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Para fazer o planejamento Racional de Fármacos deve-se primeiramente observar a Abordagem Fisiológica e eleger o alvo-terapêutico, que é representado por uma macromolécula. Se a gente fizer o planejamento molecular de um novo ligante, ou um análogo ativo, pode-se partir de um substrato natural, e a partir desse, introduzir, modificações moleculares que sejam guiadas pelas estratégias clássicas da química medicinal, seja estudando os índices de complementaridade molecular entre o bioligante receptor com o emprego de técnicas computacionais, como a modelagem molecular, definindo-se os diferentes tipos de interações que possam estar envolvidos. Porém, nem sempre o bioligante ativo, que é identificado em vitro, a partir dos bioensaios, vai apresentar o mesmo perfil de biodisponibilidade in vivo. Não é raro a necessidade de novas modificações, como simplificação molecular e modificações através do bioisosterismo. Esses ajustes podem ser mais eficazes quando conhece as contribuições farmacofóricas das diferentes subunidades estruturais que estão relacionados ao bioligante, que é a micromolécula. Se houver conhecimento dessas subunidades, é possível preservar-las e garantir que o reconhecimento molecular pelo bioreceptor vai ser assegurado. Uma vez comprovada essa atividade biológica desejada, pode-se chegar a um novo composto protótipo, que é um candidato a novo fármaco. Esse novo composto protótipo pode ter sua eficácia otimizada por modificações estruturais subsequentes que são planejadas de forma a preservar as propriedades farmacocinéticas detectadas nos bioensaios in vivo. Uma vez otimizado o novo protótipo, mantendo as contribuições farmacofóricas, uma vez também comprovada a ausência de toxidez, vai chegar a uma "MCE", que é uma nova entidade química, que é estruturalmente original e pode ser submetida a fases de ensaios pré-clínicos e ensaios clínicos, resultando, após todas essas etapas, em um novo fármaco. A química medicinal dispõe de diversas estratégias de planejamento molecular, dentre essas, a simplificação molecular é a que hoje é a mais empregada. Estratégias de Modificação Molecular Planejamento Racional de Fármacos Qúmica Farmacêutica Medicinal Thuany e Carlos Daniel IUPAC: Farmacóforo é definido pelo conjunto de características estéricas e eletrônicas que são necessárias para o melhor reconhecimento do fármaco pelo receptor, ou seja para o efeito farmacológico esperado. O farmacófero apresenta os requisitos estruturais mínimos necessários para a atividade Quando identifica-se esse farmacóforo, consegue-se identificar a forma ativa da molécula Não representa uma molécula real ou associação de grupos funcionais. Pode ser considerado o maior denominador comum partilhado por um conjunto de moléculas ativas Essa defiição vai descartar o mal uso de "farmacóforos" como funcionalidades químicas simples, como por exemplo, guanidinas sulfonamidas, imidazolina, Flavona, esteróides Tem-se os descritores farmacofóricos como: ligação de hidrogênio, sítio de interação hidrofóbica, sítio de interação eletrostática Se dois compostos possuem atividades semelhantes frente a um mesmo receptor-alvo, muito provavelmente suas interações com este receptor tenham semelhanças e, assim, permitam a identificação de grupamentos farmacofóricos e de um mapa farmacofórico: Farmacóforo Nesse processo, embora a intuição química do químico medicinal vá contribuir imensamente, identificar e preservar as subunidades farmacofóricas é essencial ao sucesso do desenho dos novos padrões estruturais pretendidos. Como por exemplo, tem-se a cloroidrazida e a benzotiazida, que possuem um esqueleto em comum, onde a benzoatiazida só irá diferir apenas em um ponto da ligação em comparação com a clorotiazida. Então imagina-se que a interações para a atividade irão ocorrer nessa porção semelhante (esqueleto) da