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HISTÓRIA DO BRASIL16 UNIDADE IIO Sistema Colonial Português na América Após a Chegada de Pedro Álvares Cabral no Brasil, Portugal mante-se ocupado no comércio com oriente e deixou a futura colônia brasileira, a princípio, em segun- do plano. Neste período, Portugal se preocupou em es- tudar as terras brasileiras para promover a expansão ter- ritorial e defender a terra recém conquistada, por meio de expedições que foram realizadas a partir de 1501. O sistema de feitorias realizado no continente af- ricano não era conveniente à situação do território brasileiro, devido à vivência indígena baseada em uma produção voltada à natureza e sem produtos que pode- riam ser comercializados pelos portugueses. Em 1501, houve a primeira expedição ao Brasil chefiada por Gas- par Lemos que percorreu o litoral Brasileiro e confirmou a existência do pau Brasil, uma madeira encontrada em abundância no território brasileiro e muito utilizada na Europa para tingir tecidos. Gonçalo Gonçalves, em 1503, realizou outra expedição, desta vez com o intuito de localizar novas riquezas e carregar navios com pau Brasil para serem comercializados na Europa. A partir deste momento, foram fundadas feitorias no litoral do Rio de Janeiro, para o armazenamento de madeira, já que, com as expedições, descobriram um grande produto para comercialização, o pau Bra- sil. A extração desta madeira significou o início das relações de caráter econômico entre os portugueses e indígenas chamado de escambo. Esta prática fazia com que os indígenas realizassem serviços de mão obra, como o corte e transporte de madeira para as feitorias portuguesas, em troca ganhavam objetos de pouco valor, mas bastante atraentes para os indígenas como espelhos, tecidos e machados. Devido ao grande valor do pau Brasil na Euro- pa, alguns contrabandistas também começaram a se dedicar na extração da madeira, que passou a amea- çar o litoral Brasileiro sob domínio português. Para mostrar um maior controle sobre o território e, so- bretudo, protege-lo dos franceses, que estavam muito interessados nas terras brasileiras, a proteção contra invasões estrangeiras foi realizada por expedições mil- itares com o comando de Cristóvão Jacques. Após o início de uma crise com o comércio no oriente e o receio às invasões, Portugal iniciou o pro- cesso de colonização efetiva no território brasileiro, a partir de 1530. O Brasil assumiu o caráter comple- mentar da metrópole portuguesa, com parâmetros mercantilistas, com o intuito de ocupar o território foram fixados colonos nas terras e as bases fortificadas para garantir a segurança e garantir o controle sobre a colônia. Foram expedições colonizadoras e a primeira foi chefiada por Martim Afonso de Souza em 1531. Para um melhor reconhecimento do território, Martim Afonso buscou organizar expedições que inte- riorizassem o Brasil para ampliar o domínio português e garantir riquezas. Além disso, chegou à foz do Prata, com intuito de afirmar posse daquelas terras e expul- sar os franceses que estavam situados naquele ponto. Martim organizou a distribuição de sesmarias (grandes lotes de terras) aos novos habitantes, para que pudes- sem produzir e principalmente plantar cana de açúcar para se firmarem em suas novas terras. Sob sua respon- sabilidade, foi construído o primeiro engenho de açú- car da colônia, o Engenho do Governador. A construção do Engenho de açúcar está relacionada à preferência dos portugueses ao cultivo da cana de açú- car, por ser um produto de grande valorização no mer- cado europeu e o solo brasileiro possuir boas característi- cas para o plantio. Este foi um meio de os portugueses obterem ganhos com a colônia, que, futuramente, foi a principal atividade econômica da colônia, já que, a princípio, não encontraram riquezas em abundância em comparação com a metrópole espanhola. Para reduzir custos financeiros e manter o processo de colonização, o rei português Dom João III buscou implantar o mesmo sistema que obteve êxito nas ilhas de Madeira e Açores, que consistia na divisão de faixa de terras (capitanias), que eram doadas por fidalgos portugueses (capitães-donatários). O intuito princi- pal era garantir a posse da colônia e reduzir os custos da metrópole com a colônia. Para firmar a coloniza- ção, a coroa portuguesa doou, entre 1534 e 1536, 15 faixas de terras a particulares que formavam 14 capi- O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 17 tanias ao limite imposto pelo Tratado de Tordesilhas. Esses pedaços de terras foram distribuídos a 12 fidal- gos pertencentes à alta aristocracia (donatários). Através da carta de doação os donatários possuíam juridicamente seus direitos e poderes políticos para realizar corretamente as determinações propostas no documento. Cabia ao donatário a colonização da capitania, proteção contra ataques, o cumprimento do monopólio real do pau brasil e o comércio co- lonial. No caso de uma possível descoberta de me- tais preciosos, um quinto do valor deveria ser pago à Coroa Portuguesa. Figura 1- Mapa de Luís Teixeira, anexo ao Roteiro de todos os Sinaes. Fonte: Biblioteca da Ajuda, Lisboa. Cópia elaborada a partir do original, ms. 51-IV-38. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL18 Mesmo o donatário garantindo a posse da capita- nia, juridicamente, é importante ressaltar que a mes- ma pertencia ao governo português, diferentemente do sistema feudal que possuía uma estrutura servil. Foi fundada com ideais lucrativos para produção e exploração escravista. A coroa portuguesa organizou mais duas capitanias insulares em 1539 e 1556, nas ilhas de Itaparica e Trindade, logo após foi criada a última capitania do século XVI, chamada de Recôn- cavo Baiano. As capitanias foram importantes para a proteção do território e sua colonização. Com o objetivo de cortar gastos, a Coroa não man- teve os recursos necessários aos donatários e a falta de apoio da metrópole fez com que algumas capitanias não obtivessem o resultado necessário. Neste cenário, somente duas se destacaram, a de São Vicente e a de Pernambuco. A prosperidade de São Vicente foi graças a criação de povoados, que garantiram o cul- tivo de cana de açúcar e criação de gado. O mesmo progresso de Pernambuco, porém, a localização desta capitania permitiu o cultivo e exportação da cana de açúcar em larga escala, a criação das vilas e a trégua com os indígenas da região (tabajaras), garantiram o destaque a esta capitania. Devido ao pouco sucesso das capitanias heredi- tárias, algumas partes ficaram ociosas comercial- mente, sem segurança e totalmente passível a invasões estrangeiras. A Coroa buscou um novo sistema para organizar e centralizar a colônia novamente e criou na colônia governo geral. Em 1548, o primeiro governa- dor geral seria Tomé de Souza que teve uma série de deveres para serem realizados com o intuito de garan- tir esse novo modelo de governar. Tomé foi orientado a realizar alianças com os in- dígenas, lutar contra os invasores, manter a comer- cialização do pau Brasil com a metrópole, incentivar o cultivo de cana de açúcar e buscar metais precisos. Neste sistema, o governador possuía alguns auxiliares que eram o provedor-mor, capitão-mor e ouvidor- mor, respectivamente. Possuíam encargos para cuidar das finanças, da segurança e da justiça da colônia. Após a saída de Tomé de Souza, Duarte da Costa foi incumbido de ser o segundo governador geral. Este segundo governador geral (1553-1558) foi marcado por uma forte presença religiosa, buscou orga- nizar casamentos entre colonos e jesuítas e gerou uma turbulência com alguns conflitos, incluindo diversos ataques e uma invasão Francesa ao Rio de Janeiro. Teve que enfrentar o poderio francês na tentativa de estabel- ecer uma base no Brasil, denominada de França An- tártica, criada por religiosos franceses(calvinistas) que fugiram das perseguições religiosas na Europa. Nicolau Durand Villegaignon erao líder desta invasão e conse- guiu firmar um apoio dos indígenas que estavam insat- isfeitos com os portugueses. Devido ao ineficiente governo de Duarte da Cos- ta, Portugal nomeou outro governador geral na tenta- tiva de fortalecer este sistema. Mem de Sá, governou de 1558 a 1572 e buscou reestabelecer a hegemonia portuguesa na colônia. Dentre suas medidas, inicial- mente, buscou reduzir os conflitos de colonos com jesuítas, expulsar os franceses do Rio de Janeiro com o apoio dos jesuítas para firmar aliança com os indí- genas e enfraquecer a invasão Francesa. Em busca de garantir a segurança, fundou a cidade de São Sebas- tião do Rio de Janeiro em 1565, para fortalecer a re- sistência dos ataques estrangeiros. Com o falecimento