 Disponível em <https://foconoenem.com/fake-news-redacao-enem/>. Acesso em 20 jan. 2019. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I. O meme, para criticar a propagação de fake news, apoia-se, ironicamente, em uma citação falsa. II. O meme e o texto apresentam discursos antagônicos, pois o primeiro mostra que as notícias falsas podem ser simples brincadeira. III. O texto alerta para a necessidade de se checar a fonte das informações, pois as fake news podem trazer prejuízo à sociedade. É correto o que se afirma apenas em A. I e II. B. I. C. I e III. D. III. E. II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar um meme, um texto verbal e um infográfico. Relacionar textos. Ter conhecimentos históricos para perceber o humor envolvido em um meme. 13 Questão 4. Assunto/tema. Sociedade: invisibilidade da pobreza. Observe a pintura de Kevin Lee, intitulada “A invisibilidade da pobreza'', e leia o texto a seguir. Disponível em <https://www.facebook.com/culturaemdoses/photos/a.714521042296571/1272481773167159/>. Acesso em 25 jul. 2021. Falta de dados reflete invisibilidade da população em situação de rua no Brasil CNN, São Paulo – 01.06.2021 "Eu até me emociono quando me fazem essa pergunta, porque dói muito ver a pessoa em situação de rua. Pra mim, dói muito". Poucas pessoas que não experimentaram o que é dormir sem um teto sobre a cabeça poderiam dar uma resposta como essa. O músico Wellington Antônio Vanderlei sabe bem o que é isso e, entre suas idas e vindas na rua desde a adolescência, é certeiro quando responde qual o sentimento relegado à população que vive sem ter onde morar. "Ah, o sentimento é que você é invisível mesmo, né?". Invisível aos olhos da sociedade e, muitas vezes, também aos olhos do poder público. As discussões a respeito do adiamento do censo populacional que seria realizado neste ano lançaram luz sobre a importância de pesquisas para a formulação de políticas públicas. Políticas essas que reduzem os níveis de desigualdade, combatem a fome, o desemprego, o abandono escolar e tantos outros gargalos sociais. O problema é que quem vive na rua não entra nas estatísticas do Censo. A única vez em que foi realizado um levantamento nacional exclusivamente sobre a população em situação de rua foi em 2008, quando foram registradas informações extremamente relevantes e até inesperadas, como o fato de que 70% dessa população tinha algum tipo de trabalho. Outros dados, nem tão inesperados assim: 67% dessas pessoas eram negras, retrato do racismo e da desigualdade no nosso país. O que o país tem de mais recente sobre a população em situação de rua é uma estimativa produzida por Marcos Natalino, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que projetou 222 mil pessoas vivendo nas ruas do Brasil até março do ano passado. O cenário, é claro, agravou-se durante a pandemia. "Agora, na pandemia, eles são visíveis à medida que, quando fecha a cidade, menos pessoas circulam pelas ruas. Os únicos que circulam nas ruas são eles. Então, é um jogo. Ora eles são visíveis, ora eles são invisíveis. Quando incomodam, são visíveis. Quando não incomodam a ordem estabelecida, são invisíveis", opina o padre Júlio Lancellotti, que há anos é uma referência no apoio a quem vive nas ruas. Disponível em <https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/06/01/podcast-entre-vozes-alerta-para-invisibilidade-de-quem-vive-em-situacao- de-rua>. Acesso em 25 jul. 2021 (com adaptações). https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/censo https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/01/13/especialistas-veem-aumento-de-populacao-de-rua-mas-nao-ha-dados-oficiais 14 Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A imagem e o texto jornalístico apresentam discursos antagônicos, pois o artista enfatiza, com seus traços, a visibilidade de um menino pobre, e a matéria aponta que as pessoas em situação de rua são ora visíveis, ora invisíveis. II. Segundo o texto, as pessoas em situação de rua são pouco visíveis ao poder público, e isso implica a criação insuficiente de políticas direcionadas a elas. III. O objetivo da imagem é mostrar que o menino, mesmo pobre, pode ter ascensão social, representada pela escada e pela rampa. IV. De acordo com o texto, a pandemia aumentou a visibilidade das pessoas que moram na rua porque gerou mais ações de solidariedade. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II e IV. C. I e III. D. III e IV. E. II. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar uma imagem e uma reportagem. Compreender a crítica em uma obra de arte. Relacionar textos. Questão 5. Assunto/tema. Comportamento: uso do celular. Leia o texto. O último paradoxo da vida moderna: por que ficamos presos ao celular, mas odiamos falar por telefone? Não deixe uma ligação rápida arruinar uma longa e confusa série de mensagens de WhatsApp Sílvia Lopez – 01/06/2019 Para iniciar um texto, Hemingway dizia a si mesmo: “Escreva a frase mais verdadeira que você conhece”. Neste caso, seria: a psicóloga Cristina Pérez, do Siquia, respondeu por meio de mensagens de áudio às perguntas que lhe enviamos por e-mail. Essa curiosidade metajornalística não tem importância nem altera a qualidade de suas respostas, só ilustra a variedade e a fluidez de opções com as quais podemos http://www.siquia.com/ 15 nos comunicar hoje. Recebemos um e-mail? Respondemos com um áudio. Chegou um áudio de WhatsApp? Respondemos com um texto. Recebemos um telefonema? Não respondemos. Esperamos. Esperamos. E escrevemos: “Você me ligou? Não posso falar, é melhor me escrever”. O paradoxo do grande vício do século XXI é que estamos presos ao celular, mas temos fobia das ligações telefônicas. Voto de silêncio É uma tendência mais presente entre os mais jovens, mas comum em todas as faixas etárias: só na Espanha, o uso diário de aplicativos de mensagens instantâneas como WhatsApp, Telegram e Facebook Messenger é quase o dobro do uso de ligações por telefone fixo e celular, segundo o Relatório da Sociedade Digital na Espanha de 2018, da Fundação Telefónica. Não só preferimos as mensagens instantâneas aos telefonemas, como também preferimos essas mensagens a interagir com outras pessoas. Ou pelo menos foi o que 95,1% da população espanhola disse preferir (o cara a cara só tem 86,6% de popularidade). A ligação telefônica − que, até não muito tempo atrás, esperávamos com alegria ou tolerávamos com resignação, mas nunca evitávamos com uma rejeição universal – tornou-se uma presença intrusiva e incômoda, perturbadora e tirânica, mas por quê? “Uma das razões é que quando recebemos uma ligação, ela interrompe algo que estávamos fazendo, ou simplesmente não temos vontade de falar nesse momento”, explica a psicóloga Cristina Pérez. “Por outro lado, também exige de nós uma resposta imediata, ao contrário do que ocorre na comunicação escrita, que nos permite pensar bem no que queremos dizer. E a terceira razão seria o fato de não poder saber deantemão qual será a duração do telefonema”, acrescenta. Introvertidos e entregues às telas Perder tempo em um telefonema é uma perspectiva assustadora. No entanto, segundo um relatório mundial da Deloitte, consultamos nossas telas mais de 40 vezes ao dia, e uma de cada quatro pessoas faz isso entre 100 e mais de 200 vezes. Talvez a coisa mais valiosa que nosso interlocutor exija em uma ligação não seja o tempo, e sim a concentração. Será que o ódio de falar por telefone poderia ser sintoma de um problema mais profundo, como um distúrbio de déficit de atenção? “Em princípio não”, responde a psicóloga. Mas “sim, é possível que uma pessoa com déficit de atenção tenha dificuldade para manter uma longa conversa telefônica e até mesmo que às vezes perca o fio da meada e volte sua atenção para outra coisa, assim como lhe ocorreria em uma conversa frente a frente, mas isso não quer dizer que desenvolva um ódio de falar por telefone”. Cristina Pérez alerta: “Sim, pode ser sinal de uma personalidade introvertida. O imediatismo de um telefonema faz com que as pessoas introvertidas não se sintam confortáveis neles. São pessoas que dependem muito da observação e, por telefone, não podem examinar a expressão do interlocutor. Se uma interação social já é incômoda para elas, é muito pior quando não têm essa ajuda visual que utilizam tanto. De fato, esse tipo de personalidade prefere a comunicação escrita à falada”. Como cortar a ligação Infelizmente, para esses introvertidos, não há uma fórmula que os libere de todos os telefonemas, embora o identificador do número que está ligando lhes dê certa autoridade. “Quando você recebe uma ligação, é você que decide se é o momento de atendê-la ou de deixá-la para mais tarde”, assinala a psicóloga. “Se você decidir atendê-la e precisar cortá-la, a melhor maneira de fazer isso é de forma assertiva (estabelecendo limites, embora inicialmente isso nos custe um pouco, já que podemos pensar que a outra pessoa ficará chateada, mas é questão de treinamento e paciência), só que você também deve detectar qual é o momento certo para cortar”. O problema não é apenas que nosso interlocutor queira falar ad infinitum. Ele muitas vezes quer de nós uma resposta rápida, se for, por exemplo, um telefonema de trabalho. O terror de não ter tempo para pensar o que devemos responder também nos impede de atender o telefone. A psicóloga também tem um truque para esses casos: “Se pedem uma resposta imediata que nesse momento você não pode dar, uma frase muito útil é ‘vou pensar com calma e amanhã conversamos’, já que se não temos certeza quanto a uma resposta, o melhor é adiá-la, porque o imediatismo nos faz agir impulsivamente e é possível que depois nos arrependamos da resposta dada”. Adeus à dialética? A aversão à conversa da chamada “geração muda” poderia ter mais consequências do que apenas evitar as reuniões sociais. “O preço a pagar por nascer nesta geração é, muitas vezes, a falta de habilidade na hora de iniciar ou manter uma conversa, embora essas pessoas possam passar horas e horas no celular, porque estão mais concentradas naquilo que seu dispositivo lhes pode oferecer (o que às vezes será uma conversa com outra pessoa, mas não frente a frente). São gerações nas quais o vício por novas 16 tecnologias está na ordem do dia, e o problema não é apenas que não valorizem o quanto uma boa conversa pode ser enriquecedora. Os efeitos do uso excessivo do celular afetam também sua personalidade, já que são pessoas com baixa tolerância à frustração e com necessidade de um reforço social contínuo, que ocorre através das curtidas. Em suma, a tecnologia é boa desde que seja usada de forma compatível com a vida cotidiana da pessoa, ou seja, quando não interferir em sua vida social, trabalhista ou pessoal”, destaca a psicóloga. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/01/tecnologia/1559392400_168692.html?utm_source=Facebook&ssm=FB_BR_CM&fbclid=IwAR0tUq fDyfynJW1aheWqEnGYU1GxGvsGbJmdxD63FnvmY-jCT7CAkjKswWs#Echobox=1625268988>. Acesso em 06 jul. 2021 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. De acordo com a pesquisa, falar ao telefone ou encontrar alguém pessoalmente são ações indesejadas pela maioria da população. II. O paradoxo apontado no texto refere-se ao fato de as pessoas alternarem diversos formatos de respostas às mensagens do dia a dia. III. De acordo com a psicóloga, o telefonema apresenta, para muitas pessoas, a desvantagem de exigir uma resposta imediata e de interromper o que se está fazendo no momento. É correto o que se afirma em A. I, II e III. B. III, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I e II, apenas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar um texto jornalístico. Avaliar criticamente uma situação. Questão 6. Assunto/tema. Economia: descontos e promoções. Na chamada “black friday”, é comum vermos anúncios como o mostrado na figura a seguir. 17 Disponível em <https://blog200porcento.com/50-desconto-na-segunda-unidade-toysrus-5939196>. Acesso em 27 set. 2021. Com base nessa situação, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. I. Se o cliente comprar a segunda unidade de um produto que custe R$300,00, pagará o equivalente a R$225,00 por unidade. PORQUE II. O cliente terá 50% de desconto no valor total a ser pago. Assinale a alternativa correta. A. As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a asserção I. B. As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a asserção I. C. A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa. D. A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. E. As asserções I e II são falsas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar um anúncio de desconto. Realizar cálculos matemáticos, com percentuais e valores absolutos. Questão 7. Assunto/tema. Comportamento: confronto entre opinião e fato. Leia os quadrinhos a seguir. 18 Disponível em <https://www.umsabadoqualquer.com>. Acesso em 2 dez. 2018 (com adaptações). Os quadrinhos apresentados A. trazem evidências científicas de que o café causa agitação em quem o consome. B. incentivam a valorização das crenças em detrimento dos fatos. C. apontam o diálogo como solução para a desinformação. D. desvalorizam os saberes populares. E. criticam o predomínio de crenças e opiniões pessoais sobre evidências científicas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar um texto na forma de quadrinhos. Compreender a crítica relativa à prevalência da opinião sobre os fatos. Questão 8. Assunto/tema. Literatura e sociedade: desastre ambiental. Em 29.01.2019, o Jornal O Globo publicou matéria sobre poemas de Carlos Drummond de Andrade, hoje considerados proféticos, frente às tragédias resultantes do rompimento das barragens de rejeitos de mineração em Mariana e em Brumadinho, ambas cidades mineiras. Conforme a matéria, “Lira itabirana” (transcrito a seguir), o poema de Drummond que mais tem circulado nas redes sociais depois da tragédia de Brumadinho, foi divulgado inicialmente em um pequeno jornal mineiro em 1984, em Itabira, cidade natal do poeta. 19 I O Rio? É doce. A Vale? Amarga. Ai, antes fosse Mais leve a carga. II Entre estatais E multinacionais, Quantos ais! III A dívida interna. A dívida externa A dívida eterna. IV Quantas toneladas exportamos De ferro? Quantas lágrimas disfarçamos Sem berro? Disponível em <https://oglobo.globo.com/cultura/livros/brumadinho-conheca-historia-por-tras-de-poema-em-que-drummond-critica-vale- 23410546>. Acesso em 29 jan. 2019. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Em “Lira itabirana”, Drummond ressalta o contraste entre a água doce dos rios eo sabor amargo conferido a esse recurso natural pelo ferro extraído pela empresa Vale do Rio Doce. II. Em “Lira itabirana”, Drummond concorda que a exportação do ferro, embora provoque danos à natureza, paga as dívidas interna e externa do país. III. “Lira itabirana” trata da relação do poeta com o problema da destruição da natureza, provocada pela atividade de mineração. Assinale a alternativa certa. A. Apenas a afirmativa III é correta. B. Apenas a afirmativa II é correta. C. Apenas a afirmativa I é correta. D. Todas as afirmativas são corretas. E. Nenhuma afirmativa é correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto com linguagem poética. Relacionar o texto lido a recentes desastres ambientais. 20 Questão 9. Assunto/tema. Economia: importação de óleo diesel. O gráfico a seguir apresenta as toneladas por ano da importação de óleo diesel dos Estados Unidos e a taxa que isso representa sobre o total importado pelo Brasil. Importação de diesel dos EUA, em toneladas por ano, e sua fração sobre o total importado pelo Brasil. **Dados de 2017 estimados a partir dos dados de janeiro a outubro (MDIC). Disponível em <http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/1125-editorial-politica-de-precos-de-temer-e-parente-e-america- first>. Acesso em 07 nov. 2018 (com adaptações). Considerando as informações apresentadas no gráfico, avalie as afirmativas. I. De 2015 a 2017, a quantidade de óleo diesel norte-americano importado aumentou cerca de 40%, atingindo 80% do total importado pelo Brasil. II. Segundo o gráfico, entre 2010 e 2013, as importações de óleo diesel dos Estados Unidos atingiram o maior número em termos absolutos em 2013, com a cifra aproximada de 3.000.000 toneladas. III. O gráfico mostra crescimento contínuo da importação de diesel dos Estados Unidos no período de 2010 a 2017. É correto o que se afirma apenas em A. I. B. II. C. III. D. I e II. E. II e III. Justificativa. 21 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar gráficos. Avaliar aumento percentual de importação de toneladas de óleo diesel pelos Estados Unidos. Verificar a ocorrência ou não de crescimento contínuo de importação de óleo diesel pelos Estados Unidos. Questão 10. Assunto/tema. Língua e linguagem: características e diferenças. Leia o texto a seguir. — Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem é multiforme e heteróclita; o cavaleiro de diferentes domínios, ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica, ela pertence, além disso, ao domínio individual e ao domínio social; não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade. A língua, ao contrário, é um todo por si e um princípio de classificação. Desde que lhe demos o primeiro lugar entre os fatos da linguagem, introduzimos uma ordem natural num conjunto que não se presta a nenhuma outra classificação. A esse princípio de classificação, poder-se-ia objetar que o exercício da linguagem repousa numa faculdade que nos é dada pela Natureza, ao passo que a língua constitui algo adquirido e convencional, que deveria subordinar-se ao instinto natural em vez de adiantar-se a ele. SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. De acordo com o texto, a língua não é uma linguagem, pois é um fenômeno social e convencional. II. Segundo o autor, a língua, com suas dimensões físicas, fisiológicas e psíquicas, é subordinada a um instinto natural; essas características não permitem que a língua seja classificada como um fato social. III. Para o autor, a língua, entendida como um sistema estruturado e convencional, ocupa o primeiro lugar entre os fatos de linguagem. Assinale a alternativa certa. A. Nenhuma afirmativa é correta. B. Apenas a afirmativa III é correta. C. Apenas as afirmativas I e III são corretas. D. Apenas a afirmativa II é correta. E. Todas as afirmativas são corretas. Justificativa. 22 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto com linguagem acadêmica. Compreender e distinguir os conceitos de língua e linguagem. Questão 11. Assunto/tema. Políticas públicas: inclusão digital. Leia a charge a seguir. Disponível em <http://inclusaodigital82013.blogspot.com.br/2013/>. Acesso em 15 jul. 2018. Com base na leitura, assinale a alternativa correta. A. A charge mostra como o acesso às novas tecnologias é importante e muda as condições de vida dos cidadãos. B. A charge tem por objetivo criticar a inclusão digital, pois algumas pessoas não têm preparo suficiente para usar as novas tecnologias. C. A charge propõe a reflexão sobre a prioridade das necessidades na definição das políticas públicas. D. A charge visa a enaltecer as políticas governamentais de inclusão digital, pois elas atingem até comunidades do sertão. E. A charge denuncia o consumismo, que faz as famílias pobres adquirirem bens desnecessários. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar charge, prestando atenção na complementação entre linguagem verbal e linguagem não verbal. Conhecer a realidade brasileira e as desigualdades regionais. 23 Questão 12. Assunto/tema. Educação: anos de estudo dos brasileiros. Considere o gráfico a seguir, que mostra a distribuição dos brasileiros maiores de 25 anos de acordo com os anos de estudo em 2007 e em 2015. Disponível em <https://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao/anos-de-estudo.html>. Acesso em 10 out. 2018. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. Os dados do gráfico mostram que não houve variação no número de pessoas maiores de 25 anos com 8 a 10 anos de estudos no período de 2007 a 2015. II. De acordo com os dados, observa-se tendência de aumento nos anos de estudo das pessoas maiores de 25 anos no período de 2007 a 2015. III. Pelos dados, infere-se que pouco mais de 10% da população brasileira havia concluído o ensino superior em 2015. É correto o que se afirma em A. I, II e III. B. I e II, apenas. C. II e III, apenas. D. I e III, apenas. E. II, apenas. Justificativa. 24 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar gráficos. Distinguir números absolutos e relativos. Conhecer a estrutura dos cursos e suas durações na realidade brasileira. Questão 13. Assunto/tema. Sociedade: preconceito contra nordestinos. Leia os quadrinhos de Laerte e um trecho do artigo de Elder Pereira. Preconceito contra nordestinos mostra um Brasil que não é cordial Elder Pereira Apesar de existir o senso comum de que o nosso país é cordial, a verdade é que não é. O xenofobismo contra os nordestinos nos últimos tempos tem tomado conta da mídia de uma forma tão relevante e criminosa que hoje os xenofóbicos não fazem a menor questão de esconder seus preconceitos. A xenofobia é um medo incontrolável do desconhecido. Ela pode ser caracterizada como um preconceito ou como um transtorno psiquiátrico. Depende muito do contexto em que ela estiver sendo utilizada. No caso de nós, nordestinos, é uma forma de preconceito e racismo. Não é tão difícil encontrar brasileiros que entendam que os habitantes do Nordeste são uma sub-raça ou, em última análise, um povo miserável sob todos os aspectos, inclusive desinformado. Aversão e discriminação a pessoas de outras raças, culturas, crençase grupos é crime. O xenofóbico se julga diferente e a partir disso desenvolve preconceito contra quem sua mente doentia achar que deve. Afinal, quem não tem um parente ou amigo nordestino? Disponível em <https://consultorelder.jusbrasil.com.br/artigos/231687919/preconceito-contra-nordestinos-mostra-um-brasil-que-nao-e- cordial>. Acesso em 18 out. 2018 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. Nos quadrinhos, a xenofobia é reforçada, pois o personagem nordestino deseja expropriar as riquezas das cidades para as quais migra. II. De acordo com o autor do artigo, a xenofobia é um transtorno psiquiátrico, que só atinge as mentes doentias de quem não têm amigos ou parentes nordestinos. III. Os quadrinhos reconhecem o valor do trabalho dos migrantes nas grandes metrópoles, mostrando que, sem ele, a cidade perde o seu concreto. IV. Os quadrinhos, ao apresentar a linguagem típica do Nordeste, pregam o preconceito, ao contrário do artigo, que critica qualquer discriminação. É correto o que se afirma somente em A. I e IV. B. II e III. C. I, II e IV. D. II, III e IV. E. III. https://consultorelder.jusbrasil.com.br/ 25 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar quadrinhos e artigo. Relacionar textos sobre preconceito e xenofobia. Questão 14. Assunto/tema. Política internacional: refugiados. Leia o texto e analise as afirmativas a seguir. E se os líderes mundiais fossem refugiados? Este artista responde Vivendo na Bélgica desde 2011, artista sírio transforma a raiva em arte em uma série na qual desbanca Trump, Merkel e Putin de suas posições de poder A mais grave crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial parece longe do fim. Atualmente, há ao menos 65 milhões de pessoas deslocadas de seus lares, das quais 21,3 milhões vivem em situação de refúgio. A Síria é um dos países que registram o maior fluxo de refugiados. Palco de uma guerra civil que assola suas cidades há seis anos e de uma luta incessante contra o estabelecimento do grupo terrorista Estado Islâmico, a Síria é o país de origem de 4,9 milhões dessas pessoas. Uma delas é o artista sírio Abdalla Al Omari. Nascido na capital, Damasco, em 1986, deixou o país em 2011 em razão da violência. Agora, vive em Bruxelas, na Bélgica, com o status de refugiado. Seu trabalho mais recente tem uma proposta ousada: mostrar ao mundo como seria a vida dos atuais líderes globais, se refugiados fossem. Na série de pinturas, pertinentemente intitulada como “A Série da Vulnerabilidade” (The Vulnerability Series), o artista retrata nomes como o presidente americano Donald Trump, a premiê alemã Angela Merkel, o presidente russo Vladimir Putin e o sírio Bashar Al-Assad. https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/refugiados/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/siria/ http://www.abdallaomari.com/ http://www.abdallaomari.com/thevulnerabilityseries/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/donald-trump/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/angela-merkel/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/angela-merkel/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/vladimir-putin/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/bashar-al-assad/ 26 Disponível em <https://exame.abril.com.br/mundo/e-se-os-lideres-mundiais-fossem-refugiados-este-artista-responde/>. Acesso em 08 jan. 2018 (com adaptações). I. O objetivo dos quadros é evidenciar a sensibilidade e a empatia dos líderes políticos, que sabem se colocar no lugar dos imigrantes e adotam medidas que visam a beneficiar os refugiados. II. Os quadros, ao retratarem líderes mundiais em situações de vulnerabilidade, têm a intenção de denunciar as precárias condições às quais são submetidos os refugiados e mostrar que qualquer pessoa poderia estar nessa situação. III. Ao atribuir aos políticos a vulnerabilidade, o artista mostra que somos todos iguais, e os detentores do poder não devem ser responsabilizados pela crise que atinge os refugiados. Assinale a alternativa certa. A. Nenhuma afirmativa é correta. B. Apenas a afirmativa I é correta. C. Apenas a afirmativa III é correta. D. Apenas a afirmativa II é correta. E. Apenas as afirmativas II e III são corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Interpretar um texto jornalístico informativo. Interpretar mensagem política em obra artística. Conhecer problemas políticos contemporâneos. 27 Questão 15. Assunto/tema: Meio ambiente: consumo consciente e preservação ambiental. Observe o anúncio a seguir. Disponível em <http://commktbra.blogspot.com.br/2009/11/5-propagandas-de-sustentabilidade-para.html>. Acesso em 23 out. 2017. Observação. A parte inferior do mapa é verde e a parte superior do mapa é preta. Podemos afirmar que a figura A. apresenta uma associação entre o desmatamento e o consumo de toalhas de papel na América do Sul. B. enaltece as políticas de produção de petróleo na América do Sul. C. faz uma crítica ao alto custo de produção de papel na América do Sul. D. mostra que o desmatamento na América do Sul vem avançando independentemente do uso de árvores como matéria-prima para a produção de celulose. E. realiza campanha pelo fim da produção de papel na América do Sul. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Interpretar um texto com linguagem não verbal. Reconhecer causas de problemas ambientais. 28 Questão 16. Assunto/tema. Educação: desempenho dos estudantes brasileiros. Leia o texto a seguir. Quando você vai à escola, o que aprende? Estudo do Banco Mundial revela que as falhas nos sistemas de ensino estão aprofundando as desigualdades e propõe medidas para melhorá-los As sensações de fracasso e impotência acompanham milhões de estudantes de países em desenvolvimento que não sabem ler, escrever ou fazer uma operação de aritmética, mesmo após vários anos de escolarização. Além de nascerem em desvantagem devido à pobreza, ao gênero ou a uma deficiência, eles chegam à idade adulta sem as aptidões mais básicas para a vida. Alguns dados do mais recente Relatório de Desenvolvimento Global (WDR 2018, na sigla em inglês), do Banco Mundial, revelam as disparidades que existem entre estudantes ricos e pobres. A seguir, estão algumas das principais conclusões. A Base de Dados Mundial sobre Qualidade da Educação, atualizada recentemente, sugere que, nos países de renda média e de renda baixa, mais de 60% das crianças avaliadas não conseguiram alcançar habilidades mínimas em matemática e leitura. Já nos ricos, quase todas as crianças ultrapassaram esse nível. As estatísticas não levam em conta 260 milhões de crianças que, por motivos de conflito, discriminação, deficiência e outros obstáculos, não estão matriculadas nos ensinos fundamental ou médio. Segundo o documento, a crise global de aprendizagem não apenas impede esses jovens de terem salários maiores (...), mas também aprofunda as diferenças entre ricos e pobres. É possível reverter essa tendência? Segundo o WDR 2018, sim, mas é preciso um trabalho extenso para melhorar todos os fatores ligados à aprendizagem. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/25/internacional/1508886607_063266.html?rel=str_articulo>. Acesso em 08 nov. 2017 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. 29 I. O gráfico mostra que, nos países da América Latina e no Caribe, os alunos de renda alta apresentam percentual de acertos acima de 70% nas avaliações de leitura. II. O texto aponta que há analfabetismo funcional de estudantes com vários anos de escolarização. III. Segundo o texto, a diferença na qualidade de educação entre pobres e ricos aprofunda a desigualdade social. IV. De acordo com o gráfico, das regiões elencadas, a África Subsaariana apresenta o maior percentualde alunos que não alcançaram bom desempenho nas avaliações de matemática e de leitura. É correto o que se afirma somente em A. I e III. B. II, III e IV. C. I, II e III. D. II e III. E. I, II e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Interpretar um texto jornalístico. Compreender corretamente as informações apresentadas em um gráfico de barras. Estabelecer relações entre qualidade de ensino e diferenças sociais. Questão 17. Assunto/tema. Sociedade: desigualdades de gênero. Leia o texto e os quadrinhos a seguir. O papel da mulher mudou radicalmente nas sociedades mais desenvolvidas durante as últimas quatro décadas. Mas ainda há muito a fazer. E o apoio dos homens é fundamental para conseguir a tão esperada igualdade. A palavra “empoderar” aplica-se perfeitamente à mulher do século XXI. Ela, que se adapta a qualquer papel na sociedade, mudou nos últimos 40 anos, em parte devido à sua progressiva incorporação ao mercado de trabalho. Desde então, a incessante luta pela igualdade salarial e para ocupar posições de poder empresarial e institucional, bem como a conciliação trabalhista e as medidas de ação afirmativa configuraram um papel feminino mais ativo. Mesmo assim, as estatísticas mostram que isso não é suficiente. Nenhum país alcançou a igualdade de gênero. E mesmo os mais igualitários oferecem menos oportunidades para as mulheres. Um dado significativo: 44% dos europeus continuam pensando que o papel mais importante da mulher é cuidar da casa e da família. Essa é a opinião de 44% das mulheres e de 43% dos homens. A mesma porcentagem afirma que a função mais importante do homem é ganhar dinheiro. Elas continuam ganhando muito menos. Portanto, esses dados revelam que ambos os gêneros têm um longo caminho pela frente até alcançar a verdadeira igualdade. RAMIREZ, P. El País semanal. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/27/eps/1511812441_406375.htm>. Acesso em 08 dez. 2017 (com adaptações). 30 Disponível em <http://soacomomusica.blogspot.com.br/>. Acesso em 24 jan. 2018. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. De acordo com o texto, mais de 40% de mulheres e homens europeus mantêm arraigados valores tradicionais da sociedade, pois consideram que o trabalho doméstico é função feminina. II. Os quadrinhos têm o objetivo de mostrar que homens e mulheres exercem as mesmas funções hoje em dia, contrariando o que afirma o texto. III. As desigualdades de gênero ocorrem apenas em países subdesenvolvidos, como no Brasil, em que até o idioma é pobre para expressar a condição feminina, como evidenciam os quadrinhos. IV. O objetivo dos quadrinhos é apontar que o uso da linguagem é ideológico e reflete as desigualdades presentes na sociedade. Assinale a alternativa certa. A. Nenhuma afirmativa é correta. B. Apenas a afirmativa I é correta. C. Apenas as afirmativas I e IV são corretas. D. Apenas as afirmativas III e IV são corretas. E. Apenas as afirmativas I e II são corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Interpretar quadrinhos. Interpretar um texto jornalístico. Associar dois textos diferentes que tratam das diferenças de gênero. Questão 18. Assunto/tema. Sociedade e tecnologia: exclusão digital. Leia o fragmento de texto e a charge. 31 Exclusão digital Pierre Lévy, filósofo francês, pensador da área de tecnologia e sociedade, afirmou que “toda nova tecnologia cria seus excluídos”. Com essa afirmação, ele não está atacando a tecnologia, mas quer lembrar que, por exemplo, antes dos telefones, não existiam pessoas sem telefone, do mesmo modo que, antes de se inventar a escrita, não existiam analfabetos. Com relação ao uso da mídia como via de acesso para aquisição e concretização da cidadania, percebe- se a existência de algumas iniciativas, no entanto, essas iniciativas ainda são pouco abrangentes quando se considera toda a potencialidade que poderia ser explorada nesse sentido. Disponível em <https://www.infoescola.com/sociologia/exclusao-digital/>. Acesso em 13 nov. 2017 (com adaptações). Disponível em <http://inclusaodigital82013.blogspot.com.br/2013/>. Acesso em 29 jan. 2018. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. Para Lévy, a tecnologia é ruim para a sociedade, pois sempre cria excluídos, como se vê na charge. II. O objetivo da charge é mostrar que a internet e as redes sociais fazem parte do cotidiano de todos e são ferramentas importantes para estimular a imaginação. III. A charge ilustra o fato de uma parcela da população estar excluída do acesso à tecnologia atual, fato também mencionado por Lévy. IV. A charge e o texto concluem que a inclusão digital é necessária para a construção da cidadania e que a eliminação da exclusão é uma questão de tempo, pois foi assim com outras tecnologias, como o telefone e a escrita, por exemplo. É correto o que se afirma somente em A. I e III. B. II e IV. C. III. D. II, III e IV. E. I, II e III. Justificativa. 