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Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Caso 4: Síndrome dispépticas / Transtorno de ansiedade / Rinite alérgica ID: Paciente C.S.S., sexo feminino, 69 anos, aposentada, viúva, evangélica, natural e procedente de Salvador- BA. Queixa Principal: “Dor de estômago há 2 meses” HMA: C.S.S. chega à consulta médica com queixa de sintomas gástricos altos, com dor epigástrica, azia, eructação, sensação de plenitude pós-prandial e vômitos esporádicos acompanhados de muitos gases intestinais, com evolução de aproximadamente dois meses. Esses sintomas surgiram concomitantemente com o quadro de adoecimento e morte de seu marido. Nega perda de peso. Relata náuseas matinais. Sem passado de hemorragia digestiva. Hábito intestinal com 2 ou 3 evacuações por dia, com fezes de aspecto normal e sem aumento do trabalho evacuatório. Refere já ter sentido os mesmos sintomas algumas vezes ao longo de sua vida, em outros momentos de estresse e ansiedade. Descreve-se como muito ansiosa, nervosa, se preocupa com tudo, é insegura, se apega na religião para se fortalecer. Nunca precisou ser internada ou fazer exames mais complexos do que a endoscopia digestiva. Já realizou tratamento prévio para H. Pylori. Foi ao médico e o mesmo solicitou exames laboratoriais e Endoscopia digestiva alta com pesquisa de H. pylori. IS: SN: dificuldade para dormir “desde sempre”(sic). Ext: tremores finos nas mãos aos movimentos (como ao segurar uma xícara de café), de longa data. HPP: Nega outras doenças de maior importância no passado. Refere alergia respiratória crônica leve, com rinite alérgica após idade adulta e “bronquite catarral” na infância. Foi tratada por algumas vezes com medicamentos homeopáticos para crises de sinusite, com Sulphur e Mercurius solubilis obtendo bons resultados. Apresentou a primeira crise de ansiedade aos 19 anos. Atualmente faz uso de Fluoxetina 20mg 1 vez ao dia, Zolpidem 10 mg a noite para dormir e Clonazepan 0,5mg quando sente muita ansiedade. Nega alergia medicamentosa, cirurgias, internamentos. História Fisiológica: Nascida de parto natural, a termo. Menarca aos 14 anos, coitarca aos 17 anos, G5 P3A2, menopausada aos 61 anos. História Familiar: Diabetes (tios e primos da família paterna); HAS (mãe); tireoidopatia (2 irmãs, não especifica qual alteração). Uma destas irmãs faz tratamento para ansiedade. História social: Foi tabagista dos 20 aos 40 anos aproximadamente – 20 cigarros/dia; nega uso de bebidas alcoólicas. Parou de fumar com muita dificuldade, por saber que fazia mal à sua saúde e por influência e força da sua religião. Tornou-se Evangélica e com a ajuda da Bíblia, conseguiu deixar o vício. Natural de Salvador, tem 3 filhos já casados que não moram mais com ela; mora atualmente sozinha após o falecimento do marido. Avó de 5 netos. Têm um cachorro da raça Pug que ela considera seu melhor amigo. Tem poucos amigos na vizinhança. Alguns amigos na Igreja. Não sai muito de casa, saindo apenas para passear com o cachorro e ir ao culto da sua Igreja. História alimentar: Alimenta-se bem, com alimentação rica em frutas, legumes e verduras, entretanto por vezes come muito chocolate com justificativa de que se sente melhor após comer, Bruno Feitosa Espino, 3º semestre além de consumir cerca de 6 xícaras de café por dia. Conseguiu deixar o cigarro, mas o chocolate e o café não consegue. Exame Físico Geral: Bom estado geral, corada, sem icterícia, hidratada, normotensa, eupneica em ar ambiente. Exame psíquico: Aparência adequada, orientada no tempo e no espaço, atenta, memória conservada, ansiosa, demonstra certa tristeza ao falar da morte do esposo. PA: 110 x 70 mmHg; FC 80; FR 16ipm; Tax 36,5oC Altura 1,64 m; Peso 62 Kg; IMC 22,96 Pele: corada, com turgor e elasticidade normais, mucosas coradas, linfonodos impalpáveis, sem alterações dos pelos. Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em bom estado de conservação. Orofaringe levemente hiperemiada. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, tireoide palpável de tamanho normal, superfície microgranular, consistência fibro elástica. Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura acessória) Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios (MVBD s/ RA). AP. Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável no 5o EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T c/ BNF. Ausência de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP) Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. Abdome: Semigloboso, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse normal presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 10 cm (lobo direito). Traube livre. Ausência de hipertimpanismo difuso ou macicez em flancos. Fígado e baço impalpáveis. Abdome indolor à palpação superficial, doloroso a palpação profunda em região hipogástrica. Ausência de massas. Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. Sistema nervoso: Lúcida. Sem déficit motor aparente. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos, discreta hiperreflexia patelar. Ausência de sinais de irritação meníngea. Exames complementares: Hemograma Hb 12 HT 35.2, Plaq 154.000, Leucócitos Total 10.200 / Bastões 0 / Segmentados 52 / linfócitos 42 / monócitos 3 / eosinófilos 3); glicemia: 89mg/dl; colesterol total: 170 mg/dl (HDL: 46 mg/dl, LDL: 100 mg/dl, VLDL: 24 mg/dl); triglicerídeos: 109 mg/dl; TGO: 19 U/l, TGP: 24 U/l, Amilase 80, Lipase 30, Ureia 30, Creatinina 0,7. Parasitológico de Fezes Negativo. Endoscopia Digestiva Alta: Conclusão: Gastrite erosiva moderada de antro. Teste de urease positivo. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre 1. H. pilory (patogênese, causa, diagnóstico, tratamento, complicações, transmissão, prevenção.). 2. Relação dos medicamentos utilizados com o quadro sindrômico. 3. Quais as complicações da gastrite crônica causada pela H. Pilory? 4. Diagnóstico diferencial e patogênese das patologias que cursam com dor em abdome superior? (refluxo – vômitos esporádicos). 5. Quais os tipos de gastrites? 6. Quais os tipos de úlceras? 7. Diagnóstico diferencial entre úlcera e gastrite. 8. Rinite alérgica: Quadro clínico, fatores desencadeantes, diagnóstico diferenciado, tratamento e prevenção. 9. Como se caracteriza um transtorno de ansiedade e quais as suas complicações? (Abordagem ao paciente com ansiedade) 10. Espiritualidade no atendimento médico, como proceder? 11. Abordagem ao paciente com epigastralgia. 12. Relação das questões emocionais (ansiedade e estresse) com a gastrite. 13. Entendimento dos exames complementares. 14. Possível causa do tremor em extremidades em idosos. 15. Influência do tabagismo no quadro atual da paciente. 16. Propedêutica do abdome. 17. Propedêutica do transtorno da ansiedade. 18. Robin Warren e Barry Marshall 1. H. pilory (patogênese, causa, diagnóstico, tratamento, complicações, transmissão, prevenção). R: Helicobacter pylori O gênero Helicobacter (do grego: helix, helicoidal; bacter, bactéria) pertence à família Helicobacteraceae, da classe Epsilonproteobacteria. É constituído de bacilos Gram-negativos curvos ou helicoidais, medindo 0,3-1μm de largura e de 1,5 a 5μm de comprimento. Foi isolada pela primeira vez, da mucosa gástrica do ser humano, em 1982, por Marshall e Warren, dois pesquisadores australianos que rece- beram o Prêmio Nobel por estacontribuição as ciências mé- dicas. Originalmente foi denominado como GCLO (gastric Campylobacter like organism). Posteriormente, recebeu os nomes de Campylobacter pyloridis, C. pyloricus e C. pylo- ri, recebendo, em 1989, o nome definitivo de Helicobacter pylori. É de distribuição universal e morfologicamente cor- responde a um bacilo Gram-negativo curvo ou espiralado, que possui entre quatro e oito flagelos envelopados com um bulbo terminal. Cresce lentamente e precisa de uma atmosfera de microaerofilia estrita e temperatura de 37oC para se desenvolver. Patogênese Desde os primeiros isolamentos, correlacionou-se a presença destas bactérias na mucosa gástrica com a produção de gastrite e úlcera gástrica e duodenal. Atualmente, existem abundantes informações que proporcionam evidências suficientes a respeito da capacidade patogênica do H. pylori, e é considerado pela OMS como agente cancerígeno grau 1. Lesão gástrica inicial Quando H. pylori coloniza a mucosa gástrica, produz uma lesão destrutiva multifocal do epitélio mucinoso de superfície, atribuída à produção de mucinase bacteriana, havendo perda parcial ou total da porção apical mucinosa do epitélio gástrico, com distorção do núcleo e do citoplas- ma basal. Paralelamente, a infecção por H. pylori induz, na lâmina própria, edema com infiltrado neutrofílico e de células mononucleares. Estas lesões são conhecidas como gastrite crônica ativa ou gastrite tipo B. Inicialmente, esta gastrite é superficial, comprometendo somente a lâmina própria da mucosa entre as criptas, sem ultrapassar o colo glandular, porém pode evolucionar para a úlcera duodenal, úlcera gástrica ou câncer gástrico. As diferentes varieda- des evolutivas Bruno Feitosa Espino, 