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PATOLOGIAS DAS MAMAS MAMA FEMININA São pares e se desenvolvem ao longo da linha mamária (originada a partir da axila até o períneo). Encontram-se apoiadas sobre o músculo peitoral, na parede torácica superior. Geralmente, são encontradas apenas 2 mamas, sendo o resto involuído. Cada mama é formada por 6 a 10 dos principais sistemas ductais que se originam do mamilo e ramificam-se até UDLT (unidade do ducto lobular terminal). Mamilo: é revestido externamente por um epitélio escamoso queratinizado da pele. Ele está em continuidade com a pele, ou seja, doenças da pele podem acometer a mama. Interior dos ductos: é formado por epitélio cubóide de camada dupla que é segurado por uma camada basal de células mioepiteliais contráteis (para auxiliar na secreção do leite). As células que revestem o ducto terminal e os lóbulos produzem leite. Estroma mamário: é o tecido encontrado ao redor da UDLT, formado por conjuntivo frouxo e adiposo, sendo responsável por dar sustentação a essa estrutura glandular. → Estroma interlobular: é o tecido conjuntivo e adiposo que está entre os lóbulos. → Estroma intralobular: é o tecido conjuntivo e adiposo que estão em intimidade com o lóbulo, ou seja, fazem parte dele. A mama feminina não é completamente formada ao nascimento: → O mesênquima (tecido conjuntivo) ao redor do broto mamário se condensa, na telarca (início do desenvolvimento da mama). → Os cordões de células epiteliais “invadem” o estroma para formar o sistema ductal rudimentar, antes mesmo do nascimento, sendo rudimentar até a mulher entrar na puberdade. → Mama feminina pré-púbere e mama masculina são semelhantes. Alterações cíclicas durante a vida reprodutiva: → Alterações acompanham o ciclo menstrual, de forma semelhante ao endométrio. → Na primeira metade do ciclo, os estão lóbulos quiescentes, sem alguma atividade. → Após ovulação, ocorre a proliferação e vacuolização das células epiteliais e estroma edematoso (“se preparando para vir bebê”) e, por esse motivo, pode causar inchaço na mama e dor. Ocorre a involução caso se tenha a menstruação e, assim, não se tenha fecundação. → Gestação: os lóbulos aumentam em número e tamanho, se preparando para a produção do leite. Ocorre a hiperplasia sebácea das glândulas do mamilo, formando estruturas conhecidas por Tubérculos de Montgomery, como uma forma de proteção da mama por aumento de secreção sebácea através da lubrificação (diminuindo o trauma da amamentação). Involução após a menopausa; → Tem-se uma produção mínima de estrogênio (adrenal e reservas de gordura corporal que mantem a diferenciação remanescente de lóbulos com conversão de hormônio androgênios em estrogênios pelo tecido periférico). → O estroma denso da mama jovem é substituído por tecido adiposo, chamado de liposubstituição. A mamografia, por este motivo, é feita em mamas mais idosas e não de jovens (o tecido adiposo é mais radiotransparente que o conjuntivo, permitindo visualizar lesões. Na mama mais jovens analisa-se com ultrassom). Observa-se o sistema ductal revestidos internamente por uma camada dupla de células cuboidais, sendo que as células da camada basal possuem capacidade contrátil (mioepiteliais). É formado por um sistema ductal que se ramifica em vários lóbulos. A mama em lactação tem o epitélio cuboidal após sofrer transformação apócrina (decaptação das células com a secreção do leite, com regeneração celular bem elevada para substituir essas células que morreram). DISFUNÇÕES DO DESENVOLVIMENTO Remanescentes das linhas mamárias: a linha mamária se estende desde a axila até o períneo. Podem ocorrer remanescências dos mamilos e mamas, estando em quantidades acima do normal (supranumerária) por não se ter involução, que podem, também, desenvolver doenças e disfunções. Tecido mamário axilar acessório: atenção para casos de carcinoma de mama e mastectomias profiláticas. As mulheres podem ter prolongações axilares de tecido mamário, podendo ser focos de carcinoma. Inversão mamilar congênita: pode resolver espontaneamente com o desenvolvimento (hormônios na puberdade) ou tração simples. Pode