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APOSTILA-DIREITO-DE-PROPRIEDADE-INDUSTRIAL

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SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
1 ASPECTOS GERAIS ..................................................................................... 4 
1.1 INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial ........................................ 5 
1.1.1 Patente vs. Segredo Empresarial ................................................................... 8 
2 PATENTES .................................................................................................... 9 
2.1 Invenções ..................................................................................................... 10 
2.2 Modelos de utilidade ..................................................................................... 11 
2.3 Transgênicos e genes humanos ................................................................... 12 
2.4 Regime jurídico ............................................................................................. 13 
2.4.1 Direito de prioridade ..................................................................................... 16 
3 DESENHOS INDUSTRIAIS .......................................................................... 17 
3.1 Regime jurídico ............................................................................................. 17 
4 MARCAS ...................................................................................................... 19 
4.1 Sinais como marca ....................................................................................... 20 
4.2 Marca de produto ou de serviço ................................................................... 21 
4.3 Marca de certificação .................................................................................... 22 
4.4 Marca coletiva............................................................................................... 23 
4.5 Marca de alto renome ................................................................................... 23 
4.6 Marca notoriamente conhecida .................................................................... 24 
4.7 Marca tridimensional ..................................................................................... 25 
4.8 Marca virtual ................................................................................................. 27 
 
2 
 
4.9 Marca consagrada ou de referência ............................................................. 28 
4.10 Prazo de vigência ......................................................................................... 29 
4.11 Regime jurídico ............................................................................................. 29 
5 INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS .................................................................... 31 
5.1 Denominação de origem ............................................................................... 32 
5.2 Indicação de procedência ............................................................................. 32 
5.3 Regime jurídico ............................................................................................. 33 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
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1 ASPECTOS GERAIS 
A atividade empresarial necessita de um complexo de bens organizados para 
seu desempenho, que recebe o nome de estabelecimento empresarial. Tais bens são 
materiais e também imateriais, como marcas, desenhos, invenções, modelo de 
utilidade, dentre outros, e a estes bens imateriais é conferida uma tutela jurídica 
especial, chamada Direito de Propriedade Industrial que, como o Direito Autoral, são 
espécies do gênero Direito de Propriedade Intelectual. 
As diferenças entre Direito de Propriedade Industrial e Direito Autoral é que o 
primeiro visa a proteção de uma invenção/inovação técnica que soluciona um 
problema, e que também poderia ser desenvolvida por outras pessoas, enquanto o 
segundo visa a proteção da obra do autor, uma expressão pessoal que, em regra, 
outra pessoa não fará igual, salvo casos de imitação ou plágio. Assim, enquanto o 
Direito de Propriedade Industrial se relaciona com o Direito Empresarial, o Direito 
Autoral está mais ligado ao Direito Civil. Os autores são protegidos de maneira 
individual, independendo da formalidade de um registro ou concessão da autoridade 
administrativa (art. 18 da Lei 9.610/1998), enquanto os inventores têm sua proteção 
condicionada a um registro (art. 2º da Lei 9.279/1996), um reconhecimento da 
autoridade administrativa a quem primeiro providenciá-lo, tornando sua técnica 
conhecida de maneira formal, afinal, poderia também ser desenvolvida por outra 
pessoa. A exceção se dá no caso de segredo industrial. 
Os prazos de vigência também se distinguem, conforme os arts. 40, 108 e 133 
da Lei 9.279/1996 (direito de propriedade industrial) e art. 41 da Lei 9.610/1998 (direito 
autoral), e, no Brasil, a faculdade de registro para os direitos autorais é realizada 
perante variados órgãos que não são específicos para o registro (Instituto Nacional do 
Cinema Biblioteca Nacional, Escola de Belas Artes da UFRJ, Escola de Música e 
CREA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - art. 17 da Lei 
5.988/1973). 
 
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Já a propriedade industrial, fundamentada no art. 5º, XXIX, da Constituição 
Federal de 1988, está disciplinada pela Lei 9.279/1996 - a LPI (Lei de Propriedade 
Industrial), que revogou o Código da Propriedade Industrial (Lei 5.772/71) e este, por 
sua vez, revogou o antecessor instituído pelo Decreto-Lei 1.005/69. 
Esta lei regula a concessão de registros, patentes de invenção e de modelo de 
utilidade, registro de desenho industrial, registro de marca e a repressão à 
concorrência desleal e às falsas indicações geográficas (art. 2º), ou seja, 
especificamente criações voltadas à exploração de atividade econômica, que serão 
abordadas na presente disciplina. 
1.1 INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial 
Conforme mencionado, os direitos de propriedade industrial no Brasil são 
reconhecidos pelo INPI. Trata-se de uma autarquia federal que, a partir do Decreto 
9.660 de 1º de janeiro de 2019, passou a estar vinculado ao Ministério da Economia. 
O art. 2.º da Lei 5.648/1970, com a redação dada pela LPI, dispõe que o INPI 
“tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as normas que 
regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, 
econômica, jurídica e técnica, bem como pronunciar-se quanto à 
conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados, 
convênios e acordos sobre propriedade industrial”. (BRASIL, 1996. apud 
RAMOS, 2020) 
As responsabilidades do INPI são, principalmente, registrar marcas; conceder 
patentes de invenção e modelos de utilidade;averbar contratos de transferência de 
tecnologia e franquia empresarial; registrar desenhos industriais e indicações 
geográficas; registrar programas de computador. Tudo em consonância com as 
disposições da Lei 9.279/96 e 9.609/98 (Lei de Software). 
Também é responsabilidade do INPI divulgar a prática de seus atos, feito 
através de textos e artigos publicados Revista da Propriedade Industrial – RPI, único 
meio de publicação. Seu acesso é livre e disponível no site da autarquia. 
 
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Qualquer cidadão poderá requisitar junto ao INPI registro de marcas e patentes, 
pessoalmente ou através de um procurador (sendo ou não advogado), caso em que 
o agente da propriedade industrial deixa de ser necessário para a intermediação das 
solicitações no órgão. 
As petições também poderão ser feitas pela internet através dos sistemas e-
Marcas e e-Patentes, plataformas disponibilizadas pelo INPI para acesso eletrônico. 
“Conforme o INPI, desde 2015, 99% dos pedidos de registros de marca são feitos por 
meio deste procedimento eletrônico” (TEIXEIRA, 2019). Por ser mais célere, o método 
”poderá estimular inovações, propiciar maior competitividade e evitar o registro de 
patentes que poderiam ser registradas primeiramente no Brasil, mas que acabam 
sendo registradas antes em outros países para, se for o caso, posteriormente, 
requerer o direito de prioridade no Brasil.” (TEIXEIRA, 2019) 
Entretanto, embora o sistema eletrônico facilite novos requerimentos, nem 
sempre acelerarão o deferimento. Para otimizar este processo, o órgão vem buscando 
formas de dinamização de suas respostas com exames prioritários: 
 