de Men de Sá, a metrópole decidiu que a colônia seria governada com duas administrações, uma em Salva- dor de Luis de Brito e no Rio de Janeiro com Antônio Salema, capital do governo sul. Diante da estrutura administrativa colonial, o órgão mais importante foram as Câmaras Munici- pais, reproduziram a estrutura portuguesa de que em toda vila ou núcleo urbano possuiria um poder local. Havia cargos para indivíduos organizarem os problemas municipais, possuía juízes, procuradores e vereadores eleitos. Um juiz que era nomeado pela coroa (juiz de fora), dois juízes ordinários que eram escolhidos por meio de eleições, além disso, possuía mais três vereadores e um procurador que ficavam re- sponsáveis por resolver os problemas burocráticos e até situações de disputas de terras. Devido ao clima de instabilidade política em Por- tugal, no final do século XVI, como consequência, a América portuguesa sofreu algumas reviravoltas dev- ido aos problemas dinásticos na metrópole. Foi neste período que ocorreu o surgimento da União Ibérica. Inicialmente, aconteceu devido à invasão de Filipe II, rei espanhol ao território português, unificando as duas coroas e o território brasileiro passou a pertencer à Espanha. O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 19 A Espanha possuía grande interesse em desfrutar das terras brasileiras, mas um tratado fez com que a colônia permanecesse sem alteração a essa união. O Tratado de Tomar garantiu que as atividades comer- ciais mantivessem o domínio português, o que cons- ervou a estrutura brasileira no período de unificação das coroas até a restauração portuguesa. Portugal for- taleceu as relações mercantis, aumentou a presença na colônia com o intuito de reverter o quadro de domi- nação espanhola e criou as companhias de comercio com o intuito de monopolizar, explorar e controlar melhor a colônia, mantendo o monopólio de comer- cialização a essas companhias. Em 1649, foi criada a Companhia Geral de Co- mércio do Brasil com a intenção de fortalecer o co- mercio de norte a sul, gerou insatisfação dos colonos devido aos grandes abusos que essa empresa cometia. Após esta criação, em 1682, surgiu a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e seu principal objetivo era monopolizar o comercio e o tráfico de es- cravos na região. Diante das insatisfações dos colonos e a tentativa de reestabelecer seu poder na colônia, Portugal criou, em 1642, o Conselho Ultramarino que tratava de todos os assuntos relativos à colônia. Deste modo, as câmaras municipais cederam seu con- trole a este conselho para a continuidade da recupera- ção e fortalecimento econômico da colônia através do controle da metrópole sobre a colônia. A ocupação do interior da colônia passou a ocor- rer a partir do século XVII, que até então era feita nas faixas litorâneas e, com o processo de interiorização, uma nova maneira de exploração dos territórios em busca de novas riquezas em terras até então descon- hecidas pelos colonizadores. Este processo alargou as fronteiras da América Portuguesa e os limites impos- tos pelo Tratado de Tordesilhas. O medo às invasões estrangeiras sustentaram este processo de interior- ização, pois quanto maior era o reconhecimento do território, mais protegido ele ficaria, dificultando a entrada de estrangeiros nas terras portuguesas. Este processo de ocupação garantiria uma pro- teção maior contra os franceses que não reconheciam os tratados realizados entre Portugal e Espanha. Após a derrota francesa na fundação da França Antártica, no Rio de Janeiro, no século XVII, outra tentativa de invasão foi realizada no Maranhão. Em 1612, funda- ram a França Equinocial, no Forte São Luís, após um ano, iniciaram os conflitos, no ano seguinte, foram derrotados e o forte foi reconquistado. Já os Holandeses tiveram uma participação mais ativa com os portugueses, com o financiamento dos Engenhos e a comercialização do açúcar na Europa, mas isso não significou que não tentariam que se hospedar no território brasileiro. Após uma trégua nos conflitos com as coroas no período de União Ibérica, a Holanda tentou retomar a comercialização coma criação da Companhia das Índias Ocidentais. Possuíam o objetivo de garantir o comercio e as áreas produtivas de açúcar da colônia portuguesa. O pri- meiro ataque da companhia surgiu em 1624, na Ba- hia, mas foram expulsos no ano seguinte. Após diver- sas tentativas de invasões frustradas, obtiveram êxito na invasão de Pernambuco. De acordo com o historiador Evaldo Cabral de Mello que divide a ocupação holandesa em três etapas, afirma que no período de 1630 a 1637 foi uma fase de grandes conflitos militares entre holan- deses e uma instável resistência portuguesa, o que representou a expansão holandesa para Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Com a chegada de Mau- ricio de Nassau, houve melhorias na administração e desenvolvimento da Companhia Holandesa. Esta segunda fase (1637-1645) foi marcada por um período de trégua nos conflitos. Além disso Nas- sau promulgou as leis de intolerância religiosa, finan- ciou a construção de engenhos e a produção de cana de açúcar. Devido ao sucesso da Companhia, houve aumento dos impostos referentes à comercialização do açúcar, devido à queda do valor do produto na Europa. A iniciativa de aumento dos tributos que- brou a aliança de Nassau com a companhia e adiou seu retorno para Europa em 1644. De 1645 a 1654, ocorreram inúmeras lutas que ficaram conhecidas como Insurreição Pernambu- cana, e teve como marco principal a saída dos Hol- andeses do Brasil. Esses conflitos foram de caráter nativista e não tiveram nenhum apoio da metrópole portuguesa. Após diversos conflitos, houve a derrota dos holandeses nas batalhas dos Guararapes entre 1648 e 1649. Este sentimento nativista foi muito importante para a retomada do poderio português na região, após a saída do Brasil, os holandeses se UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL20 hospedaram nas Antilhas e continuaram a fabricar produtos derivados do açúcar. Durante os anos de domínio português, o ter- ritório brasileiro passou por diversas fases de integ- ração econômica, após o apogeu da cana de açúcar foram realizadas expedições que conquistaram par- tes do interior que ainda não eram reconhecidas. As ocupações no nordeste e norte do Brasil garantiram algumas atividades complementares com a produção da cana de açúcar ainda produzido, mas em menor escala, devido à queda do preço no mercado euro- peu. A criação de gado foi importante neste processo pela ocupação das áreas descolonizadas e essas fazen- das eram enormes latifúndios, que possuíam mão de obra africana proveniente do tráfico negreiro. Além da criação de gado, o cultivo do tabaco possuía um papel importante pois servia de moeda de troca no comércio de escravos, pois garantiu que pequenos e médios proprietários possuíssem mão de obra escrava em suas plantações. Na tentativa de colonizar a região norte, a metró- pole garantiu uma serie de incentivos para a produção agrícola, além da madeira retirada das florestas, ha- via coleta de outros produtos como cacau, castanha, guaraná e pimenta. Esses produtos eram conheci-dos como drogas do sertão, foi a principal atividade econômica da região norte durante o final do século XVII e início do XVIII. A colonização de áreas no interior do Brasil foi realizada pelos bandeirantes que desbravavam territórios em busca de indígenas para serviço de mão de obra, localizar riquezas e principal- mente expandir o território. No processo de expansão na região sul do Brasil, as missões em 1619 foram atacadas pelas bandeiras, tiveram grande parte do território devastado e mui- tos indígenas escravizados. Os portugueses criaram a colônia de Sacramento em 1679, com o intuito de alargar as fronteiras e intimidar o domínio espanhol, passou por diversos conflitos e trocas de domínios. Já em 1750, esta área constituiu em parte de nego- ciações que levou ao Tratado de Madri, determinan- do que o território das missões ficasse com Portugal e a colônia de Sacramento com a Espanha, este tratado gerou uma animosidade porque os missionários e os guaranis teriam que se deslocar para as terras de acordo com o tratado. Este movimento fez com que os indígenas reagissem e iniciaram as Guerras Guar- aníticas, em 1754. O fato desta região possuir cara- terísticas favoráveis à criação de gado fez com que os conflitos não impedissem o processo de colonização e moveu o destaque da criação de gado para região sul, principalmente, pela produção de charque. AS REVOLTAS NATIVISTAS NA AMÉRICA PORTUGUESA Diante das grandes movimentações para explo- ração colonial e a conquista de terras, eram vistos