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1 Disciplina: Dança e atividades rítmicas Autor: M.e Éder Fernando do Nascimento Revisão de Conteúdos: Esp. Guilherme Natan Paiano dos Santos Designer Instrucional: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Éder Fernando do Nascimento Dança e atividades rítmicas 1ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r Jefferson Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Guilherme Natan Paiano dos Santos Designer Instrucional Sérgio Antonio Zanvettor Júnior Revisão Ortográfica Juliano de Paula Neitzki Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA NASCIMENTO, Éder Fernando do. Dança e atividades rítmicas / Éder Fernando do Nascimento. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 58 p. ISBN: 978-85-5475-473-0 1. Arte e Educação. 2. Dança Folclórica. 3. Dança Teatral. Material didático da disciplina de Dança e atividades rítmicas – Faculdade São Braz (FSB), 2019. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Sumário Prefácio........................................................................................................... 07 Aula 1 – Atividades rítmicas ........................................................................... 08 Apresentação da Aula 1 ................................................................................. 08 1.1 - O ritmo ............................................................................................. 08 1.2 - Exercícios rítmicos .......................................................................... 11 1.3 - Coreografias e o ritmo musical ........................................................ 13 1.4 - Ritmos e possibilidades de movimentos .......................................... 14 Conclusão da aula 1 ....................................................................................... 18 Aula 2 – Possibilidades de movimentação ...................................................... 19 Apresentação da aula 2 .................................................................................. 19 2.1 - Movimento e comportamento motor ................................................ 19 2.2 - O que é possível mover? ................................................................. 20 2.3 - Espaço e possibilidades de movimento ........................................... 21 2.4 - Qualidades do movimento ............................................................... 25 2.5 - Estilos de dança .............................................................................. 26 Conclusão da aula 2 ....................................................................................... 31 Aula 3 – História da dança ............................................................................. 31 Apresentação da aula 3 .................................................................................. 31 3.1 - A dança na Antiguidade ................................................................... 32 3.2 - A dança durante a Idade Média ....................................................... 34 3.3 - A dança a partir do Renascimento ................................................... 36 3.4 - A importância do rei Luís XIV para a dança ...................................... 38 3.5 - A dança e o Romantismo ................................................................. 40 3.6 - O ballet russo ................................................................................... 40 3.7 - A Dança moderna ............................................................................ 42 3.8 - A dança pós-moderna ..................................................................... 43 3.9 - A dança no Brasil ............................................................................. 44 3.10 - Dança folclórica ............................................................................ 45 Conclusão da aula 3 ....................................................................................... 46 Aula 4 – Dança na Educação Básica e para populações especiais ................ 47 Apresentação da aula 4 .................................................................................. 47 4.1 - Breve abordagem histórica da dança na educação ......................... 47 4.2 - Base Nacional Comum Curricular – BNCC ...................................... 49 4.3 - Propostas de dança na Educação Básica ....................................... 51 6 4.4 - Dança e populações especiais ........................................................ 52 Conclusão da aula 4 ....................................................................................... 55 Índice Remissivo ............................................................................................ 56 Referências .................................................................................................... 58 7 Prefácio Caro aluno (a), este material é um guia para que você entenda alguns aspectos importantes da dança e outras atividades rítmicas, que envolvem ritmo, música, abordagens metodológicas, historicidade, possibilidades de movimentos, estilos e técnicas, por exemplo. Para maior aproveitamento, é importante que você leia com atenção os conteúdos abordados, anotando eventuais dúvidas e curiosidades que surgirem no processo. Sendo um guia, este material aborda vários conhecimentos importantes relacionados às atividades rítmicas e à dança, e é interessante que, se sentir necessidade de mais aprofundamento em algumas áreas, você tenha autonomia para pesquisar sobre. Assim, espero contribuir significativamentepara seu processo de formação enquanto futuro professor. Bom estudo! 8 Aula 1 – Atividades rítmicas Apresentação da aula 1 Olá! Seja bem-vindo (a) à primeira aula da disciplina Dança e atividades rítmicas. Nela será abordado o que é ritmo e qual sua importância, assim como sua classificação, valores e composição, tratando também de exercícios rítmicos, coreografias e alguns ritmos e suas possibilidades de movimentos. Ao trabalhar com dança e outras atividades rítmicas, é importante estudar o que é o ritmo e suas propriedades, a fim de dar embasamento para você, futuro professor, elaborar e refletir sobre suas atividades e seu papel de docente em diversos ambientes e situações. 1.1 O ritmo Com certeza você já ouviu esta palavra algumas vezes durante sua vida, como, por exemplo, alguém se referindo ao ritmo de uma caminhada, de respiração, de batimentos cardíacos, ao ritmo da vida diária, e até mesmo em relação aos estudos, além disso, quantas vezes você escutou uma música, e quando percebeu já estava mexendo uma parte do corpo para acompanhar o ritmo dela? É possível perceber que o ritmo não é apenas um elemento da música, mas, sim, da vida. Na natureza, por exemplo, encontramos o ritmo do mar, do vento, das estações, do crescimento das plantas, entre outros. Também se pode falar dos ritmos funcional biológico e de aprendizagem, que inclui os aspectos fisiológicos e de desenvolvimento motor e cognitivo do indivíduo. Mas, afinal, como podemos definir o que é ritmo? Ao longo de anos, muitos autores trouxeram definições para esta palavra. Como dizia Platão, filósofo e matemático da Grécia Antiga, “o ritmo é movimento ordenado”. Para Dalcroze, pedagogo e compositor nascido no século XIX, “o ritmo é um princípio vital e é movimento”. Já para Lapierre, educador francês do século XX, seria “uma estrutura que se repete ciclicamente”. Frente a tantas definições, que incluem as de outros autores não citados aqui, pode-se dizer que 9 o ritmo (Rhytmos, em grego) é a relação harmoniosa e regular entre elementos, a qual gera um movimento ordenado. Vocabulário Rhytmos: de origem grega, significa aquilo que flui, que se move, com movimento regulado. Sabendo que o ritmo é algo inerente à vida, a importância da educação do ritmo se encontra na capacidade de formação física básica, educando o indivíduo quanto à economia do movimento. Também estimula a criatividade e permite a descoberta das possibilidades de movimentação do próprio corpo, assim como de seu próprio ritmo (ritmo individual), aperfeiçoando os aspectos motores e instigando o trabalho coletivo dos sujeitos (ritmo coletivo ou grupal). Na música, o ritmo é um de seus três elementos básicos, junto com a melodia e a harmonia. Ele é dado pela relação de alternância regular dos tempos fortes e fracos que a compõem, os quais se repetem sempre com o mesmo espaço de tempo entre eles, formando assim o compasso musical, ou seja, o ritmo musical é composto por som e pelo silêncio, que combinados formam padrões rítmicos sonoros. O compasso é representado por dois travessões, e correspem que ao espaço entre eles. A música é dividida em sequências de 2, 3 ou 4 tempos, sempre em partes iguais, denominando assim se o compasso é binário (representado por 2/4), ternário (representado por 3/4) ou quaternário (representado por 4/4). No compasso binário, a sequência que se repete é a de um tempo forte e um tempo fraco. No compasso ternário, a sequência é de um tempo forte e dois tempos fracos. E o quaternário é a sequência de um tempo forte, um fraco, um tempo meio forte e um fraco. Representação do compasso Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm 10 Compasso binário Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm Compasso ternário Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm Compasso quaternário Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm Ao contar em voz alta um compasso binário, conta-se “um, dois”, sendo o “um” o tempo forte e “dois” o tempo fraco. No caso do compasso ternário, ficaria “um, dois, três”, sendo o “um” o tempo forte e “dois” e “três” os tempos fracos. Já no compasso quaternário, conta-se “um, dois, três, quatro”, sendo o “um” o tempo forte, o “três” o tempo meio forte, e “dois” e “quatro” os tempos fracos. Para melhor ilustrar, o compasso binário seria o de uma marcha, o ternário é o da valsa, e o quaternário o da batida de rock. Ao ilustrar um compasso, nota-se que, além dos travessões, é usada uma figura rítmica positiva. Essas figuras do ritmo, também denominadas valores rítmicos ou valores positivos, são utilizadas para escrever o ritmo musical, tendo cada figura o seu valor. As figuras positivas registram o som por meio de notas musicais, e as figuras negativas registram o silêncio por meio de pausas. Os nomes dessas figuras rítmicas são: semibreve, mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa. A duração da semibreve é dada pelo compositor de determinada música, sendo as outras figuras suas frações. Assim, 11 o valor de cada figura rítmica é dado pela metade da anterior e pelo dobro da seguinte. Figuras rítmicas Fonte: https://musica.