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Ivan Pavlov 
Alexei Leontiev 
Alexander Luria 
 
Lev Vygotsky 
 
Cognição 
e Neuropsicopedagia 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autores 
Roberto Aguilar Machado Santos Silva 
Suzana Portuguez Viñas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santo Ângelo, RS 
2018 
 
 
 
2 
 
 
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos com: 
 
e-mail: Suzana-vinas@yahoo.com.br 
 robertoaguilarmss@gmail.com 
 
 
 
Supervisão editorial: Suzana Portuguez Viñas 
Projeto gráfico: Roberto Aguilar Machado Santos Silva 
Editoração: Suzana Portuguez Viñas 
 
Capa:. Roberto Aguilar Machado Santos Silva 
 
1ª edição 
 
 
 
10 / 1720 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Autores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Roberto Aguilar Machado Santos Silva 
Etologista, Médico Veterinário, escritor 
poeta, historiador 
Doutor em Medicina Veterinária 
robertoaguilarmss@gmail.com 
 
 
Suzana Portuguez Viñas 
Pedagoga, psicopedagoga, escritora, 
editora, agente literária 
suzana_vinas@yahoo.com.br 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Pensamento 
 
 
m homem deve dizer simples e 
profundamente que não compreende 
como a consciência leva à existência – é 
perfeitamente natural. Mas um homem deve 
grudar seus olhos em um microscópio e olhar e 
olhar – e ainda assim não ser capaz de ver como 
está acontecendo –; é ridículo, e é 
particularmente ridículo quando se supõe que isto 
é sério... Se as ciências naturais estivessem 
desenvolvidas nos tempos de Sócrates como 
estão agora, todos os sofistas seriam cientistas. 
Haveria microscópios pendurados do lado de fora 
das lojas para atrair fregueses e teria uma placa 
dizendo: “Aprenda e veja através de um 
microscópio gigante como um homem pensa (e, 
lendo esta placa, Sócrates teria dito: ‘Assim se 
comporta um homem que não pensa’)”. 
Em um trecho de um diário de 1846, 
do filósofo Soren Kierkegaard (Gazzaniga e cols, 2018) 
 
 
U 
 
5 
 
 
Apresentação 
 
 
 
ygotsky, Luria e Leontiev, grandes 
teóricos da Teoria Histórico- Cultural, 
trouxeram grandes contribuições no 
campo da educação, destacando a importância da 
função da atividade para o desenvolvimento 
cognitivo do ser humano. 
O livro apresenta os recentes estudos sobre a 
cognição e a corrente da psicologia da troika 
soviética e destaca os principais conceitos 
correlatos à educação na contemporaneidade. A 
teoria elaborada pelo pensador russo Lev 
Semiónovich Vigotski (1896-1934) com a 
colaboração de seus compatriotas Alexei 
Nikolaievich Leontiev (1903-1979) e Alexander 
Romanovich Luria (1902-1977) é de base 
materialista e parte do entendimento de que o 
homem é um ser histórico e social e que, pelo 
processo de aprendizagem e desenvolvimento, 
participa da coletividade 
 
 
 
 
 
 
V 
 
6 
 
 
 
Dedicatória 
 
 
os amigos psicólogos, pedagogos, 
psicopedagos, professores e estudantes 
e a todos interessados em educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 
 
7 
 
 
Sumário 
 
Introdução - ....................................................................................8 
Capítulo 1. Neurociências: uma breve história.............................10 
Capítulo 2. Cognição....................................................................16 
Capítulo 3. A organização do conhecimento na mente..............100 
Capítulo 4. Ivan Pavlov...............................................................143 
Capítulo 5. Alexis Nikolaevich Leontiev......................................165 
Capítulo 6. Alexander Romanovich Luria...................................185 
Capítulo 7. Lev Semyonovich Vygotsky.....................................219 
Capítulo 8 . Neuropsicoterapia russa: análise comparativa.......236 
Bibliografia consultada................................................................251 
 
 
 
 
8 
 
Introdução 
 
. 
ijamar de Souza Bastos e Marcelo Paraíso 
Alves (2013), escreveram que a 
neurociência cognitiva busca discutir como 
os processos cognitivos são elaborados 
funcionalmente pelo cérebro humano, 
possibilitando a aprendizagem, a linguagem e o 
comportamento. O referido campo do saber muito 
tem colaborado para a compreensão dos 
processos de aprendizagem e do debate acerca 
do desenvolvimento cognitivo do ser humano. 
Ainda é relevante mencionar que a investigação 
sobre o funcionamento cerebral, através da 
neurociência cognitiva, tem encontrado avanços 
nas últimas duas décadas, e revelações das 
especificidades - percepções auditivas na região 
temporal, percepções visuais na região occiptal, 
percepções sensoriais e tatilcinestésicas na 
região parietal, planejamento consciente do 
comportamento e programas de ação na região 
frontal -, funcionalidade e dinamismo encefálico. 
Estas revelações demonstram a 
contemporaneidade dos estudos sobre a atividade 
da consciência humana no século XX, 
caminhando em sentido contrário à teoria idealista 
L 
 
9 
 
clássica, formulada pelo físico e filósofo austríaco 
positivista Ernst Mach (1838-1916) que 
compreendia a consciência como um estado 
interior primário do organismo, ou seja, nas 
estruturas encefálicas neuronais, sem influências 
do mundo exterior. Rompendo com a teoria 
idealista clássica, o neuropsicólogo soviético Luria 
percebe as construções cognitivas como as 
funções mentais superiores a partir da “origem a 
novos sistemas funcionais que jazem na base do 
comportamento, mais do que pelas propriedades 
internas dos neurônios” e é com base na 
linguagem que se formam complexos processos 
de regulação das próprias ações do homem. A 
linguagem receptiva e expressiva em suas 
diversas modalidades (fala, gesto, escrita, leitura 
e outras) é uma atividade consciente e ambas são 
interativas com o meio, influenciadas 
gradativamente por um complexo processo 
histórico social e cultural. 
Por fim Luria, juntamente com Vygostsky e 
Leontiviev constituíram um grupo de 
pesquisadores russos que trouxeram imensa 
colaboração para a neurociência, pedagogia e 
psicologia. 
 
 
 
10 
 
 
 
11 
 
Capítulo 1 
Neurociências: 
uma breve história 
 
onforme Sidarta Ribeiro (2013), em seu 
artigo Tempo de cérebro, no encontro 
entre matemática, física, biologia, 
psicologias, filosofia, antropologia e artes, as 
neurociências fascinam cada vez mais pessoas 
pela possibilidade de compreensão dos 
mecanismos das emoções, pensamentos e 
ações, doenças e loucuras, aprendizado e 
esquecimento, sonhos e imaginação, fenômenos 
que nos definem e constituem. Mais 
concretamente, profissionais de saúde, 
terapeutas, professores e legisladores podem 
agora se apropriar da imensa massa de dados 
empíricos sobre genes, proteínas, células, 
circuitos e organismos inteiros. Mas para quê? A 
tradução dos achados experimentais não é 
simples e o conhecimento recentemente gerado 
quase sempre é opaco para os não especialistas. 
Como interpretar as novas descobertas das 
neurociências? O que significam, que mudanças 
causam e até onde nos levam? 
 
C 
 
12 
 
Apesar da Terra ter sido formada há 
aproximadamente 5 bilhões de anos, e da vida ter 
surgido há cerca de 3,5 bilhões de anos, os 
encéfalos humanos, na sua forma final, 
apareceram há somente 100.000 anos. O 
encéfalo dos primatas apareceu há 
aproximadamente 20 milhões de anos, e a 
evolução tomou seu curso para construir o 
encéfalo humano de hoje, capaz de todo o tipo de 
façanhas maravilhosas – e banais. Durante 
grande parte da história, os humanos estiveram 
muito ocupados para ter chance de pensar sobre 
o pensamento. Embora não se tenha dúvida de 
que o encéfalo humano possa exercer tais 
atividades, a vida exigia atenção a aspectos 
práticos, como a sobrevivência em ambientes 
adversos, a criação de melhores maneiras de 
viver, inventando a agricultura ou domesticando 
animais,e assim por diante. Entretanto, logo que 
a civilização se desenvolveu a ponto de que o 
esforço diário para sobreviver não ocupasse todas 
as horas do dia, nossos ancestrais começaram a 
dedicar mais tempo construindo teorias 
complexas sobre as motivações dos seres 
humanos. Exemplos de tentativas de 
compreender o mundo e nosso lugar nele incluem 
Oedipus Rex (Édipo Rei), a antiga peça do teatro 
 
13 
 
grego que lida com a natureza do conflito pai-filho 
e as teorias mesopotâmica e egípcia sobre a 
natureza da religião e do universo. Os 
mecanismos cerebrais que possibilitam a geração 
de teorias sobre a característica da natureza 
humana prosperaram no pensamento dos 
ancestrais humanos. Ainda assim eles tinham um 
grande problema: não possuíam a habilidade de 
explorar a mente de forma sistemática por meio 
da experimentação (Gazzaniga e cols, 2018). 
Segundo Franco (2018), o cérebro é o ultimo 
órgão humano a revelar seus segredos. Durante 
muito tempo, as pessoas não entendiam nem 
mesmo para que serve o cérebro. A descoberta 
da anatomia, das funções e dos processo do 
cérebro tem sido uma longa e vagarosa viagem 
através dos milênios. 
A seguir a mesma autora descreve os aspectos 
cronológicos da neurologia: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Cronologia 
4000 a.C: Sumérios escrevem sobre a euforia provocada pela 
semente de papoula. 
 
2500 a.C: A trepanação (abertura de orifícios do crânio) era um 
procedimento cirúrgico comum em diversas culturas. 
Possivelmente era usado para tratar transtornos cerebrais, como a 
epilepsia ou por razões rituais ou espirituais. 
 
1700 a.C: Papiros descrevem detalhadamente o cérebro, mas os 
egípcios não o tem em alta conta; diferentemente de outros 
órgãos, era removido e descartado antes da mumificação, 
indicando que não se acreditava que seria útil nas encarnações 
seguintes. 
 
450 a.C: Os gregos antigos começam a reconhecer o cérebro 
como centro das sensações humanas. 
 
