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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
PEDAGOGIA 
 
 
 
 
BRUNNA ALLINE DA SILVA 
JOSÉ LUIZ DA COSTA 
SILMARA GRASIELA BOGOVICZ DE ASSIS PAZINI 
 
 
 
 
 
Educação Ambiental: ações de conscientização e transformação 
da visão das crianças da Comunidade Vila Cápua, em Francisco 
Morato - SP 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francisco Morato - SP 
 2020
Vídeo de apresentação do TCC: 
https://www.youtube.com/watch?v=DJNRJFIbmbQ&feature=youtu.be 
BRUNNA ALLINE DA SILVA 
JOSÉ LUIZ DA COSTA 
SILMARA GRASIELA BOGOVICZ DE ASSIS PAZINI 
 
 
Educação Ambiental: ações de conscientização e transformação da visão das 
crianças da Comunidade Vila Cápua, em Francisco Morato - SP 
 
 
Trabalho desenvolvido para a disciplina de 
Trabalho de Conclusão de Curso como 
requisito para obtenção do diploma do Curso de 
Licenciatura com Habilitação em Pedagogia da 
Universidade Virtual do Estado de São Paulo 
(UNIVESP). 
 
Orientadora: Prof.ª Narayana de Deus Nogueira 
 
 
Aprovado em: __________________________ 
Conceito:______________________________ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
_________________________________________________________________ 
Narayana de Deus Nogueira 
UNIVESP 
Presidente 
 
 
 
 
_________________________________________________________________ 
Giovanna Maria Abrantes Carvas 
IFSULDEMINAS 
Membro 
 
 
 
 
 
Francisco Morato - SP 
 2020
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu irmão querido Allon 
Diógenes da Silva “In Memorian”, pela sua amizade, 
momentos felizes na nossa família e que me inspirou a 
escolher a Educação como bandeira de um ideal 
possível. (Brunna Alline da Silva) 
Dedico este trabalho ao meu marido Ferdinando, que 
deu todo o suporte para que eu pudesse desenvolver 
este projeto. (Silmara Grasiela Bogovicz de Assis Pazini) 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradecemos aos educadores voluntários e alunos da Associação B. Vila 
Cápua por acolher nossa pesquisa e realização das atividades, à nossa orientadora 
Narayana, por toda paciência e disponibilidade conosco e, em especial, às nossas 
famílias que nos apoiaram e incentivaram durante toda realização deste estudo. 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho cumpre o objetivo de desenvolver uma pesquisa baseada em um 
estudo de caso, na cidade de Francisco Morato, onde localiza-se a biblioteca 
da Associação Amigos do Bairro da Vila Cápua. Por meio da análise de dados do 
Programa Verde e Azul, no qual a cidade referida ocupa uma posição muito 
preocupante no ranking das cidades sustentáveis, justifica- se o interesse em 
realizar uma pesquisa qualitativa, com vistas à solução para o problema 
pesquisado com voluntários deste local. Desta forma, foi possível compreender a 
importância de despertar nas crianças e na comunidade, uma reflexão e mudança 
de visão pertinente à Educação Ambiental, para que possam melhorar sua qualidade 
de vida. A partir do Levantamento Bibliográfico escolhido para estruturar 
a Fundamentação Teórica, foi possível pensar nas atividades práticas que 
resultaram nas oficinas de construção de instrumentos musicais e brinquedos 
reciclados. 
 
 
Palavras-chave: Educação Ambiental; Oficinas; Reciclagem; Educação não formal; 
Interdisciplinaridade; 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This work fulfills the objective of developing a research based on a case study, in the 
city of Francisco Morato, where the library of the Associação Amigos do Bairro da 
Vila Cápua is located. Through the analysis of data from the Green and Blue 
Program, in which the referred city occupies a very worrying position in the ranking of 
sustainable cities, the interest in conducting a qualitative research is justified, with a 
view to solving the problem researched with volunteers from this place. In this way, it 
was possible to understand the importance of awakening in the children and in the 
community, a reflection and change of view pertinent to Environmental Education, so 
that they can improve their quality of life. From the Bibliographic Survey chosen to 
structure the Theoretical Foundation, it was possible to think of the practical activities 
that resulted in the workshops for the construction of musical instruments and 
recycled toys. 
 
 
Keywords: Environmental Education; Workshops; Recycling; Non-formal education; 
Interdisciplinarity; 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Fotografia 1 – Construção dos chocalhos ................................................................ 31 
Fotografia 2 – Contação de história: Iris na Cidade Cinza ........................................ 32 
Fotografia 3– Construindo o jogo de Boliche ............................................................ 32 
Fotografia 4 – Finalizando o jogo de Boliche ............................................................ 33 
Fotografia 5 – Construindo as Castanholas ............................................................. 33 
Fotografia 6 – Castanholas ...................................................................................... 34 
Fotografia 7 – Descobrindo o Xilovidro .................................................................... 34 
Fotografia 8– Xilovidro com baquetas ...................................................................... 35 
Fotografia 9 – Cabuletê (montagem e personalização) ............................................ 35 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9 
1.1 Contextualização .............................................................................................. 9 
1.2 Justificativa ..................................................................................................... 10 
1.3 Objetivos ........................................................................................................ 12 
1.3.1 Geral ........................................................................................................ 12 
1.3.2 Específicos............................................................................................... 12 
1.4 Cronograma ................................................................................................... 14 
2 METODOLOGIA ................................................................................................... 15 
2.1 Método Dedutivo - Exploratório ...................................................................... 15 
2.2 Metodologias de Pesquisa .............................................................................. 15 
2.3 Pesquisa Qualitativa ....................................................................................... 15 
2.4 Levantamento Bibliográfico ............................................................................ 16 
2.5 Análise Bibliográfica e Documental................................................................. 16 
2.6 Estudo de Caso .............................................................................................. 16 
2.7 Pesquisa de Campo ....................................................................................... 16 
2.8 Pesquisa-Ação ............................................................................................... 17 
2.9 Recursos ........................................................................................................ 17 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 18 
3.1 Breve histórico sobre a Educação Ambiental .................................................. 18 
3.2 A importância da Educação Ambiental ........................................................... 20 
3.3 A Educação Ambiental e as políticas educacionais ........................................ 21 
3.3.1 Base Nacional Comum Curricular – BNCC ..............................................21 
3.3.2 Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9.795/99 ..................... 21 
3.3.3 Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica ............................ 22 
 
 
 
 
3.3.4 Parâmetros Curriculares Nacionais .......................................................... 22 
3.3.5 O Currículo Paulista ................................................................................. 23 
3.4 A interdisciplinaridade na Educação Ambiental. ............................................. 23 
3.5 “Transtorno do Déficit de Natureza” ................................................................ 24 
3.6 Educação Ambiental em Espaços Não Formais de ensino ............................. 25 
3.7 A Pedagogia de John Dewey e a Escola Experimental.................................. 26 
3.8 Possibilidades de criação e recriação de instrumentos a partir de materiais 
reciclados ............................................................................................................. 27 
3.9 Brinquedos a partir de materiais recicláveis.................................................... 28 
3.9.1 Ludicidade e brinquedos com material reciclável como ferramentas de 
aprendizagem ................................................................................................... 29 
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................... 31 
4.1 Descrição das atividades aplicadas ................................................................ 31 
4.2 Relato de experiência das oficinas ................................................................. 36 
4.3 A ludicidade na Contação de Histórias: Abordando o tema Déficit de Natureza
 ............................................................................................................................. 37 
4.4 Discussão dos Resultados ............................................................................. 38 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 40 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 43 
ANEXOS .................................................................................................................. 49 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 Contextualização 
Este trabalho visou realizar ações educativas, em espaço não formal, 
destacando a importância da Educação Ambiental, como forma de complementar as 
intervenções advindas de ações comunitárias, interligando diálogos entre 
pesquisadores e professores que atuam na cidade de Francisco Morato – São 
Paulo. 
Como etapa inicial desta pesquisa, retomou-se a análise de resultados do 
ranking do Programa Verde – Azul1, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de 
São Paulo, quando o referido programa fora abordado no Projeto Integrador, 
desenvolvido no primeiro semestre de 2020. O mesmo aponta que a cidade ocupa 
uma posição muito baixa no ranking, em 561° lugar, sendo esta, uma das últimas 
posições em 2019. Sendo assim, passou-se a compreender a pouca articulação das 
políticas ambientais aplicadas na cidade de Francisco Morato como um dos fatores 
principais para que se iniciasse uma pesquisa, com o intuito de sensibilizar a 
comunidade acerca das possíveis contribuições, teórica e prática, a fim de fortalecer 
ações positivas no bairro, além de proporcionar um possível material de consulta a 
professores e/ou educadores voluntários que frequentem o espaço da Associação 
Comunitária Vila Cápua. 
Além disso, percebeu-se que os bairros em que são praticadas mais ações 
degradantes ao meio ambiente, são aqueles que não possuem um Ecoponto ou que 
não possuem ações educativas através das associações de moradores. 
A partir da instalação do Ecoponto, sugeriu- se a necessidade de ampliar as 
atividades de caráter comunitário (orientações sobre higienização e separação de 
recicláveis) e, assim, focando o tema em Educação em Espaços não Formais, 
dialogando com as disciplinas: Ciências da Natureza, Geografia, Metodologias 
Ativas e Projetos Interdisciplinares e Aprendizagem além de aspectos estratégicos e 
didáticos, que fazem parte das Metodologias Pedagógicas, e que consideram a 
ludicidade como estratégia educativa. 
 
