Prévia do material em texto
Agroecologia A agroecologia consiste em uma proposta alternativa de agricultura familiar socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável. Saiba mais sobre esta alternativa Ecológica com este curso! Introdução • Os Grandes Sistemas Principais de Agricultura Sustentável • Atualmente divide-se os processos agricolas em sete blocos distintos mundiais: a Agricultura Indigena, a Agricultura Tradicional, a Agricultura Convencional ou Moderna, a Agricultura Alternativa ou Agricultura Orgânica ou Agroecologia, a Agricultura Natural, a Agricultura Biodinâmica e a Permacultura. • Estes processos agricolas se distinguem enquanto utilização de seus métodos e formas de condução de seus cultivos. Também se diferenciam em seus processos históricos de formação e no seu impacto sobre o meio social e atividade econômica. • A Agricultura Indigena e Tradicional: o nosso lento despertar histórico • A Agricultura Indigena e Tradicional corresponde à agricultura oriunda de culturas milenares, sumamente adaptadas à seus ecossistemas, e limitadas por seus aspectos físicos, econômicos e culturais, herdados através de séculos de atividades agrícolas. • Não objetiva a produção de alimentos visando o enriquecimento financeiro, mas o estado de satisfação pessoal e familiar, impulsionados pela geração de abundância alimentar e material. Estas necessidades são alicersadas dentro de um estado interior de simplicidade e ausência de padrões elevados de consumismo. Nesta agricultura é notada a íntima integração das atividades agrícolas com o ecossistema. • A Amazônia brasileira é o seu maior exemplo para o mundo de sua imensa importância , nível de eficiência ecológica e sustentável e forma de organização social e cultural. Em seu sistema agrícola inclusive há uma maior preocupação ecológica e um maior respeito à vida silvestre por seus agricultores tradicionais. • Filosóficamente, a Agricultura Indígena e Tradicional, acentua um outro valor ao fenômeno da riqueza e do acúmulo de capital. Em nossa moderna cultura, a riqueza é sobretudo caracterizada pelo dinheiro e seu poder de compra e venda. Nas Culturas Tradicionais, riqueza pode ser caracterizada como todos os elementos constituintes da paisagem, úteis ao desenvolvimento humano. • Em resumo, a Agricultura Indigena e Tradicional é aquele sistema de produção agrícola sustentável, adaptado ao seu ecossistema, que possui níveis de produção aceitáveis porém mais direcionados a subsistência e auto-suficiência agrícola e alimentar dos seus produtores. Sua expanção, manutenção e aprimoramento é fundamental para o Brasil, que precisa vencer o “ monstro da Fome ” para desenvolver-se com maior segurança, pois a Agricultura Tradicional também está em crise. Seus padrões culturais estão sendo stressados pelos padrões mais industriais de produção e consumo, sua cultura tem o risco de se desagregar e sua capacidade de sobrevivência devido a competição pelos recursos naturais cada vez mais possui fatores limitantes. • Agricultura Industrial ou Convencional • É aquele sistema agrícola que possibilita uma produção alimentar em grande escala que ainda está sendo conduzida de forma alienada da vocação e padrão cultural natural do ecossistema ao qual está inserida. Está tendo grandes problemas ambientais, econômicos, sociais e politicos para continuar sua expanção, manutenção e desenvolvimento. • Seus modelos de produção insistem em manter a aplicação, valorização e difusão de tecnologias cada vez mais sofisticadas e dependentes de um consumo que exige altas dosagens de energia e de recursos para sua manutenção. • São grandes doses de energia que são consumidas no fabrico dos produtos, no seu beneficiamento ou industrialização, no seu transporte e comercialização, e que não são direcionadas na busca de uma economia qualitativa e sustentável. Portanto, este modelo econômico industrial, por não ser holístico, privilegia apenas partes do processo de gestão dos recursos disponíveis, e por isso é também considerado um modelo fragmentado ou reducionista. • A principal característica do modelo agrícola