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Anestésicos Gerais: Referência Bibliográfica: Livro: AS BASES FARMACOLÓGICAS DE GODMAN, 13º edição Livro: RANG & DALE FARMACOLOGIA, 8º edição Livro: GOLAN - PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA, 2º edição Clorórmio (uso animal) São divididos em dois tipos: 1. Anestésicos intravenosos: Propofol Etomidato Benzodiazepínicos (sedativo — indutor de anestesia) Opiódes Quetamina (em desuso) — doses baixas tem efeito alucinó- geno Barbitúricos (desuso) — demora para iniciar e sair do efeito anestésicos 2. Anestésicos inalatório: Óxido nitroso Isoflurano, desflurano, sevoflurano, enflurano Halotano (em desuso) Éter (uso animal) Obs: a anestesia é comparada a pilotagem de avião, onde os prin- Plano Anestésico: É obtido através de diversos fármacos de diferentes classes farmacológicas O estado neurofisiológico produzido no Plano Anestésico in- clui pelo menos as seguintes condições orgânicas: Perda da consciência (hipnoses) Amnésia retrógada — Midazolam Analgesia completa Relaxamento da musculatura esquelética: bloqueador neu- romuscular junto com os anestésicos Inibição dos reflexos autônomos Procedimento anestésico é uma combinação de fármacos e efeitos para se alcançar o plano anestésico São utilizados: ansiolíticos, sedativos, hipno-analgésicos (in- dutor de sono), bloqueadores musculares, anestésicos venosos e inalatórios, anestesias regionais, raqui e peridural Vias de administração: via oral (VO), transdérmica, intra- muscular(IM), endovenoso (EV), inalatória e via retal (VR) cipais problemas são a “decolagem” e o “pouso”, pois a atingir certa altura que seria o plano anestésico tanto o pi- loto como o anestesista apenas vão verificando se está tu- do correto A reversão da anestesia passa pelas mesmas fases Fases da anestesia geral: 1. Indução: anestésicos intravenosos e ação rápida 2. Manutenção: anestésicos inalatórios e monitoramento dos sinais vitais 3. Recuperação: retirada dos anestésicos e monitoramen- to de sinais vitais Profundidade da anestesia: Corresponde ao grau de depressão do SNC Sequência temporal e de eventos antes de começar a cirurgia Estádio II (analgesia) Estádio II (Excitação) — não observamos na maioria dos caso Estádio III (anestesia cirúrgica) Estádio IV — depressão bulbar Mecanismo de ação: Alvos moleculares localizados em múltiplos locais do sistema nervoso central Principal local de ação: sinapses * * * * * * * * * * * * * - - - - - - - - - - - - - - - - l Chega o potencial de ação e na células pré-sinápticas temos Efeitos: Reforço (estímulo) das vias inibitórias e diminuição da excitação dentro do SN Mecanismo relacionado ao GABA: vesículas contendo o neurotransmissor GABA (inibitório), o qual será liberado na fenda sináptica e ele interage com seus recepto- res fazendo abertura de canais de cloreto promovendo o influxo desse íon para dentro do neurônio pós-sináptico, mantendo esse canal aberto hiperpolarizando a célula que não vai conseguir con- duzir estímulo elétrico Principal mecanismo é potencializar a ação do GABA nos re- A maioria dos anestésicos e sedativos estão envolvidos com o receptor GABA e glicina Canais de cloreto: receptores de ácido γ- aminobutírico A [GABAA] e glicina Canais de potássio que modulam a excitabilidade neuronal (subunidades TREK1, TREK2, TASK1, TASK3 ou TRESK) ceptores GABAA Ligação do isoflurano (inalatório interage com o GABA alfa1) Possíveis pontos de ligação dos anestésicos nas subunidades dos receptores GABAA e b. Ligação do propofol (sedativo, hipnótico e anestésico) Canais para sódio (receptores nicotínicos e muscaríni- Mecanismo do glutamato: Potencial de ação chega na célula pré-sináptica liberando as vesículas que contêm o glutamato na fenda, o qual e ati- vando canais: receptores AMPA (ácido amino-3-hidroxi- 5-metil-4-isoxazol- propiônico), cainato e NMDA (N-metil -d-aspartato) Receptores para serotonina (receptores de 5-HT2 e 5- HT3) co) Efeitos no Sistema Nervoso: Sevoflurano: uso em pacientes com broncoespasmo ati- Efeitos celulares: Podem aumentar a inibição ou reduzir a excitação e as duas levam a uma menor transmissão sináptica excitatória Diferentes regiões do cérebro são