387 a.C: O filosofo grego Platão dá aulas em Athenas; ele 
acredita que o cérebro é o centro dos processos mentais. 
 
335 a.C: O filosofo grego Aristóteles reitera a crença antiga de 
que o coração é o órgão superior; o cérebro, diz ele, é um 
radiador que impede o superaquecimento do corpo. 
 
170 a.C: O medico romano Galena lança a teoria de que o 
temperamento e o caráter humanos são decorrentes do quatro 
“humores” (líquidos mantidos nos ventrículos do cérebro). A ideia 
persistiu por mais de 1000 anos. A descrições de anatomia de 
Galeno, usadas por gerações de médicos, tiveram como base 
principal em macacos e porcos. 
 
1543: Andreas Versalius, medico europeu publica o primeiro livro 
de anatomia (moderno) com ilustrações detalhadas do cérebro 
humano. 
 
1649: Para o filosofo francês Renê Descartes, o cérebro é um 
sistema hidráulico que controla o comportamento. Funções 
mentais “mais elevadas” seriam geradas por uma entidade 
espiritual, que interagiria com o corpo e a glândula pineal. 
 
 
15 
 
1664: Medico de Oxford, Thomas Willis, publica o primeiro atlas 
do cérebro, localizando as diversas funções nos diferentes 
“módulos” do órgão. 
 
1774: O medico alemão Franz Anton Mesme introduz 
“Magnetismo animal”, mais tarde chamado de hipnose. 
 
1791: Luiz Galvani, físico italiano descobre a base elétrica da 
atividade nervosa fazendo a perna de uma rã se retorcer. 
 
1848: Phineas Gage tem o cérebro perfurado por uma barra de 
ferro. 
 
1849: O físico alemão Hermann Von Helmeholtz mede a 
velocidade da condução nervosa e subsequentemente desenvolve 
a ideia de que a percepção depende de “inferências 
inconscientes”. 
 
1850: Franz Joseph Gall funda a frenologia que atribui diferentes 
traços de personalidade a áreas especificas do crânio. 
 
1859: Charles Darwin publica a origem das espécies. 
 
1862 – 1874: Broca e Wernicke descobrem as duas áreas 
principais da linguagem no cérebro. 
 
1873: O cientista italiano Camilo Golgi publica o método do 
nitrato de prata, possibilitando a observação completa dos nervos. 
Ganha o Prêmio Nobel de 1906. 
 
1874: Carl Wernicke publica o seu trabalho sobre afasia 
“distúrbios de linguagem após lesão cerebral.” 
 
1889: Santiago Ramón y Cajal, em A doutrina do neurônio, 
propõe que os neurônios são elementos independentes e unidades 
básicas do cérebro. Divide o Prêmio Nobel de 1906 com Camilo 
Golgi. 
Por volta de 1900 Sigmund Freud abandona a neurologia ainda no 
inicio para estudar psicodinâmica. O sucesso da psicanálise 
freudiana ofuscou a psiquiatria fisiológica por meio século. 
 
1906: Santiago Ramón y Cajal descrevem como os neurônios se 
comunicam. Ainda em 1906 Alóis Alzheimer descreve a 
degeneração pré-senil. 
 
16 
 
 
1909: Korbinian Broadman descreve as 52 áreas corticais 
distintas com base na estrutura neural. Essas áreas são utilizadas 
até hoje. 
 
1914: O fisiologista britânico Henry Hallett Dale isola a 
acetilcolina o primeiro neurotransmissor descoberto. Ganha o 
primeiro Prêmio Nobel em 1936. 
 
1919: O neurologista irlandês Gordon Morgan Holmes relaciona a 
visão com a córtex estriado (a córtex visual primário). 
 
1924: Os primeiros eletroencefalogramas (ECG) são 
desenvolvidos por Hans Berger. 
 
1934: O neurologista português Egas Moniz executa a primeira 
operação de leucotomia (conhecida como mais tarde por 
lobotomia). Ele também inventou a angiografia, uma das 
primeiras técnicas que captava a imagem do cérebro. 
 
1953: Brenda Milner descreve o paciente H.M que perde a 
memória após remoção cirúrgica de porção da ambos os lobos 
temporais. 
 
1957: W. Penfield e T. Rasmussen concebem os “homúnculos 
motor e sensorial”. 
 
1970-80: Desenvolve-se a tecnologia de escaneamento do 
cérebro. Durante essa década surgem o PET SCAN o SPECT o IRM 
e o MEG. 
 
1981: Roger Wolcott Sperry ganha o Prêmio Nobel pelo estudo 
das diferentes funções nos dois hemisférios cerebrais. 
 
1983: Benjamin Libert escrever sobre a determinação do 
(“timing”) da volição consciente. 
 
1992: Os neurônios espelho são descobertos por Giacomo 
Rizzolatti em Parma. 
 
2009: A exploração prossegue e os grupos de pesquisa avançam 
continuamente para um entendimento maior. 
 
 
 
17 
 
Capítulo 2 
Cognição 
 
lgumas breves definições: 
 
• Cognição - a aquisição, armazenamento, 
transformação e uso de conhecimento. 
• Neurociência - estudo da estrutura e 
funcionamento do sistema nervoso. 
• Neurociência cognitiva - estudo de como os 
processos cognitivos podem ser explicado pela 
estrutura e função do cérebro. 
• Cognitive Psychology - uma abordagem para 
estudar e explicar o comportamento que enfatiza 
os processos mentais e o conhecimento. 
Frequentemente descrito como estudo do 
“software” do cérebro. 
 
Um pouco de história 
 
• No final do século XIX, muitos psicólogos 
trabalharam com introspecção. 
 
Wilhelm Wundt, 1832 - 1920. "Pai da psicologia". 
 
• Início do século 20, avance para o behaviorismo 
- estudo de fenômenos objetivos e observáveis. 
A 
 
18 
 
 
B. F. Skinner, 1904 -1990 
 
• O crescimento de computadores contribuiu para 
o sucesso da abordagem de processamento de 
informação à cognição. 
• Contexto respeitável para discutir mecanismos 
que produzem comportamento. (Como software!) 
 
E hoje? 
 
Psicólogos cognitivos estudam: 
 • percepção 
• aprendizagem 
• linguagem 
• criatividade 
• imaginação 
• atenção 
• tomada de decisão 
 • raciocínio 
• meta-cognição. 
 
Quase todos os psicólogos dizem que as 
representações mentais são importantes por 
afetar o comportamento. 
 
Três temas da cognição 
 
19 
 
 
1. Processos cognitivos são ativos, não passivos. 
2. Processos cognitivos estão interligados. 
3.A maioria das capacidades cognitivas usa o 
processamento bottom-up e topdown. 
 
Bottom-up vs. top-down 
• O processamento Bottom-up, de baixo para cima é 
impulsionado por estímulo. 
• Processamento top-down, é orientado por 
expectativa.Segundo . Brandimonte e cols (2006), das 
universidades de Suor Orsola Benincasa, Napoli e 
Trieste, Trieste, Itália, que há muito tempo, 
William James (1890/1955) argumentou que um 
grau de imprecisão pode ser benéfico para a 
ciência ao tentar novas direções de pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
William James (Nova Iorque, 11 de janeiro de 1842 – 
Tamworth, 26 de agosto de 1910) foi um filósofo e 
psicólogo americano e o primeiro intelectual a oferecer 
 
 
20 
 
um curso de psicologia nos Estados Unidos. James foi 
um dos principais pensadores do final do século XIX e é 
considerado por muitos como um dos filósofos mais 
influentes da história dos Estados Unidos enquanto 
outros o rotularam de "pai da psicologia americana". 
Juntamente com Charles Sanders Peirce e John Dewey, 
James é considerado uma das principais figuras 
associadas à escola filosófica conhecida como 
pragmatismo, e também é citado como um dos 
fundadores da psicologia funcional. Uma análise da da 
Psicologia Geral, publicada em 2002, classificou James 
como o 14º mais eminente psicólogo do século XX. Uma 
pesquisa publicada no American Psychologist em 1991 
classificou a reputação de James em segundo lugar, 
atrás apenas de Wilhelm Wundt, que é amplamente 
considerado o fundador da psicologia experimental. 
James também desenvolveu a perspectiva filosófica 
conhecida como empirismo radical. O trabalho de James 
influenciou intelectuais como Émile Durkheim, Edmund 
Husserl, Bertrand Russell, Ludwig Wittgenstein, Hilary 
Putnam e Richard Rorty, e até presidentes, como Jimmy 
Carter. 
 
 
Uma opinião surpreendentemente semelhante foi 
compartilhada por Marvin Minsky um século 
depois: “Muitas vezes é mais prejudicial do que 
bom forçar definições sobre coisas que não 
entendemos. 
 
 
 
 
 
 
 
Marvin Lee Minsky 
(Nova Iorque, 9 de agosto de 1927 - 24 de janeiro de 
 
 
21 
 
2016) foi um cientista cognitivo norte-americano. Sua 
principal área de atuação são estudos cognitivos no 
campo da inteligência artificial. Minski é co-fundador do 
laboratório de inteligência artificial do Instituto de 
Tecnologia de Massachusetts e autor de diversos artigos 
e livros sobre o 
tema e suas implicações filosóficas. 
 