32 Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar texto informativo e charge. Compreender posicionamento de autores sobre exclusão digital. Questão 19. Assunto/tema. Sociedade: trabalho escravo. Leia o trecho do texto de Natalia Suzuki e Thiago Casteli e observe a figura a seguir. Trabalho escravo ainda é uma realidade no Brasil O trabalho escravo ainda é uma violação de direitos humanos que persiste no Brasil. A sua existência foi assumida pelo governo federal perante o país e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1995, o que fez com que se tornasse uma das primeiras nações do mundo a reconhecer oficialmente a escravidão contemporânea em seu território. Daquele ano até 2016, mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas às de escravidão em atividades econômicas nas zonas rural e urbana. Mas o que é trabalho escravo contemporâneo? O trabalho escravo não é somente uma violação trabalhista, tampouco se trata daquela escravidão dos períodos colonial e imperial do Brasil. Essa violação de direitos humanos não prende mais o indivíduo a correntes, mas compreende outros mecanismos, que acometem a dignidade e a liberdade do trabalhador e o mantêm submisso a uma situação extrema de exploração. Quem é o trabalhador escravo? Em geral, são migrantes que deixaram suas casas em busca de melhores condições de vida e de sustento para as suas famílias. Saem de suas cidades atraídos por falsas promessas de aliciadores ou migram forçadamente por uma série de motivos, que podem incluir a falta de opção econômica, guerras e até perseguições políticas. No Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas também podem ser migrantes internacionais de países latino-americanos – como a Bolívia, Paraguai e Peru –, africanos, além do Haiti e do Oriente Médio. Essas pessoas podem se destinar à região de expansão agrícola ou aos centros urbanos à procura de oportunidades de trabalho. O trabalho escravo é empregado em atividades econômicas na zona rural, como a pecuária, a produção de carvão e os cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últimos anos, essa situação também é verificada em centros urbanos, principalmente na construção civil e na confecção têxtil. No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural são homens. Em geral, as atividades para as quais esse tipo de mão de obra é utilizado exigem força física, por isso os aliciadores buscam principalmente homens e jovens. Os dados oficiais do Programa Seguro-Desemprego de 2003 a 2014 indicam que, entre os trabalhadores libertados, 72,1% são analfabetos ou não concluíram o quinto ano do Ensino Fundamental. Disponível em <http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-2/trabalho-escravo-e-ainda-uma-realidade-no-brasil/>.Acesso em 13 dez. 2017 (com adaptações). Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=i5rdHZvekXY>. Acesso em 13 dez. 2017. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A figura visa a denunciar, por meio dos produtos selecionados, os setores da indústria que mais se valem do trabalho escravo. http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/programa-escravo-nem-pensar-disponibiliza-material-para-trabalho-em-sala-de-aula/ http://www.cartaeducacao.com.br/agenda/programa-escravo-nem-pensar-faz-formacao-sobre-trabalho-escravo-e-imigracao/ http://www.cartaeducacao.com.br/agenda/programa-escravo-nem-pensar-faz-formacao-sobre-trabalho-escravo-e-imigracao/ http://escravonempensar.org.br/wp-content/uploads/2013/03/livro_escravo_nem_pensar_baixa_final.pdf 33 II. Em 2016, segundo o texto, havia 50 mil trabalhadores no Brasil em condições de escravidão. III. O texto sugere uma relação entre a falta de instrução e a sujeição a condições que caracterizam o trabalho escravo. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II e III. C. I e III. D. II. E. III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar texto informativo e cartaz. Compreender dados da realidade brasileira sobre trabalho escravo. Questão 20. Assunto/tema. Sociedade: pós-verdade. Leia a charge e o trecho do ensaio a seguir. Disponível em <http://angloguarulhos.com.br/temas-pos-verdade-e-manipulacao-das-redes-sociais/>. Acesso em 05 fev. 2018. Observação. No primeiro quadrinho, vê-se uma caricatura do filósofo René Descartes (1596 - 1650) e a frase conhecida como a máxima do seu pensamento. No campo das pós-verdades; ou quando o verde também é azul Eduardo Marks de Marques Até meados de novembro de 2016, se alguém me falasse em “pós-verdade”, talvez a minha referência mental imediata fosse ao trabalho realizado pelo Ministério da Verdade na Inglaterra (já nem tão) distópica criada por George Orwell em seu romance 1984. Esse ministério era responsável por promover ações de propaganda para a manutenção do partido no poder e, talvez mais sintomaticamente para os tempos em que vivemos, rever e reescrever a história para que ela sempre estivesse alinhada aos 34 interesses presentes do poder. Para mim, “pós-verdade” era isso: transformar o passado a partir dos alinhamentos ideológicos do presente. No entanto, com a nomeação do termo como a palavra do ano pelos lexicógrafos do Oxford Dictionaries, me vi obrigado a rever uma série de posições. Conforme a definição, “pós-verdade” (...) denota circunstâncias nas quais os fatos objetivos são menos importantes em moldar a opinião pública do que apelos emocionais e crenças individuais. Ao ler tal definição, fiquei duplamente surpreso; primeiramente, porque ela consegue (...) resumir bem os últimos anos, ao menos no Ocidente. Quem frequenta as redes sociais como eu não consegue mais ignorar não só a polarização maniqueísta pela qual a sociedade está passando, mas também (e, quiçá, como sua causa e consequência ao mesmo tempo) essa tentativa voraz de transformar vivências e opiniões pessoais em experiência universal e senso comum. A pós-verdade surge para dar nome a essa prática humana assustadora, não para entendê-la e, eventualmente, domesticá-la, mas, sim, para validá-la. A pós-verdade é meta-pós-verdade em sua essência. Estamos perdendo a habilidade de refletir criticamente sobre a realidade que nos circunda e essa tentativa constante de transformar ontologia em epistemologia de forma direta é sua consequência mais maligna especialmente porque ela vem acompanhada de um complexo de Deus (...). Na língua japonesa, o kanji 青 pode referir-se ao mesmo tempo às cores azul e verde. O contexto faz com que saibamos a qual delas o ideograma aponta em determinado momento. A aceitação da polissemia faz com que haja harmonia em seu uso. Será que conseguiremos chegar a um estágio em que superemos as pós-verdades e consigamos voltar a conviver com dúvidas? Disponível em <https://revistacult.uol.com.br/home/no-campo-das-pos-verdades-ou-quando-o-verde-tambem-e-azul/>. Acesso em 08 fev. 2018 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge valoriza a evolução do pensamento humano e a superação das ideias cartesianas, promovidas pelo acesso à informação que temos atualmente. II. A charge e o texto indicam que a pós-verdade é marcada pela supressão da razão e da reflexão, substituídas pela mera crença. III. De acordo com o texto, na era da pós-verdade, opiniões e crenças pessoais tendem a ser divulgadas como verdades universais e alimentam o senso comum. IV. O autor espera que a pós-verdade seja superada e, assim, as pessoas reaprendam, por meio da razão, a separar o azul do verde, eliminando dúvidas e divergências. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. I e III. C. II e III. D. III e IV. E. II e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Associar charge e artigo de opinião. Relacionar textos que abordam a pós-verdade. 35 Questão 21. Assunto/tema. Sociedade brasileira: mapa da fome. Leia a notícia e a charge a seguir. Brasil em perigo de voltar a cair no mapa da fome da ONU Depois de uma década de bonança, o Brasil volta a sofrer declínio social e econômico, podendo retroceder para o chamado mapa da fome das Nações Unidas. O Banco Mundial estima que cerca de 28,6 milhões de brasileiros deixaram de viver abaixo do limiar de pobreza, fixado nos 140 reais (37,13 euros) mensais. No entanto, desde o início de 2016 e até ao final deste ano, a mesma entidade prevê que entre 2,5 milhões a 3,6 milhões de brasileiros tenham voltado a cair na pobreza. Um desses casos é o de Leticia Miranda, brasileira de 28 anos. Entrevistada pela Associated Press, essa mãe de um menino de oito anos recordou a “vida maravilhosa” que chegou a ter e que se tornou uma “tristeza” após perder há seis meses o trabalho que tinha de distribuir jornais. Leticia ganhava 500 reais (132,6 euros) mensais, o que lhe permitia pagar um pequeno apartamento num bairro pobre do Rio de Janeiro. Agora, vive num edifício abandonado ao lado de centenas de outras pessoas nas mesmas condições de pobreza. “Eu tinha trabalho. Uma vizinha aqui era uma boa amiga onde trabalhava. Ela foi despedida e eu também logo a seguir. Ela sabia que eu pagava aluguel onde vivia e já não podia pagar. Ela me disse para vir para cá”, contou. Leticia Miranda quer deixar o local onde encontrou um teto sem pagar aluguel, mas também sem vidros nas janelas, mas não tem para onde ir. “Tenho enviado candidaturas para trabalhos, fiz duas entrevistas, mas até agora não consegui nada”, lamenta. Professor na faculdade de economia Ibmec, no Rio de Janeiro, Daniel Sousa alerta para o corte dos apoios sociais em curso. “Quando se colocam recursos nas mãos de pessoas com um rendimento tão baixo acaba-se por conseguir um impacto multiplicador na criação de emprego e dinamização da economia em regiões do interior e da periferia (…). Mas sem dúvida, cortando-os, acabamos por ter um impacto recessivo ainda maior em regiões com uma fragilidade social mais aguda”, afirmou. O corte dos apoios resulta das políticas do governo federal e deverá agravar-se no próximo ano. O economista Francisco Menezes, coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e consultor da Action Aid Brasil, contou ao Estadão ter analisado a proposta de orçamento do governo para 2018 e agravou as preocupações. “Muitos cortes previstos têm um impacto direto no agravamento da situação de pobreza. Como exemplo, citaria a redução de 92 por cento das verbas do programa de cisternas no semiárido e de 99 por cento dos recursos voltados para a aquisição de alimentos da agricultura familiar para distribuição em áreas carentes. Medidas como essas levam-nos à situação de fome”, sublinha. O Brasildeixou de figurar em 2014 no mapa da fome da ONU, quando se constatou que menos de 5% da população estavam em situação de vulnerabilidade extrema. Mas um relatório assinado por 40 ONGs e entregue em julho à ONU alerta para o aumento da fome no Brasil como consequência do agravamento do desemprego, do avanço da pobreza, do corte de beneficiários do programa Bolsa Família e do congelamento de investimento público. Tudo conjugado, com 14 milhões de desempregados atualmente, e o Brasil poderá voltar a cair muito em breve no mapa da fome da ONU. Disponível em <http://pt.euronews.com/2017/10/24/brasil-em-perigo-de-voltar-a-cair-no-mapa-da-fome-da-onu>. Acesso em 25 out. 2017 (com adaptações). Disponível em <http://wilmarx.blogspot.com.br/2008/02/>. Acesso em 25 out. 2017. 36 Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O desemprego e os cortes em projetos sociais são apontados como fatores que geram o aumento da fome no Brasil. II. Os discursos da charge e do texto são antagônicos, pois a figura mostra que há preocupação dos governantes em combater o problema da fome no Brasil. III. O cenário de mais brasileiros em situação de miséria é atribuído, no texto, à bonança dos últimos anos. É correto o que se afirma em A. I, II e III. B. I e II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, apenas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Associar charge e texto informativo. Ter noções de realidade política, econômica e social do Brasil. Questão 22. Assunto/tema. Meio ambiente: necessidade de preservação das florestas. Analise o anúncio divulgado pela WWF, ONG dedicada à conservação da natureza, há alguns anos. Texto traduzido: “Antes que seja tarde demais”. Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/218072806928416329/>. Acesso em 29 ago. 2017. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A imagem remete aos pulmões humanos e procura conscientizar o leitor de que o fumo pode trazer várias doenças respiratórias. 37 II. O anúncio vale-se da metáfora bastante usada de que florestas são o pulmão do mundo. A floresta amazônica, por exemplo, é conhecida por esse título. III. A parte verbal do anúncio chama a atenção para a urgência de medidas de proteção ambiental. IV. O anúncio tem por objetivo mostrar que, apesar do desmatamento, a maior parte das florestas está preservada, pois só uma parte de um pulmão está afetada. V. O anúncio avisa ao leitor que o processo de desmatamento é irreversível. É correto o que se afirma apenas em A. I, II e III. B. II e III. C. II, III, IV e V. D. IV e V. E. I, II, III e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto na forma de anúncio divulgado pela ONG WWF. Analisar a metáfora presente na composição de uma imagem. Associar corretamente afirmativas à mensagem de anúncio divulgado pela ONG WWF. Questão 23. Assunto/tema. Sociedade: representatividade. Leia os quadrinhos de Junião e o texto de Fabiana Pinto. Disponível em <http://donaisaura.com.br/tag/black-friday/>. Acesso em 29 nov. 2017. Infância e representatividade negra “Se como sou não é mostrado, é porque isso só pode ser ruim, né, tia?” Certa vez, ouvi isso de uma criança, uma criança de 9 ou 10 anos, negra, em um colégio municipal da Baixada Fluminense, próximo a uma comunidade daqui, enquanto conversávamos sobre desenhos e novelas. Tenho um enorme fascínio por crianças, afinal elas parecem ter a fórmula para descomplicar e conseguir discutir o que nós, jovens e adultos, perdemos horas e horas analisando. Aquilo que eu vejo não é aquilo que eu sou e, se ninguém quer me mostrar, o que sou só pode ser ruim. Essa talvez seja a conclusão a que eu, ou você ou qualquer criança negra algum dia chegou mesmo de forma inconsciente 38 ao ligar a TV e deparar com desenhos, novelas, séries em que a única cor mostrada é a branca. A super- heroína é branca, a mulher que manda em todo mundo é branca, a boneca que me vendem é branca, todas as coisas boas que me mostram estão em um papel de cor branca. Caramba! Eu devo ser ruim! Eu quero ser branca igual àquela moça da TV também! Minha geração cresceu com esses pensamentos enraizados, somos uma geração de crianças que apenas depois de muito tempo aprenderam a construir sua própria identidade, só após muito sofrimento aprenderam a não querer mudar a si mesmas. Ainda que eu abra meu Facebook e veja notícias como a de Matias, o menino de 4 anos, cuja mãe, Jaciana, tive a felicidade de conhecer e sei que é uma jovem historiadora, militante, negra e consciente… Durante entrevistas, ela contou que levou o filho a lojas de brinquedos e prometeu lhe comprar um presente, com a condição de que o menino encontrasse um brinquedo parecido com ele. Felizmente, esse exercício de procura teve um final feliz, resultou na linda imagem que todos vimos. Mas nem sempre é assim, há alguns meses talvez essa criança saísse sem nada nas mãos. Em um relato, Jaciana ainda disse: “Eu não esperava que houvesse essa repercussão, quando postei aquela imagem… Deveria ser apenas a foto de uma criança com um brinquedo”. Mas, ao contrário do que a trupe dos “Não sou racista… eu não vejo cor” costuma dizer, criança tem cor e brinquedos também e todos enxergamos isso. E talvez a maioria das pessoas não saiba, mas quando o que vemos não parece conosco, isso dói. Dói de um jeito que faz com que desejemos não ser nós mesmos, desejamos ser diferentes. A verdade é que não quero ser o moleque de rua, o escravo, o bandido, a empregada, a babá, a mulher que samba nua. Não quero. Eu quero ser a empresária, aquela moça que dá ordens, a advogada que resolve o caso, o cara que dirige o carro legal (o que é o dono do carro, não o motorista). Algumas pessoas consideram esse pensamento exagerado por não compreenderem o poder da mídia sobre nós. Quando você escolhe prestar vestibular para medicina, quando opta por aquele celular novo, quando decide vestir a sua camiseta azul, nenhuma dessas escolhas veio só de você, tudo o que você é ou aspira a ser é moldado por uma sociedade desde seu nascimento. Mas alguns moldes não cabem a todos. Geralmente, os moldes “bons” não cabem em crianças negras e pobres. E então, elas acabam se moldando no que dá ou no que são ensinadas a aceitar. Disponível em <http://www.revistacapitolina.com.br/infancia-representatividade-negra/>. Acesso em 29 nov. 2017 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O texto e os quadrinhos apontam que a questão da representatividade negra tem ganhado evidência na sociedade. II. De acordo com o texto, a mídia impõe padrões, por isso as crianças, como o garoto Matias, têm desejado bonecos negros. III. O objetivo dos quadrinhos é criticar a Black Friday e apontar o preconceito embutido no uso do adjetivo “black”. IV. Segundo o texto, crianças negras têm necessidade de se sentirem representadas como heróis e heroínas, e essa representação é importante para a construção da identidade delas. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. I e IV. C. I, II e III. D. II e III. E. I, II e IV. Justificativa. 39 Habilidades e competências requeridas pela questão. Associar artigo e quadrinhos. Ter noções das desigualdades raciais no Brasil. Questão 24. Assunto/tema. Educação: desempenho dos alunos brasileiros da Educação Básica em exame internacional de Matemática. O Pisa, exame internacional desenvolvido e aplicado pela Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), avalia o letramento dos estudantes na faixa dos 15 anos nas áreas de Matemática, Ciências e Leitura. Os resultados do Pisa são apresentados de acordo com a escala de desempenho da tabela a seguir, que mostra seis níveis de proficiência em função da pontuação obtida. Escala de desempenhodos participantes do Pisa. Nível Pontuação 1 De 358 a 420 pontos 2 De 420 a 482 pontos 3 De 482 a 545 pontos 4 De 545 a 607 pontos 5 De 607 a 669 pontos 6 Acima de 669 pontos Alunos com menos de 358 pontos são classificados como “abaixo do nível 1”, pois não conseguem compreender nem os enunciados mais simples do exame. A periodicidade do Pisa é trienal e ele já foi aplicado em 2000, 2003, 2006, 2009, 2012 e 2015. No gráfico a seguir, estão indicadas as pontuações em Matemática de alguns países que participaram de todas as edições do Pisa, incluindo o Brasil. Pontuações de alguns países em Matemática em várias edições do Pisa. Com base nos dados fornecidos, analise as afirmativas. I. O Brasil já apresentou, no Pisa, resultados em Matemática classificados como “abaixo do nível 1”, em escala de 1 a 6. 40 II. Embora os resultados em Matemática do Brasil e do México, nas diversas edições do Pisa, nunca tenham superado o nível 1, em escala de 1 a 6, esses países sempre mantiveram crescimentos de pontuações. III. A Polônia apresentou significativo crescimento de pontuações em Matemática no Pisa de 2009 para 2012, mas, ainda assim, nunca superou o desempenho da China (Hong Kong). É correto o que se afirma em A. I, II e III. B. II e III, apenas. C. I e III, apenas. D. I, apenas E. III, apenas Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar gráficos de pontuações (notas) em função do tempo. Associar dados presentes em gráficos a uma escala de níveis fornecida em tabela. Avaliar crescimentos e decrescimentos de resultados de alunos da Educação Básica de diversos países em exame internacional de desempenho. Questão 25. Assunto/tema. Avaliação crítica de situações: modos diferentes de se ver uma circunstância. Leia a charge a seguir. Disponível em <https://charges.uol.com.br/emails-comentados/2017/05/02/desabafo-da-semana>. Acesso em 09 out. 2017. A charge A. retrata um jogo infantil semelhante à “amarelinha”, mas adaptado aos adultos. B. ilustra o isolamento em que as pessoas vivem atualmente. C. faz uma crítica à falta de convergência de opiniões entre as pessoas. D. apresenta uma situação em que o correto e o incorreto dependem do ponto de vista. E. defende a livre manifestação de ideias ideologicamente distintas. https://charges.uol.com.br/emails-comentados/2017/05/02/desabafo-da-semana 41 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto na forma de charge. Interpretar alternativas e fazer correta associação à mensagem de uma charge. Verificar a possibilidade de existência de mais de um ponto de vista. Questão 26. Assunto/tema. Sociedade contemporânea: consciência no consumo e avaliação crítica de descontos e comparação de promoções. Leia o anúncio a seguir. De acordo com as informações dadas, analise as afirmativas. I. O desconto percentual dado ao “Cliente mais” no quilo da banana é maior do que o dado no quilo da manga. II. Quanto mais manga o “Cliente mais” compra, mais desconto percentual ele recebe. III. Para receber cerca de R$2,00 de desconto, o “Cliente mais” precisa comprar cerca de 4kg de banana. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Justificativa. 42 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar um texto na forma de anúncio de descontos na compra de frutas. Realizar cálculos de percentuais. Comparar descontos percentuais dados a dois tipos de mercadorias (banana e manga). Verificar que o percentual de desconto não depende da quantidade adquirida. Questão 27. Assunto/tema. Cidadania: análise de tabela e avaliação correta de desempenhos em concurso de redação. Clara, que estuda em um colégio localizado na região Nordeste, participou de um concurso nacional de redação, em que as notas poderiam variar de 0 a 1.000 pontos. Terminada a competição, o instituto organizador enviou aos participantes seus boletins de desempenho e Clara recebeu a tabela a seguir. Nota mínima no país Nota máxima no país Nota média no país Nota máxima na região Nordeste Nota da Clara 327 pontos 879 pontos 513 pontos 862 pontos 862 pontos De acordo com a situação exposta, analise as afirmativas. I. Clara foi a participante mais bem classificada na região Nordeste e foi a única nessa condição. II. A nota média no país não poderia ter sido 513 pontos, pois a média da nota mínima (327 pontos) e da nota máxima (879 pontos) é 603 pontos. III. Houve alguma região em que a nota máxima superou 862 pontos. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar dados apresentados na forma de tabela. Comparar valores de notas em redação. Compreender o significado de valor médio (nota média em redação). 43 Questão 28. Assunto/tema. Desenvolvimento pessoal: impacto da leitura no indivíduo e transformação do modo de ver a realidade. Considere a charge a seguir e assinale a alternativa que melhor a interpreta. Disponível em <https://www.facebook.com/DepositoDeCartuns/photos/a.141674892627444.26560.141672549294345>. Acesso em 02 jul. 2017. A. Hoje em dia, as pessoas não querem ler, gostam apenas de aparelhos eletrônicos. B. Na vida, a pessoa precisa ter luz própria para achar seu caminho. C. A leitura transforma o modo como vemos as coisas. D. O livro impresso é um objeto arcaico, que oferece um modo de leitura pouco atraente. E. As pessoas andam nas trevas até absorverem mensagens de caráter religioso, que iluminam seus caminhos. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto na forma de charge que aborda efeitos da leitura. Interpretar alternativas e fazer correta associação à mensagem de uma charge. Questão 29. Assunto/tema. Cidadania: justiça social, igualdade e ações afirmativas. Leia a charge e o texto a seguir. Disponível em <https://www.facebook.com/sociedaderacionalista>. Acesso em 15 nov. 2013. 44 Perguntas frequentes sobre o sistema de cotas 1) O que é a lei de cotas? A Lei Nº 12.711/2012, sancionada em agosto deste ano, garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. Os demais 50% das vagas permanecem para ampla concorrência. 2) A lei já foi regulamentada? Sim, pelo Decreto Nº 7.824/2012, que define as condições gerais de reservas de vagas, estabelece a sistemática de acompanhamento das reservas de vagas e a regra de transição para as instituições federais de educação superior. Há, também, a Portaria Normativa nº 18/2012, do Ministério da Educação, que estabelece os conceitos básicos para aplicação da lei, prevê as modalidades das reservas de vagas e as fórmulas para cálculo, fixa as condições para concorrer às vagas reservadas e estabelece a sistemática de preenchimento das vagas reservadas. 3) Como é feita a distribuição das cotas? As vagas reservadas às cotas (50% do total de vagas da instituição) serão subdivididas — metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita e metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior a um salário mínimo e meio. Em ambos os casos, também será levado em conta o percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas no estado, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE). 4) A lei deverá ser aplicada imediatamente? Sim, mas gradualmente. Em 2013 terão de ser reservadas, pelo menos, 12,5% do número de vagas ofertadas atualmente. A implantação das cotas ocorrerá de forma progressiva ao longo dos próximos quatro anos, até chegar à metade da oferta total do ensino público superior federal. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/cotas/perguntas-frequentes.html>. Acesso em 15 nov. 2013. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O sistema de cotas proposto, de acordo com a charge, baseia-se no sistema de igualdade. II. Segundo a charge, a justiça pressupõe que sejam realizadas ações reparadoras com o intuito de eliminar diferenças de oportunidades. III. O sistema de cotas do MEC propõe que metade das vagas das universidades públicas seja reservada aos negros e indígenas. IV. A charge e o texto não se inter-relacionam porque tratam de temas distintos. Assinale a alternativa certa. A. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. B. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. C. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. D. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. E. Apenas a afirmativa II está correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler, interpretar e comparar textos. Analisar mensagem de charge. Distinguir os conceitos de igualdade e justiça. 45 Questão 30. Assunto/tema. Ética, democracia e cidadania: desmatamento e condições de vida da população indígena. Leia o artigo de Leão Serva e a charge. No Dia do Índio, nada a comemorar, só razões para protestar Índios brasileiros e apoiadores britânicos fazem protesto diante da Embaixada do Brasil em Londres em 19 de abril, Dia do Índio. Vão dizer que as populações tradicionais não têm nada que comemorar no dia consagrado a elas. E tentarão atrair a atenção de quem compra produtos brasileiros no exterior para o sangue indígena que mancha nossas commodities agropecuárias e minerais. É irônico que, em um regime democrático, protestos desse tipo aconteçam na capital britânica como ocorriam antes, durante a Ditadura Militar, a cada visita de presidente ou representantes do regime. No entanto, chamar a atenção dos países que podem influenciar o Brasil, sempre tão cioso de sua imagem externa, é a única ação que restou diante dos ataques à proteção ambiental e aos direitos indígenas pela atual administração federal com amplo apoio no Congresso. (...) O protesto na sede da representação diplomática brasileira tem o apoio, em Londres, da organização Survival International. Na semana passada, outra entidade, o Observatório do Clima, que reúne cerca de 40 organizações ambientalistas, criticou as medidas do Executivo Federal que apressam a desmontagem dos dispositivos consagrados na Constituição de 1988. Chama atenção para a coincidência entre esses ataques às leis de proteção ambiental no momento em que cresce a desmoralização da elite política do país, sob acusações de corrupção. (...) Entre as medidas tomadas pelo Congresso, exatamente quando crescem as denúncias contra legisladores, estão leis que reduzem as áreas de preservação ambiental: "Na última terça-feira (11/4), uma comissão do Congresso Nacional retalhou um conjunto de unidades de conservação na Amazônia e na Mata Atlântica, liberando para grilagem 660 mil hectares de terras públicas que haviam sido ilegalmente ocupadas e vêm sendo desmatadas (...). Na quarta-feira (12/4), em sete minutos, outra comissão especial do Congresso aprovou a Medida Provisória 758, que reduz outros 442 mil hectares de unidades de conservação na Amazônia – em dois dias, 1,1 milhão de hectares". Os ataques à legislação de proteção dos índios e do ambiente coincidem também com o aumento vertiginoso na devastação das florestas: a devastação cresceu 60% nos últimos dois anos, pondo em risco a meta brasileira de chegar a 2020 com redução de 80% na taxa, lançando dúvidas sobre a seriedade do compromisso do governo brasileiro com o Acordo de Paris. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/leaoserva/2017/04/1876433-no-dia-do-indio-nada-a-comemorar-so-razoes-para-protestar.shtml >. Acesso em 19 abr. 2017 (com adaptações). Disponível em <http://www.diariodecanoas.com.br/_conteudo/2015/04/noticias/regiao/152582-sustentando-partidos-e-os-indios-de-ontem-e-de-hoje-nas- charges-dos-jornais-de-quarta-feira.html>. Acesso em 19 abr. 2017. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O objetivo da charge é mostrar que, apesar de os índios perderem recursos naturais, houve, para eles, a compensação do acesso à tecnologia. II. De acordo com o texto, o protesto em Londres tem por objetivo denunciar ao mundo medidas do governo contra a proteção ambiental e contra os direitos indígenas. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/04/1873144-indios-nao-podem-ficar-parados-no-tempo-diz-novo-chefe-da-funai.shtml http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/ http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1865209-ministro-da-justica-critica-indios-e-diz-que-terra-nao-enche-barriga.shtml 46 III. Os índios brasileiros, como mostra a charge, têm sido submetidos a um processo de aculturação, que lhes traz piores condições de vida. IV. Segundo o texto, o Brasil tem hoje 1,1 milhão de hectares de áreas devastadas. É correto o que se afirma somente em A. I, II e III. B. II, III e IV. C. II e IV. D. I e III. E. II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos. Comparar as ideias contidas em dois textos (artigo e charge). Avaliar corretamente dados numéricos. Refletir sobre o desmatamento e as condições de vida da população indígena no Brasil. Questão 31. Assunto/tema. Sociodiversidade e multiculturalismo: inclusão social de pessoas com deficiência. (Enade 2016) A Lei Nº 8.213/1991 assegura a contratação de pessoas com deficiência tanto no serviço público quanto em empresas privadas que empreguem cem trabalhadores ou mais. Todavia, ainda não é tão simples a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, como ilustra a figura. Disponível em <www.multiplicandocidadania.com.br>. Acesso em 30 jul. 2016. A respeito da inserção, no mercado de trabalho, de pessoas com deficiência, avalie as afirmativas. I. Assegurada por lei, a contratação de profissionais com deficiência é cada vez mais frequente no serviço público, contudo a regulamentação de cotas para esses profissionais não abrange as empresas privadas. 47 II. As pessoas com deficiência passaram a ter mais chances de inserção no mercado de trabalho, mas, em geral, elas ainda enfrentam preconceito nos locais de trabalho. III. Um dos maiores empecilhos para a inserção de profissionais com deficiência no mercado de trabalho é de natureza cultural e envolve estereótipos e discriminação. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler, interpretar e associar textos. Compreender uma situação comunicativa expressa em charge. Refletir sobre a inclusão social de pessoas com deficiência. Questão 32. Assunto/tema. Sociodiversidade e multiculturalismo: relações étnico-raciais e articulação indígena e quilombola. (Enade 2016) Leia o texto a seguir. A articulação indígena e quilombola vem-se consolidando em Oriximiná, no Pará, desde 2012, com o objetivo de incentivar a parceria entre índios e quilombolas frente a novos desafios comuns. A aliança possibilitou, em 2015, a reaproximação entre índios da Terra Indígena Kaxuyana - Tunayana e os quilombolas da Terra Quilombola Cachoeira Porteira, cujas relações, no processo de regularização de suas terras, haviam assumido ares de conflito. Reunidos no Quilombo Abuí, escolhido como local neutro elivre de influências externas, em maio de 2015, lideranças indígenas e quilombolas de ambas as terras, com a mediação de lideranças quilombolas de outras comunidades, acordaram os limites territoriais para fins de regularização fundiária. O acordo foi oficializado junto ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Estadual. Disponível em <www.quilombo.com.br>. Acesso em 29 ago. 2016 (com adaptações). A análise dessa situação evidencia a importância da A. autodeterminação dos povos tradicionais na definição de seus limites territoriais. B. intervenção prévia do Estado em situações de potencial conflito entre povos tradicionais. C. urgência de regularização das terras quilombolas e indígenas, priorizando-se áreas isentas de conflitos. D. definição, por atores externos, dos desafios comuns a serem enfrentados pelos povos tradicionais. E. participação do Ministério Público nas negociações de limites territoriais entre quilombolas e indígenas. 48 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre a articulação indígena e quilombola. Avaliar consequências e propor soluções para a resolução de problemas. Questão 33. Assunto/tema. Processos migratórios e questão de gênero: números de imigrantes homens e mulheres para diversos países e continentes. Considere o gráfico e analise as afirmativas a seguir. ONU, International Migration Report 2015. Disponível em <http://www.un.org>. Acesso em 20 jun. 2016 (com adaptações). I. A Ásia é o lugar de destino que, em 2015, apresentou a maior diferença entre o número de homens e o de mulheres imigrantes. II. O número de mulheres com destino à Europa cresceu mais no período de 2000 a 2010 do que no período de 2010 a 2015. III. O número de imigrantes que chegaram à Europa em 2015 foi de 35 milhões. É correto o que se afirma em A. I, II e III. B. I e II, apenas. C. II e III, apenas. D. I e III, apenas. E. I, apenas. 