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Gestão de Pessoas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Gisele de Lima Fernandes Ribeiro Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Capital Humano e Capital Intelectual • Capital Humano e Capital Intelectual nas Organizações • Capital Intelectual com Vantagem Competitiva · Objetiva-se que o estudante, ao concluir a unidade de estudo, seja capaz de discernir cada um dos componentes do Capital Intelectual, reconhecendo suas especificidades. Que reconheça a distinção entre Capital Humano e Capital Intelectual e reconheça o primeiro como componente do segundo. · Almeja-se ainda que o estudante reconheça a relevância do Capital Intelectual para a manutenção e desenvolvimento das organizações. OBJETIVO DE APRENDIZADO Capital Humano e Capital Intelectual Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Capital Humano e Capital Intelectual Capital Humano e Capital Intelectual nas Organizações O Capital Humano é composto pelo conhecimento pertencente ao trabalhador. Já o Capital Intelectual é a soma de todo conhecimento de uma empresa, incluin- do, dentre esses, o Capital Humano. Estudaremos nesta unidade as principais características das formas de conheci- mento em uma empresa e a importância destas para desenvolver competência e oferecer vantagem competitiva à organização. Capital Humano Definido como o conjunto de competências per- tencentes ao trabalhador que permitem a este me- lhorar em seu desempenho no trabalho resultando assim em valor econômico, o conceito de Capital Humano tem uma vasta história, que se inicia ainda em meados do século passado. “Capital Humano é defi- nido como o conjunto de competências pertencen- tes ao trabalhador.” O conceito, oriundo da Economia, tem a década de 1950 como marca de seu surgimento. O termo Capital Intelectual ganha força e resignificação com a globalização que marcou os anos de 1990. Abordaremos aqui um pouco da história, a fim de elucidar quem foram os principais pensadores do conceito e como este surgiu. Todavia, nosso objetivo não é o de se estender no aspecto histórico do conceito, mas sim permitir a você conhecer a origem do conceito. Interessado em explicar como o custo com educação dos trabalhadores poderia representar ganho efetivo, ou seja, retornar como valor econômico à organização, o economista Theodore W. Schultz, professor do departamento de economia da Universidade de Chicago, a partir de meados da década de 1950, formulou o conceito que denominou Capital Humano. Schultz, que para alguns é reconhecido como o pai da Economia da Educação, na contramão de muitos economistas de sua época, sustentava a ideia que o investimento em educação resultaria em impacto direto sobre a produtividade da empresa. Enquanto a maioria dos economistas não concebia a ideia que investimento na educação do trabalhador pudesse resultar em aumento na produtividade e lucratividade das empresas, para Schultz era necessário primeiro investir em Capital Humano e, por meio deste, obter desenvolvimento econômico. “Trabalhos de Schultz e de Becker relacionados ao Capital Humano lhes renderam o prêmio Nobel de Ciências Econômica. Schultz, juntamente com Arthur Lewis, recebeu o prêmio em 1979 e Gary Becker foi laureado em 1992 (NOBELPRIZE, 1979, 1992).” 8 9 Os trabalhos de Schultz, que lhe renderam em 1979 o prêmio Nobel de Ciências Econômicas, atribuíram à educação valor econômico e postularam o conhecimento como uma forma de capital, capital do trabalhador e não da empresa. Ao buscar qualificação, o trabalhador estará valorizando seu capital e tornando-se empregá- vel. Todavia, conforme esclarece Schultz, não basta haver investimento, é impor- tante que o investimento seja de boa qualidade e correto, ou seja, é necessário educação de qualidade. “...o esclarecimento do conceito de Capital Humano e a sua identificação mobilizaram as coisas para uma especificação mais completa de mensuração e acumulação de capital moderno. Fez, também, com que nos tornássemos mais conscientes das mudanças que se