Buscar

A PANDEMIA DA COVID19 UM OLHAR SOBRE O RELACIONAMENTO ESCOLA FAMÍLIA

Prévia do material em texto

FACULDADE DA REGIÃO SERRANA
ENSINO DE MATEMÁTICA
ROBERTA TAVARES DOS SANTOS
	
A PANDEMIA DA COVID19: UM OLHAR SOBRE O RELACIONAMENTO ESCOLA x FAMÍLIA DURANTE O ENSINO REMOTO PARA CRIANÇAS DE 3 A 5 ANOS.
RECIFE
2021
A PANDEMIA DA COVID19: UM OLHAR SOBRE O RELACIONAMENTO ESCOLA x FAMÍLIA DURANTE O ENSINO REMOTO PARA CRIANÇAS DE 3 A 5 ANOS.
Roberta Tavares dos Santos¹
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
Resumo: A chegada da pandemia da COVID-19 e seu posterior agravamento, os poderes público e privado, em suas diversas esferas, adotaram o ensino remoto com o objetivo de reduzir os impactos na educação infantil devido a suspensão das aulas presenciais. Para isso, foi necessário que escolas e famílias se adequassem à nova realidade. Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo de caso, em uma turma de educação infantil, formada por crianças na faixa etária de 3 a 5 anos de uma escola privada e seus responsáveis, situada na Cidade do Recife-PE. Para este estudo foi utilizada uma abordagem quanti-qualitativa, com o objetivo de conhecer o relacionamento entre escola-família com a chegada do ensino remoto e o modelo de home-office. Ao término do trabalho ficou evidenciado que o ensino remoto, provocou muitas reflexões acerca das relações entre família e escola, no que diz respeito à qualidade do acolhimento oferecido no primeiro momento.
PALAVRAS-CHAVE: COVID-19. Remoto. Educação. Infantil. Home-Office
__________________________
¹robertatspe28@gmail.com
1. Introdução
 Em dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) é informada da existência de vários casos de pneumonia em Wuhan, China. Em 07 de janeiro de 2020, autoridades chinesas haviam descoberto que se tratava de um tipo de coronavírus, sendo denominado de (SARS-CoV-2).
 Em março de 2020, a OMS declarou estado de pandemia proveniente da rápida disseminação do novo coronavírus, transmissor da COVID-19. Considerada como uma doença grave, de baixa letalidade e de rápida transmissão (OPAS, 2020). No mês de abril, esse número salta para 1,6 bilhões de crianças e jovens afastados das escolas em 191 países, o que representa em torno de 90,2% da população estudantil mundial (UNESCO, 2020). 
 É importante destacar que as tecnologias de informação e educação existentes, possibilitaram a continuidade do ano letivo de 2020, neste momento ímpar. Com a educação infantil sendo substancialmente impactada durante a pandemia. Sem a vivência da sala de aula, o fazer pedagógico naquele momento teve de ser reformulado, levando o planejamento do ensino presencial do ano de 2020 a ser engavetado. Havendo a partir daí um realinhamento das práticas pedagógicas. Tornando necessário aos professores buscarem alternativas e práticas pedagógicas inovadoras para que os danos fossem minimizados. No que diz respeito aos responsáveis pelas crianças, a pandemia trouxe momentos também desafiadores, uma vez que as suas rotinas profissional, pessoal e domiciliar foram afetadas pelas medidas de contingência.
 Além da interrupção das atividades escolares presenciais, a pandemia levou algumas empresas a modificarem seus sistemas de trabalho com a adoção do modelo Home Office. A residência precisou ser incorporada ao mundo profissional e o cotidiano passou a ser constituído pelas demandas domésticas, escolares e laborais. Posto que a pandemia impactou todos os níveis da educação, selecionamos a educação infantil, pois em seu contexto sofreu impactos próprios, onde a proposição principal se baseia no contato social e na ludicidade.