49 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre movimentos migratórios de homens e mulheres. Avaliar corretamente informações numéricas representadas em gráficos. Questão 34. Assunto/tema. Responsabilidade social e setor privado: responsabilidade social empresarial e diminuição das desigualdades sociais. Leia a charge e o texto a seguir. Disponível em <http://mitnoticias.blogspot.com.br/2012/11/a-visao-da-empresa-e-mais-importante.html>. Acesso em 09 jan. 2016. Responsabilidade social empresarial e diminuição das desigualdades sociais Anna Flávia Camilli Oliveira Torna-se flagrante a mudança de paradigma na forma de atuação empresarial, ampliando seus objetivos para além da mera obtenção do lucro, dando espaço à atuação socialmente responsável. Esse novo posicionamento é necessário à garantia da continuidade dos negócios e à promoção da sustentabilidade, que passa pela diminuição das desigualdades sociais. Carlos Nelson dos Reis e Luiz Edgard Medeiros, a esse respeito, ensinam: “em uma realidade mundial caracterizada por vigorosas e profundas transformações societárias, as empresas ocupam, inequivocamente, o lugar de agentes especiais de promoção do desenvolvimento econômico e social. Para tanto, suas ações devem ser direcionadas para a busca de uma efetiva articulação das relações sociais voltadas para o bem-estar da humanidade nos níveis local, regional e internacional. É nesta perspectiva que elas podem, e têm força para tanto, consolidar níveis de equidade social tão esperados pelas populações que vivem sob o manto da desigualdade. A existência de uma consciência empresarial responsável é fundamental para que haja possibilidade de engajamento de todos no processo de desenvolvimento, objetivando a preservação do meio ambiente, do patrimônio cultural, a promoção dos direitos humanos e a construção de uma sociedade economicamente próspera e socialmente justa”. REIS, C. N. dos; MEDEIROS, L. E. Responsabilidade social das empresas e balanço social: meios propulsores do desenvolvimento econômico e social. São Paulo: Atlas, 2009. Disponível em <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8909>. Acesso em 09 jan. 2016 (com adaptações). 50 Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as asserções e assinale a alternativa correta. I. A charge critica a hipocrisia de empresas que adotam discursos que disfarçam seu real objetivo de obter lucro. PORQUE II. De acordo com o texto, a atuação empresarial socialmente responsável é peça fundamental para o desenvolvimento, para a solução de problemas sociais e para a preservação do meio ambiente. A. As duas asserções são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. B. As duas asserções são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. C. A primeira asserção é verdadeira, e a segunda é falsa. D. A primeira asserção é falsa, e a segunda é verdadeira. E. As duas asserções são falsas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos sobre missão institucional e responsabilidade social de empresas. Comparar mensagens de charge e artigo. Verificar relação de causa e consequência (asserção-razão). Questão 35. Assunto/tema. Políticas públicas: profissionais da área da saúde e realização de procedimentos adequados. Leia a charge a seguir. Disponível em <http://www.jornaldebrasilia.com.br/charges/685/erro-de-diagnostico-medico>. Acesso em 26 jan. 2016. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge é uma crítica ao programa “Mais Médicos”, do governo federal. 51 II. O médico da charge representa um profissional que não adota procedimentos adequados para chegar a um diagnóstico. III. A charge sugere que os erros de diagnóstico são comumente realizados pelos médicos em nosso país, mas culpa os pacientes por esse problema, pois eles não sabem relatar com exatidão o que estão sentindo. É correto o que se afirma somente em A. II. B. II e III. C. I e II. D. I e III. E. I. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar charge sobre diagnósticos médicos. Compreender o uso de ironia e exagero (hipérbole). Questão 36. Assunto/tema. Sociodiversidade e multiculturalismo: violência, relações étnico-raciais e assassinatos de afrodescendentes em relato da ONU. Leia o texto e a charge a seguir. ONU diz que polícia brasileira mata 5 por dia; maioria é afrodescendente Genebra (10/03/2016) Segundo a ONU, a polícia brasileira matou 2.000 pessoas em 2015 A Organização das Nações Unidas (ONU) acusa a polícia brasileira de ser a responsável por cinco mortes a cada dia no país, totalizando apenas em 2015 cerca de 2.000 casos. O alerta foi feito nesta quinta-feira (10) pelo Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Bin Hussein. Essa é a segunda denúncia que as Nações Unidas apresentam sobre a violência policial no Brasil em apenas uma semana. Nesta quinta-feira, Zeid fez seu balanço anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo. Entre os cerca de 30 países citados pelo alto comissário, a situação brasileira teve seu destaque ao tratar do racismo contra pessoas afrodescendentes. "No Brasil, o governo tomou ações para lidar com os direitos sociais de pessoas afrodescendentes, especialmente no campo da educação", reconheceu Zeid. "Apesar disso, foi amplamente informado sobre a insegurança que muitos jovens afro-brasileiros sentem diante da violência policial e da impunidade", disse. "Mais de 2.000 pessoas foram mortas pela polícia no Brasil no ano passado e eles eram, de forma desproporcional, de afrodescendência", acusou Zeid. Segundo o relator, outra constatação preocupante também é a morte de jovens afro-americanos nos Estados Unidos, com 300 casosem 2015. "Mais ações são necessárias em países onde esses casos são registrados, incluindo medidas para levar os autores à Justiça e garantir um remédio para as vítimas", defendeu Zeid. Na última terça-feira (8), o relator da ONU para a prevenção da Tortura, Juan Mendez, também atacou o Brasil por não dar respostas à violência policial. Para ele, os homicídios cometidos por policiais não são a exceção, mas, sim, "a regra". Rogério Sottili, secretário de Direitos Humanos, viajou até Genebra, na Suíça, para dar uma resposta ao informe. "Existe um problema de impunidade muito grave no país", admitiu. http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/03/07/onu-vai-denunciar-brasil-por-nao-punir-policiais-que-matam.htm 52 "Há tortura no Brasil. Somos um país formado por violações de direitos humanos. Temos uma cultura de violência. Como mudar? Com um novo processo histórico com formação em direitos humanos", disse. Para ele, parte da explicação é a construção histórica do Brasil. "É evidente que não mudaremos uma cultura de violência de pelo menos 500 anos de uma hora para outra. Mas tenho a convicção de que recentemente começamos a transformar essa cultura de discriminação e de violência em favor de uma cultura de direitos", disse. Como tem feito nos últimos dez anos em reuniões da ONU, o governo listou os diversos programas e iniciativas que adotou, "indicando o caminho para a ruptura do ciclo de impunidade e violência no país". Entre os programas e instituições, estão o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e a criação de um Mecanismo Nacional de Combate à Tortura. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/03/10/policia-brasileira-mata-5-pessoas-por-dia-diz-onu.htm>. Acesso em 22 mar. 2016. Disponível em <http://profwladimir.blogspot.com.br/2015/09/charge-triste-duas-realidades.html>. Acesso em 22 mar. 2016. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas. I. A reportagem indica que as preocupações da mãe do segundo quadrinho não são infundadas. II. De acordo com a matéria, o racismo é menor nos Estados Unidos do que no Brasil. III. Segundo o relator da ONU, a falta de políticas públicas inclusivas é a principal causa do racismo na corporação policial. IV. A charge e a reportagem mostram que o assassinato de afrodescendentes no Brasil ocorre porque eles reagem à abordagem policial. É correto o que se afirma somente em A. I, II e III. B. II e III. C. I e IV. D. I. E. II e IV. Justificativa. 53 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos. Comparar mensagens de texto jornalístico e charge. Estabelecer relação de causa e consequência. Refletir sobre os assassinatos de afrodescendentes no Brasil. Compreender declarações dadas por membros da ONU. Questão 37. Assunto/tema. Ciência, tecnologia e sociedade: relações de consumo e descartabilidade na sociedade contemporânea. Leia os quadrinhos a seguir. Disponível em <http://www.quadrinhosacidos.com.br/2015/07/89-e-mais-facil-descartar.html?m=1>. Acesso em 17 dez. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. O objetivo dos quadrinhos é criticar o discurso da descartabilidade da sociedade contemporânea, na qual os objetos e as relações pessoais tendem à efemeridade. 54 II. Os quadrinhos enaltecem a sociedade contemporânea, na qual problemas são resolvidos rapidamente com a substituição de produtos. III. A crítica dos quadrinhos concentra-se no machismo, uma vez que os homens esperam que as mulheres resolvam seus problemas cotidianos. A. Apenas as afirmativas I e II são corretas. B. Apenas as afirmativas I e III são corretas. C. Apenas a afirmativa I é correta. D. Apenas a afirmativa II é correta. E. Nenhuma afirmativa é correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre descartabilidade. Identificar aspectos da sociedade contemporânea. Questão 38. Assunto/tema. Tecnologias de informação e comunicação: redes sociais e construção da autoestima. Analise a ilustração e as afirmativas a seguir. Disponível em <https://www.facebook.com/137459689780175/photos/a.409068539285954.1073741892.137459689780175>. Acesso em 15 out. 2015. I. A ilustração aponta o aspecto positivo das redes sociais na construção da autoestima. II. Segundo a ilustração, as curtidas recebidas na página da rede social representam a aprovação do outro, o que alimenta o ego do indivíduo e o torna mais sensível à coletividade. 55 III. O foco da crítica da ilustração é o uso das redes sociais como forma de exposição da intimidade das pessoas. Assinale a alternativa correta. A. Nenhuma afirmativa está correta. B. Apenas a afirmativa I está correta. C. Apenas a afirmativa II está correta. D. Apenas a afirmativa III está correta. E. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre redes sociais e autoestima. Compreender o uso de metáfora. Questão 39. Assunto/tema. Cultura e arte: registros fotográficos, situações do cotidiano e realidade. Leia a charge e a crônica a seguir. Disponível em <http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/38941-charges-outubro-de-2015#foto-562881>. Acesso em 10 dez. 2015. A Foto Luís Fernando Veríssimo Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez. A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados pelo chão. Castelo, o dono da câmera, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmera a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia? — Tira você mesmo, ué. — Ah, é? E eu não saio na foto? O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia. — Tiro eu — disse o marido da Bitinha. — Você fica aqui — comandou a Bitinha. Havia certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. “Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar”, dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher. A própria Bitinha fez a sugestão maldosa: — Acho que quem deve tirar é o Dudu… 56 O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse o filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas Andradina segurou o filho. — Só faltava essa, o Dudu não sair. E agora? — Pô, Castelo. Você disse que essa câmera só faltava falar. E não tem nem timer! O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmera num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era “Dutifri”, mas ele não sabia. — Revezamento — sugeriu alguém — Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e… A ideia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmera da sua mão. — Dá aqui. — Mas seu Domício… — Vai pra lá e fica quieto. — Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido! — Eu fico implícito — disse o velho, já com o olho no visor. E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmera, tirou a foto e foi dormir. VERISSIMO, L. F. Comédias para se Ler na Escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. A charge e o texto têm em comum a ideia de que uma fotografia é um relato objetivo e fidedigno da realidade. II. A chargee o texto mostram que as inovações tecnológicas melhoram a vida das pessoas, uma vez que, na crônica, a falta de dispositivos avançados impediu o registro da família toda. III. A charge e o texto mostram a foto como um registro que tem como objetivo expor situações positivas do cotidiano, visando ao olhar de aprovação dos outros nas redes sociais. A. Nenhuma afirmativa é correta. B. Apenas as afirmativas II e III são corretas. C. Apenas as afirmativas I e II são corretas. D. Apenas a afirmativa II é correta. E. Apenas a afirmativa III é correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos. Comparar críticas de charge e crônica. Analisar criticamente situações do cotidiano em relação ao uso da fotografia. Questão 40. Assunto/tema. Meio ambiente: pegada ecológica, biocapacidade e razão entre indicadores. (Enade 2014). Pegada ecológica é um indicador que estima a demanda ou a exigência humana sobre o meio ambiente considerando-se o nível de atividade para atender ao padrão de consumo atual (com a 57 tecnologia atual). É, de certa forma, uma maneira de medir o fluxo de ativos ambientais de que necessitaríamos para sustentar nosso padrão de consumo. Esse indicador é medido em hectare global, medida de área equivalente a 10.000m2. Na medida hectare global, são consideradas apenas as áreas produtivas do planeta. A biocapacidade do planeta, indicador que reflete a regeneração (natural) do meio ambiente, é medida também em hectare global. Uma razão entre pegada ecológica e biocapacidade do planeta igual a 1 indica que a exigência humana sobre os recursos do meio ambiente é reposta na sua totalidade pelo planeta, devido à capacidade de regeneração. Se for maior que 1, a razão indica que a demanda humana é superior à capacidade do planeta de se recuperar e, se for menor que 1, indica que o planeta se recupera mais rapidamente. Dados disponíveis em <http://financasfaceis.wordpress.com>. Acesso em 10 ago. 2014. O aumento da razão entre pegada ecológica e biocapacidade representado no gráfico evidencia A. redução das áreas de plantio do planeta para valores inferiores a 10.000m2, em virtude do padrão atual de consumo de produtos agrícolas. B. aumento gradual da capacidade natural de regeneração do planeta em relação às exigências humanas. C. reposição dos recursos naturais pelo planeta em sua totalidade frente às exigências humanas. D. incapacidade de regeneração do planeta, ao longo do período 1961-2008. E. tendência ao desequilíbrio gradual e contínuo da sustentabilidade do planeta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos sobre pegada ecológica e biocapacidade. Verificar a razão (divisão) de indicadores. Avaliar corretamente informações numéricas. 58 Questão 41. Assunto/tema. Sociodiversidade e multiculturalismo: violência, relações de gênero e taxa de homicídios de mulheres. Observe o gráfico sobre a taxa de homicídios de mulheres nos estados brasileiros. Taxa de homicídios de mulheres (por 100 mil) por estado. Brasil, 2006 e 2013. Mapa da Violência 2015. Homicídios de Mulheres no Brasil. Disponível em <http://www.mapadaviolencia.org.br>. Acesso em 15 jun. 2016. Analise as afirmativas, de acordo com os dados do gráfico. 59 I. As taxas de homicídios de mulheres em São Paulo, em 2006 e em 2013, foram menores do que a taxa brasileira. II. O aumento da taxa de homicídios de mulheres em estados brasileiros, no período de 2006 a 2013, deve-se principalmente ao crescimento da população brasileira. III. O estado que teve mais mulheres assassinadas em 2013 foi Roraima. IV. Em 2006, houve mais mulheres assassinadas no Espírito Santo do que no Rio de Janeiro. É correto o que se afirma somente em A. I. B. II e IV. C. III e IV. D. I e IV. E. I, III e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre taxa de homicídios de mulheres. Avaliar corretamente informações numéricas. Comparar valores. Realizar cálculos de percentuais. Questão 42. Assunto/tema. Transportes: tempo de deslocamento casa-trabalho e políticas públicas direcionadas à mobilidade urbana. (Enade 2014). O quadro a seguir apresenta a proporção (%) de trabalhadores por faixa de tempo gasto no deslocamento casa-trabalho, no Brasil e em três cidades brasileiras. Tempo de deslocamento Brasil Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Até cinco minutos 12,70 5,80 5,10 7,80 De seis minutos até meia hora 52,20 32,10 31,60 45,88 Mais de meia hora até uma hora 23,60 33,50 34,60 32,40 Mais de uma hora até duas horas 9,80 23,20 23,30 12,90 Mais de duas horas 1,80 5,50 5,30 1,20 Com base nos dados apresentados e considerando a distribuição da população trabalhadora nas cidades e as políticas públicas direcionadas à mobilidade urbana, avalie as afirmativas a seguir. 60 I. A distribuição das pessoas por faixa de tempo de deslocamento casa-trabalho na região metropolitana do Rio de Janeiro é próxima à que se verifica em São Paulo, mas não em Curitiba ou na média brasileira. II. Nas metrópoles, em geral, a maioria dos postos de trabalho está localizada nas áreas urbanas centrais, e as residências da população de baixa renda estão concentradas em áreas irregulares ou na periferia, o que aumenta o tempo gasto por essa população no deslocamento casa-trabalho e o custo do transporte. III. As políticas públicas referentes a transportes urbanos, como, por exemplo, Bilhete Único e Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ao serem implementadas, contribuem para redução do tempo gasto no deslocamento casa-trabalho e do custo do transporte. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre mobilidade urbana. Avaliar corretamente informações numéricas. Comparar valores de tempos de deslocamentos. Questão 43. Assunto/tema. Sociodiversidade e multiculturalismo: relações de gênero e jornada semanal de trabalho. (Enade 2014). Leia o texto e o gráfico a seguir. As mulheres frequentam mais os bancos escolares que os homens, dividem seu tempo entre o trabalho e os cuidados com a casa, geram renda familiar, porém continuam ganhando menos e trabalhando mais que os homens. As políticas de benefícios implementadas por empresas preocupadas em facilitar a vida das funcionárias que têm criança pequena em casa já estão chegando ao Brasil. Acordos de horários flexíveis, programas como auxílio-creche, auxílio-babá e auxílio-amamentação são alguns dos benefícios oferecidos. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em 30 jul. 2013 (com adaptações). 61 Disponível em <http://ipea.gov.br>. Acesso em 30 jul. 2013 (com adaptações). Considerando o texto e o gráfico, avalie as afirmativas. I. O somatório do tempo dedicado pelas mulheres aos afazeres domésticos e ao trabalho remunerado é superior ao dedicado pelos homens, independentemente do formato da família. II. O fragmento de texto e os dados do gráfico apontam para a necessidade de criação de políticas que promovam a igualdade entre os gêneros no que concerne, por exemplo, ao tempo médio dedicado ao trabalho e à remuneração recebida. III. No fragmento de reportagem apresentado, ressalta-se a diferença entre o tempo dedicado por mulheres e homens ao trabalho remunerado, sem alusão aos afazeres domésticos. É correto o que se afirma apenas em A. I, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos e gráficos. Avaliar corretamente informações numéricas. Comparar valores de jornadas semanais de trabalho. 62 Questão 44. Assunto/tema. Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): alfabetização midiática e informacional e consequências da falta de letramento digital. (Enade 2015 – com adaptações). Leia o texto a seguir. A alfabetização midiática e informacional tem como proposta desenvolver a capacidade dos cidadãos de utilizar mídias, bibliotecas, arquivos e outros provedores de informação como ferramentas para a liberdade de expressão, o pluralismo, o diálogo e a tolerância intercultural, que contribuem para o debate democrático e a boa governança. Nos últimos anos, uma ferramenta de grande valia para o aprendizado, dentro e fora da sala de aula, têm sido os dispositivos móveis. Como principal meio de acesso à internet e, por conseguinte, às redes sociais, o telefone celular tem sido a ferramenta mais importante de utilização social das diferentes mídias, com apropriação de seu uso e significado, sendo, assim, uma das principais formas para o letramento digital da população. Esse letramento desenvolve-se em vários níveis, desde a simples utilização de um aplicativo de conversação com colegas até a utilização em transações financeiras nacionais e internacionais. WILSON, C. et al. Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação de professores. Brasília: UNESCO, 2013 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as asserções e a relação entre elas. I. Para ser considerada digitalmente letrada, a pessoa deve acessar as redes sociais por meio dos aparelhos celulares e dispositivos móveis. PORQUE II. Todas as pessoas letradas digitalmente desenvolvem as mesmas habilidades de comunicação e ação, que incluem desde a simples utilização de um aplicativo de conversação até a realização de transações financeiras nacionais e internacionais. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B. As asserções I e II são proposições falsas. C. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I. D. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. E. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre alfabetização midiática e informacional. Avaliar criticamente situações. Verificar relação de causa e efeito (asserção-razão). 63 Questão 45. Assunto/tema. Meio ambiente: desmatamento da Amazônia e suas consequências. Leia o texto e analise as afirmativas que seguem. A selva amazônica alimenta as torneiras em São Paulo Desmatamento da Amazônia reduz chuvas até em Buenos Aires. Nos últimos dois anos, muitos dos habitantes da Grande São Paulo (20 milhões de pessoas) começaram a se acostumar a captar água da chuva com baldes, a esfregar o chão com água da máquina de lavar roupas e a se levantar de madrugada, antes que as torneiras ficassem secas novamente, para encher as bacias e ter água para o dia seguinte. O estado mais rico do Brasil ficou imerso por uma crise hídrica que não previu ou não soube prevenir e observou como suas reservas foram secando paulatina e perigosamente diante de uma queda inesperada de precipitações. Os estados próximos, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, seguiram os passos do vizinho e muitos de seus habitantes também sofreram com o desabastecimento de água durante dias. No Nordeste do país, uma região maior, embora menos populosa, a seca não é nenhuma novidade, e, em épocas mais severas, multiplicam-se as imagens de famílias inteiras percorrendo dezenas de quilômetros em busca de algum poço de qualidade questionável ou esperando com a vista voltada às ruas, completamente dependentes da chegada de um caminhão-pipa. O problema explica-se pela falta de infraestrutura, de previsão e de uma cultura de consumo responsável. E, também, claro, pela falta de chuvas, um fenômeno que os especialistas associam ao desmatamento do maior tesouro do Brasil (e do Planeta): a selva amazônica. As mordidas constantes do homem sobre a selva amazônica, um ecossistema único que mantém o ar úmido por até 3.000km continente adentro, podem equiparar-se, em termos ambientais, a acabar com a nascente de um gigantesco rio. Calcula-se que 19% das chuvas da Bacia da Prata têm sua origem na umidade que a selva amazônica gera, e que voa para o sul. As secas foram acompanhadas nos últimos anos de outros fenômenos climáticos extremos, como inundações, especialmente no sul do país, o que reforça a teoria dos especialistas sobre o papel da selva no equilíbrio climático da região. Com esse panorama, em que até o Rio de Janeiro terá de investir em obras que garantam o abastecimento, o Brasil tem uma má notícia: o desmatamento na Amazônia aumentou 16% este ano (2015) e chegou a 5.841km2, uma área equivalente à metade do território de Porto Rico. Por outro lado, a boa notícia é que o Brasil já esteve pior: em 2004, foram destruídos 27.772 quilômetros quadrados. O objetivo para 2020 é não superar os 4.000km². O desafio é enorme. Contra ele, estão principalmente os interesses da pecuária e dos agricultores. Os estados que concentram os maiores aumentos do desmatamento (Amazonas, Rondônia e Mato Grosso) beneficiaram-se, paradoxalmente, de recursos do Fundo Amazônia, nutrido pelo investimento estrangeiro e idealizado, precisamente, para reduzi-lo. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/29/politica/>. Acesso em 30 nov. 2015 (com adaptações). I. A seca na região nordeste, provocada pelo desmatamento da Amazônia, representa o maior problema para o país em termos demográficos, já que a área afetada é maior do que a no sudeste, além de o problema ser mais antigo. II. O desmatamento da Amazônia tem diminuído especialmente nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas, graças à ajuda de investimento estrangeiro. III. Embora ainda aconteça em níveis preocupantes, o desmatamento na Amazônia diminuiu se compararmos 2015 a 2004. É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. II e III. C. I e III. D. II. E. III. 64 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre impactos do desmatamento da Amazônia. Avaliar corretamente dados percentuais. Questão 46. Assunto/tema. Sociedade, cultura e arte: manifestações artísticas e formas de expressão popular. Considere a figura e o texto a seguir. Disponível em <http://coletivodar.org/wp-content/uploads/2014/08/parede.jpg>. Acesso em 04 mar. 2015. Se pensarmos nas características que dão identidade ao ato de pichar e de grafitar, veremos que ambos os segmentos se comunicam muito mais do que se imagina ou que, intencionalmente, por meio de alguns veículos de comunicação e poder (parte da mídia e Estado), se faz acreditar. A prática de pintar e escrever em paredes está presente na história da humanidade desde a chamada pré-história. De lá para cá, essa prática esteve inserida e foi influenciada por diferentes contextos históricos, culturais e geográficos. Vivemos ainda hoje num contexto de uma sociedade capitalista que impõe a uma grande parcela da população a situação de carência em diferentes aspectos. Muito nos chama a atenção a carência de recursos econômicos, mas, atrelada a ela, está a carência de bens simbólicos, de produção de representações e cultura. Os grafites e as pichações atuais nascem da necessidade humana da produção de representações que lhes é negada. Essa é uma característica comum a ambos e que leva a outras inevitáveis. São elas a transgressão - o grafite e as pichações devem transgredir o espaço urbano em sua estética e forma de organização e, assim, devem ser realizados sem autorização.Serem públicos - as pichações e os grafites têm que estar em público, por isso são feitos nas ruas, apropriando-se de qualquer suporte que a cidade ofereça. Isso ocorre pelo objetivo de proporcionar o acesso à arte ao maior número de pessoas, independentemente de etnia, gênero ou classe social. Também pela necessidade que os pichadores e os grafiteiros têm de serem vistos, serem reconhecidos pelo seu meio social e pela sociedade como um todo, ainda que, em alguns casos, de forma negativa, sanando assim, em parte, a invisibilidade a que muitas vezes estão submetidos por pertencerem, em geral, às camadas economicamente mais pobres da sociedade. Efemeridade - grafite e pichações, por ocuparem as ruas, os muros, estão sujeitos a todos os tipos de intervenção que se faça no mesmo espaço. Assim, são manifestações que tendem a permanecer pouco tempo onde estão. Thiago Santa Rosa, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, em entrevista ao Diário de Pernambuco. Disponível em <http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2015/10/19/interna_vidaurbana,604348/pesquisador-estuda-o-universo-da- pichacao-e-da-grafitagem-no-recife.shtml>. Acesso em 15 mar. 2016. 65 I. A figura sugere que a pichação é uma forma de expressão popular, que dá voz àqueles que não dispõem dos meios de comunicação socialmente legitimados, o que também se confirma no texto. II. De acordo com o texto, pichação e grafite são manifestações transgressoras, realizadas em lugares proibidos, e, por isso, degradam o patrimônio público. III. Segundo o texto, os pichadores buscam reconhecimento, na tentativa de compensar a invisibilidade social a que estão submetidos. É correto o que se afirma somente em A. I. B. II. C. III. D. I e III. E. I e II. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos sobre manifestações sociais/artísticas. Relacionar mensagens de figura e texto. Questão 47. Assunto/tema. População: números de habitantes nos estados brasileiros. Leia o texto e analise as afirmativas a seguir. Brasil tem mais de 202 milhões de habitantes, diz IBGE O Brasil ganhou no último ano 1.735.562 habitantes, média de 4,7 mil novos brasileiros por dia. Após romper a barreira de 200 milhões de pessoas em 2013, o país teve crescimento populacional de 0,86% em 12 meses e atingiu a marca de 202,7 milhões – mantendo-se como a 5º nação mais populosa do mundo, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Os dados foram divulgados pelo IBGE e são referentes a 1º de julho de 2014. Os números apontam para um crescimento mais expressivo da população nos municípios de médio porte, que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes (1,12%). Em contrapartida, as capitais apresentaram estabilidade. Na avaliação da demógrafa Leila Eravatti, os municípios que compõem as regiões metropolitanas atraíram mais moradores por conta do elevado custo de vida nas capitais, principalmente a alta expressiva do valor do metro quadrado. São Paulo é o Estado mais populoso do país, com 44 milhões de habitantes – 88 vezes o número de pessoas que vivem em Roraima, o Estado menos populoso, com 496.936. Entre as capitais, São Paulo também lidera, com 11.895.593 pessoas (leia mais abaixo), à frente do Rio de Janeiro (6.453.682), Salvador (2.902,927), Brasília (2.852.372) e Fortaleza (2.571.896). O município que mais cresceu foi Nova Redenção (BA). A cidade registrou um avanço populacional de 10,87% (de 8.527 para 9.453 habitantes). Serra da Saudade (MG), com só 822 habitantes, é o município menos populoso do país. O menor crescimento foi registrado em Satuba (AL) taxa de -15,87%, passando de 15.737 para 13.241 pessoas. Quando o recorte é feito por região, o Sudeste aparece à frente com 85,1 milhões, seguido por Nordeste, 56,1 milhões; Sul, 29 milhões; Norte, 17,2 milhões; e Centro-Oeste, com 15,1 milhões. 66 Disponível em <http://www.metrojornal.com.br/nacional/brasil>. Acesso em 29 ago. 2014. I. Cerca de 27% dos habitantes do estado de São Paulo residem na capital. II. A população da cidade de São Paulo é 1.200 vezes maior do que a população de Araguainha, no estado do Mato Grosso. III. A população da cidade do Rio de Janeiro é superior à soma das populações dos estados de Tocantins, Acre, Amapá e Roraima. Com base no texto, é correto o que se afirma apenas em A. III. B. I e III. C. II e III. D. I. E. I e II. Justificativa. 67 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre dados populacionais do Brasil. Analisar criticamente situações. Avaliar informações numéricas. Realizar cálculos percentuais. Compreender ordenamento de dados. Questão 48. Assunto/tema. Sociodiversidade e multiculturalismo: relações de gênero, conquistas das mulheres e participação feminina na política. Leia o artigo de Mônica Sousa, filha do desenhista Mauricio de Sousa e inspiradora da personagem Mônica das histórias em quadrinhos. Em seguida, observe a tirinha. Somos todas donas da rua 08/03/2016 No começo, a Turminha era formada só de meninos: Franjinha, Cebolinha, Chico Bento. Até que começaram a perguntar para o meu pai: "Cadê as meninas?". Mauricio conhecia mais o universo dos garotos. Foi aí que ele começou a olhar em volta e percebeu que poderia se inspirar nas filhas. Em 1963, Mônica estreou na tirinha do Cebolinha e encantou todo mundo com um jeito que não era considerado exatamente feminino para a época. Ela era forte, decidida, dona da rua. Eu era também. Meu pai sempre me deixou ser do meu jeito, sem me limitar por ser menina. Para ele, minha autenticidade (e de todos nós, seus dez filhos) sempre foi importante. É só ver, nos gibis, as peculiaridades de cada personagem baseado em nós. Quando uma menina ou mulher é mais, digamos, assertiva, logo leva a fama de mandona. Mas, para mim, o que a Mônica sempre teve foi uma autoconfiança enorme, além de um grande sentimento de responsabilidade em relação a seus amigos. Meninas em todo o Brasil e em vários países do mundo se identificam com a dentucinha, cuja força maior não é a física: é a força de quem acredita em seus sonhos e capacidades. Na época em que a personagem nasceu, os anos 1960, as mulheres começavam a ganhar mais espaço no mercado de trabalho. No ano de publicação da primeira tirinha em que a Mônica aparece, a russa Valentina Tereshkova foi a primeira mulher a viajar ao espaço. Mas o caminho foi longo. Fazia pouco menos de três décadas que as brasileiras haviam conquistado o direito ao voto. Em 1964, foi criada a Magali, mais delicada, conciliadora (além de comilona, claro!). Mais alguns anos e chegou a Rosinha e tantas outras. Cada uma com seu jeito. Os meninos e meninas da Turma são diferentes? Com certeza. Mas brincam de casinha, de futebol, de viagem espacial, do que quiserem brincar. Juntos. E, como a Mônica nunca foi limitada pelo fato de ser menina, elas e eles também não são. Têm os mesmos direitos e oportunidades. São iguais na diferença. Como são, naturalmente, as crianças. Ou como deveriam ser. Mas as crianças, também naturalmente, seguem os exemplos dos adultos, não é? Por isso precisamos ser bons exemplos para eles. Pois é, em pleno século 21, ainda há muito a conquistar. Como diretora executiva de uma grande empresa, sou, do mesmo modo que a Mônica das historinhas, uma exceção. No Brasil, as mulheres ocupam apenas 5% das vagas nos conselhos das empresas e entre 8% e 16% dos cargos de alta liderança. Já temos uma mulher na Presidência, mas, no Congresso, são apenas 13 senadoras para um total de 81 vagas e 51 deputadas para 513 cadeiras na Câmara Federal. A nova geração tem a oportunidade de mudar esse quadro, com a nossa ajuda. A violência contra mulheres e meninas tem raízes na discriminação e na desigualdade e começa cedo, portanto, a prevenção precisa acompanhar esse fator desde a educação de meninose meninas, a fim de promover relações de gênero mais respeitosas. 