Além disso, apenas na lógica e na matemática, as 
definições captam conceitos perfeitamente. As 
coisas com as quais lidamos na vida prática 
geralmente são complicadas demais para serem 
representadas por expressões compactas. 
Especialmente quando se trata de entender 
mentes, ainda sabemos tão pouco que não 
podemos ter certeza de que nossas ideias sobre 
psicologia são direcionadas para as direções 
certas. Em qualquer caso, não se deve confundir 
as coisas definidoras por saber o que são ”. O fato 
de ambas as opiniões terem sido apresentadas 
por estudantes de cognição talvez não seja 
coincidência. Como veremos, diferentes aspectos 
conceituais vieram a ser cristalizados dentro da 
atual definição de cognição através de um 
caminho confuso e embaçado, no uso comum, na 
filosofia, assim como na teorização psicológica. 
Um vislumbre dos usos do senso comum pode 
ser obtido a partir das definições do dicionário. 
Considere o Webster's (edição de 1913), 
Cognition, [L. cognitio, fr. cognoscere, cognitum, 
 
22 
 
para se familiarizar com, para saber; co- + 
noscere, gnoscere, para obter um conhecimento. 
Veja {Know}, v. T.] 1. O ato de conhecer; 
conhecimento; percepção. 2. Aquilo que é 
conhecido. 
Cognição é uma função psicológica atuante na 
aquisição do conhecimento e se dá através de 
alguns processos, como a percepção, a atenção, 
associação, memória, raciocínio, juízo, 
imaginação, pensamento e linguagem. A palavra 
Cognitione tem origem nos escritos de Platão e 
Aristóteles. É o conjunto de processos 
psicológicos usados no pensamento que realizam 
o reconhecimento, a organização e a 
compreensão das informações provenientes dos 
sentidos, para que posteriormente o julgamento 
através do raciocínio os disponibilize ao 
aprendizado de determinados sistemas e 
soluções de problemas. 
De uma maneira mais simples, podemos dizer 
que cognição é a forma como o cérebro percebe, 
aprende, recorda e pensa sobre toda informação 
captada através dos cinco sentidos, bem como as 
informações que são disponibilizadas pelo 
armazenamento da memória, isto é, a cognição 
processa as informações sensoriais que vem dos 
estímulos do ambiente que estamos e também 
 
23 
 
processsa o conteúdo que retemos em relação às 
nossas experiências vividas. Mas a cognição é 
mais do que simplesmente a aquisição de 
conhecimento e consequentemente, a nossa 
melhor adaptação ao meio - é também um 
mecanismo de conversão do que é captado para 
o nosso modo de ser interno. Ela é um processo 
pelo qual o ser humano interage com os seus 
semelhantes e com o meio em que vive, sem 
perder a sua identidade existencial. Ela começa 
com a captação dos sentidos e logo em seguida 
ocorre a percepção. É, portanto, um processo de 
conhecimento, que tem como material a 
informação do meio em que vivemos e o que já 
está registrado na nossa memória. 
Brandimonte e cols (2006), ressaltam uma 
diferença crucial entre dois usos do mesmo termo. 
O primeiro é um processo: cognição como algo 
que os humanos fazem (junto com vários outros 
animais). O segundo é um produto: cognições 
como representações mentais que emergem à 
consciência quando percebemos, raciocinamos 
ou formamos imagens mentais. Logo no início de 
seus Princípios, William James (1890/1955) usou 
o termo no segundo sentido: “A psicologia é a 
ciência da vida mental, tanto de seus fenômenos 
quanto de suas condições. Os fenômenos são 
 
24 
 
coisas que chamamos de sentimentos, desejos, 
cognições, raciocínios, decisões e afins ... ”. No 
início de Cognição e Realidade, inversamente, 
Ulrich Neisser (19761, citados pelos autores) 
baseou-se no primeiro: “cognição é a atividade de 
conhecer: a aquisição, organização e uso do 
conhecimento ”. A diferença não é, como se pode 
suspeitar, apenas uma questão de mudança 
conceitual após a chamada revolução“ cognitiva 
”(Neisser, 19672). Considere o American Heritage 
Dictionary da English Language (4ª edição, 
publicada em 2000) Cognition \, n. 1. O processo 
mental de conhecer, incluindo aspectos como 
consciência, percepção, raciocínio e julgamento. 
2. Aquilo que vem a ser conhecido, como através 
da percepção, raciocínio ou intuição; 
conhecimento. 
Que reitera a distinção anterior entre processo e 
produto, mas também adiciona um adjetivo 
(crucial). A cognição não é apenas um processo, 
mas um processo "mental". Naquela que talvez 
seja a definição mais influente (Neisser, 1967), a 
cognição realmente se refere ao processo mental 
pelo qual a entrada externa ou interna é 
transformada, reduzida, elaborada, armazenada, 
 
1 NEISSER, U. Cognition and Reality. S. Francisco, CA: Freeman, 1976. 
2 NEISSER, U. Cognitive Psychology. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1967. 
 
25 
 
recuperada e usada. Como tal, envolve uma 
variedade de funções, tais como percepção, 
atenção, codificação de memória, retenção e 
recordação, tomada de decisão, raciocínio, 
resolução de problemas, geração de imagens, 
planejamento e execução de ações. Tais 
processos mentais envolvem a geração e uso de 
representações internas em graus variados e 
podem operar independentemente (ou não) em 
diferentes estágios de processamento. Além 
disso, esses processos podem, até certo ponto, 
ser observados ou, pelo menos, investigados 
empiricamente, levando à investigação científica 
por meio de métodos semelhantes aos das 
ciências naturais. 
 
A dualidade do conceito de 
“cognição” e suas origens 
 
Como uma palavra, a cognição se origina do 
latim. Os filósofos latinos usavam a palavra 
cognitio como uma tradução da gnose grega, que 
a tradiçãofilosófica ocidental traduz como 
conhecimento (francês: connaissance, italiano: 
conoscenza, alemão: Erkenntniss). Tecnicamente, 
o conhecimento é uma descrição verificável, 
distinguida pela mera crença, ou seja, a descrição 
 
26 
 
que é assumida como verdadeira, mas não 
verificada. Assim, ter conhecimento de X é ter um 
procedimento para verificar se X é verdadeiro. 
Para os presentes fins, sugerimos que as 
doutrinas filosóficas relevantes podem ser 
classificadas em geral em duas categorias gerais. 
No primeiro, o procedimento é aquele que 
estabelece uma identidade entre X e nosso 
conhecimento de X, ou pelo menos entre suas 
estruturas correspondentes. Vamos nos referir a 
isso como a doutrina de mapeamento. No 
segundo, o procedimento é simplesmente de 
apresentação: saber que X é simplesmente um 
“encontro”, um evento pelo qual X se torna 
presente. Tomando emprestado um termo de um 
contexto diferente (Quine, 19603), nos referiremos 
a isso como a doutrina dos qualia. 
 
Qualia 
Qualia inclui as formas como as coisas parecem, o som 
e o cheiro, o modo como se sente com dores; mais 
geralmente, como é ter estados mentais. Qualia são 
propriedades experienciais de sensações, sentimentos, 
percepções e, a meu ver, pensamentos e desejos 
também. Mas, assim definido, quem poderia negar que 
existem qualia? No entanto, a existência de qualia é 
controversa. Eis o que é controverso: se os qualia, assim 
definidos, podem ser caracterizados em termos 
intencionais, funcionais ou puramente cognitivos. Os 
opositores dos qualia pensam que o conteúdo da 
experiência é conteúdo intencional (como o conteúdo do 
pensamento), ou que as experiências são 
 
3 QUINE, W.V.O. Word and object. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1960. 
 
27 
 
funcionalmente definíveis, ou que ter um estado 
qualitativo é ter um estado que é monitorado de certa 
maneira ou acompanhado por um pensei no efeito que 
eu tenho esse estado. Se incluirmos a ideia de que as 
propriedades experienciais não são intencionais, 
funcionais ou puramente cognitivas na definição de 
'qualia', então é controverso se existem qualia. Esta 
definição de 'qualia' é controversa em um respeito 
familiar em filosofia. Um termo técnico é muitas vezes 
um ponto de desacordo, e as partes em conflito, muitas 
vezes, discordam sobre quais são os parâmetros 
importantes de desacordo. Dennett, por exemplo, supôs 
em alguns de seus escritos que é da essência dos qualia 
ser não-relacional, incorrigível (acreditar que um deles é 
ter um) e não ter natureza científica. Isso é o que você 
ganha quando deixa um adversário de qualia definir o 
termo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniel Clement Dennett (Boston, 28 de março de 
1942 (76 anos)) é um filósofo norte-americano. As 
pesquisas de Dennett se prendem principalmente à 
filosofia da mente (relacionada à ciência cognitiva) e 
da biologia. Dennett é ainda um dos mais 
proeminentes ateus da atualidade. Para Dennett, os 
estados interiores de consciência não existem. Em 
outras palavras, aquilo que ele chama de "teatro 
cartesiano", isto é, um local no cérebro onde se 
processaria a consciência, não existe, pois admitir 
isto seria concordar com uma noção de 
intencionalidade intrínseca. Para ele a consciência 
não se dá em uma área especifica do cérebro, como 
já dito, mas em uma sequência de inputs e outputs 
que formam uma cadeia por onde a informação se 
move. Um dos livros de Dennett é A Ideia Perigosa de 
Darwin. 
 
 
 
28 
 
Um proponente de qualia deve permitir que as 
categorizações deles (crenças sobre eles) possam estar 
equivocadas, e que a ciência possa investigar qualia. 
Acho que devemos permitir que os qualia possam ser 
estados fisiológicos e que sua natureza científica possa 
até se tornar relacional. Amigos de qualia diferem sobre 
se são ou não físicos. A meu ver, os argumentos mais 
poderosos a favor de qualia na verdade pressupõem 
uma doutrina fisicalista, a superveniência de qualia no 
cérebro (Guttenplan, 1994). 
 
Formas da doutrina dos mapeamentos eram 
típicas dos filósofos pré-socráticos, de Platão, de 
Aristóteles, através de Tomas de Aquino e dos 
filósofos naturais do Renascimento, como 
Giordano Bruno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Giordano Bruno (Nola, Reino de Nápoles, 1548 — 
Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600) foi um 
teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano[4] 
condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana 
(Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição 
do Santo Ofício) com a acusação de heresia ao defender 
erros teológicos. É também referido como Bruno de 
Nola ou Nolano. 
 
 
 
29 
 
A forma mais pura talvez tenha sido a doutrina da 
eidola apresentada por Epicuro, que supunha 
imagens minúsculas destacando-se dos objetos 
para alcançar a alma do conhecedor, preservando 
assim a identidade com o objeto originário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epicuro de Samos (em grego antigo: Ἐπίκουρος, 
Epikouros, "aliado, camarada"; 341 a.C., Samos — 271 
ou 270 a.C., Atenas) foi um filósofo grego do período 
helenístico. Seu pensamento foi muito difundido e 
numerosos centros epicuristas que se desenvolveram na 
Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde 
Lucrécio foi seu maior divulgador. 
 