 Nesta conjectura, é válido salientar que crianças da Educação Infantil, na faixa etária que este estudo apresenta, não possuem autonomia para direcionar sua rotina de aprendizado. Essa ausência da mediação presencial do professor, tornou necessária a presença de seus responsáveis para direcionar a rotina escolar. “Em escala nacional, estadual ou municipal, apesar de todos os esforços empregados pelos atores deste cenário, foi notório que os sistemas de ensino esbarraram na fragilidade da educação.” (Souza, et al, 2020, tradução nossa).
2. Metodologia
 Trata-se de estudo de caso com abordagem e uso de dados primários que, segundo Yin (2001), é uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, sendo que os limites e o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.
 A metodologia utilizada é quanti-qualitativa que, para Flick (2009), a combinação entre os métodos qualitativos e quantitativos, visa fornecer um quadro mais geral da questão em estudo. “A abordagem qualitativa é um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humano” (CRESWELL, 2010). “A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza a quantificação nas modalidades de coleta de informações e no seu tratamento, mediante técnicas estatísticas,” (MICHEL, 2005).
 O grupo foi escolhido dentro de alguns critérios, escola privada, idade do grupo escolar e pais em home-office. Como instrumento de coleta de dados, foi aplicado um questionário semiestruturado, através da plataforma Google Forms. Participaram da pesquisa 11 famílias, com crianças de faixa etária entre 3 e 5 anos de uma escola privada. O grupo está situado na Cidade do Recife-PE.
3. Revisão Bibliográfica
 Segundo a OPAS (2020), a COVID-19 é uma doença infecciosa e de rápido contágio, causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). No mês de março de 2020, a OMS declarou estado de pandemia, pois a disseminação em escala mundial já havia sido constatada (VICK, 2020, tradução nossa).
 Segundo Medeiros (2020), no período inicial do decreto da pandemia, a preocupação principal foi com um possível colapso no sistema de saúde. Para mitigar os impactos, diversas medidas de isolamento social foram instituídas. No âmbito da educação, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 343 de 17 de março de 2020. 
Art. 1º Autorizar, em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais, em andamento, por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação, nos limites estabelecidos pela legislação em vigor, por instituição de educação superior integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017.
 Cabendo a ela considerar as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Conselho Nacional de educação (CNE), através do art. 1º, parágrafo único da Lei 14040 de 18 de agosto de 2020. 
Art. 1º Esta Lei estabelece normas educacionais a serem adotadas, em caráter excepcional, durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.Parágrafo único. O Conselho Nacional de Educação (CNE) editará diretrizes nacionais com vistas à implementação do disposto nesta Lei.
 Convertendo as aulas na modalidade presencial para aulas oferecidas em meios digitais. Essa medida foi tomada inicialmente por 30 dias (MEC, 2020).
 Atrelada à Portaria acima mencionada, a alteração do calendário escolar também foi permitida, modificando o período de férias. A Portaria nº 544 de 16 de junho de 2020, revoga as anteriores e amplia o teletrabalho até 31 de dezembro de 2020 (MEC, 2020). Em decorrênciaao fechamento das escolas, uma média de 4 milhões de crianças em idade pré-escolar, no Brasil, foram afastadas do ensino presencial (CENSO ESCOLAR, 2020). 
 Diante disto, o uso das tecnologias digitais e os ambientes virtuais foram essenciais para a continuidade do ano letivo de 2020 (Alves et al, 2020). Para Rondini (2020), o Ensino Remoto Emergencial (ERE) diz respeito às atividades de ensino mediadas por tecnologias, mas orientadas pelos princípios da educação presencial.
 O ensino Remoto se assemelha ao ensino híbrido, onde há uma abordagem pedagógica que combina atividades presenciais e online realizadas dentro ou fora do espaço escolar (BACICH et al, 2015). Sendo assim, se pode afirmar que o ensino remoto é uma estratégia pedagógica e que, embora os atores educacionais continuem sendo os professores e o aluno (GROSSI, 2020), a família tem a participação mais ativa do que no ensino presencial.