1
 Projeto lançado em 2007, pelo governo do estado de São Paulo, com o propósito de medir e apoiar 
a eficiência da gestão ambiental com a descentralização e valorização da agenda ambiental nos 
municípios. O principal objetivo é estimular e auxiliar as prefeituras paulistas na elaboração e 
execução de suas políticas públicas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do estado. 
10 
 
 
Compreende-se a urgência de propagar o uso sustentável dos resíduos 
produzidos no bairro referido e, por conseguinte, considerou-se pertinente a 
proposta de elaborar um material didático, com objetivo de sugerir/apresentar a 
criação de brinquedos feitos com materiais reciclados, oficinas de Contação de 
Histórias e até mesmo a recriação de instrumentos musicais, elaborados a partir 
destes materiais. 
As oficinas realizadas tiveram participação limitada de 04 crianças por vez, 
devido à Pandemia de Covid-19, na Contação de histórias o número foi um pouco 
maior, mas foram respeitadas as orientações de higienização e distanciamento 
social, e todas as crianças usaram máscaras durante as oficinas. 
Pretendeu-se utilizar uma linguagem acessível, que considerasse a 
participação de 08 crianças a partir de 10 anos (que já possuem boa capacidade de 
socialização e estão alfabetizados, além de possuírem habilidades motoras 
desenvolvidas) e acolher também seus familiares, de modo a cumprir com os 
objetivos do presente trabalho. 
Como ferramentas escolhidas para as discussões e a elaboração deste 
estudo de caso, que tem cunho qualitativo, considerou-se de grande relevância a 
utilização do Método Dedutivo, bem como a realização de um Levantamento 
Bibliográfico e Análise Documental como forma de elaborar esta Pesquisa de 
Campo. 
1.2 Justificativa 
Ao analisar a questão ambiental da cidade de Francisco Morato, percebeu-
se que há descaso com os resíduos gerados pela população da cidade, que tornou-
se em uma atitude crônica para os moratenses, e vem se agravando a cada dia, 
devido à maximização do consumo e descarte irregular. 
Para mudar essas atitudes crônicas em relação ao consumo e descarte 
incorreto dos resíduos, é preciso de políticas públicas que vão ao encontro da 
seguridade do meio ambiente e também políticas educacionais, com o mesmo 
objetivo, visando a conscientização das crianças em idade escolar, de forma que 
estas possam desenvolver a consciência ambiental desde a mais tenra idade. 
Assim, pode-se permitir que tais conceitos sejam assimilados ao longo de seu 
desenvolvimento cognitivo, social e humano. 
11 
 
 
A Lei nº 9.795/1999 define que a Educação Ambiental (EA), deve ser 
desenvolvida em conjunto com toda a sociedade, de forma articulada com a 
educação formal e a informal, onde cada indivíduo possa contribuir com a 
preservação e a manutenção do meio ambiente, de forma que favoreça a construção 
de uma sociedade cidadã e ambientalmente consciente, em conformidade com o 
segundo artigo da referida Lei “A educação ambiental é um componente essencial e 
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em 
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não 
formal.” (BRASIL, 1999). 
Conforme Gohn (2016), a educação em ambientes não formais permite 
situações de aprendizagem e formação cidadã, o compartilhamento de experiências 
e diálogos tematizados. Dessa forma, o Ecoponto, anexo à sede da Associação 
Amigos do Bairro da Vila Cápua, em Francisco Morato, visa a participação dos 
moradores do bairro na colaboração mútua para a destinação de resíduos sólidos, 
bem como viabilizar que agentespossam contribuir, por meio de uma ação 
educacional interdisciplinar, que pode se fazer presente neste contexto, de modo a 
conscientizar os moradores da importância de ações sustentáveis, para que haja 
qualidade de vida. 
As autoras Baía & Nakayama (2012) tratam a temática da Educação 
Ambiental, através de uma ótica embasada na ludicidade, onde apontam que a 
mesma pode ser utilizada com todos os indivíduos, de todas as faixas etárias, já que 
a brincadeira é um princípio norteador do processo de ensino e aprendizagem. 
Assim, ao se trabalhar a ludicidade, no Ecoponto da referida Associação da 
Vila Cápua, na cidade de Francisco Morato, foi dada, aos indivíduos, a possibilidade 
de se apropriarem de sua realidade, adquirirem consciência ambiental e social, bem 
como desenvolverem uma cidadania ativa e participativa no fortalecimento das 
políticas ambientais. 
Desta forma, o presente estudo tornou-se relevante do ponto de vista 
educacional e também do ponto de vista social, pois propiciou a conscientização 
ambiental para a comunidade local através de ações socioambientais aplicadas nas 
dependências do Ecoponto da Associação de Amigos do Bairro da Vila Cápua, em 
Francisco Morato. Ademais, para a comunidade escolar, será possível disponibilizar 
materiais e incentivos para uma educação ambiental condizente com as políticas 
12 
 
 
educacionais, o que incentiva, e muito, a preservação ambiental, através 
formalização da educação ambiental em espaço não formal. 
A escolha da idade do público alvo nos traz uma série de argumentos 
favoráveis, pois aos 10 anos de idade a criança já possui um desenvolvimento 
cognitivo e motor bem avançados, já está alfabetizada e é capaz de dialogar e se 
expressar plenamente. Conforme descrito por Cunha (2008, p. 17) a criança 
encontra-se em “... um estado de plena socialização...”, interagindo com a realidade 
que a cerca, compreendendo as regras e orientações estabelecidas durante uma 
atividade colaborativa, visando um objetivo em comum. 
O autor Cunha (2008, p. 18) também traz a ressalva de que “... que a ideia 
Piagetiana de socialização diz respeito a um estado em que o indivíduo participa 
ativamente – e percebe-se como participante – da elaboração das regras que 
comandam a vida social”. 
A criança, então, com essa idade, por estar já habituada a uma rotina 
escolar, é capaz de se expressar e opinar, o que facilita o consenso de possíveis 
procedimentos que foram realizados nas oficinas, conforme também foi levado em 
conta seu interesse. O referido autor também considera importante trabalhar de 
forma colaborativa, onde as crianças podem contribuir umas com as outras, na 
resolução de dificuldades de aprendizagem, ou colaborando com conhecimentos 
prévios sobre o assunto abordado. 
1.3 Objetivos 
1.3.1 Geral 
O objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso foi abordar a 
Educação Ambiental como parte da formação cidadã a fim de fortalecer a prática da 
sustentabilidade com crianças de 10 anos da comunidade da Associação Amigos do 
Bairro Vila Cápua, espaço comunitário que desenvolve atividades educativas 
diversas, e que é localizada na cidade de Francisco Morato - SP. 
1.3.2 Específicos 
Para que o objetivo geral fosse alcançado, foram estipulados alguns 
objetivos mais específicos: 
 
13 
 
 
1. Aproximar os conhecimentos científicos das ações comunitárias 
realizadas na Vila Cápua; 
2. Evidenciar a importância da participação das crianças na 
preservação do local onde vivem; 
3. Ampliar os conhecimentos do público alvo acerca do meio ambiente, 
os problemas ligados a ele e as possibilidades de reciclagem; 
4. Discutir com as crianças sobre práticas de sustentabilidade; 
5. Organizar oficinas com as crianças para construção de brinquedos 
manipulando materiais reutilizados e estimulando a criatividade 
delas; 
6. Favorecer a interação social entre crianças e adultos; 
7. Estimular as crianças a desenvolverem habilidades socioambientais 
a fim de contribuir para sua formação integral; 
 
14 
 
 
1.4 Cronograma 
Atividades 
Set. Out Nov. Dez. 
Semanas Semanas Semanas Semanas 
Levantamento 
bibliográfico. 
 
Delimitação do tema 
principal. 
 
Definição dos objetivos. 
Escolha do caso a ser 
analisado. 
Análise e interpretação 
das informações 
coletadas. 
 