convencional dominante é a homogeneização da produção e do ambiente, que apenas serve de substrato produtivo. Isto é devido ao sistema de beneficiamento, que é desenvolvido em consonância com o próprio Parque Industrial. Esta homogeneização por um lado contribui para trazer uma maior segurança na oferta de produtos para este setor, porêm ocasiona a perda da organicidade, ecologia e globalidade do sistema agricola desenvolvido. • Assim, esta agricultura passa a ser subordinada aos interesses comerciais de industrias e de grandes empresas. Torna-se cada vez mais centralizada e concentrada, o que acarreta uma menor distribuição de renda, capital, bens, serviços, que são utilizados apenas por uma minoria privilegiada da população. Talvez seja este um dos grandes motivos para tanta desigualdade social e econômica no mundo da atualidade. • Também este paradigma da Agricultura Convencional, preocupa-se em controlar e não em conviver, com os chamados insetos e ervas daninhas, e busca excluir outros fatores ecológicos e naturais, através do uso de técnicas que possuem em sua base a utilização de produtos químico-sintéticos, engenharia genética industrial, biotecnologia, manejo mecânico intensivo de solos e o direcionamento da propriedade como uma Moderna Empresa Capitalista e não um Organismo Agrícola vivo e eficiente. • • Um organismo agrícola dinâmico e ecológico possui diversas atividades que interagem a nível de solo e na sua relação com a produção vegetal, animal, e com todo o seu ecossistema. É parte do seu ecossistema. E por isso, que introduzir-se sistemas intensivos de produção acarretam diversos problemas ambientais, quando não são equilibrados com a sua necessidade global. Conceito de Agroecologia • A Agroecologia ou Agricultura Orgânica são sistemas que buscam resgatar os conhecimentos tradicionais, aprimorando seu desempenhos ecológicos, tecnológicos e ciêntíficos junto aos processos produtivos, com um custo econômico, energético e ambiental inferior e mais sustentável comparado aos modelos convencionais de produção e ainda podem melhorar significativamente a renda e a qualidade de vida alcançada na Agricultura Tradicional. • Com a crescente decadência das terras, da elevação do custo dos insumos e dos elevados índices de contaminação ambiental, muitos pesquisadores e instituições iniciaram diversas atividades que buscassem a valorização da pequena produção familiar auto- sustentável, e que garantissem produções econômicamente e ambientalmente viáveis. • Steiner, em 1924, desenvolve a Agricultura Biodinâmica. • Howard, em 1943, desenvolve a Agricultura da Fertilidade. • Sykes, em 1945, desenvolve a Agricultura do Humus. • Ossawa, em 1945, desenvolve a Agricultura Natural. • Rodale, em 1948, desenvolve a Agricultura Orgânica. • Fukuoka, em 1950, desenvolve a Agricultura Orgânica. • Walters, em 1955, desenvolve a Agricultura Ecológica. • Albert, em 1960, desenvolve a Agricultura Biológica. • Fisher, em 1978, desenvolve a Agricultura Sustentável. • Boering, em 1980, desenvolve a Agricultura Alternativa. • Hill, em 1982, desenvolve a Agricultura Holística. • Mollison, em 1982, desenvolve a Permacultura. • Este tipo de agricultura é considerada como uma terceira revolução ou “onda”, pois valoriza os aspectos tradicionais com a adequada integração da agricultura com o seu ecossistema envolvido. • Os fatores econômico-produtivos como a eficiência e a produtividade, que obedecem as leis de mercado existentes, são considerados heranças da própria Agricultura Industriale são também valorizados neste sistema de produção. • A Agroecologia segue em geral, os seguintes princípios: • - Enfoca a importância de se criar Agroecossistemas, onde a produção não isola- se do contexto ambiental envolvente. • Utiliza para isto, a visão de que cada propriedade é como um Organismo Vivo, que se dispõe à possuir uma produtividade aceitável, à preservar ao máximo as áreas nativas, respeitando a fauna e a flora silvestre, à manter adequadamente os recursos hídricos locais, e à respeitar e à melhorar a fertilidade dos solos, dando um máximo incremento à biodiversidade, tanto