molécula. Na cefalexina tem-se um esqueleto que é comum a tienamicina, ambos são antimicrobianos, então possuem essa semelhança que fazem com que haja a possibilidade de interação e inativação da enzima na bactéria. Mapa Farmacóforo O Mapa farmacofórico, é como se pudesse mapear os pontos de interação que irão ocorrer nessa molécula. Por exemplo, tipos de interações que a hidroxila pode fazer: interação dipolo, interação por ligação de hidrogênio com o receptor. Em outro ponto da molécula (inferior) há um sítio de interação hidrofóbica e na carbonila, pode estar interagindo por ligação de hidrogênio Pode-se fazer modificações moleculares nas moléculas, como trocar a hidroxila por um grupamento que também seja capaz de fazer uma ligação de hidrogênio (doador de hidrogênio) como por exemplo trocar por NH2, não poderia trocar por uma metila, porque não faria ligação de hidrogênio. Então quando se faz um planejamento a nível de modificações moleculares, vai alterar a estrutura molecular, porém sempre tendo o cuidado de mantes, esse mapa farmacofórico que foi previamente montado, modificando apenas os grupamentos possíveis mas sem alterar as possibilidades dessas interações a nível do sítio receptor. É importante, quando monta um mapa farmacofórico, montar pelo menos 3 pontos de ligação, mas pode fazer mais, como no exemplo (b). É o alvo que vai determinar as interações necessárias, em qual lugar é necessário fazer. Ao conhecer uma micromolécula que já tem aquele tipo de ação, pode- se modificar para que tenha uma melhor atividade. O Miconazol e Clotrimazol são da mesma família (família dos Azóis) são antifúngicos, no qual vão ter que ter pelo menos 3 anéis aromáticos, sendo um anel aromático, heteroaromático: O Miconazol tem 3 anéis aromáticos, sendo que 1 é um heteroátomo, e o Clotrimazol possui 4 anéis aromáticos sendo que 1 é um heteroátomo Que modificação ocorreu de A para B? O que o CH3 pode influenciar? Que modificação ocorreu de B para C ? O que influenciou? - Entrou um CH3 na molécula - Normalmente quando insere metila, pode aumentar a taxa de metabolismo, porque é um ponto facilmente oxidável, podendo se tornar um ácido carboxílico. Sem olhar os estudos de relação estrutura-atividade, a gente pode imaginar o que pode estar acontecendo com a taxa de melhora do IC50. A inserção de CH3 também pode aumentar a lipossolubilidade da estrutura e com isso ela pode penetrar melhor nas membranas, pode introduzir um ponto de interação hidrofóbica... várias possibilidades na inserção da metila. - Entrou outro CH3 na molécula, na região do Nitrogênio - Quando insere essa metila, está perdendo um provável ponto de interação a nível de doador de ligação de hidrogênio, ou um ponto de interação dipolo. Assim perde-se um grupo farmacóforo que era importante para a minha atividade biológica. Assim, é importante sempre observar as modificações e comparar essas modificações a nível de atividade biológica Exemplo para observar como vão ocorrer essas modificações moleculares, comparando estrutura com atividades biológicas: O estudo Relação Estrutura-Atividade vai fazer um somatório das características químicas e das atividades farmacológicas. Tem por objetivo identificar quais partes de uma molécula são importantes para a atividade biológica e quais não são, com isso é possível observar quais são os grupos farmacofóricos. A partir de um composto de interesse, de uma estrutura química que está sendo pesquisada, seleciona-se derivados estruturalmente relacionados (semelhantes) e se avalia quais foram os efeitos das modificações químicas na atividade biológica. Vai avaliar quais são os pontos mais importantes para a atividade, onde pode-se fazer modificações químicas para melhorar a atividade biológica. Enzimas e fármacos são complementares Grupos funcionais da enzima e do fármaco devem interagir A estrutura química de compostos define e