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Habilidades Clínicas IV Intoxicações Exógenas 
4ª Fase Laura B. Terribile 
 
 
 
 
 
Os bezodiazepínicos pertencem a uma variedade de 
substâncias que tem a capacidade de deprimir o Sistema Nervoso 
Central (SNC), provocando calma ou sedação (sonolência). Os 
Benzodiazepínicos (BDZs) são sendo classificados como sedativo-
hipnóticos e utilizados como ansiolíticos, anticonvulsivantes e 
sedativos, tendo alta incidência de uso caracterizando a prescrição 
de cerca de 50% dos psicotrópicos. 
Intoxicação medicamentosa por este evento representa a 
maior parte dos casos de intoxicação exógena no Brasil. A exposição 
excessiva a agentes químicos medicamentosos pode ocorrer devido 
ao consumo de doses inadequadas, à ingestão acidental, mas também 
pode ser ocasional, como em tentativas de suicídio. 
 Baixa letalidade (em torno de 10/ano), mas é muito comum, 
tendo mais de mil casos anuais em SC. 
Tipos de Benzodiazepínicos 
 
Mecanismo de Ação 
 RIVOTRIL 
Nome comercial de uma apresentação do princípio ativo 
clonazepam, pertencendo à classe dos Benzodiazepínicos. Trata 
ansiedade, depressão, convulsão... Seu tempo de meia vida no nosso 
organismo: até 3 dias 
 Eles têm ação ansiolítica, sendo seu mecanismo de ação a 
potencialização da atividade inibitória do ácido gama aminobutírico 
(GABA) em todos os níveis do neuroeixo, incluindo a medula espinal, o 
hipotálamo, o hipocampo, a substância negra, o córtex cerebelar e o 
córtex cerebral. 
 O BZD participa da reação ligando-se a receptores 
diferentes, mudando a conformação do canal e potencializando a 
afinidade pelo GABA, e como a membrana externa é mais positiva e 
 
 
 
 
 
a interna é mais negativa, por meio dessa diferença de 
concentração, vai entrar mais cloreto na célula, deixando o meio 
interno muito mais negativo, hiperpolarizando e impedindo as sinapses 
gabaérgicas. 
 
 GABA 
Age nos receptores de membrana pós-sinápticos a partir de 
canais de Cloreto, inibindo o potencial de ação pois o cloreto entra na 
célula por diferença de concentração (tem mais fora da célula). 
Assim, a membrana fica muito mais negativa, ocorrendo uma 
hiperpolarização e impedindo o potencial de ação. 
 GLUTAMATO 
O potencial de ação inicial (em repouso) é negativo, aí ocorre 
uma despolarização da carga da membrana,invertendo a carga a 
partir da abertura de um canal de sódio. Isso aumenta o limiar, 
fazendo com que oglutamato seja liberado na fenda pós sináptica, 
ativando um receptor inotrópico permeável a sódio no neurônio pós 
sináptico, dando início ao potencial de ação, despolarizando a 
membrana e ativando o neurônio pós sináptico. 
 
Quadro Clínico 
✓ Dose tóxica. Em geral, a razão toxicoterapêutica das 
benzodiazepinas é muito alta. Por exemplo, superdosagens 
de diazepam VO têm sido registradas com o excesso de 15 
a 20 vezes a dose terapêutica sem depressão séria de 
Benzodiazepínicos 
Habilidades Clínicas IV Intoxicações Exógenas 
4ª Fase Laura B. Terribile 
consciência. Entretanto, a parada respiratória ocorreu 
após a ingestão de 5 mg de triazolam e após a injeção 
rápida de diazepam, midazolam e muitas outras 
benzodiazepinas. 
✓ Apresentação clínica. O aparecimento da depressão do SNC 
pode ser observado em 30 a 120 minutos da ingestão, 
dependendo do composto. 
 Crises convulsivas: hiperexcitabilidade do SNC, por mais 
ação excitatória do glutamato ou diminuição da ação 
inibitória do GABA. Ocorre um desequilíbrio. Após muita 
excitação, os neurônios podem sofrer apoptose. 
 Inconsciência e dificuldade para respirar: pela 
potencialização do GABA, haverá uma depressão do 
funcionamento dos órgãos, ação mio relaxante 
(fechamento dos canais de cálcio), diminuição do centro 
respiratório... 
 PA diminuída: O automatismo cardíaco e o SNA são 
comandados por neurotransmissores e influenciam na 
pressão arterial. Sendo assim, por inibição deles, pode 
diminuir a PA. Além disso, o GABA tem ação vasodilatadora. 
 FC diminuída: Os barorreceptores captam a diferença de 
pressão dentro dos vasos e estimula o sistema nervoso 
simpático para ter aumento da FC, compensando o débito 
cardíaco que está baixo quando temos hipotensão. 
 Hipotermia: estímulo do GABA no centro pré-óptico 
regulador de temperatura do hipotálamo. 
 Glasgow: 13-15 trauma leve; 9-12 trauma moderado; 3-8 
trauma grave (intubação) 
Diagnóstico 
 Clínico: Baseado na história de exposição ao agente e no 
exame físico atentando para os sintomas citados nas 
manifestações clínica. 
 Complementar 
✓ LABORATORIAL ESPECÍFICO: Podem ser realizadas análises 
qualitativas (sérica e urinária) para a detecção de 
benzodiazepínicos, porém não são sensíveis para todas as 
substâncias. Portanto, um teste negativo não exclui a 
intoxicação. 
✓ LABORATORIAL GERAL: Monitorar ECG, eletrólitos, função 
hepática, função renal, hemograma, glicemia, RX ou TC de 
crânio (na suspeita de trauma). 
Diagnóstico diferencial 
 Outras intoxicações: Agentes sedativo-hipnóticos (etanol, 
barbitúricos, GHB, hidrato de cloral), opióides, antipsicóticos, 
anticonvulsivantes, antidepressivos. 
 Outras condições.: Hipoglicemia, infecções, distúrbios 
metabólicos, AVC ou outras causas de encefalopatia. 
Conduta 
 Para tratar epilepsia: Buscar o equilíbrio, bloqueando a ação 
excitatória do glutamato ou potencializando a ação inibitória 
do GABA. 
 Assistência ventilatória: provavelmente terá que ser 
intubado 
 Administrar soro: aumentar volume para corrigir a queda 
de PA. A Hidratação também é importante para favorecer 
a eliminação renal e auxiliar na metabolização hepática. 
 Hipotermia: medidas físicas com cobertas 
 Antídoto: flumazenil. Ele compete pelo sítio do BZD, tirando 
todo o “freio” do SNC. É contraindicado para pacientes 
epilépticos e que fazem tratamento crônico com 
antidepressivos tricíclicos e com BZD, pois o cérebro 
precisa se reajustar antes e fazer um desmame 
farmacológico para não desenvolver um quadro de 
abstinência, podendo precipitar crises convulsivas graves. 
 Se o paciente faz uso do BZD junto com álcool ou outra 
droga opioide, depressores do SNC, pode prejudicar muito 
o prognóstico 
Vigilância 
✓ Os casos suspeitos de intoxicação devem ser notificados, 
de acordo com a Portaria MS/GM no 204 de 17 de 
fevereiro de 2016 na Ficha de Investigação de Intoxicação 
Exógena-FIIE.Ver anexos I e II; 
✓ Se intoxicação confirmada, preencher campo 66 da FIIE 
como: o Intoxicação por benzodiazepinas - T42.2