para diminuir o impacto de pragas, como doenças, e fatores erosivos. • - Em seu manejo de solos, oportuniza a adequada recuperação da fertilidade através da adubação orgânica, compostagem dos resíduos, pela proteção das camadas superficiais, através do uso do mulching ou cobertura de palhada; pelo cultivo mínimo, que introduz as semeaduras em áreas ainda cobertas com culturas a serem colhidas. Usa o uso do plantio direto; e de técnicas agrossilviculturais como o plantio em aléias (alley cropping), Taungya, Sistemas Agroflorestais e a própria Permacultura. • - Na escolha de seus cultivares, busca incentivar um melhoramento genético que propicie uma maior resistência às plantas em relação ao clima, ao ataque de doenças e pragas, à acidez, e que tenham menor dependência no uso dos adubos minerais e orgânicos e uma maior produtividade. • - No seu sistema de cultivo, propõe modelos de consórcio, que aproveitem a alelopatia (relações realizadas à nível de rizoma que desenvolvem acréscimos na produção através da influência de substâncias enzimáticas produzidas pelas próprias plantas), um maior aproveitamento de diferentes espécies por unidade de área; a rotação de cultivos com a introdução de adubos verdes; e o isolamento de glebas e construção de cercas-vivas através do uso de quebra-ventos. • - Em relação aos aspectos nutricionais, sabe- se que os teores de vitaminas dos alimentos produzidos agroecologicamente chegam a possuir quase 10 vezes mais teores de vitaminas e sais minerais. Tanto o sabor, a durabilidade e o tempo de conservação, são comprovadamente muito maiores, devido a terem doses menores de substâncias nitrogenadas como nitritos e nitratos e uma nutrição e manejo de adubação mais orgânica. • - Em relação à questão política, esta agricultura possui amplos incentivos atualmente na Europa, sobretudo na França, na Inglaterra e Alemanha, pois utiliza cerca de 400 % a menos de energia, e mantêm as áreas nativas de proteção da fauna e da flora mais intocadas possíveis. • O seu desenvolvimento depende de uma opção política e ética, que podem ser conduzidas principalmente pelos governos que realmente se preocupam com seus recursos naturais, pois esta agricultura desafia de certo modo a preponderância e a manipulação do capital internacional sobre a grande massa de produtores, trabalhadores rurais, consumidores e o próprio ambiente. • É estimativa da Federação Internacional de Agricultura Orgânica (IFOAM), que a Agricultura Orgânica terá um rápido desenvolvimento nos próximos anos, principalmente nos paises como os EUA, Japão e Comunidade Européia, podendo chegar em níveis competitivos inclusive com os obtidos através da Agricultura Convencional, devido principalmente aos mercados que estão cada vez mais interessados em seus produtos. • É interessante destacar que esta expansão da Agroecologia nestes países de 1o. mundo, dá- se pela exigência dos mercados, que já possuem um nível de conscientização que perceberam as vantagens nutricionais, no teor de vitaminas e de sais minerais, na palatabilidade, sabor e durabilidade dos produtos agroecológicos . • Lentamente estes governos percebem também as vantagens ecológicas e de economia de energia, e aí se interessam em até incentivar e subsidiar esta agricultura. Nos países subdesenvolvidos, esta opção baseada nos valores nutricionais não é tão relevante. • As opções de preço ainda é que dirigem a expansão dos mercados, e a maioria da população opta pelos produtos mais “em conta”. Este é um dos compromissos que os agricultores ecologistas devem assumir: produzir alimentos em larga quantidade, com preços mais populares e acessíveis à grande maioria do população, senão põem em risco, os próprios valores éticos e o próprio paradigma holístico que esta agricultura está inserida. Outro detalhe importante, é a definição dos rumos da agricultura sustentável: para países de clima mais temperado. Não resta muitas opções, a não ser recuperar seus solos, despoluir seus rios, conter a emissão de gases tóxicos, que produzem as chuvas ácidas, e incentivar a formação de modernos Organismos Agrícolas