determina as suas atividades biológicas Relação Estrutura-Atividade (SAR) Nesses estudos, observa-se que: Cada composto apresenta uma série de grupos funcionais, os quais podem interagir como sítio receptor. Como identificar quais destes grupamentos são ou não essenciais para a atividade farmacológica? Atividade aumentada; atividade diferente; menos efeitos colaterais indesejados maior facilidade de administração ao paciente Estas informações também são utilizadas para o desenvolvimento de novos fármacos: Planejamento Racional de fármacos E o que fazer após a identificação do farmacóforo e o estudo de relação estrutura-atividade? Planejar racionalmente uma série de novas moléculas, as quais espera-se que tenham propriedade farmacológicas superiores aos seus precursores. Bioisosterismo; Simplicficação molecular Restrição conformacional; Hibridação molecular; Latenciação molecular (pró-fármaco) Quais são os meios de se modificar a estrutura de um fármaco? Bioisosterismo Melhorar a afinidade, a eficácia e especificidade Melhorar as qualidades farmacocinéticas variar as propriedades físico-químicas É uma ferramenta muito utilizada extensivamente pelos químicos medicinais para o planejamento racional de um fármaco. tem como objetivo: O bioisosterismo foi conhecido através de Irving Langmuir em 1919, no qual ele citou o princípio do isosterismo: Compostos ou grupos de átomos tendo o mesmo número de elétrons e átomos. Exemplo: H. Erlenmeyer em 1932 fez outras observações a respeito de átomos íons ou moléculas que tinham o mesmo número de elétrons nas camadas de valência. Átomos de uma mesma família são isósteros Friedman (1951) Acrescentou que Biosisosterismo é um fenômeno observado entre substâncias estruturalmente semelhantes que apresentam propriedade biológicas similares. Burger (1970) Disse que Bioisósteros são compostos ou grupos que possuem volume e formas semelhantes, aproximadamente a mesma distribuição eletrônica e exibem características físicas similares, como lipofilicidade e produzem respostas biológicas similares. Bioisosterismo Clássico Átomos Mono, Di, Tri e Tetravalentes; Anéis equivalentes Atendem as exigências de Langmuir e Erlenmeyer Não-Clássico Grupos funcionais Cíclico x acíclico Retroisosterismo Nos bioisósteros Clássicos temos os monovalentes, no qual é possível trocar uma ligação por outra, pode trocar uma hidroxila por um Iodo, um éter por um Flúor, um CH3 por um OH. Nos divalentes pode-se trocar duas ligações, os Trivalentes com 3 e assim sucessivamente. Há também átomos que são tetrasubstituídos como quartenário de amônio, carbono tetrasubstituído, fósforo, arsênio. Assim como anéis equivalentes, como o anel benzênico, o tiofeno, a piridina e o pirrol, que podem ser substituídos entre si: Bioisósteros Clássicos: Dentro dos anéis equivalentes, a mais frequente modificação que se observa são nos fármacos me-too Observando o ácido fólico e a Aminopterina temos uma modificação apenas de uma hidroxila pra um NH2: Assim observamos como que apenas uma modificação pode alterar completamente a atividade final de uma estrutura química. Também podemos observar a adenina, hipoxantina e 6-mercaptopurina, com modificações monovalentes também: Outro exemplo é o fármaco celecoxib, que foi feito uma modificação monovalente de uma metila para um NH2 e de um flúor para uma metila, assim houve a adequação da meia-vida do fármaco que antes tinha meia-vida de 211h mudando para estrutura atual que tem meia-vida de 8 a 12h: Um exemplo de bioisosterismo divalente é o barbitúrico com o tiobarbitúrico, onde se tem uma modificação de oxigênio para enxofre, com duas ligações: Na procaína e procainamida, tem-se oxigênio com duas ligações e um NH também fazendo duas ligações: Com relação à atividade antitumoral, conseguimos observar as modificações feitas abaixo e os valores de IC50: Observa-se que a melhor atividade permaneceu quando