afetadas Causam amnésia a curto prazo (afetam hipocampo) ↑ concentração do anestésico = funções cerebrais são progressivamente afetadas, incluindo o controle motor e a atividade reflexa, a respiração e a regulação autônoma Margem estreita — anestesia cirúrgica x depressão res- piratória Efeitos nos sistemas cardiovascular e respiratório: A maioria dos anestésicos diminui a contratilidade car- díaca O isoflurano e outros anestésicos halogenados inibem o fluxo simpático, reduzem o tônus arterial e venoso: ↓ PA e venosa — esses são irritantes para a arvore respiratórias, então ele faz alguma substância anticolinérgica em caso de muita secreção Anestésicos inalatórios: graus variáveis de proprieda- des broncodilatadoras, um efeito valioso em pacientes com sibilos ativos e estado asmático Isoflurano e o desflurano causam irritação das vias res- piratórias vo Anestésicos intravenosos: Normalmente são usados para indução ou manutenção da anestesia Produzem inconsciência em torno de 20 segundos Exemplos: Propofol Etomidato * * * * - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Quetamina (Cetamina) Midazolam Rápida indução (30s) e recuperação rápida em minutos Propofol: Mecanismo de Ação: envolvem a facilitação da neurotrans- missão inibitória mediada pela ligação ao receptor GABA A. Pro- pofol aumenta a afinidade de ligação de GABA para o receptor GABA A. a ativação do receptor GABA A leva a hiperpolarização da célula neural Pode desencadear reação histamínica e asma É particularmente útil na cirurgia ambulatorial, principalmen- te porque provoca menos náuseas e vômitos que os anestésicos inalatórios Solução oleosa (emulsão) — dor local, flebite e contamina fácil Efeitos colaterais: hipotensão, bradicardia (mais pronunciados com o aumento da idade) e depressão respiratória Pode induzir a “síndrome da infusão do propofol” — acidose metabólica, necrose muscular esquelética, hepatomegalia, falên- cia renal, colapso cardiovascular. Principalmente em uso prolon- gado Uso: Sedação e Hipoalgesia e Indução anestésica. Uso em in- fusão contínua Metabolização hepática e plasmática, rapidamente eliminado da circulação. Efeitos se revertem em 10 min após a suspensão da medicação venosa Não recircula em obesos. Segurança na recuperação pós-anes- tésica Seguro para ser utilizado em pacientes com insuficiência he- pática, insuficiência renal Diminui pressão intracraniana, metabolismo e circulação ce- rebral Pouco efeito sobre a FC, porém causa hipotensão arterial de acordo com a velocidade de infusão Profundo depressor respiratório. Causa apneia facilmente Não tem efeito analgésico Etomidato: Mecanismo de Ação: O etomidato deprime o sistema de ati- vação reticular e imita os efeitos inibitórios do GABA Rápida ação de sedação e inconsciência profunda devido a al- ta lipossolubilidade Pouca depressão cardiovascular Causa menos hipotensão que o propofol Efeitos colaterais: Movimentos involuntários durante a indu- ção (efeito extra-piramidal), náuseas e vómitos pós-operatórios, dor no local da injeção Suprime a produção dos esteróides (cortisol e aldosterona) na suprarrenal Sem reação histaminérgica Metabolização hepática e eliminação renal Depressão respiratória somente quando associado a opióides Diminui a pressão intracraniana e diminui metabolismo e fluxo sanguíneo cerebral Aumenta o fluxo sanguíneo cerebral Cetamina (quetamina): Bloqueia a ativação do receptor NMDA ((antagonista do receptor N-metil-d-aspartato (NMDA) (um subtipo do receptor de glutamato) ) e inibe reflexos da coluna medular Início da ação é relativamente lento (1-2 min) Poderoso analgésico Produz anestesia “dissociativa”: perda sensorial acen- tuada, analgesia e amnésia, sem perda completa da consci- ência Atua no tálamo impedindo a comunicação do córtex sensorial com o sistemareticular do tronco cerebral Pouca depressão respiratória Disforia, alucinações, delírios durante a recuperação; usada, principalmente, para procedimentos menores em crianças Pode aumentar a pressão intracraniana Uso: Indução e Sedação em humanos. Porém pouco uso em humanos, maior uso em veterinária. Também con- siderada droga ilícita Sub-doses causa efeitos alucinógenos. Absorção por todas as vias