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/valor-das-notas-musicais- exercicios-5/Valor-das-Notas-Musicais-Exerc%C3%ADcios-11.jpg 1.2 Exercícios rítmicos A importância da educação do ritmo, tratada anteriormente, é algo com que o professor e compositor Émile Jacques Dalcroze (1865-1950), que viveu em Genebra, na Suíça, se preocupou após notar certa dificuldade em seus alunos quanto ao ritmo, o que o estimulou a desenvolver um sistema de ensino. Dalcroze observou a importância do corpo como instrumento para assimilação da música, passando a criar um método de educação chamado “Rítmica”, o qual foi baseado no ritmo musical. Assim, seus alunos passaram a vivenciar o ritmo de forma sensorial por meio do corpo, por um método que trabalhava movimentos corporais junto com a coordenação musical do indivíduo, o qual se denomina “Eurritmia”. Esse professor tinha como objetivos não apenas o desenvolvimento da consciência rítmica de seus alunos, mas também a capacidade de desenvolvimento da percepção e expressão de cada um, assim como sua integração social. A primeira escola do método de Dalcroze foi aberta em Londres (1913), e posteriormente vieram outras em lugares da Europa e EUA. Em 1914, foi 12 inaugurado o Institut Jacques Dalcroze, em Genebra, o qual foi dirigido pelo próprio Dalcroze até sua morte, deixando discípulos para a continuação de seu trabalho. Influenciado pelo sistema de ensino de Dalcroze, o compositor alemão Carl Orff (1895-1982) também passou a utilizar o trabalho corporal em sua abordagem, acreditando na necessidade de proporcionar experiências musicais aos indivíduos antes destes estudarem os conceitos teóricos. Sua proposta educacional prioriza experiências simples que incluem fala, movimento e ritmo, utilizando também alguns instrumentos de percussão, como tambor, sinos, xilofones, entre outros. Exemplos de instrumentos de percussão Fonte: elaborado pelo autor (2017). Após o estudo desses dois métodos de ensino, tem-se a noção de como os exercícios rítmicos podem ser trabalhados, partindo de experiências simples, como andar no ritmo da música, reproduzindo as variações de dinâmica musical, e deixando esses exercícios cada vez mais complexos. Por exemplo, pode-se passar a vivenciar as variações musicais por meio de movimentos improvisados, ou marcar o compasso musical com as mãos, ao mesmo tempo em que os pés fazem outros movimentos. Também pode-se utilizar a voz durante os exercícios, por meio de contagem da música ou de cantos, utilizando proposição de exercíciosrítmicos em grupo que também estimulem a capacidade de criação dos indivíduos, gestos corporais que podem ser executados posteriormente em 13 instrumentos, ou até mesmo junto com instrumentos musicais, entre outras atividades que também dependem da capacidade criadora do professor. 1.3 Coreografias e o ritmo musical Ao ver pessoas se movimentando com uma música, seja na dança ou em atividades rítmicas como jump ou step, por exemplo, é possível ter a sensação de que os movimentos encaixam ou não na música. Ao frequentar essas aulas, também se nota que o professor conta os tempos da música de um até oito. Isso tudo porque a música tem frases musicais e compassos, como visto anteriormente. Portanto, ao pensar na criação de uma coreografia que será acompanhada de música, é importante fazer um mapeamento musical do que se pretende utilizar, ou seja, entender se é utilizado compasso musical 2/4, ¾ ou 4/4, de quantos compassos a música é composta, quanto tempo dura as partes instrumentais e as partes vocais e em qual ordem, identificar o refrão da música, entre outros elementos que o professor achar importante. Geralmente se utilizam músicas com compassos binários ou quaternários, por isso a contagem até oito durante as aulas. Ao fazer o mapeamento da música, é interessante identificar qual compasso é utilizado e fazer uma anotação a cada oito tempos, que equivale a dois compassos quaternários ou quatro compassos binários. Quando utilizar uma música com compasso ternário, que é o da valsa, fica mais viável fazer uma anotação a cada oito compassos, que equivale a oito tempos fortes. Claro que essas são apenas sugestões de como fazer um mapeamento musical, o qual é feito para estudo e compreensão da música a ser utilizada em determinada coreografia. O importante é o professor fazer esse estudo identificando as partes da música já mencionadas, para poder utilizá-lo na montagem da coreografia, fazendo também com que o aluno compreenda o ritmo da música. 14 Exemplo de mapeamento musical Fonte: acervo do autor (2017). 1.4 Ritmos e possibilidades de movimentos Ao decorrer dos anos, muitos gêneros musicais foram sendo criados, e junto também surgiram possibilidades de movimentação de acordo com o ritmo. Entre eles é possível citar o ritmo afro-brasileiro, axé, bossa nova, baião, carimbó, catira, chula, coco, ciranda, forró, frevo, funk, lundu, maxixe, maculelê, rock, salsa, samba, samba de roda, valsa, entre outros. A seguir, serão apresentados alguns desses ritmos: ➢ Afro-brasileiro: herança do povo africano trazida para o Brasil, o ritmo afro-brasileiro originou muitos outros ritmos, como o samba, por exemplo. Tem sua origem das tribos africanas, as quais usavam instrumentos de percussão como o tambor, ou até mesmo o corpo, ao bater ritmicamente os pés no chão. Era comum essas tribos fazerem cerimônias para diversos acontecimentos, nas quais eram usados movimentos naturais e que tinham relação com seus afazeres diários (cortar madeira, cultivar a terra, apanhar água, 15 entre outros), acompanhados de percussão (instrumental e corporal), como forma de celebração; É possível identificar algumas características desses movimentos, como o molejo do corpo e a intensa movimentação do quadril e do tronco. Por serem povos que tinham como fonte de alimento a plantação, os passos feitos durante as celebrações tinham relação com a terra, sendo realizados sempre com os joelhos levemente flexionados, ou seja, os movimentos eram para baixo, aterrados. Percebe-se também a utilização do quadril, que é o ponto de equilíbrio e centro de energia do corpo, sendo que seus movimentos repercutem em ondulações por todo o tronco, trazendo sensualidade aos movimentos. Além das partes do corpo já citadas, os braços e mãos também têm sua importância nesse tipo de dança, pois simulam algumas ações cotidianas, como segurar algum objeto. É comum também os africanos utilizarem a emissão de sons junto com suas danças, sendo cantos ou apenas gritos. ➢ Axé: o axé é uma mistura de vários ritmos, em que se destaca a forte influência do ritmo afro-brasileiro. Surge na década de 1980, durante o carnaval da cidade de Salvador, na Bahia, e se expande para o restante do país; Vocabulário Axé: vem de asé, termo iorubá que significa energia, força, poder; significa a força sagrada de cada orixá do candomblé. ➢ Baião: o baião nasceu no Nordeste brasileiro, misturando a experiência dos africanos ao dos nativos da região. Seu ritmo é dado principalmente pela sanfona, podendo ser complementada por outros instrumentos musicais, como o triângulo, a viola caipira, e o acordeon. Também é utilizado o canto, tendo como temática a vida cotidiana dos nordestinos e suas dificuldades, e a pessoa que 16 dança ao som deste ritmo escolhe seu substituto por meio de uma umbigada; Vocabulário Baião: ritmo musical, tipicamente nordestino, difundido a partir de 1946 pelo cantor, compositor e sanfoneiro Luís Gonzaga. Dança e canto popular normalmente conduzido e acompanhado por uma viola. Mesmo sendo mais conhecido no Norte e no Nordeste do Brasil, o baião se espalhou pelo país, sofrendo algumas modificações de acordo com a região. Por exemplo, no Sul a umbigada foi substituída pelo estalar dos dedos. ➢ Carimbó: este ritmo teve origem em Belém, com elementos da cultura indígena, africana e portuguesa. Tradicionalmente o carimbó era executado por tambores, que eram acompanhados de outros instrumentos como o reco-reco, a flauta