temos o Oxigênio na posição destacada, com um menor valor de IC50. Trivalentes temos o benzeno e a piridina, onde iremos olhar apenas a ligação acima destacada em vermelho. Se observarmos a ligação destacada no benzeno, temos um carbono fazendo 3 ligações, sendo o mesmo observado na piridina. Já para o outro fármaco à direita, quando temos o X trocado por Nitrogênio (N) e o Y por Carbono (CH), temos então a Sulfapiridina. Já quando temos tanto o X, quanto o Y trocados por Nitrogênio (N), temos então a Sulfadiazina. Esses então são exemplos de bioisosterismo clássicos trivalentes. Bioisosterismo clássico de anéis equivalentes temos todos esses anéis do benzeno para os destacados no círculo, onde temos 6π; temos os 10π, que também são equivalentes; também os de 14π. Então é sempre importante observar quantos elétrons π há no sistema aromático para que eles possam se enquadrar no bioisosterismo clássico de anéis equivalentes. Como exemplo temos aqui a Sulfadiazina e o Sulfametoxazol, onde nós temos a alteração da piridina na Sulfadiazina por um oxadiazol no Sulfametoxazol Já aqui nos antiinflamatórios, temos o Celecoxib que tem o Pirazol; o Valdecoxib que foi feito uma modificação apenas no anel destacado em azul onde foi introduzido um Isoxazol; e o Etoricoxib, onde foi introduzido uma Piridina; sendo anéis equivalentes. Do Piroxicam para o Tenoxicam temos a modificação de um Anel Benzênico para um Tiofeno. Observa-se que com isso houve um aumento do tempo de meia vida, onde o Tenoxicam é administrado apenas uma vez ao dia, enquanto o Piroxicam é duas vezes ao dia. No planejamento do Sildenafil e o Vardenafil, observa-se a inserção desses anéis que são semelhantes, tendo a mesma quantidade de elétrons π, mas que são estruturalmente diferentes. Cíclico X Acíclico de Grupamentos Funcionais a partir do Retroisosterismo No Bioisosterismo não-clássico, temos uma regra um pouco diferente. Eles não irão atender às regras eletrônicas e estéricas dos bioisósteros clássicos, mas irão produzir uma atividade biológica similar. Todos esses destacados nos quadradinhos, podem ser interconvertidos quando trocados entre si. Um Bioisosterismo não-clássico, eles mimetizam arranjos espaciais, propriedades eletrônicas e propriedades físico-químicas. Temos então Bioisosterismo não-clássico: Quando observamos o Bioisosterismo não-clássico Cíclico X Acíclico, podemos ver na imagem abaixo uma estrutura totalmente acíclica (aberta) (seta azul), com uma possibilidade de rotação de ligações Carbono- Carbono e ligações simples (seta verde). Quando é inserido um Tiofeno (destacado em vermelho) nessa região, estamos tornando a molécula mais rígida, da mesma forma se for inserido um anel na região destacada em amarelo. Isso faz com que tenhamos uma rigidez maior na molécula, mantendo aquele grupamento funcional um pouco mais parado/fixo em determinada região para que ele possa ter uma maior interação a nível de sítio-receptor. Acima, observamos a mesma situação, onde temos os anéis B e C, que são estruturalmente rígidos. Já na molécula destacada com a seta, temos a possibilidade total de rotação da ligação destacada em azul, enquanto que na molécula do lado foi inserida uma ligação dupla (destacado em vermelho) fazendo com que esses grupamentos fiquem mais rígidos, formando como se fosse um ciclo. No Bioisosterismo não-clássico de Grupos funcionais, podemos introduzir grupos funcionais que façam com que essas estruturas tenham uma interação semelhante, e que são estruturas que não se enquadram na regra do bioisosterismo clássico, mas possuem propriedades semelhantes como o pKa, sendo esses grupamentos funcionais introduzidos de modo que tenhamos também uma atividade a nível de sítio-receptor. Losartan Na descoberta do Losartan, que também está relacionada ao bioisosterismo clássico de grupos funcionais, temos o precursor do Losartan, que apresenta um grupamento