afetar na amamentação, se tornando dolorosa. Gigantomastia/macromastia: é o aumento inviável das mamas, afetando a qualidade de vida da mulher. O tratamento é cirúrgico, com redução desse tecido mamário. Reconstrução/aumento: a reconstrução é feita, por exemplo, após câncer de mama, enquanto o aumento é mais estético, sendo ambos feitos pelas próteses de silicone (corpo estranho que, ainda que pouco interativo, pode gerar reação inflamatória, somado a criação de uma cavidade para a inserção da prótese através da dissecação). → Na inflamação se tem o aumento do volume por edema e aumento da permeabilidade vascular, com saída de células de defesa em direção da prótese, que pode sofrer microagressões e eliminando quantidades de silicone para o interstício, funcionando, também, como corpo estranho. → Seroma: é o acúmulo de líquido seroso associado a esse processo de inflamação, com aumento de células inflamatórias e que, quando as células são geneticamente iguais, pode levar a uma formação neoplásica, chamada de linfoma. O linfoma associado a prótese, geralmente, ele se resolve sozinho. → A injeção de silicone não adequado pode levar a embolia pela passagem para os vasos sanguíneos, podendo, também, causar casos de sepse. → Observa-se uma reação granulomatosa de tipo corpo estranho a silicone. Em casos de microrrotura, tem a liberação de quantidades pequenas de silicone para o meio externo, com englobamento por macrófagos ou células gigantes multinucleadas no processo inflamatório ao corpo estranho. → Pode haver o encapsulamento da prótese do silicone, pela liberação de fibrina no processo inflamatório, que acaba por causar cicatrização ao redor da prótese com a deposição de colágeno. ❖ Principais sintomas relatados Dor: pode ser cíclica (associada ao ciclo menstrual e alterações fisiológicas) ou não cíclica. Lesão palpável: toda lesão palpável deve ser investigada (geralmente maior que 2 cm). Podem estar presentes em todas as idades, porém, a chance de ser lesão maligna aumenta com a idade. Descarga papilar: é a saída de líquido pelo mamilo, sendo preocupante quando espontâneo e unilateral. Após manipulação pode ser fisiológica (estímulo sexual e amamentação, ou palpação em exame físico). → Galactorréia: trata-se da saída de leite pelo mamilo, com aumento de produção de prolactina (pode ser por hipotireoidismo, síndromes anovulatórias com hiperestrogenismo prolongado ou associada a uso de medicamentos). → Tipos de secreção: água de rocha (transparente e caráter maligno), sanguinolenta, purulenta, galactorréia. Triagem: → Mamografia foi introduzida na década de 80 para detectar carcinomas pequenos ainda não associados a sintomas mamários (a partir dos 40 anos = aumento da ocorrência de câncer de mama). → A sensibilidade (mais cedo e muitas lesões, não sendo neoplásicos na maioria dos casos) e especificidade (a chance de ser câncer ao detectar determinada lesão aumenta a chance de ser maligna) do método aumentam com a idade (lipossubstituição = a gordura é mais transparente e permite uma melhor visualização de lesões. O estroma é mais denso e atrapalha o diagnóstico). ❖ Principais achados sugestivos de carcinoma Densidade: é o adensamento do tecido mamário que não deveria ter uma maior densidade, sabendo que, as lesões neoplásicas geralmente são mais densas do que o tecido mamário normal, podendo ocorrer em lesões benignas, como fibroadenomas, cistos, carcinomas invasivos. Ocarcinoma in situ dificilmente se apresenta como densidade. Microcalcificações: são secundárias ao depósito de cálcio, podendo ocorrer por secreção (como leite), detritos necróticos e estroma hialinizado (cicatriz). → Carcinoma in situ: associadas com malignidade, essas calcificações são geralmente pequenas, irregulares, numerosas, agrupadas ou lineares com ramificações. → Calcificações benignas: agrupamentos de cistos apócrinos, fibroadenomas e adenose esclerosante. Estas são calcificações grosseiras e difusas (“em pipoca”). Tipos: → Difusas: normalmente não associadas à malignidade. → Regionais: pode estar associada à malignidade, mas não é a maioria dos casos. Geralmente, tem como causa alguma região da mama que sofreu trauma ou mastite calcificada. Mais associada a benignidade. → Em grupos: dependendo do aspecto podem ser preocupantes, podendo estar bem delimitadas. Quando “em pipoca” pode indicar fibroadenoma (benigno). Mais associadas a malignidade. → Segmentares: geralmente, alguma porção do ducto laminar terminal que está acometida, sendo lesões preocupantes. Mais associadas a malignidade. → Lineares: normalmente estão dentro de um ducto, são preocupantes e de difícil observação, comprometendo um sistema ductal, por exemplo. Mais associadas a malignidade. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DA MAMA Sintomas compartilhados: mamas dolorosas, distendidas e eritematosas. ❖ Mastite Aguda É muito frequente durante a lactação. Trata-se de um processo inflamatório agudo superativo (com pus), ocorrendo por fissuras ou fendas que se tem nos mamilos, ocorrendo pela boca do bebê (que faz a fissura) e possui bactérias que entram em contato com essas fissuras, causando a inflamação e sendo, geralmente, tratado por antibióticos. Como geralmente causa dor, a mãe para de ofertar essa mama para o bebê, causando uma drenagem inadequada do sistema, em que se tem um acúmulo do leite, com deposição de cálcio ou servindo de meio de cultura para bactérias. Esse acúmulo de leite leva ao “empedramento” do leite. A drenagem do leite deve ser feita completamente e de forma constante para evitar esse acúmulo. ❖ Mastite Periductal / Abscesso Subareolar Recorrente Está associado ao tabagismo. Tem-se a formação de uma massa subareolar eritematosa e dolorosa, em que o epitélio escamoso estratificado queratinoso se estende mais profundamente que o usual (deixando de ficar apenas na parte mais superficial). Com isso, a queratina é produzida pelas células e entope o canal, ficando retida e impedindo a passagem da secreção produzida pelos lóbulos com uma dilatação que pode causar um rompimento e, ao mesmo tempo, propiciando uma infecção por microrganismos por se tratar de um meio de comunicação com o meio externo. Tratamento: exérese/retirada do ducto envolvido e do trato fistular associado. Mesmo após o tratamento, pode acometer outros ductos, por estar relacionada ao tabagismo. ❖ Mastite Granulomatosa Tem-se a formação de granulomas na mama, normalmente associada a doenças granulomatosas sistêmicas (Wegener, sarcoidose → comprometem a mama), mas que pode, também, ocorrer por doenças infecciosas (micobactérias ou fungos). ❖ Necrose Gordurosa Tem-se a necrose da gordura da mama, podendo ser chamada de esteatonecrose, estando associada a trauma ou cirurgia prévia. Apresenta-se na forma de uma massa palpável, indolor, espessamento, retração cutânea, densidade mamográfica ou calcificações mamográficas (debree necrótico). Histologicamente, observa-se que os adipócitos estão sem núcleos e aglomerados, sem alguma delimitação. Ao redor, se tem macrófagos e células gigantes multinucleadas que fagocitam (macrófagos xantomizados) os lipídios liberados pela necrose dos adipócitos. ❖ Mastopatia Linfocitica Está muito associada a diabetes tipo 1 (insulinodependentes) e doenças da tireoide, ou seja, doenças endócrinas. É apresentada como massas palpáveis duras múltiplas ou única, que são tão duras que pode ser difícil biopsiar (fibrose tão densa, com muito colágeno). Estroma hialinizado (bandas grossas de colágenos) ao redor de ductos atróficos, que deixam de receber nutrientes e sangue. Existe um infiltrado linfocítico ao redor de epitélio e vasos. ❖ Ectasia do ducto mamário É uma condição que ocorre em mulheres que já amamentaram várias vezes (multiparidade), acometendo na 5a ou 6a década de vida, não associado ao cigarro. É apresentada como uma massa periareolar palpável pouco definida e retração cutânea. Resulta do processo de proliferação e involução que essa paciente passa a cada amamentação, causando distorções na arquitetura, dilatando um sistema ductal. Ocorre um espessamento da secreção que contém macrófagos com lipídios. LESÕES EPITELIAIS MALIGNAS ❖ Alterações fibrocísticas da mama Tem áreas fibrosas e com a presença de