diversos interesses, políticos ou econômicos, que, em grande parte, eram independentes dos assuntos metropolitanos. De modo que algumas atitudes não agradavam todos os envolvidos neste processo, ocor- reu uma série de conflitos e revoltas na colônia entre os séculos XVII e XVIII que formam chamados de revoltas nativistas. Os problemas econômicos do Maranhão por causa da falta de mão de obra eram recorrentes, pois havia pouca oferta de escravos africanos e, de acordo com esta dificuldade, ocorreram dois conflitos de colono: o primeiro conflito ia de encontro à defesa dos indí- genas e o segundo era pelo apoio à liberdade de co- mércio liderada pelos irmãos Beckman e por Jorge Sampaio. A solução encontrada pelos colonos seria a es- cravização dos indígenas protegidos pelos jesuítas, com destaque para defesa do padre Antônio Vieira. Para tentar solucionar este problema, a Companhia de Comércio do estado do Maranhão solicitou à metrópole que trouxessem cerca de 500 escravos af- ricanos e o abastecimento da região com alimentos. Com a não realização do acordo, e com uma série de abusos por parte da Companhia, o grupo de propri- etários rurais liderados pelos Beckman reivindicaram e saíram vitoriosos. Com o objetivo de obter o recon- hecimento de Portugal, elegeram um novo governo, expulsaram os jesuítas e acabaram com a Companhia de Comércio. Mas, em 1685, o movimento foi rep- rimido e os líderes foram presos e executados. Após a Insurreição Pernambucana, novos conflitos surgiram devido à concorrência açucareira dos hol- andeses nas Antilhas, o que gerou a insatisfação dos proprietários rurais que foram obrigados a pedir em- O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 21 préstimos aos comerciantes que, com autorização da coroa, aumentavam as taxas de juros, estabelecendo um embate entre os proprietários e comerciantes. O estopim para o confronto foi a separação por exigên- cia dos comerciantes (mascates) entre Olinda e Re- cife, que se tornou uma vila independente. Os habi- tantes de Olinda comandados pelos proprietários de terras invadiram Recife e este conflito ficou marcado pela luta dos comerciantes e proprietários de terras. Na região sudeste, ocorreram conflitos com pouca expressão política entre os séculos XVII e início do XVIII, neste período, por volta de 1641, ocorreu em São Paulo um levante de proprietários rurais a favor da escravização indígena, mas, como esse conflito não interessava, a metrópole perdeu a sua força. As re- voltas com maior repercussão ocorreram no período da economia mineradora. Devido ao deslocamento para a região das minas, em busca de ouro, os pau- listas não admitiam que os forasteiros, chamados de emboabas não possuíssem o mesmo direito que eles. Esta revolva caracterizada como Guerra dos Emboa- bas fez com que os paulistas reivindicassem à coroa a posse de terra a estrangeiros, mas, esse pedido não foi atendido. E, a pacificação deste conflito só ocorreu em 1709 com a criação das capitanias de São Paulo e Minas Gerais e os paulistas começaram a procurar territórios na região Centro-oeste. Na Capitania de Minas Gerais, a metrópole proi- biu a circulação de ouro em pó e os mineradores rei- vindicaram a alta carga de tributos à Coroa. Sendo que o governador o conde de Assumar por não ter efetivo militar suficiente para combater os revoltosos, e garantiu que as exigências seriam atendidas. Porém, esta atitude foi somente para enganar os manifestan- tes até que conseguisse reunir um poderio militar su- ficiente para combatê-los. O conflito se deu no ano de 1720, e o seu nome secundário remete a um dos revoltosos, Felipe dos Santos, um dos manifestantes mais pobres que foi morto e enforcado para servir de exemplo para conter outras rebeliões. A Revolta de Vila Rica, em especial, tornou-se uma preliminar para as chamadas Rebeliões Separatistas, como a In- confidência Mineira. Neste período de expansão territorial de norte ao sul, houve também algumas disputas territoriais que foram facilitadas com a União Ibérica, por exemplo, a conquista à oeste devido a unificação sobre o con- tinente americano, este fato obrigou as coroas a re- alizarem novos tratados. Com o Tratado de Utrecht (1713-1715), tentou estabelecer problemas de fron- teiras na Amazônia e na região sul, determinou que à fronteira da Amazônia permanecesse a Guiana Fran- cesa. Na região sul, procurou resolver as pendências com os espanhóis, guaranis e portugueses, mas, nesta região, o tratado não prosperou. Devido ao alargamento das fronteiras e a amplia- ção do Tratado de Tordesilhas, o tratado de Madri (1750) reconheceu o uso da terra para quem a utili- zasse, baseada no princípio do uti possidetis e anulou em definitivo o de Tordesilhas. Este tratado garantiu posse portuguesa nas regiões que hoje compreendem Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Amazônia; e, aos espanhóis, a colônia de Sacramento. Como os con- flitos no Sul permaneceram, foi criado, em 1777, o tratado de Sando Ildefonso, que consistia na posse de Portugal a ilha de Santa Catarina e parte do Rio Grande e a Espanha mantinha Sacramento e também os Sete Povos das Missões. O OURO NA COLÔNIA BRASILEIRA A incessante busca achou grandes riquezas em nosso território, foi um período marcante para a his- toriografia com a corrida ao ouro no século XVIII. Foi um período importante para a economia da colô- nia, pois estava estagnada devido à baixa na produção de açúcar. O ouro foi encontrado principalmente na região de Minas Gerais, e em quantidades menores em Mato Grosso, Goiás e Bahia. A extração deste metal precioso era feita inicial- mente de forma precária, retirada do leito dos rios e lagos, o ouro de aluvião por meio de bateia (um recipiente que separava o ouro de outros minérios) e o de lavras era extraído das minas. O ouro de aluvião era extraído de forma familiar, por poucas pessoas, já o de lavras tinha que possuir um investimento muito maior e uma grande quantidade de pessoas. O serviço era feito nas minas e necessitava do uso de ferramen- tas e animais, além da mão de obra escrava, que foi muito utilizada neste período de mineração. Para ser possível a extração era fundamental um controle árduo e rígido de acordo com a produção. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL22 Desde de 1603, uma lei chamada Código Mineiro vigorava, mas não funcionava, devido aos poucosre- cursos minerais descobertos. Com o crescimento da exploração dos metais preciosos, a metrópole passou a organizar essas regiões com o intuito de garantir o controle sobre as áreas e evitar conflitos na busca de metais preciosos. A Coroa portuguesa criou mecanismos para ad- ministração da economia mineradora, quando era descoberto um local com muito ouro, a coroa doava lotes de terras aos mineradores. O descobridor pos- suía o privilégio de escolher o primeiro lote, após ele, a coroa escolhia e os demais eram leiloados. Com a circulação de muito ouro ficava evidente a ocor- rência de algumas atividades de contrabando, uma maneira eficaz encontrada pela coroa foi de liberar o metal para a comercialização somente se possuísse o carimbo da coroa, chamado de selo real. Com isso, todo ouro encontrado deveria passar por Casas de Fundição para serem liberadas para comercialização e a retirada equivalente ao imposto estabelecido pelo rei de Portugal. Ao longo dos anos, a forma de a coroa tributar o ouro saindo das minas se modificou, o imposto que mais se manteve foi o quinto. Este tributo era a reti- rada da quinta parte do ouro extraído por cada min- erador que ficava nas mãos da coroa como pagamen- to pela terra explorada. Outro meio de captação do ouro pela coroa foi a derrama, criada pelo marquês de Pombal, neste imposto a metrópole fixava uma quan- tia mínima anual que se não atingida era decretada a derrama, que por meio da força obrigavam os mo- radores a entregar uma certa quantidade de ouro até quantia mínima fosse capturada. O período pombalino representou para colônia como uma fase de grande controle e opressão por par- te da metrópole, por meio de um governo forte basea- do na política mercantil. Pombal tomou diversas ati- tudes para tentar manter um grande controle sobre a colônia, diante dessas medidas buscou monopolizar o comercio da região norte do Brasil com a Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará em 1754 e a de Pernambuco e Paraíba em 1759. Conforme visto acima, na economia mineradora criou-se a derrama, houve o fortalecimento dos órgãos administrativos e Pombal transferiu a capital da colônia para o Rio de Janeiro em 1763. Além disso, expulsou os jesuítas em 1759, suas transformações políticas apresentaram um desgaste na metrópole