Patentes verdes: 
A relevância do respeito aos valores ambientais na atualidade torna muito bem 
vindo o desenvolvimento de tecnologias que visam frear os danos ao meio ambiente. 
Com isso, a partir da Lei 12.187/2009 que institui a Política Nacional sobre Mudança 
do Clima, o INPI lançou em abril de 2012 o programa “Patentes Verdes”, com o 
objetivo de acelerar as solicitações de patentes de tecnologias voltadas para 
beneficiação ambiental, e a partir de 2016 (Resolução 175/2016 do INPI) o programa 
passou a ter caráter prioritário. 
“Com tal iniciativa, o INPI possibilita a identificação de novas tecnologias que 
possam ser rapidamente registradas e usadas pela sociedade, estimulando o seu 
licenciamento e incentivando a inovação no Brasil.” (TEIXEIRA, 2019) 
 
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Patentes MPE: 
O “Patentes MPE”, regulamentado pela Resolução 181/2017 do INPI, é um 
programa experimental para priorizar o exame de patentes solicitadas por 
Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP). Necessário, portanto, que 
para usufruir da prioridade, a empresa atenda aos requisitos de uma ME (faturamento 
anual de até R$ 360.000,00) ou EPP (faturamento anual de R$ 360.000,00 até R$ 
4.800.000,00), conforme o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de 
Pequeno Porte (Lei Complementar 123/2006). 
“Todo o tratamento jurídico que seja mais favorecido a pequenas e 
microempresas decorre do que prevê a Constituição Federal, art. 170, inc. IX, e do 
que estabelece o Código Civil, art. 970.” (TEIXEIRA, 2019) 
 
Prioridade BR: 
O “Prioridade BR” está disciplinado pela Resolução 180/2017 do INPI, que 
dispõe sobre o projeto piloto de priorização do exame de pedidos de patentes 
originadas no Brasil. “Os pedidos de patente aptos a participar são todos aqueles de 
uma família de patentes iniciada no INPI. Ou seja, pedidos inicialmente depositados 
no INPI cuja proteção foi solicitada também em outro(s) escritório(s) de patente” 
(PORTAL INPI, 2018), isto é, escritório de patente estrangeiro ou organização 
internacional (ex: OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual). 
“Tudo isso colabora para tornar o empreendedor pátrio mais competitivo, 
sobretudo em relação aos prazos para se obter patentes que serão exploradas 
também no exterior.” (TEIXEIRA, 2019) 
Cabe salientar que todos os atos do INPI sempre poderão ser revistos pelo 
Poder Judiciário, devido ao princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional dos 
atos do Poder Público firmado no art. 5°, XXXV, da Constituição. 
 
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Destaque-se que, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça, as ações contra o INPI são de competência da Justiça Federal, por 
se tratar de autarquia federal, e devem ser ajuizadas na seção judiciária do 
Rio de Janeiro, local da sede do instituto. No entanto, havendo pluralidade de 
réus, como ocorre nos casos em que a ação é ajuizada contra o INPI e, 
também, contra um particular (geralmente uma sociedade empresária), o STJ 
entende que cabe ao autor da ação ajuizá-la no Rio de Janeiro ou no foro do 
domicílio do outro réu. 
[...] 
Por outro lado, observe-se que eventual ação de indenização por perdas e 
danos contra particular por infração de direito de propriedade industrial, na 
qual o INPI não é parte, deverá ser julgada pela justiça estadual. Assim, uma 
ação anulatória de registro no INPI não pode ser cumulada com ação de 
indenização, uma vez que a cumulação só é admitida pelo Código de 
Processo Civil quando o mesmo juízo é competente para conhecer todos os 
pedidos. 
[...] 
No entanto, a 3.a Turma do STJ tem entendimento diverso. Recentemente, 
em ação de abstenção de uso de marca e desenho industrial, esse colegiado 
decidiu que o juiz estadual não pode, nem mesmo incidentalmente, 
considerar inválido um registro vigente. O réu, que havia alegado a nulidade 
como matéria de defesa, deveria entrar antes com ação anulatória própria na 
Justiça Federal [...] (RAMOS, 2020) 
1.1.1 Patente vs. Segredo Empresarial 
Embora a denominação “segredo industrial” ainda seja a mais utilizada devido 
ao fato de os segredos relacionados à invenção de produtos e suas tecnologias terem 
se originado na indústria, a nomenclatura “segredo empresarial”, hoje, se faz mais 
adequada em consequência da utilização de segredos por qualquer atividade 
econômica. 
A patente confere exploração exclusiva da invenção ao inventor, durante prazo 
determinado. Nesse período, o titular poderá demandar contra aqueles que utilizarem 
de sua invenção de modo indevido, conforme Lei 9.279/96. Porém, a concessão da 
patente ocorre posteriormente à sua divulgação, o que a torna de conhecimento 
público e, findado o prazo, a patente se torna de domínio público. 
Com base nesse ‘porém’, alguns empresários preferem manter sob sigilo a 
fórmula ou tecnologia de uma criação, logo, não a patenteando, para poder usufruí-la 
por prazo indeterminado em vez de perder o privilégio da exclusividade. 
 
9 
 
Entretanto, é dificultoso a manutenção do segredo, já que pela falta da patente, 
não se pode usufruir dos direitos que a acompanham previstos na Lei 9.279/96. Sem 
essa proteção legal, há o risco de outra empresa explorar a mesma invenção, sendo 
que, deste modo, poderá requisitar primeiro o registro da patente se tornando seu 
titular legítimo pelo período legal. 
No entanto, o segredo empresarial goza da prerrogativa disposta no art. 195, 
XI e XII da Lei 9.279/96 que considera crime de concorrência desleal utilizar, divulgar 
ou explorar sem autorização informações confidenciais utilizadas em indústria, 
comércio ou prestação de serviço que não sejam de conhecimento público e das quais 
obteve acesso por relação contratual ou empregatícia, ou que foram obtidas de 
maneira ilícita. 
Essas disposições decorrem do Acordo TRIPS - Trade-Related Aspects of 
Intellectual Property Rights (Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade 
Intelectual Relacionados ao Comércio). Um acordo internacional que prevê a 
necessidade de se proteger informações confidenciais e do qual o Brasil é signatário. 
 
2 PATENTES 
Patente é um título (carta-patente) de propriedade outorgado pelo Estado aos 
criadores de uma invenção ou modelo de utilidade para uso e exploração exclusivos 
durante período determinado. 
Poderá ser requerida tanto pelo autorquando por seus herdeiros ou 
sucessores, cessionário ou outro titular por força de lei, contrato de trabalho ou 
prestação de serviços (art. 6º, § 2º da LPI). 
Conforme o art. 42 do mesmo dispositivo: 
 
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Art. 42. A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o 
seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar 
com estes propósitos: 
 
I - produto objeto de patente; 
II - processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado. 
 
§ 1º Ao titular da patente é assegurado ainda o direito de impedir que terceiros 
contribuam para que outros pratiquem os atos referidos neste artigo. 
 