Revisão bibliográfica. 
Redação da entrega 
parcial – Módulo 3 
 
Entrega parcial – 
Módulo 3 
 
Redação da entrega 
parcial – Módulo 5 
 
Entrega parcial – 
Módulo 5 
 
Redação e revisão da 
entrega final 
 
Entrega final 
 
15 
 
 
2 METODOLOGIA 
Conforme descrito no Livro Metodologia Científica: Teoria e Aplicação à 
Distância, de Menezes et al. (2019), é através da metodologia que se conhece os 
procedimentos e abordagens utilizadas, e se descreve as informações de forma 
clara e objetiva, em que as partes escritas revelam a conexão e a coesão dos 
métodos e objetivos escolhidos, para que o leitor compreenda o trabalho realizado. 
2.1 Método Dedutivo - Exploratório 
O método dedutivo foi escolhido para este trabalho porque nos permitiu 
iniciar as questões a respeito de um tema que pode ser desenvolvido, considerando 
aspectos locais, sociais ou de demanda, para solucionar os problemas apontados na 
pesquisa. De acordo com Bacon apud Borges (2014, p. 93) “Utilizando-se da 
dedução, poder-se-ia elaborar uma hipótese abrangente e, por meio da dedução 
chegar a um problema em concreto.”. 
É exploratório porque cumpriu o “esclarecimento de ideias”, a fim de fornecer 
uma “visão panorâmica” de um “determinado fenômeno... pouco explorado” 
(GONSALVES apud MENEZES et al., 2019, p.34), e que colaborou para a 
compreensão do tema investigado, e foi parte da investigação bibliográfica. 
2.2 Metodologias de Pesquisa 
Conforme Menezes et al. (2019), cada tipo de pesquisa se delineia pelo tipo 
de coleta, nesse caso, de origem textual, selecionados para a pesquisa referida. As 
metodologias escolhidas para a elaboração deste trabalho, consideraram: a 
realização de um Levantamento Bibliográfico e Análise Documental, Pesquisa de 
Campo, bem como uma Pesquisa – Ação. 
2.3 Pesquisa Qualitativa 
Essa pesquisa é qualitativa, porque, segundo Apolinário apud Menezes et al. 
(2019), permitiu lidar com a natureza dos fenômenos em estudo e, no caso do 
referido trabalho, analisou-se as informações coletadas em um pequeno grupo de 
pessoas, por meio de entrevistas, pois estão ligadas às atividades comunitárias 
desenvolvidas no Ecoponto da referida Associação da cidade pesquisada. 
16 
 
 
2.4 Levantamento Bibliográfico 
Pesquisa de publicações disponíveis, como livros, “... publicações 
periódicas, artigos científicos...” (MENEZES et al., 2019, p. 37), valendo 
aprofundamento na área ou tema, serviram como base para fundamentar os 
aspectos teóricos e práticos deste trabalho. 
2.5 Análise Bibliográfica e Documental 
O trabalho também foi norteado pelas análises das publicações acadêmicas, 
que realizaram pesquisas voltadas para esta finalidade educativa, compondo a 
Fundamentação Teórica desta pesquisa. Nesse caso em específico, Gil (2002) 
explicita que se leva em conta os dados obtidos empiricamente, cabendo a 
interpretação de dados, mas que já foram discutidos pelos organizadores da 
pesquisa. Ou seja, parte do levantamento de informações disponibilizadas por meio 
de programas ambientais da referida cidade, da análise de dados disponibilizados no 
site do Governo de São Paulo, do Programa Verde-Azul, em destaque ao 
ranqueamento dos municípios, onde foram apontados os aspectosanalisados 
comentados durante a pesquisa. 
2.6 Estudo de Caso 
Segundo Gil (2002, p.54) “Estudo de caso é uma modalidade de pesquisa... 
utilizada nas áreas das ciências biomédicas e sociais.”. Hoje é uma modalidade que 
explora situações da vida real, contexto do local de estudo. 
Também foram consideradas outras fontes não científicas, já que foram 
oriundas de ações comunitárias na cidade pesquisada ou em cidades vizinhas ou 
que sejam pertinentes. Também foram utilizados como fontes, registros como 
reportagens, publicações em redes sociais, plataformas digitais, etc. 
2.7 Pesquisa de Campo 
O presente trabalho tem como característica seu aspecto qualitativo, onde 
parte dos dados foi coletada através de entrevistas, cuja finalidade foi observar e 
identificar quais as necessidades da comunidade local, que deveriam ser 
viabilizadas por meio de uma ação educativa interdisciplinar. 
17 
 
 
Neste caso, o referido estudo permeou a área da Pedagogia, nas disciplinas 
de Geografia, Ciências e Educação em Espaços Não Formais, aproximando 
aspectos teóricos que envolvem a questão ambiental na Comunidade Vila Cápua, 
em Francisco Morato – São Paulo. 
Foi uma pesquisa exploratória, pois, segundo Mattar apud Carnevalli & 
Miguel (2001), aprofunda o conhecimento do pesquisador, ajudando a formular 
hipóteses, ou na formulação dos problemas de pesquisa. 
2.8 Pesquisa-Ação 
Trata-se de uma pesquisa ação, já que foram utilizados os campos teóricos 
em benefício de uma prática educativa, a qual foi observada in loco, por meio da 
aplicação do material didático desenvolvido com o público alvo deste estudo, ou 
seja, de acordo com Thiollent apud Gil (2002), cumpre a possibilidade de 
proporcionar a resolução de problemas. 
 Vergara apud Menezes et al. (2019) define que a Pesquisa-Ação é “um tipo 
particular de pesquisa participante e de pesquisa aplicada que supõe intervenção 
participativa na realidade social.”. (VERGARA apud MENEZES et al., 2019, p. 45). 
2.9 Recursos 
Levando em conta o contexto atual em que o país, bem como todo o mundo, 
se encontra, vivenciando uma pandemia que exigem ações sanitárias adequadas 
que viabilizem a segurança dos participantes e pesquisadores, nestes casos, foram 
adotadas as seguintes medidas para a realização dos encontros e confecção dos 
materiais: 
 Realização de oficinas com número reduzido de participantes; 
 Arrecadação de materiais recicláveis previamente higienizados e 
direcionados para cada participante; 
 Livros encapados e higienizados antes do uso; 
 Livros de histórias e/ou elaboração de histórias de autoria própria. 
 
 
18 
 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
3.1 Breve histórico sobre a Educação Ambiental 
A crescente demanda humanitária exigiu que mecanismos tecnológicos e 
modernos fossem desenvolvidos. Esses avanços tecnológicos são muito bem-vindos 
em nossa rotina diária, seja para o trabalho, para a saúde, bem-estar e lazer, enfim, 
a tecnologia é extremamente benéfica para a humanidade. E, para atender à 
demanda humana, as indústrias precisam trabalhar assiduamente, consumindo as 
riquezas naturais do nosso planeta e emitindo dióxido de carbono (CO2) na 
atmosfera, produzindo resíduos. Somado a isso, as atitudes negligentes da 
população contribuem com a situação do atual esgotamento dos recursos naturais e 
degradação ambiental. 
Apesar desta situação alarmante que o meio ambiente se encontra, há uma 
grande preocupação ambiental por parte do ser humano. No início, essa 
preocupação era tímida e lenta em seu desenvolvimento, mas vem ganhando apoio 
de comunidades e órgãos públicos e privados e, atualmente, a preocupação 
ambiental está sendo fortalecida e estruturada como uma área das ciências 
educacionais: a “Educação Ambiental”. 
Em 1962, Rachel Carson alertava, em seu livro “Primavera Silenciosa”, 
sobre o uso indiscriminado de pesticida e sobre os danos ao meio ambiente 
causados pelas ações humanas (BONZI, 2013). 
Já em 1965 surgiu o termo "educação ambiental", em uma conferência sobre 
educação, na Universidade de Keele, na Grã-Bretanha, embora existam relatos de 
que a expressão já fazia parte de discursos de professores universitários desde 
1945 (RUFINO & CRISPIM, 2015, p. 3). 
O ano de 1972 passa a ser histórico para a questão ambiental, quando 
documentos e estudos importantes foram publicados. O Clube de Roma divulgou o 
relatório “Os Limites do Crescimento”, com objetivo de expor possibilidades 
desagradáveis de futuro se a humanidade não repensasse suas ações. A 
Organização das Nações Unidas (ONU), em Estocolmo na Suécia, realizou a 
Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, evento esse que reuniu 
113 países e o resultado foi a elaboração da “Declaração sobre o Ambiente 
Humano” que é um documento de grande valia para a área ambiental (RUFINO & 
19 
 
 
CRISPIM, 2015, p. 3). Após 1972 foram realizados vários outros encontros, 
discussões e conferências que resultaram em grandes avanços para proteção e 
conservação ambiental. 
Seguindo o crescente pensamento internacional sobre as questões 
ambientais, em 1981 o Brasil institui a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei 
6.938/1981, que 
tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao 
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à 
proteção da dignidade da vida humana. (BRASIL, 1981). 
 
A Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que 
aconteceu no Rio de Janeiro em 1992, ficou conhecida como RIO 92. Essa 
Conferência produziu grandes feitos, entre eles o reconhecimento da “Educação 
Ambiental como o processo de promoção estratégico desse novo modelo de 
desenvolvimento” (RUFINO & CRISPIM, 2015, p. 4). 
A RIO 92 produziu várias discussões nacionais sobre o Meio Ambiente ao 
ponto de o Governo Federal instituir, em 27 de abril de 1999, a Lei 9.795, que trata 
sobre a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999). 
Seguindo essa mesma perspectiva, o Governo Estadual Paulista, em 2007, 
lançou o Programa Município Verde Azul – PMVA. Tal programa foi e é desenvolvido 
pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, cujo objetivo é apoiar a gestão 
ambiental eficiente dos municípios do Estado de São Paulo, através de estratégias 
de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável na geração de 
renda, saúde e qualidade de vida. Ele também privilegia a educação ambiental como 
meio de assegurar a qualidade ambiental (SÃO PAULO, 2020). 
Em setembro de 2015, diante de fortes recomendações da Organização das 
Nações Unidas (ONU), o Brasil e mais 192 países se comprometeram com a 
Agenda de Desenvolvimento Sustentável, a Agenda 2030, que está baseada nos 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são ao todo 17 objetivos que 
defendem amplamente o desenvolvimento econômico alinhado com a preservação 
ambiental. Ainda estabelece que seja criado um programa de educação ambiental 
robustecido para mobilizar a população. (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE 
MUNICÍPIOS - CNM, 2017). 
Contudo, a educação ambiental surgiu com o intuito de gerar mudanças na 
humanidade em seu modo pensar e agir 
20 
 
 
Frente às ameaças à saúde e à qualidade de vida, tanto dos seres 
humanos, quanto de todos os seres do planeta, oriundas de um modo de 
vida insustentável, como um importante instrumento para a busca por 
controle e reversão da complexa crise planetária. (BÔLLA, 2019, p. 96). 
 