e um clima de insatisfação na colônia, a sua queda foi com a ascensão de dona Ma- ria I ao comando de Portugal. Ao longo dos séculos, a metrópole portuguesa pas- sou por algumas dificuldades e decidiu firmar alguns acordos com a Inglaterra. Com os ingleses partici- pando ativamente da economia portuguesa, houve uma grande dependência portuguesa que ficou ex- posta como Tratado de Methuen, o acordo firmado consistia em facilidades na entrada da manufatura têxtil inglesa e exportação vinho português para a Inglaterra. Apesar de parecer lucrativo, este tratado garantiu a destruição da manufatura têxtil nacional e a economia portuguesa tornou-se completamente dependente. Isso garantiu que boa parte das riquezas extraídas no Brasil fossem parar nos cofres ingleses para o pagamento de dívidas e para equilibrar a bal- ança comercial favorável. A cada ano que passava, Portugal via cada vez mais a arrecadação do ouro cair e aumentava as pressões na colônia que já mostravam reflexos diretos. Ao final do apogeu do ouro no Brasil a economia brasileira só ganhou um eventual impulso com a chegada da família real em 1808 e a retomada da economia só veio a partir da produção em larga escala de café no século XIX. EXERCÍCIOS 01- (ENEM) Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios. CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997 (adaptado). O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento fundamental para a formação da identidade brasileira. Tratando da relação que, O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 23 desde esse primeiro contato, se estabeleceu entre por- tugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a: a) preocupação em garantir a integridade do colo- nizador diante da resistência dos índios à ocupação da terra. b) postura etnocêntrica do europeu diante das car- acterísticas físicas e práticas culturais do indígena. c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nova terra. d) oposição de interesses entre portugueses e ín- dios, que dificultava o trabalho catequético e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra. e) abundância da terra descoberta, o que possi- bilitou a sua incorporação aos interesses mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios. 02- (UFES) São características da colonização portuguesa na América: a) exploração de recursos minerais, utilização do trabalho livre e predominância da pequena proprie- dade; b) realização do pacto colonial, emprego da mão de obra escrava e predomínio da monocultura; c) divisão da metrópole em lotes de iguais propor- ções, dispersão entre os núcleos coloniais e comercial- ização do café; d) divisão do território brasileiro, exploração fa- miliar da terra e ênfase na implantação de manufatu- ras; e) subordinação política à aristocracia rural portu- guesa, monopólio comercial e sociedade igualitária. 03- (ESA) As lutas do período colonial são divididas em Revoltas Nativistas e Revoltas Emancipacionistas. Entre essas últimas podemos incluir a: a) Revolta de Vila Rica. b) Revolta de Palmares. c) Revolta dos Alfaiates. d) Revolta dos Mascates. e) Revolta de Amador Bueno. 04-(FUVEST) A invasão da Península Ibérica pelas tropas de Napoleão Bonaparte levou a Coroa Portuguesa, apoiada pela Inglaterra, a deixar Lisboa e instalar-se no Rio de Janeiro. Tal decisão teve desdobramentos notáveis para o Brasil. Entre eles: a) a chegada ao Brasil do futuro líder da inde- pendência, a extinção do tráfico negreiro e a criação das primeiras escolas primárias. b) o surgimento das primeiras indústrias, muitas transformações arquitetônicas no Rio de Janeiro e a primeira constituição do Brasil. c) o fim dos privilégios mercantilistas portugueses, o nascimento das universidades e algumas mudanças nas relações entre senhores e escravos. d) a abertura dos portos brasileiros a outras na- ções, a assinatura de acordos comerciais favoráveis aos ingleses e a instalação da Imprensa Régia. e) a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido, a abertura de estradas de ferro ligando o litoral flu- minense ao porto do Rio e a introdução do plantio do café. 05- (ESA) As batalhas dos Guararapes (1648 e 1649) marcaram a vitória da Insurreição pernambucana, que levou à expulsão do território brasileiro os invasores a) ingleses. b) franceses. c) holandeses. d) portugueses. e) espanhóis. 06- (ESA) O Tratado de Methuen, assinado em 1703, por portugueses e ingleses: a) incrementou a industrialização em Portugal e no Brasil. b) abriu um importante canal para a transferência da riqueza produzida no Brasil para a Inglaterra. c) criou foro especial para julgar cidadãos britâni- cos que viviam no Brasil. d) trouxe vantagens para Portugal nas relações co- merciais bilaterais com a Inglaterra. e) favoreceu o desenvolvimento da indústria luso- brasileira. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL24 07-(ESA) No Brasil Colônia, a atividade econômica que atendia, basicamente, o mercado interno era o (a): a) Pecuária. b) Cacau. c) Tráfico negreiro. d) Produção de tabaco. e) Manufatura têxtil. 08- (MODIFICADA) Outro nomeque também é dado ao Pacto Colonial é: a) Pacto de Mão Única b) Exclusivo metropolitano c) Mercantilismo ilustrado. d) Capitalismo unilateral e) Pacto do excedente metalista. 09- (ESA) Dentre as quinze Capitanias Hereditárias fundadas no Brasil a partir de 1530, somente duas progrediram até 1550: a) Pernambuco e São Vicente. b) Maranhão e Ceará. c) Itamaracá e Porto Seguro. d) Ilhes e Porto seguro. e) São Tomé e Santana. 10- (ESA) O episódio conhecido como “Capão da Traição” ocorreu na História do Brasil durante a: a) Rebelião de Beckman. b) Revolta dos Malês. c) Guerra dos Mascates. d) Revolta de Felipe dos Santos. e) Guerra dos Emboabas. 11- (ESA) O responsável pela transferência da capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, foi: a) D. João VI. b) D. Pedro I. c) Marquês de Pombal. d) D. Manuel. e) Visconde de Barbacena. 12 -(ESA) O movimento ocorrido no Brasil, no ano de 1789, e que recebeu influência das ideias iluministas da Revolução Francesa foi a: a) Guerra dos Mascates. b) Guerra do Paraguai. c) Revolta de Felipe dos Santos. d) Inconfidência Mineira. e) Revolta de Beckmam. 13-(IBFC -PM-BA) A maior parte dos engenhos aninhava-se na mata, não muito distante dos centros portuários, o que se explica pela maior fertilidade dos terrenos e pela abundância de lenha, necessárias às fornalhas famintas, alimentadas por um trabalho, que às vezes ocupava o dia e a noite, de oito a nove meses, normalmente de julho/agosto de um ano a abril/maio do ano seguinte (DEL PRIORI; VENANCIO, 2010). A respeito dos engenhos de açúcar, leia as afirma- tivas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou falso (F). ( ) As primeiras mudas de canas de açúcar foram trazidas da ilha da Madeira para o Brasil por Martim Afonso de Souza que instalou o primeiro engenho da colônia em São Vicente. ( ) A multiplicação dos engenhos pela costa brasileira foi bastante rápida, chegando a mais de 60 em 1570 e 200 no final do século XVI. ( ) Coube a região Nordeste, destacadamente o litoral de Pernambuco e Bahia, o papel de principal produtora de açúcar da colônia. ( ) O engenho, que em alguns casos chegava a ter perto de 5.000 moradores, era constituído por área extensas de florestas, fornecedoras de madeira; plan- tações de cana; a residência do proprietário conhecida como casa grande, a capela e a senzala. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. a) V, F, V, F b) F, F, F, F c)F, F, V, V d) V, V, F, F e) V, V, V, V O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 25 14- (ESFCEX) Durante o período colonial brasileiro, as atividades econômicas que mais se destacaram foram a agro manufatura açucareira e a mineração. A respeito dessas atividades, assinale a afirmativa correta. a) Na zona açucareira, os escravos urbanos gozavam de maior liberdade do que na zona mineira, uma vez que podiam ser artesãos, vendedores, carregadores, es- cravos do ganho ou escravos de aluguel para tarefas di- versas, atividades incompatíveis com as da mineração. b) Com a expansão da mineração, deu-se, nesse período, uma drástica redução da escravidão negra na região Sudeste, uma vez que se passou a empregar, nessa área, exclusivamente, o trabalho de mineiros livres, ou seja, de imigrantes portugueses. c) A procura pela mão de obra negra africana nos engenhos contradiz a tese que afirma ser o tráfico ne- greiro o gerador da escravidão de africanos, ou seja, que a oferta teria precedido a procura. d) Um dos efeitos da mineração foi o surgimento de uma larga rede urbana nas zonas das minas e o crescimento do tamanho e de importância de São Salvador, porto de abastecimento das minas, de saída do ouro e capital colonial, até a chegada da Corte portuguesa, em 1808. e) No século XVII, o Sudeste do Brasil se transfor- mou em região típica de plantations açucareiras, que se assentavam, sobretudo, no trabalho de escravos af- ricanos comprados aos holandeses que dominavam a região Nordeste. 