 Diante da situação pandêmica, vários estudos têm sido elaborados com o intuito de identificar as consequências do isolamento social na vida das pessoas. Alguns estudos, em diferentes contextos que contornam o isolamento social, afirma que “os principais fatores de estresse identificados, sobressaem o efeito da duração do período de quarentena. Há receios em relação ao vírus, frustação, diminuição de rendimentos, informação inadequada e o estigma” (Maia BR; Dias PC, 2020).
No que se refere à mudança na forma de trabalho presencial para o modelo do home-office dos responsáveis:
De acordo com a Organização internacional do Trabalho (OIT), o trabalho remoto ou home office -- termo comumente utilizado no Brasil para definir esta modalidade – pode ser definido como atividades realizadas em espaços diferentes dos escritórios centrais, sendo a integração entre os profissionais mediada por tecnologias digitais. (OIT, 2017; Zerbini & Zerbini, 2020).
 Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), 46% das empresas adotaram o modelo home-office durante a pandemia. 
 Neste contexto, além do home-office e das atividades domésticas, pais e/ou responsáveis ficaram incumbidos de realizar o papel de educadores em seus lares, (LAGUNA, 2020). A imposição do isolamento social, implicou às famílias a responsabilidade em assumir a educação formal das crianças. De acordo com Torres et al (2020), apesar de a maioria dos responsáveis não possuírem formação de professor, e mesmo que tivesse, são vistos pelas crianças como cuidadores e não como seus docentes.
 Um dos estudos analisados afirmou que:
“De um lado, as situações de paralisação total dos processos presenciais e virtuais que naturalmente geraram o contexto mais problemático, pois a forte ruptura dos processos de ensino aprendizagem no contexto pandêmico, transborda fortes limitações para a absorção integral dos conteúdos no período pós-pandemia, com a volta de ciclos acadêmicos compactados” (Moreira et al,2020).
 “A escola é um lugar de interações sociais que se voltam intencionalmente para a aprendizagem de conhecimentos. Estes conhecimentos envolvem habilidades adquiridas nos planos de ensino” (DALBEN, 2020). Para Wallon (1986), a evolução da criança é feita de contrastes, associações e assimilações relativos ao meio que ele pertence.
 Carvalho et al (2020), afirmam que a educação infantil necessita de um cuidado criterioso, pois é responsável pela construção inicial de um ser em formação. Segundo um dos estudos consultados, é o período de maior desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e físico. Nesta fase é um ser frágil e ao mesmo tempo potente, que precisa ser acolhido e respeitado.
 O apoio dos pais e/ou responsáveis foi fundamental para que os alunos pudessem organizar uma nova rotina e aprender com as ferramentas digitais (GIZZO et al, 2020). 
 Em abril de 2020, o Conselho nacional de Educação (CNE), elaborou diretrizes sobre as práticas que estados, municípios e escolas devem adotar durante a pandemia.
“Educação infantil – A orientação para creche e pré-escola é que os gestores busquem uma aproximação virtual dos professores com as famílias, de modo a estreitar vínculos e fazer sugestões de atividades às crianças e aos pais e responsáveis. As soluções propostas pelas escolas e redes de ensino devem considerar que as crianças pequenas aprendem e se desenvolvem brincando prioritariamente.”
 De acordo com o estudo do IRB / Iede, com secretarias municipais, a comunicação entre escola-família, foi feita de três maneiras: internet, via WhatsApp e e-mail; ligação telefônica ou com atendimento presencial previamente agendado. Segundo o Datafolha (2021), indicou que 44% dos pais não receberam orientação da escola de como conduzir o processo de aprendizagem. 
 Grande parte das escolas da rede privada tem empreendido esforços para dar continuidade ao ensino de forma ininterrupta e, tanto quanto possível, estável. “[...] os procedimentos tecnológicos têm efeitos de poder específicos, obedecem a funcionamentos lógicos próprios e podem produzir uma alteração fundamental nas instituições da ordem e do saber” (CERTEAU, 1998, p. 116).