A idéia de Epicuro se assemelha à noção 
empirista de que objetos exercem impressões 
sobre os órgãos dos sentidos (Hobbes, 1659; 
Locke, 1694). 
 
Thomas Hobbes (5 de abril de 1588 — 4 de dezembro 
de 1679) foi um matemático, teórico político e filósofo 
inglês, autor de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651). Na 
obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a 
natureza humana e sobre a necessidade de um governo 
e de uma sociedade fortes. No estado natural, embora 
 
 
30 
 
alguns homens possam ser mais fortes ou mais 
inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima 
dos demais de forma a estar isento do medo de que 
outro homem lhe possa fazer mal. Por isso, cada um de 
nós tem direito a tudo e, uma vez que todas as coisas 
são escassas, existe uma constante guerra de todos 
contra todos (Bellum omnia omnes). No entanto, os 
homens têm um desejo, que é também em interesse 
próprio, de acabar com a guerra e, por isso, formam 
sociedades através de um contrato social. 
 
 
John Locke (Wrington, 29 de agosto de 1632 — Harlow, 
28 de outubro de 1704) foi um filósofo inglês conhecido 
como o "pai do liberalismo", sendo considerado o 
principal representante do empirismo britânico e um dos 
principais teóricos do contrato social. Locke ficou 
conhecido como o fundador do empirismo, além de 
defender a liberdade e a tolerância religiosa. Como 
filósofo, pregou a teoria da tábua rasa, segundo a qual a 
mente humana era como uma folha em branco, que se 
preenchia apenas com a experiência. Essa teoria é uma 
crítica à doutrina das ideias inatas de Platão, segundo a 
qual princípios e noções são inerentes ao conhecimento 
humano e existem independentemente da experiência. 
Locke escreveu o Ensaio acerca do Entendimento 
Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a 
natureza do conhecimento. Um dos objetivos de Locke é 
a reafirmação da necessidade do Estado e do contrato 
social e outras bases. Opondo-se à Hobbes, Locke 
acreditava que se tratando de Estado natureza, os 
homens não vivem de forma bárbara ou primitiva. Para 
ele, há uma vida pacífica explicada pelo reconhecimento 
dos homens por serem livres e iguais. 
 
O idealismo romântico acrescentou, de maneira 
um tanto obscura, a noção de que o mapeamento 
é criado por um ato subjetivo (Fichte, 1794/1982). 
Hegel, 1807. 
 
Johann Gottlieb Fichte (Rammenau, Saxônia, 19 de 
maio de 1762 — Berlim, 27 de janeiro de 1814) foi um 
filósofo alemão. Foi um dos criadores do movimento 
filosófico conhecido como idealismo alemão, que 
desenvolveu a partir dos escritos teóricos e éticos de 
 
31 
 
Immanuel Kant. Sua obra é frequentemente consideradacomo uma ponte entre as ideias de Kant e as de Hegel. 
Assim como Descartes e Kant, interessou-se pelo 
problema da subjectividade e da consciência. Fichte 
também escreveu trabalhos de filosofia política e é 
considerado como um dos primeiros pensadores do 
pangermanismo. 
 
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Stuttgart, 27 de agosto 
de 1770 – Berlim, 14 de novembro de 1831) foi um 
filósofo alemão. É unanimemente considerado um dos 
mais importantes e influentes filósofos da história. Pode 
ser incluído naquilo que se chamou de Idealismo 
Alemão, uma espécie de movimento filosófico marcado 
por intensas discussões filosóficas entre pensadores de 
cultura alemã (Prússia) do final do século XVIII e início 
do XIX. Essas discussões tiveram por base a publicação 
da Crítica da Razão Pura de Immanuel Kant. Hegel, 
ainda no seminário de Tübingen, escreveu, juntamente 
com dois renomados colegas, os filósofos Friedrich 
Schelling e Friedrich Hölderlin, o que chamaram de "O 
Mais Antigo Programa de Sistema do Idealismo Alemão". 
Posteriormente Hegel desenvolveu um sistema filosófico 
que denominou "Idealismo Absoluto", uma filosofia capaz 
de compreender discursivamente o absoluto (de atingir 
um saber do absoluto, saber cuja possibilidade fora, de 
modo geral, negada pela crítica de Kant à metafísica). 
Apesar de ser notavelmente crítica em relação ao 
Iluminismo, a filosofia hegeliana é tida por muitos como, 
para usar a expressão de Habermas, a "filosofia da 
modernidade por excelência". Hegel influenciou um 
grande número de autores (Strauss, Bauer, Feuerbach, 
Stirner, Marx, Dilthey, Bradley, Dewey, Kojève, Hyppolite, 
Hans Küng, Fukuyama, Žižek). Era fascinado pelas 
obras de Spinoza, Kant e Rousseau, assim como pela 
Revolução Francesa. Muitos consideram que Hegel 
representa o ápice do Idealismo Alemão. 
 
O idealismo eo romantismo 
O idealismo é uma corrente filosófica que emergiu 
apenas com o advento da modernidade, uma vez que, 
nele, a posição central da subjetividade é fundamental. 
Seu oposto é o materialismo. Tendo suas origens a partir 
da revolução filosófica iniciada por Descartes, é aos 
pensadores alemães que o idealismo está em geral 
associado, desde Kant até Hegel, que seria talvez o 
último grande idealista da modernidade. Embora muitos 
acreditem que a teoria das ideias de Platão é, 
 
32 
 
historicamente, o primeiro dos idealismos, em que a 
verdadeira realidade está no mundo das ideias, das 
formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão. 
O romantismo foi um movimento artístico, político e 
filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na 
Europa que durou por grande parte do século XIX. 
Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao 
racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo 
que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. 
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, 
o romantismo toma mais tarde a forma de um 
movimento, e o espírito romântico passa a designar toda 
uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores 
românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, 
retratando o drama humano, amores trágicos, ideais 
utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi 
marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, 
o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela 
subjetividade, pela emoção e pelo eu. 
 
A doutrina de mapeamento está explicitamente 
presente em muitas abordagens modernas, como 
o positivismo lógico. 
 
Positivismo lógico é um modelo filosófico geral, 
também denominado empirismo lógico ou 
neopositivismo, desenvolvido por membros do Círculo 
de Viena com base no pensamento empírico tradicional 
e no desenvolvimento da lógica moderna. O positivismo 
lógico restringiu o conhecimento à ciência e utilizou o 
verificacionismo para rejeitar a Metafísica, não como 
falsa, mas como destituída de significado. A importância 
da ciência levou positivistas lógicos proeminentes ao 
estudo do método científico e à exploração lógica da 
teoria da confirmação. Atualmente, o positivismo lógico é 
desconsiderado pela maioria dos filósofos. Sobretudo as 
correntes filosóficas desdobradas a partir de Kuhn (que 
estabelece o caráter paradigmático da ciência) e Paul 
Feyerabend (demonstrando que, na prática científica, a 
ciência não evolui segundo normas preestabelecidas) 
geraram graves problematizações de suas idéias. 
 
Thomas Samuel Kuhn (Cincinnati, 18 de julho 1922 
— Cambridge, 
 
33 
 
17 de junho 1996) foi um físico e filósofo da ciência 
norte-americano. 
Seu trabalho incidiu sobre história da ciência e 
filosofia da ciência, tornando-se um marco no estudo 
do processo que leva ao desenvolvimento científico. 
 
Paul Karl Feyerabend (Viena, 13 de janeiro de 1924 
— Genolier, 11 de fevereiro de 1994) foi um filósofo 
da ciência austríaco que viveu em diversos países 
como Reino Unido, Estados Unidos, Nova Zelândia, 
Itália e Suíça. Seus maiores trabalhos são Against 
Method (publicado em 1975), Science in a Free 
Society (publicado em 1978) e Farewell to Reason 
(uma coleção de artigos publicados em 1987). 
Feyerabend tornou-se famoso pela sua visão 
anarquista da ciência e por sua suposta rejeição da 
existência de regras metodológicas universais. É uma 
figura influente na filosofia da ciência, e também na 
sociologia do conhecimento científico. 
 
O positivismo lógico surgiu no início do século XX com 
o Círculo de Viena. No seu início, o Círculo de Viena, 
liderado por Moritz Schlick, era um grupo de discussão 
constituído por cientistas e filósofos com o objetivo de 
criar uma nova filosofia da ciência, com uma rigorosa 
demarcação do científico e do não-científico. Teve 
influências de Ernst Mach, Percy Bridgman e Ludwig 
Wittgenstein, sendo este último autor do Tractatus 
Logico-Philosophicus, que serviu de inspiração aos 
membros do Círculo para a construção das suas 
doutrinas. A partir de 1929, o positivismo lógico 
começou a ter reconhecimento internacional e já possuía 
vários defensores, dentre os quais estavam filósofos e 
cientistas escandinavos, polacos, britânicos, alemães e 
norte-americanos. Um grupo que se destacou foi o 
Círculo de Berlim, liderado por Hans Reichenbach, em 
resposta à metafísica hegeliana. 
 
Wittgenstein, por exemplo, escreveu: “... uma 
proposição é verdadeira ou falsa apenas como 
uma imagem da realidade”. ... deve haver uma 
identidade entre a imagem e o objeto ... ”tal que“ 
... relações mútuas entre partes do objeto 
correspondem a relações mútuas entre elementos 
 
34 
 
da imagem ... ”(Tractatus Logico-Philosophicus, 
1927, p.). 
 
Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (Viena, 26 de 
abril de 1889 — Cambridge, 29 de abril de 1951) foi um 
filósofo austríaco, naturalizado britânico. Foi um dos 
principais autores da virada linguística na filosofia do 
século XX. Suas principais contribuições foram feitas nos 
campos da lógica, filosofia da linguagem, filosofia da 
matemática e filosofia da mente. 
 
