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Prof. Dr. Alessandro Fazolo Cezario 
Aspectos importantes da TCC no 
tratamento da dependência química 
TCC busca ajudar o paciente a: 
 Seguir uma agenda planejada que envove atividades de 
baixo risco; 
 Reconhecer situações de alto risco para iniciar o uso da 
droga e aprender a evitá-las; 
 Lidar de forma mais eficaz com os problemas e 
comportamentos problemáticos associados com o uso. 
 
Conceitos importantes no tratamento 
 Mais do que em outras situações, o tratamento 
continua em fases posteriores de recuperação; 
 É dada maior ênfase aos aspectos cognitivos. 
Isto inclui: 
 Ensinar o paciente sobre o comportamento adicto; 
 Ensinar o paciente sobre condicionamento, 
estímulos disparadores, craving (“fissura”)... 
 Ensinar o paciente a ter habilidades cognitivas para 
lidar com a impulsividade e o sentimento de 
necessidade; 
 Foco na prevenção de recaídas. 
O primeiro passo na TCC: como a droga entrou 
na sua vida? 
 Uma das primeiras tarefas na condução da TCC com 
pacientes adictos é aprender detalhes do uso da 
substância. 
 Não basta saber que ele usa uma droga em particular 
ou várias drogas. 
 É importante saber também como o uso da droga se 
relaciona com os outros aspectos da vida do paciente. 
 Esse detalhes são úteis para a criação de uma estratégia 
de tratamento. 
As cinco perguntas (análise funcional) 
Pessoas que abusam de drogas não fazem isso por acaso. 
É importante saber: 
 Os horários e o período em que o paciente usa a droga 
(quando?) 
 Os lugares em que o paciente consegue e utiliza a droga 
(onde?) 
 As pistas externas e os estados emocionais que desencadeam a 
fissura e o desejo de usar a droga (por que?) 
 As pessoas que estão presentes quando o paciente usa a droga 
ou as pessoas de quem se consegue a droga para consumo 
(com/de quem?) 
 Os efeitos que a droga causa no paciente ─ os benefícios 
psicológicos e fisiológicos (o que acontece?) 
As cinco perguntas (análise funcional) 
 O que estava acontecendo antes de você usar? 
 Como estava se sentindo antes de usar? 
 Como / onde você obteve a drogas? 
 Com quem você usou drogas? 
 O que aconteceu depois que você usou? 
 Onde e com quem você estava quando você 
começou a pensar em usar a droga? 
Análise funcional ou registro das situações de alto risco 
 
Situação 
antecedente 
Pensamentos Sentimentos e 
sensações 
Comportamento Consequências 
Onde eu estava? 
 
 
Quem estava 
comigo? 
 
 
O que estava 
acontecendo? 
O que eu 
estava 
pensando? 
Como foi? 
 
 
Que sinais que 
recebi do meu 
corpo? 
O que eu fiz? 
 
O que eu usei? 
 
Quanto que eu 
usei? 
 
As drogas que 
usei? 
 
O que fizeram a 
outras pessoas ao 
meu redor no 
momento? 
O que 
aconteceu 
depois? 
 
Como me senti 
logo depois? 
 
Como outras 
pessoas 
reagiram ao 
meu 
comportamento
? 
 
Quaisquer 
outras 
consequências? 
Desencadeadores e fissura 
Gatilho Pensamento Craving Uso
 
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Situações de alto e baixo risco de uso 
 Situações que eliciam e têm sido altamente associados 
com o uso de drogas são referidas como situações de 
alto risco. 
 Outros lugares, pessoas e situações que nunca foram 
associadas com o uso de drogas são referidas como 
situações de baixo risco. 
 Um importante objetivo do tratamento é ensinar os 
pacientes a diminuir seu tempo em situações de alto 
risco e aumentar o seu tempo em situações de baixo 
risco. 
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Compreendendo o craving 
Fissura (definição) 
 Ter um desejo intenso; 
 Necessidade urgente, exigência; 
 Muitas pessoas descrevem o craving como uma 
sensação semelhante a fome de comida ou sede de 
água. 
 É uma combinação de pensamentos e sentimentos. 
Há um poderoso componente fisiológico ligado à 
ânsia que o torna um evento muito poderoso e 
muito difícil de resistir. 
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As diferentes características do Craving 
 Craving e impulsos são experimentados de várias 
maneiras por diferentes pessoas. 
 Para alguns, a experiência é principalmente 
somática. P. ex., "Eu tenho uma sensação no 
estômago," ou "Meu coração dispara", ou "Eu sinto 
o cheiro da droga.“ 
 Para outros, o craving é uma experiência mais 
cognitiva. P. ex., "Eu preciso disso agora" ou "Não 
posso tirar isso da minha cabeça", ou “A droga me 
chama". 
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Lidando com o craving 
 
 Muitos pacientes acreditam que uma vez que começam 
a ansiar pela droga, é inevitável usar. Em sua 
experiência, eles sempre "cedem" ao desejo quando 
começam a usar a droga. 
 