registraram na qualidade do capital material. Desta forma, o fato de tratar a educação como Capital Humano nada mais é senão um passo à frente rumo a uma captação consciente de todo o capital” (SCHULTZ, 1973, p. 130). O conceito Capital Humano formalizado por Schultz passa a ter com Gary Becker, por intermédio de suas análises de custo-benefício do investimento em educação versus produtividade, uma visão mais sistemática. É postulada então a Teoria do Capital Humano, cujo preceito principal é a defesa de que a educação tem influencia direta na renda do trabalhador. O trabalho de Becker também lhe rendeu o Nobel de Economia em 1992. Becker estendeu seu trabalho sobre Capital Humano, tratando de questões relacionadas às questões sociais. Para o estudioso, o investimento em educação contribui em termos de benefícios monetários, mas também não-monetários. Ao investir em estudo, há não só aumento de produtividade, mas há melhoria de vida do indivíduo. Além dos efeitos sobre a própria saúde e sobre a formação da família, a educação contribui com a sociedade de forma geral. A Teoria do Capital Humano defende que a educação tem influencia direta na renda do trabalhador, quanto maior o investimento em estudo maior será o retorno na melhora das habilidades e, consequentemente, na produtividade e no aumento da renda. Com a globalização, a exigência por conhecimento se tornou ainda maior. A competitividade entre as empresas, a necessidade de desenvolverem competências organizacionais e competências essenciais resultam na necessidade de contarem com profissionais mais bem qualificados. A ideia da educação continuada tornou-se mais disseminada e exigida. Sabe-se hoje, diferente da década de 1950, que Capital Humano e crescimento econômico se influenciam mutuamente. O desenvolvimento econômico permite ao homem melhores condições de vida e o aperfeiçoamento do Capital Humano permite crescimento à economia. 9 UNIDADE Capital Humano e Capital Intelectual Stewart aponta a disseminação do conhecimento na organização como forma de desenvolvimento do capital Humano. Para o autor o Capital Humano cresce quando:(1) “a empresa utiliza mais o que as pessoas sabem”; e (2) “um número maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização” (1998, p. 77). “A melhoria das aptidões e da capacidade do trabalhador é essencial para o êxito econômico numa economia global cada vez mais integrada e competitiva. Os investimentos em Capital Humano podem melhorar o padrão de vida familiar, expandindo as oportunidades, aumentando a produtividade, atraindo investimentos de capital e elevando a capacidade de auferir renda” (BANCO MUNDIAL, 1995, p. 42.)] Capital Intelectual O patrimônio de uma organização, ou seja, seus bens e direitos de propriedade, é constituído de ativos, que podem ser tangíveis ou intangíveis. Enquanto os ativos tangíveis são representados pelas propriedades da organi- zação, aquelas que constam em seu inventário de bens, ou seja, seu patrimônio físico e financeiro – equipamentos, mobiliário, edifícios, por exemplos -; os ativos intangíveis são representados pelo Capital Intelectual, ou seja, não são palpáveis e nem mantém relação de propriedade com a empresa, pois não são exclusivamente seus, mas sim compartilhados com os colaboradores. “O termo Tangível, oriundo do latim tangibilis, faz alusão a tudo o que se pode tocar, ou ainda, no sentido figurado da palavra, representa o que é passível de ser compreendido/ percebido. O termo Intangível, por sua vez, refere-se ao inverso, ou seja, aquilo que não pode ser tocado, o impalpável, ou mesmo o incompreensível”. Ex pl or No entanto, a despeito de não serem monetários ou mesmo físicos, os ativos in- tangíveis estão se tornado o maior bem da organização, suplantando muitas vezes os ativos tangíveis, que, no passado, representaram a riqueza de uma organização. Tal como afirma Hendriksen e Breda (1999), embora os ativos intangíveis repre- sentem um valor incerto para a organização, reconhece-se atualmente que alguns investimentos, como por exemplo, a educação superior representa investimento mais confiável do que a compra de um determinado equipamento. “Capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva. Ao contrário dos ativos, com os quais os empresários e contabilistas estão familiarizados - propriedade, fábricas, equipamento, dinheiro -, o Capital Intelectual é intangível. Constitui a matéria intelectual: conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência, que pode ser utilizada para gerar riqueza” (Stewart, 1998, p. 45). 