Metabolismo hepático e excreção hepática e renal Efeitos sobre o sistema cardiovascular são dose depen- dentes: baixa dose aumenta a FC e PA; altas doses efeito contrário Pouca ação na depressão respiratória Benzodiazepínico: Midazolan, Diazepan, Lorazepan, Clonazepan Atua no receptor GABAA aumentando a frequência da abertura dos canais de cloreto Antagonista: flumazenil (bloqueia o sítio de ligação do benzodiazepínico no GABAA) Midazolan é hidro e lipossolúvel, boa penetração em todos os tecidos e facilmente degradado e excretável Diazepan tem um ciclo entero-hepático marcante o que causa uma redistribuição sistêmica após 12 horas Início e término de ação mais lentos, exceto midazolan* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * - - Uso: pré-medicação, sedação e indução pré- anestésica e em procedimentos como endoscopia, pequenas cirurgias em que não é necessária anestesia geral. Outros usos: ansiolítico, amnésia re- trógada, sedativo, em altas doses causa sedação profunda Uso prolongado pode diminuir fluxo em órgãos parenquimato- Atua no tecido cerebral: Diminuindo o fluxo sanguineo, dimi- nui metabolismo e consumo de oxigênio, diminui a pressão intra- craniana. Preserva vitalidade do tecido cerebral. (Não tão eficaz quanto os barbitúricos) Menor depressão cardiovascular e respiratória (quando admi- nistrada isoladamente só o benzodiazepínico) Atenção: efeito sinérgico hipotensor quando se utiliza benzo- diazepínico + opioides Barbitúricos: Tiopental, Secobarbital, Fenobarbital Atua no receptor GABAA, potencializa ação do GABA dei- xando os canais de cloreto mais tempo abertos Depressão do sistema reticular do tronco cerebral (bloqueio de funções autonômicas e consciência) Uso: Sedação e Anestesia, atualmente em desuso. Em baixas doses apenas causa sedação e não promove anestesia. Em altas do- ses causa anestesia, porém instabilidade hemodinâmica, abolição da respiração sem bloquear o reflexo da laringoscopia Menor depressão do miocárdio e respiratória. Porém causa hi- potensão arterial. Grande variabilidade hemodinâmica Alta lipossolubilidade → alta redistribuição e recirculação, prolongando o tempo de ação depressor Início e término de ação muito lentos Degradação e excreção hepática Coma barbitúrico: utilizado em UTI em pacientes submetidos a cirurgia neurológica ou que tiveram importante traumatismo ce- rebral. Atua no tecido cerebral: Diminuindo o fluxo sanguíneo, di- minui metabolismo e consumo de oxigênio, diminui a pressão in- tracraniana. Preserva vitalidade do tecido cerebral Efeito indutor enzimático: Tem a capacidade de induzir siste- ma citocromo P 450, e assim acelera a degradação de outros fár- macos sos interferindo na função renal e induzir anemia hemolítica Anestésicos inalatórios: Débito cardíaco Mais utilizados: isoflurano, sevoflurano e desflurano Óxido nitroso ainda é usado, especialmente na prática obstétrica Halotano — apenas ocasionalmente, em desuso Principais fatores que determinam a velocidade da in- dução e da recuperação: 1. Propriedades do anestésico: Coeficiente de partição sangue: gás (solubilidade no sangue): determina velocidade de indução e recu- peração Coeficientedepartiçãoóleo: gás (solubilidade na gordura) 2. Fatores fisiológicos: Taxa de ventilação alveolar Motivo pelo qual a anestesia é mais lenta com gases Anestésicos mais solúveis. Nesse diagrama esquemático, a solubilidade no sangue é representada pelo tamanho relati- vo do compartimento sanguíneo (quanto mais solúvel, maior o compartimento). As pressões parciais relativas dos agentes nos compartimentos estão indicadas pelo grau de enchimento de cada compartimento. Para determinada con- centração ou pressão parcial dos dois gases anestésicos no ar inspirado, será necessário mais tempo para que a pressão parcial do gás mais solúvel (halotano) no sangue alcance a mesma pressão parcial nos alvéolos. Como a concentração do agente anestésico no cérebro não pode aumentar mais rapidamente do que a concentração no sangue, o início da anestesia será mais lento com o halotano do que com o óxi- do nitroso * * * * * * * * * * * * * * * * * * - - - - Efeito broncodilatador Solubilidade lipídica e potência: Concentração alveolar