§ 2º Ocorrerá violação de direito da patente de processo, a que se refere o 
inciso II, quando o possuidor ou proprietário não comprovar, mediante 
determinação judicial específica, que o seu produto foi obtido por processo 
de fabricação diverso daquele protegido pela patente. (BRASIL, 1996) 
O terceiro mencionado no artigo, incidindo na conduta, acarretará contrafação 
(pirataria), o que possibilita o titular da patente demandar judicialmente para requerer 
a abstenção do uso e perdas e danos. O foro competente será o de domicílio do réu. 
Dos bens protegidos pelo direito de propriedade industrial instrumentalizados e 
protegidos através de patente estão as invenções e os modelos de utilidade. 
2.1 Invenções 
A LPI não trouxe definição de invenção, o que pode ser justificado pelo fato de 
ser um pouco difícil de se definir enquanto também é simples de ser compreendida. 
Consideramos invenção algo oriundo da atividade criativa de alguém e que 
antes não existia. Desta maneira, a LPI, em seu art. 8°, diz apenas que: “é patenteável 
a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação 
industrial” (BRASIL, 1996). Logo, a invenção que aqui nos interessa é a que, além de 
constituir a criação de algo novo, possa ter aplicação industrial, como, por exemplo, a 
caneta esferográfica ou motor a combustão, que se diferenciam fortemente dos 
antecessores (caneta tinteiro e motor a vapor), ou um eletroeletrônico com funções 
ainda não encontradas em nenhum outro. 
A invenção não se confunde com a descoberta, pois esta não se trata de criar, 
mas encontrar algo que já existe. A novidade industrial e a atividade inventiva, de 
 
11 
 
acordo com os arts. 11 e 13 da LPI, tratam-se do que não é compreendido no estado 
da técnica e, para um técnico no assunto, não seja tal técnica evidente ou óbvia, como 
no caso de um chocolate amargo pela utilização de cacau puro na maior parte de sua 
composição, em vez da adição de leite. Isso não poderia ser considerado atividade 
inventiva, pois um técnico conseguiria facilmente saber a fórmula aplicada. 
O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público 
antes da data do depósito do pedido de patente (LPI, art. 11, § 1º), ou seja, 
são produtos derivados da mera aplicação de recursos já conhecidos pelas 
pessoas. As receitas dos tradicionais bolo de fubá e do brigadeiro são bons 
exemplos do que já está compreendido pelo estado da técnica. (TEIXEIRA, 
2019) 
Em relação à aplicação industrial, se faz pela possibilidade de exploração 
econômica e produção em larga escala (escala industrial). Também, as fases da 
fabricação de um produto podem ser patenteadas, o que se denomina ‘patente de 
processo produtivo’ (art. 42, II da LPI). Da mesma forma que um bem patenteado, o 
processo patenteado será de uso exclusivo de seu titular. 
O prazo de vigência da patente para invenção é de 20 anos (art. 40 da LPI), 
sem renovação. Findo o prazo, o modelo se torna de domínio público, possibilitando 
a utilização por qualquer pessoa, física ou jurídica. 
2.2 Modelos de utilidade 
O conceito de modelo de utilidade é trazido pela LPI em seu art. 9° como “o 
objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente 
nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional 
no seu uso ou em sua fabricação” (BRASIL, 1996). São “mini-invenções” que se 
destinam a melhorar a funcionalidade de algo já existente, uma modificação de uso 
prático para aprimorar objetos comuns ou sua fabricação. A exemplo, “o computador, 
enquanto uma máquina/hardware, pode ser visto como uma invenção/criação; já o 
notebook, é tido como um modelo de utilidade, por ser um aprimoramento/inovação 
da criação.” (TEIXEIRA, 2019) 
 
12 
 
Os requisitos da novidade, ato inventivo e aplicação industrial também são 
essenciais ao modelo de utilidade (LPI, arts. 11, 14 e 15). É novo quando não 
compreendido no estado da técnica. Já o ato inventivo se dá quando, para 
um técnico no assunto, o ato não decorra de maneira comum ou vulgar do 
estado da técnica. E a aplicação industrial está relacionada com o fato de que 
se possa utilizar ou produzir em qualquer tipo de indústria. 
 
Assim como ocorre com a invenção, o uso indevido de um bem patenteado 
como modelo de utilidade será tido como contrafação (pirataria), o que dá 
ensejo a ação judicial exigindo a abstenção do uso, bem como a pedido 
indenizatório contra o infrator. (TEIXEIRA, 2019) 
“A proteção concedida ao modelo de utilidade, como é fácil de compreender, e 
está consignado em preceito da lei, somente diz respeito à forma ou à disposição nova 
que traga melhor utilização à função a que o objeto ou parte de máquina se destina.” 
(REQUIÃO, 2003. p. 294. apud RAMOS, 2020) 
O prazo de vigência da patente para invenção é de 15 anos (art. 40 da LPI), 
sem renovação. Findo o prazo, o modelo se torna de domínio público, possibilitando 
a utilização por qualquer pessoa, física ou jurídica. 
2.3 Transgênicos e genes humanos 
Conforme art. 18, III, se preenchidos os requisitos de atividade inventiva, 
novidade e aplicação industrial, os micro-organismos poderão ser patenteados como 
invenção ou modelo de utilidade. 
O parágrafo único do mesmo artigo determina que para o patenteamento esses 
micro-organismos devem expressar uma característica que, em condições naturais, 
não alcançaria, ocorrendo, portanto, devido a intervenção humana direta em sua 
composição genética. A exemplo, variações de soja e milho desenvolvidas por 
empresas especializadas. 
Já quanto aos genes ou genoma humanos, não podem ser patenteados, mas 
o processo técnico de isolamento do gene, sim. (“Gene é a parte da célula que contém 
o código genético do ser vivo determinando assim as suas características individuais. 
Genoma é o conjunto dos genes de uma espécie de ser vivo.” (TEIXEIRA, 2019) 
 
13 
 
2.4 Regime jurídico 
A normas aplicáveis às patentes estão dispostas especialmente na Lei de 
Propriedade Industrial (Lei 9.279/96), editada em decorrência do Acordo TRIPS - 
Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (Acordo sobre Aspectos dos 
Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio), que tutela as patentes 
em seus arts. 27 a 34. 
Conforme a LPI, não se considera invenção ou modelo e utilidade: descobertas, 
métodos matemáticos e teorias científicas; concepções abstratas; princípios, planos 
esquemas ou métodos comerciais, publicitários, contábeis, financeiros, educativos, de 
sorteio e de fiscalização; obras arquitetônicas, científicas e artísticas ou qualquer 
criação estética; apresentação de informações; regras de jogo; métodos e técnicas 
operatórios ou cirúrgicos e métodos de diagnóstico ou terapêuticos para aplicação no 
corpo humano ou animal; e o todo ou parte os seres vivos naturais e materiais 
biológicos encontrados na natureza, ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou 
germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais. (art. 10) 
As obras literárias (protegidas pelo direito autoral através da Lei 9.610/98) e 
programas de computador (protegidos através da Lei 9.609/98) também não são 
consideras invenção ou modelo de utilidade e, portanto, não serão patenteáveis. 
E nãosão patenteáveis o que for contrário à moral, aos bons costumes, à 
segurança, à ordem e à saúde públicas; as substâncias, misturas, matérias e 
elementos ou produtos de qualquer espécie, assim como a modificação de suas 
propriedades físico-químicas e respectivos processos de obtenção ou modificação 
quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e o todo ou parte dos seres 
vivos, exceto os transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade do 
art. 8º e que não sejam mera descoberta. (art. 18) 
 
