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Nova República: História do Brasil pós-1988

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NOVA REPÚBLICA
1. Nova República 
2. História dos Povos Indígenas
Da promulgação da Constituição de 1988 até os dias atuais. Aqui você vai estudar os 
anos mais recentes de história do Brasil.
Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:
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NOVA REPÚBLICA
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GOVERNO SARNEY (1985-1990)
José Sarney era vice-presidente de Tancredo Neves, morto 
antes da posse em 1985. Sendo assim, coube a ele a 
missão de consolidar a democracia no Brasil no período em 
que foi presidente. No governo Sarney houve um retorno à 
liberdade de imprensa e ao multipartidarismo, incluindo a 
volta à legalidade do partido comunista.
Nova República, Nova Constituição
Durante o mandato de Sarney foi 
promulgada uma nova constituição 
para o Brasil, no ano de 88. Mas os 
trabalhos que levaram à sua redação 
ficaram a cargo da Assembleia Nacional 
Constituinte. Por fim, foram tantos os 
avanços que nossa Lei Maior ficou 
conhecida como Constituição Cidadã. A 
nova constituição ampliava os direitos e 
deveres, ampliou o Direito das Minorias e 
estabeleceu a primeira eleição direta para 
presidente para o ano de 1989.
Problemas Na Economia
Qualquer que fosse o presidente a ocupar o 
cargo máximo da nação, estaria de frente com 
um grande problema econômico herdado do 
período da ditadura civil-militar: alta da inflação, 
crescimento da dívida externa, ausência de 
reserva de moeda estrangeira e altos gastos de 
manutenção da máquina pública. Porém, sem 
ter como pagar os juros da dívida externa, o 
Brasil decretou moratória em 1987.
José Sarney
Ulysses Guimarães com a Nova constituição.
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a O Plano Cruzado (1986)
Objetivando conter a inflação, o governo Sarney lançou 
em 1986 o Plano Cruzado, que congelava preços de 
aluguéis, produtos, tarifas, salário e câmbio. Além disso, 
o plano substituiu o Cruzeiro, moeda então vigente, 
pelo Cruzado, cortando três zeros na moeda. E num 
gesto populista, o governo convocou a população civil 
para fiscalizar os supermercados de modo a que não se 
aumentassem os preços.
Inicialmente, o plano conseguiu fazer cair bruscamente a inflação, o que aumentou a 
popularidade de Sarney. Mas passado algum tempo, ele mostrou-se insustentável e 
precisou ser substituído por um novo plano, o Cruzado II.
O Cruzado II reajustou preços, tarifas e ainda aumentou impostos. Por outro lado, os 
salários eram reajustados automaticamente quando a inflação atingia certo índice - era 
o chamado “gatilho salarial”.
Os Planos Bresser (1987) e Verão (1989)
O governo Sarney lançou ainda mais dois planos, o Bresser e o Verão. O primeiro acabou 
com o gatilho salarial e manteve o congelamento de preços, elevando ainda as tarifas 
públicas. Já o segundo, além de trocar o cruzado pelo cruzado novo, desvalorizou o 
câmbio e retomou o pagamento da dívida externa.
Foi um período muito difícil para a economia brasileira, com a inflação acumulada 
atingindo quase 3.000% entre 1989 e 1990
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As Eleições de 1989
Luís Inácio da Silva e Fernando Collor, os 
principais candidatos das eleições de 1989.
As eleições de 1989 foram históricas, pois desde a ditadura militar o povo brasileiro 
não votava diretamente para presidente. Ela contou com muitos candidatos, incluindo 
o apresentador Sílvio Santos. Contudo, a disputa final foi entre Luís Inácio da Silva e 
Fernando Collor de Mello, que foram para o segundo turno.
Se utilizando de uma extensa campanha midiática, tal qual como Jânio Quadros nas 
eleições de 1960, Collor se apoiou num discurso anticorrupção, sendo colocado diversas 
vezes como “caçador de marajás” (neste contexto, marajás eram funcionários públicos 
que indevidamente recebiam altos salários). Isso somado a diversos ataques diretos ao 
candidato da oposição resultaram na vitória de Collor nas eleições.
GOVERNO COLLOR (1990-1992)
O povo brasileiro escolheu o jovem político 
Fernando Collor de Mello, que pertencia a uma 
família tradicional de Alagoas. Tendo feito uma 
campanha meteórica através de um partido 
pequeno, o PRN, e tendo feito carreira política 
num estado igualmente pequeno (Alagoas).
Na prática, Collor foi o primeiro presidente 
brasileiro a colocar o país n'a rota do neoliberalismo. 
Foi em seu curto período de governo (1990-
1992) que várias estatais foram ou começaram 
a ser privatizadas, num programa de governo 
que ficou conhecido como Programa Nacional 
de Desestatização. Por outro lado, a economia 
brasileira foi aberta às importações.
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a Plano Collor ou “Brasil Novo” (1990)
Como havia assumido um país com uma inflação 
de 80% ao mês, Collor sabia que precisava fazer 
algo urgente para sanar a economia brasileira. 
Pela primeira vez na História do Brasil, uma mulher 
foi escolhida para exercer o cargo de ministra da 
república. 
Não obstante, Zélia foi uma das figuras mais 
impopulares do governo Collor, principalmente por 
causa da medida do confisco. No dia seguinte à 
sua posse como ministra da economia, as contas 
bancárias que possuíam valores acima de um 
certo limite (50 mil cruzados) foram bloqueadas, 
impedindo assim que milhões de brasileiros 
pudessem dispor dos valores que haviam guardado 
no banco.
Contudo, a medida do confisco gerou 
uma rápida queda na inflação, gerando 
então uma grande recessão na 
economia que foi seguida logo depois 
por uma forte volta da inflação. Quanto 
ao Plano Collor, ele propunha além de 
uma reforma administrativa, a abertura 
ao capital estrangeiro, o fim do incentivo 
às indústrias, o congelamento de preços 
e salários e a troca do Cruzado Novo 
pelo Cruzeiro.
A QUEDA DE COLLOR
Mas Fernando Collor não cumpriu o tempo do seu mandato. Após uma denúncia 
do seu irmão, Pedro Collor, em Maio de 1992, acusando o tesoureiro da campanha 
presidencial, Paulo César Farias (PC Farias) de corrupção, foi instalada uma CPI 
(Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as acusações.
Enquanto isso, o povo expressou sua 
revolta nas ruas e aconteceu um grande 
clamor popular pedindo o afastamento 
de Collor da presidência e a prisão de 
PC Farias. Os estudantes, que naquele 
momento eram uma nova geração 
diferente daquela do Golpe de 64 e das 
Diretas Já!, se organizaram em grandes 
manifestações pelo país, onde boa 
 Zélia Cardoso de Mello, 
Ministra da Economia e a 1ª mulher 
a ser ministra no Brasil. 
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parte deles pintava o rosto. Por isso, esses 
estudantes ficaram conhecidos como “Caras-
Pintadas”.
Em Outubro de 1992, é instaurado o processo 
de Impeachment de Collor e ele é afastado 
da presidência, assumindo então o seu vice, 
Itamar Franco. Em Dezembro, pouco antes 
do Senado votar o seu impeachment, Collor 
renuncia à presidência, impedindo na prática 
o próprio impeachment. A manobra tinha o 
objetivo de garantir que ele pudesse retornar 
à vida política no futuro enquanto lutava nos 
tribunais para provar a sua inocência no caso 
PC-Farias. Entretanto, o STF ainda assim 
caçou os direitos políticos de Collor pelos 
próximos oito anos.
GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992 – 1994)
Itamar Franco era vice de Collor, e assumiu a presidência logo 
após o seu impeachment. Sem dúvida, o principal destaque 
do seu governo foi o Plano Real, cujo sucesso foi aproveitado 
por Fernando Henrique Cardoso, seu Ministro da Fazenda, 
para sua própria campanha à presidência da República. Por 
outro lado, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi 
privatizada em seu governo e até mesmo o Fusca, carro 
popular, voltou a ser fabricado.
Collor prestes a 
assinar a renúncia.
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a Plano Real
O Plano Real, teve o seu crédito associado 
exclusivamente a Fernando Henrique 
Cardoso, foi um plano econômico 
extremamente popular no Brasil. Após 
vários anos de uma inflação que parecia 
não ter fim, finalmente a moeda brasileira, 
renomeada para Real, conseguiu chegar à 
estabilidade, com o controleda inflação e 
dos gastos públicos.