68 Desde 2007, a Mônica é embaixadora do Unicef (Fundo das Nações Unidas pela Infância), emprestando sua força para defender os direitos das crianças e adolescentes. Neste ano de 2016, a Mauricio de Sousa Produções tem o orgulho de se tornar signatária dos princípios do ONU Mulheres. Fundamentada na visão de igualdade consagrada na Carta das Nações Unidas, a ONU Mulheres, entre outras questões, trabalha para a eliminação da discriminação contra as mulheres e meninas e a realização da igualdade entre mulheres e homens como parceiros e beneficiários do desenvolvimento, direitos humanos, ação humanitária e paz e segurança. Neste dia 8 de março, queremos mais que homenagens. Queremos respeito. Como a Mônica, as meninas podem ser as donas da rua e do mundo. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/03/1747369-somos-todas-donas-da-rua.shtml>. Acesso em 17 mar. 2016. Disponível em <http://www.jornalopcao.com.br/posts/ultimas-noticias/a-menininha-do-vestido-vermelho-e-do-coelhinho-de-pelucia-conquistou-o-seu-lugar>. Acesso em 17 mar. 2016. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. De acordo com o texto, a personagem Mônica representou, na época da sua criação, uma expressão das conquistas das mulheres na nossa sociedade patriarcal. II. Segundo o texto, apesar dos avanços em relação à participação das mulheres na política, elas ocupam cerca de 11% das vagas do Congresso Nacional. III. Os quadrinhos contradizem o que é exposto no texto sobre os papéis e as características dos personagens, uma vez que o Cebolinha defende a divisão de tarefas de acordo com o sexo. É correto o que se afirma em A. I, II e III. B. I e II, apenas. C. II e III, apenas. D. I e III, apenas. E. I, apenas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos sobre relações de gênero e participação feminina no Congresso Nacional. Realizar cálculos de percentuais. 69 Questão 49. Assunto/tema. Sociedade e relações de trabalho: levantamento da renda familiar no Brasil. Analise o gráfico, com o levantamento da renda familiar no Brasil em 2013, e as afirmativas a seguir. Considere que o salário mínimo na época da pesquisa era de R$678. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernandocanzian/2014/01/1398643-o-role-do-brasil.shtml>. Acesso em 22 mar. 2016. I. Em 2013, a renda de 66% das famílias era de 3 salários mínimos. II. O fato de a soma dos percentuais indicados na pirâmide resultar em 96% mostra que o levantamento da renda mensal familiar foi incompleto. III. Pouco mais de um terço das famílias, em 2013, tinha renda mensal entre 2 e 5 salários mínimos. É correto o que se afirma em A. I e III. B. II e III. C. III. D. I. E. I, II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar infográfico sobre renda familiar no Brasil. Avaliar corretamente informações numéricas. Comparar valores. Realizar cálculos de percentuais. 70 Questão 50. Assunto/tema. Igualdade de gêneros: direito das jovens à educação formal, relações de poder entre homens e mulheres e discurso de Malala na ONU. (Enade 2015). Leia o texto a seguir. A paquistanesa Malala Yousafzai, de dezessete anos de idade, ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2014, pela defesa do direito de todas as meninas e mulheres de estudar. "Nossos livros e nosso lápis são nossas melhores armas. A educação é a única solução, a educação em primeiro lugar", afirmou a jovem em seu primeiro pronunciamento público na Assembleia de Jovens, na Organização das Nações Unidas (ONU), após o atentado em que foi atingida por um tiro ao sair da escola, em 2012. Recuperada, Malala mudou-se para o Reino Unido, onde estuda e mantém o ativismo em favor da paz e da igualdade de gêneros. Disponível em <http://mdemulher.abril.com.br>. Acesso em 18 ago. 2015 (com adaptações). A partir dessas informações, redija um texto dissertativo sobre o significado da premiação de Malala Yousafzai, na luta pela igualdade de gêneros. Em seu texto, aborde os seguintes aspectos: A. direito das jovens à educação formal; B. relações de poder entre homens e mulheres no mundo. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler, interpretar e produzir textos. Avaliar relações de poder entre homens e mulheres. Defender, com boa argumentação, o direito das mulheres à educação. Questão 51. Assunto/tema. Responsabilidade social: formas de chegada dos usuários aos serviços socioassistenciais. (Enade 2016 – com adaptações). Analise o gráfico a seguir. 71 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Entidades de Assistência Social Privadas sem Fins Lucrativos 2014-2015. Nota: Uma mesma unidade pode declarar mais de uma forma de chegada do usuário em um ou mais serviços prestados. Disponível em <http://biblioteca.ibge.gov.br>. Acesso em 10 jun. 2016. Com base nas informações do gráfico, foram feitas as seguintes afirmativas. I. 51,9% das unidades privadas prestadoras do serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas relatam chegada de usuários de forma ativa. II. 81,6% das entidades privadas, sem fins lucrativos executoras do serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência, idosas e suas famílias relatam acesso por demanda espontânea. III. 40,1% das entidades privadas que atuam no serviço especializado para pessoas em situação de rua indicam busca ativa como modalidade de acesso. IV. 82,4% das unidades privadas que desenvolvem serviço de convivência e fortalecimento de vínculos indicam que usuários buscam o serviço de forma espontânea. V. Em 81,6% das unidades da rede privada que realizam acolhimento institucional, a chegada de usuários deu-se por encaminhamento. É correto o que se afirma apenas em A. I, II e III. B. I, II e V. C. II, IV e V. D. I, III e IV. E. III, IV e V. Justificativa. 72 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Avaliar corretamente dados percentuais. Compreender dados de gráfico com barras horizontais. Questão 52. Assunto/tema. Sociodiversidade e multiculturalismo: intolerância religiosa. (Enade 2015 – com adaptações) Com base na leitura da letra da canção Guerra Santa, de Gilberto Gil, analise as afirmativas. I. Com as metáforas “barraqueiro” (v.3) e “limões”, o autor procura situar, respectivamente, religiosos e produtos religiosos, em contexto de pluralidade, tolerância e cidadania. II. Infere-se do trecho “só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz/deixa o outro vender limões” (v,3-4) que a paz entre as religiões depende da não concorrência econômica pela venda de produtos religiosos. III. A despeito de o autor da canção utilizar nomes de divindades e personagens divinizadas mais conhecidas, a expressão “e tantos mais” (v.10) evidencia a referência a qualquer representação do divino em qualquer religião. É correto apenas o que se afirma em A. I. B. II e III. C. II. D. I e II. E. I e III. Justificativa. 73 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto na forma de letra de música. Compreender metáforas. Questão 53. Assunto/tema. Meio ambiente: consumo sustentável e descarte de resíduos. (Enade 2016) Leia a charge a seguir. Disponível em <https://desenvolvimentoambiental.wordpress.com>. Acesso em 9 set. 2016. A partir das ideias sugeridas pela charge, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A adoção de posturas de consumo sustentável, com descarte correto dos resíduos gerados,favorece a preservação da diversidade biológica. PORQUE II. Refletir sobre os problemas socioambientais resulta em melhoria da qualidade de vida. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. B. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. C. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. D. A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. E. As asserções I e II são proposições falsas. Justificativa. 74 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar mensagem de charge. Analisar criticamente os problemas derivados do inadequado descarte de resíduos. Compreender metáforas. Verificar relação de causa e efeito. Questão 54. Assunto/tema. Formação do Brasil: reflexos da colonização. Leia o texto a seguir. O que Portugal tem a ver com o Brasil Alexandra Lucas Coelho Os portugueses não parecem ter uma boa relação com os brasileiros, disse-me uma alemã, conhecedora profissional de Portugal e Brasil. Estávamos na Alemanha, o Brasil temia uma guerra civil, foi há dez dias. Agora, de volta a casa, continuo a pensar na observação dessa veterana, que nada tinha de provocadora, era só vontade de entender. Mas é impossível ignorar o que se tem manifestado em Portugal de equívoco face ao Brasil ao longo destes dias. Segundo um desses equívocos, provável pai dos outros, o tema da colonização encerrou-se, chega de falar dele, é passado. Penso o contrário, que mal começamos, que é presente, e a atual crise brasileira acentua isso. Não só pelo que expõe das estruturas brasileiras, como pelo que revelou do olhar de Portugal sobre o Brasil, e sobre si mesmo. Com esse nome, o Brasil viveu 322 anos de ocupação portuguesa e 194 de independência. Se alguém acredita que o tempo da independência poderia já ter curado o tempo da ocupação, precisa de voltar à história luso-brasileira, porque o alcance da violência vai longe, e em muitas direções. Esses 322 anos atuam diariamente naquilo que é hoje o Brasil, na clivagem entre São Paulo e o Nordeste, nos milhões que ainda moram em favelas, na relação Casa-Grande & Senzala das elites com os empregados, na violência da polícia que continua a ser militar, no desmando oligárquico dos que controlam aparelhos e estados, no saque catastrófico da natureza, na traição aos grupos indígenas, na evangelização dos pobres, radicalizando o conservadorismo num país onde se morre de aborto. Não é elenco para uma crônica, tem sido e será para muitas, livros, bibliotecas. O lulismo fez coisas importantes contra parte dessa herança (nas desigualdades mais urgentes, na cultura), não fez o suficiente contra boa parte disto (na educação, na saúde, na polícia), fez coisas que pioraram isto (um capitalismo com consequências devastadoras no ambiente e nas questões indígenas) e historicamente produziu uma geração que o critica e supera pela esquerda, num caldo inédito de periferias politicamente empoderadas e uma nova faixa politizada vinda da elite. A violência sistêmica brasileira tem raízes nas duas violências fundadoras da colonização portuguesa, extermínio indígena e escravatura africana. Os portugueses não inventaram a escravatura, mas inauguraram o tráfico em grande escala. Dos 12 milhões de indivíduos que as potências europeias deportaram de África até ao século XVIII, 5,8 milhões foram traficados por Portugal. Isto significa 47 por cento, ou seja, quase metade do tráfico foi assegurado por Portugal, e a maioria destinava-se a sustentar a colonização do Brasil. A escravatura é um horror antiquíssimo, sim, e entre os séculos XV e XVIII a forma portuguesa de a praticar foi secundada por ingleses, espanhóis, franceses, holandeses, sim. Mas a Portugal coube esta iniciativa: deportação em massa, para nela assentar a exploração brutal de um território gigante, à custa do qual um território minúsculo viveu, como toda uma bibliografia tem mostrado de forma cada vez mais desassombrada. Não aprendi isto na escola, e tenho sérias dúvidas de que a maior parte dos portugueses faça ideia de que Portugal, sozinho, deportou tantos africanos como os judeus mortos no Holocausto, com a ajuda teológica e logística da Igreja Católica, depois de ter levado ao extermínio de ninguém sabe quantos índios, provavelmente não menos de um milhão. Disponível em <https://www.publico.pt/mundo/noticia/o-que-portugal-tem-a-ver-com-o-brasil-1727252>. Acesso em 29 jun. 2016 (com adaptações). Com base no texto, assinale a alternativa correta. 75 A. Para entender o que ocorre no Brasil atualmente, o tema da colonização portuguesa é passado, encerrou-se, é desnecessário falar dele. B. Os atuais problemas brasileiros, das mais diversas naturezas, tiveram origem no sistema português de colonização do Brasil, cujos reflexos são sentidos até hoje. C. Os atuais problemas brasileiros agravaram-se com o lulismo, que pôs fim à herança colonial portuguesa, deu poder às periferias e politizou as elites. D. Os portugueses, que inventaram o sistema escravocrata, introduziram uma violência sistêmica no território brasileiro contra índios e africanos. E. O fato de os portugueses terem sido responsáveis por mais da metade do tráfico em grande escala de africanos escravizados deixou um peso na história brasileira equivalente ao Holocausto. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente o processo de colonização do Brasil. Questão 55. Assunto/tema. Meio ambiente e saúde: poluição do ar. Leia a charge e o texto a seguir. Disponível em <https://catracalivre.com.br>. Acesso em 18 ago. 2016. https://catracalivre.com.br/ 76 Níveis de poluição do ar estão crescendo em muitas das cidades mais pobres do mundo. OPAS/OMS Brasil – Trecho (12 de maio de 2016) Mais de 80% das pessoas vivendo em áreas urbanas que monitoram a poluição do ar estão expostas a níveis de qualidade do ar que excedem os limites da Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora todas as regiões do mundo sejam afetadas, populações de baixa renda são as que mais sofrem impacto. De acordo com o último banco de dados sobre a qualidade do ar em áreas urbanas, 98% das cidades em países de baixa e média renda com mais de 100 mil habitantes não atendem às diretrizes de qualidade do ar da OMS. Em países de alta renda, no entanto, esse percentual cai para 56%. Nos dois últimos anos, o banco de dados – que agora abrange 3 mil cidades em 103 países – quase dobrou, com mais cidades medindo os níveis de poluição de ar e reconhecendo os impactos associados à saúde. Enquanto a qualidade do ar em áreas urbanas cai, o risco de acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, câncer de pulmão e doenças respiratórias crônicas e agudas (incluindo asma) aumenta para as pessoas que vivem nesses locais. “A poluição do ar é uma das principais causas de doenças e mortes. A notícia de que mais cidades estão intensificando o monitoramento da qualidade do ar é positiva, então quando tomam medidas para melhorá-lo passam a ter um ponto de referência”, afirmou Flavia Bustreo, diretora-geral assistente do programa da OMS sobre Saúde das Crianças, Mulheres e Família. “Quando o ar poluído toma nossas cidades, as populações urbanas mais vulneráveis – mais jovens, mais velhos e mais pobres – são as mais afetadas”. Disponível em <http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5096&Itemid=839>. Acesso em 28 jun. 2016 Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. O objetivo da charge é criticar os problemas do sistema de saúde brasileiro, mostrando que ele salva alguns e prejudica outros. II. De acordo com o texto, 80% da população mundial sofrem os malesprovocados pela poluição. III. O texto e a charge abordam os problemas de saúde causados pela poluição do ar nas cidades e propõem o monitoramento do ar como a solução para reverter essa situação. IV. Nos países de alta renda, 56% das pessoas são afetadas pela poluição. A. Nenhuma afirmativa é correta. B. Somente as afirmativas II e III são corretas. C. Somente as afirmativas I e IV são corretas. D. Somente as afirmativas II e IV são corretas. E. Somente as afirmativas I e III são corretas Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Comparar mensagens de trecho de reportagem e de charge sobre poluição do ar. Avaliar dados percentuais. Questão 56. Assunto/tema. Arte urbana: expressões artísticas e grafite. Leia o texto a seguir. 77 São Paulo, a capital mundial do grafite A cidade mais populosa da América Latina concentra um dos mais grandiosos museus a céu aberto de arte urbana do mundo Quando estiver andando por São Paulo, olhe para cima. Ou para os lados. Não importa muito se está caminhando por um bairro de classe média ou pela periferia. Há uma característica comum às diferentes regiões da maior cidade mais populosa da América Latina: os grafites e as pichações, que vêm tomando conta dos muros nos mais de 1.500km2 da área de extensão, estão transformando São Paulo na capital mundial do grafite. A arte urbana não agrada a todos os gostos. Mas é unânime a opinião de que São Paulo é uma cidade cinza, e o grafite insere cor a esse cenário. "O grafite é uma manifestação artística que faz parte do cotidiano de todos, quer você goste ou não. Ele se impõe", dizem os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos. A dupla de artistas é conhecida, ao redor do mundo, pelos trabalhos que misturam certo realismo fantástico com personagens bem característicos, sempre com cores e figuras geométricas parecidas. Os irmãos começaram a grafitar em 1987 no bairro onde cresceram, o Cambuci, na zona sul da capital paulista. "A arte não é para você gostar, é para você refletir e pensar", completa Thiago Mundano, 27 anos, que se autointitula “artivista”, por atrelar o grafite a ações sociais. Na Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte da capital, bem próximo a uma das duas rodoviárias da cidade, um grupo de 58 artistas fez 66 painéis, criando, em 2011, o primeiro Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo (MAAU). Eles levaram para as ruas uma das maiores características dessa arte: a acessibilidade. "O fato de a arte estar na rua já é muito mais democrático. A pessoa não precisa entrar numa galeria fechada para ver", diz a artista e grafiteira Prila Paiva, 35 anos. Organizado com autorização da Prefeitura, esse museu é uma exceção. Como o grande negócio do grafite é ocupar a cidade, os artistas nem sempre pintam em muros autorizados. Existe um aspecto de subversão, que envolve, entre outras coisas, "a adrenalina de pichar", segundo Mundano. Para ele, tudo é relativo. “Um outdoor é tão agressivo quanto um grafite. Eu posso achar ruim, para a minha filha, por exemplo, abrir a janela de casa e dar de cara com uma mulher de calcinha e sutiã numa propaganda para vender lingerie”. São Paulo adotou, em janeiro de 2007, a Lei Cidade Limpa, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, proibindo a propaganda em outdoors e em imóveis públicos e privados. Já em relação aos grafites, ainda não houve um acordo entre artistas e o poder público. Por isso, de um lado, a Prefeitura apaga, cobrindo com tinta cinza, muitos dos muros grafitados. De outro, grafiteiros e pichadores pintam os locais apagados novamente. "Nunca sentimos, por parte da prefeitura, interesse de entender e respeitar a cultura do grafite", contam Os Gêmeos. "Existem problemas sérios em São Paulo que precisam desse dinheiro do contribuinte, em vez de ser investido em tinta cinza para apagar trabalhos de arte". Mesmo assim, no final da gestão de Kassab, a Prefeitura publicou um guia bilíngue de lugares para ver os grafites na cidade, com uma pequena ficha de alguns artistas. Por tratar-se de uma arte muito efêmera, um dia a obra está lá e no outro pode já ter sido apagada, o consultor financeiro Ricardo Czapski e a produtora cultural Marina Gonzalez tiveram a ideia de eternizar algumas pinturas. Eles acabam de lançar o livro Graffiti em São Paulo, que nasceu de um acervo de mais de dez mil fotos que Czapski tirou, por 5 anos, de muros grafitados. "O grafite tem uma recepção muito boa em todos os níveis. Não tem mais aquela má impressão da arte marginal", diz Gonzalez. Com o passar dos anos, além do reconhecimento do público, o grafite foi se tornando um negócio mais rentável. Hoje, a arte urbana está presente em galerias e exposições pelo Brasil e pelo mundo. "Depois que fizemos a exposição dos Gêmeos, ganhamos outro público na galeria. Esses artistas têm um apelo que outros não têm", diz Alexandre Gabriel, diretor da galeria que representa Os Gêmeos. Neste momento, a cidade abriga a 14ª edição da Graffiti Fine Art, um projeto com curadoria do artista Binho Ribeiro, que expõe grafites no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE). A exibição é gratuita. O museu fica em um bairro nobre da capital, no Jardim Europa, uma prova de que essa arte marginal anda mais ao centro do que à margem da cidade. "Não existe preconceito do mercado, o que existe são pessoas preconceituosas", conclui Ribeiro. Pimp My Carroça Exemplo do cunho social que o grafite pode desenvolver, em 2007, Thiago Mundano começou a pintar as carroças dos mais de 20.000 catadores de lixo reciclável de São Paulo, que transportam, em um carrinho improvisado, toneladas de papelão, vidro e alumínio para os centros de reciclagem. "Percebi que essas pessoas são invisíveis, ninguém olha para elas", diz Mundano. http://www.hypeness.com.br/2011/10/1-museu-aberto/ http://www.hypeness.com.br/2011/10/1-museu-aberto/ http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/images/pdf/roteirostematicos/roteiro_arte_urbana_ld.pdf http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/images/pdf/roteirostematicos/roteiro_arte_urbana_ld.pdf http://www.graffitisaopaulo.com.br/ http://www.fortesvilaca.com.br/ http://mube.art.br/projetos/graffiti-fine-art/ 78 A meta, na época, era pintar 100 carroças, mas, com o tempo, Mundano viu que apenas pintar não bastava. As carroças precisavam de itens de segurança, como tintas refletoras para a noite, espelhos retrovisores, luvas e cordas para os catadores. Assim, nasceu o projeto Pimp My Carroça. Por meio do site de crowdfunding Catarse, Mundano arrecadou 64.000 reais (27,8 mil dólares), de 792 apoiadores. O projeto cresceu, se transformou em um evento no centro de São Paulo, onde as carroças foram pintadas e os catadores ganharam camisetas, alimentos e uma consulta com um clínico geral. De lá pra cá, o Rio de Janeiro e Curitiba, a capital do Paraná, no Sul do país, receberam uma edição do projeto, contabilizando mais de 120 voluntários e um número já incontável de carroças pintadas. O próximo passo é desenvolver um aplicativo para que qualquer um possa localizar os catadores que estiverem mais próximos e entregar a eles o lixo reciclável. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2013/11/23/cultura/1385165447_940154.html>. Acesso em 05 jun. 2016 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. Apesar de haver controvérsias quanto à aceitação do grafite e da pichação como formas de arte, há indícios de que o reconhecimento dessas expressões artísticas está aumentando, como a criação do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo. II. O grafite agrava o preconceito social contra as pessoas mais pobres, uma vez que se trata de uma manifestação popular que não alcança o prestígio das artes oficialmente reconhecidas. III. De acordo com o texto, o grafite e a pichação são comparáveis aos outdoors e deveria haver uma legislação semelhante à Cidade Limpa para proibir essas manifestações. IV. A acessibilidade,a efemeridade e a relação com causas sociais são características da arte urbana. É correto o que se afirma apenas em A. I e II. B. II e III. C. III e IV. D. I e IV. E. I, II e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Observar relações entre produções artísticas e manifestações populares. Questão 57. Assunto/tema. Saúde: alimentação e obesidade. Leia o texto a seguir. Obesidade, consumo e política: uma conversa sobre as mudanças mundiais na alimentação Por que estamos engordando? O que a política tem a ver com os alimentos? Por que não vemos publicidade de legumes na TV? Essas e outras questões relacionadas às transformações na alimentação e suas consequências no cenário internacional foram abordadas por Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável do Ministério da Saúde de Portugal e doutor em Nutrição Humana pela Universidade do Porto. Em visita ao Brasil, ele participou do Seminário Internacional: Escolhas Alimentares e seus Impactos, no Sesc Santos. http://www.pimpmycarroca.com/ http://catarse.me/pt 79 Confira algumas questões levantadas. Estamos engordando Ao comparar gráficos da presença da obesidade nas populações dos Estados Unidos e da área rural de Bangladesh, por exemplo, o professor Pedro Graça conclui: essa é uma epidemia global. A obesidade cresceu nos últimos 20 anos não só em países industrializados, com ampla oferta de alimentos, mas chegou até áreas rurais da Ásia. Os mais pobres engordam mais Até recentemente, acreditava-se que essa era uma epidemia que atingia principalmente as populações que estavam melhorando economicamente, associada ao acesso à alimentação, ao acesso à caloria, à gordura, à proteína. Mas não é bem assim: “O que nós estamos a viver é não só o aumento da doença no mundo inteiro, mas, ao contrário do que se esperava, quem é mais afetada é a população mais carente, mais vulnerável. Pobreza e obesidade se aproximam de tal maneira que a pessoa pode ter fome e ser obesa ao mesmo tempo. Coisa que para nós da biologia é um paradoxo”, afirma. Somos treinados para engordar “Nós somos uma máquina de engordar”. Isso porque a capacidade de acumular reservas de energia na forma de gordura foi essencial para a sobrevivência do ser humano, diante da escassez de alimentos. “O ser humano está preparado para lidar com a fome há dois milhões de anos. E começou a lidar com excesso de calorias há 50 anos. Não estamos preparados biologicamente para isso”, afirma Pedro. O que mudou? Diversas alterações demográficas causaram mudanças na alimentação: a entrada da mulher no mercado de trabalho e na vida acadêmica, o envelhecimento da população e a necessidade de se trabalhar mais horas são alguns exemplos. E, se aumenta o tempo do trabalho, o que fica para trás é o tempo de cozinhar e de ficar com os filhos. Os alimentos que já vêm prontos têm, portanto, muito mais apelo do que aqueles que exigem tempo e conhecimentos culinários para o preparo. Além disso, em muitos lugares é mais fácil e barato encontrar produtos ultraprocessados e calóricos - ricos em açúcar, sal e gordura - em vez de alimentos frescos. Você já viu propaganda de alface na TV? Provavelmente não. Mas vemos diariamente publicidade de produtos ultraprocessados e super calóricos, não é mesmo? Pedro Graça chama atenção para o fato de que grandes indústrias alimentícias lucram muito, enquanto quem trabalha no campo com frutas e legumes, em geral, tem ganhos pequenos e são os que mais sofrem com oscilações na economia e nos preços dos alimentos. Assim fica fácil entender como um lado tem muito mais capacidade de investir e produzir comunicação do que o outro. É preciso reconhecer o ambiente De acordo com o pesquisador Philip James, durante décadas pensou-se que a atenção e o esforço individual fossem suficientes para prevenir a obesidade, porém depois de décadas desse esforço, as taxas de ganho de peso continuaram a subir. Essa epidemia reflete a presença de um ambiente tóxico ou obesogênico. Isso significa que não adianta ensinar as pessoas sobre alimentação saudável, se não há um ambiente favorável a isso, ou seja, se não há oferta de alimentos saudáveis em local próximo, a preços acessíveis. “Eu tenho primeiro que me preocupar com as condições que existem ou que eu posso criar para que o suco de laranja apareça, para em seguida dizer como é importante consumir suco de laranja”, exemplifica Pedro Graça. Disponível em <http://www.sescsp.org.br/online/artigo>. Acesso em 08 jun. 2016 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. De acordo com o texto, o cuidado com o peso é uma questão de educação individual e a obesidade aumenta entre os mais pobres por falta de instrução. II. As alterações no modo de vida têm responsabilidade pelo aumento da obesidade, uma vez que há incentivo ao consumo de produtos ultraprocessados, mais práticos do que os alimentos frescos. III. A melhora econômica facilita o acesso da população aos alimentos e, consequentemente, aumenta a prevalência de obesidade. 80 IV. A propaganda e o marketing têm influência sobre a venda de produtos industrializados e atingem apenas as regiões urbanas. A. Nenhuma afirmativa está correta. B. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. C. Apenas a afirmativa II está correta. D. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. E. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Observar fatores de causa ou de agravamento da obesidade. Refletir sobre a publicidade dada a produtos ultraprocessados e supercalóricos. Questão 58. Assunto/tema. Tecnologia: realidade aumentada. Leia o texto e a charge e analise as afirmativas a seguir. Pokémon GO no Brasil: como foi o primeiro dia do jogo no país Jogo dos monstrinhos leva pessoas à rua e faz estranhos se socializarem Bruno Silva - 04/08/2016 A febre de Pokémon GO no Brasil já era mais do que esperada. Desde os pedidos desesperados nas redes sociais, os protestos que levaram à invasão da conta do criador do game no Twitter ao lançamento oficial do jogo no país, na última quarta-feira (3), alcançando o topo da AppStore em menos de um dia, era de se imaginar que o jogo teria, aqui, o mesmo sucesso encontrado lá fora. E nas ruas do país, como seria a recepção? Para responder a essa pergunta, aguardamos, como muitos, o raiar do sol (o jogo chegou aqui às 18h da quarta) para embarcar na nossa própria jornada Pokémon. Andei pelas ruas de São Paulo e a resposta é: sim, Pokémon GO é uma febre. Na capital paulista, grupos se juntaram espontaneamente para jogar. Foi fácil encontrar pessoas de todos os gêneros, idades e estilos nas ruas, com um comportamento aparentemente duvidoso frente à tela do celular, procurando seus monstros. Nossa jornada começou por volta das 9h30. Como a Niantic já afirmou que os monstros têm mais possibilidade de serem encontrados em parques e em pontos turísticos, fui ao local que junta as duas características: o Parque do Ibirapuera. No caminho, dentro de um Uber (nunca jogue ao volante!) liguei o aplicativo na esperança de achar mais monstros, aproveitando o movimento do carro, mas só encontrei Pidgeys e Zubats - os tipos mais comuns na rua. A aposta no Ibirapuera deu certo: logo na entrada do portão 9 do parque encontrei um Eevee, um Goldeen e um Paras. A janelinha de monstros próximos acusava a presença de mais monstros que ainda não havia encontrado até então: Geodude, Staryu e um Bulbasaur. Procurei um bocado, mas o inicial de grama não deu as caras. Observando o parque, era fácil observar que algo estava diferente. Além dos habituais corredores e ciclistas, um terceiro tipo de pessoa era bem comum nas pistas e gramados do parque: pessoas andando com a cabeça baixa, olhandopara a tela do celular. Olhei de relance para a tela quando pude; em quase todos os casos, era Pokémon GO. Na maioria das vezes, nem era necessário bisbilhotar: quando duas pessoas ou mais estava com o celular na mão, a conversa invariavelmente era algo como “capturei um Zubat com 150 CP” ou “tô quase evoluindo meu Pidgey”. O mais surpreendente veio quando me aproximei do Planetário do Ibirapuera, que no game, é um ponto com quatro pokéstops adjacentes. Nas quatro, foram colocados Lure Modules - itens que servem para 81 atrair monstros para a pokéstop - e, com isso, cerca de 15 pessoas estavam por ali, sentadas ou andando em círculos, olho fixo no smartphone, o polegar se arrastando de baixo para cima da tela. O problema de Pokémon GO No meio do caminho, deparei com o principal problema que aflige o jogador de Pokémon GO: a bateria do celular. O uso do jogo no carro a caminho do parque e no local fez a energia do smartphone despencar de 100% a 10% em pouco menos de uma hora e meia de uso. Depois que o celular apagou, perambulei pelo parque até achar uma tomada em uma lanchonete, e passei 40 minutos esperando o aparelho voltar a um nível seguro de bateria. Lá, tive um encontro inusitado: o entregador da lanchonete estava jogando Pokémon GO e imediatamente começamos a bater papo. “Peguei uns três ‘Bulbassauro’ já. Estou aproveitando as minhas entregas e o caminho de ônibus pra capturar mais”, me contou o entregador, também reclamando que o celular gasta muita bateria. “Vou voltar aqui no fim de semana com meu amigo pra capturar mais”, finalizou. Disponível em <https://omelete.uol.com.br/games/artigo/pokemon-go-no-brasil-como-foi-o-primeiro-dia-do-jogo-no-pais/>. Acesso em 10 ago. 2016. Disponível em <https://www.facebook.com/autonomialiteraria/photos>. Acesso em 10 ago. 2016. I. O texto e a charge mostram que o Pokémon Go encontrou grande aceitação entre os brasileiros e enaltecem o poder de engajamento do jogo. II. A charge critica a alienação de pessoas que aderem ao jogo e se desconectam da realidade em que vivem. III. O texto e a charge apontam os problemas do Pokémon Go no comportamento das pessoas, pois o jogo leva o usuário para uma realidade paralela, promovendo a falta de sociabilidade. IV. O objetivo da charge é mostrar os aspectos positivos do jogo, que torna felizes seus usuários, poupando-os dos problemas do mundo em que vivemos. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II e III. C. I e IV. D. II, III e IV. E. II. Justificativa. https://www.facebook.com/autonomialiteraria/photos 82 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Relacionar mensagens de reportagem e de imagem. Compreender crítica, expressa em charge, à alienação provocada por jogos digitais. Questão 59. Assunto/tema. Preconceito: estereótipos sociais e racismo. Leia os quadrinhos e as afirmativas a seguir. Disponível em <http://www.quadrinhosacidos.com.br/2015/05/86-racismo-sem-querer.html>. Acesso em 14 jun. 2016. I. O objetivo dos quadrinhos é mostrar que os preconceitos estão enraizados no nosso cotidiano e não incomodam ninguém. II. Os quadrinhos denunciam estereótipos sociais que se baseiam em uma visão racista. III. Os quadrinhos mostram que há pessoas que, no cotidiano, não percebem o teor racista de seus discursos. É correto o que se afirma em A. II, III e IV. B. II e III, apenas. C. I e II, apenas. D. I e III, apenas. E. III, apenas. 83 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar quadrinhos. Avaliar discursos racistas por meio de situações comunicativas expressas em quadrinhos. Questão 60. Assunto/tema. Condição humana: opressão social e comportamento. Leia a charge a seguir. Disponível em <http://sorisomail.com/img/1304789819776.jpg>. Acesso em 18 jun. 2016. Assinale a alternativa que indica um ditado popular que tenha relação com a charge. A. “O maior cego é aquele que se recusa a ver”. B. “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. C. “Tão grande é o erro como o que erra”. D. “A grama do vizinho é sempre mais verde”. E. “As melhores essências estão nos menores frascos”. Justificativa. 