3º semestre da infecção podem estar determinadas pela amostra infectante de H. pylori, o tempo de infecção, a resposta do hospedeiro e os fatores ambientais. Na resposta do hospedeiro participa o LPS, cujas cadeias O específicas imitam a estrutura dos antígenos sanguíneos de Lewis. Estes antígenos estão presentes na mucosa gástrica e os anticor- pos antiantígenos de Lewis do H. pylori reagem com vários constituintes da mucosa. Assim, anticorpos anti-Lewisγ induzidos pelo H. pylori reagem com epítopos da bomba de prótons envolvida na secreção de ácido, contribuindo com o desenvolvimento de gastrite atrófica. Patologia gástrica progressiva Com o tempo, provavelmente pela ação concorrente de fatores epidemiológicos, nutricionais e imunológicos, a gastrite crônica ativa e superficial pode tornar-se atrófica. A infiltração das células inflamatórias é mais extensa e apresenta-se atrofia e perda das glândulas antrais e do corpo do estômago. O aparecimento precoce bem como a persistência do H. pylori no epitélio gástrico são considerados fatores de risco para a transição de gastrite crônica ativa para gastrite crônica atrófica. Fatores nutricionais como o deficiente consumo de verduras e frutas e de vitaminas antioxidantes contribuiriam também nesta progressão. Por outro lado, considera-se que se este último, associado com a ingestão excessiva de sal, nitratos ou outras substâncias irritantes da mucosa gástrica, teria grande relevância no desenvolvimento da gastrite crônica atrófica, bem como de lesões prémalignas que evoluem, posteriormente, em metaplasia, displasia e, eventualmente, em câncer. Por outro lado, a gastrite crônica atrófica pode produzir baixa ou nenhuma quantidade de ácido, favorecendo a superpopulação bacteriana, tendo, como consequência, níveis altos de nitritos e compostos N-nitrosos, os quais têm ação mutagênica e carcinogênica. Logo após tratamento com erradicação da bactéria, os níveis de ácido gástrico retornam aos valores normais. Numa porcentagem de tumores gástricos do tipo linfoma tem-se encontrado uma forte relação com infecção por H. pylori. Também se tem demonstrado elevada incidência de tecido linfovide associado à mucosa (MALT) em regiões com elevada prevalência de câncer gástrico e de infecção por H. pylori. A presença de tecido linfoide no estômago não é normal. A erradicação da bactéria leva a uma completa regressão da neoplasia, sinal evidente da associação do H. pylori com esta doença. A prevalência de gastrite crônica associada a H. pylori com metaplasia é de alta frequência em países em desenvolvimento, observando-se aumento de frequência com a idade. Assim como a colonização por H. pylori proporciona maior risco de desenvolver câncer gástrico, tanto em estudos de coortes como de caso-controle tem-se observado que o risco de evoluir para câncer gástrico aumenta se a cepa de H. pylori tiver o gene cagA. Doença ulcerosa péptica Na úlcera duodenal, a gastrite associada a H. pylori corresponde à gastrite crônica superficial, afetando, prima- riamente, ao antro gástrico com tendência a elevar a resposta da gastrina sérica à ingestão de alimentos. Em algumas amostras de H. pylori tem-se demonstrado uma proteína, OmpA, com capacidade para afetar o gene da expressão de gastrina. Esta proteína pode contribuir com a ulceração da mucosa, já que estimula a produção de IL-8 e o gene da gas- trina. A hipergastrinemia prolongada devida à infecção por H. pylori pode produzir efeito trófico na mucosa fúndica do estômago, incrementando a secreção de ácido dando como resultado hipercloridria. Esta, por sua vez, pode induzir metaplasia gástrica na mucosa do bulbo duodenal, onde o epitélio local é substituído por epitélio colunar mucinoso de tipo gástrico. Este epitélio pode ser colonizado pelo H. pylori, danificando a porção apical mucinosa das células, de maneira semelhante aos danos produzidos no estômago. Em sequência, ocorre infiltração com leucócitos, linfócitos e células plasmáticas da lâmina própria da mucosa duodenal (duodenite ativa). O dano do epitélio metaplásico favorece a difusão de íons hidrogênio para a mucosa duodenal, favo- recendo a aparição de úlcera duodenal. Doença extragastroduodenal Recentemente, vários estudos têm sugerido a existência de associação epidemiológica entre a infecção por H. pylori e patologias extragastroduodenais graves como doença car- diovascular (doença isquêmica coronária), reumática, da pele (urticaria crônica, rosácea) e do fígado. Também tem sido re- lacionada com alteração na absorção de ferro no estômago e sua associação com anemia ferropênicaidiopática e, também, com atraso do crescimento, o qual, como consequência da infecção por H. pylori, associa-se com a inibição da grelina, um potente estimulador do hormônio do crescimento. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Resposta imunológica A presença de linfócitos B e de células plasmáticas é evidencia de uma resposta humoral ativa na infecção crôni- ca. Nas secreções gástricas de indivíduos infetados com H. pylori revela-se uma robusta resposta primária de anticor- pos do isótipo IgA possivelmente produzidos pelas células plasmáticas presentes no infiltrado da mucosa gástrica.IgA secretora anti-H. pylori encontra-se também em saliva e no leite materno. Nos pacientes com H. pylori observa-se, in- variavelmente, uma resposta imunológica sistêmico-humoral específica com títulos de IgG e IgA específicas elevados, sendo observada soroconversao que, no caso da IgG, ocorre entre 22 e 33 dias após a infecção. Anticorpos IgG anti-H. pylori persistem em níveis constantes durante a infecção, estando elevadas as subclasses IgG1, IgG2 e IgG4, não sen- do detectados anticorpos IgG3, os quais associam-se com infecção aguda. Títulos elevados de IgM são incomuns, fato que está em concordância com o caráter crônico da infecção por H. pylori. A pesquisa de anticorpos séricos tem sido utilizada com fins epidemiológicos e diagnósticos. Diagnóstico Este pode ser realizado por métodos invasivos e não invasivos. Métodos invasivos O diagnóstico do H. pylori por métodosinvasivos é feito a partir de amostras de biópsias gástricas ou duodenais obtidas por endoscopia. Observação microscópica direta A coloração pelo Gram destas amostras revela os típicos bacilos Gram-negativos curvos, os quais também podem ser pesquisados utilizando-se outros corantes como o alaranjado de acridina, brometo de etídio e coloração com prata, como é o método de Warthin-Starry. Urease Uma prova rápida, presuntiva, muito difundida na prática clínica, é a pesquisa da urease no tecido gástrico. Faz- se depositando uma porção da biópsia num tubo contendo 0,5 ml de ureia de Christensen. A urease presente no tecido hidrolisa a ureia, e o meio muda de cor, do amarelo ao vermelho. Esta prova pode ser positiva em mais de 60% dos casos nos primeiros 15 minutos, aumentando a positividade até 90% depois de três horas de incubação. Kits comerciais também estão disponíveis para realizar esta prova. Histologia O estudo histopatológico da biópsia permite diagnosticar a inflamação da mucosa bem como as diferentes formas de gastrite e os processos metaplásicos, mas, também, permite observar a presença da bactéria. Cultura A cultura deve ser feita o mais rápido possível após a obtenção da biópsia, para se evitar a perda da viabilidade, pela dessecação ou pelo efeito nocivo do oxigênio sobre o H. pylori. O meio de cultivo utilizado corresponde a um ágar sangue de base nutritiva rica, podendo ser acrescentado de diferentes drogas antimicrobianas (colistina-ácido nalidíxi- co; vancomicina- polimixina-trimetoprim-anfotericina) para conferir-lhe poder seletivo. Também podem ser utilizados meios comerciais elaborados especificamente para o isola- mento dessa bactéria. A incubação é feita a 37oC, em microaerofilia estrita. Devido ao crescimento lento do H. pylori, esta deve pro- longar-se até por sete dias. As colônias são pequenas, não maiores de 1 mm de diâmetro e podem apresentar hemólise. São citocromo oxidase, catalase e urease-positivas. A colora- ção pelo Gram revela a presença de bacilos Gram-negativos curvo-espiralados com certo grau de pleomorfismo. Outras técnicas utilizadas para o diagnóstico do H. pylori, sem que seja necessária a cultura, são a imunofluo- rescência indireta e a aglutinação com partículas de látex. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Métodos não invasivos Estes correspondem a métodos diagnósticos que utili- zam amostras obtidas sem necessidade de recorrer à obten- ção de biópsia gástrica. Teste do bafo ou da ureia marcada Visando à realização de um diagnóstico não invasivo do H. pylori foi desenvolvida a técnica do bafo (urea breath test) através da qual os pacientes ingerem uma quantidade conhecida de ureia marcada com carbono radiativo (*C13 ou *C14). Trinta minutos depois da ingestão é medida a relação *C/C no ar exalado pelos pacientes. Nas pessoas infectadas com H. pylori, detecta-se aumento significativo de *CO2. Diagnóstico Sorológico Uma vez que existe estreita correlação entre a presença da bactéria e o desenvolvimento de anticorpos séricos, vários testes sorológicos têm sido utilizados com fins diagnósticos. Um dos mais utilizados é a técnica de ELISA empregando diversos antígenos somáticos na pesquisa dos anticorpos específicos, tendo valores de sensibilidade e especificidade em torno de 60 a 100%. Também têm sido utilizados como antígenos a urease e a citotoxina VacA produzidas pelo H. pylori. Mais recentemente, têm sido desenvolvidos vários testes que procuram antígenos de H. pylori nas fezes, os quais são muito utilizados em controle de tratamento. Métodos Moleculares A PCR (polymerase chain reaction) tem sido proposta e utilizada na demonstração do genoma desta bactéria em diferentes amostras. A PCR permite a identificação do H. pylori em amostras de pequeno tamanho e contendo baixo número de bactérias. As amostras para PCR podem ser ob- tidas tanto pelos métodos invasivos como não invasivos e além das biopsias, a técnica pode ser aplicada em amostras de suco gástrico, saliva e fezes, como também em amostras mal transportadas ou manipuladas inadequadamente nas que a bactéria não poderia ser cultivada com sucesso. A prova de PCR em tempo real tem sido utilizada para a detecção rápida da resistência à claritromicina como também para o diagnóstico do H. pylori em pacientes com sangra- mento gastrointestinal alto. Também foi desenvolvida uma multiplex PCR que permite a identificação rápida do H. pylori e dos genótipos VacA e CagA, diretamente da biopsia gástrica. Epidemiologia H. pylori é uma bactéria de distribuição mundial que tem sido isolada somente do epitélio gastroduodenal do ser humano. Não são conhecidos reservatórios animais ou ambientais para esta bactéria, embora existam evidências da colonização do epitélio gástrico de gatos e macacos. Postula-se que as formas de transmissão poderiam ser três: a primeira delas, a via oral–oral, baseia-se no fato de ter sido H. pylori isolado e detectado por PCR da placa dental, da saliva e do epitélio bucal. Além disso, a cavidade oral pode contaminar-se por regurgitação. A segunda forma de transmissão é a orogástrica, gastrogástrica ou iatrogênica, decorrente do traspasso da bactéria de uma pessoa doente a uma sadia por ineficiente desinfecção do gastroscópio. A ter- ceira forma é a transmissão fecal–oral, a qual se sustenta no fato de ter sido encontrada a bactéria na água, em vegetais e nas fezes, moscas e estrume de vaca. A dose infectante para a aquisição natural da doença ainda é desconhecida, mas, em estudos com voluntários humanos, têm sido descritas doses de 3 x 105 a 109. Porém, a transmissão iatrogênica sugere que a dose infectante poderia ser menor que as doses utilizadas na infecção experimental. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Nos países desenvolvidos, a infecção é pouco frequente na infância. Porém, a incidência aumenta com a idade a ra- zão de 0,5% a 1% por ano e em torno de 50% da população com idade acima de 60 anos apresenta a infecção. Nos países em desenvolvimento, a infecção ocorre pre- cocemente e com frequências mais altas, fenômeno possivel- mente associado à presença de condições socioeconômicas e ambientais inadequadas. Em países da América Latina, a prevalência da infecção pode flutuar entre o 52,7% e o 84,7%, segundo o país. Nestes países, a taxa de reinfecção após tratamento de erradicação bem- sucedido é alta, atin- gindo aproximadamente 50% dos casos ao ano. Nos países desenvolvidos, a taxa de reinfecção é variável, atingindo até 4,7% ao ano. Como fatores de risco têm sido indicados maus hábitos higiênicos pessoais bem como as más condições ambien- tais de saneamento básico e o menor nível educacional. Igualmente o consumo de legumes e vegetais crus, a renda familiar e história familiar de doença gastrointestinal tam- bém são considerados fatores de risco. Adicionalmente, tem se demonstrado um risco maior de adquirir a infecção em pessoal relacionado com os serviços assistenciais de gastrenterologia. Tratamento e Sensibilidade às Drogas Antimicrobianas A maioria dos antibióticos β-lactâmicos são ativos contra H. pylori apresentando CMI90 inferior a 0,5 μg/ml. O mesmo fato ocorre com os macrolídeos (eritromicina, clari- tromicina) e grande parte das fluoroquinolonas. Aztreonam, nitrofurantoína, gentamicina, tetraciclina e rifampicina apresentam CMI90 de 2; 0,5; 0,25; 0,5 e 1 μg/ml, respecti- vamente. Os sais de bismuto também apresentam atividade antibacteriana contra o H. pylori. A sensibilidade ao me- tronidazol e ao tinidazol é variável. Em muitos lugares do mundo, especialmente em países em desenvolvimento, têm sido encontradas amostras de H. pylori resistentes a estes antimicrobianos, a qual parece ir aumentando com o tempo. Por isso, antes de iniciar o tratamento, recomenda-se fazer primeiroestudos de suscetibilidade. A Sociedade Europeia de Atenção Primária em Gastrenterologiae a World Gastroenterology Organization recomendam que a terapia erradicadora deva ser considerada em pacientes com: 1. dispepsia recorrente; 2. úlcera péptica recentemente diagnosticados; 3. diagnóstico prévio de doença ulcerosa cuja sintomatologia tenha-se reativado ou que requeiram terapia contínua de supressão de ácido; 4. ressecção por câncer gástrico 5. linfoma MALT 5. gastrite atrófica 6. parentes de primeiro grau com câncer gástrico 7. petição do paciente A terapia erradicadora recomendada, conhecida como terapia tríplice, está baseada na administração simultânea de três drogas de uma dose-padrão de um inibidor da bomba de prótons (IBP) junto com 1 g de amoxicilina e 500 mg de claritromicina, duas vezes por dia durante 7 a 10 dias. Porém, a terapia tríplice perde atividade quando a resistência à claritromicina atinge níveis de 7 a 10%.Em populações onde H. pylori apresenta resistência a claritromicina superior a 15-20% e menor de 10% a quinolonas, troca-se a claritro- micina por levofloxacina. Também tem sido usada a terapia padrão sequencial que consiste em administrar por 5 díasum IBP acompanhado de amoxicilina e, logo em seguida, mais 5 dias de terapia tríplice com IBP, claritromicina e metronidazol ou tinidazol. Mais recentemente tem se proposto a terapia concomi- tante que utiliza quatro drogas: um IBP, claritromicina, amo- xicilina e metronidazol, existindo também a terapia híbrida, consistente no uso de terapia dupla (um IBP associado à amoxicilina) por sete dias, seguida de terapia concomitante quádrupla (um IBP associado a amocicilina, claritromicina e metronidazol) por mais sete dias. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Considerando que a resistência do H. pylori a alguns dos antimicrobianos utilizados nas diferentes terapias, es- pecialmente nos países em desenvolvimento, é necessária a vigilância ativa da resistência através do antibiograma ou da detecção laboratorial dos genes de resistência. Prevenção da infecção A forma mais eficaz de prevenir a infecção seria o de- senvolvimento de uma vacina. Postula-se que uma vacina ideal deveria ser terapêutica, bem tolerada, segura, de fácil administração e capaz de prevenir ou reduzir a infecção a níveis de 50% ou menos nos vacinados. Inicialmente, vários estudos utilizaram preparados inativados da parede celular, bem como proteínas recombinantes purificadas como possí- veis candidatos vacinais. Atualmente, estão sendo pesquisados vários antíge- nos de H. pylori como glicoconjugados do LPS ou outros compostos contendo carboidratos bacterianos, bem como modelos animais para o desenvolvimento de vacinas. Porém, enquanto uma vacina não estiver disponível, o conhecimento da epidemiologia da bactéria, em diferentes partes do mundo, permitirá proposta de estratégias eficazes de prevenção da infecção. R: A Helicobacter pylori, mais conhecida como H.pylori, é uma bactéria que vive no nosso estômago e duodeno, sendo responsável pela infecção bacteriana crônica mais comum em seres humanos, presente em todas as populações e em indivíduos de todas as idades. Estimativas conservadoras sugerem que mais de 50% da população mundial possui o estômago colonizado por essa bactéria. A H.pylori é uma bactéria que possui incrível capacidade de sobreviver no estômago, um dos ambientes mais inóspitos do nosso organismo, um meio extremamente ácido, com um pH inferior a 4. A acidez do estômago é um dos mecanismos de defesa do nosso organismo contra Bruno Feitosa Espino, 3º semestre as bactérias que são ingeridas junto aos alimentos. Poucos são os seres vivos que conseguem sobreviver em um ambiente com pH tão baixo. A H.pylori, porém, apresenta alguns “truques” evolutivos que permitiram a ela se adaptar a um meio tão hostil. A bactéria produz substâncias que neutralizam os ácidos, formando uma espécie de nuvem protetora ao seu redor, permitindo que a mesma se locomova dentro do estômago até encontrar um ponto para se fixar. Além dessa proteção, a H.pylori consegue ultrapassar a barreira de muco que o estômago possui para se proteger da própria acidez, aderindo-se à mucosa, área abaixo do muco, onde a acidez é bem menos intensa. Portanto, além de produzir substâncias contra a acidez, a H.pylori consegue