e maracás. Além disso, era dançado por casais que iniciavam em filas, e posteriormente o homem convidava a mulher para dançar por meio de palmas, começando a dança com amplos círculos e movimentos de saias. Este ritmo deu origem à lambada e ao zouk; Vocabulário Carimbó: é uma dança típica do Pará e da Ilha do Marajó. É considerada uma variação do batuque e, para dançá-la as mulheres usam saia comprida, bem rodada, e flores no cabelo. Carimbó em Tupi significa pau que produz som. ➢ Catira: surgiu no estado de Goiás, no Norte de Minas Gerais e no interior de São Paulo, e seu ritmo é caracterizado pela batida dos pés e mãos das pessoas que participam da dança. Geralmente o catira é dançado por dez pessoas e mais dois violeiros, tendo poucas variações de uma região para outra; 17 ➢ Chula: de origem gaúcha, o ritmo é dado principalmente pela gaita, violão, cavaquinho, e pandeiros, enquanto que os dançarinos (geralmente homens) fazem movimentos rápidos e sapateados, em uma espécie de disputa; ➢ Forró: Também chamado de arrasta-pé, o forró surgiu no fim do século XIX, mas ficou mais conhecido na década de 1950. Característico de festas da região Nordeste brasileira, tradicionalmente é tocado por trios que tocam sanfona, zabumba e triângulo. Com influências de danças europeias e indígenas, as pessoas dançam ao ritmo do forró arrastando os pés no chão, semelhante ao arrastar do pé dos índios; ➢ Frevo: de origem pernambucana, o frevo surgiu no fim do século XIX e tem um ritmo muito acelerado, sendo a música uma mistura de diversos gêneros (como a marcha, o maxixe, e a polca) e a dança influenciada pelos movimentos da capoeira. É dividido em três tipos: frevo de rua, frevo-canção, e frevo de bloco; Vocabulário Frevo: corruptela do verbo ferver, designando efervescência, agitação, confusão. Também conhecido como estilo de dança e ritmo musical típico do carnaval popular de Pernambuco. ➢ Salsa: este ritmo surgiu a partir de 1950 com forte influência da música caribenha, predominando o uso de instrumentos de percussão. A salsa é latina, sendo uma mistura do ritmo africano com o dos índios que viviam no Caribe, com influências europeias e também do jazz estadunidense. Este ritmo foi mantido e sendo reinventado por latinosque viviam em Nova York, chegando ao modo que a conhecemos atualmente; ➢ Samba: o samba se origina do ritmo afro-brasileiro e surge no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro, nas casas de migrantes da Bahia. Neste ritmo utilizam-se tradicionalmente instrumentos de percussão, tendo como base o violão e o cavaquinho. Mais tarde 18 passaram a utilizar também trombone, trompete, flauta e clarineta, por influência de orquestras americanas e do choro; ➢ Valsa: a valsa é um ritmo que surgiu na Europa e chegou ao Brasil com a vinda da família real portuguesa. O ritmo musical é ternário, podendo ter o andamento moderado (francesa) ou rápido (vienense). Os passos têm como características principais a dança realizada por pares que giram e deslizam os pés pelo chão ao ritmo da música. Mídias Assista ao vídeo do evento registrado pela Memory Produções Brasil no Teatro do SESI em Vitória/ES, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v= 3jYn2CU_sgA Conclusão da aula 1 Após o estudo sobre ritmo, é possível perceber como se dá sua presença na vida das pessoas, assim como a importância de se trabalhar com atividades rítmicas desde a infância, utilizando também uma variedade de instrumentos de percussão. Além disso, tem-se uma base de como coreografar uma música, estudando-a antes de iniciar a coreografia, podendo também trabalhar com seus futuros alunos os diversos ritmos que foram surgindo ao longo dos anos. Atividade de aprendizagem Pesquise no mínimo outros 5 (cinco) ritmos brasileiros que não foram abordados neste material, descrevendo suas origens, suas influências, quais instrumentos definem seu ritmo e quais as possibilidades de movimentação de cada um. 19 Aula 2 – Possibilidades de movimentação Apresentação da aula 2 Olá! Seja bem-vindo (a) à segunda aula da disciplina de Dança e Atividades Rítmicas. Nesta aula serão abordadas algumas propriedades dos movimentos, assim como alguns estilos de dança atuais e suas possibilidades de movimentação. Para esta disciplina, é muito importante que você, aluno (a) do curso de Educação Física, compreenda de em que partem os movimentos corporais e quais são suas possibilidades, assim como os movimentos característicos de alguns estilos de dança. 2.1 Movimento e comportamento motor Ao trabalhar com dança e atividades rítmicas, é necessária a exploração das possibilidades de movimentos do corpo, os quais incluem habilidades de estabilidade (equilíbrio dinâmico, estático e movimentos axiais), locomotoras e manipulativas. Assim, é importante estar atento à faixa etária dos alunos e à fase motora e estágio de desenvolvimento em que se encontram. Sendo assim, o período de 2 a 7 anos de idade, que se divide em estágios, como maduro, elementar e inicial, é compreendido como a fase motora, chamada de fundamental. O equilíbrio dinâmico é a capacidade de o indivíduo manter o equilíbrio do corpo em deslocamento, como caminhar e rolar, enquanto que o estático exige esta habilidade sem locomoção, como se equilibrar em um pé ou inverter a base de apoio para outra parte do corpo, por exemplo. Já os movimentos axiais, também chamados de posturas estáticas, incluem a inclinação do corpo, giros, rotações, alongamentos, entre outros parecidos. Quanto às habilidades locomotoras, pode-se citar como exemplo a caminhada, a corrida, o galope, os saltos e saltitos. E, como exemplos de habilidades manipulativas, tem-se o alcançar, segurar, soltar, lançar, pegar, chutar, bater, entre outras ações. 20 Fases do desenvolvimento motor Fonte: https://www.efdeportes.com/efd186/padroes-motores-fundamentais-de-movime nto-01.jpg 2.2 O que é possível mover? Ao falar em movimento corporal, também é importante ter consciência de quais partes do corpo é possível movimentar: as articulações, em geral as sinoviais, ou seja, as articulações que possuem grande mobilidade, que podem flexionar e estender, abduzir e aduzir, rotacionar e/ou circundar, como os tornozelos, joelhos, coxofemoral, intervertebrais, temporomandibular, ombros, cotovelos, punhos, interfalangeanas, metacarpo falangeanas, e metatarso falangeanos. Vocabulário Rotacionar: ato ou efeito de fazer a rotação em torno de si mesmo; Temporomandibular: pertencente ou relativo ao temporal e à mandíbula. Diz- se do músculo temporal; Interfalangeanas: redução dos espaços articulares interfalangeanos dos segundo, terceiro e quarto pododáctilos, bem como dos interfalangeano proximal do terceiro esquerdo, de caráter degenerativo; Metacarpo: parte do esqueleto da mão compreendida entre o punho e os dedos; Metatarso: parte do esqueleto do pé compreendida entre o tarso e os dedos. Além das possibilidades de movimentação de cada articulação móvel, é interessante saber como se dá a relação dessas articulações, trabalhando principalmente o alinhamento dos calcanhares com os ísquios, dos joelhos com 21 os pés, das partes da coluna, e das mãos e cotovelos com os ombros, o que não significa que os movimentos devem sempre seguir esse alinhamento. 2.3 Espaço e possibilidades de movimento Cada movimento, de pequena, média ou grande amplitude, é realizado em alguma direção do espaço, frente/traz, lado direito/esquerdo, cima/baixo, e diversas diagonais. Para isso, tem-se como referência a posição do corpo ereto e com os pés inteiros no chão. A direção da diagonal é sempre entre duas direções citadas anteriormente, o que ficará mais claro ao estudar os planos. Saiba mais No ensino do Ballet Clássico, existe o diagrama no qual se atribui um número para cada direção do espaço, ou seja, para os movimentos: frente/traz, direito/esquerdo, cima/baixo, e diversos diagonais, chamados de Vaganova, inventado pela bailarina de mesmo nome, no qual se atribui um número para cada direção do espaço. Direções no espaço – Método Vaganova Fonte: elaborado pelo autor (2017). Ao combinar algumas direções, têm-se os planos e eixos nos quais os movimentos são realizados: 22 ➢ Plano sagital: utiliza as direções cima/baixo e frente/traz, eliminando a possibilidade de utilizar as laterais. Para melhor lembrar este plano, também se atribui o nome de plano da roda. Consequentemente, os movimentos feitos neste plano serão em torno de um eixo horizontal. Para entender o que é o eixo, é possível imaginar uma linha passando pelo centro do corpo, que inicia e termina nas direções não utilizadas de determinado plano, neste caso, uma linha que começa de um lado, atravessa o corpo e termina na outra lateral; Plano Sagital Fonte: elaborado pelo autor (2017). ➢ Plano coronal: utiliza as direções cima/baixo e lado direito/esquerdo, não fazendo parte os movimentos que utilizam frente e trás. Também é chamado de plano frontal ou plano da porta. Assim, os movimentos deste plano acontecem em torno de um eixo anteroposterior, pois o eixo é dado por uma linha que inicia na frente, atravessa o corpo e termina na parte de trás (direções que não definem este plano); 23 Plano Coronal Fonte: elaborado pelo autor (2017). ➢ Plano transversal: utiliza as direções frente/trás e lado direito/esquerdo, eliminando desta vez as direções cima e baixo. É conhecido também por plano da mesa, sendo que os movimentos acontecem em volta de um eixo vertical (inicia em cima, atravessa o corpo e termina embaixo, ou vice-versa); Plano Transversal Fonte: elaborado pelo autor (2017). 