Neste sentido, o Brasil seguia o exemplo de outros países latino-
americanos, como México e Argentina. Inaugurado em 1994, 
o Plano Real funcionou através da sua equiparação ao dólar 
americano e o controle dos juros na economia. Mas, inicialmente, 
antes da moeda brasileira tornar-se definitivamente o Real, 
ela passou por uma fase preparatória onde se chamava URV 
(Unidade Real de Valor). Finalmente, em 1º de julho de 1994, 
foi lançado o Real.
GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2001)
Por causa do Plano Real, do qual foi considerado o “pai”, a 
popularidade de FHC (Fernando Henrique Cardoso) estava 
altíssima, de tal modo que ele a aproveitou para se eleger à 
presidência da República. E assim, ele governou o Brasil, em seu 
primeiro mandato, entre os anos de 1995 e 1998, tendo vencido 
o candidato Luís Inácio Lula da Silva, do PT, que ficou em segundo 
lugar.
Fernando Henrique 
Cardoso (FHC)
FHC durante o anúncio das cédulas de Real.
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Em seu governo, o modelo neoliberal de economia, já iniciado por Collor, foi aprofundado. 
Neste sentido, um amplo programa de privatizações foi levado a efeito, com a privatização 
da Vale do Rio Doce, da Embraer e do Sistema Telebrás.
O Outro Lado do Real…
A paridade entre o Real e o Dólar americano custou caro ao Brasil, que teve as suas 
reservas cambiais esgotadas. Numa tentativa de sanar este problema, o governo 
estimulou a vinda de capital estrangeiro com o aumento dos juros no país. Mas esse 
aumento dos juros gerou recessão, desemprego e um grande aumento da dívida pública. 
Já no aspecto social, os recursos advindos com as privatizações não foram aplicados, na 
infraestrutura das áreas de base, como saúde e educação. 
Não obstante, durante o governo FHC foi promulgada a LDB (Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação) e os PCN 's (Parâmetros Curriculares Nacionais). Além disso, o acesso à 
educação foi ampliado. No caso da saúde, cabe destacar a lei de incentivo aos genéricos, 
que fez com que o valor de vários medicamentos caísse. Entretanto, por falta de 
investimento em infraestrutura tanto escolas e universidades como hospitais públicos 
eram flagrantemente sucateados o que afetava a popularidade destes programas.
Por outro lado, no governo FHC as tensões 
no campo se ampliaram. Um protesto de 
trabalhadores rurais sem-terra no Pará, 
que pediam a desapropriação de uma 
fazenda ociosa, foi reprimido a tiros pela 
polícia militar do estado, o que levou à 
morte de 19 manifestantes. Este 
acontecimento ficou conhecido como o 
Massacre de Eldorado dos Carajás.
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a Reeleição e o Segundo Mandato
Visando a própria reeleição, FHC conseguiu aprovar junto a sua base aliada no Congresso, 
uma Emenda Constitucional que permitia a reeleição de presidentes, governadores e 
prefeitos. E assim, ele foi reeleito logo no primeiro turno com mais de 53% dos votos, 
deixando em segundo lugar a chapa Lula-Brizola.
Gerenciando uma Crise
De um modo geral, o segundo mandato de FHC não foi brilhante como o primeiro. Entre 
1998 e 2002, o Brasil passou pela crise do apagão elétrico e pela desvalorização do Real.
A crise do apagão marcou os meses de junho de 2001 até 
fevereiro de 2002, onde por conta dos baixos reservatórios das 
hidroelétricas, um plano de racionamento de luz foi aplicado em 
todo o território nacional. Limites de consumo mensal foram 
impostos sob o risco de corte de luz caso extrapolados, e parte 
da iluminação pública das cidades foi desativada sob a prerrogativa 
de economia de energia. A crise energética deixou o país em uma 
posição delicada no mercado internacional, visto que afetou 
gravemente a indústria, deixando investidores inseguros.
Mas embora tenha passado por essas crises e o desgaste do Real, Fernando Henrique 
Cardoso conseguiu emplacar como sucessor o ex-ministro da Saúde, José Serra. Porém, 
as eleições de 2002 deram a vitória para o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva, 
iniciando assim era do Partido dos Trabalhadores no poder, que só se encerraria em 
2016 com o impeachment de Dilma Rousseff.
GOVERNO LULA (2002 – 2010)
Desde as eleições presidenciais de 1989, e depois nas seguintes, 
que Luís Inácio Lula da Silva tentava se eleger presidente da 
República. Finalmente, nas eleições de 2002, ele conseguiu ser 
eleito no segundo turno, vencendo o candidato do PSDB, José Serra, 
que havia sido Ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso.
Mas diferente do discurso socialista que vinha consistentemente 
desenvolvendo a cada pleito disputado, Lula em 2002 adotou 
uma política neoliberal muito semelhante à de FHC, mas 
com algumas diferenças. Por exemplo, com vistas a manter a 
estabilidade na economia, Lula manteve a mesma política econômica e cambial do 
governo anterior. Um gesto importante neste sentido foi a nomeação de Henrique 
Meirelles, do PSDB, como presidente do Banco Central.
Capa da Revista 
Veja em junho de 2001
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Uma consequência política dessa aproximação de Lula com a política econômica de FHC, foi 
uma divisão dentro do próprio PT, que levou à formação do Partido Socialismo e Liberdade 
(PSOL), composto pela ala petista que era a favor da manutenção do discurso socialista.
O Nacional-Estatismo
Uma diferença de Lula em relação à FHC foi o reforço do papel do Estado, que no 
neoliberalismo não é encarado como protagonista do desenvolvimento nacional. Porém, 
o governo Lula também não foi uma repetição pura e simples do modelo consagrado por 
Getúlio Vargas. No lugar das privatizações, Lula procurou implantar parcerias público-
privadas (PPP).
Além disso, como forma de incentivar o consumo e diminuir as desigualdades sociais, 
o governo do PT diminuiu os impostos que incidiam sobre a cesta básica e materiais de 
construção. E mais, a pesquisa científica foi reforçada e a política externa foi pautada pelo 
multilateralismo. No final do seu mandato, em 2006, foi descoberta o chamado Pré-Sal, que 
são extensas reservas petrolíferas localizadas debaixo de formações rochosas salinas no 
fundo do mar na costa do Brasil.
Nas políticas sociais, o primeiro governo do PT destacou-se pelos programas Fome Zero 
e Bolsa Família, que apesar de serem vistos como manobras populistas pelos adversários 
de Lula, foram importantes para amenizar as desigualdades sociais do Brasil.
Crise Política
No ano de 2005, teve início uma crise política que ameaçou seriamente a estabilidade 
do governo Lula, mas que não impediu que ele fosse reeleito para mais um mandato 
(2007-2011). O escândalo em questão ficou conhecido como mensalão, e consistia 
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a no pagamento de propinas a parlamentares para que eles 
aprovassem as propostas do governo no Congresso Nacional. 
Foi instalada então uma CPI (Comissão Parlamentar de 
Inquérito) para investigar as denúncias, mas como foi dito, 
os índices de aprovação do governo voltaram a subir e Lula 
conseguiu ser reeleito em 2006, quando derrotou Geraldo 
Alckmin, candidato do PSDB.
Segundo Governo Lula (2006-2010)
Em 2007, o PIB brasileiro crescia a 7,5% ao 
ano, um índice consideravelmente alto. No 
segundo mandato, Lula tratou de construir a 
imagem da sua ministra das Minas e Energia 
e, posteriormente, da Casa Civil, Dilma 
Rousseff, para que se tornasse sua sucessora. 
Surpreendentemente, mesmo com uma crise 
econômica que afetou vários países do 
mundo em 2008, o Brasil voltou a crescer em 
2009, o que fez com que Lula terminasse o segundo mandato com um bom índice de 
aprovação, o que foi aproveitado por Dilma, que era candidata à presidência pelo PT.
GOVERNO DILMA ROUSSEFF (2011-2016)
Dilma Vana Rousseff (PT) tornou-se a primeira mulher 
presidente da república na História do Brasil, após vencer o 
candidato do PSDB, José Serra, nas eleições de 2010. 
Basicamente, Dilma manteve as políticas sociais do governo 
Lula e costurou uma aliança política com o PMDB, do seu vice-presidente, Michel Temer, para que conseguisse governar. Em 
seus mandatos ocorreram a Copa do Mundo de 2014 e as 
Olimpíadas de 2016.