15- (MODIFICADA) É característica do Pacto Colonial: a) o protecionismo mercantilista. b) a abertura do comércio da colônia para outras metrópoles. c) a ausência de representantes da coroa nas colônias. d) a prática exclusiva da extração de metais. e) a prática exclusiva da monocultura. 16- (ESPCEX) Na segunda metade do século XVIII, durante a administração do marquês de Pombal (1750 a 1777), foram adotadas medidas que objetivavam tornar mais ágil e eficiente a administração da colônia portuguesa do Brasil, dentre as quais se destaca: a) a elevação do Estado do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarve. b) o reconhecimento da importância das Regiões do Sul e Sudeste, em função do incremento do ciclo econômico do café. c) a transferência da capital do estado do Brasil, de Salvador para o Rio de Janeiro. d) o estado do Grão-Pará e Maranhão recebeu a denominação de estado do Maranhão. e) a restauração do sistema de Capitanias Heredi- tárias. 17- (ESPCEX) A legislação colonial no Brasil era antiquilombista, basta lembrarmo-nos da Ordem Régia de 1699 que eximia de punição os moradores que matassem algum quilombola e, da determinação que um reduto de cinco escravos fugidos já constituía um quilombo. Sobre os quilombos no Brasil colonial, analise as assertivas abaixo colocando “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas e, a seguir, assinale a alternativa correta. ( ) Os quilombos foram uma possibilidade plau- sível dos negros escravizados ou alforriados viverem fora do jugo da escravidão. Constituídos sempre nas regiões ermas do sertão, o isolamento desses agrupa- mentos de negros permitia a liberdade negada pelo sistema escravista. ( ) O processo de criminalização das fugas dos escravizados repercutiu em uma ameaça constante aos grupos autônomos de negros livres tomando sua liberdade sempre relativa. Os alforriados que viviam nos sertões, por exemplo, corriam o risco de retomar à escravidão, acusados de ser fugitivos e serem captu- rados pelos capitães-do-mato que saiam em busca de recompensa. ( ) Pelos constantes riscos, os quilombos de- ixaram gradualmente de ser uma forma de resistência à escravidão. a) V - V - F. b) V - F - F. c) F - V - V. d) F - V - F. e) V - V - V. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL26 18- (ENEM) O Brasil oferece grandes lucros aos portugueses. Em relação ao nosso país, verificar-se-á que esses lucros e vantagens são maiores para nós. Os açúcares do Brasil, enviados diretamente ao nosso país, custarão bem menos do que custam agora, pois que serão libertados dos impostos que sobre eles se cobram em Portugal, e, dessa forma, destruiremos seu comércio de açúcar. Os artigos europeus, tais como tecidos, pano etc., poderão, pela mesma razão, ser fornecidos por nós ao Brasil muito mais baratos; o mesmo se dá com a madeira e o fumo. WALBEECK, J. Documentos Holandeses. Disponível em: http://www.mc.unicamp.br. O texto foi escrito por um conselheiro político holandês no contexto das chamadas Invasões Holan- desas (1624-1654), no Nordeste da América Portu- guesa, que resultaram na ocupação militar da capi- tania de Pernambuco. O conflito se inicia em um período em que Portugal e suas colônias, entre elas o Brasil, se encontravam sob domínio da Espanha (1580-1640). A partir do texto, qual o objetivo dos holandeses com essa medida? a) Construir uma rede de refino e distribuição do açúcar no Brasil, levando vantagens sobre os concor- rentes portugueses. b) Garantir o abastecimento de açúcar no merca- do europeu e oriental, ampliando as áreas produtoras de cana fora dos domínios lusos. c) Romper o embargo espanhol imposto aos hol- andeses depois da União Ibérica, ampliando os lucros obtidos com o comércio açucareiro. d) Incentivar a diversificação da produção do Nor- deste brasileiro, aumentando a inserção dos holande- ses no mercado de produtosmanufaturados. e) Dominar uma região produtora de açúcar mais próxima da Europa do que as Antilhas Holandesas, facilitando o escoamento dessa produção. 19- (FUNDEP) “Heróis baianos! A glória vos chama! Vossos ilustres ascendentes do Douro e do Tejo deram-vos o exemplo e por vós esperam. Gritai audazes: Viva a Constituição do Brasil e o Rei que não a recusará!” NEVES, Lúcia Bastos Pereira das. A vida política. In: SCHWARCZ, Lilia M. (direção) História do Brasil Nação: 1808-2010. V. 1. Crise colonial e independência, 1808-1830. Coord. Alberto da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 92. Esse texto compõe um dos pasquins manuscritos encontrados pelas ruas de Salvador, na Bahia, e nele consta a convocação dos baianos para: a) aderir à conjuração que então se preparava, com o objetivo de construir na Bahia uma república livre, igualitária e sem escravidão. b) manter a fidelidade e a defesa dos princípios liberais proclamados e estabelecidos pela assembleia das cortes portuguesas. c) separar a Bahia do Brasil até que o rei, legítimo soberano, pudesse assumir o trono e governar segun- do previa a Constituição. d) tomar parte de um levante do povo negro e es- cravizado baiano para fundar uma república islâmica na região, de acordo com o Corão. 20- (FUVEST) A elevação de Recife à condição de vila; os protestos contra a implantação das Casas de Fundição e contra a cobrança de quinto; a extrema miséria e carestia reinantes em Salvador, no final do século XVIII, foram episódios que colaboraram, respectivamente, para as seguintes sublevações coloniais: a) Guerra dos Emboabas, Inconfidência Mineira e Conjura dos Alfaiates. b) Guerra dos Mascates, Motim do Pitangui e Re- volta dos Malês. c) Conspiração dos Suassunas, Inconfidência Mi- neira e Revolta do Maneta. d) Confederação do Equador, Revolta de Felipe dos Santos e Revolta dos Malês. e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos Santos e Conjura dos Alfaiates. 21- (ESPCEX) Durante o período conhecido por União Ibérica, ocorreu o Embargo Espanhol ao comércio das colônias portuguesas com os holandeses. Isto motivou a Holanda a atacar o Nordeste brasileiro com a finalidade de romper o embargo e reativar as rotas comerciais entre o Brasil e a Europa. É fato relacionado à primeira investida dos holandeses ao Brasil, ocorrida em 08 de maio de 1624, a (o)(s): a) conquista de Porto Calvo por Matias de Albu- querque. O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 27 b) ocupação de Salvador. c) governo de Maurício de Nassau. d) fundação do Arraial do Bom Jesus. e) batalhas de Guararapes. 22- (ESPCEX) Do ponto de vista econômico, o sistema de capitanias, implantado em 1534, não alcançou os resultados esperados pelos portugueses. Entre as poucas capitanias que progrediram e obtiveram lucros, principalmente com a produção de açúcar, estavam as de: a) Rio Grande e Itamaracá. b) São Vicente e Rio Grande. c) Santana e Ilhéus. d) Maranhão e Pernambuco. e) São Vicente e Pernambuco. 23- (ESFCEX) Sobre o exclusivismo comercial português que envolveu a Coroa e o controle da Minas no período colonial brasileiro, analise as proposições abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a resposta correta. I. Com a extração de ouro e diamantes no Brasil, a Coroa portuguesa intensificou a intervenção regula- mentadora para arrecadar mais impostos. II. O quinto e a capitação foram os dois sistemas básicos de impostos cobrados pela Coroa na atividade mineradora da Colônia, sendo a capitação cobrada também sobre estabelecimentos, exemplo de oficinas, lojas e hospedarias. III. A Guerra do Emboabas (1708-1709), ocor- rida na região das Minas foi uma reação de paulistas e estrangeiros aos impostos cobrados pela Coroa para adentrar na região. IV. Os religiosos, a exemplo dos frades, foram os únicos que ficaram isentos da proibição de entrar na região da Minas sem autorização da Coroa portu- guesa. a) Somente I e III estão corretas. b) Somente II e III estão corretas. c) Somente I e II estão corretas. d) Somente II e IV estão corretas. e) Somente III e IV estão corretas. 