24 Além dos planos, os movimentos podem acontecer em diferentes níveis espaciais, ainda considerando como ponto de partida a posição do corpo ereto. A partir dessa posição, imagina-se uma linha horizontal na altura do umbigo: quando o umbigo se mantém nessa altura, seria o nível médio; ao ficar acima dessa linha imaginária, o nívelalto; e abaixo da linha imaginária, seria o nível baixo, ou seja, quando alguém está em pé, com os pés inteiros encostados no chão, seria o nível médio. Ao deixar apenas os dedos dos pés encostando o chão, ou saltar, tem-se o nível alto. E, ao flexionar bem os joelhos ou encostar outras partes do corpo no chão, estaria em nível baixo. Níveis Espaciais Fonte: elaborado pelo autor (2017). Como já dito anteriormente, os movimentos acontecem em diferentes amplitudes, perto ou longe do próprio corpo. Para isso, Laban (2006) deu o nome de Cinesfera (ou Kinesfera), que basicamente é o espaço pessoal que cada um carrega. Portanto, os movimentos podem ser feitos usando a Cinesfera pequena (mais próxima do corpo, como um aceno de mão tímido, por exemplo), representada pela cor azul abaixo; Cinesfera média (um pouco mais afastado do que o anterior, como um aperto de mão, por exemplo), representada pela cor rosa abaixo; ou a Cinesfera grande (o mais expandido possível, como se espreguiçar), representada pela cor verde abaixo. 25 Cinesfera Fonte: elaborado pelo autor (2017). 2.4 Qualidades do movimento Rudolf Laban (1879-1958), após analisar e estudar os movimentos em diversos âmbitos, concluiu que todos possuem certas características, chegando aos quatro fatores do movimento: tempo, peso, fluxo e espaço. Assim, todo movimento tem um tempo rápido ou lento, um peso passivo ou ativo, um fluxo contínuo ou interrompido e um direcionamento no espaço focado/direto ou multifocado/indireto. O movimento pode ser rápido ou lento e até mesmo acelerando ou desacelerando. Já o peso de um movimento está relacionado com a ação da gravidade, ou seja, passivo quando cedo à gravidade, e ativo quando resiste a ela. O fluxo trata da energia do movimento. Podendo ser interrompido, o fluxo de energia é “quebrado”, como, por exemplo, ao parar bruscamente de caminhar para não bater em alguém ou algo; ou contínuo, em que o fluxo de energia não é interrompido. Quanto ao direcionamento do movimento no espaço, ele pode ser focado, o movimento tem um ponto específico de direção espacial (estudado anteriormente), como andar em linha reta, por exemplo; ou multifocado, quando um movimento passa por diversas direções espaciais, como andar em curvas. 26 Rudolf Laban (1879-1958) Fonte: http://www.wikidanca.net/wiki/images/b/b2/Laban.jpg 2.5 Estilos de dança Ao longo dos anos, muitos estilos de dança têm surgido e se transformado, assim como muitos ritmos já vistos na aula anterior. Cada dança tem suas características, utilizando mais uma determinada qualidade de movimentação, ou um nível espacial, e até mesmo dando ênfase em algumas partes do corpo. É importante saber também que cada professor tem seu jeito de trabalhar e coreografar mesmo dentro de um estilo de dança, ou seja, cada profissional, e consequentemente suas coreografias, tem sua particularidade. O Ballet Clássico, técnica criada e adaptada há séculos, basicamente exige do bailarino movimentos rápidos e ágeis com os membros inferiores, e movimentos suaves com os membros superiores e meio tronco. É uma técnica codificada, com passos e nomes determinados, os quais são em idioma francês. Os passos seguem uma progressão, indo do nível mais fácil ao mais avançado, e não valorizam o movimento dos ombros e do quadril. Além disso, geralmente nesta técnica não se utiliza o nível baixo nas apresentações, apenas durante as aulas para melhorar a técnica dos passos executados em nível médio e alto. Os 27 momentos da aula passam por aquecimento, exercícios em nível baixo, exercícios na barra (fixada na parede da sala ou móvel), em deslocamento na diagonal da sala, e no centro da sala, terminando com um agradecimento, e não necessariamente nessa ordem. As músicas geralmente são clássicas, de ritmos variados. Apresentação de Ballet Clássico Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/03/07/17/05/ballet-2124652_960_720.jpg O Jazz Dance tem influências da cultura negra, surgindo nos Estados Unidos no início do século XX, misturando-se com a cultura branca. Este estilo de Dança ganhou espaço nos musicais da Broadway e também no cinema e na TV, chegado a outros países e passando por muitas transformações até a atualidade. Tem como característica isolar partes do corpo em movimento, com movimentos fortes e contínuos, adaptando a técnica do Ballet Clássico. Além disso, geralmente neste estilo de dança se trabalha com as mesmas sequências coreográficas durante algumas aulas, como sequências de aquecimento, de barra, de diagonais e de centro, sendo lentas ou rápidas. Atualmente existem estilos de Jazz, como o Jazz Lyrical, Jazz Moderno, Jazz Contemporâneo, entre outros. 28 Jazz dance Fonte: https://blog.sodanca.com.br/wp-content/uploads/2018/11/jazz.jpg A dança moderna também surge no início do século XX, se contrapondo ao Ballet Clássico, buscando formas de se movimentar mais naturais e que expressassem o sentimento da época, principalmente durante e depois das guerras. Assim, neste estilo de dança não cabia mais usar sapatilhas nos pés, collants e coques no cabelo. Como qualquer outro estilo de dança, também passou por modificações e acabou se transformando em uma técnica, que no geral utiliza movimentos fortes e angulosos. Pose de dança moderna Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/dan%C3%A7a-moderna-s%C3%A9 culo-xx.html?filter=all&qview=44894013 A dança contemporânea surge em meados do século XX, negando a técnica do Ballet Clássico e o expressionismo da dança moderna, buscando o 29 movimento pelo movimento, usando muitas vezes gestos do cotidiano. Além disso, com a dança contemporânea, esta Arte chegou às ruas e a outros espaços diferentes do palco e do teatro. Ao se espalhar por todo o mundo, teve muitas modificações, e atualmente pode-se perceber vários tipos de dança contemporânea, que variam de acordo com a vivência de cada professor/coreógrafo e o que este julga ser importante, mesclando muitas vezes várias técnicas à sua dança. Ainda assim, nas aulas desse estilo de dança é importante trabalhar com o improviso de movimentos e com a capacidade de criação individual e coletiva dos bailarinos/alunos, se utilizando de movimentos e músicas muito variados, podendo até mesmo não utilizar músicas. Além disso, nesse estilo o nível espacial baixo é muito mais explorado em aulas e apresentações. Dança Contemporânea Fonte: https://pixabay.com/pt/dan%C3%A7a-contempor%C3%A2nea-desempenho-22 13331/ A dança de salão inclui vários tipos de dança executadas por um par de dançarinos, e, como o próprio nome já diz, são dançadas em salão e surgiram em festas em diversas partes do mundo. Assim, existe o forró, o samba de gafieira, a lambada, a salsa, o bolero, o zouk, o tango, entre muitos outros ritmos, sendo que cada um tem seus movimentos e músicas característicos. Atualmente, além dos salões de festas, essas danças também são apresentadas em palco algumas vezes. 30 Dança de salão Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/dan%C3%A7a-de-sal%C3%A3o.html ?qview=13607338 O hip-hop é uma cultura que inclui dança, música e grafite e surgiu por volta da década de 1970 nos Estados Unidos, em comunidades latinas e negras. Atualmente, os estilos de Dança de hip hop são o breaking, locking, popping e krumping. No geral, os movimentos são rápidos e com fluxo interrompido. Hip-hop Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/dan%C3%A7a-moderna.html?qview =4489762 A dança folclórica também abrange vários tipos de danças populares, que variam de acordo com a região de cada país, as quais estão ligadas à cultura de cada povo, ou seja, seus costumes, crenças e histórias. Cada dança tem seu tipo de movimentação, acompanhamento musical eroupas típicas. Algumas danças populares ultrapassam fronteiras e são praticadas em outros países, 31 sofrendo muitas vezes algumas modificações, como é o caso da dança do ventre e do sapateado, por exemplo. No Brasil, alguns exemplos de dança popular são: Catira, Ciranda, Maracatu, Maculelê, Frevo, Fandango, entre outros. Conclusão da aula 2 Após o estudo das diversas possibilidades de movimentação do corpo, você, futuro professor, tem ferramentas para elaborar seus próprios movimentos e para instigar os alunos a investigarem os movimentos corporais a partir dos conteúdos abordados nesta aula, podendo abordar mais de um conteúdo por vez, por exemplo, além de investigar as possibilidades de movimentos em nível baixo, utilizando apenas a lateral, com fluxo interrompido. Além disso, também é interessante abordar estes conteúdos por meio de ações corporais do cotidiano, como empurrar, pressionar, jogar, entre outros. Atividade de aprendizagem Elabore e descreva uma atividade de dança para crianças de 6 (seis) a 8 (oito) anos, utilizando no mínimo dois conteúdos abordados nesta aula e escolhendo um estilo de dança a ser trabalhado. Aula 3 – História da Dança Apresentação da aula 3 Olá! Seja bem-vindo (a) à terceira aula da disciplina de Dança e Atividades Rítmicas. Nesta aula serão abordados alguns acontecimentos históricos da dança no âmbito mundial e nacional, de acordo com cada período da humanidade. Ao trabalhar com a dança, é imprescindível entender porque atualmente existem tantos estilos de dança, sendo que cada trabalho traz um pensamento do que é corpo, do que é dança e de em que ela pode ser apresentada. Além 32 disso, também é importante saber por que a Dança Folclórica, na realidade, são várias danças, surgindo de acordo com cada região. Para isso, é necessário estudar, mesmo que brevemente, seu contexto histórico. 