ácido carboxílico terminal e a partir disso foi feita uma modificação para um grupamento tetrazol, onde este grupamento apresenta também uma propriedade ácida (apresentando um hidrogênio ácido) que mantém as propriedades de interação a nível de sítio-receptor. Com essa alteração também foi observado uma melhora na atividade biológica (IC50 = 0,59 mg/kg)No exemplo acima temos no caso da Indometacina, o ácido hidroxâmico (destacado em vermelho) inserido no lugar do ácido carboxílico, sendo o ácido hidroxâmico metabolicamente mais estável. Na substituação com tetrazol, a molécula foi 10x mais seletiva para o receptor de AMPA do que o próprio precursor carboxílico. Nesse outro exemplo, também de grupos funcionais, foi inserido um ácido fosfônico (1), um tetrazol (2) e um N-metil-sulfonil-carboxamida (3). 1 2 3 Ainda dentro do bioisosterismo não-clássico, aqui já temos exemplos de retroisosterismo, que é baseado na inversão de um grupamento funcional, como se pode observar acima. Se observarmos o Zileuton, que é um inibidor da 5-lipoxigenasse com ação antiasmática, foi feito um retroisomerismo com a modificação de uma hidroxila que estava no final da molécula e passou para outra posição conforme destacado acima. Com isso, teve-se uma adequação ao tempo de meia-vida, biodisponibilidade oral e potência inibitória. Simplificação Molecular Uma outra estratégia de modificação molecular é a Simplificação Molecular Esta foi inicialmente empregada na obtenção de compostos estruturalmente mais simples, a partir de protótipos naturais ativos, estruturalmente complexos. Inicialmente, essa estratégia foi empregada, em seus primórdios, sem o prévio conhecimento das diferentes contribuições farmacofóricas das subunidades estruturais do protótipo, sendo feita de forma aleatória. Não havia um estudo prévio, era uma aplicação empírica. Então em todos os processos de planejamento racional de novos bioligantes ou compostos-protótipos, deve-se considerar as eventuais contribuições toxicofóricas e farmacofóricas das subunidades estruturais destes protótipos que foram estudados ou até mesmo os bioligantes, principalmente ao nível do retículo microssomal hepático, responsável por oxidações dependentes do CYP450, que são essenciais para a bioformação de substâncias esdógenas e ao correto funcionamento de funções fisiológicas vitais. É importante observarmos que a presença de grupamentos funcionais eletrofílicos, como por exemplo aceptores de Michael ou mesmo epóxidos; e subunidades estruturais extensamente coplanares, devem ser considerados como um atributo potencial de hepato e citotoxicidade, e que esses grupos funcionais eletrofílicos devem ser evitados. Dessa forma, se forem identificados esses grupamentos, é importante se observar para que sejam removidos. Quando removemos esses grupamentos, estamos então fazendo uma estratégia de simplificação molecular. Atualmente, os avanços que são observados no estudo da relação entre estrutura química e atividade biológica, já permitiram que essa estratégia passasse a ser empregada de forma racional, preservando as subunidades farmacofóricas previamente identificadas no composto protótipo eleito, sendo de origem natural ou até sintética. Nesse exemplo bem clássico, temos a estrutura da Petidina, que vai se caracterizar pela presença de um sistema piperidínico (similar ao que encontramos na morfina), em que esse carbono 4 é um carbono quaternário e encontra-se ligado a um anel benzênico. Então esse carbono corresponde ao grupo farmacofórico clássico dos hipno-analgésicos opiáceos. Conseguimos então observar como foi feita essa simplificação, onde foi mantido o grupo importante, gerando então a estrutura da Petidina. Um outro exemplo é a Quinina, que é um dos principais componentes da casca de Cinchona officinalis. Esse alcaloide originou a Mefloquina a partir de simplificação molecular simplificada