penetrar no estômago até locais onde o ambiente é menos agressivo. O modo de contágio da H.pylori ainda não é plenamente conhecido. Sabemos que a transmissão pode ocorrer de uma pessoa contaminada para uma pessoa sadia através do contato com vômitos ou fezes, este último geralmente sob a forma de águas ou alimentos contaminados. A água contaminada, principalmente nos países em desenvolvimento, costuma servir como uma fonte de bactérias. A H.pylori consegue permanecer viável na água por vários dias. Quando um membro da família se infecta com o Helicobacter pylori, o risco de transmissão para os filhos e conjunge é altíssimo. Esta transmissão é comum mesmo em casas com boas condições de higiene, o que coloca em dúvida se a transmissão ocorre sempre pela via fecal/oral. A transmissão através da saliva ainda não está comprovada. A H.pylori pode ser encontrado na boca, principalmente nas placas dentárias, porém, sua concentração parece ser baixa demais para haver transmissão. Um dado que fala contra esta forma de transmissão é o fato de dentistas não apresentarem maiores taxas de contaminação do que outros profissionais que não lidam constantemente com saliva e placas bacterianas. Atualmente existem vários métodos para se diagnosticar a presença da bactéria H.pylori. Entretanto, mais importante do que diagnosticar a bactéria é saber em quem se deve pesquisar a sua presença. Como em alguns locais até 90% da população apresenta-se contaminada pela bactéria, os testes serão positivos em quase todo mundo. Portanto, não faz sentido solicitar pesquisa de H.pylori em pessoas sem queixas específicas. Antigamente a pesquisa da H.pylori era feita somente com endoscopia digestiva, através de biópsias do estômago. Hoje em dia há testes não invasivos, através das fezes, sangue ou da respiração. Porém, nos pacientes que se queixam de dores estomacais, a endoscopia é importante para avaliar o estado do estômago, servindo também para o diagnóstico de gastrites, úlceras ou tumores. Por isso, muitos dos diagnósticos de Helicobacter pylori ainda são feitos pela endoscopia digestiva, através a biópsia e do teste da urease. Os testes não invasivos acabam sendo mais utilizados após o tratamento, como forma de confirmar a eliminação da bactéria. Pacientes com menos de 55 anos, que apresenta queixas de queimação estomacal, sem sinais que possam indicar um tumor ou úlceras ativos (sangramento, anemia, saciedade precoce, perda de peso inexplicada, vômitos recorrentes, história familiar de câncer gastrointestinal, etc.) podem ser submetidos a um teste não invasivo, visando tratamento caso sejam positivos para H.pylori. A endoscopia fica indicada apenas se não houver melhora dos sintomas com o tratamento. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Recentemente as indicações para tratamento da H.pylori foram expandidas, englobando grupos que até pouco tempo atrás não eram habitualmente tratados. As atuais indicações para tratamento da Helicobacter pylori são: • Gastrite. • Úlcera gástrica e/ou duodenal. • Linfoma MALT gástrico. • Parentes de primeiro grau de pacientes com câncer gástrico. • Anemia por carência de ferro sem causa aparente. • Púrpura trombocitopênica idiopática. • Pacientes em terapia de longo prazo com anti-inflamatórios, que têm sangramento gastrointestinal e/ou úlcera péptica. O tratamento é habitualmente feito com 3 fármacos por 7 a 14 dias com: • Um inibidor da bomba de prótons (Omeprazol, Pantoprazol ou Lanzoprazol) + dois antibióticos, como Claritromicina e Amoxicilina ou Claritromicina e Metronidazol. Após 4 semanas do fimdo tratamento, o paciente pode realizar os testes não invasivos para confirmar a eliminação da bactéria. 2. Relação dos medicamentos utilizados com o quadro sindrômico. Os benzodiazepínicos atuam potencializando a ação inibitória do neurotransmissor Ácido Gama Aminobutírico. Alterando atividade do eixo intestino cérebro, sendo um importante neurotransmissor envolvido na interação entre SNC e SNE, afetando a motilidade e secreção intestinal. 3. Quais as complicações da gastrite crônica causada pela H. Pilory? Com o tempo, provavelmente pela ação concorrente de fatores epidemiológicos, nutricionais e imunológicos, a gastrite crônica ativa e superficial pode tornar-se atrófica. A infiltração das células inflamatórias é mais extensa e apresenta-se atrofia e perda das glândulas antrais e do corpo do estômago. O aparecimento precoce bem como a persistência do H. pylori no epitélio gástrico são considerados fatores de risco para a transição de gastrite crônica ativa para gastrite crônica atrófica. Fatores nutricionais como o deficiente consumo de verduras e frutas e de vitaminas antioxidantes contribuiriam também nesta progressão. Por outro lado, considera-se que se este Bruno Feitosa Espino, 3º semestre último, associado com a ingestão excessiva de sal, nitratos ou outras substâncias irritantes da mucosa gástrica, teria grande relevância no desenvolvimento da gastrite crônica atrófica, bem como de lesões prémalignas que evoluem, posteriormente, em metaplasia, displasia e, eventualmente, em câncer. Por outro lado, a gastrite crônica atrófica pode produzir baixa ou nenhuma quantidade de ácido, favorecendo a superpopulação bacteriana, tendo, como consequência, níveis altos de nitritos e compostos N-nitrosos, os quais têm ação mutagênica e carcinogênica. Logo após tratamento com erradicação da bactéria, os níveis de ácido gástrico retornam aos valores normais. Numa porcentagem de tumores gástricos do tipo linfoma tem-se encontrado uma forte relação com infecção por H. pylori. Também se tem demonstrado elevada incidência de tecido linfovide associado à mucosa (MALT) em regiões com elevada prevalência de câncer gástrico e de infecção por H. pylori. A presença de tecido linfoide no estômago não é normal. A erradicação da bactéria leva a uma completa regressão da neoplasia, sinal evidente da associação do H. pylori com esta doença. A prevalência de gastrite crônica associada a H. pylori com metaplasia é de alta frequência em países em desenvolvimento, observando-se aumento de frequência com a idade. Assim como a colonização por H. pylori proporciona maior risco de desenvolver câncer gástrico, tanto em estudos de coortes como de caso-controle tem-se observado que o risco de evoluir para câncer gástrico aumenta se a cepa de H. pylori tiver o gene cagA. 4. Diagnóstico diferencial e patogênese das patologias que cursam com dor em abdome superior? (refluxo – vômitos esporádicos). R: O aparecimento da dispepsia ou sintomas dispépticos pode estar associado a vários distúrbios do trato gastrointestinal superior, como, por exemplo, doença ulcerosa péptica, doença do refluxo gastrointestinal, gastrites, neoplasias do trato gastrointestinal superior, doença do trato biliar e dispepsia funcional. 5. Quais os tipos de gastrites? R: A gastrite consiste na inflamação do revestimento gástrico. • A inflamação pode ser causada por vários fatores, como infecções, o estresse decorrente de doença grave, lesões, alguns medicamentos e distúrbios do sistema imunológico. • Quando os sintomas de gastrite ocorrem, eles incluem dor ou desconforto abdominal e, ocasionalmente, náusea ou vômito. • Frequentemente, os médicos fundamentam o diagnóstico com base nos sintomas da pessoa, mas ocasionalmente é necessário examinar o estômago utilizando um tubo flexível para visualização (endoscopia digestiva alta). • O tratamento inclui medicamentos que reduzem o ácido gástrico e, às vezes, antibióticos. O revestimento gástrico é resistente à irritação e geralmente pode suportar ácidos muito fortes. No entanto, na gastrite, o revestimento gástrico sofre irritação e inflamação. A gastrite é dividida em duas categorias, dependendo de sua gravidade: • Erosiva • Não erosiva A gastrite erosiva é mais grave do que a gastrite não erosiva. Esta forma de gastrite consiste na inflamação e corrosão do revestimento gástrico. Normalmente, a gastrite erosiva se desenvolve Bruno Feitosa Espino, 3º semestre subitamente (chamada gastrite erosiva aguda), mas também se pode desenvolver lentamente (chamada gastrite erosiva crônica), normalmente em pessoas que, com exceção da gastrite, são saudáveis. A gastrite não erosiva é caracterizada por alterações no revestimento gástrico que variam de desgaste (atrofia) do revestimento gástrico até a transformação do tecido gástrico em outro tipo de tecido intestinal (metaplasia). Frequentemente, diversos tipos de glóbulos brancos se acumulam no estômago e causam diversos graus de inflamação. Os glóbulos brancos podem causar inflamação em todo o estômago ou apenas em algumas partes. Causas Os tipos específicos de gastrite podem ser causados por vários fatores, como infecções, o estresse decorrente de doença grave, lesões, alguns medicamentos e distúrbios do sistema imunológico. A gastrite erosiva é comumente causada por álcool, por estresse decorrente de doença grave e por substâncias irritantes, como medicamentos, especialmente aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). As causas menos comuns incluem doença de