Assim, a educação ambiental é fomentadora para a construção de uma 
sociedade consciente de seus direitos e principalmente de seus deveres ambientais, 
e ainda tem o propósito de efetivar a prática da cidadania pelos indivíduos, e que 
estes busquem a comunhão entre homem-natureza. 
 
3.2 A importância da Educação Ambiental 
O progresso tecnológico ocorrido no mundo desde a revolução industrial 
desencadeou inúmeras melhoriasna vida humana, mas impulsionou largamente a 
degradação ambiental. 
Apesar das muitas iniciativas de promoção da Educação Ambiental, 
defendidas por Organizações Não Governamentais (ONGs), igrejas, empresas e 
órgãos ambientais públicos, no Brasil é registrado altos índices de degradação 
ambiental, tomando como exemplo, as regiões norte e centro-oeste que são 
acometidas pela exploração ilegal de madeira da floresta amazônica e pelo aumento 
territorial da pecuária e agricultura, destruindo biomas importantes para o equilíbrio 
climático do Brasil e do mundo. Outro exemplo é no estado de São Paulo, um dos 
estados mais industrializados do país e que possui altos índices de liberação de 
esgoto doméstico e industrial em rios e mananciais. Estes exemplos retratam que as 
populações ainda apresentam um grau de educação ambiental insatisfatório, se 
esquecem do meio ambiente sem o qual é impossível sobreviver. 
Diante do contexto supracitado, a educação ambiental é de extrema 
importância, pois de acordo com Medeiros et al. (2011. p. 2) “A cada dia que passa a 
questão ambiental tem sido considerada como um fato que precisa ser trabalhada 
com toda sociedade”. 
A educação ambiental é importante para a construção de uma sociedade 
sustentável, e para que essa construção seja bem alicerçada, as políticas ambientais 
21 
 
 
e educacionais estabeleceram a educação ambiental desde o início da educação 
básica2, para que, como Medeiros et al. (2011) diz 
[...] as crianças bem informadas sobre os problemas ambientais vão ser 
adultas mais preocupadas com o meio ambiente, além do que elas vão ser 
transmissoras dos conhecimentos que obtiveram na escola sobre as 
questões ambientais em sua casa, família e vizinhos (Medeiros et al., 2011. 
p. 2). 
 
Para mais, a educação ambiental desenvolvida com crianças objetiva a 
formação da consciência ambiental completa de modo que, quando adulto, o 
indivíduo tenha uma formação integral e se torne apto ao exercício da cidadania. 
3.3 A Educação Ambiental e as políticas educacionais 
3.3.1 Base Nacional Comum Curricular – BNCC 
Na seção “Competências Gerais da Educação Básica”, da Base Nacional 
Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2018, p. 9), é trazido o conceito: 
socioambiental. Esse conceito é uma espécie de junção das questões sociais – os 
problemas sociais – com as questões ambientais – os problemas ambientais. 
Diante da BNCC, ele deve ser tratado como um tema interdisciplinar, pois 
abrange todas as áreas de conhecimento, disciplinas do currículo, e desenvolve 
todas as habilidades necessárias em cada etapa da educação básica e, 
consequentemente, contribui com a formação global do aluno. 
Ademais, na BNCC este conceito está respaldado na Lei nº 9.795/1999, que 
trata sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, nas Diretrizes Curriculares 
Nacionais da Educação Básica, nos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
3.3.2 Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9.795/99 
A Lei nº 9.795/1999, em seu segundo artigo, nos traz a seguinte informação 
A educação ambiental é um componente essencial e permanente da 
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos 
os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-
formal. (BRASIL, 1999). 
 
 
2
 O conceito de educação básica foi ampliado a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(LDB), de 1996, e usa este termo para denominar o nível da educação escolar brasileira que 
compreende a educação infantil (2 anos), o ensino fundamental (9 anos) e o ensino médio (3 anos). 
De acordo com a LDB, “a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-
lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para 
progredir no trabalho e em estudos posteriores”. (BRASIL, 1996). 
A criança inicia a educação básica obrigatória aos 4 anos de idade, na Educação Infantil, e finaliza 
aos 17 ou 18 anos, no Ensino Médio. 
22 
 
 
A referida Lei ainda define que a Educação Ambiental deve ser desenvolvida 
em conjunto, com toda a sociedade, e que cada um contribua com a manutenção do 
meio ambiente de forma que favoreça a construção de uma sociedade cidadã e 
consciente ambientalmente. 
Além disso, a educação ambiental tanto em espaços formais como em não 
formais de ensino, deve estimular a aquisição de valores, atitudes, conhecimento, 
habilidades e competências. 
3.3.3 Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica 
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica também 
estabelecem que seja desenvolvida a educação ambiental de forma integrada e 
interdisciplinar nas escolas, propondo ainda que 
Educação Ambiental envolve o entendimento de uma educação cidadã, 
responsável, crítica, participativa, em que cada sujeito aprende com 
conhecimentos científicos e com o reconhecimento dos saberes tradicionais, 
possibilitando a tomada de decisões transformadoras, a partir do meio 
ambiente natural ou construído no qual as pessoas se integram. A 
Educação Ambiental avança na construção de uma cidadania responsável 
voltada para culturas de sustentabilidade socioambiental. (BRASIL, 2013, p. 
535). 
 
Dessa forma, percebe-se que as Diretrizes Curriculares Nacionais da 
Educação Básica visam uma educação ambiental que favoreça o convite ao 
educando a ter uma consciência ambiental. 
3.3.4 Parâmetros Curriculares Nacionais 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem a educação ambiental como 
um meio para se chegar à cidadania plena, pois tematizar o Meio Ambiente “é 
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem 
na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-
estar de cada um e da sociedade local e global” (BRASIL, 1997, p. 25). 
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais a educação ambiental, no 
contexto escolar, deve buscar desenvolver a criticidade nos alunos, estabelecendo 
ligações entre os conceitos formalizados cientificamente e os conhecimentos 
tradicionais e sociais e, desta forma, viabilizar a “construírem uma consciência global 
das questões relativas ao meio para que possam assumir posições afinadas com os 
valores referentes à sua proteção e melhoria” (BRASIL, 1997, p. 35). 
23 
 
 
3.3.5 O Currículo Paulista 
No currículo Paulista, na área de ciências humanas, é evidenciado que a 
área deve formar globalmente o aluno, pois são disciplinas que visam formar 
cidadãos críticos e conscientes de seu lugar no mundo e na sociedade onde vivem. 
Para que o aluno tenha essa formação integral foram considerados alguns temas 
transversais, entre eles são destacados: a Educação Ambiental, a Educação para o 
Consumo e a Educação para Redução de Riscos e Desastres (SÃO PAULO, 2019). 
O documento estabelece ainda, o desenvolvimento de unidades temáticas 
que busquem que o aprendizado seja fundamentado na criticidade social, onde o 
aluno é levado a pensar e pôr-se como “O sujeito e o seu lugar no mundo”, ainda em 
seu “Mundo pessoal: meu lugar no mundo”, “Mundo pessoal: eu, meu grupo social e 
meu tempo” e “O lugar em que vive”. Essas unidades temáticas visam propiciar ao 
aluno uma compreensão de sua realidade e de sua vivência (SÃO PAULO, 2019). 
3.4 A interdisciplinaridade na Educação Ambiental. 
A interdisciplinaridade surgiu em meados do século XX, devido aos laços 
entre as diferentes disciplinas, Nicolescu (1999) e Bôlla (2019) dizem que ela é uma 
ação cujo objetivo está na associação dos conhecimentos de uma disciplina com os 
conhecimentos de outra. 
Mas a interdisciplinaridade não é a simples junção de determinados saberes 
de áreas de conhecimentos distintas, ela é a integração dos saberes com o 
compromisso em problematizar suas limitações e possibilidades com foco na 
compreensão crítica do mundo (PEREIRA, 2014). 
Segundo Severino (1998, p. 43), “a interdisciplinaridade constitui o processoque deve levar do múltiplo ao uno”. Desta forma “a perspectiva interdisciplinar não é, 
portanto, contrária à perspectiva disciplinar; ao contrário, não pode existir sem ela e, 
mais ainda, alimenta-se dela” (LENOIR,1998, p. 46). As matrizes disciplinares 
estabelecem os limites interdisciplinares e com isso fortalecem os saberes e 
aprofundam os conhecimentos de forma global, de acordo com os aspectos sociais, 
culturais e econômicos em que os indivíduos estão inseridos. 
A interdisciplinaridade é um termo de uso abundante nas políticas 
educacionais, em especial quando se está tratando da educação ambiental, que é 
um tema que deve permear todos os ciclos da educação básica, mas não tratado 
24 
 