planejada. Os derivados antimaláricos da classe dos hidroximetilquinolínicos ou quinolinometanois são exemplificados pela Mefloquina, onde o processo de simplificação molecular que a originou, compreende basicamente a modificação do anel tropânico da quinina para o sistema piperidínico como podemos observar na imagem. Outro exemplo de simplificação molecular é o planejamento do Zomepirac a partir da Indometacina, onde ambos fármacos são antiinflamatórios não- esteroidais, inibidores da enzima Prostaglandina Endoperóxido. O planejamento do Zomepirac foi inspirado pela necessidade de se excluir esse sistema indólico destacado no protótipo, que foi responsável por efeitos adversos no SNC provocado pela Indometacina e seus metabólitos Restrição Conformacional Introdução de metileno para restringir a rotação de uma determinada ligação; Uso de grupamentos funcionais que formem ligação de hidrogênio intramolecular; Introdução de insaturação para fixar a posição relativa de substituintes. Uma outra estratégia de modificação molecular é a Restrição Conformacional, que é amplamente utilizada no desenho de fármacos e pode se caracterizar por algumas características como: Com isso, reduzimos a flexibilidade do fármaco e aumenta a afinidade e a seletividade. Nessa imagem temos o exemplo de uma mesma estrutura molecular hipotética que apresenta 2 grupos funcionais terminais (A e B), porém ele tem várias conformações possíveis pois temos ligações sigma presentes, que nos leva a diversas possibilidades de conformações onde temos um estado de grande desordem e uma entropia elevada. Destacado pela seta verde, observamos a estrutura do receptor hipotético contendo sítios complementares (A' e B'), onde o grupamento A interage com A' e o grupamento B interage com B'. No entanto. apenas a conformação destacada em amarelo, que é uma conformação aberta, vai conseguir interagir eficientemente com o receptor, desencadeando assim um efeito biológico. Teremos um estado altamente ordenado, com uma entropia pequena. Porém, qual a probabilidade de termos a maior parte dessa estrutura com essa conformação? - Uma probabilidade bem pequena. Já quando temos um análogo ciclizado, destacado pela seta azul, temos uma entropia reduzida, pois fizemos com que houvesse uma rigidez na molécula, deixando esses grupamentos parados em determinada conformação levando a uma maior probabilidade de interação. Então a conformação ciclizada é praticamente única e vai interagir eficientemente com o receptor, desencadeando o efeito biológico. Temos assim um estado altamente ordenado, com uma entropia pequena. Então a Restrição Conformacional vem exatamente pra isso, para que a gente consiga fazer com que a micromolécula tenha uma maior interação com o receptor, fazendo restrições naquelas conformações possíveis. Nesse exemplo acima, se a gente faz uma restrição na Remoxiprida inserindo um grupo CH2, formamos a Indolinona, que é um antagonista D2 seletivo, favorecendo com que que a carbonila fique para cima e que o grupamento halogênio (Cl) fique nessa conformação. O mesmo ocorre nesse exemplo da Procainamida para Tiaprida. Aqui vemos a inserção de uma metoxila (seta azul). A metoxila é um indutor de ligação de hidrogênio intramolecular (linha pontilhada vermelha). Essa ligação de hidrogênio intramolecular faz com que a estrutura se torne rígida, formando uma espécie de "ciclo" e faz com que ocorra menor possibilidade de rotação nessa região da molécula, o que faz com que a carbonila fique sempre para esse lado da molécula ("pra cima"). Da Tiaprida para Sultoprida, temos a inserção de um CH2 na molécula na região destacada pela seta vermelha, reduzindo as conformações nessa região da molécula. Da Mianserina para o seu análogo, também observamos a inserção de um CH2, tendo a formação de um ciclo, aumentando a rigidez da molécula. No exemplo da Serotonina para o Sumatriptam ocorre