O Tractatus Logico-Philosophicus (latim para "Tratado 
Lógico-Filosófico") é o livro publicado pelo filósofo 
austríaco Ludwig Wittgenstein em sua vida. O projeto 
tinha um objetivo amplo - identificar a relação entre 
linguagem e realidade e para definir os limites da ciência 
- e é reconhecido como uma obra filosófica importante 
do século XX. G.E. Moore originalmente sugeriu o título 
latino do trabalho como homenagem ao Tractatus 
Theologico-Politicus,obra do filósofo holandês Baruch 
Spinoza. Wittgenstein escreveu as notas para o 
Tractatus, enquanto ele era um soldado durante a 
Primeira Guerra Mundial e o completou quando estava 
como prisioneiro de guerra em Como e depois Cassino 
em agosto de 1918. Foi publicado em alemão em 1921 
como Logisch-Philosophische Abhandlung. O Tractatus 
foi influente, principalmente entre os positivistas lógicos 
do Círculo de Viena, tais como Rudolf Carnap e Friedrich 
Waismann. O Tractatus emprega um estilo literário 
notoriamente austero e sucinto. O trabalho quase não 
contém argumentoscomo tal, mas, sim, consiste em 
sentenças declarativas que destinam-se a ser auto-
evidentes. As declarações são hierarquicamente 
numeradas, com sete proposições básicas no nível 
primário (numeradas 1 a 7), com cada sub-nível sendo 
um comentário sobre ou elaboração da declaração no 
próximo nível mais elevado (por exemplo., 1, 1.1, 1.11, 
1.12). Obras posteriores de Wittgenstein, destacando-se 
a obra Investigações Filosóficas, publicada 
postumamente, criticaram muitas das ideias do 
Tractatus. 
 
Note que os mapeamentos implicam um dualismo 
de objeto e representação. O problema colocado 
 
35 
 
por tal dualismo foi explicitado por Descartes 
(1637/1994), que argumentou que a consciência 
de um objeto não é garantia de conhecimento 
verdadeiro. 
 
 
 
 
 
 
René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 
1596 – Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650) foi um 
filósofo, físico e matemático francês. Durante a Idade 
Moderna, também era conhecido por seu nome latino 
Renatus Cartesius. Notabilizou-se sobretudo por seu 
trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas 
também obteve reconhecimento matemático por sugerir 
a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a 
geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje 
leva o seu nome. Por fim, foi também uma das figuras-
chave na Revolução Científica. Descartes, por vezes 
chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai 
da matemática moderna", é considerado um dos 
pensadores mais importantes e influentes da História do 
Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e 
várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da 
filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas 
obras ou a autores supostamente influenciados por ele. 
Muitos especialistas afirmam que, a partir de Descartes, 
inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna. Décadas 
mais tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas um movimento 
filosófico que, de certa forma, seria o seu oposto - o 
empirismo, com John Locke e David Hume. 
 
A revolução "copernicana" de Kant (1781/1999) 
tentou resolver o problema enfatizando o caráter 
subjetivo, e não objetivo, do mapeamento. 
 
 
36 
 
 
A revolução Copernicana constituiu-se no processo 
histórico que redundou na substituição do sistema 
geocêntrico (Geocentrismo) pelo sistema heliocêntrico 
(Heliocentrismo), inclusive no que diz respeito às 
profundas consequências acarretadas por essa 
substituição para a história da humanidade. 
 
Em sua opinião, o mapeamento não é mais uma 
relação de identidade, objetivamente descritível, 
mas de produção (“síntese”) baseada em 
restrições internas (“categorias a priori”). 
 
A priori (do latim, "de antes" ou "do anterior") e a 
posteriori (do latim, "do seguinte" ou "do depois") são 
expressões filosóficas para distinguir dois tipos de 
conhecimento ou argumento. Os termos a priori e a 
posteriori são usadas principalmente como adjetivos 
para modificar o substantivo "conhecimento", ou serem 
substantivos compostos que se referem a um tipo de 
conhecimento (por exemplo, conhecimento a priori). No 
entanto, "a priori" às vezes é usado como um adjetivo 
para modificar outros substantivos, como "verdade". 
Além disso, muitas vezes os filósofos modificam este 
uso. Por exemplo, "aprioridade" e "aprioricidade" são por 
vezes utilizados como substantivos para referir 
(aproximadamente) para a qualidade de ser "a priori". 
 
Quine (1960) cunhou o termo qualia para definir o 
conteúdo qualitativo da experiência. Uma forma 
primitiva da doutrina dos qualia foi proposta pelos 
estóicos, que distinguiam entre o conhecimento 
de objetos que se manifestam diretamente e o 
conhecimento de signos que se referem a objetos 
de maneira indireta. Os desenvolvimentos da 
doutrina estóica podem ser traçados, entre outros, 
em Berkeley (1710/1988) e no que mais tarde 
 
37 
 
veio a ser conhecido como fenomenologia 
(Husserl, 1931/1977). 
 
George Berkeley (Condado de Kilkenny, 12 de março 
de 1685 - Oxford, a 14 de janeiro de 1753) foi um filósofo 
idealista irlandês cuja principal contribuição foi o avanço 
de uma teoria que ele chamou de "imaterialismo" (mais 
tarde conhecido como idealismo subjetivo). Essa teoria 
nega a existência de substância material e, em vez 
disso, sustenta que objetos familiares como mesas e 
cadeiras são apenas ideias na mente daqueles que os 
percebem e, como resultado, os objetos não podem 
existir sem serem percebidos. Berkeley também é 
conhecido por sua crítica à abstração, uma importante 
premissa em seu argumento para o imaterialismo. 
 
Edmund Gustav Albrecht Husserl (Proßnitz, 8 de abril 
de 1859 — Friburgo em Brisgóvia, 26 de abril de 1938) 
foi um matemático e filósofo alemão que estabeleceu a 
escola da fenomenologia. Ele rompeu com a orientação 
positivista da ciência e da filosofia de sua época. 
Elaborou críticas do historicismo e do psicologismo na 
lógica. Não se limitando ao empirismo, mas acreditando 
que a experiência é a fonte de todo o conhecimento, ele 
trabalhou em um método de redução fenomenológica 
pelo qual um assunto pode vir a conhecer diretamente 
uma essência. 
 
Na abordagem qualia, o conhecimento direto é 
essencialmente auto-validado. A experiência de X 
é o nosso encontro com X e, como tal, deve ser 
tomada pelo valor nominal. No encontro, o objeto 
se manifesta na consciência, que por sua vez 
consiste em uma operação “transcendente” em 
direção ao objeto (termo de Husserl). Por outro 
lado, o precursor conceitual da cognição como um 
processo mental não é gnosis, mas nus “que 
segundo o qual as razões de alma e entende” 
 
38 
 
(Aristóteles, 350 aC), que a tradição filosófica 
traduz como compreensão (francês: entendement, 
alemão: Verstand). A tradução latina, intellectus, 
tem a mesma raiz da inteligência e é preservada 
em italiano (intelletto). A noção é frequentemente 
relatada como correspondendo àquela de uma 
faculdade de pensamento genérica. Uma leitura 
rápida de algumas definições representativas, no 
entanto, esclarece que a noção era de fato 
limitada a processos cognitivos que hoje 
identificávamos com pensamento, raciocínio e 
solução de problemas, sendo, portanto, mais 
restritos do que a noção moderna de cognição. 
Tomás de Aquino (1225/1947), por exemplo, 
destacou o caráter interno do intellectus, 
argumentando que a palavra derivada do legere 
intus, para ler dentro, e pertencia a atos cognitivos 
que visam a essência das coisas, como 
distinguido por suas meras qualidades sensíveis . 
 
Tomás de Aquino, em italiano Tommaso d'Aquino 
(Roccasecca, 1225 – Fossanova, 7 de março de 1274), 
foi um frade católico da Ordem dos Pregadores 
(dominicano) italiano cujas obras tiveram enorme 
influência na teologia e na filosofia, principalmente na 
tradição conhecida como Escolástica, e que, por isso, é 
conhecido como "Doctor Angelicus", "Doctor Communis" 
e "Doctor Universalis". "Aquino" é uma referência ao 
condado de Aquino, uma região que foi propriedade de 
sua família até 1137. Ele foi o mais importante 
proponente clássico da teologia natural e o pai do 
tomismo. Sua influência no pensamento ocidental é 
considerável e muito da filosofia moderna foi concebida 
 
39 
 
como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, 
particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria 
política. Ao contrário de muitas correntes da Igreja na 
época, Tomás abraçou as ideias de Aristóteles - a quem 
ele se referia como "o Filósofo" - e tentou sintetizar a 
filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo. As 
obras mais conhecidas de Tomás são a "Suma 
Teológica" (em latim: Summa Theologiae) e a "Suma 
contra os Gentios" (Summa contra Gentiles). Seus 
comentários sobre as Escrituras e sobre Aristóteles 
também são parte importante de seu corpus literário. 
Além disso, Tomás se distingue por seus hinos 
eucarísticos, que ainda hoje fazem parte da liturgia da 
Igreja. Tomás é venerado como santo pela Igreja 
Católicae é tido como o professor modelo para os que 
estudam para o sacerdócio por ter atingido a expressão 
máxima tanto da razão natural quanto da teologia 
especulativa. O estudo de suas obras há muito tempo 
tem sido o cerne do programa de estudos obrigatórios 
para os que buscam as ordens sagradas (como padres e 
diáconos) e também para os que se dedicam à formação 
religiosa em disciplinas como filosofia católica, teologia, 
história, liturgia e direito canônico. Tomás foi também 
proclamado Doutor da Igreja por Pio V em 1568. 
 
Kant definiu o entendimento como “o poder de 
conhecer em geral”. Aristóteles propôs uma noção 
de compreensão “intuitiva”, definida como a 
faculdade de apreender princípios abstratos 
envolvidos no raciocínio formal, e Kant defendeu 
uma faculdade “julgadora”, operando de acordo 
com princípios a priori. Bergson (1907/1998) 
propôs uma noção de compreensão “operativa”, 
que enfatizava a criatividade: a faculdade de criar 
variedades de utensílios e fabricas. Por outro 
lado, Essay on Human Understanding (1689), de 
Locke, pretendia mostrar “como chegamos por 
qualquer conhecimento” e rejeitar qualquer papel 
 
40 
 
de idéias inatas nesse processo. A noção implica 
um papel maior para a percepção ou, pelo menos, 
para a sensação na cognição. 
 