3.1 A dança na Antiguidade A dança é praticada desde a existência de povos primitivos, surgindo como uma necessidade, por vários motivos. Inicialmente, acredita-se que esses povos dançavam para tentar se comunicar, expressando seus sentimentos, e posteriormente passaram a utilizar esta linguagem corporal em rituais e celebrações de um povo. Esses povos passaram a acreditar que a dança tinha certo poder sobre a natureza, então surgiram rituais dançados para atrair chuva, calor e também para curar pessoas doentes e afastar o espírito dos mortos, por exemplo. Os movimentos dessas danças eram inspirados nos animais e nos fenômenos naturais, como a corrente de um rio ou os ventos. Também era comum o uso de adornos e máscaras, que tinham relação com o objetivo da dança que executavam. É importante perceber que até então a dança não tinha caráter de divertimento, nem existia como uma arte, mas sim como uma manifestação de um povo que dançava de acordo com suas crenças e necessidades. Isso foi mudando de acordo com cada sociedade e sua cultura. Na Índia, acredita-se que a dança foi uma revelação divina, e na tradição hindu, ela é atribuída ao deus Shiva, um dos três deuses do hinduísmo. Assim, tem-se a dança do deus Shiva Nataraj, conhecido como o deus dançarino, o qual expressa cinco atividades divinas: criação, manutenção, destruição, reencarnação e salvação. Antigamente, existiam as dançarinas sagradas Devadasis, que homenageavam os deuses de determinado templo, e com o tempo passaram a dançar para o rei e também para o público presente em festas. No século II a.C., o sábio Bharata Muni escreveu um manual chamado Natya Shastra, com todas as regras da dança indiana (Nritya), em que também há a classificação de todos os estilos de dança e a descrição dos Hastas Mudras, 33 que são gestos corporais executados principalmente pelas mãos com um significado para cada. Na China, a dança fazia parte das solenidades imperiais desde aproximadamente o século II a.C., e que eram rigorosamente treinadas. Os dançarinos aprendiam as danças desde a infância, abandonando suas famílias. Atualmente, as danças chinesas são divididas em três estilos: clássica, civil/militar, e danças folclóricas. No Japão, a dança era considerada um vínculo entre os deuses e o homem, sendo que as danças realizadas na corte imperial se chamavam mi- kagura, e as que aconteciam nas aldeias, sato-kagura. Os sacerdotes (miko) criaram e instituíram as danças (kagura) cerimoniais para fortalecer as preces das pessoas e expressar os mandamentos dos deuses. Kugara dance Fonte: http://www.cacadoresdelendas.com.br/japao/wp-content/uploads/2014/04/kagu ra.jpg No Kojiki, um livro sagrado do Japão, encontra-se uma explicação de como surgiu a dança, que teria sido realizada pela primeira vez por uma deusa. Assim, os imperadores recebiam homenagens por meio de danças, pois eram considerados descendentes dos deuses. Essas danças feitas como forma de homenagem eram do estilo Mai, ou seja, uma dança lenta, clássica e solene; enquanto que as danças praticadas pelos camponeses ou em festas populares eram do estilo Odori, festivas, ágeis e espontâneas. 34 No Egito, a dança também era relacionada com o sagrado e praticada vastamente. Após praticar a dança sagrada, o povo do Egito passou a praticar a dança litúrgica, e posteriormente a dança de recreação/lazer. As danças eram praticadas apenas pelos escravos, servos e sacerdotisas especializados para esta função, servindo para divertimento dos faraós e dos nobres. A criação da dança era atribuída ao deus Bes, enquanto que a patrona da dança era a deusa Hathor, e ambas as figuras eram relacionadas à palavra Hbij, que significa dançar e estar feliz. Os tipos de dança presentes no antigo Egito eram a dança dancística, dança mímica, dança ritual e a dança processional. Na Grécia, mais uma vez a dança estava associada aos deuses, tendo grande importância na vida cívica e religiosa dos gregos. Atribuíam a invenção da dança à titã Réia, e duas figuras mitológicas eram envolvidas com os tipos de dança existentes: Dionísio, que representava as danças de rituais de fertilidade, além das danças alegres e espontâneas; e Apolo, que representava a dança da ordem e da beleza, influenciada pelas nove deusas que o acompanhavam e inspiravam as artes e as ciências, sendo a Terpsícore a musa da dança. Por fim, existiam as danças ditirâmbicas, as religiosas, as dramáticas, as guerreiras, as de nascimento e pós-parto, e as nupciais. Em Roma, a dança de origem agrária e religiosa foi introduzida pelos etruscos no período dos reis, em que se destacaram as danças relacionadas aos deuses. No período da república, a dança passou a ter um caráter de recreação, época em que se praticava a chamada dança sinistra, que consistia em pessoas irem assistir, no coliseu, criminosos, escravos e rebeldes pegando fogo. Já no período do império romano, a dança voltou a ser praticada por outras pessoas, inclusive as da classe alta, destacando-se a pantomima dançada, atraindo muitas pessoas aos espetáculos. 3.2 A dança durante a Idade Média Prolongando-se por aproximadamente mil anos, a Idade Média foi marcada por invasões, guerras, doenças e pelo teocentrismo. Nessa época, os teatros existentes passaram a ser usados raramente para cerimônias religiosas, e as peças de teatro foram adaptadas para tratar apenas de temas permitidos pelo cristianismo. 35 A Igreja cristã entendia corpo e espírito separados, sendo que o corpo era a carne que simbolizava o pecado, e o espírito era entendido como a alma da vida eterna no céu. Assim, a dança era entendida pela Igreja como um grave pecado, mas mesmo assim o povo continuou a praticá-la em seus costumes e rituais, aliando-os às datas comemorativas cristãs. Mesmo com várias tentativas de proibição da dança, os costumes do povo persistiam, destacando-se assim algumasdanças praticadas nessa época: ➢ Choreae-Carola: dançada em círculo; ➢ Tripudium: dançado em filas; ➢ Dança de Los Seises: dançada por seis crianças durante a Semana Santa da Igreja, dando origem aos coroinhas. Mais tarde surge a Dançomania, que dura até o Renascimento, e era uma dança coletiva que durava horas, com as pessoas dançando freneticamente pelo desespero diante da morte, ou seja, esta dança era um sinal de histeria coletiva frente às pragas e às epidemias da época, as quais a igreja dizia que era um castigo de Deus aos pecadores. Recebeu diferentes nomes de acordo com a região, como: ➢ Dança Macabra: de origem árabe, que era dançada em círculos com movimentos frenéticos e saltos, dançando-se até a morte; ➢ Tarantismo: surgido na Itália, acreditando-se que o movimento frenético iria expelir, pelo suor, o veneno da aranha tarântula, que era uma praga na região; ➢ Dança de São Vito: que surgiu na Alemanha e nos Países Baixos, em que as pessoas dançavam por horas seguidas, esperando pela morte. No Teatro Religioso, a Dançomania simbolizava a insanidade que o pecado causava nas pessoas. No Teatro Popular, apareciam as figuras do diabo, com gestos desarticulados e com uma dança “quebrada”, e dos anjos, que dançavam em círculos. 36 Durante a Idade Média, também surgiram os trovadores e menestréis, que eram artistas que conheciam as danças populares de diversas regiões. Eles levavam à corte essas danças, adaptadas para serem dançadas pela nobreza durante os bailes. Surge, assim, a: ➢ Haute Danse (dança alta): com movimentos alegres, saltitantes e de rápida execução, na qual as pessoas muitas vezes se tocavam, sendo praticadas pelos camponeses; ➢ Basse Danse (dança baixa): com movimentos suaves, elegantes e de execução lenta, realizadas pelos nobres. No geral, as principais danças desse período foram: ➢ Danças de pares; ➢ Rem que de Dames; ➢ Bergamasca ou Bergamasque; ➢ Courante; ➢ Sarabanda; ➢ Mourisca; ➢ Polonaise; ➢ Estampie. Também surge nessa época uma espécie de dança como espetáculo, chamado momo, em que os participantes se disfarçavam usando máscaras e fantasias, apresentando essa dança entre os pratos de um banquete da corte, a qual deu origem posteriormente ao ballet de corte. 