 
com uma disciplina oficial do currículo (BRASIL, 1999). Assim, nas diferentes 
disciplinas dos currículos escolares, a educação ambiental pode ser considerada 
como um ponto de convergência entre elas. Assim, a Educação Ambiental se faz 
pela interdisciplinaridade, pois utilizam os conhecimentos das áreas humanas, 
biológicas, matemáticas e até das áreas artísticas. 
A interdisciplinaridade no Currículo Paulista é entendida como situações de 
aprendizagem que mobilizam os alunos a aprender sobre questões e problemas com 
complexidade e que envolvem duas ou mais disciplinas do currículo ou áreas de 
conhecimentos, oportunizando que os indivíduos ampliem seus conhecimentos, 
investiguem sobre determinados assuntos, compreendam os problemas de seu 
entorno e associe-os com uma possível solução, com o currículo escolar (SÃO 
PAULO, 2019). 
O Currículo Paulista adota temas transversais, que colaboram no sentido de 
o aluno construir e desconstruir a realidade socioambiental que está a sua volta, 
desta forma, a Educação Ambiental é um tema a ser trabalhado através da 
interdisciplinaridade. Essa interdisciplinaridade deve ser tratada de forma 
contextualizada com os objetivos de ensino e com a realidade do aluno, fazendo 
com que o estudante obtenha uma visão crítica da realidade e do mundo que vive. 
No entanto, abordar a educação ambiental numa perspectiva interdisciplinar 
exige um esforço em transpor os conceitos educativos, relacionados com o meio 
ambiente, ao mundo complexo e diverso do indivíduo. Ao se fazer isso, se 
desconstrói o senso comum e habitual, essa desconstrução propicia a redução da 
problemática ambiental (CARVALHO, 1998, p. 18). 
3.5 “Transtorno do Déficit de Natureza” 
O mundo oferece inúmeras facilidades, entre elas, o levantamento de 
informações sobre determinados assuntos. Para conhecer os biomas, fauna e flora 
de um determinado local, região ou país, bastam poucos cliques na internet, mas 
esta facilidade traz para as crianças somente o conhecimento intelectual, não as 
aproxima do meio ambiente. Logo após a aquisição do conhecimento intelectual, a 
criança desloca sua atenção para as outras atrações que a internet disponibiliza, e 
não vai conhecer, na prática, a natureza e as suas inúmeras possibilidades de 
aprendizagens presenciais, não tem contato algum com o meio ambiente. 
25 
 
 
O Instituto Alana (2017), em 2017 publicou o livreto “Cidades mais ricas em 
natureza: Entrevista com Richard Louv”, nesta publicação o jornalista norte-
americano diz que essa defasagem de contato da criança com o meio ambiente é 
denominada “Transtorno do Déficit de Natureza”. 
Segundo o mesmo autor, apesar do termo comumente fazer parte do 
vocabulário médico, o Transtorno do Déficit de Natureza, “não representa, de forma 
nenhuma, um diagnóstico médico, mas oferece uma maneira de pensar sobre o 
problema – com foco nas crianças e em todos nós também” (LOUV, 2016, p.32). 
Complementando, Bôlla (2019, p. 96) diz que “embora muitas das crianças 
de hoje estejam cientes de ameaças globais ao meio ambiente, elas não apresentam 
vínculo com ambientes naturais, porque sua relação se limita ao nível cognitivo”. 
Esse distanciamento da criança com o meio ambiente causa danos ao 
desenvolvimento humano e ao meio ambiente. Um dos danos ao desenvolvimento 
humano mais impactante é físico-psíquico. Na área física é identificável através do 
sedentarismo, obesidade e outros males infantis, na área psíquica os danos são 
identificáveis através anulação da interação social que aconteceria durante o ato de 
brincar em um parque ou praça. Todos estes danos ao desenvolvimento infantil 
diminuem consideravelmente a qualidade de vida do ser humano. 
Os danos ao meio ambiente são identificáveis através da análise da saúde 
ambiental dos ecossistemas, através dos níveis de poluição, desmatamento e 
descarte de resíduos. Essa situação em que o meio ambiente se encontra, acontece 
pelo fato de os indivíduos terem se afastado do seu meio natural e esse afastamento 
permite que a sociedade fique despreocupada com meio ambiente. Essa desatenção 
é resultado do desconhecimento ambiental, pois o indivíduo só cuida do que 
conhece e ama, se não conhece a natureza é impossível cuidá-la, conclusão de 
André Trigueiro no vídeo da reportagem Cidade e soluções (CIDADE, 2018). 
3.6 Educação Ambiental em Espaços Não Formais de ensino 
A educação em espaços não formais de ensino é vista como uma das bases 
construtoras da sociedade, como formadora de cidadãos. Formar cidadãos em 
espaços não formais é construir o sentimento de pertencimento ao local e ao grupo 
social; é poder apresentar o lugar onde se vive e, desta forma, induzir o indivíduo 
26 
 
 
para que cuide e valorize do que está a sua volta, fazendo com que adquira a 
consciência socioambiental. 
Moriconi (2014, p. 9-10) afirma que 
os sentimentos de pertencimento e identidade são a alavanca inicial que 
despertará reflexões sobre o mundo, sobre as atitudes e com essas 10 
reflexões é possível que as pessoas saíam do “modo automático” de viver e 
transformem suas atitudes, levando a uma emancipação. 
 
Assim, a educação ambiental em espaços não formais tem como intuito a 
formação de cidadãos conscientes, que repensem seus hábitos, que busquem o 
equilíbrio social e ambiental da comunidade, que trabalhem com foco na seguridade 
social, que consumam e descartem os resíduos de forma correta. 
3.7 A Pedagogia de John Dewey e a Escola Experimental 
John Dewey foi um filósofo norte-americano e que, segundo Westbrook & 
Teixeira (2010), possuía uma ideologia que defendia e educação democrática, que 
levasse os professores a atuar de forma a equilibrar aspectos teóricos e práticos 
como parte da rotina didática em sala de aula. Considerava importante que os 
alunos estivessem diante de experiências que exigissem uma reflexão interna, de 
auto análise, utilizada para a resolução de problemas no processo de aquisição de 
conhecimentos, considerando erros e acertos como parte do processo educativo. 
Sua intenção era que as crianças pensassem cientificamente. 
Era convencional com respeito a currículo e considerava importante que 
conhecessem as áreas de conhecimento matemático e domínio da leitura e escrita, 
das artes, (que eram aplicadas no cotidiano, ao passo que aprendiam a cuidar da 
terra ou criar animais, aulas de carpintaria, costura, etc), mas seus métodos 
implementados para a construção de conhecimento foram considerados inovadores 
em 1896. 
Criou uma Escola Experimental, que consistia na colaboração dos alunos na 
realização das atividades, da mesma forma, com os adultos, em uma gestão 
democrática e em sistema de rodízio. Isso permitiu aos professores terem maior 
participação no planejamento curricular e coordenação escolar, assim como 
dirigentes, algo que era incomum na época. Por isso, ficou conhecido como um 
grande reformador educacional, deixando um grande legado para os professores 
das gerações seguintes. 
27 
 
 
 Muitos de seus alunos tinham pais com ideais semelhantes, que também 
pensavam num modo diferente de educar e lecionar. 
A educação estadunidense se preocupava em reproduzir os valores da 
sociedade, porém, comum currículo e métodos tradicionais de ensino, enquanto que 
John Dewey acreditava que era necessário uma substituição por completo do 
sistema educacional, com vistas para uma futura sociedade democrática. 
 
3.8 Possibilidades de criação e recriação de instrumentos a partir de 
materiais reciclados 
Segundo Scarassatti (2001), na introdução de sua dissertação de mestrado, 
apresenta o resultado de sua pesquisa sobre Walter Smetak, descrevendo-o como 
um grande pesquisador. 
Smetak foi um músico suíço, residente há muitos anos no Brasil, professor 
da Universidade Federal da Bahia. Sistematizou uma complexa pesquisa de 
diversos tipos de sons. Sua pesquisa se baseia no reaproveitamento de peças que 
perderam suas funções originais e foram descartadas. A essa técnica, a qual se 
chama bricolagem, possibilitou a Smetak uma grande pesquisa, unindo as artes 
plásticas às construções de instrumentos musicais, ao gerar esculturas sonoras 
interativas, chamando de Plásticas Sonoras. Há diversos registros em livros e 
gravações, assim como concertos públicos, realizados por ele e seus alunos. 
Seguindo a mesma linha, descreve o autor, há a menção do grupo Uakti, 
(representado em um aluno de Smetak, Marco Antônio Guimarães, que possui a 
autoria de criação instrumentos diversos), onde dá continuidade a essa pesquisa 
sonora, entre os anos 1970 e 1980. 
Scarassatti (2001) também traz o conceito de luthier, como pesquisador de 
timbres e materiais, em que usa seus conhecimentos prévios em construção e 
reconstrução de instrumentos. Durante a pesquisa deste trabalho, encontrou-se o 
trabalho de Leonardo Paiva Silva (2019), que relata algumas experiências com o 
luthier em sua monografia, recriando flautas de PVC, chamadas de Pífaros, para que 
permita o acesso à crianças desprovidas de recursos financeiros, impedidas de 
adquirir instrumentos musicais convencionais. Tais crianças passaram a construir 
seus instrumentos e também tiveram noções básicas para emissão sonora e 
interação musical. Suas reflexões e ações práticas e educativas, de reciclar 
28 
 