Além dos programas sociais, Dilma manteve o Fies, o Prouni e 
implementou o Ciência sem Fronteira. Portanto, podemos dizer 
que a ciência e o acesso ao ensino superior foram incentivados 
durante o governo Dilma. Devemos lembrar também que foi em 2014 que foi aprovada 
a lei que reserva 20% de cotas para negros nos concursos federais.
Crises do Governo
Foi durante o governo de Dilma Rousseff, em 2014, que foi instalada a Operação Lava-
Jato, que buscava investigar um esquema de corrupção na Petrobrás. Com o avanço 
das investigações, foi ficando cada vez mais claro o envolvimento do governo do PT no 
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esquema, o que naturalmente levou ao desgaste político de Dilma Rousseff. Ao mesmo 
tempo, o país passava por um desaquecimento da economia a nível internacional e, 
muito rapidamente, milhões de pessoas perderam seus empregos, especialmente no 
setor de petróleo e gás. 
Por outro lado, o governo já estava desgastado por causa das jornadas de junho, que 
foram uma série de protestos e manifestações em massa nas ruas do país no ano de 
2013. Os motivos iniciais eram o aumento das tarifas dos transportes públicos, mas com 
o tempo, foram incluídas outras reivindicações como o fim da corrupção, da violência 
policial e, até mesmo, a não realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil.
O Impeachment de 2016
Tudo levava a crer que Dilma não seria 
reeleita em 2014 para mais um mandato 
e, de fato, o resultado das eleições foi 
muito apertado, o que levou alguns até 
mesmo a questionarem a sua legitimidade. 
Na prática, o que ocorreu foi que os 
grupos políticos da oposição juntaram 
forças para incriminar a presidente Dilma 
Rousseff em um crime de responsabilidade 
que ficou conhecido como “pedaladas 
fiscais”, que consistiam no atraso do repasse de dinheiro do Tesouro Nacional para 
bancos e autarquias, com o objetivo de apresentar artificialmente despesas menores 
do que eram na realidade. 
Em 2016, a oposição conseguiu o seu intento e Dilma Rousseff foi afastada do poder, 
assumindo em seu lugar, o vice-presidente Michel Temer, do PMDB. Ironicamente, 
após o Impeachment, o Congresso aprovou uma lei que tornava legais as chamadas 
“pedaladas fiscais”.
Jornadas de Junho de 2013
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ANOTAÇÕES
GOVERNO MICHEL TEMER (2016-2018)
Michel Temer assumiu o poder em meio à impopularidade por parte 
dos setores da sociedade que acreditavam que Dilma havia sofrido 
um golpe. Por outro lado, ele representava os interesses dos grupos 
políticos que desejavam realizar uma reforma trabalhista, que 
afetaria os direitos que a classe trabalhadora havia conquistado 
através da CLT.
De todo modo, em seu curto governo (2 anos), Temer teve 
que enfrentar a greve dos caminhoneiros, que parou o país e 
desabasteceu os supermercados, e também várias denúncias 
de corrupção, que agora se voltaram contra membros do seu 
partido (PMDB), inclusive alguns que em 2016 conduziram o 
processo de impeachment de Dilma, como o Deputado Eduardo 
Cunha. 
Finalmente, em 2018 foram realizadas novas eleições presidenciais que, uma vez 
mais, mostraram um profundo abismo político na sociedade brasileira, cada vez mais 
desacreditada dos partidos políticos e polarizada sob debates ideológicos.
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EUA: O GOVERNO OBAMA E 
TRUMP
BARACK HUSSEIN OBAMA 2009-2017
Barack Hussein Obama, ou simplesmente 
Barack Obama, era filho de um estudante 
queniano e uma americana do Havaí. A 
sua eleição foi um momento histórico na 
história dos Estados Unidos da América, 
um país profundamente racista onde a 
população negra é historicamente 
discriminada. Obama foi o primeiro 
presidente negro do país, e sua vitória nas 
eleições de 2008, fez com que boa parte 
da população dos EUA recuperasse a fé 
na democracia.
Formado em duas universidades, ele 
estudou Direito em Harvard, tendo atuado 
como advogado comunitário durante 
alguns anos. Na década de 1990, ele foi 
eleito para o Senado dos EUA, e foi como 
senador que disputou as eleições 
presidenciais de 2008, que ele venceu 
disputando contra John McCain. Por outro 
lado, em seu primeiro mandato, Obama 
herdou os problemas militares no Oriente 
Médio deixados pelo seu antecessor, 
George W. Bush. Além disso, o país 
passava por uma grave crise econômica 
em 2008, que afetou muitos países além 
dos EUA, de forma muito semelhante à 
Crise de 1929.
ORIENTE MÉDIO: “UM NOVO COMEÇO”
Uma diferença de Obama em relação a Bush foi o seu compromisso em encerrar a 
Guerra ao Terror. O objetivo, segundo ele, era poupar vidas estadunidenses. Ao mesmo 
tempo, ele sabia que os Estados Unidos não poderiam demonstrar fraqueza. Assim, uma 
medida adotada por ele foi a substituição de tropas humanas pelo uso de inteligência e 
tecnologia, como por exemplo os drones militares.
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p Em 2014, Obama encerrou a “Operação 
Liberdade Duradoura”, lançada por Bush 
após os atentados 11 de Setembro, e que 
tinha o objetivo de capturar todos os 
envolvidos. Uma das consequências 
diretas dela foi a invasão e ocupação 
estadunidense no Afeganistão, a partir de 
2001.
No ano seguinte, 2015, os EUA e a OTAN 
iniciaram a “Missão Apoio Resoluto”, que 
tinha o objetivo de fornecer assessoria e 
assistência às forças de segurança do 
Afeganistão. Contudo, esta operação 
também foi um fracasso, pois o Afeganistão 
não foi pacificado e continuou com vários problemas sociais. Isto levou os EUA a fazerem 
um acordo com o mesmo grupo político que eles haviam deposto em 2001, o Talibã. E 
assim, as tropas estadunidenses abandonaram o Afeganistão em 2021.
SÍRIA E IRAQUE
Desde 2011, a Síria atravessava uma 
intensa guerra civil. Os rebeldes 
revoltaram-se contra o governo de Bashar 
al Assad que, por outro lado, possuía o 
apoio da Rússia e do Irã. A escalada de 
guerra civil na Síria e no Iraque, país 
vizinho, abriu terreno para o crescimento 
de um grupo radical islâmico chamado 
“Estado Islâmico”, conhecido também 
como ISIS e DAESH, que chegou a 
controlar vastas áreas na Síria e no Iraque.
Este grupo foi responsável por diversos ataques terroristas e verdadeiras demonstrações 
de violência que eram transmitidas ao vivo por diversas mídias digitais. Os seus 
membros vinham de vários países e eram normalmente jovens delinquentes de famílias 
muçulmanas europeias. Algumas fontes sugerem que o ISIS teria sido uma criação dos 
Estados Unidos para desestabilizar o governo de Bashar al Assad na Síria. De todo 
modo, em 2014, os estadunidenses iniciaram uma campanha militar contra o ISIS.
IRÃ
Desde 2005, a República Islâmica do Irã é motivo de tensões. O motivo é o programa 
nuclear iraniano, que apesar de ter alegadamente fins pacíficos, é visto com temor 
principalmente pelos Estados Unidos e por Israel. Como o Irã possui uma política de 
oposição clara aos dois países, a ideia do Irã ser capaz de produzir armas atômicas 
atemoriza os estadunidenses e israelenses. 
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um
pPor isso, a ONU aplica sanções econômicas 
ao Irã desde 2006. Porém, o presidente 
Barack Obama iniciou um esforço de 
aproximação com o Irã desde 2013. Seu 
objetivo era aliviar as tensões e se certificar 
de que o país não estaria produzindo 
secretamente armas atômicas.
Finalmente, em 2015, os membros 
permanentes do Conselho de Segurança 
da ONU, o grupo P5 + 1 (China, França, 
Alemanha, Rússia, EUA e Reino Unido), assinaram o Plano de Ação Conjunta Global, 
que estabelecia entre outras coisas, um teto para o estoque de urânio enriquecido do 
Irã, o que em tese impediria a produção de armas atômicas, que necessitam do urânio 
enriquecido.
PRIMAVERA ÁRABE
No final de 2010, um jovem cidadão da Tunísia, Mohamed Bouazizi, ateou fogoao 
próprio corpo como forma de protesto contra o desemprego e as péssimas condições 
de vida em seu país. A partir disso, teve início uma série de manifestações em vários 
outros países árabes, como Egito, Síria e Líbia. 