10 11 O chamado Capital Intelectual tem entre seus compo- nentes, o Capital Humano, ou seja, o conhecimento per- tencente ao trabalhador, como já tratamos na unidade. Mas, também, além do Capital Humano, o Capital Intelectual pos- sui outros dois componentes. O Capital Intelectual é cons- tituído também pelo Capital Estrutural e pelo Capital do Cliente – ou Capital de Marca, como é tratado por alguns autores, ou seja, as pessoas, a estrutura das informações e os clientes formam os ativos intangíveis de uma empresa. “O Capital Intelectual da organização é constituído pela união do Capital Humano, Capital Estrutural e Capi- tal do Cliente.” Enquanto o Capital Humano é um bem do profissional e não da empresa, é por meio do Capital Estrutural, que o conhecimento tácito, que pertencia ao trabalhador é apreendido, armazenado e passa a compor o Capital Estrutural da empresa, ou seja, ainda que fruto do Capital Humano, o Capital Estrutural é um bem que pertence à empresa. Edvinsson e Malone define o Capital Estrutural como “o arcabouço, o empowerment e a infraestrutura que apoiam o Capital Humano” (1998, p. 32). Desta forma, investir no Capital Estrutural significa investir na capacidade de organização das informações que cercam a empresa. “O termo empowerment, oriundo do inglês, que signifi ca empoderamento, refere-se ao conceito ‘descentralização de poderes’. A proposta é dividir o poder de gestão entre todos os envolvidos no negócio, permitindo maior autonomia ao trabalhador.” Ex pl or Para Stewart o Capital Estrutural “pertence à empresa como um todo, pode ser reproduzido e dividido” (1997, p. 98). Ao compreender e reter o conhecimento pertencente ao Capital Humano, os gestores estão criando o Capital Estrutural da organização que é constituído por manuais, conceitos, rotinas, patentes, sistemas, entre outras formas de armazenamento do conhecimento. O Capital Estrutural concede direito autoral legal de propriedade da organização, que pode vendê-lo ou mesmo processar quem os utilize sem permissão (STEWART, 1997). Oliveira Filho et al. (2015) descrevem motivos estratégicos para o gerenciamen- to do Capital Estrutural. De acordo com os autores, o Capital Estrutural permite rápida distribuição do conhecimento, ampliando o conhecimento coletivo, o que resulta em funcionários mais produtivos. “... Capital Estrutural: formado pelos equipamentos de informática, softwares, bancos de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes e tudo o mais da capacidade organizacional que apoia a produtividade dos empregados” (EDVINSSON; MALONE, 1998, p. 81).] O Capital Estrutural é composto por: (1) Capital Organizacional; (2) Capital de Processos; e (3) Capital de Inovação. 11 UNIDADE Capital Humano e Capital Intelectual Importante! “O Capital Estrutural pode ser dividido em: (1) Capital Organizacional; (2) Capital de Inovação; e (3) Capital de Processos.” Importante! Por Capital Organizacional compreendem-se tanto as operações que agilizam o fluxo de informações interno na organização – sistemas, instrumentos e filosofia operacional, como as operações voltadas às áreas externas – canais de suprimento e distribuição. O Capital de Processos refere-se às ações, como o próprio nome sugere, relacionadas aos processos que resultem em melhoria na produção e/ou prestação de serviços da organização, agregando valor às operações. O Capital de Inovação, por sua vez, diz respeito à propriedade intelectual da empresa – suas marcas registradas e patentes, por exemplo. O Capital do Cliente, por sua vez, refere-se ao valor social da empresa, ou seja, como