diversificados. A agricultura alternativa que mais evoluiu nestes países é a Agricultura Biodinâmica. A ética na Agroecologia • Ainda que possa parecer demasiado filosófico, nunca é demais enfatizar que a Agroecologia tem como um de seus princípios a questão da ética, tanto no sentido estrito, de uma nova relação com o outro, isto é, entre os seres humanos, como no sentido mais amplo da intervenção humana no meio ambiente. • Ou seja, a nossa ação ou omissão podem afetar positiva e/ou negativamente a outras pessoas, aos animais ou a natureza. As escolhas que fazemos podem estar determinadas apenas e tão somente por um desejo de consumo ou lucro individual – características das sociedades capitalistas, assim como podem ser balizadas por princípios de ética ou valores. • Logo, poderíamos dizer que a ética é a “reflexão sobre as atitudes e ações apropriadas com respeito aos seres e processos com relevância, onde a relevância tem que ver com o fato de que estes seres e processos têm importância em si mesmos” (HEYD, 2003). • A ética ambiental está centrada na reflexão sobre comportamentos e atitudes adequadas em vistas a processos e seres de relevância, em um determinado contexto, no caso o ambiente onde vivemos e no qual intervimos para realizar nossas atividades agrícolas. • Como no contexto de qualquer atividade, onde determinadas formas de agir ou determinadas práticas podem ser consideradas corretas ou incorretas, também nossas ações no marco do meio ambiente podem ambiente se tem como incorreto – ou moralmente problemático – jogar lixo tóxico no mar, ou formar um grande lixão que vai poluir águas superficiais ou subterrâneas de uma determinada zona. • Isto é, a ética ambiental procura orientar como deveria ser nossa ação quando ela pode vir a afetar outros seres. Nesta perspectiva, vale ressaltar que estaremos diante de certos compromissos e responsabilidades que assumimos pessoalmente como indivíduos, para atender nossos desejos, ou que passamos a adotar como atitudes normais em razão de imposições de uma parte da sociedade. • Logo, a ética ambiental, além de ser um compromisso pessoal, pode passar a ser um requisito de uma dada sociedade que tenha a busca da sustentabilidade entre seus objetivos. Técnicas Agroecológicas • É comum que logo depois de uma aplicação de agrotóxicos as plantas sofram ataques ainda mais fortes, obrigando o agricultor a recorrer a venenos mais fortes ainda. • Adubação verde • A adubação verde é o cultivo de plantas que estruturam o solo e o enriquecem com nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e micronutrientes. As plantas de adubação verde devem ser rústicas e bem adaptadas a cada região para que descompactem o solo com suas raízes vigorosas e produzam grande volume de massa verde para melhorar a matéria orgânica, a melhor fonte de nutrientes para a planta. • Adubação orgânica • A adubação orgânica é feita através da utilização de vários tipos de resíduos,tais como: esterco curtido, vermicomposto de minhocas, compostos fermentados, biofertilizantes enriquecidos com micronutrientes e cobertura morta. Todos esses materiais são ricos em organismos úteis, macro e micro nutrientes, antibióticos naturais e substâncias de crescimento. • Adubação Mineral • A adubação mineral é feita com adubos minerais naturais de sensibilidade lenta, tais como: pó de rochas, restos de mineração, etc. Estes adubos fornecem nutrientes como cálcio, fósforo, magnésio, potássio e outros, em doses moderadas, conforme as necessidades da planta. • Não usar agrotóxicos • Os agrotóxicos, além de contaminar as águas, envenenar os alimentos, matar os inimigos naturais dos parasitas e contaminar quem os manuseia, desequilibram as plantas, tornando- as mais suscetíveis. • É comum que logo depois de uma aplicação de agrotóxicos as plantas sofram ataques ainda mais fortes, obrigando o agricultor a recorrer a venenos mais fortes ainda. • Não usar adubos químicos solúveis • Este tipo de adubação é a causa de dois problemas sérios: a morte de microorganismos úteis do solo e a absorção forçada pela plantas, pois estes sais, além de se