E em alguns destes países, o resultado foi a guerra civil e até mesmo a derrubada de 
alguns presidentes, como Muammar Kadafi que governava a Líbia desde 1969. Mas 
neste caso, o país sofreu uma intervenção militar da OTAN, apoiada pela ONU, com a 
justificativa de proteger a população civil. 
Kadafi foi rapidamente tirado do poder e linchado pela população civil. Mas antes disso 
ele já havia recebido um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por crimes 
Ali Khamenei
Representantes dos países do P5+1, da EU e do Irã anunciam o acordo nuclear iraniano, em 2015
Hassan Rouhani
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p contra a humanidade. Mas a guerra civil na Líbia ainda continuou por um bom tempo e 
chegou a vitimar o embaixador americano Christopher Stevens.
MORTE DE BIN LADEN
Foi durante o governo de Barack Obama que finalmente, o líder da Al Qaeda Osama 
Bin Laden foi capturado. Ele estava escondido em uma base militar do Paquistão, e os 
soldados estadunidenses armaram uma operação secreta para capturá-lo e executá-lo. 
Toda a operação foi acompanhada ao vivo pelo presidente americano e outras figuras 
do alto escalão do governo, e o assassinato do terrorista foi motivo de alegria para 
vários cidadãos estadunidenses que perderam parentes e amigos nos atentados de 11 
de setembro.
CRISE ECONÔMICA MUNDIAL
No plano econômico, o governo Obama teve que enfrentar uma das piores crises 
econômicas dos últimos tempos, entre os anos de 2007 e 2009. Portanto, internamente, 
o governo procurou investir na geração de empregos e em intervenções estatais para 
solucionar a crise.
Figura Muammar al-Gaddafi, Nigéria em 2006 
Osama Bin Laden Celebração na Times Square pela morte de Bin Laden 
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REFORMA NA SAÚDE
Já no campo da saúde, tradicionalmente os cidadãos 
estadunidenses contam somente com convênios particulares. 
Nunca houve um sistema de saúde pública e universal bancado 
pelo governo federal, como no Brasil. Não obstante, as pessoas 
idosas e abaixo da linha de pobreza, podem contar com 
atendimentos simples e de emergência, como o Medicaid e o 
Medicare.
O que Obama fez foi ampliar o acesso dos mais pobres aos serviços gratuitos de saúde 
e, ao mesmo tempo, controlar os preços dos planos privados para que assim ficasse ao 
alcance da maior parte da população americana. Estas medidas ficaram popularmente 
conhecidas como Obamacare.
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p CASAMENTO HOMOAFETIVO
No campo dos direitos sociais e humanos, o 
governo Obama, através de uma decisão da 
Suprema Corte dos EUA aprovou o casamento 
entre pessoas do mesmo sexo (casamento 
homoafetivo). Por outro lado, Obama não foi 
tão condescendente com os imigrantes, e a 
mesma Suprema Corte barrou um decreto 
que iria regular a situação de mais de 4 
milhões de imigrantes ilegais. Aliás, Obama 
foi o presidente que mais deportou imigrantes 
desde a década de 1950.
CONFRONTOS RACIAIS
A violência por motivos raciais sempre foi 
uma marca da sociedade estadunidense. E 
apesar de Barack Obama ter sido o 
primeiro presidente negro dos Estados 
Unidos, isso não impediu que essa 
violência continuasse e até aumentassem 
as ocorrências em todo o país, como 
denotam os casos de Ferguson em 2014, 
e Chalottesville em 2016.
O caso de Ferguson foi de um policial branco que atirou contra um jovem negro 
desarmado. Já em Charlottesville, um extremista branco atirou o seu carro contra uma 
multidão que protestava contra o racismo. 
Com o advento das mídias sociais e as diversas opções de compartilhamentos de vídeos 
e fotos, muitos casos de violência, assassinatos e abusos de policiais contra cidadãos 
negros vieram à tona, o que acabou motivando vários protestos por todo o país.
ESCÂNDALOS DE ESPIONAGEM
Em 2013, Edward Snowden, que havia trabalhado na CIA e na 
NSA, como analista de sistemas, veio a público denunciar que os 
serviços de inteligência dos Estados Unidos espionavam 
secretamente pessoas e governos, muitas vezes buscando 
incriminar pessoas inocentes como forma de chantagem política. 
Sua denúncia abalou a diplomacia dos EUA e ele encontra-se 
atualmente foragido.
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DEGELO CUBANO
Outro gesto histórico do governo de 
Barack Obama, mas já no seu segundo 
mandato, foi a reaproximação com Cuba. 
As relações entre os dois países estavam 
estagnadas desde a época da Revolução 
Cubana e da fracassada Invasão da Baía 
dos Porcos. 
Anunciada no final de 2014, Obama 
visitou a ilha dois anos depois, perto do 
fim do seu mandato. A sua política de 
reaproximação com Cuba enfrentou muita 
oposição no governo dos EUA. Porém, ele conseguiu com que o embargo econômico à 
Cuba, que dura desde 1962, fosse flexibilizado.
CHINA E RÚSSIA
Mapa da Vigilância Global da Inteligência dos EUA, segundo Snowden. Os países em verde são os menos 
vigiados, conforme vão ficando mais claros vão se tornando mais vigiados. Já os países em cor laranja e vermelha são os 
mais vigiados. 
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p Sempre muito delicadas, as relações com a China e a Rússia mantiveram uma relativa 
estabilidade. O crescimento econômico e bélico da China não foi atacado pelo governo 
Obama, apesar de ter sempre sido motivo de preocupações para os Estados Unidos, 
sempre preocupados com a perda da sua hegemonia internacional. 
Quanto à Rússia, as relações dela com os EUA foram abaladas após a anexação da 
Criméia pela Federação Russa. A Criméia, desde a década de 50, fazia parte da Ucrânia, 
quando esta integrava a extinta União Soviética. Contudo, a maioria da sua população 
é etnicamente russa, além disso é região, que tem saída para o Mar Negro é de alta 
importância para a Rússia em termos geoestratégicos.
Evidentemente, a anexação da Criméia gerou tensões políticas entre Rússia e Ucrânia, 
que na mesma época passou por uma mudança política interna que foi vista como um 
golpe político movido por forças anti-Rússia. Neste sentido, foram mobilizadas tropas 
russas para a fronteira leste com a Ucrânia, o que gerou uma preocupação internacional 
pela possibilidade de uma guerra entre dois países com armas atômicas.
A reação de Obama foi aprovar algumas sanções de pouca relevância contra a Rússia 
e através da ONU, deslegitimar a anexação da Criméia, incluindo o referendo proposto 
por Vladimir Putin (primeiro-ministro da Rússia), para que a população da Criméia 
aprovasse ou não a anexação.
DONALD TRUMP (2017-2021)
Donald Trump foi um dos presidentes mais 
controversos da história recente dos 
Estados Unidos. Apoiado por grupos 
conservadores e de extrema-direita, 
Trump ficou famoso pela sua retórica anti-
imigração, antifeminismo, anti-LGBT e 
pró-movimentos de supremacia branca.
Como exemplo de suas políticas 
nacionalistas, podemos citar a construção 
do muro na fronteira com o México, com 
o objetivo de dificultar a imigração ilegal. 
Além disso, Trump retirou os Estados 
Unidos do TPP (Acordo Transpacífico de 
Cooperação Econômica), que havia sido 
negociado pelo governo Obama. Segundo 
Trump, o TPP afetava os interesses dos 
trabalhadores americanos. Outro acordo 
do qual os EUA foram retirados por Trump foi o Acordo de Paris, que buscava reduzir o 
aquecimento global através da redução dos gases emitidos por cada país desenvolvido 
na atmosfera.
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POLÍTICA EXTERNA DO GOVERNO TRUMP
Durante o governo Trump, que era de viés nacionalista, as relações entre Rússia e 
Estados Unidos continuaram tensas. Aliás, a Rússia foi acusada de interferir nas eleições 
estadunidenses duas vezes, uma em 2016 e outra em 2020.Curiosamente, eles teriam 
interferido para favorecer a vitória de Trump nas eleições.
O fato é que em meio a troca de farpas com a China, com quem entabulou uma verdadeira 
guerra comercial, e com a Coréia do Norte, país com armas atômicas que volta e meio 
anunciava um novo teste de mísseis intercontinentais, os EUA de Trump souberam 
costurar algumas relações.
No caso da Coréia do Norte, por exemplo, Trump chegou a se reunir três vezes com Kim Jong-Un 
para amenizar as tensões entre os dois países e tratar da desnuclearização da península coreana.