está a imagem da organização perante seus clientes, como esta se relaciona com seus parceiros de negócios, como é sua reputação no mercado em que atua. Trata-se do componente do Capital Intelectual que se refere à geração de renda. Stewart (1998) enfatiza uma interessante semelhança entre o Capital Humano e o Capital de Clientes, uma vez que, conforme esclarece assim como não se pode possuir as pessoas e por isso não é possível ser dono de seu conhecimento, também não se pode possuir os clientes. Cabe à organização o investimento, assim como no Capital Humano, também em agregar valor àquilo que oferece aos seus clientes. O Quadro 1 apresenta alguns dos indicadores de cada um dos componentes do Capital Intelectual, conforme proposto por Guthrie (2001). Quadro 1 – Indicadores de Capital Intelectual Componentes do Capital Intelectual Indicadores Capital Estrutural • Patentes; • Copyrights; • Marcas registradas; • Filosofia de gestão; • Cultura organizacional; • Processos de gestão; • Sistemas de informação; • Sistemas de rede; e • Relações financeiras. Capital do Cliente • Marcas; • Clientes; • Lealdade do cliente; • Nomes de empresas; • Canais de distribuição; • Colaborações de empresas; • Acordos de licenciamento; • Contratos favoráveis; e • Contratos de franquias. 12 13 Componentes do Capital Intelectual Indicadores Capital Humano • Saber como; • Educação; • Qualificação profissional; • Conhecimento relacionado com o trabalho; • Competências relacionadas com o trabalho; • Proatividade; • Empreendedorismo; e • Interesse em inovação. Fonte: Guthrie (2001) Outros indicadores poderiam ser aqui apresentados, mas os listados por Guthrie (2001) permitem a compreensão acerca dos componentes do Capital Intelectual da organização e de sua importância como fator de vantagem com- petitiva paraa mesma. Capital Intelectual com Vantagem Competitiva É certo que nas últimas décadas o Capital Intelectual tem sido considerado, entre muitos estudiosos e alguns gestores, o bem mais valioso de uma corporação e fator decisivo para obtenção de melhor resultado econômico. Todavia, de outra parte, não se pode negar o fato que ainda há muitos gestores cujo discurso pode ser em prol do investimento no Capital Intelectual, mas as ações estão distantes disso. No Brasil, assim como em alguns outros países, muitas empresas ainda não se atentaram ao fato de possuírem um capital muito valioso: o Capital Intelectual. Estas empresas estão em desvantagens em relação àquelas que reconhecem possuir um capital de valor inestimável, embora intangível, e estão investindo em formas de gerenciá-lo. E essa visão distorcida acerca da importância de investir no Capital Intelectual resulta muitas vezes no descaso com o Capital Humano. Ainda há muitos gestores que consideram o investimento em recursos humanos apenas como custo. E, um dos resultados é a descrença dos próprios colaboradores em acreditar no discurso de valorização do Capital Humano. “Os funcionários têm dificuldade em se conformar com todo discurso sobre a importância do Capital Humano acompanhado de cortes aparentemente indiscriminados. Com muita frequência, têm de enfrentar a opção perder ou perder: Se não for mais eficiente, você perderá seu emprego. E, por falar nisso, se for realmente mais eficiente, você perderá seu emprego. O discurso é que os funcionários são o patrimônio mais valioso da empresa; o que eles percebem é que são o patrimônio mais descartável” (PRAHALAD e HAMEL, 2005, pp. 11-12). 