84 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar mensagem de charge. Associar mensagem de charge a um ditado popular. Questão 61. Assunto/tema. Sistema socioeconômico: injustiça social. Leia o texto a seguir. Criminologia Eduardo Galeano A cada ano, os pesticidas químicos matam pelo menos três milhões de camponeses. A cada dia, os acidentes de trabalho matam pelo menos dez mil trabalhadores. A cada minuto, a miséria mata pelo menos dez crianças. Esses crimes não aparecem nos noticiários. São, como as guerras, atos normais de canibalismo. Os criminosos andam soltos. As prisões não foram feitas para os que estripam multidões. A construção de prisões é o plano de habitação que os pobres merecem. Disponível em <https://dissencialistas.wordpress.com/2012/10/11/eduardo-galeano-criminologia/>. Acesso em 24 ago. 2016. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I. Do texto, apreende-se que práticas econômicas e sociais vigentes causam a morte de milhões de cidadãos. II. Quando o autor afirma que “os criminosos estão soltos”, quer dizer que o sistema prisional tem vagas insuficientes para abrigar aqueles que são responsáveis por estripar multidões. III. Os pesticidas, os acidentes de trabalho e a miséria, por não serem indivíduos, não podem ser presos. Portanto, quando alguém morre por uma dessas causas, não há culpados. IV. O autor considera que a justiça poupa grandes corporações e instituições e defende a ideia de que as prisões sejam habitações destinadas aos mais pobres. É correto o que se afirma somente em A. I e IV. B. I. C. I, III e IV. D. I, II e IV. E. II, III e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Compreender o uso de comparações como recurso argumentativo. Avaliar criticamente a estrutura e os problemas sociais. Questão 62. Assunto/tema. Preconceito: herança colonial e racismo. Leia o texto e os quadrinhos a seguir. 85 O Brasil de hoje é herdeiro de uma sociedade colonial e imperial escravocrata, em que o negro ocupou fundamentalmente a posição de pessoa escravizada. O Brasil em 1888 foi o último país a abolir a escravidão nas Américas. Um abolicionismo incompleto, que não permitiu incluir o negro na ordem social capitalista (BASTIDE; FERNANDES, 2008). A escravidão negra deixou marcas profundas de discriminação em nossa sociedade, inclusive escutamos insultos raciais atuais exigindo que negros e negras voltem “para a senzala”. Mas será que o racismo contra o negro brasileiro atualmente só existe por causa do “tempo do cativeiro”? Há pessoas racistas que nem sabem e nem mencionam esse contexto. Elas afirmam que não gostam de “negros”, tem raiva dos “pretos” e que estes são “fedidos”, “sujos” e “preguiçosos”. O racismo opera cotidianamente por meio de piadas, causos, ditos populares etc. Afinal de contas, temos uma variedade de expressões correntes na língua portuguesa recheadas de racismo contra os negros. Disponível em <http://www.comfor.unifesp.br/wp-content/docs/COMFOR/biblioteca_virtual/UNIAFRO>. Acesso em 13 jun. 2016. Disponível em <http://photos1.blogger.com/blogger/7946/2941/1600/mafaldapreconceito1.1.gif>. Acesso em 88 jun. 2016. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas. I. Os quadrinhos visam a criticar o fato de que as acusações de racismo têm se tornado cada vez mais frequentes. II. Os quadrinhos ilustram o comportamento descrito no texto: as pessoas mantêm na linguagem seu preconceito. III. O texto coloca, entre as raízes do preconceito racial, o sistemaescravocrata, que imperou até o final do século XIX no Brasil. IV. De acordo com o texto, a abolição da escravidão no Brasil, embora tardia, permitiu que os negros se integrassem completamente à sociedade capitalista. É correto o que se afirma somente em A. II e III. B. II e IV. C. I e III. D. I e II. E. I e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar textos. Compreender crítica expressa em quadrinhos. Avaliar consequências do sistema escravocrata na atualidade. 86 Questão 63. Assunto/tema. Mídia: influência dos meios de comunicação. Considere a ilustração e as afirmativas a seguir. Disponível em <http://www.materiaincognita.com.br/wp-content/uploads/2012/04/TV-faz-mal-ao-cerebro.jpg>. Acesso em 20 jun. 2016. I. O objetivo da ilustração é mostrar que os meios de comunicação tecem o conhecimento das crianças, contribuindo para um mundo mais bem informado. II. A ilustração é uma crítica aos meios de comunicação ultrapassados, que não promoviam o acesso à informação como a internet faz atualmente. III. A ilustração sugere que os meios de comunicação de massa provocam perda de autonomia do raciocínio. É correto o que se afirma somente em A. I. B. II. C. III. D. I e III. E. II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Compreender mensagem expressa em ilustração. Analisar criticamente os efeitos dos meios de comunicação sobre o indivíduo. Questão 64. Assunto/tema. Cidadania: protagonismo social. Leia o texto de autoria de Vladimir Safatle e analise as afirmativas a seguir. Quem tem o direito de falar? Estabelecer que minorias só podem falar dos problemas de seu grupo é uma forma astuta de silenciamento A política não é uma questão apenas de circulação de bens e riquezas. Ou seja, ela não se funda simplesmente em uma decisão a respeito de como as riquezas e os bens devem circular, como eles devem ser distribuídos. 87 Embora essa seja uma questão central que mobiliza todos nós, ela não é tudo, nem é razão suficiente de todos os fenômenos internos ao campo que nomeamos "política". Na verdade, a política é também uma questão de circulação de afetos, da maneira com que eles irão criar vínculos sociais, afetando os que fazem parte destes vínculos. A maneira com que somos afetados define o que somos e o que não somos capazes de ver, o que somos e não somos capazes de sentir e perceber. Definido o que vejo, sinto e percebo, define-se o campo das minhas ações, a maneira com que julgo, o que faz parte e o que está excluído do meu mundo. Percebam, por exemplo, como um dos maiores feitos políticos de 2015 foi a circulação de uma mera foto, a foto do menino sírio morto em um naufrágio no Mar Mediterrâneo. Nesse sentido, foi muito interessante pesquisar as reações de certos europeus que invadiram sites de notícias de seu continente com posts e comentários. Uma quantidade impressionante deles reclamava daqueles jornais que decidiram publicar a foto. Por trás de sofismas primários, eles diziam basicamente a mesma coisa: "parem de nos mostrar o que não queremos ver", "isto irá quebrar a força de nosso discurso". Pois eles sabiam que seu fascismo ordinário cresce à condição de administrar uma certa zona de invisibilidade. É necessário que certos afetos não circulem, que a humanização bruta produzida pela morte estúpida de um refugiado não nos afete. Todo fascismo ordinário é baseado em uma desafecção. Toda verdadeira luta política é baseada em uma mudança nos circuitos hegemônicos de afetos. Prova disso foi o fato de tal foto produzir o que vários discursos até então não haviam conseguido: a suspensão temporária da política criminosa de indiferença em relação à sorte dos refugiados. Mas essa quebra da invisibilidade também se dá de outras formas. De fato, sabemos como faz parte das dinâmicas do poder decidir qual sofrimento é visível e qual é invisível. Mas, para tanto, devemos antes decidir sobre quem fala e quem não fala, qual fala ouvirei e qual fala representará, para mim, apenas alguma forma de ressentimento. Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros). Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isto pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos, fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das mulheres, e por aí vai. Essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres. Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado. Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada do espaço comum. Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a esta dimensão do "qualquer um" que faz parte de cada um de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de circuitos hegemônicos de afetos. O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/234248-quem-tem-o-direito-de-falar.shtml>. Acesso em 13 jun. 2016. I. Segundo o autor, grupos de minorias estão sendo silenciados, pois vivemos em um regime autoritário, não democrático. II. O autor defende que os políticos sejam os legítimos representantes dos grupos minoritários, já que as minorias tendem a ser silenciadas na sociedade. 88 III. A publicação da foto do menino sírio, morto no naufrágio ao tentar chegar à Europa como imigrante, foi, segundo o texto, uma forma de sensacionalismo da imprensa e, por isso, gerou conflitos políticos. Assinale a alternativa certa. A. Todas as afirmativas são corretas. B. Apenas as afirmativas I e II são corretas. C. Apenas as afirmativas II e III são corretas. D. Apenas a afirmativa III é correta. E. Nenhuma alternativa é correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente a questão do lugar de fala. Questão 65. Assunto/tema. Formas alternativas de energia: energia solar. Leia o texto a seguir. Energia solar contra a escuridão do Amazonas Brasil gera com placas fotovoltaicas apenas 0,02% da produção total de eletricidade Heriberto Araújo – 08 mai. 2016. A visão romantizada da Amazônia convida a pensar num lugar idílico em que a pegada humana esteja entre as menores do planeta. Mas a vida na maior reserva natural é dura para o homem, como Daniel Everett narrou em seu clássico Don’t Sleep, There are Snakes (Não durma, há serpentes, sem tradução para o português). Comunidades inteiras vivem completamente desconectadas, e não apenas nas profundezas da selva, mas sim nas movimentadas margens dos rios — únicas vias de comunicação, num ambiente em quea eletricidade é um bem desejado, escasso e administrado a conta-gotas. “No Estado do Amazonas há mais de dois milhões de pessoas sem eletricidade de qualidade”, explica Otacílio Soares Brito, membro do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. “A enorme área da floresta torna inviável a criação de uma rede de distribuição, e os povoados só conseguem produzir eletricidade das 6 às 10 da noite, com geradores a gasolina fornecidos pelo Governo. Depois dessa hora acaba tudo: luz, refrigeração e lazer”, relata do município amazônico de Tefé. O Instituto Mamirauá está desenvolvendo um projeto para fornecer eletricidade por meio de painéis solares a dezenas de comunidades amazônicas de pescadores e camponeses, com o objetivo de melhorar suas condições de vida, segundo Soares Brito. Duas comunidades instalaram placas fotovoltaicas — um sistema flutuante, sobre boias no rio, e o outro no telhado de uma fábrica de gelo — para permitir, um, o envio da água desde o leito do rio até as casas, e o outro, a fabricação de barras de gelo. O fornecimento da água do rio por meio de uma bomba elétrica alimentada por painéis permitiu, entre outras coisas, que as crianças passassem a tomar quantos banhos quisessem sem que seus pais fiquem com medo que um jacaré lhes tire a vida na escuridão das margens. “Estamos cuidando de melhorar a vida das pessoas, mas também queremos permitir que elas agreguem valor a produtos como polpa de frutas e peixe. Sem gelo, esses produtos dificilmente podem ser comercializados no exterior ou simplesmente conservados”, diz Soares Brito. 89 Os resultados positivos da fase experimental estão criando consciência nessa imensa região normalmente esquecida pelos centros brasileiros de poder, concentrados no Sudeste e que priorizam as políticas públicas nas regiões densamente povoadas (de eleitores). Um grupo de pescadores da comunidade amazônica de Boa Esperança pediu ao Mamirauá a construção de uma pequena fábrica — prevista para abril — com 3 congeladores alimentados por painéis solares para poder extrair das frutas a polpa, congelá-la e vendê-la em mercados situados a horas de barco do povoado, como Manaus. A revolução solar que alguns especialistas preveem para o Brasil durante a próxima década, após a implementação em 1º de março de novas regras que permitem, pela primeira vez, a geração distribuída de energia e sua ligação às redes de distribuição, trará consequências principalmente para os grandes centros urbanos. Depois de três anos de secas históricas e consequentes apagões, que evidenciaram a excessiva dependência do Brasil de seu sistema hidroelétrico, que gera cerca de 70% da eletricidade consumida, milhões de brasileiros poderão se tornar agora prosumidores, neologismo que reflete o novo paradigma sob o qual parece avançar a geração de eletricidade: o consumidor é o produtor de pelo menos uma parte de sua demanda. “Estamos diante do início de uma revolução, porque pela primeira vez a sociedade brasileira pode participar diretamente da criação de uma nova matriz energética”, diz Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar). As regras aprovadas pela Aneel permitem, segundo Sauaia, “a geração compartilhada de energia solar entre vários clientes, que podem se agrupar em forma de consórcio ou de cooperativas, assim como a conexão de seus sistemas fotovoltaicos domésticos ou comerciais à rede elétrica para abastecê-la quando os painéis produzirem mais do que o que é consumido, e vice-versa”. A Absolar estima que, se fossem instalados painéis solares em todas as residências do país, a produção de energia abasteceria mais que o dobro da totalidade da demanda dos domicílios brasileiros. Os especialistas indicam que a região brasileira menos exposta à irradiação solar tem potencial para gerar pelo menos 25% mais energia que a região mais favorecida na Alemanha, país que já gera cerca de 7% de sua eletricidade com placas fotovoltaicas. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/29/ciencia/1461915967_041451.html>. Acesso em 10 jun. 2016. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O novo paradigma da geração de energia elétrica é o de que o próprio consumidor produza 30% da sua demanda, tornando-se proconsumidor. II. De acordo com a estimativa da Absolar, a instalação de painéis solares em todas as residências do país faria com que a produção brasileira de energia superasse a alemã em 18%. III. O projeto desenvolvido pelo Instituto Mamirauá tem como foco comunidades da Amazônia, onde há aproximadamente dois milhões de pessoas sem acesso à energia elétrica de qualidade. IV. O principal problema da Amazônia é a seca, que afeta sua produção hidrelétrica e, por isso, a energia solar é uma boa alternativa. Assinale a alternativa correta. A. Todas as afirmativas são corretas. B. Apenas as afirmativas I e II são corretas. C. Apenas a afirmativa III é correta. D. Apenas as afirmativas II, III e IV são corretas. E. Nenhuma afirmativa é correta. Justificativa. 90 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Avaliar dados percentuais. Analisar criticamente formas de produção de energia. Questão 66. Assunto/tema. Sociedade contemporânea: mercantilização do indivíduo. Observe a charge e analise as afirmativas a seguir. Disponível em <https://www.pinterest.com/gaagabriel/a-evolucao-humana-chargues/>. Acesso em 08 fev. 2015. I. A charge enaltece a evolução humana, ilustrando a saída de um passado primitivo e a chegada ao desenvolvimento tecnológico, que melhora as condições de vida da população. II. O código de barras, na figura, representa a “coisificação” do homem no atual sistema socioeconômico. III. A crítica da charge refere-se ao uso de novas tecnologias na atualidade, uma vez que elas não são acessíveis a todos. IV. A charge mostra que o ser humano ainda é primitivo, apesar das novas tecnologias. É correto o que se afirma somente em A. II e IV. B. II. C. I e III. D. I e IV. E. II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar imagem sobre mercantilização do indivíduo. Compreender analogias e metáforas. 91 Questão 67. Assunto/tema. Violência: inadequação e ineficiência dos presídios brasileiros. Leia a charge e o texto a seguir. Disponível em <http://www.diariodagardenia.com.br/2013_04_01_archive.html>. Acesso em 06 nov. 2014. ACNUDH condena violência em presídios brasileiros O Escritório Regional para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) condenou a violência ocorrida nesta semana em distintos presídios brasileiros. Na Penitenciária Estadual de Cascavel, no Paraná, pelo menos cinco presos foram mortos durante uma rebelião. Informações indicam que duas das vítimas teriam sido decapitadas e mais duas foram jogadas do telhado do presídio. Em Minas Gerais, dois motins acabaram com outro preso morto e dezenas de feridos. Autoridades revelaram que mais um homem foi morto no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. “Pedimos às autoridades competentes uma apuração rápida, imparcial e efetiva dos fatos e das causas das revoltas, e que os responsáveis pelos crimes respondam na justiça”, comentou o Representante do ACNUDH, Amerigo Incalcaterra. “Ficamos consternados com o nível de violência observado recentemente nos presídios brasileiros. Não é admissível que, no Brasil, a violência e as mortes dentro das prisões sejam percebidas como normais e cotidianas”, disse Incalcaterra. Além disso, ele instou as autoridades brasileiras a adotarem medidas para prevenir a violência nas unidades prisionais. “Superlotação, condições penitenciárias inadequadas, torturas e maus-tratos contra detentos são uma realidade em muitos presídios do Brasil, e isso também contribui com a violência e constituigrave violação aos direitos humanos”, apontou o Representante do Escritório na América do Sul. “O país deve reformar seu sistema penitenciário, incluindo pelo menos uma revisão integral da política criminal brasileira e do uso excessivo da privação de liberdade como punição a crimes”, concluiu. Disponível em <http://acnudh.org/pt-br/2014/08/21813/>. Acesso em 06 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. A charge evidencia a inadequação do sistema prisional brasileiro e sugere a aplicação de penas alternativas. II. Segundo Amerigo Incalcaterra, os motins e as rebeliões têm estreita relação com a inadequação das unidades prisionais brasileiras. III. De acordo com o ACNUDH, a impunidade contribui com o aumento da violência no Brasil. A. Apenas a afirmativa I está correta. B. Apenas a afirmativa II está correta. C. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. D. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. E. Apenas a afirmativa III está correta. Justificativa. http://2.bp.blogspot.com/-J4zEUTMY2-Y/UXVdNXr6vhI/AAAAAAAAG8k/VFqZ71Wr040/s1600/Malvados+-+Sistema+Penal.jpg 92 Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Analisar criticamente a eficiência do sistema prisional brasileiro. Questão 68. Assunto/tema. Comunicação de massas: sensacionalismo. Leia os quadrinhos e o trecho que expõe o pensamento do professor e jornalista Ciro Marcondes Filho. Disponível em <http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/03/10/noticia_saudeplena,147743/pesquisa-usa-personagens-de-tirinhas-para- explicar-funcao-de-estereoti.shtml>. Acesso em 08 nov. 2014. Marcondes Filho (1986) descreve a prática sensacionalista como nutriente psíquico, desviante ideológico e descarga de pulsões instintivas. Caracteriza sensacionalismo como “o grau mais radical da mercantilização da informação: tudo o que se vende é aparência e, na verdade, vende-se aquilo que a informação interna não irá desenvolver melhor do que a manchete. Esta está carregada de apelos às carências psíquicas das pessoas e explora-as de forma sádica, caluniadora e ridicularizadora. (...) No jornalismo sensacionalista, as notícias funcionam como pseudoalimentos às carências do espírito. (...) O jornalismo sensacionalista extrai do fato, da notícia, a sua carga emotiva e apelativa e a enaltece. Fabrica uma nova notícia que a partir daí passa a se vender por si mesma”. Disponível em <http://www.wejconsultoria.com.br>. Acesso em 8 nov. 2014. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as asserções e assinale a alternativa correta. I. A reação do personagem diante da televisão revela uma visão antagônica àquela apresentada por Marcondes Filho sobre o sensacionalismo. PORQUE II. De acordo com Marcondes Filho, as notícias sensacionalistas suprem as carências de informação dos receptores, uma vez que são comprometidas com os elementos factuais essenciais. A. As duas asserções são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. B. As duas asserções são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. C. A asserção I é verdadeira e a II é falsa. D. A asserção I é falsa e a II é verdadeira. E. As duas asserções são falsas. Justificativa. 93 Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Analisar criticamente o jornalismo sensacionalista. Avaliar relação de causa e efeito. Questão 69. Assunto/tema. Saúde: atividade física. Leia o texto a seguir. Pesquisa aponta que 45,9% dos brasileiros não fazem exercícios físicos Pesquisa feita pelo Ministério do Esporte mostrou que 45,9% dos brasileiros de 15 a 74 anos estão sedentários, o que significa cerca de 67 milhões de pessoas sem praticar nenhum esporte ou nenhuma atividade física. A maior fatia de sedentários está na região Sudeste: 54,4%. Os motivos? Falta de tempo (para 58,8%), problemas de saúde (em 9,5% dos casos) e a preguiça ou falta de interesse, declarada por 11,8% dos entrevistados. A pesquisa teve 8.902 entrevistas pessoais, realizadas em 2013. Foi considerado sedentário quem declarou não ter feito esporte ou atividade física no tempo livre. Abandono Além de avaliar quem está sedentário, o ministério também perguntou a quem estava parado se havia deixado alguma prática física. Concluiu que quase 90% dos brasileiros abandonam a prática esportiva e viram sedentários até os 34 anos. Como a estudante Isabela Markman, 20 anos: “Eu fazia academia, mas parei no começo do ano e noto diferença. Passear e brincar com minha cachorrinha me deixa mais cansada”. Disponível em <http://www.metrojornal.com.br/nacional/plus/brasileiros-se-tornam-sedentarios-antes-dos-34-anos-diz-pesquisa-200699>. Acesso em 08 jun 2016 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. 94 I. De acordo com a pesquisa, 9,5% das pessoas apresentam problemas de saúde causados pelo sedentarismo. II. Conforme o texto, quase 90% dos brasileiros acima de 34 anos são sedentários, pois abandonam as práticas esportivas. III. Cerca de 60% dos brasileiros praticam futebol, segundo a pesquisa. A. Nenhuma afirmativa está correta. B. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. C. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. D. Apenas a afirmativa III está correta. E. Todas as afirmativas estão corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre prática de esporte e de atividade física. Compreender dados representados graficamente. Avaliar valores percentuais em determinado contexto. Questão 70. Assunto/tema. Meio ambiente: emissões de gases e efeito estufa. Leia o texto a seguir. EUA e China anunciam acordo para reduzir emissão de gases poluentes Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, assinaram nesta quarta-feira (12.11.2014) em Pequim um acordo para a luta contra a mudança climática, que incluirá reduções de suas emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. A iniciativa constitui o primeiro anúncio de corte das emissões de gases poluentes por parte da China e mais um pelos EUA. Pelo acordo, os EUA pretendem cortar entre 26% e 28% as emissões de gases em até 11 anos, ou seja, até 2025, o que representa um número duas vezes maior que as reduções previstas entre 2005 e 2020. Os chineses se comprometem a cortar as emissões até 2030, embora isso possa começar antes. Segundo o presidente chinês, até lá 20% da energia produzida no país vai ter origem em fontes limpas e renováveis. Estados Unidos e China representam juntos 45% das emissões planetárias de CO2, um dos gases apontado como culpado pela mudança climática. A União Europeia representa 11% das emissões planetárias de CO2. No mês passado, o bloco se comprometeu a reduzir em pelo menos 40% as emissões até 2030, na comparação com os níveis de 1990. Disponível em <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/11/eua-e-china-anunciam-acordo-para-reduzir-emissao-de-gases-poluentes.html>. Acesso em 14 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O comprometimento da China em reduzir as emissões de poluentes até 2030 significa que a poluição proveniente do país continuará em crescente aumento por mais uma década. http://g1.globo.com/topico/barack-obama.html http://g1.globo.com/topico/china/ 95 II. Apesar da importância do acordo entre Estados Unidos e China, a União Europeia será responsável por um corte maior nos volumes de gases poluentes emitidos do que o corte dos dois países, uma vez que reduzirá 40% das emissões. III. Se Estados Unidos e China, juntos, cumprirem a meta de cortar 28% da emissão dos gases poluentes, eles serão responsáveis por 27% das emissões planetárias em 2025. Assinale a alternativa correta.A. Nenhuma afirmativa está correta. B. Apenas a afirmativa I está correta. C. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. D. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. E. Apenas a afirmativa III está correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Identificar os maiores emissores de gases de efeito estufa. Diferenciar valores relativos e valores absolutos de emissões de gases de efeito estufa. Questão 71. Assunto/tema. Educação: formação do indivíduo. Leia a charge de autoria de Quino e o texto de autoria de Rubem Alves. Disponível em <http://blogs.sapo.pt/noauth?blog=perguntasparvas>. Acesso em 13 fev. 2015. Minha estrela é a educação. Educar não é ensinar matemática, física, química, geografia e português. Essas coisas podem ser aprendidas nos livros e nos computadores. Dispensam a presença do educador. Educar é outra coisa. De um educador pode-se dizer o que Cecília Meireles disse de sua avó – que foi quem a educou: “O seu corpo era um espelho pensante do universo”. O educador é um corpo cheio de mundos.... A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O mundo é maravilhoso, está cheio de coisas assombrosas. Zaratustra ria vendo borboletas e bolhas de sabão. A Adélia ria vendo tanajuras em voo e 96 um pé de mato que dava flor amarela. Eu rio vendo conchas, teias de aranha e pipocas estourando... Quem vê bem nunca fica entediado com a vida. O educador aponta e sorri – e contempla os olhos do discípulo. Quando seus olhos sorriem, ele se sente feliz. Estão vendo a mesma coisa. Quando digo que minha paixão é a educação estou dizendo que desejo ter a alegria de ver os olhos dos meus discípulos, especialmente os olhos das crianças. Disponível em <http://rubemalves.com.br/site/educador.php>. Acesso em 10 dez. 2014. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge e o texto apresentam visões semelhantes sobre o ato de ensinar e o de educar. II. De acordo com Rubem Alves, o educador deve espelhar o mundo para os alunos, transmitindo os conhecimentos escolares necessários ao seu desenvolvimento pessoal e profissional. III. Os olhos dos discípulos sorrindo simbolizam a compreensão dos alunos em relação ao que o educador apontou. IV. De acordo com a charge e o texto, o saber do educador não é importante; o conhecimento só é essencial no ato de ensinar. É correto o que se afirma somente em A. II e III. B. I e IV. C. I e III. D. I, III e IV. E. II e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Estabelecer diferenças entre ensinar e educar. Questão 72. Assunto/tema. Sustentabilidade: energia eólica. Leia o texto a seguir. Energia eólica no Brasil No início da década de 2000, uma grande seca no Brasil diminuiu o nível de água nas barragens hidrelétricas do país, causando uma grave escassez de energia. A crise, que devastou a economia do país e levou ao racionamento de energia elétrica, ressaltou a necessidade urgente do país em diversificar suas fontes de energia. (...) A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em Fernando de Noronha em 1992. Dez anos depois, o governo criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) para incentivar a utilização de outras fontes renováveis, como eólica, biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). (...) Desde a criação do Proinfa, a produção de energia eólica no Brasil aumentou de 22MW em 2003 para cerca de 1.000MW em 2011 (quantidade suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 400 mil residências). (...) Segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás, o território brasileiro tem capacidade para gerar cerca de 140GW. 97 O potencial de energia eólica no Brasil é mais intenso de junho a dezembro, coincidindo com os meses de menor intensidade de chuvas, ou seja, nos meses em que falta chuva é exatamente quando venta mais! Isso coloca o vento como uma grande fonte suplementar à energia gerada por hidrelétricas, a maior fonte de energia elétrica do país. Durante esse período podem-se preservar as bacias hidrográficas fechando ou minimizando o uso das hidrelétricas. O melhor exemplo disto é na região do Rio São Francisco. Por essa razão, esse tipo de energia é excelente contra a baixa pluviosidade e a distribuição geográfica dos recursos hídricos existentes no país. A maior parte dos parques eólicos se concentra nas regiões nordeste e sul do Brasil. No entanto, quase todo o território nacional tem potencial para geração desse tipo de energia. Disponível em <http://evolucaoenergiaeolica.wordpress.com/energia-eolica-no-brasil/>. Acesso em 05 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. De acordo com o texto, a energia eólica é uma alternativa viável para atender à demanda de cidades com até 400 mil habitantes. II. Em 2011, a energia eólica gerada no Brasil foi de menos de 1% do potencial eólico do país. III. De 2003 a 2011, a produção de energia eólica cresceu 978%. A. Apenas a afirmativa I está correta. B. Apenas a afirmativa II está correta. C. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. D. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. E. Todas as afirmativas estão corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente capacidades de geração de energia eólica. Avaliar crescimentos percentuais de geração de energia eólica. Questão 73. Assunto/tema. Violência: repressão policial. Leia o texto a seguir. Tá lá mais um corpo estendido no chão Flavio Moura. Uma juíza de São Paulo mandou soltar o policial que matou o camelô Carlos Augusto Muniz Braga durante ação na Lapa, no último dia 18. De acordo com a ordem de soltura, o assassinato se deveu ao fato de que o braço esquerdo do PM foi seguro “bruscamente”. E ainda à situação tensa em que ele se encontrava, cercado de “populares insatisfeitos com a polícia no local”. O tumulto, no entender da juíza, justifica a necessidade de o policial “então encontrar-se armado”. O vídeo circulou por todo canto. O policial aponta por três minutos a arma em todas as direções. As pessoas em volta gritam “baixa a arma!”, enquanto dois colegas seus tentam imobilizar um vendedor de rua no chão. 98 O vendedor se recusara a entregar os CDs piratas que tinha na mão. A polícia partiu pra cima e a situação se criou. Acuado, o assassino tira do bolso um spray de pimenta para dispersar o grupo ao redor. Ato contínuo, Carlos Augusto tenta tirar o spray de sua mão. É o que basta para ser executado. Ele ainda correu por alguns metros com a bala na cabeça, antes de tombar no asfalto. Isso às 17h, numa rua movimentada de um bairro de classe média de São Paulo. Não chega a surpreender a decisão da juíza (o nome da figura é Eliana Cassales Tosi de Melo e ela faz parte da 5a Vara do Júri do Foro Central Criminal de São Paulo). A lógica peculiar é praxe entre seus colegas. Basta lembrar o juiz que recentemente queria manter preso o manifestante Fabio Hideki, detido injustamente em manifestação durante a Copa do Mundo, por considerá-lo “esquerda caviar”. O que assusta é a comoção relativamente branda em torno do episódio. Da declaração tosca do prefeito, “foi um ato isolado”, aos indignados de plantão das redes sociais, tudo se passou como se fosse mais um tropeço da polícia, entre tantos outros. Fiquei pensando o que ocorreria se a cena fosse na Paulista, nas manifestações de junho do ano passado. E se a vítima fosse um jovem de classe média quebrando uma vitrine de loja ou banco (gesto a meu ver mais grave do que vender CD pirata). O governo estadual corria o risco de ser deposto. Não custa lembrar que foi a violência policialo estopim para as manifestações de junho de 2013. As primeiras passeatas foram pequenas e reprovadas pela imprensa e pela maioria da população. Quando vieram à tona as cenas de manifestantes feridos por balas de borracha, o cenário virou. Dali em diante, os editoriais deram razão aos manifestantes e a classe média ganhou as ruas em defesa do direito de protestar. O episódio da semana passada me fez lembrar uma declaração do poeta Sergio Vaz, organizador dos saraus da Cooperifa. No documentário “Junho”, produzido pela TV Folha e bom retrato das manifestações do ano passado, ele pondera. “Bala de borracha? Se lá no meu bairro a polícia usasse bala de borracha meus amigos ainda estavam vivos”. Com todo respeito aos feridos em junho de 2013, o que se deu com o camelô Carlos Augusto é motivo para alguns milhares de passeatas. A letalidade da polícia brasileira é quatro vezes maior que a dos EUA e 100 vezes maior que a inglesa. Se antes o Rio era o palco dos principais descalabros da corporação, esse posto agora parece ser ocupado por São Paulo. Na véspera do assassinato na Lapa, a PM paulista transformou o centro da cidade num campo de guerra, com gás lacrimogêneo e barricadas em chamas para despejar 200 ocupantes de um prédio vazio. Em apenas uma semana, a cidade viu repetir-se o despreparo e a truculência em duas regiões próximas. Se voltamos para trás no tempo, há exemplos a perder de vista. O governador segue blindado e na liderança das intenções de voto para as próximas eleições. E o prefeito, que não tem responsabilidade direta pela ação da PM, poderia retificar sua frase infeliz. Bem que a gente gostaria, mas o crime da semana passada não foi um ato isolado. Disponível em <https://br.noticias.yahoo.com/blogs/flavio-moura/ta-la-mais-um-corpo-estendido-no-chao-030622918.html>. Acesso em 07 nov. 2014. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O autor mostra-se indignado com a banalização da morte, afirmando que as pessoas não se mobilizam diante da violência da polícia, seja ela contra ricos ou pobres. II. O autor destaca que a violência policial contra os trabalhadores e contra os moradores de periferia geralmente não ganha grande repercussão na mídia e não estimula protestos populares. III. O objetivo do texto é criticar a pirataria, que é crime e gera confrontos entre ambulantes e policiais, espalhando violência pela cidade. IV. O texto critica a violência da polícia brasileira, mas defende a atuação repressiva diante de manifestações e crimes, uma vez que é esse o papel da instituição. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II e III. C. I e IV. D. II e IV. E. II. 99 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar um problema social brasileiro, a violência. Questão 74. Assunto/tema. Meio ambiente: resíduos sólidos. Leia o texto a seguir. Geografia e meio ambiente: uma análise da legislação dos resíduos sólidos. Fernanda Sampaio da Silva O processo de industrialização foi responsável por grandes transformações urbanas. Influenciou a multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizam a cidade moderna. Também influenciou no desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação, que interligaram distintas regiões. Foi responsável pela maior produtividade e pela consequente elevação da produção agrícola. Contribuiu ainda com o êxodo rural. Além disso, introduziu um novo modo de vida e novos hábitos de consumo, criou novas profissões, promoveu uma nova estratificação da sociedade e uma nova relação desta com a natureza. Algumas das tecnologias existentes hoje no mercado ainda trazem problemas ao meio ambiente. Entre os resíduos gerados pelo avanço desenfreado da produção e do consumo são encontrados os resíduos sólidos industriais, que podem trazer impactos com consequências para a saúde das pessoas e ao meio ambiente, desde uma escala local até mesmo global. Para que se possa reduzir a geração de resíduos sólidos industriais, minimizando possíveis impactos negativos ao meio ambiente, é necessário que haja um processo de gestão para a diminuição de resíduos durante o processo produtivo e/ou, quando possível, substituição do material utilizado, por outro que tenha maior facilidade de ser reciclado. Portanto, a reciclagem é um elemento importante para a minimização de resíduos em lixões e aterros sanitários. Assim, a geração e a disposição dos resíduos sólidos industriais em locais inapropriados constituem um problema ambiental e, por isso, seu gerenciamento deve ocorrer de forma correta e dentro da legislação, para que não seja comprometida a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente. O controle do acondicionamento, armazenamento e destinação final dos resíduos sólidos perigosos deve ocorrer de acordo com a norma ABNT - NBR 1004 de 2004, que faz uma classificação dos resíduos. Os resíduos são classificados em Classe I quando se trata de resíduos sólidos perigosos (classificados pelo seu grau de risco a saúde pública) e Classe II quando são resíduos não perigosos. Os resíduos de Classe II são subdivididos em: Classe II A, quando não são inertes e Classe II B, inertes. Os resíduos sólidos gerados devem ser controlados nas indústrias, pois fazem parte do licenciamento pelo órgão ambiental competente. Por isso, para que esse órgão tenha conhecimento dos resíduos gerados, o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA dispõe de uma resolução com o objetivo de inventariar os resíduos sólidos gerados em todo o país, para que seja elaborado o Plano Nacional para Gerenciamento de Resíduos Sólidos Gerados. O inventário é elaborado a partir de informações como quantidade, formas de acondicionamento e armazenamento e destinação final, enviadas trimestralmente ao órgão estadual competente (Resolução CONAMA Nº 313/2002). Disponível em <http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reget/article/viewFile/4083/2797>. Acesso em 12 nov. 2014 (com adaptações). Com base nas informações do texto, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. 100 I. O controle da geração de resíduos sólidos industriais depende da conscientização do consumidor a fim de que modifique seus hábitos. II. A redução na geração de resíduos sólidos está atrelada ao gerenciamento do acondicionamento, armazenamento e destinação final dos resíduos classificados como perigosos. III. A resolução CONAMA Nº 313/2002, que trata do Plano Nacional para Gerenciamento de Resíduos Sólidos, tem como objetivo conscientizar a área industrial para que exista a redução da geração de resíduos sólidos. A. Apenas a afirmativa I está correta. B. Apenas a afirmativa II está correta. C. Apenas as afirmativas I e III estão corretas. D. Apenas a afirmativa III está correta. E. Nenhuma afirmativa está correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar a questão da geração de resíduos sólidos no Brasil. Questão 75. Assunto/tema. Violência: celulares e o registro do cotidiano. Leia o texto e analise as afirmativas a seguir. O celular se torna uma arma dos cidadãos contra a impunidade Raquel Seco A polícia começou dizendo que o tiro que matou Carlos Augusto Braga na quinta-feira passada foi acidental. Poucas horas depois dos distúrbios no bairro da Lapa (São Paulo), desencadeados por uma operação contra a pirataria, a polícia se viu obrigada a retificar: o agente disparou contra a cabeça do vendedor ambulante de 30 anos quando este tentou tomar dele um spray de pimenta. Várias pessoas gravaram a cena. Os telefones celulares tornaram-se uma arma dos brasileiros contra a impunidade, especialmente das forças de segurança. A ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública registrou 1.890 mortes em operações policiais em 2012, atribuídas “rotineiramente” a tiroteios com grupos criminosos. O que aconteceria se ninguémtivesse filmado? Em 2013, 75,5% dos brasileiros com mais de 10 anos de idade tinham um telefone celular, 5% a mais que no ano anterior, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em 2012, Paulo Batista do Nascimento, de 25 anos, morreu em São Paulo depois de ser atingido por vários disparos da polícia. Um vizinho filmou-o sendo retirado de casa sob a acusação de ter participado em um assalto. Em dado momento, um policial se posiciona para atirar. Ouve-se um disparo e, quando a câmera volta a mostrar a rua, a viatura está indo embora. Os quatro policiais acusados foram absolvidos no mês passado. Em fevereiro, o país ficou chocado com a imagem de um adolescente agredido e acorrentado a um poste no Rio de Janeiro. Alguns vizinhos o castigaram por supostos roubos no bairro e produziram uma imagem especialmente dolorosa para uma nação que pôs fim à escravidão em 1888. Yvonne Bezerra de Melo, a mulher de 66 anos que alertou as autoridades, recebeu uma enxurrada de insultos nas redes sociais por ajudar “um delinquente”. 101 Cláudia Silva Ferreira, faxineira de 38 anos, morreu em 16 de março deste ano atingida por uma bala perdida em uma favela do Rio de Janeiro. A viatura policial que a levava para o hospital arrastou seu corpo pendurado no porta-malas por 250 metros. Um motorista gravou tudo. O escândalo foi enorme. Seis policiais acusados de matá-la já haviam retornado ao trabalho em julho, embora em funções longe das ruas, de acordo com o jornal O Globo. Há algumas semanas, em um centro comercial de São Paulo, a polícia abordou dois jovens negros por suspeitar que tinham roubado uma loja de roupas. Até chegar o momento em que a dona do comércio defendeu os dois, confirmando que haviam pagado por tudo o que tinham na sacola. Dezenas de pessoas gravaram a cena para deixar claro o que estava acontecendo, enquanto uma multidão se reuniu para gritar em defesa dos jovens. Os garotos e o pai deles denunciaram o comportamento da polícia. A onda de linchamentos na América Latina também chegou ao Brasil. Em abril, durante a febre de execuções populares, o sociólogo José de Souza Martins dizia ao EL PAÍS: “Três anos atrás, eram três ou quatro por semana. Depois das manifestações de junho (de 2013), passaram a uma média de uma tentativa por dia. Hoje temos mais de uma tentativa por dia”. Um jovem de 24 anos foi espancado até a morte por vizinhos dentro do hospital onde era examinado para determinar se ele havia estuprado um menor. Uma pessoa filmou dezenas de pessoas invadindo o centro médico. No total, 24 pessoas estão sendo investigadas. O presídio do Maranhão, que enfrenta problemas de corrupção, superlotação e insegurança, chamou a atenção da mídia novamente quando o jornal Folha de S. Paulo publicou o vídeo, extremamente violento, no qual três prisioneiros apareciam decapitados. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/21/sociedad/1411333593_390676.html>. Acesso em 24 set. 2014. I. As imagens captadas por celulares, de acordo com o texto, podem ser uma arma para os cidadãos se defenderem da arbitrariedade do poder público. II. De acordo com o texto, os celulares têm contribuído para a redução da violência no Brasil. III. As imagens gravadas serviram de prova em 1.890 mortes ocorridas em operações policiais em 2012. É correto o que se afirma apenas em A. I. B. I e II. C. III. D. I e III. E. II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar o uso de imagens de celular como instrumento de defesa do cidadão. Questão 76. Assunto/tema. Preconceito: xenofobia. Com base no texto a seguir, analise as afirmativas. O vírus letal da xenofobia Eliane Brum Uma epidemia, como Albert Camus sabia tão bem, revela toda a doença de uma sociedade. A doença que esteve sempre lá, respirando nas sombras (ou nem tão nas sombras assim), manifesta sua face horrenda. Foi assim no Brasil na semana passada. Era uma suspeita de ebola, fato suficiente, pela letalidade do vírus, para exigir o máximo de seriedade das autoridades de saúde, como aconteceu. 102 Descobrimos, porém, a deformação causada por um vírus que nos consome há muito mais tempo, o da xenofobia. E, como o outro, o “estrangeiro”, a “ameaça”, era africano da Guiné, exacerbada por uma herança escravocrata jamais superada. O racismo no Brasil não é passado, mas vida cotidiana conjugada no presente. A peste não está fora, mas dentro de nós. Foi ela, a peste dentro de nós, que levou à violação dos direitos mais básicos do homem sobre o qual pesava uma suspeita de ebola. Contrariando a lei e a ética, seu nome foi exposto. Seu rosto foi exposto. O documento em que pedia refúgio foi exposto. Ele não foi tratado como um homem, mas como o rato que traz a peste para essa Oran chamada Brasil. Deste crime, parte da imprensa, se tiver vergonha, se envergonhará. Ainda existe a espera de um segundo teste para o vírus do ebola. Não importa se der negativo ou positivo, devemos desculpas. Não sei se há desamparo maior do que alcançar a fronteira de um país distante, nessa solidão abissal. E pedir refúgio, essa palavra-conceito tão nobre, ao mesmo tempo tão delicada. E então se sentir mal, e cada um há de saber como a fragilidade da carne nos escava. Corrói mesmo aqueles que têm o melhor plano de saúde num país desigual. Ele, desabitado da língua, era desterrado também do corpo. Para alcançar o que viveu o homem desconhecido, porque o que se revelou dele não é ele, mas nós, é preciso vê-lo como um homem, não como um rato que carrega um vírus. Para alcançá-lo, é preciso vestir o homem. Mas só um humano pode vestir um humano. E logo ouviu-se o clamor. Não é hora de fechar as fronteiras?, cobrou-se das autoridades. Que os ratos fiquem do lado de fora, onde sempre estiveram. Que os ratos apodreçam e morram. Para os ratos não há solidariedade nem compaixão. Parece que nada se aprendeu com a Aids, com aquele momento de vergonha eterna em que os gays foram escolhidos como culpados, o preconceito mascarado como necessária medida sanitária. E quem são os ratos, segundo parte dos brasileiros? Há sempre muitos, demais, nas redes sociais, dispostos a despejar suas vísceras em praça pública. No Facebook, desde que a suspeita foi divulgada, comprovou-se que uma das palavras mais associadas ao ebola era “preto”. “Ebola é coisa de preto”, desmascarou-se um no Twitter. “Alguém me diz por que esses pretos da África têm que vir para o Brasil com essa desgraça de bactéria (sic) de ebola”, vomitou outro. “Graças ao ebola, agora eu taco fogo em qualquer preto que passa aqui na frente”, defecou um terceiro. Acreditam falar, nem percebem que guincham. “Descrever uma epidemia é uma forma magistral de revelar as diversas formas de totalitarismo que maculam uma sociedade. Neste quesito, os brasileiros não economizaram. A divulgação, por meios de comunicação que atingem dezenas de milhões de pessoas, da foto de um homem negro, vindo da África, como suspeito de ebola, foi a apoteose do fantasma do estrangeiro como portador da doença”, afirmou a esta coluna Deisy Ventura, professora de direito internacional da Universidade de São Paulo, pesquisadora das relações entre direito e saúde, autora do livro Direito e Saúde Global – O caso da pandemia de gripe A (H1N1). “Veja que este fantasma é mobilizado em relação aos pobres, sobretudo negros, nunca em relação aos estrangeiros ricos e brancos. O escravagismo, terrível doença da sociedade brasileira, associa-se ao desejo conjuntural de dizer: este governo não deveria ter deixado essas pessoas entrarem. É uma espécie de lamento: tanto se esforçaram as elites para branquear este país, e agora querem preteá-lo?” A África desponta, de novo e sempre, como o grande outro. Todo um continente povoado por nuances e diversidades reduzido à homogeneidade da ignorância – a um fora. Como disse um imigrante de Burkina Faso à repórter FabianaCambricoli, do jornal O Estado de S. Paulo: “Os brasileiros não sabem que Burkina Faso é longe dos países que têm ebola. Acham que é tudo a mesma coisa porque somos negros”. Ele e dezenas de imigrantes de diversos países da África estão sendo hostilizados e expulsos de lugares públicos na cidade de Cascavel, no Paraná, onde o primeiro caso suspeito foi identificado. Tornaram-se “os caras com ebola”, apontados na rua “como os negros que trouxeram o vírus para o Brasil”. O ebola não parece ser um problema quando está na África, contido entre fronteiras. Lá é destino. O ebola só é problema, como escreveu o pesquisador francês Bruno Canard, porque o vírus saiu do lugar em que o Ocidente gostaria que ele ficasse. “A militarização da resposta ao ebola, que com a anuência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em setembro último, passou da Organização Mundial da Saúde a uma Missão da ONU, revela que a 103 grande preocupação da comunidade internacional não é a erradicação da doença, mas a sua contenção geográfica”, reforça Deisy Ventura. Para o homem que alcançou o Brasil em busca de refúgio e teve sua dignidade violada na exposição de seu nome, rosto e documentos, ainda existe a espera de um segundo teste para o vírus do ebola. Não importa se der negativo ou positivo, devemos desculpas. Devemos reparação, ainda que saibamos que a reparação total é uma impossibilidade, e que essa marca pública já o assinala. Não é uma oportunidade para ele, é para nós. É preciso reconhecer o rato que respira em nós para termos alguma chance de nos tornarmos mais parecidos com um humano. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/13/opinion/1413206886_964834.html>. Acesso em 13 out. 2014. I. Metaforicamente, a xenofobia é uma peste que se espalha na sociedade, alimentada por postagens em redes sociais. II. A xenofobia manifesta-se, no Brasil, contra o estrangeiro em geral, pois somos um povo ainda culturalmente atrasado. III. O ódio e o preconceito são geralmente dirigidos a grupos socialmente excluídos ou desprivilegiados. De acordo com o texto, é correto o que se afirma em A. I, II e III. B. I, apenas. C. II, apenas. D. I e III, apenas. E. III, apenas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente comportamentos xenófobos. Questão 77. Assunto/tema. Educação: formas de ensinar. Leia o texto e a charge a seguir. Podemos modificar a forma de ensinar José Manoel Moran Ensinar e aprender exigem, hoje, muito mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da nossa mente e da nossa vida. A aquisição da informação dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor - o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. Aprender depende também do aluno, de que ele esteja pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente, emocionalmente. 104 Enquanto a informação não fizer parte do contexto pessoal - intelectual e emocional - não se tornará verdadeiramente significativa, não será aprendida verdadeiramente. Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/T6%20TextoMoran.pdf>. Acesso em 18 dez 2014 (com adaptações). Disponível em <http://www.cartuns.com.br/page1.html>. Acesso em 18 dez. 2014. Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. Segundo o texto, no futuro, os professores não serão mais necessários no processo de ensino e aprendizagem. II. A charge enaltece o fato de que já dispomos, hoje em dia, de profissionais autodidatas, que aprenderam suas profissões consultando a internet, o que corrobora o texto. III. A charge e o texto destacam a internet como forma de aprendizagem e consideram ultrapassadas as formas tradicionais de ensino. IV. Segundo o texto, é importante que o conteúdo a ser aprendido faça parte da realidade do aluno; se não o fizer, não há a necessidade de se ensinar tal conteúdo. A. Nenhuma afirmativa está correta. B. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. C. Apenas as afirmativas I e IV estão corretas. D. Apenas as afirmativas I e III estão corretas. E. Todas as afirmativas estão corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Analisar criticamente o binômio “informação e conhecimento”. 105 Questão 78. Assunto/tema. Tecnologia: obtenção de água potável. Leia o texto a seguir. Criada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), a tecnologia nomeada "Ecolágua" utiliza raios ultravioleta (UV) para purificar água de rios e torná-la potável em poucos segundos. A ideia surgiu após apelo de indígenas, que revelaram mortes por ingestão de água contaminada no interior do Amazonas. Segundo o desenvolvedor do equipamento, o pesquisador alemão Roland Vetter, a iniciativa para elaboração da tecnologia veio em forma de apelo. Índios da etnia Deni pediram ajuda para frear a ocorrência de doenças causadas por água contaminada. “Nós queríamos instalar para eles um secador solar para madeira e frutas. Eles disseram ‘É muito bom, mas não é disso que precisamos’. Eles estavam morrendo por ingerir água suja do rio Xeruã”, contou. Conforme Vetter, 11 índios Deni morreram vítimas de doenças diarreicas causadas por bactérias da espécie Escherichia coli somente em 2005. O quadro clínico, semelhante ao da cólera, assustou os indígenas. De acordo com o pesquisador, a desinfecção da água ocorre porque os microrganismos, em contato com os raios ultravioleta tipo C, perdem a capacidade de se multiplicar. Em termos técnicos, a luz provoca um dano fotoquímico instantâneo no material genético dos microrganismos, o que causa o efeito desinfetante. Anteriormente nomeado ‘Água Box’, o equipamento pesa cerca de 15 kg e pode "limpar" facilmente água de rios, poços e da chuva. De acordo com Vetter, água de rios urbanos, como a Bacia do Turamã, em Manaus, ou o Rio Tietê, em São Paulo, também pode ser purificada pelo equipamento, que realiza uma filtragem prévia para conter alguns resíduos sólidos, como areia e outros sedimentos. A luz do sol é capturada por painéis solares, que mantêm carregada uma bateria dentro do equipamento. Dessa forma, a tecnologia garante o funcionamento de uma lâmpada ultravioleta, responsável pela destruição dos microrganismos. Com o processo de filtragem adequado - cujo equipamento específico é anexado ao Ecolágua -, o pesquisador do Inpa, Ray Cleise, que fez parte da concepção da tecnologia, garante que águas turvas podem se tornar límpidas. A máquina garante a eficiência de desinfecção em 99,99%, conforme testes feitos em laboratório. Uma mostra d'água coletada do Rio Solimões constatou a contaminação por bactérias Escherichia coli, que estão presentes no intestino humano, além de índices de turbidez superiores ao admissível. Após o tratamento com a tecnologia, as bactérias foram destruídase a turvação passou de 27,90 UNT - Unidade Nefelométrica de Turbidez - para 1,64 UNT. O produto começou a ser disponibilizado no mercado há cerca de dois meses, pela empresa Qluz Ecoenergia. De acordo com o empresário responsável pela venda do produto, Roberto Lavor, a expectativa é de que a máquina beneficie não só brasileiros, mas também pessoas de todas as regiões do mundo. "Nós temos um grande potencial de água doce, que não é mais potável, pois está suja e cheia de impurezas. Vivemos na maior bacia hidrográfica do planeta, mas que não garante aos ribeirinhos o acesso à água potável. O 'Ecolágua' é um instrumento viável que torna a água potável de forma quase instantânea", explicou Lavor. Disponível em <http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2014/11/na-amazonia-tecnologia-usa-raios-uv-e-sol-para-purificar-agua-de-rios.html>. Acesso em 12 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. O raio ultravioleta do tipo C é usado para purificar a água de rios por meio de danos no material genético dos microrganismos. II. O equipamento desenvolvido pelo Inpa é composto por um conjunto de filtros para redução da turbidez da água. III. O Ecolágua tem painéis solares, que alimentam uma bateria responsável pelo funcionamento de uma lâmpada ultravioleta cuja função é danificar o material genético dos microrganismos. IV. O Ecolágua tem filtros que, alimentados por uma bateria, são capazes de retirar todo material particulado da água em tratamento. V. Ray Cleise, que fez parte da concepção do desenvolvimento do equipamento, garante que águas turvas podem se tornar límpidas apenas pela ação solar. 106 A. Apenas as afirmativas I e V estão corretas. B. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. C. Apenas as afirmativas I e III estão corretas. D. Apenas a afirmativa III está correta. E. Nenhuma afirmativa está correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar propriedades dos raios ultravioleta tipo C. Reconhecer o funcionamento básico do equipamento Ecolágua. Questão 79. Assunto/tema. Saúde pública: ebola. Leia o texto a seguir. Para especialista da OMS, ebola pode ter matado milhares além do oficial. Especialista diz que famílias podem ter enterrado pessoas em segredo. Cálculo é baseado em taxa de mortalidade de países mais afetados. Agência France Presse (AFP) O número real de vítimas mortais da letal epidemia de ebola provavelmente excederá em milhares as 4.818 do último balanço, difundido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), advertiu um especialista desta organização. "Há muitíssimas mortes não registradas nesta epidemia", afirmou à AFP Christopher Dye, responsável pela Estratégia da OMS, considerando que as vítimas mortais fora do registro oficial podem chegar a 5 mil. Para chegar a esse número, ele se baseou na taxa de mortalidade da doença nos países mais afetados (Guiné, Serra Leoa e Libéria), que é de 70%. A OMS estimou haver um total de 13.042 casos diagnosticados, o que significa que muitas mortes não foram comunicadas. Segundo Dye, uma explicação para essa diferença é que as pessoas teriam enterrado familiares em segredo, para evitar que autoridades interferissem em seus ritos funerários, que incluem lavar e tocar o morto. O contato com pessoas portadoras do vírus é o responsável por boa parte dos contágios, razão pela qual as autoridades sanitárias dos países afetados no oeste da África estão realizando um forte trabalho de conscientização para que os corpos das pessoas infectadas sejam incinerados. Disponível em <http://g1.globo.com/bemestar/ebola/noticia/2014/11/para-especialista-da-oms-ebola-pode-ter-matado-milhares-alem-do-oficial.html>. Acesso em 07 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas. I. Se a taxa de mortalidade é de 70% e o número total de casos é de 13.042, estimam-se mais de 9.000 mortes. II. Segundo o texto, os rituais funerários de vários grupos revelam ignorância e atraso cultural e isso explica o fato de algumas doenças primitivas só existirem no continente africano. III. Segundo o texto, as pessoas enterram seus familiares em segredo porque as normas para evitar o contágio impediriam seus rituais. 107 É correto o que se afirma em A. I e III, somente. B. I e II, somente. C. III, somente. D. I, somente. E. I, II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto sobre problemas de saúde pública relacionados ao ebola. Avaliar valores percentuais. Questão 80. Assunto/tema. Alimentação: desperdício de alimentos. Leia a charge e a notícia a seguir. Disponível em <https://www.facebook.com/BoicoteOConsumismo/photos>. Acesso em 13 nov. 2014. Brasil desperdiça 40 mil toneladas de alimentos todos os dias Embrapa diz que 19 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas com alimento jogado fora. De acordo com o órgão, o desperdício ocorre, principalmente, durante a preparação de refeições Mônica Clica/Flickr São Paulo – O desperdício de alimentos no Brasil chega a 40 mil toneladas por dia, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba). Anualmente, a quantia acumulada é suficiente para alimentar cerca de 19 milhões de pessoas diariamente. De acordo com o estudo, a maior parte dos alimentos é desperdiçada durante o preparo das refeições. O nutricionista Gilcélio Gonçalves de Almeida explica que grande parte dos nutrientes dos alimentos está na casca e que se perde muito com o hábito de descascar legumes e frutas. “A casca da banana pode ser usada para fazer doce ou farofa e ela continua com as propriedades alimentares que ela tem”, argumenta. Além disso, o nutricionista aponta que a casca da abóbora ajuda a controlar o açúcar no sangue. Disponível em <http://www.redebrasilatual.com.br>. Acesso em 13 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas. I. A culpa pelo desperdício de alimentos é, em grande parte, atribuída ao cultivo de produtos orgânicos, como mostram os dois textos, pois esse tipo de produção requer técnicas que descartam partes das frutas, das verduras e dos legumes. 108 II. A crítica da charge baseia-se na oposição entre aqueles que podem escolher o consumo de produtos mais caros e os que não têm acesso à alimentação digna. III. O foco da charge é a crítica à produção de orgânicos, que, por serem em geral mais caros do que os não orgânicos, geram mais desperdícios. IV. De acordo com a notícia, estima-se que 19 milhões de pessoas passem fome no Brasil. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II e III. C. I e IV. D. II e IV. E. II. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Avaliar o desperdício de alimentos. Compreender crítica à desigualdade social. Questão 81. Assunto/tema. Tecnologia: mundo virtual. Leia os quadrinhos e o texto a seguir. Disponível em <https://www.facebook.com/tirasarmandinho/photos>. Acesso em 30 nov. 2014. O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, foi escrito pelo filósofo Platão e está contido em “A República”, no livro VII. Na alegoria, narra-se o diálogo de Sócrates com Glauco e Adimato. É um dos textos mais lidos no mundo filosófico. A história narra a vida de alguns homens que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e ficavam voltados para o fundo dela. Ali contemplavam uma réstia de luz que refletia sombras no fundo da parede. Esse era o seu mundo. Certo dia, um dos habitantes resolveu voltar-se para o lado de fora da caverna e logo ficou cego devido à claridade da luz. E, aos poucos, vislumbrou outro mundo com natureza, cores, “imagens” diferentes do que estava acostumado a “ver”. Voltou para a cavernapara narrar o fato aos seus amigos, mas eles não acreditaram nele e revoltados com a “mentira” o mataram. Com essa alegoria, Platão divide o mundo em duas realidades: a sensível, que se percebe pelos sentidos, e a inteligível (o mundo das ideias). O primeiro é o mundo da imperfeição e o segundo encontraria toda a verdade possível para o homem. Assim, o ser humano deveria procurar o mundo da verdade para que consiga atingir o bem maior para sua vida. Em nossos dias, muitas são as cavernas em que nos envolvemos e pensamos ser a realidade absoluta. Disponível em <http://filosofia.uol.com.br>. Acesso em 30 nov. 2014 (com adaptações). 109 Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O personagem da charge afirma que vivemos na caverna de Platão porque ele não tem acesso às modernas tecnologias. II. A referência ao mito da caverna de Platão alude ao fato de que a vida virtual, por meio dos modernos aparelhos, é intensa hoje. III. Os quadrinhos enaltecem os modernos aparelhos como forma de ter acesso a informações, uma vez que o personagem pôde aprender filosofia por meio da internet. IV. A expressão “caverna de Platão” na tirinha tem sentido positivo e enaltece a sociedade tecnológica contemporânea. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II e IV. C. III e IV. D. II. E. I e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Compreender o uso da expressão “caverna de Platão” no contexto da sociedade atual. Questão 82. Assunto/tema. Educação: sistemas de ensino. Leia o texto a seguir. Educação 2.0: ensino personalizado para cada aluno Marcelo Brandão O ensino como forma unificada de transmissão de conhecimento, independentemente das características de cada aluno, parece estar com os dias contatos. Nada mais de ensinar de um único jeito para alunos distintos. A proposta é implementar um “aprendizado adaptativo” por meio de toda a tecnologia online disponível para individualizar o ensino a cada estudante. Uma proposta ambiciosa, que pretende abarcar toda Espanha e América Latina até o final de 2015. Para alcançar esse objetivo, o projeto utilizará todo o potencial da Internet e do Big Data - que acumulará todo o histórico do aluno permitindo conhecer seus talentos e suas fraquezas e definir um plano de ensino que melhor se adapte a ele. E com o auxílio de ferramentas de análises em rede, proporcionará um conhecimento para o melhor caminho profissional e educativo desse aluno. Ou seja, a personalização passa ser a chave de todo o projeto educacional. No entanto, esse modelo segue tendo como pilar principal o professor. “Por exemplo, o programa dirá a ele que: nessa semana foram explicados 32 conceitos. O aluno assimilou 27. Esses são os cinco que merecem reforço. Ou, esse aluno é muito esperto e está aprendendo sem problemas, porém está se esforçando ao limite”, explica Manuela Clara, sobre o quão acessível e o quão didática é a ferramenta para os professores. 110 A nova proposta de ensino já começa a apresentar boa aceitação entre os docentes. Segundo uma pesquisa realizada pela Santillana entre professores que fizeram alguns testes com a plataforma, 82% dos consultados acreditam que a porcentagem de alunos aprovados na matéria aumentaria em 10%. A tecnologia como ferramenta educativa já não é mais questionável. Videojogos e outros passatempos têm auxiliado, há um bom tempo, o desenvolvimento de nossas habilidades e seduzido nossa fome por conhecimento. A novidade aqui, no entanto, abre espaço para um avanço e uma discussão mais ampla envolvendo percepção e a análise psíquica de cada indivíduo (...). Disponível em <http://consumidormoderno.uol.com.br/index.php/inovacao/novas-tecnologias>. Acesso em 12 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A proposta apresentada no texto refere-se ao ensino personalizado a cada estudante, de acordo com suas facilidades e dificuldades de aprendizagem, por meio da tecnologia online disponível. II. Essa proposta de ensino minimiza o papel do professor na educação, conferindo à tecnologia a capacidade de ensinar. III. De acordo com o texto, a plataforma já é aceita e utilizada por 82% dos professores. É correto o que se afirma em A. I, II e III. B. II e III, apenas. C. II, apenas. D. I e III, apenas. E. I, apenas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar ferramenta que torna o ensino mais personalizado. Questão 83. Assunto/tema. Questão de gêneros: educação para a igualdade. Leia a charge e o texto a seguir. Disponível em <http://gabrielacaldeiraaranhaposusp.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html>. Acesso em 15 fev. 2015. Garotinha de seis anos dá lição de igualdade de gênero para editora de livros infantis Aos seis anos de idade, a garotinha Parker Danis costumava ser fã da série ‘Biggest, Baddest Book of Bugs’. Mas quando percebeu que na mensagem da contracapa estava escrito que aquele era um livro “para garotos”, ela decidiu enviar uma carta com reclamações muito adultas para a editora ABDO. 111 “Queridos publicadores, eu sou uma garota de seis anos de idade e acabei de ler ‘Biggest, Baddest Book of Bugs’. Eu realmente gostei da seção dos insetos que brilham no escuro e das questões no fim. Mas quando vi que a contracapa dizia que aquele era um livro para garotos eu fiquei muito triste. Fiquei chateada por existir algo como um “livro para garotos”. Vocês deveriam colocar “para meninos e meninas” em vez de “para meninos”, pois algumas garotas também querem ser entomologistas”. Enviada no dia 20 de abril, a editora respondeu para a garota 20 dias depois com a seguinte mensagem: “Você tocou em um ponto muito importante: deveríamos ter feito ‘Biggest, Baddest Book of Bugs’ para todos. Afinal, garotas podem gostar de ‘coisas de garotos’ também. Nós decidimos levar em conta o seu conselho e na próxima edição o livro se chamará simplesmente ‘Biggest, Baddest Book of Bugs’”. Um tempo depois (com Parker completando seus maduros sete anos), a editora enviou a nova edição – já alterada – para a garota. Em resposta à mudança, Parker disse publicamente: “Se quiserem, meninos podem ter cabelos grandes e garotas, cabelos curtos”. Disponível em <http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2014/12/garotinha-de-seis-anos-da-licao-de-igualdade-de-genero-para-editora-de-livros- infantis.html>. Acesso em 08 dez. 2014. Com base nas leituras, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. A garota da notícia e a da tirinha assumem posturas distintas, uma vez que a amiga de Calvin defende que há “coisas de menino e coisas de menina” e, por isso, não quer subir na árvore. II. A crítica da menina na carta à editora fundamenta-se no argumento de que a ciência é algo que interessa aos dois gêneros, diferentemente de outros assuntos mais específicos. III. Os dois textos posicionam-se contrariamente à discriminação por gênero, que pode se manifestar desde a infância. É correto o que se afirma somente em A. I e III. B. II e III. C. III. D. I e II. E. I. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Analisar criticamente situações de discriminação por gênero. Questão 84. Assunto/tema. Impostos: carga tributária no Brasil. Analise a charge e texto a seguir. Disponível em <http://1.bp.blogspot.com>. Acesso em 15 dez. 2014. 