Em relação à China, Trump também procurou 
amenizar as tensões, chegando até mesmo a se 
encontrar com o presidente Xi Jinping para tratar 
de acordos comerciais. Entretanto, após a 
pandemia da COVID-19, chamada pelo presidente 
americano de “praga da China”, a relação entre os 
dois líderes deteriorou-se. A propósito, nos 
Mapa da barreira EUA-México 
Trump checando 
protótipos do seu muro na 
fronteira com o México
Marcha das Mulheres contra 
Trump no dia da posse do presidente 
Trump no dia da posse em 2017
Kim Jong-Un e Donald Trump durante a 
Cúpula entre EUA e Coreia do Norte em 2018 
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p primeiros anos do governo Trump, a economia se aqueceu, mas em 2020, ela entrou em 
recessão, principalmente por causa da pandemia.
O TRUMP TROPICAL
O presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018, era declaradamente um fã de Trump 
e seu jeito de fazer política. Assim, quando iniciou o seu mandato em 2019, muitos 
movimentos dos EUA na esfera internacional foram automaticamente aprovados e 
copiados pelo Brasil. É o caso, por exemplo, da mudança da embaixada dos Estados 
Unidos de Tel Aviv para Jerusalém. O problema é que Jerusalém é uma cidade dividida 
entre Israel e o povo palestino, que possui o apoio da maioria dos países árabes.
Evidentemente, considerar Jerusalém 
como capital do Estado Judeu (Israel) seria 
um movimento que desagradaria muito os 
parceiros árabes do Brasil. Quando o 
Itamaraty anunciou que, assim como os 
EUA, faria o mesmo com a embaixada 
brasileira, vários países árabes, principais 
mercados de exportação do Brasil no ramo 
de carnes, fizeram menção de cortar 
relações. De todo modo, apesar da 
promessa feita em 2019, Bolsonaro chega 
a 2021 sem ter concluído a mudança da 
Embaixada.
Além dessa questão com Israel, Trump e Bolsonaro também se aliaram na questão 
da Venezuela, ao reconhecerem Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da 
Venezuela e líder da oposição ao presidente Nicolás Maduro. Autoproclamando-se 
presidente da Venezuela em 2019, Juan Guaidó foi rapidamente reconhecido por vários 
países, incluindo Estados Unidos e Brasil.
Donald Trump com Xi Jinping durante a Cúpula do G-20 em 2018
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pContudo, Maduro contava com o apoio da maior parte das forças armadas e apesar das 
sanções impostas pelos EUA à Venezuela, estas medidas não conseguiram enfraquecer 
o governo e, no último ano do seu mandato, Trump buscou um diálogo com Maduro, o 
que fez com que várias cidadãos americanos que antes o apoiavam, ficassem contra ele.
Voltando ao Oriente Médio, no começo de 2020, um importante general iraniano, 
Qassem Soleimani, que atuava no Iraque, foi assassinado por um míssil estadunidense. 
Ele era considerado por Trump como um inimigo dos Estados Unidos, mas para o povo 
iraniano ele era um herói de guerra. Evidentemente, isto elevou ainda mais as relações 
tensas entre os dois países, mas EUA e Irã não chegaram a ter um confronto direto.
Apesar disso, o Irã atacou uma base estadunidense no Iraque dias depois do assassinato 
do general Soleimani, e ainda prometeram que se vingariam da morte militar.
IMIGRAÇÃO - DREAM ACT
Quanto à imigração, o governo Trump 
intensificou as medidas restritivas e de 
deportação. Neste sentido, um decreto 
proibindo a entrada de cidadãos de 7 
países específicos, todos muçulmanos, 
gerou uma onda de protestos e acusações 
de islamofobia.
Por outro lado, Trump reduziu o orçamento 
do programa DREAM, que em inglês 
significa “Lei de Desenvolvimento, Alívio e 
Educação para Menores Estrangeiros”, que beneficiava os imigrantes já em solo americano. 
Obviamente, este decreto desagradou a todos eles e foi visto como uma medida para 
favorecer a saída deles dos Estados Unidos e para dificultar a entrada de novos imigrantes.
Protesto em favor dos Dreamers, em 2018 
General Qassem Soleimani 
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p Em relação à saúde, Trump não conseguiu acabar com o Obamacare, programa do 
governo anterior que o novo presidente queria a todo custo terminar. Entretanto, Trump 
conseguiu em 2019, que a Suprema Corte aprovasse a proibição da entrada de pessoas 
transgênero nas forças armadas, que havia sido liberada antes por Barack Obama
O final do governo Trump foi extremamente conturbado. Ele questionou o resultado 
das eleições de 2020 que deram a vitória a Joe Biden, e muitos duvidavam que ele 
fosse aceitar passar a faixa presidencial para o seu adversário político. Após sucessivas 
tentativas de anular o resultado através da justiça, Trump convocou uma grande 
manifestação dos seus apoiadores, em frente ao Capitólio, sede do governo federal dos 
EUA.
No começo de janeiro, que é quando ocorre a posse dos novos presidentes, milhares 
de eleitores de Trump invadiram o Capitólio e depredaram as instalações. O objetivo 
deles era tumultuar a cerimônia que confirmaria a vitória de Biden. Muitos estavam 
armados, e ocorreu a morte de 4 manifestantes e 1 policial. A reação da polícia não foi 
contundente, e os manifestantes só foram controlados à noite, com a intervenção da 
Guarda Nacional.
Dois dias depois da invasão ao Capitólio, Trump reconheceu sua derrota e o novo 
presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, do partido Democrata, foi empossado sem 
problemas nem contratempos.
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NEOLIBERALISMO E 
GLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃO
A ideia geral da globalização é 
atribuída ao sociólogo canadense 
Marshall McLuhan (1911-1980), que 
na verdade foi que criou o conceito 
de aldeia global na década de 1960. 
Conceito esse que é praticamente 
um sinônimo do que entendemos 
hoje por globalização. Basicamente, 
a ideia é que as novas tecnologias de 
comunicação e transportes diminuíram 
as fronteiras do mundo, fazendo 
com que se tornem uma aldeia.
Mas as comparações do mundo globalizado com uma aldeia não param por aí. Segundo 
McLuhan, rumores e assuntos insignificantes iriam adquirir uma dimensão global neste 
novo contexto. E é exatamente isso que acontece na época das redes sociais e passeatas 
combinadas através de aplicativos de celular. Além disso, as relações de produção e 
consumo estariam reorientadas para uma escala global.
GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO
Atualmente, as discussões sobre a globalização estão inseridas no debate sobre o 
Neoliberalismo, devido a questão do livre trânsito de mercadorias, serviços e capitais. 
Neste sentido, as empresas transnacionais estariam até mesmo trazendo uma nova 
avaliação do conceito de soberania nacional. 
A propósito, o neoliberalismo é fundado na ideia de um mercado global e integrado, onde 
as fronteiras não fazem mais sentido. Por esse motivo, trabalha-se com o conceito de 
empresas transnacionais em substituição à clássica ideia de empresas multinacionais. 
A diferença é que as transnacionais são cada vez mais independentes dos seus países 
de origem. Por outro lado, elas também procuram países onde as leis trabalhistas sejam 
flexibilizadas ou inexistentes. Evidentemente, isso faz com que o neoliberalismo seja 
contrário ao Welfare State (Estado de Bem-estar Social).
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ão OS FÓRUNS INTERNACIONAIS
Da mesma forma, existe uma certa tensão entre organizações internacionais, como a 
ONU (Organização das Nações Unidas) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho), 
e os governos que as vêem como umaviolação à soberania nacional, devido à sua 
ingerência nos assuntos internos. Mas na realidade, essas organizações lutam para que 
sejam respeitados os direitos básicos e universais dos trabalhadores do mundo todo.
A livre circulação de mercadorias e pessoas faz com que ocorra uma preocupação com 
a “ocidentalização” dos países, pois junto aos produtos que são comercializados vêm 
valores e costumes. Como tradicionalmente a globalização foi levada a efeito por países 
ocidentais, existe um risco de ocidentalização do mundo.
A SOCIEDADE PÓS-MODERNA
Vários autores contribuíram para o entendimento que possuímos hoje a respeito do 
conceito de pós-modernidade, entre eles, Zygmunt Bauman, Adorno, Horkheimer, 
Friedrich Jameson e, certamente, Jean Baudrillard. 