 Objetivos 
 O objetivo deste trabalho é conhecer o relacionamento escola-família após a chegada da pandemia da COVID-19. No âmbito da relação escola-família, após a inserção da modalidade do ensino remoto e a chegada concomitante do home-office. O estudo é realizado em uma turma de educação infantil, na faixa etária compreendida entre 3 e 5 anos e seus respectivos pais e/ou responsáveis. 
5. Resultados e Discussões
 Neste tópico serão apresentados os resultados e discussões da pesquisa com pais e/ou responsáveis, considerando os objetivos desse estudo e com a finalidade de fazer a descrição do cotidiano das famílias com crianças na faixa etária pertencentes à educação infantil. 
 Para a apresentação dos resultados, separamos os participantes em grupos, onde denominamos da seguinte forma: 
Responsável 1 – Primário (4 a 5 dias/semana); 
Responsável 2 – Secundário (2 a 3 dias/semana);
Responsável 3 – Terciário (1 a 2 dias/semana).
 A tabela 1, nos traz os percentuais do total de avanços por faixa etária, onde revela uma predominância entre as idades 3 e 4 anos, da ordem de 72,8%. E mostra o ano escolar correspondente que compõe a educação infantil na escola que é objeto deste estudo. Há uma prevalência no Infantil III e IV, com um total de 90,9%. 
 A tabela 1, traz a quantidade de crianças participantes e suas faixas etárias. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fazem parte da Educação Infantil, crianças com idades correspondentes ao estudo. Devido à suspensão das aulas presenciais, todos os níveis da educação foram atingidos. Famílias com crianças na primeira infância (0 a 5 anos), defrontaram maiores desafios, pois é nesta faixa etária que se inicia a alfabetização (ACN et al 2020). 
Tabela 1- Idade das Crianças
	Idade (anos)
	Quantidade
	Percentual (%)
	2 (Infantil II)
	2
	18,2
	3 (Infantil lll)
	4
	36,4
	4 (Infantil IV)
	4
	36,4
	5 (Infantil V)
	1
	9,1
	Total
	11
	100
Fonte: Próprio autor
 A tabela 2, traz o número de responsáveis por conduzir as crianças no momento das aulas, conforme a frequência do acompanhamento. Há uma frequência maior do responsável primário, com 58%. 
Tabela 2 – Número de responsáveis por acompanhar as aulas remotas 
	Responsáveis
	Quantidade
	Percentual (%)
	Primário (4 a 5 dias/semana)
	11
	58
	Secundário (2 a 3 dias/semana)
	6
	31,5
	Terciário (1 a 2 dias/semana)
	2
	10,5
	Total
	19
	100
Fonte: Próprio autor
 De acordo com a Tabela 3, dos 19 responsáveis, 11 estavam em modelo de trabalho home-office, fazendo um total de 58%. Dos outros responsáveis, 2 estavam no modelo híbrido, o que representa 10%. E mais 2 responsáveis seguiram com suas atividades no modelo presencial, o que gerou 10% do total. Do total de responsáveis, 4 não exerciam atividade remunerada, somando 22%.
Tabela 3 –Modelo de trabalho dos responsáveis no início do isolamento
	Modelo de Trabalho
	Quantidade
	Percentual (%)
	Presencial
	2
	10
	Home-Office
	11
	58
	Híbrido
	2
	10
	Não exercia atividade remunerada
	4
	22
	Total
	19
	100
Fonte: Próprio autor
 A tabela 4, mostra o percentual de satisfação dos pais, relativo ao relacionamento entre escola/família. Conforme os dados coletados, houve uma prevalência no grau de insatisfação, de 63,3%, no que diz respeito ao apoio emocional recebido pela escola. 
 Quanto às orientações com o uso da plataforma adotada e a qualidade da mesma, há uma incidência de 54,5% de insatisfação e 45,5% de pouca satisfação, respectivamente. A instituição escolar, adotou a plataforma digital Google Classroom (Google Sala de Aula). O Google Classroom é uma plataforma do conjunto de ferramentas disponibilizado pelo Google for Education. Acompanhado de outras ferramentas, como o Google Meet, para interagir em tempo real com as famílias.