112 Brasil é o pior em retorno de impostos à ação, aponta estudo. Pela quinta vez consecutiva, o Brasil é o país que proporciona o pior retorno de valores arrecadados com tributos em qualidade de vida para a sua população. A conclusão consta de estudo do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) que compara 30 países com maior carga tributária em relação ao PIB (Produto InternoBruto) e verifica se o que é arrecadado por essas nações volta aos contribuintes em serviços de qualidade. Estados Unidos, Austrália e Coréia do Sul ocupam respectivamente as primeiras posições do ranking. O Brasil está em 30º lugar, atrás da Argentina (24º) e do Uruguai (13º). Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/04/1434959-brasil-e-o-pior-em-retorno-de-imposto-a-populacao-aponta-estudo.shtml>. Acesso em 15 dez. 2014. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas. I. A crítica tanto da charge quanto do texto é direcionada ao fato de que os cargos públicos e os privilégios no Brasil ainda são hereditários, resquício de nosso passado colonial. II. A charge e o texto entram em contradição, uma vez que a charge mostra um cenário otimista de continuidade e a notícia critica o sistema tributário brasileiro. III. De acordo com os dados da notícia, no Uruguai, o volume de imposto arrecadado é maior do que no Brasil. Assinale a alternativa certa. A. Apenas a afirmativa I está correta. B. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. C. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. D. Nenhuma afirmativa está correta. E. Apenas a afirmativa III está correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Entender ranking de volume de impostos arrecadados que retorna aos contribuintes na forma de serviços públicos. Analisar criticamente a política tributária brasileira. Questão 85. Assunto/tema. Educação: relação entre pais e filhos. Leia o texto e a charge a seguir. Para educar um filho Rubem Alves Era uma sessão de terapia. “Não tenho tempo para educar a minha filha”, ela disse. 113 Um psicanalista ortodoxo tomaria essa deixa como um caminho para a exploração do inconsciente do cliente. Ali estava um fio solto no tecido da ansiedade materna. Era só puxar o fio... Culpa. Ansiedade e culpa nos levariam para o sinistro subterrâneo da alma. Mas eu nunca fui ortodoxo. Sempre caminhei ao contrário na religião, na psicanálise, na universidade, na política, o que tem me valido não poucas complicações. O fato é que eu tenho um lado bruto, igual àquele do Analista de Bagé. Não puxei o fio solto dela. Ofereci-lhe meu próprio fio. “Eu nunca eduquei os meus filhos...”, eu disse. Ela fez uma pausa perplexa. Deve ter pensado: “Mas que psicanalista é esse que não educa seus filhos?”. “Nunca educou seus filhos?”, perguntou. Respondi: “Não, nunca. Eu só vivi com eles”. Essa memória antiga saiu da sua sombra quando uma jornalista, que preparava um artigo dirigido aos pais, me perguntou: “Que conselho o senhor daria aos pais?”. Respondi: “Nenhum. Não dou conselhos. Apenas diria: a infância é muito curta. Muito mais cedo do que se imagina, os filhos crescerão e baterão as asas. Já não nos darão ouvidos. Já não serão nossos. No curto espaço da infância há apenas uma coisa a ser feita: viver com eles, viver gostoso com eles. Sem currículo. A vida é o currículo. Vivendo juntos, pais e filhos aprendem. A coisa mais importante a ser aprendida nada tem a ver com informações. Conheço pessoas bem informadas que são idiotas perfeitos. O que se ensina é o espaço manso e curioso que é criado pela relação lúdica entre pais e filhos”. Ensina-se um mundo! Vi, numa manhã de sábado, num parquinho, uma cena triste: um pai levava o filho pra brincar. Com a mão esquerda empurrava o balanço. Com a mão direita segurava o jornal que estava lendo... Em poucos anos, sua mão esquerda estará vazia. Em compensação, ele terá duas mãos para segurar o jornal. Disponível em <http://www.pingodegente.com.br/2010/01/um-pouco-de-rubem-alves/>. Acesso em 15 dez. 2014. Disponível em <http://speranzanueva.blogspot.com.br/2013/06/charge_12.html>. Acesso em 15 dez. 2014. Com base nas leituras, analise as afirmativas. I. O humor da charge concentra-se na contradição entre a afetividade exibida em redes sociais e o convívio real entre pai e filho. II. O autor sugere que os filhos não devem ser educados, pois o tempo é curto e, em poucos anos, eles crescem e não escutam mais os pais. III. O comportamento do pai da charge assemelha-se ao do pai com o filho no parquinho, relatado por Rubem Alves. IV. De acordo com Rubem Alves, a falta de informações faz com que os pais não saibam educar seus filhos. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II e III. C. I e III. D. III e IV. E. I, II e III. 114 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Analisar criticamente o processo de educar filhos. Questão 86. Assunto/tema. Arte: Leonardo da Vinci. Leia o texto a seguir. Autorretrato ''mágico'' de Da Vinci foi escondido de Hitler Um dos autorretratos mais famosos do mundo está em Turim, na Itália, e raramente é exibido ao público. É o autorretrato de Leonardo da Vinci, feito há 500 anos. Sua fama vem não apenas do fato de ter sido produzido por Da Vinci, mas também por seus supostos poderes mágicos. Segundo a lenda, o olhar de Da Vinci em seu autorretrato é tão intenso que aquele que o observa recebe uma força extraordinária. Diz-se, inclusive, que foi devido a esse poder místico, e não ao valor cultural ou monetário do desenho, que ele foi levado de Turim para Roma durante a Segunda Guerra Mundial. Isso porque ninguém queria que o quadro caísse nas mãos de Adolph Hitler. Ninguém queria correr o risco de dar a Hitler ainda mais poderes. Essa foi, na época, a única obra retirada de toda a vasta coleção de desenhos e manuscritos da Biblioteca Real de Turim. O atual diretor da biblioteca, Giovanni Saccani, disse que ninguém sabe ao certo onde o quadro estava escondido. "Para evitar que os nazistas o levassem, colocou-se em prática uma grande operação para transportá-lo em total sigilo para Roma." Apesar da importância da obra, não há um consenso entre especialistas se ela é mesmo um autorretrato de Da Vinci. "Ele não era fã da ideia de autorretratos", afirma James Hall, autor do livro "O autorretrato: uma história cultural", que duvida que o retrato tenha sido feito por Da Vinci. Já Saccani, diretor da Biblioteca Real, não tem dúvidas: "O poder expressivo de seu rosto está absolutamente aliado a uma emoção e uma habilidade que apenas Leonardo podia ter." Atualmente, o autorretrato é considerado tão valioso que há um decreto dizendo que só se pode mudá- lo de lugar com uma permissão ministerial. No entanto, nas próximas semanas, 50 pessoas por hora terão permissão para visitar o local. Apesar de haver mais de 80 importantes obras do porte de Rembrandt e Van Dyck, a maioria dos visitantes estará lá para ver o famoso autorretrato "mágico" de Da Vinci. E muitas delas certamente terão em mente outra lenda sobre o quadro: diz-se que antes de fazer uma prova, muitos estudantes revisam a matéria em um lugar na biblioteca que fica diretamente em cima do "porão" onde está o autorretrato. Segundo essa crença popular, quem estuda perto da genialidade de Leonardo da Vinci é contagiado por ela. Disponível em <http://entretenimento.ne10.uol.com.br/artes-visuais/noticia/2014/11/04/autorretrato-magico-de-da-vinci-foi-escondido-de-hitler-517688.php>. Acesso em 05 nov. 2014 (com adaptações). http://entretenimento.ne10.uol.com.br/artes-visuais/noticia/2014/11/04/autorretrato-magico-de-da-vinci-foi-escondido-de-hitler-517688.php http://entretenimento.ne10.uol.com.br/artes-visuais/noticia/2014/11/04/autorretrato-magico-de-da-vinci-foi-escondido-de-hitler-517688.php 115 Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. De acordo com o texto, o quadro foi levado de Turim para Roma porque seu alto valor interessava aos nazistas. II. Considerando a crença popular, quem estuda olhando para as obras de Leonardo da Vinci é contagiado por sua sabedoria. III. A comprovação do poder místicodo autorretrato de Da Vinci está no fato de os alunos que estudam perto da obra terem bons resultados nas provas. A. Apenas a afirmativa I está correta. B. Apenas a afirmativa II está correta. C. Apenas a afirmativa III está correta. D. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. E. Nenhuma afirmativa está correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Compreender a trajetória do autorretrato de Leonardo da Vinci. Questão 87. Assunto/tema. Sociedade contemporânea: racionalidade técnica e problemas sociais. Leia o texto de Antonio Candido e analise as afirmativas a seguir. Em comparação a eras passadas, chegamos a um máximo de racionalidade técnica e de domínio sobre a natureza. Isso permite imaginar a possibilidade de resolver grande número de problemas materiais do homem, quem sabe inclusive o da alimentação. No entanto, a irracionalidade do comportamento é também máxima, servida frequentemente pelos mesmos meios que deveriam realizar os desígnios da racionalidade. Assim, com a energia atômica podemos ao mesmo tempo gerar força criadora e destruir a vida pela guerra; com o incrível progresso industrial aumentamos o conforto até alcançar níveis nunca sonhados, mas excluímos dele as grandes massas que condenamos à miséria. CANDIDO, Antonio. Direito à Literatura in: Vários Escritos. I. O autor considera irracionais as tecnologias modernas. II. O autor destaca as contradições materiais do nosso tempo, afirmando que a racionalidade técnica não implica o fim das desigualdades sociais. III. O autor afirma que a racionalidade técnica, com o domínio sobre a natureza, é suficiente para resolver os problemas da humanidade. IV. O autor enaltece a evolução tecnológica, uma vez que ela melhora as condições de vida da população, possibilitando confortos nunca antes imaginados. É correto o que se afirma somente em A. I e II. B. II. C. III e IV. D. II e IV. E. II e III. 116 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar o contraste entre “racionalidade técnica” e “irracionalidade do comportamento humano”. Avaliar criticamente quem são os favorecidos pelos confortos vindos da evolução tecnológica. Questão 88. Assunto/tema. Saúde pública: medicina preventiva e desigualdade social. Leia o texto a seguir. Vitória sobre infecções O mundo está às vésperas de uma conquista inédita. Em breve, as doenças infecciosas, que vêm há milênios dizimando bebês e crianças, podem deixar de ser a principal causa de mortalidade infantil. Um estudo recente que modelou dados de 194 países mostra que, dos 6,3 milhões de crianças com até cinco anos de idade que morreram em 2013, 52% faleceram devido a moléstias infecciosas. Três anos antes, eram 64%. A virada está próxima, se é que já não ocorreu. Isoladamente, a principal causa de óbito é a prematuridade (15,4%), seguida de perto pela pneumonia (14,9%). Grandes vilões do passado, notadamente as diarreias, mas também sarampo e tétano, já não ocupam as primeiras posições. Segundo os autores da pesquisa, publicada no periódico médico britânico "The Lancet", a diminuição das mortes em 2013 em relação a 2000 pode ser atribuída a ganhos no controle da pneumonia, diarreia e sarampo. São avanços formidáveis da humanidade. A partir desse ponto, contudo, melhorias tendem a ficar mais difíceis. Aos poucos, os países esgotam o arsenal de ações fáceis, capazes de atingir grandes fatias da população - oferecer água tratada e esgoto, fazer campanhas de vacinação e pelo aleitamento materno. À medida que se registram reduções nas mortes por infecções, os óbitos neonatais (até o 28º dia de vida) tendem a ganhar preponderância - e as iniciativas para enfrentá-los se tornam cada vez mais individualizadas e caras. Se o quadro global, de todo modo, é bastante positivo, há uma nota negativa para a qual é preciso chamar a atenção: permanecem abissais as diferenças entre as diversas regiões do planeta. Enquanto Estados desenvolvidos já baixaram há vários anos a mortalidade infantil para faixas inferiores a 10 óbitos por mil nascimentos com vida e nações emergentes estão chegando lá, países da África subsaariana continuam mal. Respondendo por 25% dos nascimentos no mundo e quase 50% dos óbitos de crianças até cinco anos, esse grupo eleva a taxa média do planeta para 46 óbitos por mil nascimentos com vida. Um índice bem melhor que os 200 por mil estimados para a Idade Média, mas muito pior do que aquele que seria possível atingir com o nível de conhecimento médico e avanço tecnológico do mundo. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/12/1555682-editorial-vitoria-sobre-infeccoes.shtml>. Acesso em 03 mar. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. Em 2013, a pneumonia foi a principal causa de morte de crianças de até cinco anos, superando, pela primeira vez, o número de óbitos por doenças infecciosas. II. A promoção de água tratada e esgoto, as campanhas de vacinação e o estímulo ao aleitamento materno são medidas suficientes para erradicar a mortalidade infantil. 117 III. Os dados mostram que o índice de mortalidade de crianças até cinco anos na África subsaariana é cerca de quatro vezes menor do que o estimado para a Idade Média e mais de quatro vezes maior do que o observado em Estados desenvolvidos. IV. A queda na taxa de mortalidade de crianças de até cinco anos provocada por doenças infecciosas não é homogênea no planeta, sendo menor nas regiões menos desenvolvidas. A. Nenhuma afirmativa está correta. B. Apenas as afirmativas I e III estão corretas. C. Apenas a afirmativa IV está correta. D. Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. E. Todas as afirmativas estão corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Distinguir taxa média mundial de mortalidade e índices de mortalidade infantil. Analisar criticamente diferentes taxas de mortalidade infantil em diversas regiões do planeta. Questão 89. Assunto/tema. Tecnologia: redes sociais e trabalho. (Enade 2014 – com adaptações). Leia o texto a seguir. Importante website de relacionamento caminha para 700 milhões de usuários. Outro conhecido servidor de microblogging acumula 140 milhões de mensagens ao dia. É como se 75% da população brasileira postassem um comentário a cada 24 horas. Com as redes sociais cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, é inevitável que muita gente encontre nelas uma maneira fácil, rápida e abrangente de se manifestar. Uma rede social de recrutamento revelou que 92% das empresas americanas já usaram ou planejam usar as redes sociais no processo de contratação. Dessas, 60% assumem que bisbilhotam a vida dos candidatos em websites de rede social. Realizada por uma agência de recrutamento, uma pesquisa com 2500 executivos brasileiros mostrou que 44% desclassificariam, no processo de seleção, um candidato por seu comportamento em uma rede social. Muitas pessoas já enfrentaram problemas por causa de informações online, tanto no campo pessoal quanto no profissional. Algumas empresas e instituições, inclusive, já adotaram cartilhas de conduta em redes sociais. POLONI, G. O lado perigoso das redes sociais. Revista INFO, pp. 70-75, julho 2011 (com adaptações). De acordo com o texto, A. mais da metade das empresas americanas evita acessar websites de redes sociais de candidatos a emprego. B. empresas e instituições estão atentas ao comportamento de seus funcionários em websites de redes sociais. C. a complexidade dos procedimentos de rastreio e monitoramento de uma rede social impede que as empresas tenham acesso ao perfil de seus funcionários. 118 D. as cartilhas de conduta adotadas nas empresas proíbem o uso de redes sociais pelos funcionários,em vez de recomendar mudanças de comportamento. E. a maioria dos executivos brasileiros utilizaria informações obtidas em websites de redes sociais para desclassificar um candidato em processo de seleção. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Avaliar dados percentuais de uso das redes sociais em processos de contratação de funcionários. Questão 90. Assunto/tema. Sociedade contemporânea: internet, redes sociais e conhecimento. Leia a charge a seguir. Disponível em <http://blogs.odiario.com/wilteixeira/wp-content/uploads/sites/36/2010/08/cartum02blog.jpg>. Acesso em 03 ago. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O objetivo da charge é enaltecer o modo como a internet contribui para a construção do conhecimento dos jovens. II. Na charge, sugere-se que o contato com as redes sociais pode, muitas vezes, fazer com que as pessoas percam o contato com o mundo real. III. O personagem da charge reconhece, no mundo real, aquilo que aprendeu na realidade virtual, o que indica o papel educativo da internet atualmente. É correto o que se afirma somente em A. I. B. II. C. III. D. I e II. E. I e III. Justificativa. 119 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar charge. Analisar criticamente o processo de alienação do jovem que apenas vive no mundo digital. Questão 91. Assunto/tema. Economia: globalização e relações de trabalho. Leia o texto a seguir. O fim do trabalho? Thomaz Wood Jr. O trabalho é ideia milenar nem sempre muito apreciada. A Grécia antiga não o tinha em grande conta e o considerava um inimigo da virtude, a cercear os homens de suas mais nobres aptidões, as quais deveriam ser desenvolvidas na filosofia e na política. As sociedades industrializadas modernas, contrariamente aos gregos, celebram o trabalho como valor central, algo capaz de gerar riqueza e bem- estar, beneficiando o indivíduo e a sociedade. Algumas tendências em curso sinalizam o declínio dos empregos estáveis, de tempo integral. A crise econômica do fim dos anos 2000 e a presente recessão brasileira nos levam a relembrar o drama do desemprego. Quando cortam quadros ou encerram atividades, as empresas projetam uma sombra sobre as comunidades. A arrecadação diminui, o consumo cai, os serviços básicos são afetados, a coesão cultural é enfraquecida e multiplicam-se patologias sociais e dramas pessoais. Os últimos séculos foram marcados por reinvenções sucessivas do trabalho, da agricultura para a indústria e desta para os serviços. As transições foram traumáticas, mas cada estado final representou uma evolução em relação ao seu ponto de partida, com mais empregos e mais riqueza. As tendências atuais apontam, entretanto, para a criação de uma massa paralela de destituídos, sem emprego ou competências para subsistir em um mundo intensivo em tecnologia. Podemos identificar três grandes tendências. A primeira delas é a superação do trabalho pelo capital. Desde os anos 1980, as empresas investiram em reestruturações e em automação industrial, na busca de formas eficientes para organizar o trabalho e automatizar seus processos. O resultado foi o enxugamento dos quadros e uma perda progressiva do poder de barganha do trabalho diante do capital. A segunda tendência é o desaparecimento progressivo do trabalhador. Estatísticas norte-americanas indicam um aumento inexorável do porcentual de homens que não estão trabalhando ou procurando por trabalho. A terceira tendência relaciona-se ao avanço das tecnologias de informação e comunicação. Os impactos de mudanças tecnológicas podem demorar anos para se manifestar, mas, quando ocorrem, são contundentes. Vendedores, caixas, atendentes e funcionários de escritórios são os primeiros na linha de fogo. O trabalho preenche três funções sociais: é uma forma pela qual a economia produz bens, um meio de as pessoas garantirem seu sustento e uma atividade que provê sentido e propósito à vida das pessoas. O que ocorrerá se as tendências acima mencionadas se aprofundarem? A primeira função social parece cada vez menos dependente de trabalhadores. A economia poderá continuar produzindo bens, com menor número de empregos. Mas sem salários, quem irá consumi-los? A terceira função social poderá ser substituída, uma vez que há outras atividades passíveis de prover sentido e propósito para os indivíduos. Mas o que ocorrerá com a segunda função social? Como continuar a garantir o sustento sem uma oferta condizente de empregos? Muitas pessoas detestam sua profissão, seu emprego ou ambos. Porém perder o ganha-pão pode ser trágico. Nos países desenvolvidos, a infraestrutura madura e as redes de proteção social, aliadas a certa criatividade individual e doses crescentes de empreendedorismo, poderão tornar a vida na informalidade laboral passável, até recompensadora. Nos países em desenvolvimento, a transição poderá ser mais dura e trágica. Entretanto, o pessimismo necessário deve ser temperado com doses homeopáticas de otimismo. Trabalhos estáveis e de tempo integral talvez sejam vistos no futuro como peculiaridade de uma época. Os nostálgicos lamentarão seu desaparecimento. Outros celebrarão seu declínio como uma porta aberta ao cultivo das virtudes, como desejavam os antigos gregos. Disponível em <http://www.cartacapital.com.br/revista/860/o-fim-do-trabalho-5512.html>. Acesso em 03 ago. 2015 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. 120 I. Para os gregos, o trabalho era visto como algo ordinário e reservado às classes inferiores, e tal visão justifica a recente crise econômica que a Grécia enfrenta, pois, segundo o texto, “as sociedades industrializadas modernas, contrariamente aos gregos, celebram o trabalho como valor central, algo capaz de gerar riqueza e bem-estar, beneficiando o indivíduo e a sociedade”. II. Segundo o texto, a redução de trabalhadores põe em risco a produção mundial, uma vez que “estatísticas norte-americanas indicam aumento inexorável do percentual de homens que não estão trabalhando”. III. Depreende-se do texto que a virtude humana sempre esteve associada ao trabalho e à produtividade, uma vez que o trabalho enobrece e dignifica o homem. IV. De acordo com o texto, a automação industrial e os avanços tecnológicos são responsáveis pela transformação das relações de trabalho. É correto o que se afirma somente em A. I e IV. B. II e IV. C. I, II e III. D. III e IV. E. IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente relações de trabalho. Questão 92. Assunto/tema. Economia: globalização e desigualdades. Leia a charge e o texto a seguir. Disponível em <http://2.bp.blogspot.com/-9J813AqbckY/T-_r9B5hvaI/AAAAAAAABWs/elOPjU96_a0/s1600/rio-mais-vinte-110612-walter-humor-politico.gif>. Acesso em 11 ago. 2015. Por uma outra globalização Milton Santos Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a 121 intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aosespíritos é um mundo de fabulações, que se aproveita do alargamento de todos os contextos (...) para consagrar um discurso único. Seus fundamentos são a informação e o seu império, que encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se põem ao serviço do império do dinheiro, fundado este na economização e na monetarização da vida social e da vida pessoal. De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro seria o mundo como ele pode ser: uma outra globalização. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2000. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge e o texto indicam a impossibilidade de um mundo fora do alcance do capital internacional, já que a base material por meio da qual se produz a história humana impede críticas ao discurso hegemônico da globalização. II. A charge revela a globalização como fábula, uma vez que o fluxo de mercadorias e de capital não altera a vida das comunidades rurais e a realidade é ignorada pelos seus habitantes. III. A charge enaltece o progresso que a globalização promove, o que descaracteriza seu caráter perverso, descrito no texto de Milton Santos. IV. O foco do texto é apregoar os benefícios da globalização, que permite produção em alta velocidade e circulação contínua das informações, com extraordinário progresso das ciências e das técnicas. Com base na leitura, assinale a alternativa certa. A. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. B. Apenas as afirmativas I e III estão corretas. C. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. D. Todas as afirmativas estão corretas. E. Nenhuma afirmativa está correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Analisar criticamente o processo de globalização. Questão 93. Assunto/tema. Educação: valorização do professor. Leia a charge e a reportagem a seguir. 122 Disponível em <https://www.facebook.com/quebrandootabu/photos/a.575920612464330.1073741825.165205036869225/879913415398380/?type=1&theater>. Acesso em 03 ago. 2015. Pesquisa põe Brasil em topo de ranking de violência contra professores Uma pesquisa global feita com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas. Na enquete da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a Austrália, com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero. O tema da violência em sala de aula foi destacado por internautas ouvidos pela BBC Brasil como um assunto que deveria receber mais atenção por parte dos candidatos presidenciais e vem gerando acirrados debates em posts que publicamos nos últimos dias nas nossas páginas em redes sociais. "A escola hoje está mais aberta à sociedade. Os alunos levam para a aula seus problemas cotidianos", disse à BBC Brasil Dirk Van Damme, chefe da divisão de inovação e medição de progressos em educação da OCDE. O estudo internacional sobre professores, ensino e aprendizagem (TALIS, na sigla em inglês) também revelou que apenas um em cada dez professores no Brasil acredita que a profissão é valorizada pela sociedade; a média global é de 31%. O Brasil está entre os dez últimos da lista nesse quesito, que mede a percepção que o professor tem da valorização de sua profissão. O lanterna é a Eslováquia, com 3,9%. Em seguida, estão a França e a Suécia, onde só 4,9% dos professores acham que são devidamente apreciados pela sociedade. Já na Malásia, quase 84% (83,8%) dos professores acham que a profissão é valorizada. Na sequência, vêm Cingapura, com 67,6%, e a Coreia do Sul, com 66,5%. A pesquisa ainda indica que, apesar dos problemas, a maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho, mas "não se sentem apoiados e reconhecidos pela instituição escolar e se veem desconsiderados pela sociedade em geral", diz a OCDE. Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/08/140822_salasocial_eleicoes_ocde_valorizacao_professores_brasil_daniela_rw>. Acesso em 03 ago. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge critica a falta de respeito dos alunos, que, em geral, não foram educados para bater à porta. II. Se a charge for lida no contexto apresentado pela reportagem, entende-se a ambiguidade presente na expressão “entre sem bater”. III. Com base nos dados, em países asiáticos, o trabalho docente é mais valorizado do que no Brasil. IV. De acordo com os dados, o número de professores agredidos no Brasil é cerca de 2,8% maior do que o número de professores agredidos na Austrália. É correto o que se afirma somente em A. II, III e IV. B. I, II e IV. C. I e III. D. II e III. E. III e IV. 123 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Analisar a violência contra o professor em sala de aula. Questão 94. Assunto/tema. Sociedade: civilização e progresso. Leia a charge a seguir. Disponível em <http://4.bp.blogspot.com/-vPaxSI5C8AA/UcLrH-sFVMI/AAAAAAAAHoY/gfU7C-C0tIk/s640/Charge_Progresso1.jpg>. Acesso em 03 ago. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge ilustra a evolução histórica da civilização e sugere que a humanidade caminha em direção ao progresso. II. A charge relaciona positivamente o desenvolvimento tecnológico e o bem-estar dos cidadãos. III. A charge indica que o caminho para o progresso exige perseverança e só é possível no ambiente urbano. Assinale a alternativa certa. A. Nenhuma afirmativa está correta. B. Apenas a afirmativa I está correta. C. Apenas a afirmativa II está correta. D. Apenas a afirmativa III está correta. E. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. Justificativa. 124 Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar charge. Analisar criticamente consequências do progresso no trânsito. Questão 95. Assunto/tema. Sociedade do controle: internet e redes sociais. Leia o texto a seguir. Bem-vindos à maravilhosa e medonha Zuckernet Os perigosos efeitos de conhecer o mundo através de uma única rede social Bia Granja Outro dia, um jornalista deu a melhor definição que já ouvi sobre o Facebook: a rede social criada por Mark Zuckerberg é como um cachorro gigantesco correndo em sua direção no parque - você nunca sabe se ele vai arrancar sua cabeça com uma dentada ou te dar uma lambida carinhosa. O Facebook é o amigo-inimigo; ruim com ele, pior sem ele. É também o centro da vida de 1,4 bilhão de pessoas no mundo e de 50% dos brasileiros. Desses, 67% informam-se prioritariamente por essa rede social. Ou seja, 30% dos brasileiros têm no Facebook sua fonte primária de notícias e informações. Mas quase 100% deles não fazem ideia de que o Facebook edita o que eles veem em suas timelines; de que essa rede social tem um algoritmo escrito por um menino de 26 anos que define o que 1,4 bilhão de pessoas no mundo devem ler; e de que isso empobrece nossa visão de mundo e fere um princípio básico da internet, o de fornecer acesso à informação sem censura e sem filtro. Você curte ser manipulado? Você acha legal ter sua visão de mundodeterminada por terceiros? Você não se sente meio idiota sabendo que o conteúdo que você acha que está escolhendo consumir, na verdade, foi escolhido por outro alguém? Os mais apocalípticos dizem que o Facebook é a verdadeira Deep Web, porque tudo o que está ali não é nem indexável nem buscável — pelo menos para nós. Os cientistas de dados da rede social têm acesso ao que 20% da população mundial curte, compartilha, comenta, consome, lê, se interessa, em quem vota, o que come, com quem se relaciona, o que compra, o que ama, o que odeia e tudo o mais que despejamos no Facebook diariamente. Além de essa inteligência (capaz de prever resultados de eleições) ser vendida para marcas, governos e organizações, há notícias de que são realizados experimentos questionáveis com essa base de usuários. Um desses experimentos vazou para a mídia uma vez, quando eles manipularam as emoções de milhares de usuários só porque… podiam! Isso é o que sabemos, mas existem coisas acontecendo no backstage da nossa rede social favorita de que nem fazemos ideia e que nos afetam diretamente. Com o objetivo de fazer a rede social ser cada vez mais relevante para os usuários (para que eles não saiam nunca de lá) e com a grande e autoproclamada missão de levar a internet para os dois terços da população mundial que não têm acesso a ela, o Facebook toma medidas extremamente centralizadoras e questionáveis. O Internet.org, seu projeto “altruísta” de levar internet gratuita a populações carentes, é uma delas. A pessoa não ganha acesso a toda a internet, ganha acesso ao Facebook e a mais uma pequena porção de outros sites. Ou seja, a medida que expande sua base de usuários (um dos grandes desafios da rede social no momento) acaba corroborando a visão que uma grande parcela de usuários da rede tem, de que o Facebook é TODA a internet. A rede social tornou-se a primeira e principal experiência wébica que muita gente tem aqui no Brasil, e uma parcela enorme dos brasileiros conectados não conhece nada na internet além do Facebook. Inclusão digital é algo maravilhoso, mas conhecer o mundo através do olhar e das regras de uma única rede social, sem experimentar a verdadeira web, que é livre, colaborativa e criativa, é problemático. O Facebook não é a internet, é a Zuckernet — um cachorro gigante que corre na sua direção e que vai arrancar a sua cabeça… na base da dentada ou da lambida. Disponível em <https://www.youpix.com.br/bem-vindos-%C3%A0-maravilhosa-e-medonha-zuckernet-3e27f304dc13>. Acesso em 23 jun. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas. 125 I. O texto enaltece a democratização de informações possibilitada pelo Facebook a mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. II. De acordo com a autora, o altruísmo de Zuckerberg faz com que sua missão seja disponibilizar a rede para a maior parte das pessoas no mundo, inclusive nas regiões carentes. III. O texto critica a seleção e a divulgação de informações controladas pelo Facebook com fins comerciais, uma vez que a rede fornece dados a empresas e instituições. IV. Segundo o texto, muitas pessoas não percebem que as informações que aparecem nas suas timelines são determinadas por um algoritmo que define um recorte e uma visão de mundo. Assinale a alternativa certa. A. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. B. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. C. Apenas as afirmativas I e IV estão corretas. D. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. E. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente efeitos do Facebook sobre as pessoas. Questão 96. Assunto/tema. Sociedade brasileira: política e corrupção. Leia o texto e a charge a seguir. Corrupção no Brasil: das colônias a todas as esferas da política e do mercado O Brasil sofre com a corrupção desde antes de ganhar este nome. Junto com as caravelas, chegou e se desenvolveu também a prática que ajuda a manter o status da elite e as amarras do povo, sempre à mercê dos mais diversos esquemas, em uma herança corruptora passada de geração a geração. Talvez o país nunca tenha a real dimensão dos crimes praticados, que garantiriam manchetes muito mais arrepiantes do que as que costumam escandalizar a sociedade brasileira. E as relações promíscuas não se limitam ao poder público, na esfera privada também é comum. O Jornal do Brasil levanta alguns casos para ilustrar a quincentenária pilhagem do bem público. Apesar de não ser de exclusividade do Brasil, a corrupção teve um desenrolar específico nestas terras. Como a Corte precisava convencer pessoas a trabalharem em um desconhecido Brasil, oferecia privilégios em funções desempenhadas sem vigilância e definição de papéis, para garantir a ocupação das terras e a criação de instituições. Práticas de corrupção passaram a permear diversos níveis do funcionalismo público, passando do governador, dos tabeliães e dos oficiais de justiça para chegar até os cargos mais baixos da Câmara - funcionários que tinham a prática de favorecer ou prejudicar comerciantes, sob pagamento de propina, por exemplo, indicam documentos históricos. Vide também o tráfico de escravos africanos, que era visto sem maiores problemas apesar de denúncias de autoridades internacionais. A corrupção se tornava frequente até nos locais em que a Coroa prestava maior atenção, como no litoral do país, mas em locais menos notados, como Minas Gerais e Goiás, devido à distância e às dificuldades 126 de transporte, as coisas aconteciam de forma ainda pior. A Coroa, inclusive, estimulava que os fidalgos fizessem o que quisessem para mandar e garantir a posse de territórios. A corrupção eleitoral e a relacionada a obras públicas surgiram logo com a proclamação da Independência, em 1822. Visconde de Mauá, por exemplo, que fundou a indústria naval brasileira em 1846, ao construir estaleiros da Companhia Ponta da Areia, em Niterói, recebeu licença para a exploração de cabo submarino e a transferiu a uma companhia inglesa da qual se tornou diretor. Projetos de grande porte para o país recém-liberto do império se tornavam fonte de dinheiro fácil para grupos oligárquicos. Mais à frente, com a proclamação da República em 1889, veio a Política dos Governadores, a influência dos coronéis e o voto de cabresto. Acabava o "voto censitário", que definia renda mínima para qualificar o eleitor, mas vinham outras formas de controlar quem poderia chegar ao poder. Entre 1894 e 1930, o país teve o governo de presidentes civis ligados ao setor agrário, que controlavam as eleições mantendo- se no poder de maneira alternada. O professor e autor de livros didáticos de história Roberto Catelli Jr., no artigo A República do Voto, relata que, como o voto não era obrigatório nem secreto, o coronel oferecia dinheiro, roupas e chapéus para que os eleitores comparecessem às urnas, e os capangas verificavam o preenchimento da cédula. Ao apurar os votos, eleitores eram inventados e atas com resultados eram adulteradas. Havia a Comissão de Verificação de Poderes, para criar argumentos para não empossar candidatos da oposição (degola) e diplomar representantes da oligarquia. Muitos outros casos foram surgindo ao longo do século seguinte, como o caso de corrupção eleitoral que levou Getúlio Vargas ao seu primeiro ciclo de poder e os casos de corrupção e desvio de verbas na construção de Brasília no governo JK. Da ditadura, também não faltam histórias. Disponível em <http://www.jb.com.br/pais/noticias/2014/12/14/corrupcao-no-brasil-das-colonias-a-todas-as-esferas-da-politica-e-do-mercado/>. Acesso em 14 ago. 2015 (com adaptações). Disponível em <http://cienciaecriticacultural.blogspot.com.br/2010/08/charge.html>. Acesso em 14 ago. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. Segundo a charge, a compra de votos só acontece com indivíduos mais pobres, que não têm bens materiaise cedem ao suborno de políticos. II. O fim do voto censitário no Brasil tornou as eleições um processo igualitário e democrático, sem brechas para irregularidades. III. O texto defende a ideia de que a corrupção sempre esteve presente no setor público do Brasil, mas a participação do setor privado é recente. IV. De acordo com o texto, a histórica imbricação entre o público e o privado no Brasil é a origem dos esquemas de corrupção. 127 É correto o que se afirma apenas em A. I e IV. B. III e IV. C. II e III. D. IV. E. I e II. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Refletir sobre a histórica corrupção no setor público e no setor privado do Brasil. Questão 97. Assunto/tema. Sociedade brasileira: invisibilidade social. Leia a charge e a reportagem a seguir. Disponível em <http://netodestrovocanhota.blogspot.com.br/2014/09/invisiveis.html>. Acesso em 05 ago. 2015. A dignidade morreu no horário de pico María Martín Vendedor de doces e balas nos superlotados trens do Rio de Janeiro, Adílio dos Santos, como o resto dos colegas de profissão, cruzava os trilhos para evitar que os fiscais apreendessem sua mercadoria. Até que um maquinista o atropelou na tarde desta terça-feira. Ele caiu entre os trilhos e, minutos depois, outro trem passou por cima de seu corpo por ordem da empresa que gerencia o serviço. O corpo de Adílio estava interrompendo o tráfego, a estação de Madureira estava lotada e 6.000 passageiros precisavam que o trecho fosse liberado para chegar às suas casas. Adílio dos Santos teve o azar de morrer no horário de pico. A morte e o tratamento dados ao corpo desse vendedor ambulante e ex-presidiário de 33 anos seria invisível não fossem os passageiros gravarem a cena com seus celulares. A SuperVia, companhia responsável pelos trens urbanos da região metropolitana do Rio, reconheceu que o centro de controle da empresa ordenou que o trem continuasse, em um “procedimento de exceção, sob absoluto controle”, 128 devido ao tráfego intenso de trens com milhares de passageiros. A companhia afirma que Adílio já estava morto, mas a perícia ainda não havia chegado para atestá-lo. Horas depois, Eunice Feliciano, mãe de Adílio, assistia estarrecida à cena na televisão sem saber que aquele corpo pixelado na tela, que sumia embaixo de um trem sob o comando de funcionários da estação, era do seu filho. “É uma coisa terrível, uma desumanidade, fizeram sinal para o trem vir, mas o que é isso?”, desabafou Eunice, aos repórteres. “A gente já estava horrorizada com a situação e depois anunciam que era meu filho. Tem como?”, questiona, antes de lágrimas cortarem sua fala. A empresa considerou que o trem tinha altura suficiente para ultrapassar o corpo sem atingi-lo e que a paralisação da linha criaria transtornos para toda a movimentação do horário, quando cerca de 200.000 pessoas viajam em todo o sistema ferroviário. “Passageiros retidos em trens parados tendem a descer irregularmente na linha, aumentando riscos de incidentes, como já ocorreu outras vezes”, justificou a SuperVia. O trem que passou por cima do corpo de Adílio liberou o espaço para desviar outras duas composições que aguardavam lotadas no mesmo trilho. Três trens dando marcha a ré era uma “manobra complicada”, diz a empresa. Apesar dos potenciais problemas que o corpo de Adílio poderia ter causado no sistema, os bombeiros o encontraram por coincidência. A empresa assegura que os acionou logo depois do acidente, mas o Corpo de Bombeiros nega. Eles foram chamados mais de duas horas após o atropelamento por uma ocorrência de trauma, não relacionada com a morte de Adílio, na mesma estação. “Durante o atendimento, a equipe foi informada pelos funcionários da SuperVia que havia um corpo na linha férrea, próximo ao local de atendimento à vítima de trauma. Um policial militar já estava no local aguardando perícia”, afirma a assessoria do Corpo de Bombeiros. A equipe, então, constatou o óbito e continuou o atendimento do caso para o qual foi chamada até que os bombeiros foram acionados de novo, agora para retirar o cadáver. O corpo de Adílio deixou a linha do trem por volta das 20h, três horas depois do atropelamento. O Governo do Rio pediu punição para os culpados. O secretário estadual de Transportes, Carlos Osório, disse que os responsáveis devem ser identificados. "O que aconteceu em Madureira é um absurdo, uma situação que não pode acontecer em hipótese nenhuma. Foi um desrespeito, uma desumanidade você autorizar um trem passar por uma via que está interrompida por um corpo de uma pessoa morta", disse Osório. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil qualificou o episódio como uma “barbaridade” e a Agetransp, agência reguladora que fiscaliza os transportes no Rio de Janeiro, abriu uma investigação para apurar as responsabilidades. A família de Adílio não tinha condições de pagar o funeral. O vendedor foi enterrado nesta sexta-feira com o dinheiro da SuperVia. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/31/politica/1438377272_774029.html>. Acesso em 05 ago. 2015 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge e a reportagem revelam a insensibilidade frente à morte de pessoas que são consideradas invisíveis pela sociedade. II. A charge e a reportagem denunciam situações de descaso em relação aos indivíduos socialmente menos favorecidos. III. A charge e a reportagem defendem que o interesse coletivo deve prevalecer sobre os problemas individuais. É correto o que se afirma em A. I e II, somente. B. II, somente. C. I e III, somente. D. II e III, somente. E. I, II e III. Justificativa. 129 Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Refletir sobre a invisibilidade social de pessoas. Questão 98. Assunto/tema. Educação: ensino e política. Leia a charge a seguir. Disponível em <http://www.tiagoluchini.eu/2007/12/19/desigualdade-ii/>. Acesso em 22 jun. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge aponta os alunos que não estudam e depredam a escola como os responsáveis pela má qualidade do ensino brasileiro. II. pronome “eles” refere-se aos políticos e o pronome “tu” refere-se aos alunos displicentes. III. A charge estabelece uma relação entre a má qualidade da educação brasileira e a escolha de políticos. IV. Os elementos visuais da charge remetem ao universo da escola e a estrutura do texto simula uma aula de estudo dos verbos. É correto o que se afirma apenas em A. I, II e III. B. I, II e IV. C. I, III e IV. D. II, III e IV. E. III e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar charge. Relacionar investimento em educação e qualidade do ensino. 130 Questão 99. Assunto/tema. Movimentos migratórios: xenofobia. Leia a charge e o texto sobre o processo de migração de africanos para o continente europeu. Disponível em <www.operamundi.uol.com.br>. Acesso em 10 set. 2015. ...A relação dos europeus com os náufragos nas suas costas expressa, da forma mais radical, a concepção predominante no Velho Continente, conforme o antigo adágio: civilização ou barbárie. A preocupação dos governos europeus é apenas a proteção do seu território, para que episódios dramáticos, como os que vêm acontecendo há tempos e se agudizando nas últimas semanas, deixem de ocorrer ou diminuam. Não há nenhuma posição em relação às causas da imigração. É de tal forma escandalosa a postura europeia, que nenhum governo ou instância africana participa das reuniões que buscam soluções para os problemas. As únicas referências a governos africanos são ao Marrocos e à Tunísia, buscando apoiar ações que permitam dificultar a saída de embarcações – já que a Líbia, que antes funcionava como contenção para essa saída, agoranem sequer um Estado tem. O que significa que os governos europeus nem cogitam atacar a raiz dos problemas, os que geram a imigração maciça para a Europa desde a África. As condições econômicas e sociais dos países africanos estão inquestionavelmente na origem do problema. E essas condições, por sua vez, têm raízes históricas diretamente vinculadas à Europa. A África foi não somente explorada profunda e extensamente nos seus recursos naturais pelas potências colonizadoras europeias, como foi vítima do mais brutal dos crimes – a escravidão. Milhões e milhões de africanos foram arrancados do seu mundo para serem transferidos para um continente alheio, para trabalhar como raça inferior, produzindo riquezas para a elite branca europeia. A África foi colonizada até poucas décadas atrás e, mesmo com a independência, não mudou sua situação econômica e social, porque seguiu sendo explorada nos seus recursos naturais. A imigração de africanos para um dos continentes mais ricos do mundo – em grande medida por ter sido colonizador e escravizador – é um fenômeno que ocorre já há algumas décadas. Porém, pelo menos uma parte desses trabalhadores imigrantes eram absorvidos, porque eram funcionais a um mercado de trabalho que necessita de mão de obra de pouca qualificação, para funções secundárias. Quando veio a crise econômica, que atinge frontalmente a Europa, em 2008 e ainda sem prazo para acabar, a África foi prejudicada de várias maneiras. Por um lado, a retração europeia foi exportada para os países africanos pela diminuição da demanda dos seus produtos e pela retração nos investimentos. Por outro, especialmente em alguns deles, pela diminuição brusca do turismo, que em alguns países é um fator essencial para o emprego e a economia no seu conjunto. Nesses anos, as tentativas desesperadas dos africanos de chegar à Europa se intensificaram, enquanto o desemprego e a expulsão de trabalhadores imigrantes nos países europeus aumentaram a crise. Como resultado dessa combinação de fatores, a quantidade de tentativas de chegada à Europa e o número de pessoas envolvidas nelas aumentaram exponencialmente. Disponível em <www.redebrasilatual.com.br>. Acesso em 10 set. 2015. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas. I. A charge e o texto propõem ações que solucionam as causas da imigração de africanos para o continente europeu. 131 II. A crise econômica na Europa tem impulsionado movimentos xenófobos, que se opõem à entrada de imigrantes em países desse continente. III. O esgotamento dos recursos naturais dos países africanos é a principal causa do movimento migratório dos africanos em direção aos continentes americano e europeu. Assinale a alternativa certa. A. Apenas as afirmativas I e II são corretas. B. Apenas as afirmativas II e III são corretas. C. Apenas as afirmativas I e III são corretas. D. Apenas a afirmativa II é correta. E. Nenhuma afirmativa é correta. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Refletir sobre movimentos migratórios. Questão 100. Assunto/tema. Direitos humanos: literatura e arte. Leia o texto a seguir, trecho de “O direito à literatura”, do professor Antonio Candido. E aí entra o problema dos que lutam para que isso aconteça, ou seja: entra o problema dos direitos humanos. Por quê? Porque pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que os nossos direitos são mais urgentes do que os do próximo. Nesse ponto, as pessoas são frequentemente vítimas de uma curiosa obnubilação. Elas afirmam que o próximo tem direito, sem dúvida, a certos bens fundamentais, como casa, comida, instrução, saúde, coisas que ninguém bem formado admite hoje em dia que sejam privilégio de minorias, como são no Brasil. Mas será que pensam que seu semelhante pobre teria direito a ler Dostoievski ou ouvir os quartetos de Beethoven? Apesar das boas intenções no outro setor, talvez isto não lhes passe pela cabeça. E não por mal, mas somente porque quando arrolam os seus direitos não estendem todos eles ao semelhante. Ora, o esforço para incluir o semelhante no mesmo elenco de bens que reivindicamos está na base da reflexão sobre os direitos humanos. Disponível em <http://www.escolamobile.com.br/emedio/vereda/arquivos/portugues/3cport_etc_01.pdf>. Acesso em 19 jun. 2015. Com base na leitura, analise as asserções e assinale a alternativa correta. I. As pessoas que reconhecem os direitos humanos à saúde, à moradia e à alimentação também estendem aos mais pobres o direito à arte. PORQUE II. O reconhecimento de que os bens indispensáveis para nós são também necessários aos outros é fundamental para a discussão dos direitos humanos. 132 A. As asserções I e II são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. B. As asserções I e II são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. C. A asserção I é falsa, e a II é verdadeira. D. A asserção I é verdadeira, e a II é falsa. E. As asserções I e II são falsas. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar relação de causa e efeito. Refletir sobre o acesso aos direitos humanos, em suas várias categorias, a todos. Questão 101. Assunto/tema. Saúde: vida moderna e obesidade. Leia o texto e a charge a seguir. Reclama pro bispo Dráuzio Varella Os brasileiros não param de engordar. Estão acima do peso 51% dos adultos (eram 43%, em 2006). São classificados como obesos 17% (eram 11%, em 2006). O futuro não parece promissor: 1/3 das crianças de 5 a 9 anos tem excesso de peso. Assim, empataremos com os norte-americanos. Lá, 3 em cada 4 adultos carregam sobrepeso. Mais de 30% da população caem na faixa da obesidade. Teoricamente, o problema da obesidade pode ser resumido numa equação singela: quem ingere mais calorias do que gasta, ganha peso; quem faz o oposto, emagrece. Seria ridículo negar que a agitação e as comodidades da vida moderna, a publicidade, a disponibilidade e o baixo custo de alimentos altamente calóricos conspiram a favor da disseminação da epidemia, mas jogar em fatores ambientais a culpa pela gordura que você acumulou no abdômen não vai ajudá-lo a evitar as complicações da obesidade (...) O corpo humano é uma máquina construída para o movimento. Se você precisa ou faz questão de passar o dia sentado, a liberdade à mesa fica comprometida. Se no seu dia não sobra um minuto para fazer exercício, você está vivendo errado, está deixando de levar em consideração seu bem mais precioso: o corpo. Enquanto não dá um jeito nessa vida miserável, aumente a atividade física no local em que estiver: suba escada, fale ao telefone dando volta na mesa, alongue os caminhos a pé, abaixe e levante o tempo inteiro, não ande a passos de lesma. No começo, vão achar que você perdeu o juízo, mas o povo se acostuma. Sejamos claros: a medicina não sabe tratar obesidade. Descontados os conselhos dietéticos ou as cirurgias bariátricas indicadas para os casos extremos, quase nada temos a oferecer. Se os médicos não dispõem da pílula mágica, a responsabilidade com o peso e a sobrevivência é individual. É cada um por si e Deus por ninguém, porque gula é um dos pecados capitais. Disponível em <http://drauziovarella.com.br/obesidade/reclama-pro-bispo/>. Acesso em 05 ago. 2015 (com adaptações). 133 Disponível em <http://chargesdodenny.blogspot.com.br/2012/04/brasil-obeso.html>. Acesso em 31 ago. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. De acordo com o texto, apenas25% dos adultos norte-americanos não apresentam excesso de peso. II. A crítica da charge direciona-se às informações falsas que circulam na internet e ao efeito que elas geram nas pessoas. III. De acordo com o texto, a obesidade é provocada tanto por alimentação inadequada quanto por falta de atividade física. IV. O título do texto indica a necessidade de que as instituições educacionais e religiosas adotem medidas para conscientizar as pessoas de que o cuidado com o corpo é importante. V. A charge direciona seu foco para o problema da obesidade infantil, que, de acordo com o texto, já atinge mais de 30% de todas as crianças no Brasil. A. I, II e III. B. I, II e V. C. I e III. D. III, IV e V. E. II e III. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Relacionar charge e texto. Refletir a respeito do aumento de percentual de pessoas com sobrepreso. Questão 102. Assunto/tema. Educação: papel do educador. Leia o texto a seguir. A complicada arte de ver Rubem Alves Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis 134 perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto." Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver". Ver é complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física. William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram". Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção". A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que veem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas". Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"... Disponível em <http://www.releituras.com/i_airon_rubemalves.asp>. Acesso em 28 jul. 2015. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O tipo de professor sugerido pelo autor teria a função de reduzir o problema exposto por Alberto Caeiro quando afirma que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores”. II. De acordo com o texto, a poesia causa perturbações e faz com que as pessoas não vejam a realidade tal qual ela é, como no caso de Drummond, que não viu a pedra. 135 III. De acordo com o texto, as crianças gostam de brincar com o que veem e o papel do educador é fazer com que elas não percam o foco e aprendam a usar os olhos como ferramentas de conhecimento. IV. O autor propõe um novo modelo de educação, em que o professor consiga corrigir os desvios individuais da visão e revelar aos alunos a noção correta da realidade. É correto o que se afirma somente em A. I. B. I e III. C. III e IV. D. II e IV. E. I e II. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Refletir sobre o processo de “ver o mundo”. Analisar o papel do educador. Questão 103. Assunto/tema. Saúde: mapa com áreas populacionais sem acesso ao saneamento básico. (Enade 2011). O mapa a seguir representa as áreas populacionais sem acesso ao saneamento básico. Philippe Rekacewicz (Le Monde Diplomatique). Organização Mundial da Saúde, 2006. Disponível em <http://www.google.com.br/mapas>. Acesso em 28 ago. 2010. Considerando o mapa apresentado, analise as afirmativas que seguem. I. A globalização é fenômeno que ocorre de maneira desigual entre os países e o progresso social independe dos avanços econômicos. II. Existe relação direta entre o crescimento da ocupação humana e o maior acesso ao saneamento básico. III. Brasil, Rússia, Índia e China, países pertencentes ao bloco dos emergentes, possuem percentual da população com acesso ao saneamento básico abaixo da média mundial. 136 IV. O maior acesso ao saneamento básico ocorre, em geral,em países desenvolvidos. V. Para se analisar o índice de desenvolvimento humano (IDH) de um país, devem-se diagnosticar suas condições básicas de infraestrutura, seu PIB per capita, a saúde e a educação. É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. I e III. C. II e V. D. III e IV. E. IV e V. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar mapa. Relacionar países e percentuais de áreas sem acesso ao saneamento básico. Avaliar indicadores do nível de desenvolvimento de um país que interferem no IDH. Questão 104. Assunto/tema. Educação: escolaridade, emprego e salário. (Enade 2011). Leia o gráfico a seguir. A educação é o Xis da questão Disponível em <http://ead.uepb.edu.br/noticias,82>. Acesso em 24 ago. 2011. 137 A expressão “o Xis da questão” usada no título do infográfico diz respeito A. à quantidade de anos de estudos necessários para garantir um emprego estável com salário digno. B. às oportunidades de melhoria salarial que surgem à medida que aumenta o nível de escolaridade dos indivíduos. C. à influência que o ensino de língua estrangeira nas escolas tem exercido na vida profissional dos indivíduos. D. aos questionamentos que são feitos acerca da quantidade mínima de anos de estudo que os indivíduos precisam para ter boa educação. E. à redução da taxa de desemprego em razão da política atual de controle da evasão escolar e de aprovação automática de ano de acordo com a idade. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar infográfico. Verificar relação entre taxa de desemprego e anos de estudos e entre salário e anos de estudos. Identificar a referência da expressão “Xis da questão” contida no título da figura (“A educação é o Xis da questão”). Questão 105. Assunto/tema. Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): exclusão digital. (Enade 2011). Exclusão digital é um conceito que diz respeito às extensas camadas sociais que ficaram à margem do fenômeno da sociedade da informação e da extensão das redes digitais. O problema da exclusão digital se apresenta como um dos maiores desafios dos dias de hoje, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados aspectos da sociedade contemporânea. Nessa nova sociedade, o conhecimento é essencial para aumentar a produtividade e a competição global. É fundamental para a invenção, para a inovação e para a geração de riqueza. As tecnologias de informação e comunicação (TICs) proveem uma fundação para a construção e aplicação do conhecimento nos setores públicos e privados. É nesse contexto que se aplica o termo exclusão digital, referente à falta de acesso às vantagens e aos benefícios trazidos por essas novas tecnologias, por motivos sociais, econômicos, políticos ou culturais. Considerando as ideias do texto acima, avalie as afirmativas a seguir. I. Um mapeamento da exclusão digital no Brasil permite aos gestores de políticas públicas escolherem o público-alvo de possíveis ações de inclusão digital. 138 II. O uso das TICs pode cumprir um papel social, ao prover informações àqueles que tiveram esse direito negado ou negligenciado e, portanto, permitir maiores graus de mobilidade social e econômica. III. O direito à informação diferencia-se dos direitos sociais, uma vez que esses estão focados nas relações entre os indivíduos e, aquele, na relação entre o indivíduo e o conhecimento. IV. O maior problema de acesso digital no Brasil está na deficitária tecnologia existente em território nacional, muito aquém da disponível na maior parte dos países do primeiro mundo. É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. II e IV. C. III e IV. D. I, II e III. E. I, III e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Refletir sobre problemas relacionados à exclusão digital. Questão 106. Assunto/tema. Desenvolvimento sustentável: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica. (Enade 2011). A definição de desenvolvimento sustentável mais usualmente utilizada é a que procura atender às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras. O mundo assiste a um questionamento crescente de paradigmas estabelecidos na economia e também na cultura política. A crise ambiental no planeta, quando traduzida na mudança climática, é uma ameaça real ao pleno desenvolvimento das potencialidades dos países. O Brasil está em uma posição privilegiada para enfrentar os enormes desafios que se acumulam. Abriga elementos fundamentais para o desenvolvimento: parte significativa da biodiversidade e da água doce existentes no planeta; grande extensão de terras cultiváveis; diversidade étnica e cultural e rica variedade de reservas naturais. O campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceitualmente dividido em três componentes: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica. Nesse contexto, o desenvolvimento sustentável pressupõe A. a preservação do equilíbrio global e do valor das reservas de capital natural, o que não justifica a desaceleração do desenvolvimento econômico e político de uma sociedade. B. a redefinição de critérios e instrumentos de avaliação de custo-benefício que reflitam os efeitos socioeconômicos e os valores reais do consumo e da preservação. 139 C. o reconhecimento de que, apesar de os recursos naturais serem ilimitados, deve ser traçado um novo modelo de desenvolvimento econômico para a humanidade. D. a redução do consumo das reservas naturais com a consequente estagnação do desenvolvimento econômico e tecnológico. E. a distribuição homogênea das reservas naturais entre as nações e as regiões em nível global e regional. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Classificar o desenvolvimento sustentável em três componentes: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica. Relacionar a crise ambiental no planeta (mudança climática) à ameaça ao pleno desenvolvimento das potencialidades dos países. Questão 107. Assunto/tema. Saúde: nova tecnologia aplicada à Medicina (método Odón). (Enade 2014 – com adaptações). Leia o texto a seguir. Uma ideia e um aparelho simples devem, em breve, ajudar a salvar vidas de recém-nascidos. Idealizado pelo mecânico argentino Jorge Odón, o dispositivo que leva seu sobrenome desentala um bebê preso no canal vaginal, e, por mais inusitado que pareça, foi criado com base em técnica usada para remover rolhas de dentro de garrafas. O aparelho consiste em uma bolsa plástica inserida em uma proteção feita do mesmo material e que envolve a cabeça da criança. Estando o dispositivo devidamente posicionado, a bolsa é inflada para aderir à cabeça do bebê e ser puxada aos poucos, de forma a não o machucar. O método Odón deve substituir outros já arcaicos, como o de fórceps e o de tubos de sucção, os quais, se usados por mãos mal treinadas, podem comprometer a vida do bebê, o que, segundo especialistas, não deve acontecer com o novo equipamento. Segundo o The New York Times, a ideia recebeu apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e já foi até licenciada por uma empresa norte-americana de tecnologia médica. Não se sabe quando o equipamento começará a ser produzido nem o preço a ser cobrado, mas presume-se que ele não passará de 50 dólares, com redução do preço em países mais pobres. GUSMÃO, G. Aparelho deve facilitar partos em situações de emergência. Disponível em <http://exame.abril.com.br>. Acesso em 18 nov. 2013 (com adaptações). Com relação ao texto acima, avalie as afirmativas a seguir. I. A utilização do método Odón poderá reduzir a taxa de mortalidade de crianças ao nascer, mesmo em paísespobres. II. Por ser uma variante dos tubos de sucção, o aparelho desenvolvido por Odón é resultado de aperfeiçoamento de equipamentos de parto. III. Por seu uso simples, o dispositivo de Odón tem grande potencial de ser usado em diversos países. 140 IV. A possibilidade de, em países mais pobres, reduzir-se o preço do aparelho idealizado por Odón evidencia preocupação com a responsabilidade social. É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. I e IV. C. II e III. D. I, III e IV. E. II, III e IV. Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar as vantagens do uso de um novo método aplicado à Medicina, idealizado pelo mecânico argentino Jorge Odón. Questão 108. Assunto/tema. Industrialização: transformações nos meios rural e urbano. (Enade 2014). Leia o texto a seguir. Constantes transformações ocorreram nos meios rural e urbano, partir do século XX. Com o advento da industrialização, houve mudanças importantes no modo de vida das pessoas, em seus padrões culturais, valores e tradições. O conjunto de acontecimentos provocou, tanto na zona urbana quanto na rural, problemas como explosão demográfica, prejuízo nas atividades agrícolas e violência. Iniciaram-se inúmeras transformações na natureza, criando-se técnicas para objetos até então sem utilidade para o homem. Isso só foi possível em decorrência dos recursos naturais existentes, que propiciaram estrutura de crescimento e busca de prosperidade, o que faz da experimentação um método de transformar os recursos em benefício próprio. Santos, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988 (com adaptações). A partir das ideias expressas no texto acima, conclui-se que, no Brasil do século XX, A. a industrialização ocorreu independentemente do êxodo rural e dos recursos naturais disponíveis. B. o êxodo rural para as cidades não prejudicou as atividades agrícolas nem o meio rural porque novas tecnologias haviam sido introduzidas no campo. C. homens e mulheres advindos do campo deixaram sua cultura e se adaptaram a outra, citadina, totalmente diferente e oposta aos seus valores. D. tanto o espaço urbano quanto o rural sofreram transformações decorrentes da aplicação de novas tecnologias às atividades industriais e agrícolas. E. os migrantes chegaram às grandes cidades trazendo consigo valores e tradições, que lhes possibilitam manter intacta sua cultura, tal como se manifestava nas pequenas cidades e no meio rural. 141 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente o processo de industrialização e suas consequências. Questão 109. Assunto/tema. Globalização: estágio supremo da internacionalização. (Enade 2012). Leia o texto a seguir. A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria nos fins do século 19 e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira e cultural. A produção e a informação globalizadas permitem a emergência de lucro em escala mundial, buscado pelas firmas globais, que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica. SANTOS, M. O país distorcido. São Paulo: Publifolha, 2002 (com adaptações). No estágio atual do processo de globalização, pautado na integração dos mercados e na competitividade em escala mundial, as crises econômicas deixaram de ser problemas locais e passaram a afligir praticamente todo o mundo. A crise recente, iniciada em 2008, é um dos exemplos mais significativos da conexão e interligação entre os países, suas economias, políticas e cidadãos. Considerando esse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. O processo de desregulação dos mercados financeiros norte-americano e europeu levou à formação de uma bolha de empréstimos especulativos e imobiliários, a qual, ao estourar em 2008, acarretou um efeito dominó de quebras nos mercados. PORQUE II. As políticas neoliberais marcam o enfraquecimento e a dissolução do poder dos Estados nacionais, bem como asseguram poder aos aglomerados financeiros que não atuam nos limites geográficos dos países de origem. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa da I. C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E. As asserções I e II são proposições falsas. 142 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar criticamente políticas neoliberais. Verificar relação de causa e efeito. Questão 110. Assunto/tema. Cultura e arte: evolução tecnológica e produção/divulgação de obras artísticas. (Enade 2014 – com adaptações). Leia o texto a seguir. O trecho da música “Nos Bailes da Vida”, de Milton Nascimento, “todo artista tem de ir aonde o povo está”, é antigo, e a música, de tão tocada, acabou por se tornar um estereótipo de tocadores de violões e de rodas de amigos em Visconde de Mauá, nos anos 1970. Em tempos digitais, porém, ela ficou mais atual do que nunca. É fácil entender o porquê: antigamente, quando a informação se concentrava em centros de exposição, veículos de comunicação, editoras, museus e gravadoras, era preciso passar por uma série de curadores, para garantir a publicação de um artigo ou livro, a gravação de um disco ou a produção de uma exposição. O mesmo funil, que poderia ser injusto e deixar grandes talentos de fora, simplesmente porque não tinham acesso às ferramentas, às pessoas ou às fontes de informação, também servia como filtro de qualidade. Tocar violão ou encenar uma peça de teatro em um grande auditório costumava ter um peso muito maior que fazê-lo em um bar, um centro cultural ou uma calçada. Nas raras ocasiões em que esse valor se invertia, era justamente porque, para uso do espaço “alternativo”, havia mecanismos de seleção tão ou mais rígidos que os do espaço oficial. RADFAHRER, L. Todo artista tem de ir aonde o povo está. Disponível em <http://novo.itaucultura.org.br>. Acesso em 29 jul. 2014 (com adaptações). A partir do texto acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. O processo de evolução tecnológica da atualidade democratiza a produção e a divulgação de obras artísticas, reduzindo a importância que os centros de exposição tinham nos anos 1970. PORQUE II. As novas tecnologias podem fazer com que artistas sejam independentes, montem seus próprios ambientes de produção e disponibilizem seus trabalhos para grande número de pessoas. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I. C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E. As asserções I e II são proposições falsas. 143 Justificativa. Habilidades e competências requeridas pela questão. Ler e interpretar texto. Analisar o processo de evolução tecnológica e seus efeitos sobre a produção e a divulgação de obras artísticas.