Tornado popular após a trilogia Matrix, lançada pela primeira vez nos cinemas 
em 1999, Baudrillard capturou as imaginações e mentes da nova geração digital 
com o seu conceito de hiper-realidade. Esta é uma forma de 
entendermos o momento presente, onde vivemos cercados 
por produtos e redes eletrônicas e digitais, rompendo assim 
com a fronteira entre o imaginário e o real.
Além disso, outros teóricos da pós-modernidade teceram 
igualmente relações entre este fenômeno e a globalização ao 
abordarem assuntos como a atomização das relações sociais e 
o chamado império do consumo, que estabelece uma hierarquia 
entre os indivíduos baseada em seu poder de compra.
UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
As críticas à pós-modernidade costumam girar em torno da noção de tempo e da 
superficialidade das relações. Na questão do tempo, o homem pós-moderno vive num 
eterno presente, superficial e eterno. Isto, evidentemente, provoca um aumento da 
ansiedade, mas também da superficialidade nas relações e interações sociais. Por isso, o 
sociólogo Georg Simmel considerava o mundo moderno uma “sociedade de estranhos”.
Jean Baudrillard
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ãoZYGMUNT BAUMAN E A PÓS-MODERNIDADE
Quem mais se aprofundou nos novos modelos de relações que surgiram na pós-
modernidade foi o sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman, que cunhou o conceito 
de modernidade líquida e liquidez das relações, em substituição ao de pós-modernidade.
Sendo mais específico, Bauman identifica três grandes mudanças que caracterizam a 
modernidade líquida:
 f A mudança das relações sociais do trabalho para o consumo - visto enquanto prazer.
 f As estruturas tradicionais de solidariedade cedem espaço para as disputas entre 
os indivíduos, o que é um reflexo da metamorfose do cidadão enquanto sujeito de 
direitos para um indivíduo em busca de afirmação na sociedade.
Como consequência disso, as relações sociedades na modernidade líquida são fluidas 
e inconstantes.
ANOTAÇÕES
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MOVIMENTOS SOCIAIS 
E CULTURAIS
No tempo presente (século XXI), os movimentos sociais sofrem uma grande influência 
das redes sociais. É através da internet que ideias são trocadas, grupos são formados e 
manifestações de rua são combinadas. 
A absoluta conectividade que a rede oferece faz também com que as informações, 
sejam elas escritas ou visuais, sejam compartilhadas quase que instantaneamente. Ao 
mesmo tempo, a consciência da sociedade se expandiu através do compartilhamento 
de valores e experiências.
O maior exemplo desse novo tipo de mobilização 
feita pela internet foi a Primavera Árabe, que 
foram movimentos de contestação aos regimes 
árabes ditatoriais e corruptos, que não foram 
organizados por nenhum partido político e 
aconteceram simultaneamente em vários 
países do mundo árabe.
Mas apesar da grande repercussão em todo 
o mundo árabe, as revoltas tiveram aspectos 
particulares e finais diferentes em cada país. 
Por exemplo, no caso da Líbia, ocorreu uma 
guerra civil e uma intervenção da OTAN 
que levou à queda de Muammar Kadafi. Já o 
Marrocos, apesar dos protestos, conseguiu 
avançar algumas reformas. 
Aliás, os únicos países árabes onde os governantes foram depostos foram o Egito, a 
Tunísia e a Líbia. Outros países, como Iêmen e Síria, entraram na espiral de guerra civil 
que dura até os dias de hoje (2021).
Entre as muitas críticas que eram feitas a estes regimes árabes estava o fato dos 
governantes buscarem se perpetuar no poder, alguns por mais de 40 anos, como 
foi o caso de Kadafi. 
EXPANSÃO DAS MIGRAÇÕES
O fato é que o grande número de conflitos, guerras civis e intervenções militares, 
principalmente nos países do Oriente Médio e Ásia Central, fez com que um número 
gigantesco de pessoas civis fosse obrigado a se deslocar de seus países e cidades, 
tornando-se refugiados em outros lugares do mundo.
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is OCCUPY WALL STREET, 2011
Curiosamente, a Primavera Árabe serviu de 
inspiração para os jovens estadunidenses 
que resolveram ocupar as praças de 
Wall Street para protestar contra as 
desigualdades, a corrupção e a influência 
das grandes corporações no governo dos 
Estados Unidos.
MOVIMENTO FEMINISTA
O movimento feminista chegou ao século XXI sob os ataques de vários conversadores 
de direita e extrema-direita e também de religiosos radicais. Não obstante, ocorreram 
alguns avanços, e no Brasil, por exemplo, foi aprovada a Lei Maria da Penha e ampliou-
se o número de delegacias especializadas no atendimento à violência contra a mulher.
A internet também impactou bastante o movimento, na medida 
em que surgiram vários blogs feministas, sites e coletivos 
organizados por mulheres jovens desde os anos de 2010. 
O resultado foi positivo, pois foram criadas várias políticas 
institucionais que contemplavam as demandas do movimento. 
Centrais para o movimento são os temas da igualdade de direitos, 
violência sexual e representatividade.
Malala Yousafzai, ativista paquistanesa conhecida por 
lutar pelos direitos humanos e das Mulheres.
O uso da internet pelos movimentos sociais demonstrou 
também o poder das Hashtags para lançarem 
campanhas e manifestações. No caso do Brasil, que 
está entre os 5 primeiros países do mundo que mais 
são violentos contra as mulheres, foram feitas várias 
campanhas contra o assédio sexual, como por exemplo, 
a #Chegadefiufiu, de 2013 e as #MeuPrimeiroAssédio 
e #MeuAmigoSecreto.
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isMOVIMENTO LGBTQUIA+
A sigla LGBTQUIA+ significa: Lésbicas, 
Gays, Bissexuai, Travestis, Transexuais, 
Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexual 
e mais. Estes grupos têm se organizado 
para lutarem por seus direitos desde a 
década de 60, e a era da Internet deu mais 
visibilidade para suas demandas. Entre 
estas encontram-se a criminalização da 
homofobia, o reconhecimento da identidade 
de gênero, o fim da “cura gay”, permissão 
da adoção para casais homoafetivos etc.
Entre avanços e recuos, muitos países já reconhecem a união de casais do mesmo sexo, 
como é o caso do Reino Unido e dos Estados Unidos, mas outros não. A adoção de 
crianças por casais homoafetivos também é reconhecida em alguns países. Contudo, 
em certos países, ser pego em flagrante praticando atos homossexuais pode levar à 
prisão, tortura e, em alguns casos, à pena de morte.
OS COLETIVOS, AS NOVAS HORIZONTALIDADES
Algo que é bem marcante em todos esses movimentos sociais é a estrutura horizontal. 
Isto significa que eles não têm uma hierarquia a qual precisam seguir e obedecer, 
mas todos são iguais em termos de responsabilidades. Por isso, chama-se também 
de coletivo a esta forma de organização, e os que participam desses coletivos são 
chamados de ativistas.
MOVIMENTO AMBIENTAL
Dentro desse grande espectro de movimentos existe também 
o movimento ambiental, que procura lutar pela preservação do 
meio-ambiente pressionando os governos e conscientizando a 
população.
MANIFESTAÇÕES CONTRA O RACISMO
Algo que também marcou bastante os anos 2010 foram as manifestações antirracistas. 
Elas foram movidas principalmente pelos protestos contra a violência e brutalidadepolicial nos Estados Unidos. Violência essa voltada principalmente contra a população 
negra desarmada. 
Em alguns casos, verdadeiros ataques terroristas foram cometidos por supremacistas 
brancos contra aglomerações de pessoas negras, como foi o caso do atentado à igreja 
de Charleston em 2015. Mas o auge deste movimento foi atingido em 2020 após 
o assassinato do cidadão afro-americano George Floyd que foi morto enquanto um 
policial o imobilizava no chão enquanto ele dizia: “Eu não consigo respirar! ”.
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is DIREITOS DAS POPULAÇÕES MARGINALIZADAS
Em suma, os movimentos sociais abrangem um 
grande leque de causas, mas todas elas visam 
às populações marginalizadas da sociedade, 
como pessoas sem moradia, movimento sem-
terra, povos indígenas, defesa de minorias 
religiosas, combate à xenofobia etc. Podendo 
também incluir a luta pela ética na política e 
pelo fim dos abusos do Estado.
ANOTAÇÕES
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PATRIMÔNIO E MEMÓRIA
Desde o assassinato do afro-americano George Floyd, têm acontecido mais e mais 
manifestações antirracistas em todo o mundo. Um dos principais aspectos das 
manifestações contra o racismo é a contestação de monumentos que celebram a 
memória de personagens históricos da época da colonização das Américas e da África. 