3.3 A dança a partir do Renascimento O renascimento era uma época marcada principalmente pelo Antropocentrismo. As cortes renascentistas eram sinônimo de luxo, ostentação e conforto, nas quais aconteciam grandiosos bailes com muita música e dança. Em Florença (Itália), Lourenço de Médici começou a realizar festas chamadas de Triunfos (ou Triunphi), que duravam dias seguidos, e tinham como 37 temas as lendas da Antiguidade Grega e Romana, comparando o patrono da festa ao herói/deus abordado. As danças eram compostas para cada ocasião e apresentadas entre os pratos do banquete pelos próprios cortesãos, ensaiados por um mestre de dança. Na corte renascentista surge a dança técnica, que se difere das danças populares dos camponeses. A dança passou a ser parte da etiqueta social da época, sendo primordial conhecer os códigos e passos que foram sendo criados. Assim surgem os Mestres de Dança, que tinham como principais funções: ensinar os passos e as danças aos cortesãos, compor triunfos/ballet s de corte, dançar nos espetáculos e escrever os Tratados de Dança, nos quais continham os códigos, regras e os passos sobre as danças praticadas. Dentre alguns desses Tratados de Dança, um dos mais importantes é o Nuove Inventioni di Balli (Nova Invenção do Balé), de Cesare Negri, publicado em 1604, no qual uma das regras apresentadas era o piedi in fuora (pés voltados para fora), que mais tarde se tornou o en dehors no Ballet Clássico. Porém, já em 1588, foi publicado o tratado Orchésographie (Oschesografia, a escrita da dança), de Thoinot Arbeau, no qual já aparecia a necessidade das pernas e pés en dehors, além das regras que posteriormente deram origem às cinco posições do ballet clássico. Saiba mais Thoinot Arbeau é o pseudônimo anagramático de um clérigo francês chamado Jean Tabourot, autor de uma renomada obra musical chamada Orchésographie, um tratado sobre danças sociais da França Renascentista do final do século XVI. As principais danças praticadas nas cortes renascentistas foram: Saltarello (Pas de Brébant), Branle, Pavana (ou Pavane), Galharda, Courante (ou Corrente), Alemanda, Sarabanda (ou Zarabanda), Gavotte (ou Gavota), Minueto, Bourré e Giga (ou Jigue). Quando Catarina de Médicis (bisneta de Lourenço) se casa com o francês Duque de Orleans (rei Henrique II), leva da Itália para a França a arte praticada na corte italiana. Anos depois, ao assumir o poder da França, também leva alguns artistas italianos para produzir luxuosos espetáculos, com a finalidade de distrair a corte. Assim surge o Ballet de propaganda política. 38 Em 1555, chega à França o mestre de dança Balthasar de Beaujoyeux, de origem italiana, que em 1567 é nomeado por Catarina de Médicis, o mestre de danças e espetáculos da corte francesa. Ele criou o Ballet des Polonais e depois o Ballet Comique de La Reine (1581), sendo seus intérpretes os próprios cortesãos. Assim, surgem os ballets de corte, em substituição aos triunfos, e que tinham as seguintes características: sua duração era de algumas horas, não dias; a ação dramática é ininterrupta; eram compostos por dança, música, poesia, canto e cenários com máquinas; o elenco eram de cortesãos; utilizavam dança geométrica de solo; e tinham várias entrées (praticamente desfiles), com diversas finalidades, como aparecer e mostrar roupas e joias, sem conexão com a história. A dança geométrica de solo era a utilização de desenhos geométricos no espaço, em que os intérpretes montavam e desmontavam quadrados, círculos, triângulos, entre outras formas, pois o público a via de cima. 3.4 A importância do rei Luís XIV para a dança O ballet de cour (de corte) chega ao seu auge no reinado de Luís XIV (rei pelo período de 1643 a 1715), que se dedicou ao ballet e em 1651 dançou pela primeira vez em público, em um ballet coreografado por Pierre Beauchamps. Por sua vez, Beauchamps foi mestre de dança do rei Luís XIV e definiu as cinco posições básicas do Ballet Clássico. Saiba mais A Corte francesa foi o modelo mais imitado por todos os príncipes da Europa, sobretudo quando Luís XIV trocou o Louvre em Paris, por Versalhes. Para saber mais, assista ao vídeo referente à vida de Luís XIV e o esplendor do seu palco, o Palácio de Versalhes, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v =uBrM6pGPfX8 Foi no Ballet de La Nuit (1653), com enredo político, que Luís XIV apareceu como o Rei-sol que derrotava as trevas, as quais representavam seus países inimigos. Em 1661, Luís XIV funda a Academia Real de Dança, sua 39 primeira criação acadêmica, composta por treze mestres de dança e de música que serviam na corte. Assim, a dança passa por algumas transformações, tornando a forma mais importante que o conteúdo, crescendo a tendência ao virtuosismo técnico e acelerando o processo de profissionalização na dança. Além disso, a repetição de temas e de movimentos extingue a inspiração e a sensibilidade, enrijecendo o corpo, a técnica e a dança. Em 1669, Luís XIV fundou a Académie Royale de La Musique, que tinha também uma escola de dança, conhecida atualmente como Ópera de Paris. Sob direção de Jean-Baptiste Lully, em 1672 essa academia passou a se chamar Académie Royale de Danse e Musique. A função dessa escola foi a de sistematizar o ensino do ballet por meio de um esquema rígido de posições do corpo, com orientação de Beauchamps. Além disso, Lully, junto com Molière, criaram o gênero Commédie-Ballet, juntando canções, coros, danças e elementos da Commédiedell’Arte.Vocabulário Commediedell’Arte: forma de teatro popular surgida no século XV na Europa, na qual os atores improvisavam a partir de um roteiro simples e usavam máscaras que caracterizavam determinados personagens deste estilo. Luís XIV também inaugurou dois teatros (Palais Royal e Petit Bourbon), levando a primeira geração de bailarinos profissionais para o palco. Devido ao palco elevado e os espectadores todos do mesmo lado, tornou-se necessário o uso do endehors, para que os bailarinos sempre ficassem de frente para o público. Esta mudança também verticalizou a dança, mudou as vestes em cena, e fez com que a técnica fosse vista como um fim. Os espetáculos tornaram-se uma diversão, e um novo gênero foi colocado em palco no século XVIII, a ópera-ballet. Assim, a mitologia retratada era mais próxima das experiências humanas, e os dançarinos passaram a usar roupas parecidas com as do cotidiano, ou seja, perucas, sapatos de salto e vestes pesadas. 40 Até que surge um reformador da dança, Jean Georges Noverre, que a partir de 1760 publica 33 Cartas sobre a dança e sobre os balés. Assim nascia o Ballet d’Action (ou ballet -pantomima), em oposição ao Ballet d’Entrée, priorizando a natureza e a expressão dos sentimentos e emoções, sem excesso de vestimentas. Noverre protagonizava o pré-romantismo na dança. 3.5 A dança e o Romantismo Sob o lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), a dança teatral tem uma grande mudança, surgindo então o ballet romântico, com a valorização do sentimento sobre a razão. Assim, algumas características do ballet romântico são: a preferência pelo sobrenatural, como fantasmas, sílfides, sereias, entre outros; as cores mudam, geralmente trazendo muita cor no 1º ato (natureza) e cores mais escuras no 2º ato (sobrenatural); luta do mundo real com o mundo irreal, levando à morte de um dos personagens principais; busca do homem pelo inatingível; e movimentos suaves, expressivos, dando destaque aos movimentos dos braços. Tecnicamente, algumas mudanças foram possíveis, como bailarinas em voo, personagens que apareciam e desapareciam, além da iluminação a gás e do tutu romântico (saia usada pela bailarina). Neste contexto surge o avanço técnico que se tornou símbolo do ballet, a sapatilha de ponta. Dois documentos importantes dessa época, que trazem as novidades do ballet e sua codificação, são Traité Élémentaire de La Danse (Tratado Elementar da Dança) e Code de Terpsichore (Código de Terpsícore), do professor Carlo Blasis. O primeiro ballet romântico foi La Sylphide (1832), de Filippo Taglioni, seguido de vários outros, entre os quais se destacam: La Fille du Danube (1836), Giselle (1841), La Fille de Feu (1842), La Esmeralda (1844), e Coppélia (1870), que foi o último bailado desse período romântico. 3.6 O ballet russo Diferente do que foi visto até agora, o ballet clássico russo se desenvolveu em contato com os camponeses, ficando marcado pela vitalidade que este povo 41 agregava ao ballet. Assim, dois núcleos formadores de bailarinos surgem: Maryinski/Kirov (1889), em São Petersbugo, e Bolshoi (1856), em Moscou. Os estudantes de ballet que frequentavam as escolas na Rússia, patrocinadas pelos imperadores, viviam sob regime de internato e eram muito respeitados pela sociedade. Entre vários nomes, o da bailarina Agrippina Vaganova se destaca pelo seu trabalho e pelo livro Fundamentos do Ballet Clássico. Um coreógrafo russo que se destacou foi Marius Petipa (1822-1910), sendo que suas obras tinham como características: narrativa longa, tendo 3 ou 4 atos; divertissement, que eram danças para divertir o público; pás de deux, que consistia em um dueto entre a bailarina e o bailarino principais e se dividia em 4 partes, Adágio, solo masculino, solo feminino, e Coda; a inclusão de outros tipos de danças, como as folclóricas; e grandes cenários que criavam efeitos especiais. Suas principais obras, em conjunto com outros artistas, são: A Bela Adormecida (1890), Quebra-Nozes (1892), O Lago dos Cisnes (1877), La Bayadère (1877), e Cinderella (1893). Irina Kolesnikova (in Swan Lake) – St Petersburg Ballet Theatre (2018) Fonte: http://seenandheard-international.com/wp-content/uploads/2018/03/Kolesnikova -Irina-Lac-des-Cygnes-%C2%A9-KT_OK_preview-500x333.jpeg No final do século XIX, entra para a administração do teatro o russo Sergei Diaghilev, que propõe mudanças nos ballets e logo é demitido. Indo de encontro com a época de