 
materiais, aplicados com crianças de escola pública do Rio Grande do Norte, 
serviram como fonte de inspiração para as oficinas, porém ampliando e aplicando a 
outros instrumentos musicais, que beneficiaram as crianças que frequentam 
atividades diversas no Ecoponto da Vila Cápua, em Francisco Morato. 
Também foi encontrado em um relato de experiência descrito por Martins, 
Oliveira & Antiqueira (2019), a importância de observar o prazer e a aprendizagem 
das crianças, o respeito durante o processo de recriação de instrumentos reciclados, 
a participação ativa delas e a variedade de atividades que experimentam. Nesse 
relato, crianças cadeirantes puderam participar sem restrições, e, junto a outras 
crianças, auxiliaram na elaboração, acabamento e uso na interação musical com 
estes instrumentos reciclados. 
3.9 Brinquedos a partir de materiais recicláveis 
De acordo com Rios & Campos (2004), Santos et al. (2011), Brunello, 
Murasaki & Nóbrega (2010) e Silva (2017), o reaproveitamento de materiais 
recicláveis para a construção de brinquedos é uma importante prática que possibilita 
discussões sobre questões ambientais, além de ter grande potencial para estimular 
uma aprendizagem social de forma lúdica e significativa, pois possibilita abordar a 
Educação Ambiental como tema transversal, criando uma “ponte entre os 
conhecimentos científico e cotidiano, permitindo que os estudantes compreendam a 
utilidade do conhecimento e sejam capazes de utilizá-lo” (BUSQUETS et al. apud 
RIOS & CAMPOS, 2004). Além disso, usa uma linguagem familiar à criança, o que a 
permite relacionar os conhecimentos adquiridos ao seu dia a dia. 
Cerati & Tiberio (2016) trazem reflexões acerca do consumo impensado e 
em excesso de embalagens e materiais descartáveis, e defendem que os materiais 
descartados podem ser reaproveitados e transformados em fonte inesgotável de 
ideias e brincadeiras. 
“A utilização e a manipulação de sucatas como brinquedos pode ser 
apontada como propulsora para diversos aspectos do desenvolvimento infantil” 
(MELO et al., 2007) adquirindo assim, papel pedagógico, ao fornecer estímulos 
capazes de desencadear a interpretação da realidade. 
29 
 
 
Cunha (1994) explicita que os materiais descartados no dia a dia, perderam 
seu uso original mas podem ser reaproveitados usando um pouco de criatividade e 
imaginação, ganhando assim, novos significados. 
Issa, Rodrigues & Oliveira (2009) entendem que é importante incentivar a 
criação do brinquedo artesanal, pois, além de seu valor inerente, é mais acessível às 
classes menos favorecidas. 
Todos os autores citados acima produziram conteúdos acerca da construção 
de brinquedos a partir de materiais reciclados, o que evidencia que existe uma vasta 
gama de artigos, teses e monografias que apoiam a construção de brinquedos com 
materiais reciclados, garantindo assim, uma sólida base teórica para este Trabalho 
de Conclusão de Curso. 
3.9.1 Ludicidade e brinquedos com material reciclável como 
ferramentas de aprendizagem 
A predisposição natural, espontânea e instintiva das crianças pelo ato de 
brincar e pela atração pelos brinquedos fez com que emergisse a referida temática 
da utilização do lúdico3 como ferramenta de aprendizagem neste trabalho, com o 
intuito de buscar formas de tornar os conhecimentos mais significativos e 
prazerosos. 
Smole, Diniz & Cândido (2000, p. 13) defendem que “brincar é tão 
importante e sério para a criança como trabalhar é para o adulto” e por isso se 
dedica tanto a isso. Nesse momento de brincadeira, a criança se depara com 
desafios, constrói representações, se expressa, experimenta, aguça sua curiosidade, 
enfim, desenvolve inúmeras habilidades importantes e necessárias para viver em 
sociedade, não apenas como um sujeito passivo, mas sim participativo e crítico. 
A ludicidade vem para contribuir para que diferentes temas possam ser 
abordados numa linguagem de fácil entendimento e que se relacionam com as 
situações cotidianas vividas pelas crianças. Dias (1993, p. 130), contribui neste 
sentido ao afirmar que “a aprendizagem será mais significativa se a atividade estiver 
adaptada concretamente às situações da vida real da cidade, ou do meio, do aluno 
[...]”. 
 
3
 Lúdico: Que faz referência a jogos ou brinquedos: brincadeiras lúdicas. Divertido: que tem o 
divertimento acima de qualquer outro propósito. Feito através de jogos, brincadeiras, atividades 
criativas. (HOUAISS, 2009). 
30 
 
 
Kishimoto (2002) e Santos (2008) enfatizam a importância do lúdico 
indicando-o como um relevante instrumento que oportuniza a inserção da criança no 
processo de ensino-aprendizagem, e, faz-se acreditar que, o lúdico como 
metodologia fomentadora da capacidade e da potencialidade da criança, carece de 
ocupar lugar singular na prática pedagógica. 
Dessa forma, é possível inter-relacionar ludicidade, brinquedo e Educação 
Ambiental, pois construir um brinquedo a partir de materiais recicláveis é um 
processo de transformação, de criação, de reaproveitamento, de adaptação e, 
porque não, de inovação. 
A reciclagem de materiais que já tiveram, em um primeiro momento, sua 
utilidade se mostra como uma interessante proposta quando pensamos na 
dimensão artística e nas possibilidades de utilização da sucata como 
material pedagógico [...] Assim, a sucata [...] mostra-se como um material de 
pesquisa, de construção e de produção de algo novo. (SOMMERHALDER & 
ALVES, 2011, p. 90) 
 
Assim, ressalta-se que a possibilidade de construção de brinquedos por 
meio de materiais recicláveis (sucatas), favorece a criatividade e a imaginação da 
criança, e pode ir mais além, de acordo com Emerique (2003, p. 45) “[...] a 
possibilidade de construir seus próprios brinquedos, a partir desses materiais 
alternativos (como a sucata), permiteà criança uma imagem positiva de si mesma: 
„Fui eu que fiz! Eu sei inventar! Eu sou capaz!‟”. Esse valor afetivo que a criança 
desenvolve sobre o objeto que ela construiu é o que vai levá-la a desejar brincar por 
diversas vezes. 
Além da evidente relevância acerca do uso de materiais recicláveis para a 
construção de brinquedos, Emerique (2003) aponta o aspecto econômico como uma 
importante vantagem, já que os materiais são encontrados facilmente no próprio 
ambiente. 
Outra questão evidente é a ecológica, pois os materiais são reaproveitados 
ao se transformarem em objetos lúdicos, o que atinge uma dimensão educativa para 
as crianças acerca da preservação da natureza e de uma educação que diz não à 
prática do consumo desnecessário e exagerado. 
Em relação ao meio utilizado para abordar tais assuntos, Friedmann (1992, 
p. 229) afirma que “as oficinas são um recurso interessante para conhecer e trazer à 
comunidade diferentes experiências lúdicas e explorar junto às crianças todas as 
possibilidades que podem oferecer”. O que embasa e fundamenta a aplicação de 
oficinas no Ecoponto. 
31 
 
 
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
4.1 Descrição das atividades aplicadas 
 Primeiro dia de atividade no Ecoponto 
Na aula de abertura, contou-se uma história infantil que trata o tema da 
Educação Ambiental, ilustrando duas situações: a importância de se preservar os 
recursos naturais e o reaproveitamento de embalagens recicláveis. 
Na atividade de abertura do dia 10 de novembro, contou-se duas histórias, 
em que personagens da Turma da Monica preservam a natureza, ora na 
conscientização da vizinhança sobre a importância de se despoluir rios, onde o 
protagonista é Chico Bento, e outra, em que o personagem Cascão é um Construtor 
de Brinquedos a partir de reciclados. 
A segunda atividade do primeiro dia foi uma apresentação e experimentação 
de instrumentos musicais convencionais e com materiais reaproveitados. Após esta 
etapa, foi a vez da experimentação sonora. Essa experiência buscou desenvolver a 
sensibilidade auditiva das crianças, onde puderam compreender os timbres sonoros 
que podem compor um chocalho. 
Construção de chocalhos, essa atividade consistiu na experimentação 
sonora prévia, em que os alunos eram desafiados a descrever o timbre de cada 
chocalho. Após essa vivência, as crianças construíram seus instrumentos, 
escolhendo os materiais (sementes ou areia colorida) conforme suas preferências. 
Foi utilizado cola quente para selar o chocalho, com supervisão de um adulto. 
 
Fotografia 1 – Construção dos chocalhos 
 
Fonte: Próprio Autor (10/11/2020) 
32 
 
 
 
 Segundo dia de atividade no Ecoponto 
Dando sequência nas atividades, no segundo dia contou-se a história Iris na 
Cidade Cinza, e confeccionou-se o jogo de boliche com garrafas de leite. 
 
Fotografia 2 – Contação de história: Iris na Cidade Cinza 
 
Fonte: Próprio Autor (17/11/2020) 
 
Na história de Iris na cidade cinza, a personagem principal busca meios de 
transformar a cidade em que mora, recuperando sua paisagem. 
 