Este é o caso, por exemplo, do “Monumento às Bandeiras”, em São Paulo, que foi feito 
em homenagem aos Bandeirantes. Os bandeirantes, como é sabido, organizaram 
várias expedições no interior do Brasil com o objetivo de capturar indígenas para 
serem vendidos como escravos.
Apesar da contestação a esses e vários outros monumentos não ser nova, foi somente 
após o assassinato de Floyd, ou seja, a partir de 2020, que aconteceram manifestações 
violentas em vários países. Algumas literalmente visando destruir estátuas, bustos e 
monumentos, enquanto outras buscam pedir a sua remoção por vias legais.
PRESERVAR OU DESTRUIR? - EIS A QUESTÃO
Então, desde 2020, que foi o ano em que o antirracismo esteve em alta, devido ao 
assassinato de Floyd em Maio. No mês seguinte, Junho, manifestantes na Inglaterra 
atiraram no rio a estátua do traficante de escravos Edward Colston. No Brasil, só no ano 
de 2021 foram incendiados dois monumentos: a estátua de Borba Gato, em São Paulo, 
e a estátua de Pedro Álvares Cabral, no Rio de Janeiro.
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ia FUNÇÕES DOS MONUMENTOS
A palavra “monumento” é de origem grega e significa “lembrar”, 
“aconselhar” ou “alertar”. Os monumentos fazem parte da 
cultura material de determinada sociedade, e trazem a marca 
do tempo e lugar em que foram criados. Ao mesmo tempo, 
os monumentos são símbolos de poder e possuem uma 
função didática e pública, de transmitir às gerações futuras 
acontecimentos e personagens “memoráveis”.
MEMÓRIA
A memória representa e revela os valores de uma determinada sociedade. Em outras 
palavras, é o testemunho de uma determinada cultura em forma material. Desta 
forma, os seus valores e identidade são preservados e transmitidos para as futuras 
gerações dessa sociedade. Evidentemente, existe uma seleção do que será lembrado e 
preservado através do monumento. E isso pode trazer a marca as contradições sociais 
de uma determinada sociedade.
REVISIONISMO OU REPARAÇÃO?
O revisionismo histórico implica numa manipulação do passado 
visando uma determinada parcialidade. Assim, determinados 
personagens e acontecimentos históricos são ressaltados em 
detrimento de outros. De certa forma, alguns monumentos 
contribuem para a reprodução desse revisionismo. Por outro lado, 
deixar de homenagear através de monumentos determinadas 
personalidades que foram importantes para a história de um povo, 
também faz parte do revisionismo histórico.
É aí que entram os movimentos que exigem reparações. 
Apontando e denunciando os diversos revisionismos, eles 
exigem que outras narrativas também sejam contadas e 
lembradas. Por outro lado, alguns também exigem a retirada dos monumentos, 
especialmente aqueles que pessoas ligadas a um passado de genocídio e escravidão.
PATRIMÔNIO CULTURAL, MATERIAL E IMATERIAL
Vamos agora entender o que significa patrimônio cultural, e como o mesmo é dividido 
em material e imaterial. O patrimônio cultural representa o conjunto de todas as obras, 
bens e manifestações populares de um determinado povo e cultura. Logo, ele guarda a 
história, ancestralidade e identidade desse povo ou cultura.
No Brasil, quem cuida do patrimônio histórico e cultural brasileiro é o IPHAN (Instituto 
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Pela própria definição apresentada acima, 
deduzimos que o patrimônio cultural pode ser dividido em material e imaterial. 
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A diferença é que o patrimônio imaterial não exige uma materialidade imediata para ser 
reconhecido como patrimônio. Este é o caso, por exemplo, das danças e lutas típicas e 
tradicionais. A propósito, a capoeira é um patrimônio imaterial.
DIFERENTES OPINIÕES SOBRE O TEMA - PRESERVAR OU DESTRUIR?
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Desde os movimentos mais radicais que literalmente destruíram ou depredaram os 
monumentos em 2021, têm surgido cada vez mais vozes de intelectuais ligados ao 
campo da cultura e História, emitindo opiniões sobre a procedência ou não de tais atos. 
Evidentemente, a maioria deles não apoiou as atitudes mais radicais e violentas. Por outro 
lado, eles se mostraram abertos à discussão do sentido original dos monumentos no 
atual contexto em que vivemos.
Segundo Laurentino Gomes, jornalista que se 
consagrou com uma série de livros sobre a história do 
Brasil, e mais recentemente lançou uma série sobre a 
escravidão, os monumentos devem ser preservados 
como objeto de estudo e reflexão.
Em contrapartida, a historiadora Maria Helena 
Machado não acredita que destruir os monumentos 
é a mesma coisa que destruir a história. Na opinião 
dela, o próprio ato de destruir coletivamente um 
símbolo de escravidão é uma ação que se inscreve 
na história, e não fora dela.
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ia O curador do Museu do Ipiranga (Museu Paulista) da Universidade de São Paulo, Paulo 
Garcez Marins, afirma que destruir a estátua não destrói o problema, e os monumentos 
que causam controvérsias podem ser usados como ponto de partida para uma discussão.
No entanto, segundo a opinião de outros especialistas, os monumentos já teriam 
perdido o seu papel no espaço público, devido à superação da questão da 
homenagem, e deveriam então ser deslocados para os espaços dos museus, onde 
poderiam ser apreciados e discutidos. 
Mas mesmo esta posição é problematizada por alguns historiadores, que não 
acreditam que uma exposição em museus possa realmente despertar a discussão 
que alguns monumentos demandam, devido ao caráter elitista dos museus, 
inacessíveis para a maior parte da população.
ANOTAÇÕES
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HISTÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS
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“ÍNDIO” NA VISÃO DE QUEM?
Antes de iniciarmos o estudo sobre os 
povos indígenas do Brasil, a primeira coisa 
que devemos ter bem clara é que o termo 
“índio” não é apropriado para descrever a 
grande variedade de povos nativos que 
habitavam o território que futuramente 
se tornaria o Brasil. Já a palavra indígena 
tem o mesmo sentido de “nativo”, ou seja, 
originário de um determinado território. 
Por vezes, eles também são chamados de 
“ameríndios”, no sentido de indígenas do 
continente americano.
A origem da palavra “índio” como aplicada 
aos indígenas vem do fato de que os 
europeus que os avistaram pela primeira 
vez, pensaram que eles fossem da Índia, 
pois a expedição de Pedro Álvares Cabral 
estava se dirigindo ao subcontinente 
indiano. Portanto, desde o primeiro 
contato dos europeus com os nativos do 
continente americano, o “etnocentrismo” 
esteve presente. Um detalhe interessante é 
que os “Tupis” chamavam os outros povos 
não-tupis de “Tapuias”. Portanto, não faz 
sentido chamar todos eles de índios como 
se fossemuma coisa só.
Uma forma de dividir e classificar os povos indígenas é através dos troncos linguísticos 
aos quais eles pertencem. Neste sentido, existiam dois grandes troncos: tupi-guarani 
e jê. Mas o número de povos em si era bem maior e, segundo o antropólogo Curt 
Nimuendaju existiam 1.400 deles na época do “achamento”.
Principais famílias e troncos linguísticos indígenas (séc. XVI)
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s O INDÍGENA E A VISÃO DO OUTRO
Desde o primeiro contato com o europeu, o indígena era visto sob 
duas óticas distintas: ou de forma positiva, porém idealizada, ou 
como um ser bestial. Ambas bem longe da verdade. O primeiro 
contato registrado, que foi aquele da expedição de Cabral onde 
esteve presente Pero Vaz de Caminha, registra o primeiro encontro 
dos portugueses com os povos indígenas na costa brasileira. 
Nas palavras de Caminha, os indígenas eram pessoas belas e inocentes, que poderiam 
se tornar bons cristãos. Contudo, após mais alguns contatos e novas expedições, alguns 
europeus passaram a ter uma visão muito negativa dos povos indígenas. Neste sentido, 
tornou-se exemplar a frase de Pero Magalhães Gândavo, que chamou os ameríndios de 
povos sem Fé, sem Lei e sem Rei.
Uma das características culturais que mais chocaram os europeus na época da colonização 
foi o canibalismo praticado pelos tupinambás. Lembrando mais uma vez que os povos 
indígenas não eram todos iguais e possuíam culturas diversificadas. Assim, somente os 
tupinambás ficaram conhecidos pela prática da antropofagia (consumo de carne humana). 