revolução, Diaghilev publicava revistas nas quais falava das mudanças que julgava necessárias para a Arte no geral, como a integração das 42 Artes para a montagem de um bailado (música, figurino, cenário e coreografia) e a redução do tempo de duração de uma obra. No teatro, teve contato com Michel Fokine, coreógrafo importante que estava surgindo. Assim, se unindo a Fokine e outros bailarinos dos teatros Imperiais, fazem as duas primeiras temporadas dos Ballets Russos em Paris (1909 e 1910). Em 1911, com o nome de Ballets Russes de Diaghilev, iniciam sua terceira temporada por Roma, Paris, Monte Carlo e Londres. Em 1912, Diaghilev coloca o até então bailarino Vaslav Nijinsky para coreografar também, que cria O Entardecer de um Fauno, obra polêmica apresentada em Paris. Depois da estreia, Fokine abandonou a companhia. Em 1913, estreava A Sagração da Primavera, de Nijinsky, em que apareciam elementos neoclássicos da dança. No ano seguinte, por motivos pessoais, Diaghilev demite Nijinsky e recontrata Fokine. Já em 1917, o coreógrafo da companhia é Leonide Massine, com obras influenciadas pelo Cubismo e Surrealismo. Na década de 1920, surge Bronislava Nijinska como coreógrafa dos ballets e, posteriormente, George Balanchine. Após a morte de Diaghilev, sua companhia se transforma em duas no ano de 1932: Ballets Russos de Monte Carlo, com sede em New York, e Original Ballet Russe, com sede em Londres. 3.7 A Dança Moderna No início do século XX, o homem vive a mecanização do trabalho, o que influencia o pensamento de que ao homem deveria ser devolvida sua consciência corporal e o movimento deveria vir de dentro para fora do corpo, de forma mais natural. Assim, surgem as pioneiras da Dança Moderna, com este pensamento oposto ao da escola clássica, como Isadora Duncan, Luie Fuller e Ruth St. Denis. Além disso, não era mais possível dançar um mundo fantasioso frente às grandes guerras que o mundo enfrentava, mudando o pensamento e os movimentos da dança, surgindo lugar para a liberdade criativa individual. Algumas características em comum dessa dança são: pés descalços, movimentos que partem do centro do corpo, movimentos em nível baixo, uso da dramaticidade e significação dos gestos. 43 Em 1922, nos Estados Unidos, St. Denis e Ted Shawn fundam a Companhia e Escola de Danças Denishawn, e desta escola/companhia surgiram nomes importantes para a Dança Moderna, como Martha Graham, Doris Humphrey e Charles Weidman. Humphrey e Weidman fundaram sua própria escola e companhia, desenvolvendo uma técnica que se aproximava mais do homem estadunidense, de sua rotina e suas ações e movimentos naturais, tendo como referência teórica Nietzsche. Graham também criou sua técnica de Dança Moderna, usando muito a contração e o relaxamento como princípios básicos de movimentação, que geralmente eram angulares, fortes e cortados. Suas coreografias tinham a intenção de mostrar o interior do ser humano. Outros importantes nomes deste estilo de dança que também criaram obras coreográficas com conteúdo social, político e psicológico foram José Limón, Alvin Ailey, Alwin Nikolais, Merce Cunningham, Kurt Joss, e Mary Wigman, sendo estes dois últimos os pioneiros da Dança Moderna na Alemanha. 3.8 A dança pós-moderna Após a dança moderna, houve a necessidade de trazer para a dançao movimento apenas pelo movimento, sem dramaticidade, enredos, e artificialidades agregados a ela até então. Destaca-se, assim, o trabalho do coreógrafo Cunningham, que durante os anos 1940 afasta-se da dança moderna e começa a questionar sua ideologia, por meio de outras opções cênicas e tendo a improvisação de movimentos como um fim. Seguindo essa lógica, surgiram os happenings e as performances em New York, no final da década de 1950, em que vários artistas se juntavam em um espaço para fazer sua arte. Basicamente, a característica desse estilo de dança que surge é a liberdade criativa e a experimentação, de acordo com a necessidade individual de cada artista, surgindo assim muitos estilos e métodos de criação. Alguns nomes muito importantes dessa época são: Yvonne Rainer, Trisha Brown, Steve Paxton, Lucinda Childs, David Gordon, e Deborah Hay. A partir disso, nas décadas que se seguiram foram surgindo outros estilos de dança, como a dança-teatro, destacando-se o trabalho da alemã Pina Bausch; o Contact Improvisation, que consiste em improvisações de movimentos 44 a partir do contato de duas ou mais pessoas; e os trabalhos interdisciplinares, utilizando a tecnologia junto com a dança, por exemplo. Atualmente é possível falar em diversos tipos de Danças Contemporâneas. 3.9 A dança no Brasil Quando os colonizadores europeus chegaram ao Brasil, já existiam as danças indígenas, com as características daquelas praticadas pelos povos primitivos. Assim, os jesuítas utilizaram a dança como uma das formas de atrair e catequizar os índios. Mais tarde, com a chegada dos escravos africanos, vão se misturando ao longo dos anos as danças indígenas, africanas e europeias, dando origem às danças folclóricas que conhecemos atualmente. Já a dança teatral chegou ao Brasil em 1808, junto com a família real, e eram apresentadas nas casas de espetáculos que aqui existiam. Assim, a ida ao teatro passou a fazer parte da vida social, e alguns mestres de dança e coreógrafos foram importados para cá, como Louis Lacombe (chegada em 1811), Auguste Toussaint (chegada em 1815), Estela Sezefreda (chegou junto com a corte), Felipe e Carolina Catton e Luigi Montani (chegada em 1829), e Giuseppe de Vecchy (chegada em 1843). Mesmo com a apreciação da Arte, existia certo preconceito em relação à dança. Ainda assim, a dança de salão se desenvolvia durante os bailes, sendo que as mais dançadas no final do século XIX eram a valsa, a polca, a quadrilha, os lanceiros, o xote e o galope. No início do século XX, o centro artístico e cultural era a cidade do Rio de Janeiro, em que vários artistas e companhias internacionais se apresentavam no Teatro Municipal, como Loie Fuller, Ballets Russes de Diaghilev, Isadora Duncan e Anna Pavlova. Além disso, alguns artistas estrangeiros vieram morar no Brasil, vislumbrando a possibilidade de trabalho no campo artístico e fugindo da II Guerra Mundial que eclodia, como foi o caso de Maria Olenewa, Vaslav Veltchek, Yuco Lindberg, Iurek Shabelewski, Tatiana Leskova, Eugênia Feodorova, Igor Chvezov, Aurel Milloss, Vera Grabinska, Pierre Michailowsky, Tadeusz Morozowicz, Nina Verchinina, Ianka Rudzka, Renée Gumiel e Maria Duschenes. Com a vinda de tantos artistas para cá, de diferentes estilos de dança, foram criadas as primeiras escolas de dança no Brasil, sendo a primeira 45 inaugurada por Maria Olenewa no Rio de Janeiro, que mais tarde se tornou a Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Já Iurek Shabelewski se fixou em Curitiba, em que posteriormente ajudou a fundar o Balé Teatro Guaíra. A partir de 1970, outros grupos de dança vão surgindo no Brasil e mantêm seus trabalhos até hoje, cada um com seu estilo, como o Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação (fundado por Angel e Klauss Vianna em 1975 – RJ), Ballet Stagium (1971 – SP), Grupo de Dança Cisne Negro (1977 – SP), Balé Teatro Guaíra (1969 – PR), Grupo Corpo (1975 – MG), Déborah Colker (1994 – RJ), Quasar (1988 – GO), e Cena 11 (1994 – SC). 3.10 Dança Folclórica Como já dito anteriormente, a dança folclórica surge da cultura, do modo de viver, das crenças, valores e dos costumes de um povo. Assim, existem várias danças folclóricas, no Brasil e em outros países, e também são chamadas de danças típicas ou danças populares. No geral, algumas características são observadas nas danças populares: as figuras que formam no espaço (círculo, filas, fileiras, entre outros); acompanhamento musical, específico para cada dança; realização em pares, conjuntos ou individual; separação por sexo e uso de indumentária e outros acessórios condizentes com a dança e a cultura do povo. A nível internacional, é possível encontrar algumas danças típicas de determinados países: na Índia, tem-se a Bharata Natyan; na China, as danças folclóricas são divididas em danças de festas de temporada, danças da vida, danças rituais, danças de crenças, e danças baseadas no trabalho; no Japão, tem-se Kagura, Odori, Nô, e o Kabuki. Neste âmbito, ainda é possível citar a Dança do Ventre (Egito e outras regiões do Oriente), o Tango (Argentina), a Tarantella (Itália), o Flamenco e a Sevilhanas (Espanha). Voltando ao Brasil, cada região tem suas danças típicas, as quais foram sendo influenciadas pela cultura dos povos que aqui chegavam em diferentes períodos: africanos (de diferentes regiões do continente), portugueses, holandeses, alemães, entre outros povos europeus, além dos índios que já 46 habitavam aqui. Assim, algumas regiões do país terão mais características das danças africanas, outras das indígenas e outras da Europa. No geral, é possível citar as seguintes danças, de acordo com a região brasileira: Chimarrita, Milonga, Polca, Mazurca, entre outras do RS; Balainha e Boi de Mamão, de SC; Jongo, de SP; Samba e Xiba, do RJ; Dança do Tamanduá, de ES; Caxambu e Mineiro-Pau, de MG; Catira e Tambor, de GO; Dança de São Gonçalo, Cururu, e Siriri, de MT; Sarandi, Polca de Carão, e Chupim, de MS; Maculelê, da BA; Marajuda, Reisado, e Cavalo Piancó, do PI; Torém e Coco, do CE; Cacuriá e Tambor de Criola, do MA; Cavalo Marinho, Caboblinhos, Maracatu, e Frevo, de PE; Espontão, do RN; Desfeitera, Dança do Maçarico e Camaleão, do AM; Carimbó e Lundu Marajoara do PA. No Paraná, as danças típicas encontradas são: Pau-de-fitas, de origem alemã, que consiste de um número par de pessoas dançando em torno de um mastro com fitas coloridas; e Fandango, de origem portuguesa com influência indígena, na qual as pessoas dançam em roda com passos valsados, e o ritmo é dado também pelas palmas e batidas dos pés. Em Curitiba, é possível encontrar diversos grupos folclóricos que praticam as danças de determinados países europeus, e que participam há vários anos do Festival Folclórico e de Etnias realizado na capital. Conclusão da aula 3 Após o breve estudo da história da Dança, é possível perceber como esta linguagem passou de uma necessidade individual para uma coletiva, se transformando de dança ritual para divertimento, e posteriormente sendo entendida como Arte. Também é possível compreender porque cada região tem suas danças populares, que carregam a história de determinado povo. Atividade de aprendizagem Descreva no mínimo 3 (três) pensamentos sobre a Dança Contemporânea que existem atualmente, relacionando-os com diferentes trabalhos realizados por grupos e coreógrafos. 