solubilizarem na água do solo, apresentam-se em altas concentrações. Este processo resulta em desequilíbrio fisiológico da planta, deixando-a suscetível aos parasitas. • Usar defensivos naturais • Defensivos naturais são produtos que estimulam o metabolismo das plantas quando pulverizados sobre elas. Estes compostos, geralmente preparados pelo agricultor, não são tóxicos e são de baixo custo. Como exemplos podemos citar: biofertilizantes enriquecidos, água de verme composto, cinzas, soro de leite, enxofre, calda bordalesa, calda sulfocálcica, etc. • Combinação e rotação de culturas • Esta consiste em cultivar conjuntamente plantas de diferentes famílias, com diferentes necessidades nutricionais e diferentes arquiteturas de raízes, que venham a se complementarem. Como, por exemplo, o plantio conjunto de gramíneas (milhos) e leguminosas (feijão). • Também podem ser utilizadas plantas consideradas inços, pois elas são bem adaptadas, retiram nutrientes de camadas profundas, colocando-os em disponibilidade na superfície e produzem grande volume de biomassa. • Antes de implantar a cultura, estas plantas são incorporadas através de aração rasa para que se decomponham e deixem os nutrientes disponíveis às culturas. No caso dos pomares, são deixadas na superfície e controladas com roçadas baixas. Como exemplo podemos citar o caruru, o picão branco, o nabo, a samambaia etc. A Adubação Orgânica • Sempre que possível e econômica, a adubação orgânica deve ser efetuada. Para a cana-de- açúcar, o uso de vinhaça e torta de filtro, resíduos importantes da agroindústria canavieira, representam importantes aportes de matéria orgânica e de potássio e fósforo, respectivamente. • A manutenção da palhada sobre o solo também garante importante reciclagem de nutrientes, principalmente de potássio e nitrogênio. Quanto à adubação orgânica, todas as fontes de material orgânico que não contenham elementos tóxicos ou contaminantes podem ser utilizadas. É necessário lembrar que as fontes orgânicas não contém todos os nutrientes em quantidades balanceadas. Portanto, pode ser necessário adicionar, também, adubos químicos. • Para a cana, os resíduos das usinas, como a torta de filtro e a vinhaça, são excelentes fontes de fertilizantes orgânicos. Os compostos formados com essas fontes são, também, de grande eficiência e podem ser adicionados a outros resíduos, como a cama de frango, palhadas, restos de cultura, dejetos animais, lixo orgânico e lodo de esgoto, desde que não contenham metais. • A adição de matéria orgânica melhora, consideravelmente, as características físicas e biológicas do solo. • Os maiores benefícios constatados são: • redução do processo erosivo; • maior disponibilidade de nutrientes às plantas; • maior retenção de água; • menor diferença de temperatura do solo durante o dia e a noite; • estimulação da atividade biológica; • aumento da taxa de infiltração; • maior agregação de partículas do solo. • A adubação orgânica tem, ainda, outros aspectos bastante favoráveis. Ela utiliza resíduos cujo descarte causaria impactos ambientais. Outro ponto forte desse tipo de adubação é o seu tempo de duração. O processo de absorção dos nutrientes orgânicos envolve decomposição e mineralização. Assim, a adubação orgânica é uma fonte de nutrientes lenta e duradoura. • Contudo, a composição nutricional da adubação orgânica, em alguns casos, pode não ser balanceada, devido à origem da matéria-prima empregada nesse tipo de adubação (Tabela 1), tornando-se necessária a complementação com fertilizantes minerais. • O maior empecilho do emprego da adubação orgânica em grandes áreas é a falta de equipamentos adequados para a aplicação no campo, pois, geralmente, são materiais com alto teor de umidade, o que torna a atividade pouco eficiente e demorada em relação à adubação mineral. • Estercos de origem animal • Dos adubos orgânicos, o esterco animal é considerado o mais importante, sendo que seu principal nutriente é o nitrogênio. Sua composição química possui outros elementos, como o fósforo e o potássio. Apesar de ser bastante rico em nutrientes, pelo fato de a concentração