24- (ESFCEX) Analise as afirmativas sobre as conquistas dos sertões, colocando entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de afirmativa verdadeira, e a letra “F” quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. ( ) As bandeiras se constituíram na grande mar- ca deixada pelos paulistas na vida colonial do século XVII. ( ) As bandeiras eram expedições que tinham como objetivos, entre outros, os de buscar indígenas para serem escravizados e encontrar metais preciosos. ( ) As bandeiras marcaram, sem contestação da historiografia, a independência dos paulistas em re- lação à Coroa, assim como, se configurou como um movimento democrático. a) V -V -F. b) V - F - V. c) F - V - V. d) F - F - V. e) F - F - F. 25-(ESFCEX) ““No século XVI o açúcar tomou- se o principal produto de exportação brasileiro e não perdeu essa posição predominante até meados do século XVIII, quando o Brasil abarrotou os cofres da Europa ... (com a venda desse produto agrícola) ... e, ajudou a impulsionar a Revolução Industrial.” Schwartz, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p l44. Analise as afirmações a seguir, e assinale a alterna- tiva correta sobre a economia colonial brasileira no período denominado como “ciclo do açúcar.” I. A dinâmica do funcionamento da economia açucareira esteve sempre relacionada ao comércio in- ternacional desse produto e as mudanças políticas e econômicas vigentes no mundo atlântico. II. A dimensão comercial da indústria açucareira garantiu que o açúcar brasileiro chegasse aos merca- dos europeus desde o início do século XVI e con- tribuiu consideravelmente para a formação de uma importante comunidade mercantil no Brasil. III. Apesar da magnitude desse comércio ele não exigia grandes investimentos em mão de obra e, por- tanto, pouco alterou a estrutura demográfica e social da colônia. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL28 a) Somente II e III estão corretas. b) Todas estão corretas. c) Somente I e II estão corretas. d) Somente I e III estão corretas. e) Somente III está correta. 26- (COLEGIO NAVAL) Leia o texto abaixo e responda à pergunta a seguir. [...] Além da capitania, em 1541 foi instalada a vila de Olinda, com a repetição de todas as formali- dades de São Vicente: títulos de sesmarias, lista de homens bons aptos a votar, eleição de vereadores, al- ternância no poder. [...] Em Pernambuco passou a funcionar de ma- neira efetiva a autoridade do donatário, em dois sen- tidos, No das receitas, implantou cobrança de im- postos, inclusive com repasses ao rei, e tais recursos financiavam serviços delegados ao donatário, como o de atuar como instância mais alta que o Judiário da vila e o de controlar a vida civil. CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017. De acordo com o texto é correto afirmar que o au- tor buscou descrever as medidas que: a) levaram a capitania de Pernambuco a prosperar. b) causaram o impasse político responsável pela Guerra dos Mascates. c) levaram o sistema de capitanias hereditárias a fracassar. d) causaram o impasse político gerador da Insur- reição Pernambucana. e) transformaram as capitanias hereditárias em governo-geral. 27- (FUNDEP) “Densidade demográfica pré- colombiana bem inferior em média à da Indo-América nuclear, catástrofe demográfica irreversível em zonas tropicais baixas como a da costa brasileira: eis os fatores de peso na explicação de que o Brasil colonial na sua maior parte integrasse o setor afro-americano das Américas, não o indo-americano, no tocante à população e às formas de trabalho.” CARDOSO, Ciro F. S. O Trabalho na Colônia. In: LINHARES,Maria Yedda. História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990. p. 73. Considerando o texto apresentado, a utilização da mão de obra de africanos escravizados no Brasil colo- nial é explicada pela: a) dificuldade de se escravizar indígenas, devido ao seu baixo número e pelo grande genocídio provocado pelos primeiros colonizadores. b) arga oferta de africanos para escravização ao lon- go dos diversos portos existentes na costa da África. c) marca da maldição de Cam presente nos afri- canos, que, como filhos dele, foram condenados por Noé a servir a seus irmãos. d) resistência e indisposição do indígena a se sub- meter à escravidão, bem como o não conhecimento da agricultura. 28- (IBFC- PM-BA) A descoberta do ouro em Minas Gerais pelos bandeirantes paulistas, em finais do século XVII, atraiu para a região milhares de colonos de outras províncias, além de um grande número de europeus. Julgando-se com direito exclusivo de exploração das minas, os paulistas hostilizaram os forasteiros, que apelidaram de emboabas (em tupi, amô-abá significa “estrangeiro”) (GIANPAOLO, 1997). A respeito da Guerra dos Emboabas, assinale a alternativa correta. a) Os emboabas enfrentaram os paulistas em vári- os combates, entre eles, o mais marcante ocorreu no chamado Capão da traição, no qual 300 paulistas foram cercados pelos emboabas. b) O confronto teve como motivo principal a dis- puta pela exploração do café produzido em grande escala na região de Minas Gerais. c) Os paulistas desejavam ter exclusividade nas ter- ras de Minas, pois diziam que tinham descoberto essa região e pretendiam explorá-la para a plantação de açúcar. d) Em 1750 o governo português interveio e, a fim de pacificar e melhor administrar a região, juntou a capitania de São Paulo e Minas Gerais com a capi- tania do Rio de Janeiro. e) Após vários conflitos os bandeirantes paulistas partiram em busca de novas explorações na região do Nordeste sob a liderança de Manuel Nunes Viana. O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 29 29- (ENEM) Em teoria, as pessoas livres da Colônia foram enquadradas em uma hierarquia característica do Antigo Regime. A transferência desse modelo, de sociedade de privilégios, vigente em Portugal, teve pouco efeito prático no Brasil. Os títulos de nobreza eram ambicionados. Os fidalgos eram raros e muita gente comum tinha pretensões à nobreza. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp; Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1995 (adaptado). Ao reelaborarem a lógica social vigente na metró- pole, os sujeitos do mundo colonial construíram uma distinção que ordenava a vida cotidiana a partir da: a) concessão de títulos nobiliárquicos por parte da Igreja Católica. b) afirmação de diferenças fundadas na posse de terras e de escravos. c) imagem do Rei e de sua Corte como modelo a ser seguido. d) miscigenação associada a profissões de elevada qualificação. e) definição do trabalho como princípio ético da vida em sociedade. 30- (ENEM) Dos senhores dependem os lavradores que têm partidos arrendados em terras do mesmo engenho; e quanto os senhores são mais possantes e bem aparelhados de todo o necessário, afáveis e verdadeiros, tanto mais são procurados, ainda dos que não têm a cana cativa, ou por antiga obrigação, ou por preço que para isso receberam. ANTONIL, J. A. Cultura e opulência do Brasil [1711]. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967 (adaptado). Segundo o texto, a produção açucareira no Brasil colonial era: a) baseada no arrendamento de terras para a ob- tenção da cana a ser moída nos engenhos centrais. b) caracterizada pelo funcionamento da economia de livre mercado em relação à compra e venda de cana. c) dependente de insumos importados da Europa nas frotas que chegavam aos portos em busca do açúcar. d) marcada pela interdependência econômica en- tre os senhores de engenho e os lavradores de cana. E sustentada no trabalho escravo desempenhado pelos lavradores de cana em terras arrendadas. 31- (UNIBERO-SP) A Guerra dos Emboabas (1707-1709) e a Inconfidência Mineira (1789) foram revoltas ocorridas no Brasil. Sobre elas, assinale a alternativa correta: a) Ambas tinham o objetivo de separar o Brasil de Portugal e ocorreram na região da mineração. b) A primeira e considerada uma revolução sepa- ratista e mais radical do que a segunda, tendo ocorrido na região de São Paulo e liderada pelos Bandeirantes. c) Tanto a primeira como a segunda foram influ- enciadas pelas ideias iluministas e pela independência das Treze Colônias inglesas, mas só a segunda teve êxito nos seus objetivos. d) A primeira foi bem-sucedida, garantindo aos paulistas a posse da região da mineração, enquanto a segunda foi reprimida pela Coroa portuguesa antes de acontecer. e) Ambas ocorreram na mesma região do Brasil, contra a dominação portuguesa na área da minera- ção, no entanto, somente a segunda teve influência das ideias iluministas europeias. 32- (FGV) “A confrontação entre a loja e o engenho tendeu principalmente a assumir a forma de uma contenda municipal, de escopo jurídico-institucional, entre um Recife florescente que aspirava à emancipação e uma Olinda decadente que procurava mantê-Io numa sujeição irrealista. Essa ingênua fachada municipalista não podia, contudo, resistir ao embate dos interesses em choque. Logo revelou-se o que realmente era, o jogo de cena a esconder uma luta pelo poder entre o credor urbano e o devedor rural.” (Evaldo Cabral de Mello. A fronda dos mazombos, São Paulo, Cia. das Letras, 1995, p. 123). O autor refere-se: a) ao episódio conhecido como a Aclamação de Amador Bueno. b) à chamada Guerra dos Mascates. c) aos acontecimentos que precederam a invasão holandesa de Pernambuco. d) às consequências da criação, por Pombal, da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco. e) às guerras de Independência em Pernambuco. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL30 33- (UFRN) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como: a) movimentos isolados em defesa de ideias lib- erais, nas diversas capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos; b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento nacionalista, visando à independência política; c) manifestações de rebeldia localizadas, que con- testavam alguns aspectos da política econômica de dominação do governo português; d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites locais, negando a autoridade do governo metropolitano. e) manifestações separatistas de ideologia liberal contrárias ao domínio português. 34- (ENEM) Após as três primeiras décadas, marcadas pelo esforço de garantir a posse da nova terra, a colonização começou a tomar forma. A política da metrópole portuguesa consistirá no incentivo à empresa comercial com base em uns poucos produtos exportáveis em grande escala, assentada na grande propriedade. Essa diretriz deveria atender aos interesses de acumulação de riqueza na metrópole lusa, em mãos dos grandes comerciantes, da Coroa e de seus afilhados. FAUSTO, B. História Concisa do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2002 (adaptado). Para concretizar as aspirações expansionistas e mercantis estabelecidas pela Coroa Portuguesa para a América, a estratégia lusa se constituiu em: a) disseminar o modelo de colonização já utilizado com sucesso pela Grã-Bretanha nas suas treze colô- nias na América do Norte. b) apostar na agricultura tropical em grandes pro- priedades e no domínio da Colônia pelo monopólio comercial e pelo povoamento. c) intensificar a pecuária como a principal cultura capaz de forçar a penetração do homem branco no interior do continente. d) acelerar a desocupação da terra e transferi-la para mãos familiarizadas ao trabalho agrícola decul- turas tropicais. E desestimular a escravização do indí- gena e incentivar sua integração na sociedade colonial por meio da atividade comercial. 35- (ENEM) As camadas dirigentes paulistas na segunda metade do século XIX recorriam à história e à figura dos bandeirantes. Para os paulistas, desde o início da colonização, os habitantes de Piratininga (antigo nome de São Paulo) tinham sido responsáveis pela ampliação do território nacional, enriquecendo a metrópole portuguesa com o ouro e expandindo suas possessões. Graças à integração territorial que promoveram, os bandeirantes eram tidos ainda como fundadores da unidade nacional. Representavam a lealdade à província de São Paulo e ao Brasil. ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 34,1 jul. 2008 (adaptado). No período da história nacional analisado, a estra- tégia descrita tinha como objetivo: a) promover o pioneirismo industrial pela substi- tuição de importações. b) questionar o governo regencial após a descen- tralização administrativa. c) recuperar a hegemonia perdida com o fim da política do café com leite. d) aumentar a participação política em função da expansão cafeeira. e) legitimar o movimento abolicionista durante a crise do escravismo. 36- (CESPE) Com referência aos ciclos econômicos e transformações ocorridas ao longo dos primeiros séculos da formação do Brasil, assinale a opção correta. a) A União das Monarquias Ibéricas (1580-1640) permitiu que as disputas entre portugueses e espan- hóis fossem relativamente amenizadas na ocupação territorial da América do Sul. b) À medida que se expandia, a agroindústria açucareira forçava a ultrapassagem dos limites de Tordesilhas, ampliando o domínio territorial portu- guês em direção aos sertões ocidentais da Colônia. c) Eventuais atritos entre colonos espanhóis e por- tugueses foram irrelevantes para o processo de nego- ciação de tratados de limites entre os Estados ibéricos. O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 31 A rigor, esses acordos, assinados entre os séculos XVII e XVIII, respondiam prioritariamente a interesses es- tratégicos e a injunções da política europeia. d) Os tratados de limites firmados entre as coroas es- panhola e portuguesa extinguiram-se no século XVIII. e) O ciclo dos currais e do gado, iniciado no sul do país, correspondeu a um dos capítulos mais im- portantes da ocupação territorial do Brasil no período colonial. 37- (CESPE) Em 1750, o brasileiro Alexandre de Gusmão, representante de Portugal, notabilizou-se nas conversações que resultaram na assinatura do Tratado de Madri. Entre outros méritos, Gusmão percebeu que, assim como os espanhóis jamais abdicariam da posse do estuário do Prata, os portugueses consideravam estratégico o estuário do Amazonas. O princípio do ut possidetis, defendido por Gusmão como critério geral para a negociação, significava, na prática, o seguinte: a) cada parte terá o que tiver sido previamente acordado. b) não pode haver posse se não houver proprie- dade. c) entre a cruz e a espada, a razão não pode prev- alecer. d) o uso da força deslegitima o direito de posse. e) cada parte há de ficar com o que atualmente possui. 38- (TJ) Sobre o Período Colonial brasileiro, assinale a única alternativa que está INCORRETA: a) Portugal só deu início à colonização das ter- ras conquistadas, que passaram a chamar-se Brasil, devido à pressão que sofria com o declínio de seu comércio com o oriente e com a sistemática ameaça estrangeira no território brasileiro. b) O sistema de Capitanias Hereditárias foi im- plantado por D. João III, mas não teve o sucesso esperado. Entre os fatores que contribuíram para o fracasso das capitanias podemos citar: falta de terras férteis em algumas regiões, falta de interesse dos do- natários, conflitos com os indígenas, falta de recur- sos financeiros para o empreendimento por parte de quem recebia a capitania. c) Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Ger- al do Brasil e a sede do governo geral foi estabelecida na Bahia. d) A estrutura econômica brasileira do período co- lonial tinha como principais características a mono- cultura, o latifúndio, o trabalho escravo e a produção para o mercado externo. e) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de Santos, fundada em 1532. 39- (FEPESE) Sobre as razões que levaram Portugal a optar pela produção açucareira no processo de colonização do Brasil, é correto afirmar: a) Havia grande disponibilidade de mão-de-obra experiente na produção de açúcar, na metrópole e na Colônia. b) A frota naval portuguesa ociosa nos momentos de paz poderia ser ocupada no transporte do açúcar produzido na colônia. c) A concorrência do açúcar holandês produzido nas Antilhas exigiu a ampliação da produção portu- guesa de açúcar no Brasil. d) A cana-de-açúcar adaptava-se às condições do clima e do solo de áreas do Nordeste brasileiro. e) Considerando que nenhum outro país europeu se dedicava à produção de açúcar, as possibilidades de lucro com a produção no Brasil eram garantidas. 40- (TJ- SC) Em relação ao Período Colonial do Brasil, leia as proposições abaixo: I - Como Portugal não tinha recursos próprios para implantar um sistema administrativo na sua colônia americana, resolveu transferir o ônus da colonização para particulares, dividindo o território brasileiro em Capitanias Hereditárias. II - O Sistema de Governo Geral trouxe maior centralização à administração colonial. O primeiro governador geral do Brasil foi Tomé de Sousa (1549 – 1553). III - Entre os motivos que levaram Portugal a que- rer colonizar o Brasil, podemos citar a decadência do comércio português no Oriente. IV - A estrutura da economia açucareira do Brasil neste período era composta por: grandes propriedades, monocultura, mão-de-obra escrava, entre outros. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL32 Assinale a alternativa correta: a) Apenas a alternativa II está incorreta b) Apenas a alternativa IV está incorreta c) Apenas a alternativa II e III estão corretas d) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas e) Todas as alternativas estão corretas GABARITO COMENTADO: 1- ALTERNATIVA B A carta de Caminha mostra a preocupação em garantir a superioridade do colonizador diante da resistência dos índios a ocupação da terra, há uma postura etnocêntrica dos portugueses diante das formas de comportamento indígena. Os portugueses se consideravam superiores que os índios, principalmente por possuírem um maior conhecimento. Um grande exemplo desta atitude é o escambo, que nas trocas com os indígenas, faziam de tudo serem favorecidos. 