 
 
 
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O pedido de concessão da patente de invenção ou modelo de utilidade deve 
conter o requerimento, relatório descritivo que aponta o estado da técnica atual, as 
reinvindicações consubstanciadas em obter o direito exclusivo de exploração da 
invenção ou modelo, resumo, desenhos (se for o caso) e comprovante de pagamento 
da retribuição. (art. 19) 
Conforme art. 22, “O pedido de patente de invenção terá de se referir a uma 
única invenção ou a um grupo de invenções inter-relacionadas de maneira a 
compreenderem um único conceito inventivo.” (BRASIL, 1996) 
O pedido deverá seguir um procedimento e ser submetido a exame técnico, se 
cumpridos as exigências e prazos legais. Após a conclusão do exame, haverá o 
deferimento ou indeferimento a considerar o atendimento às regras e requisitos. (arts. 
30 a 37) 
Deferido o pedido, se expedirá a carta-patente, que deverá conter o nome do 
inventor, sua qualificação, prazo de vigência, relatório, prioridade estrangeira (se for o 
caso) (arts. 38 e 39), e conferirá ao titular garantia de impedimento em face de 
qualquer pessoa que queira produzir, usar, vender ou importar o objeto da patente 
(art. 42, caput), sob pena de indenização, até mesmo em relação ao prazo entre a 
data do pedido e concessão da carta-patente (art. 44, caput). 
Outrossim, quando contrariar as disposições legais, a patente poderá ser 
declarada total ou parcialmente nula, com apuração através de processo 
administrativo e/ou judicial (arts. 46 a 57). A nulidade produzirá efeitos retroativos 
desde a data do depósito do pedido. 
A patente é considerada um bem e, conforme art. 58, o pedido ou a própria 
patente, ambos de conteúdo indivisível, poderão ser cedidos, total ou parcialmente. 
Havendo a cessão, deverá ser registrada no INPI com a qualificação do cessionário. 
Terá efeitos perante terceiros apenas após a publicação (arts. 58 a 60). 
 
15 
 
Também poderá a patente ser objeto de licença voluntária, quando for permitida 
espontaneamente pelo titular a sua exploração por terceiro, feita mediante contrato, 
geralmente oneroso (art. 61), e licença compulsória, quando o titular exercer de 
maneira abusiva seus direitos sobre a patente, ou através dela praticar abuso de poder 
econômico, comprovado nos termos da lei, em decisão administrativa ou judicial; não 
exploração do objeto da patente em território nacional por falta ou incompletude de 
fabricação do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo patenteado 
(ressalvados os casos de inviabilidade econômica, quando será admitida a 
importação); ou a comercialização que não satisfatória às necessidades do mercado. 
(art. 68) 
Isto é, haverá licença compulsória se a patente não cumprir sua função social, 
não gerando retorno financeiro ao criador e nem benefícios à sociedade quanto ao 
desenvolvimento tecnológico e econômico. 
A licença também poderá ser ofertada, quanto o titular solicita ao INPI a sua 
disponibilização para fins de exploração (art. 64), e também poderá ser extinta pelo 
término do prazo de vigência, renúncia do titular, falta de pagamento da retribuição. 
Com a extinção, a patente se torna de domínio público. (art. 78) 
Importante ressaltar que: 
A patente de invenção ou modelo de utilidade pertence ao empregador, ainda 
que tenha ocorrido a participação de empregado na pesquisa, desde que o 
contrato de trabalho tenha como objeto a pesquisa ou a atividade inventiva. 
A patente de invenção ou modelo de utilidade apenas pertencerá ao 
empregado quando ele utilizar recursos próprios e de forma desvinculada do 
seu contrato de trabalho com a empresa empregadora, como, por exemplo, 
quando atuar com seus próprios equipamentos e em casa, fora do horário de 
expediente. 
 
No entanto, poderá pertencer a ambos, quando o empregado contribuir 
pessoalmente, mas com recursos do empregador (LPI, arts. 88, 90 e 91), pois 
nesse caso o objeto do contrato de trabalho não é a pesquisa ou atividade 
inventiva. (TEIXEIRA, 2019) 
 
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2.4.1 Direito de prioridade 
Para quem depositou pedido de patente em país que possui acordo com o 
Brasil ou em organização internacional que produz efeito de depósito nacional, terá 
assegurado direito de prioridade (art. 16, caput, da LPI) quanto ao registro da patente 
de invenção ou modelo de utilidade no Brasil. 
A previsão legal do direito de prioridade deriva do fato de o Brasil ser 
signatário do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes – PCT – de 
1970. Inicialmente o teor do PCT foi incorporado ao ordenamento jurídico 
brasileiro após a sua ratificação interna pelo Decreto Legislativo n. 110/77, e 
a respectiva promulgação pelo Decreto n. 81.742/78. Mais tarde, em razão 
de Emendas ao Regulamento de Execução Regido pelo PCT, o Decreto 
Legislativo n. 42/80 aprovou o texto das emendas, tendo o Decreto n. 523/92 
promulgado a execução de tais ajustes ao PCT. Também essa proteção está 
prevista no art. 4º da Convenção da União de Paris – CUP – de 1883 
(lembrando que o Brasil, enquanto signatário deste tratado internacional, 
internalizou suas regras desde a edição do Decreto n. 9.233/84. Atualmente 
a matéria é objeto dos Decretos n. 635/92 e 1.263/94). (TEIXEIRA, 2019) 
O prazo de prescrição começará a correr do momento do registro internacional, 
independendo de quanto tempo passe até que a patente seja efetivamente explorada 
em território nacional. 
A regra vale em especial para as patentes de revalidação (pipeline), quanto ao 
registro de produtos que ainda não se patenteava no Brasil durante o vigor da Lei 
5.772/71. O tema é disciplinado nos art. 230 a 232 e 243 c/c 243. 
O tema sempre foi questionado por alguns, haja vista que as patentes pipeline 
não se submeteriam ao requisito da novidade, pois já eram objetos 
comercializados. A constitucionalidade dessa matéria é objeto de apreciação 
pelo STF, via Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 4.234. Essa ADI foi 
ajuizada pela Procuradoria-Geral da República a fim de atacar os arts. 230 e 
231 da Lei n. 9.279/96. De acordo com a petição inicial, o fundamento da 
inconstitucionalidade das patentes pipeline está na sua natureza jurídica, uma 
vez que se pretende tornar patenteável, em prejuízo ao princípio da novidade, 
aquilo que já se encontra em domínio público (estado da técnica). Assim, 
estaria a legislação ordinária promovendo uma espécie de expropriação de 
um bem comum do povo sem respaldo da Constituição Federal. (TEIXEIRA, 
2019) 
 
17 
 
Cumpre ressaltar as patentes para produtos farmacêuticos dependerão de 
prévia autorização da ANVISA, por determinação da Lei 10.196/2001 que incluiu o art. 
229-C à Lei 9.297/96. 
 