dos elementos químicos presentes no adubo ser desbalanceada, o esterco animal deve ser aplicado e complementado por doses adicionais de fertilizantes minerais. A mistura de esterco com adubos fosfatados tem mostrado excelentes resultados, pois além de ajudar a reter o fósforo no solo, reduz as perdas de nitrogênio. • Compostos • O composto é resultado da decomposição de restos vegetais. A decomposição pode ser feita com o auxílio de camadas superficiais de terra ou esterco animal que, pela presença de grande quantidade de microrganismos, aceleram a decomposição do material vegetal. A decomposição dos restos vegetais também é possível por meio da adição de corretivos, como o calcário e a uréia na mistura. • Os compostos podem possuir diferentes quantidades de carbono, nitrogênio e outros nutrientes. A relação entre as quantidades de carbono e nitrogênio e carbono e fósforo dá uma idéia do tempo de liberação dos nutrientes no solo. Assim, é possível prever quando será necessária uma nova aplicação. • Lodo de esgoto e lixo urbano • Os lodos de esgoto, embora muito carentes em potássio, possuem elevados teores de fósforo. Por sua vez, o lixo urbano é rico em nutrientes importantes para as plantas. Porém, a aplicação deles exige alguns cuidados, pois há possibilidade da presença de patógenos e metais pesados em ambos. • O lodo de esgoto ou biossólido e o lixo urbano são recomendados como fonte de nutrientes, principalmente para a manutenção de parques e jardins, culturas de interesse madeireiro ou para produção de alimentos, desde que o produto da colheita, durante seu desenvolvimento, não tenha tido contato direto com o lodo, como exemplo, as espécies frutíferas. • Vinhaça Além de ser uma excelente fonte de potássio, a vinhaça é também fonte de muitos outros nutrientes, como nitrogênio, cálcio, magnésio, zinco e cobre. A vinhaça é recomendada conforme a fertilidade do solo e o tipo de mosto responsável por sua obtenção. Sua aplicação nas propriedades agrícolas tem sido responsável por aumentos de pH e notável elevação da atividade biológica do solo. • A quantidade de vinhaça a ser aplicada na propriedade varia de 60 a 250 metros cúbicos por hectare, conforme a concentração de potássio existente no solo. A aplicação da vinhaça é uma boa opção para os produtores de cana-de-açúcar, pois, como é gerado pela indústria canavieira, sua obtenção é relativamentefácil. • Torta de filtro • Assim como a vinhaça, a torta de filtro também é um resíduo gerado nas etapas de produção da agroindústria canavieira. Isso facilita a sua obtenção para o produtor de cana-de-açúcar. • Além de possuir alto teor nutricional já no primeiro ano de aplicação, a torta de filtro é capaz de liberar grande quantidade dos seus nutrientes no solo. Outra boa característica é sua capacidade de reter água e de manter a umidade do solo. • O resíduo umidecido pode ser aplicado na cultura da cana-de-açúcar em área total, com uma concentração de 80 a 100 toneladas por hectare. No sulco do plantio pode ser aplicada com uma concentração de 15 a 30 toneladas por hectare e, nas entrelinhas, com uma concentração de 40 a 50 toneladas por hectare. Manejo e conservação do solo • Além de ter uma preocupação com a fertilidade, devemos observar formas que garantam a conservação do solo. Destacam-se as seguintes técnicas: • a) Rotação de Culturas : • Essa técnica consiste numa prática de alternar o cultivo em uma determinada área, assim podemos utilizar vários sistemas de rotação, sendo muito importante utilizar culturas comerciais e adubos verdes, observando-se alguns critérios: famílias botânicas, exigências de nutrientes, e sistemas radiculares diferentes. • A rotação de cultura procura utilizar sistemas de produção que abrangem uma maior biodiversidade (maior quantidade de espécies de plantas, o que se aproxima mais da natureza). Portanto, cabe ao produtor usar a sua criatividade. • B) Cobertura do Solo : • Nas épocas mais quentes do ano, quando altas temperaturas ocorrem quase todos os dias, é muito importante a utilização de uma cobertura. Isso protege o solo contra o calor e também