apenas uma pequena modificação molecular por grupos funcionais, um bioisosterismo não-clássico Do Sumatriptam para o Zolmitriptam, Almotriptam e Rizatriptam, temos inserções de anéis. Na Hibridação Molecular, temos uma condensação de partes da estrutura de dois compostos distintos com o objetivo de obtenção de novas propriedades farmacológicas. Hibridação Molecular Duas moléculas que se ligam no mesmo alvo, ou; Duas moléculas que se ligam em alvos diferentes. No exemplo acima temos a Cocaína, a Serotonina e o Tropisetron. O Tropisetron é um híbrido daCocaína e Serotonina. Pega-se então para realizar a hibridação: As porções destacadas em cada molécula foram utilizadas na formação do híbrido. Nesse exemplos temos duas moléculas que se ligam no mesmo alvo. nesse caso os Inibidores de Transcriptase reversa: Efavirenz e Capravirine. Em vermelho e em azul estão as porções que foram aproveitadas das moléculas, surgindo assim um híbrido, que também é um Inibidor de Transcriptase Reversa. A terapêutica do século XXI pode ser utilizada principalmente para doenças neurodegenerativas. Então temos aqui moléculas que vão se ligar em alvos diferentes, para doenças multifatoriais (como: diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegenerativas). Então é interessante observarmos que diferentes abordagens farmacológicas podem oferecer possíveis formas de superação dos problemas que surgem a partir do uso de tais drogas. Quando um único medicamento não é suficiente para tratar de forma eficaz uma doença, podemos utilizar uma terapia medicamentosa múltipla, como o MMT, também referido como um coquetel ou combinação de drogas. É o que vemos muito hoje em dia, como por exemplo idosos e familiares de forma geral que utilizam vários medicamentos para o tratamento de doenças multifatoriais. Geralmente um MMT é composto por duas ou três diferentes drogas que combinam diferentes mecanismos terapêuticos, mas essa abordagem normalmente é bastante desvantajosa para pacientes que tem problema de comprimento, que vão utilizar. Uma segunda abordagem pode ser a medicação de múltipla composta por MCM, que também é referida como uma combinação de drogas em um único comprimido, o que implica a incorporação de drogas diferentes para a mesma formulação afim de simplificar regimes de tratamento e melhorar a complacência do paciente. São aquelas associações que vemos, como por exemplo: diuréticos com anti hipertensivo, etc. Existe também uma terceira estratégia que está imergindo agora, com base no pressuposto de que um único composto pode ser capaz de atingir múltiplos alvos levando a um efeito terapêutico a partir da estraégia de hibridação molecular. Temos aqui a Quinolina, Isatina e a Tiouréia, que por hibridação molecular de suas moléculas, vão levar à fármacos com atividade antitumoral para câncer de mama. No exemplo acima podemos observar a Doença de Chagas, que é uma doença negligenciada, e normalmente seu tratamento é realizado a partir do Megazol, que é bem conhecido. Para o planejamento dessa estrutura molecular da Brazilizona A, foi utilizada uma hibridação entre o Megazol e a Guanil-hidrazona. As hidrazonas têm demonstrado recentemente que elas tem uma certa atividade tripanocida, sendo capazes de lisar os tripomastigotas de T. cruzi. Então o conceito de criação para esses compostos, principalmente explorou a introdução da poção aril-hidrazona (em azul) para o a formação do heterociclo. Então ele foi destinado a conferir à essas novas moléculas um captador de radicais que poderia reduzir o estresse oxidativo induzido pela formação de partículas nitro que são tóxicas. Esses autores também tiveram interesse em adicionar como alguns derivados da hidrazona e mostrar um perfil tripanocida provavelmente devido à interaçãoo com a cruzitaína e o T. cruzi. A Brazilizona A possui uma IC50 = 5,5 µM e foi planejada e sintetizada por pesquizadores da UFRJ.