47 Aula 4 – Dança na Educação Básica e para populações especiais Apresentação da aula 4 Olá! Seja bem-vindo (a) à quarta e última aula da disciplina de Dança e Atividades Rítmicas. Nesta aula serão abordados conteúdos que trazem possibilidades da dança na Educação Básica e adaptações da dança para grupos especiais. A dança também é trabalhada nas escolas, por isso é importante entender como se dá a relação desta áreado conhecimento neste ambiente educacional, por meio de documentos que norteiam a ação docente e reflexões sobre a importância de suas práticas. Além disso, em diversos espaços de ensino pode ser necessário adaptar a prática da dança para populações especiais, assunto também desta aula. A dança e as pessoas com deficiência Fonte: https://petitedanse.com.br/wp-content/uploads/2017/06/dan%C3%A7a-para-defi cientes-1.jpg 4.1 Breve abordagem histórica da dança na Educação Voltando ao olhar para a história de alguns povos e suas relações com a dança, é possível percebê-la relacionada à educação de diferentes formas. Por exemplo, na China, durante a dinastia dos Chou (1122-255 a.C.), as danças já 48 estavam presentes nas escolas como uma das formas de desenvolver a força física. Já para os gregos, o ensino da dança era obrigatório na formação dos cidadãos desde a infância, buscando assim a harmonia entre corpo e mente. Os filósofos gregos escreviam sobre a importância de se ensinar dança, mas aquela que trabalhava com a harmonia das formas e a disciplina. Em Roma, os jovens tinham aulas de dança nas escolas, mas apenas com o fim militar, ou seja, a preparação física do indivíduo, sem preocupação estética. Mais tarde, a dança é profissionalizada, sendo necessária a contratação de professores por uma determinada classe social. Passando por toda a história da dança já abordada anteriormente, chega- se ao século XX no Brasil, momento em que é possível trazer um pouco da história do ensino de Arte e de Educação Física nas escolas brasileiras, tendo em vista que a dança atualmente aparece como componente curricular dessas duas disciplinas. No ensino de Arte, até a primeira metade do século XX, ensinava-se apenas Canto Orfeônico, Desenho, Música e Trabalhos Manuais nas escolas, de acordo com a pedagogia tradicional da época, ou seja, a transmissão de conceitos e habilidades técnicas. Mais tarde, é trabalhado o “espontaneísmo” nestas aulas, mas ainda nas áreas já mencionadas. Entre 1970 e 1980, exige- se a polivalência do professor de Arte, que deveria trabalhar as quatro linguagens artísticas (Artes Plásticas, Música, Teatro e Dança), que refletiu em um ensino de Arte sem profundidade e qualidade. Enfim, com a LDB 9.394/1996, a Arte passou a ser componente obrigatório na educação básica, priorizando o ensino que faça o aluno experiênciar, apreciar e refletir sobre este campo. Já no campo da Educação Física, é preciso lembrar que a importância dessa disciplina era o desenvolvimento de um corpo saudável, e em 1930, os objetivos dela eram de fortalecer o trabalhador para prevenir doenças e desenvolver a coletividade dos indivíduos. Com a LDB de 1961, a Educação Física passa a ser obrigatória nas escolas, incorporando a ginástica e o esporte. Mais tarde, o ensino dessa área foi dividido em três blocos: esportes, jogos, lutas e ginástica; atividades rítmicas e expressivas; e conhecimentos sobre o corpo. Assim, a dança se insere na Educação Física por meio do segundo bloco de ensino. 49 4.2 Base Nacional Comum Curricular – BNCC Dentre tantos documentos que regulamentam e apoiam a prática docente no ensino básico, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), e as Diretrizes Curriculares Nacionais e as Estaduais (DCN e DCE), é importante entender como a dança é trazida como conteúdo das disciplinas de Arte e de Educação Física. Para isso, serão trazidas algumas definições encontradas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento no qual são definidas as aprendizagens essenciais para todos os alunos, de todas as etapas e modalidades da Educação Básica. Assim, na disciplina de Arte, que visa à criação, crítica, estesia, expressão, fruição, e reflexão do aluno, a dança é vista como uma prática artística, que acontece pelo pensamento e sentimento do corpo, valorizando a investigação e a produção estética, a fim de transformar a visão que os alunos têm de si e do mundo. Dança na disciplina de Arte Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf 50 Já na disciplina de Educação Física, a dança é entendida como uma prática corporal a partir de movimentos rítmicos, com passos e códigos específicos e construídos historicamente, gerando muitas vezes coreografias individuais, em duplas ou em grupos. Dança na disciplina de Educação Física – Ensino Fundamental I Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf Dança na disciplina de Educação Física – Ensino Fundamental II Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf 51 4.3 Propostas de dança na Educação Básica Após a análise dos conteúdos trazidos pela BNCC em diferentes disciplinas, é possível observar que em uma é mais valorizada a investigação do movimento corporal, e nos outros alguns estilos de dança específicos aparecem como prioridades. Assim, esta aula seguirá com propostas do ensino da dança na Educação Básica, visando os dois aspectos apresentados. Mas, para começar, por que ensinar dança nas aulas curriculares da escola? Entre outras possíveis respostas, sua importância se dá na formação integral dos alunos, que têm a oportunidade de conhecer melhor seu próprio corpo, respeitando-o e aprendendo a respeitar seus colegas e as diferenças existentes. A dança também possibilita pensar a criação e a expressão com o próprio corpo, utilizando muitas vezes de seus sentimentos, algo que não é rotineiro nas escolas, ou seja, a dança também tem a capacidade de sensibilizar as pessoas, contribuindo para relações mais harmoniosas. Além disso, tudo isso culmina na formação de um indivíduo criativo e crítico, no sentido de pensar por si só sobre o mundo. Sobre o que ensinar, é importante que o aluno possa apreciar obras de dança, seja no teatro, por vídeos, ou outras formas, e conhecer a história desta linguagem corporal. Quanto à experimentação e criação, podem ser elencados os seguintes conteúdos: consciência/percepção do próprio corpo; investigação de possibilidades de movimentos em cada parte do corpo; fatores do movimento (peso, tempo, fluxo, espaço); como o movimento se dá no espaço (planos, níveis, cinesfera); improvisação de movimentos; composição coreográfica (individual ou em grupos); e contato com diversas técnicas de dança e danças populares. É interessante instigar o aluno a relacionar os conteúdos e suas descobertas com seu cotidiano, tornando o aprendizado mais significativo. Para trabalhar os conteúdos descritos acima, também é importante fazer relação com estudos da anatomia e cinesiologia, lembrando que os trabalhos em grupos estimulam a coletividade dos indivíduos. Quanto às técnicas de dança, é imprescindível lembrar que o objetivo não é formar bailarinos clássicos, modernos, ou de outras técnicas existentes, mas sim mostrar aos alunos que estas técnicas existem e propiciar certo contato com elas. 52 A partir disso, é possível pensar em como ensinar dança nas escolas: orientando os alunos a realizarem tarefas referentes aos conteúdos; dando liberdade para a criação e a expressão individual e do grupo; instigando a partilha das descobertas e criações com os colegas; e prezando por atividades lúdicas, utilizando jogos, brincadeiras, imagens, e materiais como bexigas, cordas, entre outros. Portanto, o professor também deve buscar a criatividade ao elaborar suas aulas. É possível observar que só a dança já tem muitos conteúdos a serem trabalhados na Educação Básica, sendo essencial que o professor saiba reconhecer o que é importante trabalhar com determinada turma, pois nem sempre dá tempo de trabalhar todos os conteúdos. Ainda assim, é importante que o professor mantenha os três pilares aqui apresentados: criação, fruição/apreciação