2- ALTERNATIVA B O Pacto colonial foi uma das principais características da colonização ibérica nas Américas. Tanto Portugal como Espanha procuraram exercer uma forte influência em suas colônias e tor- na-las protegidas dos demais países europeus. 3- ALTERNATIVA C A Revolta dos Alfaiates, também conhecida como Conjura- ção Baiana, junto com a Conjuração Mineira, ficaram conheci- das por defender a emancipação do Brasil. 4- ALTERNATIVA C O pacto colonial, um dos elementos fundamentais do mer- cantilismo, foi rompido entre Portugal e o Brasil com a vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808. 5- ALTERNATIVA C Esta batalha garantiu a expulsão dos holandeses do território brasileiro e um maior domínio no cultivo da cana de açúcar. 6- ALTERNATIVA B Este tratado gerou uma grande dependência portuguesa devido a comercialização de têxtil inglês no território brasileiro e fez com que retardasse o desenvolvimento industrial nos ter- ritórios portugueses. 7- ALTERNATIVA A A pecuária era a principal atividade econômica que atendia ao mercado interno, pois os produtos dessa atividade não eram exportados, circulavam apenas na colônia. 8- ALTERNATIVA B O termo ‘Exclusivo Metropolitano’ também é amplamente utilizadoem referência ao Pacto Colonial, mostra as práticas comerciais das colônias e como deveriam ter a prerrogativa de exclusividade da metrópole. 9- ALTERNATIVA A Essas capitanias foram as que mais prosperaram devido as políticas implantadas pelos donatários e a localização favorável para a comercialização de produtos com a metrópole. 10- ALTERNATIVA E O Capão da Traição foi um dos eventos da Guerra dos Em- boabas, que serviu para aprofundar ainda mais os conflitos entre os bandeirantes paulistas e os portugueses. 11- ALTERNATIVA C A transferência foi uma medida estratégica para a capital tor- nar-se a porta de acesso à região das Minas Gerais e combater o contrabando e os desvios de ouro e diamantes, no momento em que acontecia uma redução expressiva do recolhimento dos trib- utos sobre a extração dos metais e das pedras preciosas. Além de possuir a Baía de Guanabara na entrada da capital, o que garan- tia fortificações militares e uma maior proteção a nova capital. 12- ALTERNATIVA D 13- ALTERNATIVA E 14- ALTERNATIVA C A procura pela mão de obra negra africana nos engenhos desconstrói a tese que afirma ser o tráfico negreiro o gerador da escravidão de africanos, ou seja, havia uma grande procura para mão de obra escrava. 15- ALTERNATIVA C O protecionismo consistia em uma das principais práticas do mercantilismo e expressava o tipo de acordo feito com o Pacto Colonial: as colônias deviam produzir riquezas e comercializar esses produtos exclusivamente com a sua metrópole. 16- ALTERNATIVA C Em 1763, a capital do Vice-reino do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. A medida, adotada pela ad- ministração pombalina, decretava também a mudança do eixo econômico da região nordeste para a sudeste da colônia. 17- ALTERNATIVA D Os quilombos foram uma possibilidade plausível dos negros escravizados ou alforriados viverem fora do jugo da escravidão. Constituídos sempre nas regiões ermas do sertão, o isolamento desses agrupamentos de negros permitia a liberdade negada pelo sistema escravista. Dentro dos quilombos também existia es- cravidão como pagamento de crimes e dívidas. O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA | UNIDADE II HISTÓRIA DO BRASIL 33 18- ALTERNATIVA C Após a independência da Espanha os holandeses tiveram um enorme crescimento econômico, e um grande olhar para inves- timento na colônia brasileira. Para continuar com o ritmo de lucros estes invadem o nordeste brasileiro a fim de terminar com as proibições comerciais com o Brasil depois da emancipação holandesa. 19- ALTERNATIVA B O único estado que fez algum movimento contra o primeiro reinado foi Pernambuco e não a Bahia com a Confederação do Equador em um contexto de crise. 20- ALTERNATIVA E 21- ALTERNATIVA B A primeira tentativa de invasão holandesa aconteceu no ano de 1624 e foi realizada na cidade de Salvador. Sendo a capital do Brasil, por essa razão, tendo um grande número de autoridades portuguesas e espanholas, e possuindo êxito nesta invasão. 22- ALTERNATIVA E Das 15 capitanias, somente 2 tiveram sucesso, capitanias es- sas que são a de São Vicente e Pernambuco lideradas por Martin Afonso de Sousa e Duarte Coelho. 23- ALTERNATIVA C 24- ALTERNATIVA A 25- ALTERNATIVA C 26- ALTERNATIVA A Na verdade, o motivo que levaram os portugueses a imple- mentar o governo geral foi o fracasso das capitanias hereditárias, ou seja, instituiu um poder centralizado na mão de um governa- dor chamado Tomé de Souza, com seus auxiliares para melhor organizar a metrópole portuguesa. 27- ALTERNATIVA A 28- ALTERNATIVA A Logo após a divulgação da presença do ouro no interior do Brasil, a “corrida” e a disputa pelo metal precioso iniciou diversos deslocamentos das capitanias nordestinas e de Portu- gal em busca do enriquecimento. Quando chegaram às regiões auríferas, nordestinos e portugueses foram denominados pelos paulistas de “emboabas”, denominação pejorativa que se referia aos forasteiros que invadiram a região, em tupi a palavra em- boaba significa “pássaros de penas emplumadas”. 29- ALTERNATIVA B Como a distribuição de títulos de nobreza não era comum, ainda mais na colônia longe do reino que não tinha uma no- breza na terra, assim, a diferenciação dos colonos livres acabava sendo por posses e terras. 30- ALTERNATIVA D Os senhores de engenho faziam uma boa parte da produção do açúcar, ainda sim eram super dependentes dos lavradores de cana pois dependiam desses trabalhadores para que o processo de transformação da cana fosse bem sucedido. 31- ALTERNATIVA E Apesar dessas revoltas irem contra as intervenções portugue- sas na região, nenhuma delas esteve interessada na emancipação do Brasil. Além disso, como diferenciação principal, vemos que a Inconfidência Mineira foi ideologicamente influenciada pelo ideário iluminista 32- ALTERNATIVA B Recife crescia por meio do desenvolvimento das atividades comerciais e, do outro, a cidade de Olinda vivia as voltas com os problemas gerados pela decadência da economia açucareira. Na medida em que buscava sua autonomia política a cidade de Recife acabou despertando o temor dos fazendeiros de Olinda que deviam empréstimo aos comerciantes de Recife. 33- ALTERNATIVA C Nos três movimentos situados, observamos a deflagração de movimentos que questionavam características e medidas pontuais da administração colonial portuguesa. Mas nenhuma dessas reinvindicações se mostrava contra o pacto colonial, mas apenas a revisão de alguns aspectos que contrariavam os inter- esses dos manifestantes. 34- ALTERNATIVA B 35- ALTERNATIVA D 36- ALTERNATIVA A A União Ibérica, entre 1580 e 1640, mesmo tendo resultado na invasão da Espanha continental a metrópole portuguesa, não afetou a administração das colônias portuguesas na América, já que a América portuguesa continuou tendo uma administração própria, o que manteve a colônia brasileira intacta das ordens espanholas. 37- ALTERNATIVA E O “Uti Possidetis” dava posse da terra àqueles que a tivessem ocupado e povoado e foi o ponto fundamental do Tratado de Madri (1750). 38- ALTERNATIVA E O primeiro núcleo de colonização, a vila de São Vicente, lo- calizada no litoral, foi fundado em 1532. Em seguida criou-se a vila de Santo André da Borda do Campo, no planalto de Piratin- inga, região interiorana onde hoje se situa a Grande São Paulo. UNIDADE II | O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA HISTÓRIA DO BRASIL34 39- ALTERNATIVA D A concorrência do açúcar holandês produzido nas Antilhas exigiu a ampliação da produção portuguesa de açúcar no Brasil. A cana-de-açúcar adaptava-se às condições do clima e do solo de áreas do Nordeste brasileiro, por isso o grande interesse pelo cultivo do produto nesta região. 40- ALTERNATIVA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral - Vol- ume Único. 10ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012. KOSHIBA, Luiz, PEREIRA, Denise Manzi Frayze. História do Brasil: no contexto da história ocidental. Ensino Médio. 8ª edição, 6ª reimpressão revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Atual, 2003. MORAIS, José Geraldo Vinci de. História: Geral e Brasil- Volume Único. 3ª edição. São Paulo: Atual, 2009. VICENTINO, Cláudio, DORIGO Gianpaolo. História do Brasil. 1ª edição. São Paulo: Scipione, 1997.