3 DESENHOS INDUSTRIAIS 
De acordo com o art. 95 da LPI, “Considera-se desenho industrial a forma 
plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que 
possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na 
sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.” (BRASIL, 
1996), como, por exemplo o design de um móvel ou veículo. 
O criador possui o direito de registrá-lo, o que lhe conferirá a propriedade, 
vigendo pelo de 10 anos, prorrogável por 3 períodos sucessivos de 5 anos, chegando, 
portanto, a 25 anos. 
3.1 Regime jurídico 
Assim como nas patentes, a proteção do desenho industrial se dá 
pincipalmente pela LPI, promulgada em razão do TRIPS cujos arts. 25 e 26 tratam do 
desenhoindustrial. 
Destaca-se que novidade, originalidade e não ser compreendido no estado da 
técnica (art. 96 da LPI) também são requisitos para o desenho industrial. 
A originalidade no desenho industrial se configura quando sua elaboração é 
distinta de objetos anteriores (art. 97), portanto restará prejudicado por semelhança 
suficiente ao ponto de ser confundido com desenho industrial já registrado. Meras 
semelhanças são aceitáveis. 
 
18 
 
Não são considerados desenhos industriais obras de caráter exclusivamente 
artístico (art. 98), já que criações artísticas são matéria de direito autoral, tuteladas 
pela Lei 9.610/98. E, a exemplo das patentes, também não poderão ser registrados 
como desenho industrial o que for contrário à moral e aos bons costumes, o que 
atentar contra liberdade de crença ou ideias, as formas necessárias comuns do objeto 
ou a determinada por considerações técnicas (ex: formato de pílulas). (art. 100) 
O pedido de registro deverá ser feito no INPI, com o requerimento; desenhos 
ou fotografias; campo de aplicação; relatório descritivo e reinvindicações, se for o 
caso; comprovante de pagamento da retribuição e será submetido ao exame e 
processo (arts. 101 a 104). 
Ainda, a Resolução 55/2013 e a Instrução Normativa 44/2015, ambas do INPI, 
também dispõem regras para o registro de desenho industrial. 
Concedido o registro, será expedido certificado, com o nome do titular, sua 
qualificação, prazo de vigência, etc. (arts. 106 a 107). Cumprido os requisitos de 
validade, conferirá prioridade ao titular (art. 109). O registro será nulo se concedido 
em desacordo com as normas, para tanto estará sujeito o processo administrativo e 
judicial dotado de efeito retroativo até a data do depósito. (arts. 112 a 118) 
A partir da regular concessão, o titular deverá pagar retribuição periódica a cada 
5 anos, a partir do segundo quinquênio da data de depósito (art. 120) 
Será extinto o registro “pela expiração do prazo de vigência; pela renúncia de 
seu titular, ressalvado o direito de terceiros; pela falta de pagamento da retribuição 
prevista nos arts. 108 e 120; ou pela inobservância do disposto no art. 217.” (BRASIL, 
1996) 
São aplicáveis ao registro de desenho industrial as regras sobre patentes 
referentes a cessão, licença voluntária e direito do empregado (art. 121). Da mesma 
maneira, é considerado crime fabricar produto que corresponda a desenho registrado, 
 
19 
 
imitar sem substancialmente capaz de induzir ao erro, etc., sem autorização do seu 
titular. (arts. 187 e 188) 
- O desenho industrial também possui direito de prioridade quando o criador já 
requereu o registro em organização internacional ou em país que possui acordo com 
o Brasil, que produzirá efeito de depósito nacional (art. 99) 
 
4 MARCAS 
Marca é o sinal, impressão ou traço em um produto que se iniciou como uma 
espécie de assinatura do produtor em suas mercadorias deixadas em armazéns para 
que se diferenciasse das outras. “Tecnicamente, a marca é uma representação 
gráfica, que pode ser uma palavra, uma expressão, um símbolo ou um emblema 
estampado no produto (ou serviço) para sua identificação.” (TEIXEIRA, 2019) 
Hoje tem a função de fazer com que as pessoas identifiquem imediatamente 
distinguindo entre os produtos ou serviços similares e se tornou um ativo importante 
de tal forma que muitas vezes se torna o maior bem de uma empresa, com valor 
superior à soma de todos os seus bens físicos, a exemplo de multinacionais como o 
Google, Microsoft, Apple, Amazon, Coca-Cola e Nike. 
Marcas podem ser registradas no INPI e, em regra (há exceções), vale para um 
ramo determinado de atividade, podendo então o mesmo nome ser registrado mais 
de uma vez por pessoas diferentes se a atividade for de ramo diverso. Por exemplo: 
Atlas pode ser registada como marca de eletrodomésticos por uma pessoa, e também 
como marca de pneus por outra. O que costuma acontecer muito com nomes mais 
comuns (Gol, Global, Mundial, etc.). 
 
20 
 
4.1 Sinais como marca 
A teor do art. 122 da LPI, “são suscetíveis de registro como marca os sinais 
distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.” 
(BRASIL, 1996) 
Distintivo é o sinal composto por palavra ou figura ou ambos, que diferencie o 
produto ou serviço dos demais similares, e visualmente perceptível é o que pode 
rapidamente se identificar apenas olhando. 
[...] pela letra da lei, no Brasil, não seria admissível marca sonora, olfativo-
aromática, tátil e gustativa (decorrentes de outros sentidos de percepção: 
audição, olfato, tato e paladar) por não atender ao requisito de visualmente 
perceptível. Essas marcas poderiam ser tidas como atípicas, sendo admitidas 
em outros países, como nos Estados Unidos, encontrando defensores em 
território brasileiro, o que nos parece muito razoável. Entretanto, o mais 
adequado seria haver uma alteração da lei de modo a eliminar a restrição 
para apenas sinais visualmente perceptíveis. (TEIXEIRA, 2019) 
O sinal poderá ser gráfico, uma palavra ou letra, desde que caracterizado de 
maneira distinta como, por exemplo, o “C” do Carrefour, construído como um espaço 
negativo no centro de um losango com as cores da bandeira francesa, formando uma 
espécie de seta. É uma identidade visual. Uma palavra ou letra isolada e 
descaracterizada não pode ser registrada (art. 124, II, da LPI). 
 