Evolução, inteligência artificial e a 
naturalização da cognição 
 
Como mostrado brevemente na seção anterior, os 
precursores filosóficos do conceito de cognição 
revelam uma intrincada história conceitual, com 
os dois sentidos do conceito moderno surgindo e 
ressurgindo sozinhos ou em combinação. Em 
geral, ao considerar as doutrinas do 
conhecimento, a dualidade entre processo e 
produto é aparente na idéia de mapeamento entre 
objetos conhecidos e as representações 
correspondentes. Curiosamente, a natureza do 
mapeamento oscilou entre uma noção mais ou 
menos “objetiva” da relação entre objeto e 
conhecimento e uma noção que enfatiza uma 
contribuição subjetiva. Debates entre as teorias 
de percepção e cognição baseadas em estímulo e 
construtivistas são fortemente reminiscentes 
dessas duas formas de considerar os 
mapeamentos. Teorias baseadas em estímulos, 
 
41 
 
como o defendido por Gibson (19794), enfatizam 
similaridades entre propriedades estruturais do 
ambiente e propriedades estruturais de produtos 
cognitivos percebidos ou concebidos, e propõem 
que um tipo de elo objetivo é naturalmente dado 
entre eles, pelas propriedades. que são 
representados na estrutura espaço-temporal dos 
estímulos recebidos. As teorias construtivistas, 
como a Gestalt e a abordagem neo-
Helmholtziana, rejeitaram a existência desse elo 
objetivo e sugeriram que a cognição humana 
requer restrições internas e reconstrução ativa a 
partir de estímulos incompletos ou ambíguos. 
 
A gestalt (guès) (do alemão Gestalt, "forma"), também 
conhecida como gestaltismo (gues), teoria da forma, 
psicologia da gestalt, psicologia da boa forma e leis 
da gestalt, é uma doutrina que defende que, para se 
compreender as partes, é preciso, antes, compreender o 
todo. Refere-se a um processo de dar forma, de 
configurar "o que é colocado diante dos olhos, exposto 
ao olhar". A palavra gestalt tem o significado "de uma 
entidade concreta, individual e característica, que existe 
como algo destacado e que tem uma forma ou 
configuração como um de seus atributos". 
 
A tradição neo-Helmholtziana que postula que a 
percepção é um processo inferencial e não restringe o 
alvo apropriado da investigação a estados sensoriais 
hipotéticos que não são afetados por inferências sobre 
estímulos distais. 
 
 
4 GIBSON, J.J. The ecological approach to visual perception. Boston, MA: 
Houghton Mifflin, 1979. 
 
 
42 
 
A distinção entre o que temos aqui chamado de 
qualia e as abordagens de mapeamento foi 
expressa explicitamente pelo teórico da Gestalt 
Kurt Koffka (1935), que argumentou que o ponto 
de partida no estudo da mente humana é a 
questão: “Por que as coisas parecem Faz?". 
Koffka observou que a questão tem dois 
aspectos: um aspecto qualitativo e um aspecto 
“cognitivo”. 
 
Kurt Koffka (Berlim, 18 de março de 1886 – 
Northampton, Massachusetts, 22 de novembro de 1941) 
foi um psicólogo da Gestalt. Em 1909 recebeu doutorado 
pela Universidade de Berlim. Junto com Wolfgang 
Köhler, tornou-se assistente na Universidade de 
Frankfurt, onde trabalhou com Max Wertheimer. De 1911 
a 1927 lecionou na Universidade de Giessen. Lá 
escreveu O Desenvolvimento da Mente (1921). No ano 
seguinte ele introduziu o programa Gestalt com um artigo 
na Psychological Bulletin nos Estados Unidos. A partir de 
1927, Kurt lecionou nos Estados Unidos no Smith 
College, publicando a obra Princípios da Psicologia da 
Gestalt (1935). 
 
Do ponto de vista do aspecto qualitativo, 
argumentou ele, a questão se aplica 
simplesmente à aparência das coisas, como as 
experimentamos. Como tal, aplicaria evento a um 
mundo de pura ilusão. Do ponto de vista do 
aspecto cognitivo, em vez disso, a questão está 
relacionada ao problema de como a aparência 
das coisas se relaciona com o modo como as 
coisas realmente são. Como estudante de 
 
43 
 
Husserl, Koffka (e muitos outros gestaltistas) 
expuseram a ideia de uma primazia metodológica 
do primeiro aspecto em relação ao segundo. A 
escolha teve o mérito de lembrar a psicologia, em 
um período de behaviorismo desenfreado, da 
existência de conteúdos conscientes internos que 
permaneciam inexplicados por leis de estímulo-
resposta, e permaneceram problemas genuínos. 
Ao mesmo tempo, porém, evitou a ideia de que os 
conteúdos conscientes são sempre direcionados 
para objetos externos. Brentano (1874) 
argumentou fortemente que tal "aboutness" é 
específico dos fenômenos mentais, e os debates 
modernos sobre o que hoje é chamado de 
"ground grounding" (Harnad, 19875) desconfiam 
da dificuldade de explicar a redondeza do 
conteúdo mental. 
Franz Clemens Honoratus Hermann Brentano 
(Marienberg am Rhein, 16 de Janeiro de 1838 — 
Zurique, 17 de Março de 1917) foi um filósofo alemão. 
Sobrinho do poeta alemão Clemens Brentano, lecionou 
em Würzburgo e na Universidade de Viena. Em 1864 foi 
ordenado padre, mas envolvendo-se em controvérsias 
sobre a doutrina da infalibilidade papal, abandonou a 
Igreja em 1873. Morreu em 1917, deixando uma obra 
volumosa. Sua filosofia evoluiu em direção de um 
aristotelismo moderno, nitidamente empírico em seus 
métodos e princípios. Os trabalhos mais importantes de 
Brentano são no campo da psicologia, por ele definida 
como ciência dos fenômenos psíquicos (ou, o que para 
ele é sinônimo, da consciência). Os objetos de seus 
 
5 HARNAD, S. Categorical perception: the groundwork of cognition. 
Cambridge, MA: Cambridge University Press, 1987. 
 
 
44 
 
estudos não foram, porém, os estados, mas sim os atos 
e processos psíquicos. Segundo Brentano, o fenômeno 
psíquico distingue-se dos demais por sua propriedade de 
referir-se a um objeto, bem como a um conteúdo de 
consciência, através de mecanismos puramente mentais. 
À psicologia caberia, então, estudar as diversas 
maneiras pelas quais a consciência institui suas relações 
para com os objetos existentes nela mesma, descrever a 
natureza desta relação, bem como o modo de existência 
deste objeto. 
 
Abordagens atuais enfatizando a noção de 
cognição como ciclo de percepção-ação 
controlado por esquemas internos, prévias e 
decisões podem ser interpretadas como uma 
tentativa de superar a oposição entre teorias 
baseadas em estímulo e construtivistas. para 
processos cognitivos, por exemplo, como em 
Clark, 1997). No entanto, as ligações entre teorias 
atuais de cognição e conceitos que foram usadas 
no debate filosófico devem ser estabelecidas com 
grande cautela, porque os conceitos atuais 
inevitavelmente incluem noçõesque vieram de 
dois desenvolvimentos posteriores. A primeira 
delas, a teoria da evolução (Darwin, 1859) 
forneceu um critério radicalmente novo para 
avaliar como os organismos aprendem sobre seu 
ambiente. Antes da evolução, os epistemólogos 
lutavam com conceitos como Ding an sich de Kant 
(a "coisa em si", em oposição à sua aparência 
fenomenal) e debatiam se o conhecimento era 
adquirido ou inato. 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Charles Robert Darwin FRS (Shrewsbury, 12 de 
fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de abril de 1882) 
foi um naturalista britânico que alcançou fama ao 
convencer a comunidade científica da ocorrência da 
evolução e propor uma teoria para explicar como ela se 
dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria 
culminou no que é, agora, considerado o paradigma 
central para explicação de diversos fenômenos na 
biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston 
concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 
1859. Darwin começou a se interessar por história 
natural na universidade enquanto era estudante de 
Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco 
anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos 
posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo 
e fama como escritor. Suas observações da natureza 
levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, 
em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção 
Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido 
severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele 
as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua 
pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. 
Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace 
tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação 
conjunta das suas teorias em 1858. Em seu livro de 
1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, 
On the Origin of Species by Means of Natural Selection, 
or The Preservation of Favoured Races in the Struggle 
for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um 
ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta se 
tornou a explicação científica dominante para a 
diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na 
 
 
46 
 
Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo 
uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a 
espécie humana, notavelmente "A descendência do 
Homem e Seleção em relação ao Sexo" (The Descent of 
Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A 
Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The 
Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872). 
 
Ao fornecer uma estrutura conceitual para 
considerar a cognição como uma faculdade 
adaptativa, a evolução forneceu um meio 
radicalmente novo de avaliar a verdade, ou pelo 
menos o grau de eficácia associado ao processo 
de aquisição de conhecimento - não como acesso 
à "realidade". mas como um meio para garantir a 
sobrevivência, obtendo conhecimento adequado 
do meio ambiente. Além disso, a evolução 
forneceu uma estrutura poderosa para entender 
como os organismos podem possuir 
conhecimento no nascimento, e como esse 
conhecimento pode, não obstante, ser adquirido - 
não na escala de tempo do indivíduo, mas 
durante a história evolucionária da espécie. O 
segundo desenvolvimento, a distinção entre 
hardware e software dentro da inteligência 
artificial, desempenhou um papel crucial na 
definição do que pode ser a cognição e como ela 
deve ser estudada. Antes da inteligência artificial, 
as tentativas de abordar o estudo da cognição 
através dos métodos das ciências naturais (em 
 
47 
 
oposição à especulação filosófica) tinham que se 
basear na biologia, isto é, na ideia de que a 
cognição pode ser explicada, em última análise, 
pela compreensão do funcionamento do sistema 
nervoso. sistema. A noção de que os processos 
cognitivos podem ser tomados como algoritmos 
computacionais forneceu uma opção radicalmente 
nova. Se os processos cognitivos são o software 
da mente, então a cognição pode ser estudada 
usando as ferramentas da ciência da computação, 
e independentemente de sua implementação real 
em um sistema nervoso humano, um animal não 
humano, ou mesmo em uma máquina. Essa 
noção era fundamental para a revolução cognitiva 
na psicologia e agora encontrou ampla aceitação 
nos círculos filosóficos. 
 