cistos. Ocorre, geralmente, em mulheres em menacme, com alteração do ciclo e influência hormonal, podendo ser consequência da amamentação. Cistos: frequentemente com metaplasia apócrina (semelhantes a alterações lactacioais). Tem-se uma dilatação e expansão dos lóbulos (pela proliferação), podendo haver calcificações. Fibrose: resultante da inflamação causada pela rotura (rompimento) dos cistos. Adenose: aumento do número de ácinos por lóbulo, não distorcidos (não tem atipias). Calcificações podem estar presentes dentro dos lúmens. Histologicamente, a lesão tem uma cavitação cística e o epitélio que a reveste tem alterações apócrinas (“morrinhos), aumento de ácinos e fibrose, com uma proliferação epitelial para dentro do cisto. ❖ Lesões epiteliais / fibroepiteliais proliferativas sem atipias Não são lesões pré-neoplásicas. Hiperplasia ductal usual: ocorre uma hiperplasia usual no ducto, não atípica. → O epitélio do ducto apresenta mais de 2 camadas de células (geralmente são duas, sendo uma cuboidal e outra basal com células mioepiteliais com característica contrátil pelas fibrilas). → Mais de 4 camadas: hiperplasia ductal usual moderada ou florida. → É uma hiperplasia ductal usual florida (possui mais de 4 camadas). Na neoplasia, as células possuem um material genético igual, porém, possuem um pleomorfismo (formas diferentes e deformadas). A mama possui um polimorfismo em casos benignos e, casos malignos, são apresentados pelo monomorfismo (= clonalidade). Adenose esclerosante: ocorre um aumento no número de ácinos por ducto terminal, mantendo-se a organização lobular. → Os ácinos estão comprimidos e distorcidos nas porções centrais e dilatados na periferia, como consequência de uma fibrose estromal esclerosante (aumenta fibra e colágeno). → As células mioepiteliais estão proeminentes, indicando que não houve ruptura da membrana basal e invasão do estroma = lesão benigna. A ausência de célula mioepitelial indica lesão maligna. → Pode-se ter calcificações dentro dos lúmens dos ácinos. Na mamografia, é visto uma microcalcificação associada a uma densidade causada pela fibrose = mimetiza um carcinoma invasivo. Lesão esclerosante complexa (cicatriz radiada): são diagnósticos diferenciais de carcinoma invasivo, sendo bastante confundido. → Ela se apresenta como um adensamento com microcalcificação na mamografia, sendo necessária uma biópsia para diferenciação. → Possui lesões estreladas (cicatriz radiada) e ninho central de glândulas em estroma hialinizado. Não necessariamente associado a trauma ou cirurgia prévia. Papilomas: geralmente são interductais (dentro de um sistema ductal). → Apresentam centros fibrovasculares, com ramificações revestidos por células epiteliais e mioepiteliais. → Podehaver hiperplasia do epitélio e metaplasia apócrina. São benignas e não apresentam invasão do estroma. Fibroadenomas: são muito comuns, mais frequentes em mulheres mais jovens. Geralmente, apresentam-se como lesões bem delimitadas com proliferação do componente epitelial e estromal, sem atipias, podendo serem únicos ou múltiplos. ❖ Lesões epiteliais / fibroepiteliais proliferativas com atipias São lesões pré-neoplásicas. Hiperplasia ductal atípica: é presente uma proliferação com 3+ camadas de células, com polimorfismo, ocupando toda a luz do sistema ductal (lumen arredondado) e em monomorfismo. → Associada com microcalcificações. → Semelhante ao carcinoma ductal in situ (lesão limitada ao epitélio, sem romper a membrana basal), entretanto sem aspectos qualitativos e quantitativos para fechar o diagnóstico de carcinoma, de forma que, pode ser confundido com uma lesão pré- neoplásica por uma amostragem pequena para biópsia, quando, na verdade, é um carcinoma. → Os núcleos possuem uma coloração mais escura, com um mesmo tamanho e monomorfismo. Hiperplasia lobular atípica: semelhante ao carcinoma lobular in situ, entretanto sem aspectos qualitativos e quantitativos para fechar o diagnóstico de carcinoma. A proliferação celular não preenche ou distende mais que 50% dos ácinos dentro de um lóbulo. Se for mais que 50% é um carcinoma lobular in situ. CARCINOMA DE MAMA Trata-se de