mínima (CAM): quantidade necessária para abolir o movimento em 50% dos pacientes estimulados por uma incisão média É a dose eficaz média (DE50) do anestésico: porcentagem de gás em uma mistura necessária para alcançar o efeito ↑ CAM, ↓ potência ↑ lipossolubilidade ↓ concentração necessária para produzir anestesia = maior é a sua potência Equipamento de Anestesia Inalatória: Carrinho de anestesia Mistura de gases: Anestésicos inalatório, Oxigênio Ar ambiente Ar comprimido Óxido nitroso Controle do volume de ar e FR Oximetria de pulso, capinógrafo, sinais vitais, monitor cardía- co Medicações de emergência, materiais de EOT e acesso venoso superficial e profundo Esgoto de drenagem dos gases Isoflurano: Anestésico volátil mais comumente utilizado Não inflamável Indução em menos de 10 min (3% em O2). Manutenção (1,5- 2,5%) Não é consideravelmente metabolizado e não possui a ação pró-convulsiva do enflurano Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes suscetí- veis Mínima depressão cardíaca. Hemodinamicamente estável. Embora possa causar hipotensão, produz vasodilatação coronária Efeitos colaterais, raro: Confusão mental; hipóxia tran- Desflurano: Quimicamente semelhante ao isoflurano, porém possui menor solubilidade no sangue e na gordura — uso pacientes obesos sujei- tos a cirurgia bariátrica e para cirurgia de rotina Não é consideravelmente metabolizado. Mínimo risco de he- patite Indução e recuperação mais rápidos que isoflurano Usado em cirurgias mais simples Causa certa irritação no trato respiratório, o que pode causar tosse e broncoespasmo Sevoflurano: Assemelha-se ao desflurano, porém é mais potente e causa menos irritação respiratória, o que o torna adequado para uso em pacientes pediátricos e asmáticos Sevoflurano, assim como o desflurano, causa vasodila- tação, mas preservam melhor o débito cardíaco e reduzem a pré-carga (enchimento ventricular) e a pós-carga (resis- tência vascular sistêmica), esses agentes podem constituir uma escolha mais apropriada para pacientes com compro- metimento da função miocárdica É parcialmente (aproximadamente 3%) metabolizado, produzindo fluoreto (risco muito baixo de toxicidade renal) Pode causar QT longo Óxido nitroso (N2O): Inodoro e não inflamável. Gás em temperatura ambi- ente Não-tóxico Indução rápida: ↓coeficiente de partição sangue: gás Deve ser administrado com O2 Adjuvante com anestésicos voláteis — acelerar a indu- ção Analgésico, usado como mistura 50:50 com O2 para reduzir a dor durante o parto e outras cirurgias Em baixas doses não promove inconsciência Adjuvante com anestésicos voláteis. A mistura com óxido nitroso potencializa o anestésico inalatório permitin- do menor uso do fármaco. Acelera a indução e facilita a recuperação pós-anestésica sitória, anemia e leucopenia (uso prolongado) Anestesia equilibrada: Em procedimentos cirúrgicos simples pode ser utiliza-* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * Propicia indução e recuperação muito mais rápidas, evitando do somente um agente anestésico Em cirurgias complexas, uma gama de fármacos será adminis- trada, em diferentes tempos, no decorrer do procedimento Esses podem incluir a pré-medicação sedativa ou ansiolítica, um anestésico intravenosopara indução rápida (ex: propofol), um opioide analgésico perioperatório (ex: remifentanila), um anesté- sico inalatório para a manutenção da anestesia durante a cirurgia (ex: isoflurano), um agente bloqueador neuromuscular para pro- duzir o relaxamento muscular apropriado, por exemplo, para aces- so à cavidade abdominal, um agente antiemético (ex: ondansetro- na), um antagonista muscarínico para prevenir ou tratar bradicar- dia ou para reduzir as secreções brônquicas e salivares (ex: atro- pina) e, próximo ao final do procedimento, um agente anticolines- terásico (ex: neostigmina), para reverter o bloqueio neuromuscu- lar e analgésicos para o alívio da dor pós-operatória (ex: um opioi- de, como a morfina e/ou um fármaco anti-inflamatório não este- roidal) longos (e potencialmente perigosos) períodos de semiconsciência, boa analgesia e relaxamento muscular e também permitem que a cirurgia seja realizada sem depressão cardiorrespiratória indeseja- da * * *