Mente, corpo e 
explicação cognitiva 
 
O problema de entender como os processos 
cognitivos se relacionam com os processos 
neurais pode ser considerado uma manifestação 
de uma questão conceitual mais antiga e mais 
ampla, decorrente da dicotomia mente / corpo. A 
questão se origina do dualismo cartesiano e 
permeia as abordagens da cognição. Os estados 
 
48 
 
mentais e cerebrais são duas entidades 
separadas? Os estados mentais podem ser 
reduzidos a estados cerebrais? E, em caso 
afirmativo, qual é a natureza da interação entre os 
dois? Durante os séculos, questões como essas 
têm sido objeto de debate acalorado. Fechner 
(1860/1966) relatou que a idéia fundamental por 
trás da psicofísica veio a ele quando se esforçou 
para resolver o problema da conexão entre o 
corpo e a mente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gustav Theodor Fechner (Gross Särchen, 19 de abril 
de 1801 — Leipzig, 28 de novembro de 1887) foi um 
filósofo alemão. Professor em Leipzig a partir de 1834, 
era tido como um matemático e físico brilhante. Em 1839 
esteve ameaçado pela cegueira; isto resultou em uma 
grave crise pessoal que o impossibilitou de lecionar e 
despertou seu interesse por questões psicológicas e 
religiosas. Influenciado por Schelling e por pensadores 
orientais, publicou duas obras filosóficas: Nanna, ou 
sobre a vida psíquica das plantas (1848) e Zend-Avesta, 
ou sobre as coisas do céu e do além (1891). Para 
Fechner, o físico e o psíquico não seriam realidades 
 
 
49 
 
opostas, mas aspectos de uma mesma realidade 
essencial, ou seja, fenômenos mentais correspondem a 
fenômenos orgânicos (estímulos), algo denominado 
Paralelismo Psicofísico. O universo seria então um 
conjunto vivificado de seres finitos sustentados pela 
infinitude de uma entidade divina. Assim, as leis naturais 
seriam manifestações da perfeição desta entidade. 
 
Ao formular leis quantitativas de relações entre 
conteúdos mentais ("sensações") e estímulos 
corporais, ele acreditava que se poderia provar 
como mente e corpo são um aspecto da mesma 
unidade. A posição dualista de Descartes 
postulou uma primazia epistemológica dos 
conteúdos mentais, embora ele admitisse que a 
mente e o corpo tinham que interagir de alguma 
forma. Por essa razão, segundo Sternberg 
(19996), a teoria de Descartes deveria ser 
considerada tanto mentalista quanto 
interacionista. Na teoria de Locke, pelo contrário, 
o corpo teve a maior influência na mente. Os 
seres humanos nascem sem conhecimento e, 
através dos sentidos (corpo), processam 
informações que só mais tarde serão usadas pela 
mente para armazenamento e recuperação. Em 
geral, os filósofos materialistas negavam que a 
mente fosse ontologicamente diferente do corpo e 
sugeriram que ela fosse estudada pelos mesmos 
métodos emprestados das ciências naturais. 
 
6 STERNBERG, R.J. The Nature of Cognition. Cambridge MA: MIT Press, 
1999. 
 
50 
 
Outros pesquisadores assumiram a posição 
oposta e negaram ao corpo um papel em 
influenciar o comportamento humano, enquanto 
outros apoiaram a existência de ambas as 
entidades, sugerindo uma interação. 
Muitos estudantes de cognição concordam que a 
competência cognitiva deve ser explicada pela 
coordenação de três níveis de análise: 
implementação, algoritmo e problema 
computacional. As explicações no nível de 
implementação referem-se ao substrato cerebral 
subjacente a cada função cognitiva. Por exemplo, 
refere-se aos circuitos neurológicos envolvidos 
toda vez que queremos recuperar uma palavra do 
léxico mental. Assim, a implementação refere-se 
ao corpo. Asexplicações no nível do algoritmo, 
por outro lado, correspondem aos processos 
necessários para realizar uma atividade cognitiva 
considerada puramente como procedimentos, 
independentemente do substrato que os realiza. 
Por exemplo, para produzir corretamente uma 
palavra (por exemplo, para destruir), precisamos 
recuperar informações sobre seu significado (por 
exemplo, o ato de quebrar em pedaços), suas 
propriedades sintáticas (a categoria gramatical e 
os complementos sintáticos que ele seleciona), 
sua fonologia. características. Nesse sentido, as 
 
51 
 
explicações no nível do algoritmo referem-se às 
operações mentais envolvidas na função 
cognitiva. As explicações no nível do problema 
computacional, finalmente, referem-se às 
restrições que se aplicam à implementação da 
cognição e aos algoritmos implementados. Nesse 
nível, crucial para a compreensão da cognição, o 
contexto biológico e ambiental da cognição é 
tomado como um processo adaptativo que serve 
funções específicas dentro de nichos ecológicos 
definidos. Assim, o problema computacional 
refere-se à mente, mas também ao corpo, bem 
como à interação de ambos com o ambiente. 
Especulações recentes sobre o gene FOXP2 e 
sua relação com a linguagem na história evolutiva 
de nossa espécie são um excelente exemplo 
desse nível de explicação. 
Nem todos os teóricos, no entanto, concordam 
com a linha de ataque de Marr em três frentes. 
Muitos pesquisadores, por exemplo, acreditam 
que ainda sabemos tão pouco sobre os circuitos 
neurais que faz sentido estudar a cognição de 
forma independente. O argumento mais 
importante para estudar a mente 
independentemente do corpo deriva da analogia 
do computador. Nessa visão, embora a relevância 
do cérebro funcione como o hardware que 
 
52 
 
realmente realiza a computação, a natureza do 
desempenho cognitivo é capturada pelas 
instruções dadas no software. Nesse sentido, o 
hardware real que executa as instruções é 
irrelevante: podem ser circuitos neuronais, chips 
ou qualquer outra coisa. Outros pesquisadores 
argumentam a favor de explicações reducionistas, 
sugerindo que, para entender a cognição, primeiro 
precisamos descobrir os correlatos neurais dela 
(Crick, 19947). Esses pesquisadores rejeitam a 
ideia de que podemos fazer uma distinção entre 
software e hardware, uma posição que encontra 
forte apoio em modelos conexionistas de 
processos cognitivos. De acordo com muitos 
autores (Gazzaniga, 20018, Posner, 19899), 
técnicas recentes de imagens cerebrais agora 
tornam possível estudar a atividade cerebral in 
vivo, revelando a estrutura real das conexões 
entre processos cerebrais (Hunt, 199910). 
No entanto, uma posição é assumir que a 
pesquisa do cérebro ajuda a estudar o 
comportamento humano, outra é assumir que os 
 
7 CRICK, F. The astonishing hypothesis. New York: Scribner, 1994. 
8 GAZZANIGA M. The new cognitive neuroscience. Cambridge, MA: MIT 
press, 2001. 
9 POSNER, M. Foundations of cognitive science. Cambridge, MA: MIT 
Press, 1989. 
10 HUNT, E. (1999). What is a theory of thought? In Sternberg R.J. The Nature 
of Cognition (pp. 3-51) Cambridge MA,: MIT Press. 
 
 
53 
 
dados do cérebro são suficientes para explicar a 
cognição. A maneira como nomeamos cores é um 
exemplo desse impasse. Segundo Tabossi 
(199411), um exemplo simples de como 
colocamos um contínuo cromático (cores) em 
entidades (nomes) discretas é um bom exemplo 
do risco em que podemos incorrer quando 
subestimamos a importância de uma abordagem 
multidisciplinar ao problema da cognição. . As 
línguas indo-europeias têm sistemas complexos 
para nomear cores. No entanto, algumas 
populações da Nova Guiné têm apenas dois 
termos diferentes: um se refere ao vermelho e ao 
amarelo e é chamado de "brilhante", um se refere 
a azul, verde, preto e é chamado de "escuro". De 
acordo com o relativismo linguístico (Whorf, 
195612), nomes são dados a cores com base em 
fatores culturais e, portanto, a cultura (linguagem, 
valores e assim por diante) influencia 
profundamente a cognição. 
 
A alcunha de relativismo linguístico (ou, ainda, de 
relatividade linguística, implicando, nesse caso, 
variações importantes na forma como o termo é 
compreendido e empregado) tem sido utilizada na 
literatura para designar um conjunto de teorias filosóficas 
 
11 TABOSSI, P. Intelligenza naturale e intelligenza artificiale. Bologna: Il 
Mulino, 1994. 
12 WHORF, B.L. The relation of habitual thought and behavior to language. In 
B.L. Whorf & J.B. Carroll (Eds.). Language, thought, and reality: Essays. 
Cambridge MA: MIT Press, 1956. 
 
54 
 
e científicas sobre a natureza do conhecimento humano 
que associam, de modo mais ou menos determinístico, o 
contato dos indivíduos com a realidade à língua que 
falam, à cultura em que estão inseridos e à própria 
estrutura cognitiva da espécie. Defensores do relativismo 
linguístico assumem que, grosso modo, a língua natural 
e a cultura de uma comunidade específica funcionam 
como uma espécie de calibrador para aqueles que delas 
partilhem, de modo que pertencer a grupos de falantes 
cujas línguas e cujas características culturais sejam 
distintas significa, necessariamente, apresentar 
categorização distinta da realidade. Versões mais 
radicais do relativismo linguístico, como a que é 
conhecida como Hipótese Sapir-Whorf, sequer 
consideram que o mundo apresente estrutura; de acordo 
com essa hipótese, toda e qualquer categorização do 
mundo descenderia diretamente das línguas faladas 
pelos indivíduos. Afirmar que o acesso à realidade pelos 
indivíduos é, em algum nível, mediado margeia a 
interpretação de que a visão de mundo de grupos de 
falantes apartados seja mutuamente ininteligível e, além 
disso, remete ao debate milenar entre racionalistas e 
empiristas sobre a origem dos conhecimentos humanos 
(Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino, Kant, Descartes, 
Hume e Quine, dentre muitos outros filósofos, dedicaram 
parte considerável de sua obra a tais questões). Em 
última instância, as teorias relativísticas esvaziam de 
sentido as tentativas de se definir o que seja uma 
realidade objetiva, posto que, sempre conduzidos por 
uma perspectiva parcial do mundo, os indivíduos não 
tem como recorrer a ela senão de forma indireta. 
 