uma neoplasia maligna de origem epitelial; → adenocarcinoma: neoplasia maligna de origem em epitélio glandular. A mama é formada por epitélio glandular. Todo carcinoma da mama é um adenocarcinoma. Mais de 1 milhão de casos novo por ano. Houve aumento do número de casos diagnosticado sem fases mais precoces, ocasionado pelo aumento da realização da mamografia. Houve, também, uma redução da mortalidade diagnóstico precoce. As mamas são divididas em quadrantes para facilitar a identificação de lesões: 2 quadrantes superiores e 2 inferiores em cada mama. Existem os quadrantes internos (mediais) e externos (laterais). As lesões ocorrem, em 45% dos casos, no QSE e prolongamento axilar da mama. Os quadrantes internos e inferiores são os que ocorrem em menor frequência. ❖ Fatores de risco Idade: → Raro antes dos 25 anos de idade, exceto em casos familiares. → +/- 77% acima dos 50 anos de idade. → Média de idade ao diagnóstico é aos 64 anos. Idade na menarca: mulheres com menarca antes dos 11 anos tem risco aumentado. Está associado ao hiperestrogenismo (exposição prolongada ao estrogênio = aumenta a chance). Primeiro nativivo: mulheres com primeiro nativivo antes dos 20 anos tem metade do risco do que nulíparas ou mulheres com primeiro nativivo após 35 anos. Mulheres que amamentam mais ou mais cedo = menor chance. Etnia: → Negras: tipos histológicos piores, maior número em mulheres mais jovens, com menor incidência. → Brancas: maior incidência geral, diagnóstico em mulheres mais velhas, tipos histológicos de melhor prognóstico. Biópsia mamária com lesão precursora. Parentesco de primeiro grau com câncer de mama. Hiperestrogenismo: a terapia de reposição hormonal pós-menopausa pode causar hiperestrogenismo. Exposição à radiação: terapêutica, ocupacional, acidental. Carcinoma de mama contralateral ou endométrio (compartilham fatores de risco, como menarca precoce, obesidade, hiperestrogenismo). Dieta rica em gordura. Obesidade: risco aumentado para mulheres obesas na pós-menopausa por apresentar maior produção de estrogênio no tecido adiposo periférico, com maior conversão, principalmente pós-menopausa. Amamentação: quanto mais tempo amamentar, menor o risco. Ocorre uma menor substituição das células por nunca se amamentar, assim, ela fica mais susceptível a mutações no material genético. Hereditário: observa-se a mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, estando associado a 25% dos cânceres familiares. Esses genes atuam como supressores tumorais, então, sua mutação impede que isso ocorra e perde sua capacidade de ação, havendo maiores mutações. → Homens que apresentam câncer de mama possuem mutações nesse gene. → Fatores para pesquisa: parente de primeiro grau afetado, parentes afetados antes da menopausa e/ou cânceres múltiplos, caso de câncer mamário em homem, membros da família com câncer ovariano. O diagnóstico em média 20 anos mais cedo que as mulheres sem a mutação podem indicar mutação no material genético. ❖ Classificação: 95% dos carcinomas de mama são adenocarcinomas (carcinomas que ocorrem no epitélio glandular da mama). 5% podem ser outros tumores, como carcinomas de células espinhosas, filóides, sarcomas e linfomas. As neoplasias podem surgir no compartimento ductal e no lobular, podendo ser in situ (não houve rompimento da membrana basal e as células neoplásicas não interagiram com o estroma). → Ductal/lobular in situ: tem a membrana basal intacta. → Invasivo: o De tipo não especial: é o carcinoma ductal invasivo, mas que agora recebe o nome de carcinoma invasivo de tipo não especial. o Lobular invasivo: manteve o nome. o Outros tipos especiais: medular, mucinoso (colóide), tubular, papilar invasivo e metaplásico. A graduação do câncer é feita através da análise de fatores histológicos e imunohistoquímicos, pela “not- tingham modification of the Bloom- Richardson system”. Ele analisa a formação tubular, pleomorfismo nuclear e contagem de mitoses (depende do microscópio usado) da lesão neoplásica. Essas notas são atribuídas após a contagem realizada por cada microscópio indicado pelas respectivas colunas. Note: for scoring tubule