Fonte: https://logosmarcas.net/carrefour-logo/ 
 
 
21 
 
A marca poderá ser: 
- Nominativa: quando composta apenas por palavras ou combinação de letras e 
algarismos sem estilização; 
- Figurativa: quando composta por imagem ou desenho; 
- Mista: quando composta por ambas; e 
- Tridimensional: quando “contempla um sinal composto da forma plástica distintiva e 
necessariamente incomum do produto, sobretudo quanto à altura, largura e 
profundidade de sua embalagem.” (TEIXEIRA, 2019) 
Há as espécies de marcas expressamente previstas na LPI (a de produto ou 
de serviço, de certificação, a coletiva, a de alto renome e a notoriamente conhecida), 
e as que, embora, não previstas, não são proibidas (a tridimensional, a virtual e a 
consagrada. 
 
4.2 Marca de produto ou de serviço 
A teor do art. 123, I da LPI, marca de produto ou serviço é aquela usada para 
distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. 
(BRASIL, 1996), ou seja, tem por finalidade deixar claro que os produtos são 
fabricados por produtores diferentes, mesmo que semelhantes. 
É a mais conhecida e registrada, ocorre com biscoitos, produtos de limpeza, 
refrigerantes, etc. e a identificação dos consumidores acontece primordialmente pela 
marca estampada no rótulo. Assim, é uma espécie de assinatura do fabricante, mas 
“não pode ser um símbolo de garantia de qualidade, mas sim um sinal de que o seu 
titular é o fabricante (marca de indústria) ou comerciante (marca de comércio) do 
produto; ou o prestador do serviço (marca de serviço).” (SILVEIRA, 1982. p. 25-26. 
apud TEIXEIRA, 2019) (Grifo do autor) 
 
22 
 
Entretanto, vale destacar que a marca comercial tem função publicitária, não 
objetivando criar nos agentes do mercado – incluindo os consumidores – a 
impressão de o comerciante ser a mesma pessoa do fabricante do bem, pois 
de fato na grande maioria das vezes são pessoas distintas. (TEIXEIRA, 2019) 
4.3 Marca de certificação 
Regidas pela Lei 9.279/79 e Instrução Normativa 59/2016 do INPI (sem prejuízo 
de outras normas), marcas de certificação ou garantia são utilizadas para a 
comprovação de que o produto está de acordo com as especificações técnicas, 
mormente quando à qualidade, composição, natureza e metodologia empregadas. 
(art. 123, II da LPI). Por exemplo: Selo ‘Empresa Amiga da Criança’ da ABRINQ 
(Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), ABIC (Associação Brasileira 
da Indústria de Café), ISO 9000 (International Organization for Standardization), etc. 
 
Fonte: https://www.abic.com.brFonte: https://www.fadc.org.br 
 
23 
 
4.4 Marca coletiva 
Conforme art. 123, III da LPI, marca coletiva é “aquela usada para identificar 
produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.“ A função 
é permitir que a entidade possa ter uma identificação dos seus produtos ou serviços 
prestados pelas pessoas que a ela se vinculem. 
Cooperativas e associações podem ser consideradas como entidades 
legitimadas a ter registro de marca coletiva, evitando assim que cada cooperado ou 
associado precise manter a própria marca, o que implicaria em mais burocracias e 
custos. Desta forma, todos os associados poderão utilizar da marca pertencente a sua 
entidade. 
Poderá ser requerido pela pessoa jurídica representante de uma coletividade 
(art. 128, § 2° da LPI). 
4.5 Marca de alto renome 
Como o próprio nome sugere, marca de alto renome é uma marca muito 
conhecida nacional e internacionalmente, ou seja, é considerado sua notoriedade e 
abrangência geográfica, o que faz merecer que seja “assegurada proteção especial, 
em todos os ramos de atividade.” (art. 125 da LPI) ao ser registrada no Brasil. Sua 
proteção visa assegurar que terceiros utilizem de sua fama para divulgar os próprios 
produtos, o que poderia ser considerado concorrência desleal por haver oportunismo 
em cima do esforço alheio. 
É uma das exceções ao registro para ramo específico de atividade, pois não 
poderá ser registrada por mais ninguém, mesmo que de ramo diferente. A exemplo: 
Nike, Ford, Pirelli, etc. 
É conferida a elas proteção especial, já que abrange toda as áreas de atividade. 
Se justifica pelo fato de que, se outra pessoa pudesse utilizar a mesma marca, poderia 
o cliente ser ludibriado pelo renome. Uma marca como a Coca-Cola pode nunca atuar 
 
24 
 
no ramo de celulares, mas se outra pessoa utiliza o nome em tal produto, os 
consumidores seriam induzidos a comprar pensando se tratar de um produto da 
mesma fabricante de bebidas. 
Poderá ser nominativa, figurativa ou mista e sua regulamentação e requisitos 
de obtenção são dados pela Resolução 107/2013 do INPI. 
A proteção para a marca de alto renome se dá mediante declaração do INPI, 
desde que a marca já esteja registrada no Brasil. Ou seja, é o INPI quem 
caracteriza uma marca como sendo de alto renome, devendo para tanto 
haver um procedimento administrativo pleiteado pelo interessado (titular da 
marca) junto ao órgão para, se atendido o que exige a legislação, obter a 
declaração do INPI. Essa posição foi confirmada pelo STJ por meio da 
decisão proferida no REsp 1.162.281, cujo entendimento foi de que a 
notoriedade da marca Absolut tem de ser reconhecida pelo INPI, não por 
sentença judicial. (TEIXEIRA, 2019) 
 
4.6 Marca notoriamente conhecida 
É aquela amplamente reconhecida em seu ramo de atividade, mas, embora, 
amplo, é menor que a marca de alto renome, pois seu reconhecimento se dá em área 
específica. 
Essas marcas têm proteção jurídica independentemente de estarem 
depositadas ou registradas, em cumprimento ao art. 6º bis (I) da Convenção 
da União de Paris – CUP, para Proteção da Propriedade Industrial (LPI, art. 
126). A marca notoriamente conhecida também tem previsão no art. 16.2. do 
Acordo TRIPS, o qual estende a sua tutela à marca de serviços. 
 
[...] Difere, portanto, da marca de alto renome, cuja proteção, que é ainda 
mais ampla, se dá em todos os ramos de atividade, desde que previamente 
registrada no Brasil e declarada pelo INPI. Nesse sentido, REsp 
1.114.745/RJ. 
 