contra o impacto da chuva e a ação dos ventos, reduzindo as perdas de solo provocadas pela erosão. Essa cobertura pode ser morta (matéria orgânica) ou viva (plantas). • A cobertura morta pode ser feita com materiais disponíveis na pequena propriedade, tais como palhas, bagaço de cana, cascas de árvores, capim picado. Mas deve-se tomar o cuidado de utilizá-los após uma secagem inicial, o que reduz as queimas nas plantas, provocadas pela fermentação, e desequilíbrios na relação carbono nitrogênio. • A cobertura viva é feita com a manutenção da vegetação nativa, quando a cultura apresentar maior altura que o mato. O que é duplamente importante porque reduz a necessidade de limpas. Outra forma de cobertura viva é o emprego de adubo verde (já mencionado). • Este sistema apresenta maiores vantagens, pois as massas de raízes promovem o desenvolvimento da vida do solo. • C) Cultivo de Culturas em curvas de Nível: • É uma prática que reduz a velocidade da enxurrada, fazendo com que a água infiltre no solo e diminua os danos. Para marcação das linhas de mesmo nível no terreno pode-se utilizar instrumentos como nível de mangueira (usado por pedreiros) e nível pé de galinha. • O processo consiste em localizar pontos de mesma altura no terreno e cultivar seguindo essas linhas. Dessa forma, acontece uma infiltração gradual da água no solo, evitando o escorrimento na superfície e na erosão. Uso racional da água • O uso racional da água inclui o plantio de quebra ventos, que evitam a evaporação, bem como o uso de cobertura morta que ajuda a manter a umidade do solo, reduzindo a demanda por água. • Os sistemas orgânicos devem dar preferência ao uso da irrigação localizada por micro aspersão, gotejamento, sub irrigação ou mangueiras perfuradas, sempre com o cuidado de não molhar as folhas das plantas para não deixá-las muito úmidas, o que pode causar doenças. Controle de pragas e doenças • As pragas são fruto do cultivo de grandes áreas de monocultura. Os insetos, por falta de diversidade de plantas, causam maiores danos às plantações. • Na agricultura orgânica busca-se um equilíbrio ambiental, onde os insetos fazem parte do ecossistema. Para isso, e para produzir alimento suficiente para as populações de insetos, mantém-se sempre uma maior diversidade vegetal. • Formas de prevenção de algumas doenças • O controle de doenças fúngicas e bacterianas é possível com a utilização de uso de produtos alternativos. • Calda Bordalesa : • A calda bordalesa surgiu na França na cidade de Boudeux, e consiste em uma mistura de sulfato de cobre com cal virgem diluídos em água. Seu uso é permitido na agricultura orgânica por ser o cobre um produto pouco tóxico, e por melhorar o equilíbrio nutricional das plantas. O preparo da calda é muito simples e a sua eficiência muito grande, consegue tratar muitas doenças em sua maioria de origem fúngica. Ingredientes: - 200 gr de Sulfato de cobre - 200 gr de Cal virgem - 10 litros de Água • Preparo de 20 litros da calda: • Coloca-se as 200 gr de sulfato de cobre em um pano fino, fazendo um sache. • Em seguida coloca-se 5 litros de água em um balde plástico, deixando o sulfato de cobre amarrado próximo à superfície da água por um dia. Em outro recipiente se mistura, aos poucos, as 200 gramas de cal virgem com água, até completar um total de 5 litros de água. • Depois se mistura, num recipiente maior, as duas soluções, colocando primeiro o cal e, depois, vagarosamente, o sulfato de cobre. O próximo passo é coar a mistura com um pano e colocá-la num pulverizador, completando com água até atingir 20 litros. • Antes de utilizar a mistura deve ser calibrada quanto à acidez. O teste deve ser feito pingando-se uma gota da solução em uma lâmina de uma faca ou canivete. Deve-se observar se a lâmina apresenta coloração avermelhada. • Caso apresente, deve-se acrescentar à solução mais leite de cal, até que a mesma não mude mais a coloração durante o teste. Neste caso a solução está pronta para o uso. • Extrato de Primavera (bouganvillea): • A sua função é combater doenças causadas por vírus, portanto, de combate mais difícil. Entretanto, este