Crohn, radiação, infecções bacterianas e virais (como citomegalovírus), ingestão de substâncias corrosivas e lesões diretas (como pela inserção de um tubo nasogástrico). Em algumas pessoas, o uso diário de apenas uma aspirina infantil pode lesionar o revestimento gástrico. A gastrite não erosiva é geralmente causada pela infecção por Helicobacter pylori. A gastrite infecciosa não causada por Helicobacter pylori é rara. Pessoas com doença prolongada ou com o sistema imunológico comprometido, como aquelas com AIDS ou câncer, ou que estejam tomando medicamentos imunossupressores, podem desenvolver gastrite viral ou fúngica. A gastrite aguda por estresse, uma forma de gastrite erosiva, é causada por doença ou lesão súbita. Mesmo lesões fora do estômago provocam gastrite. Por exemplo, queimaduras extensas na pele, lesões cranianas e lesões que provocam hemorragias importantes são causas frequentes. Não se conhece bem a razão pela qual uma doença grave pode causar gastrite, mas acredita-se que isso possa estar relacionado à redução do fluxo sanguíneo que irriga o estômago, com um aumento da quantidade de ácido no estômago e/ou com a deterioração da capacidade de proteção e renovação do revestimento gástrico. A gastrite por radiação pode ocorrer se for administrada radioterapia à região inferior esquerda do tórax ou à região superior do abdômen, onde ela pode causar irritação ao revestimento do estômago. A gastrite pós-gastrectomia manifesta-se em pessoas submetidas à cirurgia de extração de parte do estômago (procedimento chamado gastrectomia parcial). A inflamação geralmente ocorre no local onde o tecido foi suturado. Supõe-se que a gastrite pós-gastrectomia resulte da deterioração do fluxo sanguíneo que irriga o revestimento gástrico ou da exposição do estômago a uma grande quantidade de bile (líquido digestivo amarelo-esverdeado produzido pelo fígado) decorrentes da cirurgia. A gastrite atrófica faz com que o revestimento gástrico se torne muito fino (atrófico) e perca parcial ou totalmente suas células produtoras de ácido e enzimas. Esse quadro clínico pode ocorrer quando anticorpos atacam o revestimento gástrico (chamado gastrite atrófica metaplásica autoimune). A gastrite atrófica também pode ocorrer em pessoas com infecção crônica causada pela bactéria H. pylori. Esse distúrbio também tende a ocorrerem pessoas submetidas a uma gastrectomia parcial. A gastrite eosinofílica pode se originar de uma reação alérgica provocada por uma infestação por nematelmintos (lombrigas), mas normalmente a causa é desconhecida. Nesse tipo de gastrite, ocorre acúmulo de eosinófilos (um tipo de leucócito) na parede gástrica. A doença de Ménétrier, um raro distúrbio cuja causa é desconhecida, consiste em um tipo de gastrite caracterizada pelo desenvolvimento de pregas grandes e espessas e cistos com conteúdo líquido na parede do estômago. Essa doença pode ser decorrente de uma resposta imunológica anormal, embora também tenha sido associada à infecção por Helicobacter pylori. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre 6. Quais os tipos de úlceras? • Úlcera péptica É uma patologia comum, consistindo numa ferida ou lesão da mucosa do trato gastrointestinal. Atinge anualmente quatro milhões de pessoas no mundo. Estes são os tipos mais comuns: 1. Esofágica (no esófago) 2. Gástrica (no estômago) 3. Duodenal (no intestino delgado) Úlceras pépticas podem resultar de infecções por Helicobacter pylori ou da ação de medicamentos que enfraquecem o revestimento do estômago ou do duodeno. O desconforto causado pelas úlceras aparece e desaparece e tende a ocorrer depois das refeições, porque ocorre produção de ácido gástrico em resposta à ingestão de alimentos. O diagnóstico da úlcera péptica é baseado nos sintomas de dores gástricas e nos resultados de um exame do estômago realizado pela inserção de um tubo flexível para visualização (endoscopia digestiva alta). Antiácidos e outros medicamentos são utilizados para reduzir a acidez do estômago e antibióticos para eliminar a bactéria Helicobacter pylori A úlcera penetra no revestimento gástrico ou duodeno (primeiro segmento do intestino delgado). O tamanho da úlcera pode variar de vários milímetros a vários centímetros. As úlceras podem ocorrer em qualquer idade, incluindo na infância, mas são mais comuns entre adultos de meia- idade. Às vezes, a gastrite (inflamação do estômago) se transforma em doença ulcerativa. Os nomes dados a úlceras específicas identificam sua localização anatômica ou as circunstâncias nas quais elas se desenvolveram. A úlcera duodenal, o tipo mais comum de úlcera péptica, surge nos primeiros centímetros do duodeno. As úlceras estomacais (úlceras gástricas) são menos frequentes e costumam ocorrer na parte inferior do estômago. As úlceras marginais podem surgir após uma gastrectomia parcial na região em que o coto gástrico foi religado ao intestino. As úlceras por estresse, como aquelas que se formam no caso de gastrite aguda por estresse, podem ser decorrentes do estresse causado por doença grave, queimaduras cutâneas ou lesões. As úlceras provocadas por estresse desenvolvem-se no estômago e no duodeno. 7. Diagnóstico diferencial entre úlcera e gastrite. Endoscopia digestiva alta O médico suspeita da existência de úlceras se a pessoa apresenta a dor gástrica característica. Às vezes, o médico simplesmente trata a úlcera de uma pessoa para verificar se os sintomas desaparecem (o chamado tratamento empírico). Se os sintomas desaparecerem, a pessoa provavelmente apresentava uma úlcera. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Podem ser necessários exames para confirmar o diagnóstico, especialmente quando os sintomas não desaparecem após algumas semanas de tratamento ou quando eles aparecem pela primeira vez em uma pessoa com mais de 45 anos de idade ou que têm outros sintomas, como perda de peso, pois câncer de estômago pode causar sintomas semelhantes. Além disso, quando úlceras graves resistem ao tratamento, especialmente se a pessoa tiver várias úlceras ou se elas estiverem localizadas em lugares incomuns, o médico pode suspeitar de um quadro clínico de base que faz com que o estômago produza excesso de ácido. Para ajudar no diagnóstico de úlceras e determinação de sua causa, o médico realiza uma endoscopia digestiva alta (um procedimento realizado com a utilização de um tubo flexível para visualização chamado endoscópio). Durante a endoscopia, o médico pode realizar uma biópsia (coleta de uma amostra de tecido para exame ao microscópio) para determinar se uma úlcera gástrica é cancerosa e para ajudar a identificar a presença da bactéria Helicobacter pylori. O endoscópio também pode ser usado para estancar hemorragias ativas e diminuir a tendência a hemorragias recorrentes causadas por úlceras. __________________________________________________ R: A gastrite é uma inflamação da parede que reveste o interior do estômago. Pode ser causada por ingestão excessiva de alimentos gordurosos, álcool, café, refrigerantes e alimentos muito ácidos, infecção pela bactéria H. pylori, uso constante de medicamentos analgésicos, uso de drogas, entre outros. Seu tratamento é feito com medicamentos que diminuem a acidez do estômago (inibidores da bomba de prótons), além da correção de eventual erro alimentar ou uso inadvertido de alguns comprimidos. Já a úlcera é uma ferida na parede do estômago com maior profundidade que a gastrite, o que pode causar dor e desconfortos mais intensos. A causa mais frequente do surgimento das úlceras é a bactéria H. pylori, seguida pelo uso de medicamentos anti-inflamatórios. Seu tratamento também é feito com medicamentos que diminuem a acidez do estômago (inibidores da bomba de prótons), além de antibióticos para erradicar o H. pylori, caso presente. Em casos mais graves, podem ocorrer sangramentos e perfurações, o que exige intervenção endoscópica de emergência para o tratamento. A Endoscopia Digestiva é a melhor maneira de diagnosticar e diferenciar gastrites e úlceras. 8. Rinite alérgica: Qual o quadro clínico, fatores desencadeantes, diagnóstico diferenciado, tratamento e prevenção? R: A rinite alérgica é definida como uma inflamação da mucosa do revestimento nasal, é caracterizada pela presença de um ou mais sintomas: congestão nasal, coriza, espirros e Bruno Feitosa Espino, 3º semestre prurido. Os sintomas são induzidos por exposição a alérgenos com formação de anticorpos IgE específicos ligados a receptores de alta afinidade nos mastócitos. A inflamação alérgica inicia-se quando uma molécula exógena (antígeno), geralmente uma proteína ou glicoproteína, é inalada e se deposita sobre a mucosa nasal. Em indivíduos Bruno Feitosa Espino, 3º semestre geneticamente predispostos, a interação do antígeno com a IgE ligada à parede dos mastócitos e basófilos gera liberação de mediadores da fase imediata da resposta alérgica, que são responsáveis pelo quadro clínico da doença: espirros, prurido, rinorreia e congestão nasal. Podem ser associados sintomas oculares como prurido e hiperemia de conjuntiva e escleras. A fase tardia inicia-se apos 4 a 8 horas da exposição ao alérgeno, sendo caracterizada pela infiltração eosinofílica da mucosa nasal. A inflamação alérgica será amplificada por vários mediadores como diversas interleucinas (IL-1, 3, 4, 5, 9 e TNF) moléculas de adesão (ICAMs e VCAMs), leucócitos, leucotrienos e produtos de eosinófilos (proteína básica principal, proteína eosinofílica) que induzem dano tissular através de ruptura da integridade da membrana basal na mucosa nasal. Acredita-se que ocorra remodelamento do epitélio nasal semelhante ao que ocorre no epitélio pulmonar. A inflamação neurogênica relaciona a inervação sensorial e autonômica à resposta alérgica. Esta inervação possui ações importantes no controle da homeostase e patência nasal, por meio de reflexos locais e outros integrados com o sistema nervoso central. Reflexos axônicos são capazes de induzir a liberação de interleucinas que atuam sobre os eosinófilos, induzindo sua atração, ativação e inibindo sua apoptose celular. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre O tratamento medicamentoso inclui o uso de anti-histamínicos (an-tiH1) sistêmicos e tópicos, descongestionantessistêmicos, cromoglicato dissódico (cromona), corticóides tópicos nasal e Bruno Feitosa Espino, 3º semestre antileucotrienos. Os antiH1 são eficazes no controle do prurido, espirros e coriza, mas não são medicamentos de primeira linha para aliviar a congestão nasal. Os anti-histamínicos de primeira geração (hidroxizina, dexclorfeniramina, fenotiazina) atravessam a barreira hematoliquorica, causam sedação, e por isso não devem ser utilizados no tratamento da Rinite alérgica; os de segunda geração (loratadina, cetirizina, levocabastina, azelastina, epinastina, ebastina, fexofenadina, e outros) tem efeito mais prolongado, menor penetração no sistema nervoso central e mínimo efeito anticolinérgico. 9. Como se caracteriza um transtorno de ansiedade e quais as suas complicações? (Abordagem ao paciente com ansiedade) R: Todas as pessoas experimentam periodicamente medo e ansiedade. O medo é uma resposta emocional, física e comportamental a uma ameaça externa imediatamente reconhecível (p. ex., um intruso, um carro descontrolado). Ansiedade é um estado emocional perturbador e desconfortável de nervosismo e preocupação; suas causas são menos claras. A ansiedade está menos ligada com o momento exato da ameaça; ela pode ser antecipatória, antes da ameaça, persistir depois que a ameaça cessou, ou ocorrer sem ameaça identificável. A ansiedade é muitas vezes acompanhada por alterações físicas e comportamentos similares àqueles causados pelo medo. Algum grau de ansiedade é adaptativo; pode ajudar as pessoas a preparar, praticar e executar algo, de maneira que seu funcionamento seja melhorado, e ajudá-las a ser apropriadamente cautelosas em situações potencialmente perigosas. Entretanto, além de certo limite, a ansiedade causa disfunção e perturbação inadequada. Nesse ponto, ela é desadaptativa, sendo considerada um transtorno. A ansiedade ocorre em uma grande variedade de transtornos mentais e físicos, mas é o sintoma predominante em alguns deles. Transtornos de ansiedade são mais comuns que qualquer outra classe de transtornos psiquiátricos. Todavia, muitas vezes, não são reconhecidos e, por conseguinte, não são tratados. Deixada sem tratamento, a ansiedade crônica e desadaptativa pode contribuir para alguns distúrbios médicos gerais ou interferir no tratamento deles. Sofrimento mental que ocorre imediatamente ou logo depois de experimentar ou testemunhar um evento traumático opressivo não é mais classificado como transtorno de ansiedade. Esses transtornos agora são classificados como transtornos relacionados a traumas e transtornos relacionados a estressores. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre uma resposta a estressores ambientais, tais como o término de um relacionamento importante A ansiedade pode ser As causas dos transtornos de ansiedade não são completamente conhecidas, mas tanto fatores psiquiátricos como médicos gerais estão envolvidos. Muitas pessoas desenvolvem transtornos de ansiedade sem qualquer antecedente desencadeante identificável. Alguns transtornos médicos gerais podem produzir ansiedade diretamente; eles incluem: • Hipertireoidismo • Feocromocitoma • Insuficiência cardíaca • Arritmias • Asma • DPOC CLASSIFICAÇÃO NA CID 10 F41.1 Ansiedade generalizada Ansiedade generalizada e persistente que não ocorre exclusivamente nem mesmo de modo preferencial numa situação determinada (a ansiedade é “flutuante”). Os sintomas essenciais são variáveis, mas compreendem nervosismo persistente, tremores, tensão muscular, transpiração, sensação de vazio na cabeça, palpitações, tonturas e desconforto epigástrico. Medos de que o paciente ou um de seus próximos irá brevemente ficar doente ou sofrer um acidente são frequentemente expressos. Sua sinonímia inclui estado ansioso, neurose ansiosa e reação de angústia. Deve ser diferenciado da neurastenia, codificada em outra seção. Recomendações gerais As seguintes recomendações gerais devem ser feitas a todos os pacientes e familiares, independente da prescrição de tratamento farmacológico: a) O paciente deve ser encorajado a praticar métodos de relaxamento diários para reduzir os sintomas físicos de tensão; b) O paciente deve ser encorajado a envolver-se em atividades prazerosas e exercícios físicos e a retomar atividades que foram úteis no passado; c) Identificar e desafiar preocupações exageradas ou pensamentos pessimistas podem reduzir os sintomas de ansiedade; d) Identificar eventos que desencadeiam preocupação excessiva pode ajudar a formular estratégias para reduzir a ansiedade; e) Discutir o que o paciente está fazendo para manejar as situações desagradáveis, identificando e reforçando atitudes que estão funcionando; f) Identificar algumas medidas específicas que o paciente pode tomar nas próximas semanas. ou a exposição a um desastre que ameace a vida. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Fármacos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) São o tratamento de primeira linha para a ansiedade generalizada em adultos. O fármaco ISRS disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME, 2013) é o cloridrato de fluoxetina, na forma de cápsulas ou comprimidos de 20 mg. Fora do SUS os psiquiatras usam, também, em determinadas situações, a sertralina, a paroxetina e o citalopram26 . Antes de se iniciar o tratamento com fluoxetina, deve-se explicar os prováveis benefícios do tratamento; os efeitos colaterais esperados, síndrome de retirada e interações medicamentos; o risco de ativação, com sintomas como aumento da ansiedade, agitação e sono perturbado; o gradual desenvolvimento do efeito ansiolítico durante as primeiras semanas de tratamento; Tricíclicos Utilizadas historicamente em transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes, a clomipramina, a amitriptilina, a nortriptilina e a imipramina são drogas clássicas30 . Apesar de também não estar indicada especificamente para o transtorno de ansiedade generalizada, entre as drogas disponíveis no Formulário Terapêutico Nacional, o cloridrato de clomipramina pode ser uma alternativa. Tem grande eficácia na vigência de sintomas de tendência fóbica, obsessivo- compulsiva, pânico, ou angústia refratária elevada. O tratamento deve ser mantido por um ano após remissão dos sintomas, devido ao curso normalmente crônico e com recidivas deste transtorno. A interrupção deve ser feita após avaliação conjunta entre médico e paciente do quadro atual (com remissão dos sintomas), contexto e risco de recidivas, e compreensão do paciente sobre os riscos e benefícios. Deve ser oferecida durante todo o tratamento e reforçada no momento da interrupção psicoeducação a respeito de fatores desencadeantes e estressores de quadros de ansiedade, sintomas de recidiva e como buscar novo tratamento. 10. Espiritualidade no atendimento médico, como proceder? R: Muitos pacientes são religiosos. Negligenciar a dimensão espiritual é como ignorar o ambiente social de um paciente ou seu estado psicológico. Resulta em falha ao tratar a pessoa integralmente. Não apenas a religião é vital para a identidade de muitas pessoas, mas é também usada para lidar com circunstâncias difíceis da vida, especialmente doenças. No caso de pessoas religiosas, suas crenças e suas práticas são usadas para regular a emoção durante uma doença e outras circunstâncias fora do controle dos pacientes. Crenças religiosas influenciam decisões médicas, especialmente quando os pacientes estão seriamente doentes. Podem influenciar a dieta do paciente, a aceitação do tratamento médico proposto, doação de sangue, vacinação, mudanças sugeridas no estilo de vida, etc. Obter uma história espiritual serve para: Bruno Feitosa Espino, 3º semestre 2. Familiarizar-se com as crenças dos pacientes e com o modo como eles encaram o tratamento médico; 3. Entender o papel que a religião tem ao lidar com a doença ou saber se areligião provoca estresse; 4. Identificar necessidades espirituais que necessitem de acompanhamento. 