Fotografia 3– Construindo o jogo de Boliche
 
Fonte: Próprio Autor (17/11/2020) 
 
O jogo de Boliche foi elaborado com garrafas de leite e que foram 
personalizadas pelos alunos. A proposta era a construção em conjunto, e que este 
33 
 
 
brinquedo ficasse à disposição das crianças para brincarem juntas, estimulando a 
união e cooperação durante as brincadeiras. 
 
Fotografia 4 – Finalizando o jogo de Boliche 
 
Fonte: Próprio Autor (17/11/2020) 
 
 Terceiro dia de atividade no Ecoponto 
No terceiro dia foi realizada uma atividade lúdica, na qual as crianças 
construíram instrumentos musicais e na sequência escolheram figuras diversas, e 
recriaram suas versões em papel cartolina, com o intuito de elaborar capas 
personalizadas para envolver seus instrumentos musicais. 
Os instrumentos musicais construídos foram as Castanholas, o Xilovidro e o 
Cabuletê 
Fotografia 5 – Construindo as Castanholas 
 
Fonte: Próprio Autor (24/11/2020) 
 
34 
 
 
As Castanholas foram construídas na base de papelão previamente cortado 
de forma que permitia o movimento, porém dispensando o uso de cordas, como na 
Castanhola convencional, bastando manipular diretamente com a mão. As 
tampinhas são responsáveis pela produção de sons, coladas ao papelão com cola 
quente. 
Fotografia 6 – Castanholas 
 
Fonte: Próprio Autor (24/11/2020) 
 
O Xilovidro foi construído com garrafas transparentes, devidamente 
higienizadas e afinadas. Propomos duas formas de emissão sonora: percutir com 
baquetas e soprar as garrafas, de modo a tentar usar a respiração como forma de 
emitir o som. As cores foram escolhidas a partir da Anilina, um corante alimentar 
muito comum na coloração de doces e coberturas de bolo. 
 
Fotografia 7 – Descobrindo o Xilovidro 
 
Fonte: Próprio Autor (24/11/2020) 
35 
 
 
Fotografia 8– Xilovidro com baquetas 
 
Fonte: Próprio Autor (24/11/2020) 
 
O Cabuletê foi o instrumento construído com maior complexidade. A 
circunferência, foi previamente moldada e recortada, para o acabamento foi utilizado 
papel retirado de livros descartados e para finalizar os detalhes foram utilizados 
canudo de milkshake, linha de pesponto e bolinhas natalinas. Foram disponibilizados 
palitos de churrasco para a elaboração de outros modelos, assim como figuras de 
temas variados. As crianças tiveram a possibilidade de escolher as figuras, será 
anexado ao final deste trabalho outros modelos construídos pelas crianças. 
 
Fotografia 9 – Cabuletê (montagem e personalização) 
 
Fonte: Próprio Autor (24/11/2020) 
36 
 
 
4.2 Relato de experiência das oficinas 
Atuar em um espaço não formal, possibilita uma liberdade e um alcance 
muito maior na interação, reflexão e capacidade dialógica, complementando os 
conhecimentos escolares (Gohn, 2016). Esse conceito trazido pela autora se 
confirmou durante a aplicação das atividades. 
Sabe-se que os documentos oficiais que inspiram a elaboração do Currículo 
Paulista trazem a importância de discutir a Educação Ambiental na sala de aula, mas 
que o professor atuante em espaços não formais poderá discutir de forma mais 
aprofundada, além de aplicar atividades práticas no reaproveitamento dos recicláveis 
por favorecer a formação cidadã tão destacada pelos argumentos dos autores 
incluídos neste trabalho. 
O desconhecimento ambiental abordado por André Trigueiro no vídeo da 
Reportagem Cidades e soluções (CIDADE, 2018) explica o descumprimento das leis 
ambientais e a deficitária relação da comunidade com seu entorno. Não basta 
apenas a implantação de um Ecoponto, mas se faz urgente uma maior aproximação 
e interação com este local, o que está proposto por este referido trabalho 
acadêmico. 
O planejamento do professor que atua nesse contexto se revela de forma 
bem organizada, mas flexível, pois está sujeito, durante a interação com o espaço, a 
modificar ou adaptar sua proposta, que apesar de ter sido fruto de uma pesquisa 
muito bem elaborada, pode ser substituída no todo ou em parte, ou na ordem da 
aplicação. Por exemplo, ao verificar a disponibilidade dos materiais previamente 
solicitados ou que redirecione a postura imprevista de alguma criança, que dê 
preferência por algum instrumento ou mesmo não dispõe de organização cognitiva 
ou espacial para elaborar um brinquedo, ou instrumento, como ocorreu durante a 
interação de uma criança autista no local, que por sua agitação, não compreendia as 
orientações dadas, primordiais para que ela participasse da confecção do chocalho, 
a última etapa da atividade do dia. Contudo, ela participou de todas as atividades 
que envolveram a experimentação musical em grupo, assim como a Roda de 
Histórias. 
O Ecoponto, por ser um espaço aberto à comunidade, revela sua postura 
inclusiva, ao receber crianças sem discriminação, mesmo que seus responsáveis 
revelem uma inabilidade de compreendera importância de antecipar à criança uma 
37 
 
 
possível atividade em um espaço público. A ausência dessa preparação prévia pode 
comprometer a participação da própria criança, deixando-a frustrada e 
emocionalmente descontrolada, por não compreender os comportamentos 
desafiadores, que na verdade, expressam uma possível necessidade de 
comunicação ou expressão, assim como suas necessidades, que ela não consegue 
externalizar (ROSA, 2006). 
Por esse motivo, manteve-se à parte o planejamento e, substituímos este 
pelas atividades aplicadas, que foram incorporadas ao presente trabalho. 
4.3 A ludicidade na Contação de Histórias: Abordando o tema Déficit de 
Natureza 
Após as considerações a respeito do Transtorno do Déficit de Natureza, no 
campo acadêmico, considerou-se importante abordar essa problemática com as 
crianças do Ecoponto. 
A cidade de Francisco Morato tem algumas áreas verdes, porém só na 
última gestão começaram a pensar na criação de um Parque Municipal, que, até o 
momento, não sabemos se o projeto será viabilizado. 
O Bairro de Vila Cápua, não é longe do Centro, porém, algumas ruas não 
têm sequer uma rede de esgoto regularizada, conforme revelado pela entrevistada 
A, que buscou desenvolver no próprio Ecoponto, um jardim, criado coletivamente 
com as pessoas do entorno, uma forma que ela encontrou de estimular as crianças a 
criarem um vínculo com o espaço e o meio ambiente. Com isso entende-se que, 
para se relacionar plenamente com a natureza, não basta estar apenas inserido 
nela. 
A contação de história visou desenvolver o interesse da criança pela leitura 
e, segundo Sousa et. al. (2013), estimula a imaginação e, quando bem contada, 
amplia o processo de educação e instrução, faz com que a criança tenha o 
conhecimento de seus objetivos e desenvolva o raciocínio e a construção da 
cidadania. Ao incorporar temas sobre o desenvolvimento sustentável, sobre a 
educação ambiental à contação de histórias, proporciona-se às crianças a 
apropriação de conceitos sobre as necessidades de preservação e cuidados com a 
natureza. 
38 
 
 
Segundo Viana (2018, p.33) “a partir dessa identificação com o outro, com 
as situações vividas, a criança se desenvolve emocional e intelectualmente”. Isso 
ocorre, pois o afeto e a empatia são estimulados e compõe a psique, visto que a 
criança embarca na história e, por alguns instantes, toma para si os conflitos ou 
trajetórias dos personagens, torcendo por um desfecho feliz. 
No tema referido, buscou-se instigar a reflexão e o pensamento voltado para 
duas situações: uma é ter uma cidade cinza, triste; a outra, a cidade restaurada, com 
muito verde, com acesso para todos, em harmonia com a natureza. 
4.4 Discussão dos Resultados 
Colocar o plano de aula em ação, nos trouxe êxitos e desafios. Alguns deles: 
● As ferramentas foram disponibilizadas pela educadora do Ecoponto, e 
foram incluídas mais algumas. A mesma relata dificuldade em separar 
os materiais, pois há pelo menos 10 toneladas de materiais 
descartados e armazenados no local; 
● Por ser um espaço de educação não formal, não há regras rígidas 
com respeito a comportamentos das crianças, porém não houve 
nenhum incidente de agressão; 
● As crianças demonstraram respeito muito grande pela educadora do 
espaço, e participaram efetivamente das atividades aplicadas com 
muito zelo e euforia; 
Em relação à experiência proporcionada pelas oficinas, tomou-se como a 
referência o conceito de Dewey citado por Teixeira (2010, p. 33): “O agir e reagir 
ganham mais larga amplitude, chegando não só à escolha, à preferência, à seleção, 
no plano puramente biológico, como ainda à reflexão, ao conhecimento e à 
reconstrução da experiência”. 
O autor ainda compreende que a experiência faz parte da natureza e que 
envolve a interação entre sujeito e objeto, e que ambos se transformam pelo 
conhecimento. Por exemplo, na primeira aula, foram utilizados copinhos de danone, 
grãos e sementes. O desafio era que as crianças compreendessem conceitos de 
timbre, com os olhos fechados, e após essa experiência de grupo, puderam 
individualmente escolher quatro variações de materiais: areia colorida, grãos de 
milho e sementes de tamanho maior, como sementes de girassol, e outras menores 
39 
 