extrato tem mostrado grande eficiência, conseguindo não somente inibir as lesões locais sobre as folhas, mas também os sintomas sistêmicos (internos) desenvolvidos posteriormente. Ingredientes: - 1 litro de folhas de primavera - 1 litro de água preparo : • Colocar as folhas de primavera roxa ou rosa (de preferência as folhas mais velhas) e bater no liquidificador. Coar com um pano fino diluir em 20 litros de água, acrescentando uma colher de chá de sabão em pó. É só agitar bem e ela estará pronta para pulverizar sobre as plantas doentes. Formas alternativas de controle de insetos • Uso de Armadilhas: • É muito eficiente, pois coleta os insetos adultos responsáveis pela reprodução. • Podem ser feitas com garrafas pet com lâmpadas e bacias com água ou com querosene em latas e pavio para conter os insetos de hábitos noturnos. • Uso de Caldas Repelentes: • É muito eficiente, pois coleta os insetos adultos responsáveis pela reprodução. • Podem ser feitas com garrafas pet com lâmpadas e bacias com água ou com querosene em latas e pavio para conter os insetos de hábitos noturnos. • Há muitas caldas que servem para controle dos insetos, e em cada região se utiliza as plantas locais que dispomos para seu preparo. Seguem algumas sugestões: • Extrato de mandioca (manipueira) • É resultado da prensagem da mandioca e tem aspecto leitoso. • O extrato pode ser usado para o controle da formiga saúva. Para tanto,utilize 2 L da manipueira em cada olheiro do formigueiro, repetindo, se necessário, após 5 dias. • Na horta pode ser usado para tratamento prévio dos canteiros, contra o ataque de fungos do solo e nematóides (vermes que vivem no solo), regando o canteiro com 4 litros de extrato por metro quadrado, 15 dias antes do plantio. Outras indicações de uso são contra ácaros, pulgões e lagartas. É importantenão armazenar e ter cuidado no manuseio, pois o ácido cianídrico, presente no extrato, é tóxico. Extrato de Nim: Ingredientes: • - 25 a 50 g de sementes de Nim • - 1 L de água • O Nim é uma planta de origem indiana que tem um grande potencial como inseticida, fungicida, bactericida e vermífugo. • Preparo : • Retire a polpa dos frutos e seque as sementes na sombra. Após moêlas, coloque em pano e amarre, coloque em um recipiente com a água e deixe descansar tampado por um dia. Coe, adicione 10 L de água e pulverize as plantas. A solução é indicada no combate de mosca branca, pulgão, barata, traça do amendoim, lagarta, percevejo e mosca doméstica. Lembre- se que o extrato é tóxico aos peixes. Conclusões • A agroecologia surge como uma oportunidade para os pequenos e médios produtores da agricultura familiar e uma alternativa à agricultura convencional, que é responsável pela produção de alimentos no nosso país. O cultivo agroecológico deve ser encarado como uma filosofia que traga mudanças de atitudes em busca de uma melhor qualidade de vida. • A agroecologia é considerada uma forma de produção alternativa. O termo Agricultura Alternativa é usado para definir uma forma de cultivo onde a produção não prejudica o meio ambiente e mantém a qualidade da terra e da saúde dos produtores e dos consumidores. Ao longo do tempo, surgiram diferentes segmentos para essa prática: orgânica, biológica, biodinâmica, natural e, por último, a permacultura. • Cada um destes segmentos adota determinados princípios, tecnologias, normas, regras e filosofias, segundo as correntes em que estão inseridas. Bibliografia Recomendada - Altieri, Miguel A. A Agroecologia: bases científicas da Agricultura Alternativa. Aspta. Rio de Janeiro. 1989 - Costa, Manoel B. B. da. A Agricultura Moderna: uma saída em relação às diversas vertentes da agricultura alternativa. Curitiba. SEAG - Pr. 1.988. Vídeos Recomendados • Clique AQUI: Ecoideias - 01/06/2014 - Agroecologia • Clique AQUI: Good News: Agroecologia pode ser mais lucrativa e melhor para o meio ambiente • Clique AQUI: 3 mitos que você sempre ouviu sobre a agroecologia - mas ninguém teve coragem de negar. https://www.youtube.com/watch?v=fhLgOcdQgv0 https://www.youtube.com/watch?v=ebLoeAvyP6o https://www.youtube.com/watch?v=FpEL21Lr8kk FIM