formations, the overall appeareance of the tumor has to be taken into consideration. Note: the tumor areas having cells with greatest atypia should be evaluated. A soma das pontuações das tabelas de formação tubular, pleomorfismo nuclear e contagem de mitoses são somadas. O grau III é a pior hipótese, sendo a maior pontuação atingida (9). Outros fatores que devem ser analisados, do ponto de vista imunohistoquímico, são: → Receptores de estrógeno (expressados nuclear). → Proteínas HER2, que possuem droga específica para tumores que expressam essa proteína citoplasmática, por ser associada a adesão celular. O estadiamento, assim como os achados da biópsia permitem que haja a categorização do tumor em: → Luminal A: possui melhor prognóstico, sendo tratado com terapia hormonal. → Luminal B: possui um pior prognóstico que o luminal A, sendo tratado com terapia hormonal. → HER2: tem pior prognóstico que o luminal A e o luminal B e pode ou não responder a terapia hormonal alvo (trastuzumab ou lapatinib). → Triplo-negativo: é o tumor de pior prognóstico. Não há consenso em relação ao ponto de corte para definição entre os tipos luminais. A maior acurácia encontra-se quando o valor de ki67 é > 30% ou <10%. Esses estudos são feitos em todos os casos de câncer de mama. A expressão dos receptores de estrogênio e progesterona indica tumores que tendem a responder a esses hormônios, então estes são inibidos para evitar que se tenha crescimento tumoral. ❖ Carcinoma ductal in situ É um carcinoma que é originado a partir do epitélio do ducto e que está delimitado pela membrana basal. Apresenta-se mamograficamente como calcificações. População maligna de células limitadas aos ductos pela membrana basal. Células mioepiteliais estão preservadas, porém diminuídas em número, indicando que não houve ruptura da membrana basal e interação com a MEC. Padrões: → Comedocarcinoma: é a forma mais comum, sendo representado por massas sólidas de células com alto grau nuclear e necrosecentral. → Não comedocarcinoma: → Sólido: não apresenta necrose central. → Cribriforme → Papilar (com eixo fibrovascular) ou micropapilar (sem eixo fibrovascular) → Doença de Paget: trata-se de uma erupção eritematosa unilateral com crosta, apresentando prurido intenso. As células malignas estendem- se do ducto até a pele do mamilo. ❖ Carcinoma lobular in situ Ele é originado a partir do componente lobular da mama. A população maligna de células está limitada ao lóbulo pela membrana basal, por ser uma lesão in situ. Tem-se mais de 50% do lóbulo comprometido pela população monoclonal de células que ocupa o espaço lobular. É um tumor bilateral em 20-40% dos casos. Possui um prognóstico pior que o carcinoma ductal. 80-90% dos casos antes da menopausa. Tem-se uma população monomórfica de células ovaladas, com nucléolos frequentes. Há a presença de células em anel de sinete (mucina). São as células do lóbulo que possuem a secreção, ou seja, o leite. ❖ Carcinoma invasivo Tem-se a ruptura da membrana basal e interação das células neoplásicas com a matriz extracelular. De tipo não especial: são os mais frequentes, correspondendo a 70- 80% (antes carcinoma ductal invasivo, agora carcinoma invasivo de tipo não especial). → É o carcinoma invasivo originado do componente ductal da mama. → Diagnóstico diferencial com lesões esclerosantes benignas (adenose esclerosante → produz muita fibrose, cicatriz radiada). Na mamografia, se apresentam com densidade e pode ter calcificações. Desmoplasia: é uma resposta do estroma a lesão, com rompimento da membrana basal, havendo áreas de esclerose na lesão invasiva como uma tentativa de proteção. → Expressão de RE, RP, HER2 e Ki67 auxiliam na previsão do prognóstico e tratamento. Lobular (carcinoma lobular invasivo): é uma massa palpável ou densidade mamográfica, ocorrendo em maior incidência de bilateralidade. → Apresenta uma resposta desmoplásica mínima ou ausente, ou seja, não tem uma fibrose ao redor. → Células tumorais infiltrantes isoladas ou em fila. → Tem uma perda da expressão da e-caderina (molécula de adesão intercelular). As únicas células que expressam e-caderia