Por exemplo, de acordo com essa hipótese, é 
mais fácil reconhecer uma cor quando um nome 
está disponível para ela. Os dados coletados 
usando uma abordagem multidisciplinar 
mostraram que isso é falso. De fato, estudos 
perceptivos demonstram que a percepção de 
cores é bastante independente da cultura. 
Vermelho, verde e azul, por exemplo, são mais 
discrimináveis do que outras cores também 
 
55 
 
quando não há um nome específico para elas. 
Bastante independentemente da cultura, o 
sistema visual de primatas codifica a cor ao longo 
de três dimensões oponentes: vermelho / verde; 
amarelo azul; Preto branco. Além disso, algumas 
pesquisas revelaram que o vermelho e o amarelo 
são exemplos melhores de “brilhantes” do que 
rosa ou ocre. Esses resultados revelam a 
complexidade dos processos e nos lembram 
fortemente dos riscos envolvidos na subestimação 
da utilidade de uma abordagem multidimensional 
à cognição. 
 
Cognição e representação 
 
A maioria das teorias da cognição pressupõe que 
a mente forma representações internas (as 
exceções das minorias são teorias ecológicas e 
incorporadas). Por essa razão, uma visão geral da 
história conceitual da cognição não estaria 
completa sem um levantamento das diferentes 
abordagens da representação mental. Como 
vimos, a representação estava implícita em várias 
tentativas de "mapeamento" para explicar a 
formação do conhecimento pelos filósofos. 
 
 
56 
 
Mapa cognitivo, mapa mental, modelos cognitivos e 
modelos mentais são tiposde processamento mental. 
Um mapa cognitivo é um mapa mental aprendido de um 
ambiente espacial, geralmente sem estar consciente do 
fato de que você tenha aprendido. Por exemplo, um 
homem que descreve detalhadamente como chegar ao 
seu trabalho. É comum que as pessoas representem 
lugares que tem significado especial, seja prático ou 
emocional, assim como detalhem melhor lugares com os 
quais tem mais familiaridade. O conceito foi introduzido 
por Edward Tolmanin em 1948. O termo foi 
posteriormente generalizado por alguns pesquisadores, 
especialmente no campo da pesquisa operacional, para 
se referir a um tipo de rede semântica que representa o 
conhecimento pessoal ou os esquemas de um indivíduo. 
Mapas cognitivos foram estudados em vários campos, 
como psicologia, educação, arqueologia, planejamento, 
geografia, cartografia, arquitetura, arquitetura 
paisagística, planejamento urbano, gestão e história. 
Como conseqüência, esses modelos mentais são 
frequentemente referidos como mapas cognitivos, mapas 
mentais, scripts, esquemas e quadros de referência. Os 
mapas cognitivos servem para a construção e 
acumulação de conhecimento espacial, permitindo que o 
"olho da mente" visualize imagens de modo a reduzir a 
carga cognitiva, melhorar a recordação e o aprendizado 
da informação. Esse tipo de pensamento espacial 
também pode ser usado como uma metáfora para 
tarefas não espaciais, onde pessoas que executam 
tarefas não-espaciais envolvendo memória e imagens 
usam o conhecimento espacial para auxiliar no 
processamento da tarefa. Os correlatos neurais de um 
mapa cognitivo têm sido especulados como sendo o 
sistema celular local no hipocampo e as células da grade 
recentemente descobertas no córtex entorrinal. Acredita-
se que o mapeamento cognitivo seja em grande parte 
uma função do hipocampo. O hipocampo é conectado ao 
resto do cérebro de tal forma que é ideal para integrar 
informações espaciais e não espaciais. Conexões do 
córtex pós-raiar e do córtex entorrinal medial fornecem 
informações espaciais ao hipocampo. Conexões do 
córtex perirrinal e do córtex entorrinal lateral fornecem 
informações não espaciais. A integração dessas 
informações no hipocampo torna o hipocampo um local 
prático para o mapeamento cognitivo, que envolve 
necessariamente a combinação de informações sobre a 
localização de um objeto e suas outras características. 
 
57 
 
A. R. Mcintosh (1999), da Universidade de Toronto 
(Canada), em estudo sobre o mapeamento cognitivo 
para o cérebro através de interações neurais, escreveu 
que os métodos de imagem do cérebro, como a 
tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a 
ressonância magnética funcional (fMRI), oferecem uma 
oportunidade única para estudar a neurobiologia da 
memória humana. Como esses métodos podem medir a 
maior parte do cérebro, é possível examinar as 
operações dos sistemas neurais de larga escala e sua 
relação com a cognição. Dois estudos de neuroimagem, 
um relativo à memória de trabalho e a outra recuperação 
de memória episódica, servem como exemplos de 
aplicação de dois métodos analíticos que são otimizados 
para a quantificação de sistemas neurais, modelagem de 
equações estruturais e mínimos quadrados parciais. A 
modelagem de equações estruturais foi usada para 
explorar a mudança das interações pré-frontais e 
límbicas do hemisfério direito para o esquerdo em uma 
tarefa atrasada entre amostras para faces. Uma 
característica da rede funcional para atrasos curtos foi a 
forte interação do hemisfério direito entre os córtices 
hipocampo, pré-frontal inferior e cingulado anterior. Em 
atrasos mais longos, essas mesmas três áreas estavam 
fortemente ligadas, mas no hemisfério esquerdo, o que 
foi interpretado como refletindo a mudança na estratégia 
da tarefa de perceptual para elaborar codificação com 
atraso crescente. A manipulação primária no estudo de 
recuperação de memória foi diferentes níveis de sucesso 
de recuperação. O método dos mínimos quadrados 
parciais foi usado para determinar se o padrão de 
covariância das áreas de Brodmann 10 e 45/47 no córtex 
pré-frontal direito (RPFC) e no hipocampo esquerdo 
(LGH) poderia ser mapeado para os níveis de 
recuperação. Área 10 e LGH mostraram um padrão 
oposto de conectividade funcional com uma grande 
extensão de córtices límbicos bilaterais que foi 
equivalente para todos os níveis de recuperação, bem 
como a tarefa de linha de base. No entanto, apenas 
durante a alta recuperação foi a área 45/47 incluída 
neste padrão. Os resultados sugerem que a atividade em 
partes do RPFC pode refletir o modo de recuperação da 
memória ou o sucesso da recuperação dependendo de 
outras regiões do cérebro às quais ele está 
funcionalmente vinculado, e implica que a atividade 
regional deve ser avaliada dentro do contexto neural em 
que ocorre. A hipótese geral de que aprendizagem e 
memória são propriedades emergentes de interações de 
redes neurais em larga escala é discutida, enfatizando 
 
58 
 
que uma região pode desempenhar um papel diferente 
em muitas funções e que o papel é governado por suas 
interações com regiões relacionadas anatomicamente. 
 
Na moderna pesquisa cognitiva, a noção toma 
mais ou menos essa forma: se quisermos 
entender os algoritmos mentais envolvidos nos 
processos cognitivos, precisamos entender a 
natureza dos dados que esses algoritmos 
inserem, processam e produzem. Portanto, 
precisamos entender como as mentes 
representam características do mundo. No 
entanto, a natureza e o papel da representação 
tem sido uma das questões mais controversas na 
pesquisa cognitiva. Pesquisas nesta área geraram 
uma abundância de teoria, juntamente com 
posições contrastantes e discussões acaloradas. 
A questão polêmica diz respeito principalmente à 
definição de formato e organização do 
conhecimento armazenado na mente e, como 
conseqüência, à descrição de como as 
representações mentais são formadas. 
Muitos teóricos propuseram que a linguagem 
representa o arcabouço central da cognição. 
Nesse sentido, Wittgenstein observou: “Os limites 
da minha língua significam os limites do meu 
mundo” e Edward Sapir (1921) proclamou: “Nós 
vemos e ouvimos e experimentamos de maneira 
muito ampla, porque os hábitos de linguagem de 
 
59 
 
nossa comunidade predispõem a certos escolhas 
de interpretação ”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edward Sapir (Lauenburg, Pomerânia, Alemanha, hoje 
Lębork, Polônia, 26 de janeiro de 1884 — New Haven, 
Connecticut, 4 de fevereiro de 1939) foi um antropólogo 
e linguista alemão de origem judaica. 
 
Uma tradição igualmente aclamada, no entanto, 
argumentou que existem muitos pensamentos 
que transcendem as palavras. Assim, por 
exemplo, William James observou: "Grandes 
pensadores têm vastos vislumbres premonitórios 
de esquemas de relações entre termos, que 
dificilmente até mesmo como imagens verbais 
entram na mente, tão rápido é todo o processo". 
Einstein, em um impressionante cumprimento ao 
pensamento de W. James, relatou: “Esses 
pensamentos não vieram em nenhuma 
formulação verbal. Eu raramente penso em 
 
 
60 
 
palavras. Um pensamento vem e eu posso tentar 
expressá-lo em palavras depois”. 
Assim, de acordo com muitos outros teóricos, 
palavras e frases parecem cortar o mundo de 
maneira mais grosseira do que o pensamento. De 
acordo com Pylyshyn (198113, 198414, 200315), 
por exemplo, existem muitos conceitos para os 
quais não há uma palavra correspondente. Mais 
seriamente, pode-se ter pensamentos enquanto 
se percebe conteúdos que não podem ser 
expressos em palavras, implicando, assim, que o 
grão de pensamentos é mais fino do que o 
potencial do vocabulário lingüístico de uma 
pessoa. Em The Language Instinct (1994), Steven 
Pinker ofereceu vários argumentos para sustentar 
sua visão de que a linguagem natural é 
inadequada como um meio de pensamento e que 
o principal meio de pensamento é um sistema de 
representação proposicional inato.

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