5. Diz ao paciente que esse aspecto de sua identidade pessoal é reconhecido e respeitado pelo médico; 6. Colhe informações úteis para o entendimento e motivação dos comportamentos relacionados à saúde; 7. Proporciona informação sobre o sistema de apoio que o paciente tem e os recursos na comunidade que podem auxiliar em seu tratamento; 8. Informa ao paciente que esta é uma área sobre a qual o médico está disposto a conversar, se necessário. 11. Abordagem ao paciente com epigastralgia. Uma vez que a infecção pela bactéria H. pylori é uma das principais causas de úlceras, quando a infecção é diagnosticada a pessoa recebe um tratamento para infecção pelo H. pylori com antibióticos e subsalicilato de bismuto. Vários antibióticos diferentes podem ser usados, incluindo amoxicilina, claritromicina, metronidazol e tetraciclina. Medicamentos inibidores da produção de ácido bloqueiam a produção de ácido gástrico. Os medicamentos inibidores da produção de ácido mais comumente usados incluem inibidores da bomba de prótons e bloqueadores de histamina-2 (H2) bloqueadores (consulte também Tratamento medicamentoso para ácido gástrico). A cicatrização das úlceras ocorre em menos tempo e em uma porcentagem maior de pessoas que usam inibidores da bomba de prótons em comparação aos bloqueadores de H2 e, portanto, se tem uma preferência por eles em comparação aos bloqueadores de H2 no tratamento de úlceras. Antiácidos, como líquidos ou comprimidos contendo carbonato de cálcio ou substâncias similares, neutralizam o ácido gástrico, mas não bloqueiam a sua produção. A neutralização ou redução do ácido gástrico promove a cicatrização de úlceras pépticas, independentemente da sua causa. Na maioria das pessoas, o tratamento é mantido por quatro a oito semanas. Embora dietas leves possam ajudar a reduzir o ácido, não há evidência de que tais dietas acelerem a cicatrização das úlceras ou evitem que elas retornem. No entanto, é recomendável que as pessoas evitem alimentos que aparentemente causam dor e agravam a sensação de inchaço. Também é importante eliminar possíveis substâncias que irritam o estômago, como AINEs, álcool e nicotina. Atualmente, uma cirurgia para úlcera raramente é necessária, pois os medicamentos são muito eficientes na cicatrização das úlceras pépticas e a endoscopia é eficiente em parar um sangramento ativo. A cirurgia é utilizada principalmente para tratar de complicações de uma úlcera péptica, como: • Uma perfuração • Uma obstrução que não responde à terapia medicamentosa ou que ocorre novamente Bruno Feitosa Espino, 3º semestre • Dois ou mais episódios importantes de úlceras hemorrágicas • Uma úlcera gástrica com suspeita de ser cancerosa • Recorrências graves e frequentes de úlceras pépticas Diferentes procedimentos cirúrgicos podem ser realizados para o tratamento dessas complicações. Cirurgia também pode ser realizada para reduzir a produção de ácido e garantir que o estômago possa drenar adequadamente. Entretanto, as úlceras podem reaparecer após a cirurgia e os procedimentos podem, cada qual, causar seus problemas, como perda de peso, má digestão, evacuações frequentes (síndrome de dumping) e anemia. 12. Relação das questões emocionais (ansiedade e estresse) com a gastrite. A gastrite aguda por estresse, uma forma de gastrite erosiva, é causada por doença ou lesão súbita. Mesmo lesões fora do estômago provocam gastrite. Por exemplo, queimaduras extensas na pele, lesões cranianas e lesões que provocam hemorragias importantes são causas frequentes. Não se conhece bem a razão pela qual uma doença grave pode causar gastrite, mas acredita-se que isso possa estar relacionado à redução do fluxo sanguíneo que irriga o estômago, com um aumento da quantidade de ácido no estômago e/ou com a deterioração da capacidade de proteção e renovação do revestimento gástrico. 13. Entendimento dos exames complementares. R: H. pylori é um microrganismo Gram-negativo, espiralado, que se adaptou à vida em ambiente ácido. A maioria das pessoas infectadas por Helicobacter pylori nunca manifestará quaisquer sinais ou sintomas de gastrite, enquanto que outras pessoas terão complicações graves. Essa diferença na expressão da doença envolve o tipo de cepa de H. pylori e fatores relacionados ao paciente, como variações genéticas, hábitos alimentares, estresse emocional e uso de medicamentos. Os sinais e sintomas da infecção por H. pylori podem incluir: • Dor ou queimação no abdômen • Náuseas • Perda de apetite • Arrotos frequentes • Inchaço • Perda de peso não intencional. Urease positiva Uma prova rápida, presuntiva, muito difundida na prática clínica, é a pesquisa da urease no tecido gástrico. Faz- se depositando uma porção da biópsia num tubo contendo 0,5 ml de ureia de Christensen. A urease presente no tecido hidrolisa a ureia, e o meio muda de cor, do amarelo ao vermelho. Esta prova pode ser positiva em mais de 60% dos casos nos primeiros 15 minutos, aumentando a positividade até 90% depois de três horas de incubação. Kits comerciais também estão disponíveis para realizar esta prova. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre linfócitos estão aumentados, geralmente, é sinal de uma infecção. Neutrofilos maduros(segmentados) estão tentando debelar o patógeno. 14. Possível causa do tremor em extremidades em idosos. A dependência é tida como o grande vilão do uso crônico de benzodiazepínicos, uma vez que pode se desenvolver em poucos dias. A síndrome causada pela retirada abrupta da medicação pode ser responsável por uma série de sintomas como dor de cabeça, cansaço, insônia, tremor, diminuição da concentração e ansiedade. Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. 15. Influência do tabagismo no quadro atual da paciente. Fumantes têm mais propensão a desenvolver úlceras pépticas que os não fumantes, e as úlceras pépticas dos fumantes demoram mais para cicatrizar e provavelmente voltarão a ocorrer. Embora o álcool aumente a produção de ácido gástrico, consumir quantidades moderadas de álcool parece não causar úlceras ou retardar a cicatrização. O fumo não parece aumentar a produção de ácido. No entanto, fumar aumenta a produção de outras substâncias que podem prejudicar o revestimento, tais como a pepsina, uma enzima feita no estômago que digere as proteínas. O tabagismo também diminui a fatores que protegem ou cicatrizam o a parede, como: • fluxo sanguíneo da parede • secreção de muco (líquido viscoso que protege a parede contra o ácido) • produção de bicarbonato de sódio - uma substância salina que neutraliza o ácido - pelo pâncreas Bruno Feitosa Espino, 3º semestre 16. Propedêutica do abdome. - Inspeção -> ausculta -> percussão / palpação - Segunda etapa já vai para a ausculta, porque se palparmos antes de escutar, estimulará o peristaltismo - Percussão e palpação caminha juntas na prática • Analisa-se: coloração, lesões elementares, circulação venosa colateral superficial, presença de estrias (prateadas antigas são normais), manchas hemorrágicas e a distribuição dos pelos. • Simetria: analisar visceromegalias e massas. • Cicatrizes: descrever com detalhes localização, tamanho, textura, prurido, ou faça um desenho. • Verificar a cicatriz umbilical; • Movimentos Respiratórios: mais recorrente em homens com respiração toracoabdominal. Os movimentos costumam desaparecer em infecções peritoneais por rigidez da parede abdominal. • Peristaltismo: observe o abdome durante alguns minutos, caso suspeite de obstrução intestinal (mais visível em pessoas magras). • Pulsações: pulsação aórtica normal é frequentemente visível no epigástrio. Em aneurismas da aorta abdominal haverá pulsações no local afetado. • Abaulamentos e retrações: em uma determinada região,torna o abdome assimétrico e irregular, indicando alguma anormalidade cuja identificação depende dos dados fornecidos pela inspeção, que se somam aos da palpação (localização, forma, tamanho, mobilidade e pulsatilidade). Ex.: tumorações, hepatomegalia e esplenomegalia. • Forma e volume: podem ser encontrados: atípico ou normal, globoso ou protuberante, em ventre de batráquio, pendular ou ptótico, de avental e escavado (escafoide ou côncavo). Na inspeção dinâmica, solicitará ao paciente para realozar alguns movimentos para analisar anormalidades. Circulação Colateral: quando as veias se tornam visíveis, indicando obstrução do fluxo por obstrução venosa profunda. Hernias: falha na aponeurose dos músculos causando protrusão parcial ou total de vísceras. Diástase: estado de afastamento dos grandes músculos abdominais, sendo normal uma distância de 1 dedo, porém, com uma distância de 2 ou 3 já possui alguma anormalidade. Estando o paciente de decúbito dorsal, pede-se a ele para contrair a musculatura abdominal, seja elevando as duas pernas estendidas, seja levantando do travesseiro a cabeça, sem mover o tórax. Asculta Fornece informações importantes a respeito da movimentação de gases e líquidos no trato intestinal, dados que contribuem na avaliação clínica. É importante que se realize a ausculta do abdome antes de se realizar a percussão e a palpação, pois estas podem estimular o peristaltismo e encobrir uma hipoatividade dos ruídos hidroaéreos. Com o diafragma do estetoscópio irá auscultar os quatro quadrantes do abdome, os ruídos hidroaéreos auscultados são sons naturais, com características de gorgolejos, sendo necessário escutar de 1 a 2 min, porém, caso ausculte o primeiro e segundo som, já basta. Atentar para a continuidade do ruído. A ausculta de borborigmos, RHA mais altos, são causados por hiperperistaltismo. Buscam-se, também, sopros sistólicos ou sistodiastólicos (contínuos) indicativos de estreitamento do lúmen de um vaso ou de fístula arteriovenosa. Um sopro com os componentes sistólicos e diastólicos em uma das regiões é muito sugestivo de estenose da artéria renal como causa de uma hipertensão arterial. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Realiza a percussão com o paciente em decúbito dorsal, percutir todo o abdômen, os quatro quadrantes, de baixo para cima, ou em forma de caracol, passando por todas as 9 regiões. Na semiotécnica, utiliza-se o 3o quirodáctilo direito (o plessor) arqueado e percute-se a porção medial do 3o quirodáctilo esquerdo (o plessímetro) aplicado sobre a parede abdominal. Busca os seguintes sons: timpanismo, hipertimpanismo, submacicez e macicez. Som Timpânico: indicativo da presença de ar na víscera oca, presente em quase todo o abdome, sendo mais nítido na área de projeção do fundo do estômago (espaço de Traube). Espaço de Traube: um espaço semilunar, localizado abaixo da sexta costela, lateralmente encontra- se a linha axilar anterior e inferiormente o rebordo costal esquerdo. Hipertimpanismo: decorre das diferentes quantidades de ar contido nos segmentos do TGI, presente quando aumenta a quantidade de ar, por exemplo, na obstrução intestinal, no vólvolo, no pneumoperitônio. Macicez: menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre outra víscera. Ascite, tumores e cistos contendo líquidos originam som maciço. Hepatimeria Percute-se o hemitórax direito no nível da linha hemiclavicular direita desde sua origem na clavícula até o 4o ou 5o espaço intercostal. Há uma transição de som claro pulmonar para submaciço na altura do 5o ou 6o EIC, correspondendo ao limite superior do fígado. Continuando a percussão para dentro, para baixo ou para fora, consegue delimitar com facilidade a área de macicez hepática. Normal: 4 a 8 cm da linha medioesternal; 6 a 12 cm da linha medioclavicular direita. Palpação Realizada com o paciente de decúbito dorsal, com a mão espalmada. Tem por objetivo avaliar o estado da parede abdominal, explorar a sensibilidade abdominal e reconhecer as condições anatômicas das vísceras abdominais. Em condições normais, não se consegue distinguir pela palpação todos os órgãos intra- abdominais. Nas pessoas magras, se a parede abdominal estiver bem relaxada, é possível reconhecer o fígado, os rins, a aorta abdominal, o ceco, o cólon transverso e o sigmoide. A palpação sistemática do abdome compreende quatro etapas que devem ser cumpridas, uma após a outra: palpação superficial, palpação profunda, palpação do fígado, palpação do baço e de outros órgãos, além de manobras especiais. Palpação superficial Investiga-se a sensibilidade, a resistência da parede, a continuidade da parede abdominal, as pulsações e o reflexo cutâneo-abdominal. *** Caso seja encontrado uma massa ou uma víscera palpável, deve-se indicar a localização e caracterizar a mesma de acordo com a semiotécnica semiológica. Palpação profunda Por meio da palpação profunda investigam-se os órgãos contidos na cavidade abdominal e eventuais “massas palpáveis” ou “tumorações”. É válido destacar, primeiramente, que não se consegue distinguir o estômago, o duodeno, o intestino delgado, as vias biliares e os cólons ascendente e descendente, ao passo que o ceco, o transverso e o sigmoide são facilmente palpáveis. Características anormais, como megalias e tumorações, devem ser abordadas as seguintes características: localização, forma, colume, sensibilidade, consistência, mobilidade e pulsatilidade. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Palpação fígado Para se palpar o fígado, o paciente deve estar a princípio em decúbito dorsal, relaxando tanto quanto possível a parede abdominal. Semiotécnica: consiste em palpar o hipocôndrio direito, o flanco direito e o epigástrio, partindo do umbigo até a reborda costal. Em seguida, executa-se a palpação junto à reborda, pedindo-se para o paciente para realizar inspirações profundas; durante a expiração posiciona-se as mãos junto à parede abdominal sem fazer compressão e sem se movimentar e quando houver a inspiração, a mão do examinador, ao mesmo tempo que comprime, é movimentada para cima, buscando detectar a borda hepática. Palpação baço Com o paciente em decúbito dorsal ou na posição de Schuster, paciente em decúbito lateral direito com a perna direita estendida e a coxa esquerda fletida sobre o abdome em um ângulo de 90o, irá executar a palpação no quadrante superior esquerdo. Com o paciente nesta posição, faz-se a palpação: de início, o examinador posiciona-se diante do paciente, pousando com alguma pressão sua mão esquerda sobre a área de projeção do baço como se quisesse desloca-lo para baixo. Enquanto isso, a mão direita executa a palpação, coordenando-a com os movimentos respiratórios do paciente, de tal modo que, durante a inspiração, o examinador avança sua mão no rumo da reborda costal. 17. Propedêutica do transtorno da ansiedade. O diagnóstico deve avaliar, portanto, se há desproporcionalidade, interferência muito incômoda, diminuição de capacidades, prejuízos atuais e cronificação. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial de uma angústia normal, advinda de situações causadoras de sofrimento, das condições neuróticas, vinculadas a predisposições e a características particulares da personalidade, montadas na infância. Um cuidado que os médicos generalistas, na atenção primária precisam ter é o de não se apressar para fazer o diagnóstico. Na ansiedade, como na depressão, há riscos de fazer identificações equivocadas (falsos positivos). Na suspeita de síndromes depressivas, por exemplo, no Reino Unido são mais frequentes os falsos positivos do que os casos não diagnosticados (falsos negativos). Todo paciente com suspeita de transtorno de ansiedade deve receber avaliação adequada para definir se há ou não um transtorno específico, qual a severidade dos sintomas e qual a severidade do prejuízo funcional associado. Em caso deefetivo diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada deve haver diálogo com o paciente sobre o tema, em linguagem pouco medicalizadora e não biologicista, tão logo possível, para ajudar as pessoas a entender o problema, a se responsabilizar por ele, a repensar suas pautas de relacionamento com pessoas e situações. Espera-se que a pessoa inicie um tratamento sem esperar milagres, dispondo-se a um trabalho psíquico, interior, e esforçando-se para separar as ansiedades realísticas das ansiedades neuróticas. Deve ser feito o diagnóstico diferencial com as condições psiquiátricas comórbidas mais frequentes. Se o humor deprimido for proeminente, considerar depressão. Se houver ataques súbitos de ansiedade não provocados, considerar transtorno do pânico. Se houver medo e evitação de situações específicas, considerar transtornos fóbicos. Pelo menos três de seis sintomas precisam estar presentes para um diagnóstico: inquietação ou nervosismo, fadiga, perda de concentração, irritabilidade, tensão muscular e sono perturbado. É em parte um diagnóstico de exclusão, já que condições médicas gerais, Bruno Feitosa Espino, 3º semestre medicamentos, substâncias e outros transtornos mentais devem ser excluídos como causa primária. O exame físico e as provas laboratoriais são geralmente normais se não há problemas médicos ou abuso de substâncias presentes. Robin Warren e Barry Marshall – Curiosidade Barry James Marshall (Kalgoorlie, 30 de setembro de 1951) é um médico gastroenterologista australiano e professor de Microbiologia Clínica na Universidade da Austrália Ocidental. Foi agraciado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2005, pelo estudo da prova da bactéria Helicobacter pylori como causa da úlcera péptica, contrapondo-se à doutrina tradicional segundo a causa da úlcera seria o stress, comida picante e ácida. A teoria da H. pylori era considerada absurda pela comunidade científica, que não acreditava na possibilidade de viverem bactérias no ambiente ácido do estômago. Barry Marshall, para provar a sua teoria, bebeu um tubo de ensaio contendo bactérias e desenvolveu úlcera gástrica, curando-se por antibióticos. John Robin Warren (Adelaide, 11 de junho de 1937) é um médico australiano. Estudou o papel da bactéria helicobacter pylori no desenvolvimento da úlcera péptica, contrapondo-se à doutrina tradicional segundo a causa da úlcera seria o stress, comida picante e ácida. Recebeu em conjunto com o seu colega Barry Marshall o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2005. Quem é mais sentimental que eu?! Eu disse e nem assim se pôde evitar... Rodrigo Amarante Bruno Feitosa Espino, 3º semestre