 A comunicação escola-família também obteve um percentual maior de insatisfação, com 54,5%. No que diz respeito ao direcionamento pedagógico, há um avanço de 45,5% de responsáveis pouco satisfeitos.
Tabela 4 – Grau de Satisfação 
	Grau de Satisfação
	Insatisfeito
	Pouco Satisfeito
	Satisfeito
	Apoio emocional
	63,3
	Não se aplica
	36,4
	Orientação com o uso da plataforma
	54,5
	27,3
	18,2
	A plataforma utilizada
	36,4
	45,5
	18,2
	Comunicação escola-família
	54,5
	Não se aplica
	45,5
	Direcionamento pedagógico
	18,2
	45,5
	36,4
Fonte: Próprio autor
 A décima pergunta realizada na pesquisa tratou da qualidade do ensino remoto oferecido pela escola na percepção dos pais. Foi mencionada da seguinte maneira: “Quais ações poderiam ter sido adotadas para melhoria da qualidade do ensino remoto oferecido pela escola?” Um trecho se destacou em uma das respostas:
No primeiro momento da pandemia, os professores faziam as lives das suas casas, com seus equipamentos particulares disponíveis (celular e computador). A internet oscilava muito (...) percebemos que a escola transferiu a responsabilidade para o professor e não proporcionou a estrutura adequada para as aulas (...)
 A orientação às famílias de como conduzir o processo de aprendizagem, por parte da escola é essencial (UNESCO, 2020). Com o objetivo de mitigar os efeitos adverso trazidos pelo cenário pandêmico, o Ministério da Saúde publicou o “Diário de uma Pandemia”. Este documento traz diversas propostas de como os pais e/ou responsáveis podem conduzir a situação de uma forma mais lúdica (BRASIL, 2020). No contexto pandêmico, os procedimentos tecnológicos têm provocado alterações e produzido reajustes de relações entre escola-estudante-família. O intermédio oferecido pelas tecnologias, surge como um esforço para que os laços sejam mantidos e parece, pois, naturalizar e fortalecer, na qualidade de estratégia que é, os usos das tecnologias como facilitadores (GUIZZO, 2020). Percebemos um avanço maior no número de responsáveis que, conforme sua área de trabalho permitiu a adoção do modelo home-office. 
 A decisão de continuar com as atividades escolares no lar implica que, os responsáveis neste modelo de trabalho, assumam a educação formal de suas crianças durante a situação de pandemia (LAGUNA et al, 2020). Szymanski (2003), aponta que a condição de família trabalhadora dificulta um acompanhamento mais próximo da vida acadêmica das crianças. Segundo estudos analisados, durante o enfrentamento da pandemia, ficou evidente que o papel da escola não é apenas cuidar do aspecto cognitivo das crianças, mas do coletivo. Há a necessidade de estreitar laços e buscar o potencial máximo da extensão do ambiente escolar às residências.
 Para Vinha (2021), a escola não deve ser vista apenas com um prestador de serviços. A comunicação entre as duas instituições deve contribuir para que, com o surgimento de dúvidas, as mesmas possam ser sanadas e manter a proposta pedagógica feita pela escola (MACHADO, 2020). A oferta de recomendações para ajustar à realidade das famílias é uma atitude recomendada, já que tem como objetivo consolidar o processo ensino/aprendizagem (GUIZZO et al, 2020). 
6. Conclusão
 Após a realização da pesquisa, no que se restringe ao grupo selecionado, foi possível concluir que o reforço entre os laços escola-família se fez necessário durante o período da pandemia. 
 A instituição familiar se tornou um eixo importante no fazer pedagógico, uma vez que o ambiente escolar foi transferido para a residência. Foi perceptível que houve uma ausência de acolhimento emocional, direcionamento pedagógico e suporte tecnológico aos pais e responsáveis, por parte da escola. Com a velocidade da chegada da pandemia e o isolamento social, houve uma rápida necessidade de adaptação e flexibilidade entre os envolvidos no processo educacional. Neste contexto, um diálogo intenso e focado nas necessidades individuais, seria mais adequado. Mudanças nas práticas pedagógicas, nos currículos e no formato da sala de aula no ensino remoto que possibilitem uma interação esclarecedora das dúvidas entre ambos os lados.