Por exemplo, a marca Brasilit, do ramo de telhas; ou SIL, do segmento de fios 
e cabos elétricos; Garoto, na área de chocolates. Veja que, como marca 
notoriamente conhecida, Continental é uma marca registrada por diversas 
empresas sem ligação entre elas, e em diferentes segmentos da atividade 
econômica: pneus, eletrodomésticos, produtos de limpeza etc. (TEIXEIRA, 
2019) 
 
25 
 
4.7 Marca tridimensional 
A marca tridimensional é o formato próprio criada para o produto ou sua 
embalagem que a diferencia ainda mais das outras marcas de produtos similares, 
como o formato da caneta Bic, o invólucro do leite fermentado Yakult, as garrafas da 
Coca-Cola, a caixa triangular do chocolate Toblerone, etc. Embora não prevista 
expressamente pela LPI, é uma das formas de apresentação da marca juntamente 
com a forma nominativa, a figurativa e a mista. 
“O fundamento para o registro dela está no fato de ela não ser proibida por lei 
e, principalmente, pelo fato de ser um sinal distintivo e visualmente perceptível, desde 
que não esteja compreendido entre as proibições legais.” (TEIXEIRA, 2019) 
 
Fonte: https://www.cocacolabrasil.com.br 
 
 
 
 
26 
 
 
Fonte: https://www.mundobic.com.br 
 
Fonte: https://www.yakult.com.br 
 
Fonte: https://www.lojamondelez.com.br 
 
27 
 
4.8 Marca virtual 
Conforme a LPI, a marca virtual não é necessariamente uma espécie de marca. 
Denomina-se marca os nomes de domínio de internet, que identificam o endereço 
eletrônico. 
O domínio é uma designação/expressão que serve para localizar e identificar 
conjuntos de computadores e serviços na internet, a fim de evitar a 
localização por meio de seus números identificadores. Assim, o domínio é o 
endereço eletrônico de um site (sítio eletrônico), que constitui um conjunto de 
informações e imagens alocadas em um servidor e disponibilizadas de forma 
virtual na internet. No site constam as informações de seu titular/proprietário, 
ou de terceiros, além de outras que sejam necessárias, tendo em vista sua 
finalidade. (TEIXEIRA, 2019) 
Os registros no Brasil, com extensão ‘br’, são feitos no site 
<http://www.registro.br> Trata-se de um órgão departamento do Núcleo de Informação 
e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). 
Não é exigido comprovante de titularidade do nome de uma marca para que se 
proceda o registro como nome de domínio. Basta que o nome não esteja sendo 
utilizado por outrem para que a titularidade na rede seja autorizada. Ocorre que, o 
acesso a um site feito através de seu nome de domínio e este pode coincidir ou se 
assemelhar com a marca registrada por outra pessoa no INPI, o que pode acarretar 
dois problemas: 
I. O titular de uma marca registrada no INPI pode ficar impossibilitado de registra-la 
no site do órgão de registro, ficando assim impedindo de explorá-la virtualmente. 
II. O detentor do domínio registrado no órgão poderia utilizá-lo de má fé para desvio 
de clientela, induzindo-as a erro e sendo favorecida em detrimento do titular da marca, 
configurando concorrência desleal. 
Com base nessas circunstâncias, os titulares das marcas têm obtido êxito em 
conseguir administrativa ou judicialmente, o direito de explorar o nome de domínio que 
corresponda ao nome de sua marca registrada. Porém, como já se viu, no INPI são 
estipuladas classes para os registros, possibilitando o mesmo nome de marca ser 
 
28 
 
registrado por pessoas diferentes desde de atuem de ramos distintos. Entretanto na 
internet isso não é possível. A solução encontrada é que, havendo mais de uma 
pessoa titular de marca homógrafa, ficará com o registro quem primeiro requerê-lo. O 
próximo necessitará de diferenciação para o nome do seu domínio como, por 
exemplo: www.globo.com.br (para a farinha de trigo) e www.redeglobo.com.br (para a 
emissora de TV); ou www.veja.com.br (para os produtos de limpeza) e 
www.revistaveja.com.br (para o periódico). 
 
4.9 Marca consagrada ou de referência 
A consagrada ou de referência é aquela cujo nome se torna sinônimo do próprio 
produto ou serviço. Costuma ocorrer quando o produto atinge muito destaque ou é o 
primeiro do gênero lançado no mercado, também muito recorrente no ramo d3e 
medicamentos. Assim até mesmo os produtos concorrentes passam a ser chamados 
pelo nome da marca, ou seja, não é um tipo de marca diferente, mas será 
notoriamente reconhecida ou de alto renome. 
 
Esse fenômeno denomina-se metonímia ou transnominação – umafigura de 
linguagem que consiste no emprego de uma expressão por outra tendo em 
vista a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre elas. 
 
São várias as marcas que se tornaram sinônimas na modalidade em que 
operam, como, por exemplo: Danone (iogurte), Insulfim (película adesiva para 
vidro); Catupiry (requeijão), Maizena (amido de milho), Band-aid (curativo), 
Gillette (lâmina de barbear), Bic (caneta), BomBril (palha de aço), Durex (fita 
colante), Post-it (papel colante para recados), Xerox (fotocópia), Aspirina 
(comprimido para dor de cabeça) etc. Eventualmente, pode haver mais de 
uma marca consagrada em determinado setor, como, por exemplo, o caso do 
Nescau e Toddy que são marcas de referência em matéria de achocolatado 
em pó. (TEIXEIRA, 2019) 
 
29 
 
4.10 Prazo de vigência 
De acordo com o art. 133 da LPI “Art. 133. O registro da marca vigorará pelo 
prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por 
períodos iguais e sucessivos.” (BRASIL, 1996) 
O pedido de prorrogação deverá ser feito no último ano de vigência do prazo 
corrente e, assim o titular a terá por quanto tempo lhe convir, bastando observar os 
prazos e pagamento da respectiva retribuição. Sem o pedido de prorrogação, o prazo 
expira e a marca se extingue. Também se extinguirá por renúncia. Ou as outras 
hipóteses do art. 142 da LPI. 
4.11 Regime jurídico 
As marcas são reguladas principalmente pela LPI, fruto do acordo TRIPS, que 
trata das marcas em seus arts. 15 a 21. 
Uma extensa lista compõe as situações de impossibilidade de registro como 
marca, elencadas no art. 124 da LPI. 
Poderão requerer registro de marca qualquer pessoa física ou jurídica de direito 
privado, sendo as jurídicas apenas de marca relativa à atividade que efetivamente 
exercerem (art. 128, caput, § 1° da LPI), para reduzir as chances de concorrência 
desleal. 
O pedido será perante o INPI, submetendo-se ao exame e respectivo processo 
(arts. 155 a 160). Concedido, se expedirá seu certificado constado a marca, número 
e data, o titular e sua qualificação, os produtos/serviços, etc. (arts. 161 e 164). Será 
nulo (total ou parcialmente), entretanto, quando concedido em desacordo com as 
disposições legais, estando sujeito a processo administrativo ou judicial que produzirá 
efeitos retroativos (arts. 165 a 175). 
 