são as células epiteliais. O estroma não expressa essa molécula, então, ao identificar sua presença na MEC, tem uma atividade protetora com reação. Como o carcinoma lobular não expressa, a célula epitelial não é identificada, tendo uma neoplasia, não ativando uma resposta de defesa e, por isso, não se tem uma fibrose. Com características medulares: é uma massa bem circunscrita de crescimento rápido, muitas vezes explosivo. → As células se apresentam sinciciais (que se juntam) e sólidas, ocupando mais de 75% do tumor. → São células grandes, com núcleos vesiculares e pleomóficos, com mitoses frequentes (crescimento muito rápido). → Quase nunca invasão linfática ou vascular = quase nunca em metástase. Mucinoso (colóide): são lesões mole, de consistência e aparência gelatinosa. → As células tumorais estão imersas em lagos de mucina. → Ocorre, principalmente, com mulheres mais velhas e apresenta um crescimento lento, com bom prognóstico. Tubular: → Densidade mamográficas irregulares em mulheres no final dos 40 anos. → São multifocais em uma das mamas. → Os túbulos bem formados, com poucas atipias, em camada única. → Diagnóstico diferencial com lesões esclerosantes benignas. As células tumorais em contato direto com o estroma (células mioepiteliais ausentes), coisa que não se tem em lesões benignas. Papilar: são lesões raras, com arquitetura papilar normalmente vista no CDIS. Sua apresentação clínica semelhante à do CINE, com prognóstico um pouco melhor, invadindo menos a distância. Metaplásico: são raros, ocorrendo a diferenciação do tecido mamário (glândula) em outros, com ampla variedade morfológica. Originado da diferenciação em elementos não epiteliais também. TUMORES ESTROMAIS DA MAMA ❖ Fibroadenoma Não é maligno. Ele surge do estroma intralobular. É o tumor benigno mais comum da mama. Comuns antes dos 30 anos. Normalmente múltiplos e bilaterais. O epitélio é responsivo a hormônios. Pode ocorrer regressão após a menopausa. Lesões circunscritas, móveis, firmes e elásticas. “Lesão proliferativa fibroepitelial sem atipias”. Diagnóstico diferencial de tumor filóide. ❖ Tumor filoide Surge do estroma intralobular. Maioria apresenta-se na sexta década de vida. Lesões variam de poucos centímetros a lesões envolvendo toda a mama. Semelhantes aos fibroadenomas, mas com maior celularidade, atipia e mitoses. Pode ser dividido em: benigno, maligno ou borderline. ❖ Sarcomas São tumores do tecido conjuntivo extrínseco da mama. Angiossarcomas (complicação de radioterapia): tumores malignos dos vasos. A lesão é vinhosa, hemorrágica, grande, por baixo da pele, com espaços vasculares malformados, preenchidos por sangue e com atipia celular. Rabdomiossarcoma: tumores na musculatura esquelética. Leiomiossarcoma: tumores na musculatura esquelética. ❖ Outras lesões estromais da mama Mulheres pré-menopausa ou mais velhas em TRH. Proliferações benignas do estroma interlobular: → Hiperplasia estromal pseudoangiomatosa (PASH): são formados falsos vasos, sendo espaços que aparentam ser um vaso. → Tumores fibrosos: fibroblastos proliferados, formando lesões com muito colágeno e hialina → Lipomas MAMA MASCULINA GINECOMASTIA Trata-se do crescimento subareolar semelhante ao botão mamário. Essa mama se apresenta mais tumefeita, semelhante a mama feminina adolescente, na telarca. Pode ser uni ou bilateral. Ao ocorrer por desbalanço do eixo de hormônio, como ao entrar na puberdade, ela se resolve sozinha. Mas pode ser indicador de hiperestrogenismo no homem: → Insuficiência hepática: os sintomas principais são telangiectasia, eritema palmar e ginecomastia. → Tumor produtor de hormônios no testículo. Diagnóstico diferencial do carcinoma de mama. Apresenta sistemas ductais e lobular, semelhante com a mama feminina. CARCINOMA DA MAMA MASCULINA É muito raro. Fatores de risco semelhantes ao do carcinoma da mama feminina. Mutação do BRCA1 deve ser pesquisada em todos os parentes de primeiro grau. Está quase sempre, em homens, associada a mutação deste gene. Descarga papilar é um sintoma comum. Fisiopatologia, morfologia, fatores prognósticos semelhantes ao do câncer da mama feminina.