Segundo os antropólogos, esse 
canibalismo era uma espécie de exofagia, 
o que significa que os tupinambás não 
comiam membros da própria tribo, mas a 
carne dos seus inimigos. E isto era feito de 
forma ritualizada e com um determinado 
objetivo. A carne humana não fazia parte 
da dieta diária dos tupinambás.
O MITO DO “POVO INDOLENTE”
Uma das muitas construções feitas sobre os 
povos indígenas foi a ideia de que eram um 
povo indolente. Dito de forma mais simples, 
é o preconceito de que os ameríndios 
eram um povo “preguiçoso” que não 
gostava de trabalhar. Essa percepção vinha 
das diferenças entre a cultura indígena, 
baseada na lógica da subsistência, e a 
cultura do colonizador, baseada na lógica 
da acumulação e do lucro. 
Além disso, um outro mito projetado sobre 
os indígenas era o da “inocência”, como se 
eles fossem eternas crianças que, por isso, não saberiam cuidar de si, necessitando, 
portanto, da ajuda do colonizador. Por outro lado, não vendo sentido no trabalho que 
os portugueses queriam lhes impor, os ameríndios resolveram fugir para a mata como 
forma de resistência à exploração, o que pode ter reforçado a ideia da indolência.
Theodore de Bry. Assando e comendo pedaços 
do corpo do prisioneiro. Grandes Viagens. 1592.
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ESCRAVIZAÇÃO E CATEQUIZAÇÃO
Basicamente, as formas de dominação 
colonial contra os ameríndios assumiram 
duas formas: a escravização e a 
catequização. A justificativa para a 
primeira eram as chamadas “guerras 
justas”. A guerra justa ocorria quando 
os colonizadores combatiam tribos 
indígenas que os atacavam. Mas a partir 
do momento em que os europeus eram os 
invasores das Américas, era natural que os 
ameríndios procurassem resistir por todos 
os meios necessários, incluindo a guerra. Evidentemente, milhões de indígenas foram 
exterminados nesse processo que atravessou séculos. Neste sentido, uma outra forma 
de resistência indígena foi o isolamento para o interior. Prova disso é que quando os 
portugueses chegaram, a maioria dos ameríndios moravam perto do litoral. É somente 
após o avanço dos portugueses que eles avançam para o interior do território.
Foram feitas muitas guerras contra os indígenas, e algumas foram registradas pela 
história, como a “Guerra dos Bárbaros”, na Bahia; a “Revolta dos Índios”, no Amazonas; 
e a “Guerra dos Sete Povos das Missões”, no Rio Grande do Sul, que acabou com a 
morte de 20 mil indígenas. No caso de Sete Povos das Missões, o conflito ocorreu 
porque a área onde estavam localizadas as missões (30) era de disputa entre Portugal 
e Espanha. Quando foi decidido que ela passaria para Portugal, as tropas portuguesas 
e espanholas tentaram remover os indígenas à força, e assim ocorreu essa guerra.
A catequização funcionava como uma maneira, embora pacífica, de dominação dos 
indígenas. Neste sentido, os padres jesuítas foram pioneiros na defesa dos ameríndios 
contra as guerras de extermínio que eram feitas contra eles. 
Ruínas em São Miguel Arcanjo, onde travou-se 
a Guerra dos Sete Povos das Missões
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s Estes fundaram várias aldeias educacionais que ficaram conhecidas como “reduções 
jesuíticas”, onde os ameríndios eram catequizados e aprendiam a aceitar a dominação 
dos europeus através da adoção da cultura e religião do colonizador.
DE PREGUIÇOSO À HERÓI NACIONAL
Durante o Império, como o Brasil já era uma nação independente, 
buscou-se uma identidade nacional. Os poetas e escritores 
românticos participaram desse esforço escrevendo livros e versos 
sobre episódios fundadores da história nacional, como I-Juca-
Pirama, de Gonçalves Dias, e O Guarani, de José de Alencar. É no 
movimento romântico que o índio é eleito o herói nacional, ou em 
outras palavras, o símbolo da nacionalidade brasileira. 
Mas apesar das boas intenções, esse indígena do romantismo 
era entendido a partir de uma matriz europeia. Os românticos 
simplesmente pegaram o modelo romântico de herói europeu 
e lhe deram um nome e aparência indígena, que leva alguns a 
afirmarem que os personagens indígenas do romantismo são 
“índios de alma branca”.
O projeto romântico foi abraçado pela autoridade imperial. Prova 
disso é que mesmo D. Pedro II era frequentemente retratado com 
elementos indígenas. Como exemplo, podemos citar as penas de 
papo de tucano compondo a murça do seu traje majestático, como 
se ele fosse um líder indígena. Ou então uma charge onde D. Pedro 
II aparece sendo coroado com louros por uma mulher indígena.
NA REPÚBLICA, OS BUGREIROS
Mas apesar dessa visão romântica do indígena, que de certa forma 
é forte até os dias de hoje, desde meados do Império (1850) até 
os primeiros anos da República (1914), era comum serem organizadas expedições para o 
extermínio sistemática dos povos indígenas. E em relação a isso, o Império foi conivente.
O ano de 1850 é altamente emblemático, porque foi o ano em que foi promulgada a Lei 
de Terras do Império. Segundo ela, teria direito de propriedade a pessoa que pudesse 
comprar a terra. Sendo assim, várias pessoas que habitavam um determinado território 
e já possuíam o direito de posse, perderam esse direito do dia para a noite. Isto afetou 
principalmente os povos indígenas que habitavam nos territórios onde os interesses 
econômicos tinham necessidade de se expandir.
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Na região Sul, durante a República, os 
homens que realizavam expedições de 
extermínio de povos indígenas ficaram 
conhecidos como bugreiros. O termo 
bugres era aplicado aos indígenas não-
cristãos que ainda viviam de forma 
tradicional. Os bugreiros, portanto, eram 
aqueles que faziam do extermínio dessas 
populações o seu modo de vida. 
EM 1910 SURGIA O SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO
A questão indígena no Brasil só viria a renascer após as missões do Marechal Cândido 
Rondon, que levou linhas de telégrafo para o interior do Brasil. Nas suas jornadas pelo 
interior do Mato Grosso e da Bacia do Amazonas, Rondon encontrou várias tribos 
indígenas, mas sempre lidou com elas de forma amistosa, sendo fiel ao seu princípio de 
“morrer se preciso for, mas matar, nunca! ”
Entretanto, o SPI não cumpriu bem a sua 
missão, e chegou até mesmo a ser acusado 
de praticar violência contra as populações 
nativas.Em face de todas essas graves 
denúncias, o SPI é extinto em 1967, já 
durante o período da ditadura militar, e em 
seu lugar é criada a FUNAI (Fundação 
Nacional do Índio), que apesar das boas 
intenções ainda trazia alguns preconceitos. 
É somente com a nova constituição de 
1988 que os índios serão respeitados nas 
suas especificidades.
VIOLÊNCIA CONTRA INDÍGENAS
Os inúmeros casos de violência que existem hoje contra os 
indígenas no Brasil são resultado dos embates que ocorrem contra 
madeireiras, mineradores e agricultores que invadem ilegalmente 
os territórios indígenas para explorá-los. Evidentemente, as maiores 
vítimas são os indígenas, que além de serem agredidos nos seus 
direitos ainda são sistematicamente assassinados desde o começo 
da colonização europeia no Brasil.
Um dos casos mais cruéis de violência contra um indígena 
na história recente, aconteceu em 1997 em Brasília, quando 
um grupo de criminosos jovens resolveu tacar fogo, “só de 
brincadeira”, num índio que dormia na rua. O nome dele era 
Galdino Pataxó, era um líder indígena e acabou morrendo em 
decorrência das queimaduras.
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E apesar de todos os avanços legais contidos na 
Constituição de 1988, que possui um capítulo destinado 
especialmente aos índios, eles ainda são vistos de forma 
estereotipada e pouco realista. Mesmo uma comemoração 
aparentemente inocente, como o Dia do Índio, na verdade 
impõe uma visão estereotipada sobre os indígenas. 
Por outro lado, suas crenças e tradições, reconhecidas pela 
lei, são ameaçadas pela ação de missionários que fazem 
hoje a mesma coisa que os jesuítas faziam no passado. 
Assim, existe atualmente uma verdadeira “guerra” pelas almas dos indígenas. 
Guerra essa que em última instância ameaça a existência das culturas e 
tradições dos povos ameríndios.
Pastor festeja o batismo de indígenas da etnia Xavante no Mato Grosso

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