13 UNIDADE Capital Humano e Capital Intelectual Nas palavras de Phahalad e Hamel (2005), os funcionários “com muita fre- quência, têm de enfrentar a opção perder ou perder: Se não for mais eficiente, você perderá seu emprego. E, por falar nisso, se for realmente mais eficiente, você perderá seu emprego” (pp. 11-12). Ou seja, muitas vezes a despeito do dis- curso acerca da valorização do Capital Intelectual, a imagem que é passada aos funcionários é que são na realidade, “o patrimônio mais descartável” (p. 12). “A inteligência é o novo tipo de ativo. Não se comporta como os outros tipos de ativos e nisso reside o paradoxo. Ao contrário dos outros bens, a inteligência não pode ser dada de presente e será sempre conservada, mesmo que compartilhada. Também não é possível possuir a inteligência de outra pessoa, por mais que se seja dono da empresa na qual essa pessoa trabalha. Se a pessoa sair da empresa e for para outra, levará consigo a inteligência” (HANDY, 1994, p. 17). Mas o certo é que empresa nenhuma sobreviverá ser não investir em conheci- mento, que advém do Capital Intelectual. Cabe não só a área de Recursos Huma- nos, mas a todos os gestores da empresa identificar os objetivos organizacionais, as estratégias operacionais e investir em Capital Intelectual que atenda as necessi- dades oriundas destes objetivos e estratégias. Além disso, como aponta Prahalad e Hamel, todo gestor deve saber e considerar que o “Capital Intelectual sofre depreciação constante” (p. 62). Afinal, os clientes mudam, há avanço contínuo da tecnologia e a concorrência continua existindo e procurando superar as demais organizações. Então, “o seu conhecimento, caro leitor, sobre seu setor vale menos nesse exato momento do que valia quando começou a ler” (2005, p. 62). Portanto, administrar o Capital Intelectual deve fazer parte do plano estratégico de qualquer organização. Para Prahalad e Hamel, uma empresa é considerada retardatária, atrasada em seu progresso, quando a gestão não é capaz de: (1) criar mecanismos que anulem a depreciação de seu Capital Intelectual e (2) nem tampouco investir na criação de novo Capital Intelectual. Propondo uma metáfora a partir da Teoria Evolucionista, os autores comentam que o sucesso reduz a capacidade de variedade genética de uma organização, ou seja, os gestores tendem a se equivocar crendo que se tudo está indo bem, se estão tendo sucesso, é porque estão fazendo a coisa certa, e continuar a fazer o mesmo garantirá o sucesso contínuo. Engano, pois como já dito, clientes, concorrentes e tecnologia estão em constantes mudança. A Teoria Evolucionista, que tem Charles Darwin uns dos principais precursores, consid- era que a sobrevivência de qualquer espécie dependerá de sua capacidade de adaptar-se ao ambiente. Ex pl or 14 15 “À medida que o ambiente competitivo fica mais complexo e variado, a necessidade de maior variedade genética – uma gama mais ampla de crenças gerenciais e um repertório maior de ações gerenciais – cresce rapidamente. Qualquer empresa com esperança de sobreviver precisa criar dentro de si mesma um percentual razoável de variedade genética do setor como um todo” (PRAHALAD e HAMEL, 2005, p. 63. É relevante que gestores despertem ao fato que o Capital Intelectual, que como bem coloca Stewart (1998), compõe a soma de todo o conhecimento de uma organização, é que proverá recursos para o desenvolvimento das competências organizacionais e, consequentemente, das competências essenciais, ou seja, é esse o conhecimento que permitirá a organização criar vantagem competitiva inovadora, difícil de ser imitada, que atenda aos anseios dos clientes e que seja capaz de expandir para novos mercados, tal como descrevem Prahalad e Hamel (1990), ao definirem a organização que possui competências essenciais. Portanto, qualquer empresa que queira se manter viva no mercado deve investir no desenvolvimento de seu Capital Intelectual. “... o cérebro e não a força muscular se transformará no fator de sucesso para o crescimento econômico” (KANAANE e ORTIGOSO, 2010, p. 53). A história tem mostrado a força do conhecimento para o desenvolvimento das organizações e como a forma de utilização do Capital Intelectual diferencia uma empresa. Diante disto, é possível prognosticar que mais cedo ou mais tarde, empresas que não perceberem a importância do Capital Intelectual, sucumbirão, ou tomando a metáfora evolucionista proposta por Prahalad e Hamel, serão extintas. Vale considerar, no entanto, se o cuidado com o Capital Intelectual acontecerá apenas quando o sucesso deixar de existir, ou seja, pela pressão de uma crise ou será planejamento estrategicamente e em condições de