30 
 
Ao titular será assegurado, portanto, seu uso exclusivo em território nacional 
(art. 129). Também poderá ceder seu registro ou respectivo pedido e licenciar seu uso 
(art. 130 c/c arts. 134 a 141) 
[...] não pode o titular da marca impedir a livre circulação de produtos 
colocados no mercado por si próprio ou por terceiro que foi autorizado (LPI, 
art. 132). Isso decorre, e é explicado, pelo princípio do exaurimento da marca 
(ou princípio da exaustão), que consiste no fato de que o direito sobre o uso 
da marca se relativiza ao ocorrer a primeira circulação (venda) do bem 
(normalmente a um distribuidor/revendedor, mas não necessariamente), 
impedindo assim que o titular da marca pleiteie a exclusividade para barrar 
as circulações subsequentes do produto. Esse regramento jurídico é 
plenamente aplicável em ambiente virtual, ou seja, no comércio eletrônico. 
(TEIXEIRA, 2019) 
Será considerado crime a reprodução sem autorização ou alteração de marca, 
com pena de 3 meses a 1 ano ou multa (arts 189 a 190 da LPI). 
E, conforme ocorre com as patentes de invenção, modelo de utilidade e registro 
de desenho industrial, também há direito de prioridade no registro de marca quando a 
pessoa já houver feito requerimento em organização internacional o pais que 
mantenha acordo com o Brasil (art. 127). 
Em 1989 foi assinado o Protocolo de Madri (ou Sistema de Madri), um tratado 
internacional para registro de marcas. De acordo com suas disposições é 
possível requerer o registro de uma marca em vários órgãos registrais dos 
países signatários ao mesmo tempo. Poder-se-ia dizer que se trata de um 
pedido de registro internacional, mas que tem o efeito de gerar a análise 
isolada por cada departamento de marca dos países aderentes. Assim, há 
uma redução nos custos, não sendo mais preciso percorrer os países nos 
quais se pretenda atuar e/ou exportar bens, efetuando registros individuais 
da marca. Apesar de ser de extrema importância em tempo de globalização 
e para a economia dos países e das empresas que pretendem ser 
exportadoras, o Brasil ainda não assinou o Protocolo de Madri. Entretanto, 
mais de noventa países aderiram ao Tratado, como Estados Unidos, China e 
Alemanha. 
 
 
31 
 
5 INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS 
Conforme o art. 176 da LPI, “constitui indicação geográfica a indicação de 
procedência ou a denominação de origem.” (BRASIL, 1996) 
Assim como as marcas, as indicações geográficas também são sinais 
distintivos, mas sem uso exclusivo. Elas representam normalmente mais uma garantia 
da qualidade do produto em virtude de sua região de fabricação, uma certificação de 
origem, marcando a presença e características singulares dos produtos da mesma 
localidade, e contribuem para o desenvolvimento socioeconômico e patrimônio 
cultural da respectiva região. 
Elas podem ser registradas assim como as marcas (arts. 176 a 182 do LPI), se 
diferenciam, entre outras razões, por não estarem sujeitas a um prazo de vigência. 
 
A própria lei que instituiu o Plano Nacional de Cultura – PNC – (Lei n. 
12.343/2010), no item 4.4.5. do seu anexo, prevê, como ações e estratégias, 
a necessidade de: 
 
“Promover a informação e capacitação de gestores e trabalhadores da cultura 
sobre instrumentos de propriedade intelectual do setor cultural, a exemplo de 
marcas coletivas e de certificação, indicações geográficas, propriedade 
coletiva, patentes, domínio público e direito autoral”. 
 
Contudo, a proteção jurídica das indicações geográficas ocorre mediante o 
respectivo registro no INPI, respeitadas – sem prejuízo de outras normas – 
as regras da Lei da Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/96) e as disposições 
da Instrução Normativa INPI n. 25/2013 e da Resolução INPI n. 55/2013. O 
Acordo TRIPS também regula a temática das indicações geográficas por 
meio dos seus arts. 22 a 24. (TEIXEIRA, 2019) 
 
 
 
 
32 
 
5.1 Denominação de origem 
Denominação de origem se refere ao nome do país, cidade ou região que 
designe produtos cujas características ou qualidades podem ser atribuídas àquela 
origem geográfica. Ou seja, as qualidades e características são exclusivas ou 
essencialmente atribuídas aos produtos oriundos do local. 
Para isso é levado em conta muitos fatores, geológicos e humanos, isolada ou 
conjuntamente, como o clima, altitude, solo, vegetação e também a expertise e 
consequente reputação dos produtores. A exemplo, a região de Champagne, na 
França, produtora do vinho branco espumante conhecido pelo mesmo nome, a Serra 
Gaúcha, no Brasil, que também possui vinhos com características específicas e, 
também por questões geográficas, Atibaia no Estado de São Paulo, que possui clima 
muito apropriado para cultivo de morangos. 
Fonte: INPI. apud CASTRO; GIRALDI, 2018. 
5.2 Indicação de procedência 
Como dispõe o art. 177 da LPI, “considera-se indicação de procedência o nome 
geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado 
conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto 
ou de prestação de determinado serviço.” (BRASIL, 1996), ou seja, não se relaciona 
com fatores compostos por características geológicas ou humanas, apenas a fama e 
notoriedade da região como grande produtora. 
 
33 
 
A exemplo, a cidade de Franca em São Paulo, produtora e exportadora de 
calçados, contando com centenas de fábricas do ramo; e o queijo da Canastra, restrito 
a sete municípios da Serra da Canastra em Minas Gerais com produção anual de 
cerca de três mil toneladas provenientes de mais de mil produtores, e inclusive 
tombado como patrimônio culturalimaterial brasileiro desde 2008. 
Fonte: INPI. apud CASTRO; GIRALDI, 2018. 
5.3 Regime jurídico 
Conforme art. 179 da LPI, estende-se a proteção jurídica “à representação 
gráfica ou figurativa da indicação geográfica, bem como à representação geográfica 
de país, cidade, região ou localidade de seu território cujo nome seja indicação 
geográfica.” (BRASIL, 1996) 
“Representação gráfica ou figurativa é a demonstração de algo de forma 
ordenada e escrita ou por um conjunto finito de pontos e de linhas.” (TEIXEIRA, 2019) 
As associações, institutos e pessoas jurídicas representantes de coletividade 
estarão poderão requerer o registro das indicações geográficas. 
 
34 
 
A teor do art. 5° da Instrução Normativa INPI n. 25/2013, “podem requerer o 
registro de Indicações Geográficas, na qualidade de substitutos processuais, as 
associações, os institutos e as pessoas jurídicas representativas da coletividade 
legitimada ao uso exclusivo do nome geográfico estabelecidas no respectivo 
território.” (BRASIL, 2013) 
E conforme art. 6°, o pedido de registro deverá ser referir a um único nome 
geográfico, contendo o requerimento do nome, descrição e características do produto 
ou sérvio; documento comprobatório da legitimidade do requerente; instrumento social 
que delimite a área geográfica, etiquetas da representação gráfica, comprovante de 
pagamento da retribuição, etc. 
Não será registrável como indicação geográfica o nome que se tornou de uso 
comum na designação de produto/serviço (art. 180), por exemplo, “queijo minas”, que 
embora possua um nome que indica um local, se tornou um tipo de queijo e é 
produzido em qualquer localidade do país. Entretanto, “o nome geográfico que não 
constitua indicação de procedência ou denominação de origem poderá servir de 
elemento característico de marca para produto ou serviço, desde que não induza falsa 
procedência.” (BRASIL, 1996) 
Será considerado crime fabricar, importar, exportar, vender, etc., produto que 
indique falsa indicação geográfica, sob pena de detenção de 1 a 3 meses ou multa 
(arts. 192 a 194 da LPI). 
 
 
 
 
35 
 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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