 Na TCC, é importante dar ao paciente intrumentos 
para resistir ao craving. 
Gatilhos 
Pensamentos 
Craving 
Uso 
Gatilhos e o craving 
As 3 tarefas da TCC 
 Feedback 
 Etapa psicoeducativa que consiste em fazer o paciente 
compreender detalhes do seu problema. 
 Ouvir e compreender 
 Explorar opções alternativas 
 Advertir (evite fazer isso!) 
Primeira tarefa: feedback 
 Dê ao paciente um feedback usando: 
 Escalas avaliativas; 
 Informações consolidadas e comuns sobre o problema 
(“qualquer um sabe!”); 
 Valores normais para o problema; 
 Scores; 
 Estimule uma reação: “e então, o que vai fazer?” 
 Apenas estimule a reação, deixe o paciente decidir o que fazer. 
 
Manejo da resistência… 
 
 Olha, não tenho problemas com a bebida! 
 Meu pai foi alcoólatra; Eu não sou como ele! 
 Eu posso parar quando eu quiser! 
 Eu só gosto do sabor! 
 Se você morasse onde eu moro, você beberia muito! 
 
O que o paciente diria se ouvisse isso? 
Primeira tarefa: feedback 
A segunda tarefa: ouvir e entender 
Ouça a mudança do discurso... 
Talvez beber tenha sido importante para o que 
aconteceu 
Se eu não tivesse bebido isso não teria acontecido 
Não é mais divertido 
Eu não posso me dar ao luxo de fazer isso 
novamente 
A última coisa que quero fazer é magoar outra 
pessoa 
Resuma para que ele ouça duas vezes! 
Mudança de discurso 
 
• DESEJO: Eu quero fazer. 
• CAPACIDADE: posso fazer. 
• MOTIVO: Não posso perder meu 
emprego. 
• NECESSIDADE: Eu tenho que fazer. 
• COMPROMISSO!!! VOU FAZER ISSO. 
A segunda tarefa: ouvir e entender 
Aprofunde-se na mudança de discurso… 
• Eu gostaria de ouvir sua opinião sobre... 
• Quais são as coisas que o incomodam sobre 
beber? 
• Que papel você acha que álcool desempenha 
em seus problemas? 
• Como você gostaria de ser quanto a beber 
daqui a 5 anos? 
A segunda tarefa: ouvir e entender 
Estratégias para pesar prós e contras… 
• “O que você gosta quando bebe?" 
• “O que citaria como desvantagem de beber?” 
• “Mais o que?” 
 
Resuma os prós e contras… 
 
“Por um lado você diz que... 
e por outro diz que... 
A segunda tarefa: ouvir e entender 
Importância/confiança/prontidão 
Numa escala de 1–10… 
• Quão importante é para você para de beber? 
• O quão confiante você está quanto a poder parar de 
beber? 
• Está como pronto para alterar o seu consumo de 
álcool? 
Para cada resposta, pergunte... 
• Porque esse valor não é menor? 
• O que faria você aumentar esse valor? 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
A segunda tarefa: ouvir e entender 
A terceira tarefa: dar opções 
E agora? 
O que acha que você vai fazer? 
Que mudanças você gostaria de fazer? 
Quais são suas opções? 
Para onde vamos agora? 
O que acontece depois? 
Oferecer um Menu de opções 
• Gerencie seu comportamento de beber 
(diminua riscos ao máximo) 
• Eliminir o comportamento de beber 
• Nunca beba e dirija (reduzir prejuízos) 
• Não fazer absolutamente nada (sem mudança) 
• Buscar ajuda (referência ao tratamento) 
A terceira tarefa: dar opções 
Nos menus pode-se explorar sucessos, recursos e 
habilidades do paciente 
• "Você já parou de beber/usar drogas antes?“ 
• "Que características pessoais permitiu-lhe parar 
antes?“ 
• “Quem te ajudou a parar?” 
• "Você já fez outros tipos de mudanças com 
sucesso no passado?“ 
• "Como você realizou essas coisas?"A terceira tarefa: dar opções