acontecer em um clima de tranquilidade. Prahalad e Hamel contam que em 1993, quando Bob Eaton assumiu a posição de diretor-executivo da Chrysler, reuniu-se com vários executivos da empresa. Na ocasião, além de elogiar os executivos pelos resultados obtidos na última década, citou outros comentaristas que haviam elogiado a Chrysler. Depois de convencer os executivos, já envaidecidos pelos elogios, Eaton revelou que os comentários citados haviam sido escritos nos anos de 1956, 1965, 1976 e 1983 e que a história mostrava que, pelo menos uma vez a cada década, a empresa tinha enfrentado uma crise e tido que se superar. E, frente à constatação afirmou aos executivos “‘Tenho uma ideia melhor’ (...) ’vamos parar de adoecer (...) minha ambição pessoal é ser o primeiro presidente a não liderar um retorno triunfal da Chrysler’” (2005, p. 24). Enfim, como gestor, qual será sua estratégia? Planejar o crescimento e investir constantemente no Capital Intelectual, desenvolvendo competências organizacio- nais ou, ser pressionado a buscar soluções em momentos de crise? 15 UNIDADE Capital Humano e Capital Intelectual Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Escolaridade, Salários e Empregabilidade: Tem Razão a Teoria do Capital Humano? BALASSIANO, Moisés; SEABRA, Alexandre Alves de; e LEMOS, Ana Heloisa. (2005). Escolaridade, salários e empregabilidade: tem razão a teoria do Capital Humano? Revista de Administração Contemporânea. Curitiba/PR, v. Out/Dez de 2005. https://goo.gl/FAjCjb A Teoria do Capital Humano e sua Influência Econômica e Políticasobre a Educação e o Trabalho no Brasil nas Décadas de 1960 e de 1970 SILVA, Jefferson Soares da; SILVA, Adnilson José da. (2012). A Teoria do Capital Humano e sua influência econômica e política sobre a educação e o trabalho no Brasil nas décadas de 1960 e de 1970. In: VIII Seminário do Trabalho: Trabalho e Políticas Sociais no Século XXI, Marília/SP. https://goo.gl/bPextP Capital Humano: A Vantagem Competitiva VANDERLEY, Luciano Gonzaga. (2001). Capital humano: a vantagem competitiva. Organizações & Sociedade. Salvador/BA, v 8, n 22. Salvador/BA. https://goo.gl/ebV1XJ Capital Intelectual: Porque e como Medir este Ativo Intangível GRACIOLI, Clarissa; e CERETTA, Paulo Sergio. (2004). Capital Intelectual: porque e como medir este ativo intangível. XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Florianópolis, SC. https://goo.gl/jmFwKH Efeito da Gestão do Capital Intelectual na Vantagem Competitiva: O Caso de um Grupo Empresarial com Atuação Predominante em Tecnologia OLIVEIRA FILHO, João Bento de; LOPES, José Eduardo Ferreira; OLIVEIRA, Márcia Freire de. (2015). Efeito da gestão do capital intelectual na vantagem competitiva: o caso de um grupo empresarial com atuação predominante em tecnologia. RGO - Revista Gestão Organizacional. Chapecó/SP, v 7, n 2, maio/ago de 2014. https://goo.gl/scxgvu A Relevância do Capital Intelectual SILVA, SANDRO RODRIGUES. (s.d.). A relevância do Capital Intelectual. https://goo.gl/yNQ5oJ 16 17 Referências BANCO MUNDIAL. (1995) Relatório sobre o desenvolvimento mundial 1995: o trabalhador e o processo de integração mundial. 1. ed. Washington, D.C., p. 11-132. EDVINSSON, Leif. MALONE, Michael S. (1998). Capital Intelectual: descobrindo o valor real de sua empresa pela identificação de seus valores internos. São Paulo: Makron Books. GUTHRIE, James. (2001). The management, measurement and the reporting of intellectual capital. Journal of Intellectual Capital, volume 2, n° 1, p. 27-41. HANDY, C. (1994). A Era do Paradoxo: dando um sentido para o futuro. São Paulo: Makron Books, p. 2-32. HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. (1999). Teoria da contabilidade. Tradução de Antônio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas. KANAANE, Roberto. ORTIGOSO, Sandra Aparecida Formigari. Manual de treina- mento e desenvolvimento do potencial humano. 2º ed. São Paulo: Atlas, 2010. NOBELPRIZE.ORG (1979). The Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel 1979. 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