 Uma sugestão para os próximos estudos seria uma análise do relacionamento escola-família durante o ensino remoto na pandemia de COVID19 em um universo mais abrangente.
7.0 Referências Bibliográficas
Araújo, Tânia Maria de e Lua, Iracema. O trabalho mudou-se para casa: trabalho remoto no contexto da pandemia de COVID-19. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional [online]. 2021, v. 46 [Acessado 5 outubro 2021], e27. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/2317-6369000030720>. Epub 03 maio 2021. ISSN 2317-6369. https://doi.org/10.1590/2317-6369000030720.
ALVES, J.N.; FARIA, B.L.; LEMOS, P.G.A.; COSTA, C.M.; SILVA, C.S.; OLIVEIRA, M.S.R. Ciências na pandemia: uma proposta pedagógica que envolve interdisciplinaridade e contextualização. Revista Thema, v.18 Especial 2020, p.184-203.
BACICH, Lilian; TANZI NETO, Adolfo;TREVISANI, Fernando de Mello. (Org.). Ensino
Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre, 2015. 
BRASIL. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Brasília: Ministério da Educação, 2020.
BRASIL. Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020. Brasília: Ministério da Educação, 2020.
BRASIL. Lei 14040 de 18 de agosto de 2020. Brasília: Ministério da Educação, 2020.
BRASIL. Coronavírus: o que você precisa saber. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: 26 out 2020.
Grossi, M. G. R., Minoda, D. de S. M., & FONSECA, R. G. P. (2020). IMPACTO DA PANDEMIA DO COVID-19 NA EDUCAÇÃO: REFLEXOS NA VIDA DAS FAMÍLIAS. Teoria E Prática Da Educação, 23(3), 150-170. 
LUNARDI, S.S.M.N. et al. Aulas Remotas Durante a Pandemia:
dificuldades e estratégias utilizadas por pais. 2020. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 46, n. 2, e106662, 2021.
Maia, B. R., & Dias, P. C. (2020). Ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários: o impacto da COVID-19. Estudos de Psicologia (Campinas), 37, e200067.
MEDEIROS, E.A.S. Desafios para o enfrentamento da pandemia covid-19 em hospitais universitários. Rev. paul. pediatr. vol.38 São Paulo 2020 Epub Apr 22, 2020.
Rondini, C. A., Pedro, K. M., & Duarte, C. dos S. (2020). PANDEMIA DO COVID-19 E O ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: MUDANÇAS NA PRÁXIS DOCENTE. EDUCAÇÃO, 10(1), 41–57. https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v10n1p41-57
VICK, M. Pandemia: origens e impactos, da Peste Bubônica à Covid-19.2020. Disponível em:https://www.nexojornal.com.br/explicado/2020/06/20/Pandemia-origens-e-impactos-da-peste-bub%C3%B4nica-%C3%A0-covid-19. Acesso em: 12 ago 2021 
WALLON, H. Psicologia e educação da infância. Rio de Janeiro: Estampa 1995.
CASTRO, Mayara Alves de; VASCONCELOS, José Gerardo; ALVES, Maria Marly Alves. “Estamos em casa!”: narrativas do cotidiano remoto da educação infantil em tempo de pandemia. Rev. Pemo, Fortaleza, v. 2, n.1, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/revpemo/article/view/3716 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA - UNESCO. A UNESCO reúne organizações internacionais, sociedade civil e parceiros do setor privado em uma ampla coalizão para garantir a #AprendizagemNuncaPara. 2020. Disponível em: <https://pt.unesco.org/news/unescoreune-organizacoes- internacionaissociedade-civil-e-parceiros-do-setor-privadoem-uma>. Acesso em: 12 de set. 2021.

Mais conteúdos dessa disciplina