 
como alpiste e um mix de sementes em formatos diferentes, algumas alongadas e 
outras arredondadas. A intenção era que eles diferenciassem os sons graves dos 
agudos. Depois, se dirigiram individualmente para a mesa e escolheram as 
sementes e/ou grãos de sua preferência. O conceito de timbres foi revisado para que 
eles, com essa nova informação, identificassem novamente qual era o tipo de timbre 
que estava sendo testado. 
A contação de Histórias - Iris e a Cidade Cinza - estimulou a troca de ideias, 
pois, por meio de perguntas abertas durante a história, as crianças foram instigadas 
a darem suas contribuições e demonstrarem a compreensão do tema. Elas 
expressaram grande interesse e permaneceram concentradas, provando estarem 
envolvidas na história. 
A criação do brinquedo coletivo, o Jogo de Boliche, foi escolhido devido a 
duas questões: 
 Estimular a parceria e a construção de um brinquedo comunitário; 
 Estimular a partilha e o cuidado coletivo com o brinquedo, (que 
demonstra a responsabilidade coletiva), pois seria disponibilizado 
para que todas as crianças que frequentam o espaço tivessem a 
oportunidade de se divertirem. 
A construção do cabuletê se iniciou em grupo, porém com previsão para ser 
concluído no terceiro dia de oficina. 
Também foi sugerido pela Patrícia4 a construção de carrinhos com caixas de 
leite, o uso de latas de diversos tamanhos, garrafas PET, tampinhas de refrigerante 
e garrafas de vidro, tubos de PVC e mangueiras, para constituir diversos 
instrumentos musicais como: Pandeiro, Bongô, Tambores e Caixas, Repique e 
Chocalhos, Castanholas e Flauta Pan porém, devido ao pouco material disponível, 
não foi possível incluir neste trabalho. 
Ao desenvolver tais oficinas para construção de brinquedos e instrumentos 
musicais envolvendo as crianças da Comunidade Vila Cápua, o meio ambiente que 
as cerca e os adultos que desenvolvem o Projeto do Ecoponto e deste Trabalho de 
Conclusão de Curso, favoreceu-se a interação, a comunicação e troca de 
experiências, além de incentivar o desabrochar do cuidado em relação ao lugar onde 
vivem. 
 
4
 Educadora voluntária no Ecoponto e responsável pelas atividades no local às terças-feiras. 
40 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As questões ambientais e de desenvolvimento humano exigem muita 
atenção por parte da sociedade, esta atenção garantirá o futuro ambiental das 
próximas gerações, e se dará através de complexas mudanças nas relações sociais, 
culturais e econômicas, além de políticas, que transformarão a natureza. A 
necessidade de garantir uma natureza e uma qualidade de vida satisfatória às 
próximas gerações é um dos principais argumentos da Educação Ambiental, e a faz 
tão necessária na atualidade. 
Ela não deve ser uma educação formalizada intramuros escolar somente, 
mas deve ser abordada em todos os espaços de convivência, seja espaço 
educacional ou espaço de ações sociais, ou seja a Educação Ambiental deve ser 
uma educação de cunho abrangente, que visa formar cidadãos aptos a viver em 
sociedade e esta formação deve ser iniciada desde a infância, de modo que a 
favoreça o desenvolvimento de adultos conscientes das necessidades de 
preservação ambiental e como Medeiros et al. (2011) afirma, crianças podem ser 
transmissoras dos conhecimentos sobre as questões de preservação ambiental e 
levar as informações para seu vínculo familiar e de amizades. 
Este estudo objetivou a abordagem da Educação Ambiental em um espaço 
de educação não formal, com crianças na faixa etária de 10 anos que são atendidas 
pela Associação Casa Comunitária Vila Cápua, essa abordagem se deude forma 
lúdica, através de contação de história, criação de brinquedos, jogos e instrumentos 
musicais. 
A contação de história foi desenvolvida tendo como tema principal a 
degradação ambiental e a substituição das paisagens nativas pelas construções 
urbanas, já a criação de brinquedos, jogos e instrumentos musicais se deu por meio 
da reciclagem e reutilização de materiais. 
As oficinas realizadas no Ecoponto tiveram um número significativo de 
participantes, as crianças ficaram empolgadas com as propostas e se dedicaram 
muito na elaboração dos jogos e dos instrumentos musicais. Acredita-se ter 
despertado interesses e curiosidades que serão disseminadas pela comunidade. 
Espera-se que, em breve, essas propostas alcancem todo o bairro, garantindo 
assim, a disseminação da ideia de preservação e sustentabilidade. 
41 
 
 
Houveram alguns imprevistos como a não separação dos materiais 
recicláveis no Ecoponto, que recebeu, em um curto período de tempo, cerca de dez 
toneladas de materiais e, como dispõe de poucos voluntários, não foi possível 
separar os materiais que seriam usados a tempo. Por isso foi vital pensar em 
alternativas de como juntar o material por conta própria e repensar os jogos e 
brinquedos que seriam construídos nas oficinas, com isso surgiu a ideia de elaborar 
brinquedos e jogos de uso coletivo, incentivando a troca de experiências e 
favorecendo a interação entre as crianças. Também foi necessário reduzir a 
quantidade de instrumentos musicais que seriam produzidos, o que não impediu de 
proporcionar experiências ricas e significativas, que John Dewey defendia como 
eficaz para a aprendizagem. 
Outra dificuldade encontrada foi uma criança autista que optou por participar 
das oficinas, na primeira não havia preparo para as necessidades particulares dela o 
que resultou em uma pequena dispersão, mas num segundo momento a roda de 
histórias foi voltada especificamente para ela, foi elaborada uma história que 
prendeu a atenção e possibilitou a interação com outras crianças que estavam 
presentes. 
Durante todas as oficinas foi observada a alegria e a empolgação explícita 
nos rostos das crianças ao criarem os brinquedos, jogos e instrumentos musicais. 
Conforme o argumento de Emerique (2003), quanto mais a criança participa e 
acompanha a produção de um novo objeto, maior é seu sentimento de satisfação, 
porque criar é manifestação de vida e revela e valoriza as potencialidades de cada 
indivíduo. Além disso, possibilita o convívio com outras crianças, uma melhor relação 
com o outro, além de contribuir para a compreensão de mundo e natureza à medida 
que constrói, investiga, elabora e desenvolve algo. 
Notou-se que o lúdico, como norteador nas atividades de Educação 
Ambiental, possibilitou a construção significativa e concreta de um processo de 
desenvolvimento de ensino-aprendizagem, ao utilizar uma linguagem única e 
universal. 
Conclui-se que a vivência das oficinas, baseada na utilização de materiais 
recicláveis para construir brinquedos, jogos e instrumentos musicais, aliada aos 
discursos dos realizadores e ao ambiente não formal, favoreceu e estimulou o 
repensar das crianças participantes sobre o consumo diário e a importância da 
reciclagem. 
42 
 
 
A Associação Comunitária Vila Cápua de Francisco Morato, através de seu 
Ecoponto, possibilitou o desenvolvimento destas ações educativas com foco na 
Educação Ambiental, o que contribuiu com as ações já realizadas pela Associação, 
que, estas ações já aplicadas pelo Ecoponto passaram a transformar Vila Cápua, o 
que conduziu a uma série de mudanças ambientais, trouxe significativas melhorias 
nos aspectos sanitário e também econômico do bairro. 
No caso deste trabalho, as áreas de conhecimento foram escolhidas e 
aplicadas, de modo a mostrarem coesão e conexão, ao mesmo tempo que exigiram 
estratégias pedagógicas que uniram arte, música e contação de história, 
exemplificando algumas possibilidades de aplicação prática. 
Essas áreas são tratadas no contexto da educação ambiental, como 
ferramentas de práticas educativas, incluindo Contação de Histórias, Música e 
Recriação de Brinquedos, buscando sensibilizar as crianças e suas famílias, 
demonstrando que é possível agregar valor aos materiais reciclados, que são 
entregues rotineiramente no Ecoponto. 
Despertar a Consciência Ambiental é uma atividade complexa, que se 
constrói em conjunto com as crianças, pois elas trazem seu olhar carregado de 
empatia, afeto, acolhimento, demonstrando suas habilidades não apenas cognitivas, 
mas psicossociais, que já estão, há pelo menos um ano, em desenvolvimento, por 
meio da Educação Não Formal. Com isso compreende-se que o presente trabalho 
acadêmico alcançou o objetivo, fortalecendo o conhecimento e incentivando a ação 
cidadã em prol da saúde ambiental da comunidade. 
Ao final, conclui-se que, ao abordar a Educação Ambiental, através destas 
perspectivas, houve a oportunidade de trazer os conhecimentos científicos sobre a 
realidade ambiental da comunidade para as crianças, de modo que elas 
compreendessem a importância de sua participação no local onde vivem, ainda 
proporcionou a ampliação dos conhecimentos sobre a reutilização e reciclagem de 
materiais, sobre as práticas de sustentabilidade e estimulou as crianças a 
desenvolverem um pensamento socioambiental além de levarem conhecimentos 
para a vida adulta e disseminarem estes conceitos ambientais pela comunidade e, 
quem sabe, pelo mundo. 
 
43 
 
 
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