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Cardiomiopatia Dilatada

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Última atualização: 09/08/2021 
 
1. Introdução 
 
 composta por um grupo de alterações do músculo 
cardíaco em que os ventrículos dilatam e promovem disfunção sis-
tólica progressiva, havendo redução da fração de ejeção, resul-
tando em insuficiência cardíaca. 
 
! O termo cardiomiopatia refere-se ao desgaste progressivo 
da estrutura e da função das paredes musculares das câma-
ras do coração. 
 
2. Epidemiologia 
 
A MCD é a mais comum das miocardiopatias e a segunda 
causa mais frequente de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), 
não superando apenas a doença arterosclerótica das artérias co-
ronárias. Pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais co-
mum em adultos entre 20 e 50 anos de idade. Cerca de 10% dos 
casos desenvolvem em pacientes com mais de 65 anos. 
A doença é três vezes mais frequentes em homens do que em 
mulheres e ocorre três vezes mais em negros do que em brancos. 
Anualmente, cerca de cinco a oito pessoas em cada 100.000 
apresentam cardiomiopatia dilatada. 
 
3. Fisiopatologia 
 
Na maioria das vezes, não é possível identificar uma causa 
específica dessa doença (MCD idiopática). Aproximadamente 25 
a 35% dos pacientes afetados apresentam uma forma familial de 
herança autossômica dominante. Muitas causas secundárias po-
dem resultar em MCD, e elas devem ser descartadas antes de se 
estabelecer o diagnóstico de MCD primária ou idiopática. 
Algumas infecções podem causar uma inflamação aguda do 
músculo cardíaco (miocardite), que configuram miocardite infec-
ciosa. Destaca principalmente as causas virais (parvovírus B19, 
adenovírus, coxsackie vírus, vírus influenza A e herpes vírus). A do-
ença de Chagas está entre as causas secundárias mais comuns 
apresentadas no Brasil, endêmica em estados nordestinos, Minas 
Gerais e região sudoeste do Rio Grande do Sul. Há também causa 
não-infecciosas de miocardite inflamatórias, destacando a do-
ença inflamatória granulomatosa. 
Os vírus ou bactérias infectam e enfraquecem o músculo car-
díaco. O tecido danificado é substituído por tecido fibroso (cicatri-
cial). O músculo cardíaco depois se distende, o que resulta em au-
mento das câmaras cardíacas e diminuição da capacidade de 
bombeamento. 
Além disso, outras causas estão envolvidas: doenças hormo-
nais crônicas (diabetes mellitus ou doença tireoidiana mal contro-
ladas); obesidade mórbida; taquicardia persistente; uso de álcool, 
cocaína, alguns antidepressivos, alguns medicamentos antipsicó-
ticos, e alguns medicamentos quimioterápicos. 
 
4. Quadro Clínico 
 
Variável e depende do estágio de evolução da doença. Du-
rante muitos anos, devido aos mecanismos compensatórios da Lei 
de Frank-Starling, os pacientes permanecem assintomáticos. 
Os sintomas começam a aparecer progressivamente em de-
corrência da insuficiência cardíaca. O comprometimento da fun-
ção ventricular esquerda resulta em congestão e baixo débito car-
díaco. A congestão pulmonar manifesta-se por dispneia, ortop-
neia, dispneia paroxística noturna e crepitantes finos na ausculta 
pulmonar. Os sintomas de baixo débito incluem limitação para os 
esforços, fadiga e astenia. Algumas pessoas sentem dor torácica. 
A sobrecarga do ventrículo direito causa falência dessa câ-
mara, e instala-se, então, o quadro de congestão sistêmica 
(hepatomegalia, turgência jugular, edema de membros inferiores, 
ascite) associado à congestão pulmonar. 
Há uma minoria que apresenta IC com rápida progressão po-
tencialmente fatal (IC fulminante), que necessita de formas mais 
agressivas de intervenção mecânica. 
Quando a cardiomiopatia é resultado de uma infecção, os pri-
meiros sintomas podem ser febre repentina ou sintomas similares 
aos da gripe. 
 
5. Complicações 
 
• ocorre independente da causa 
quando o dano cardíaco é grave o suficiente, causando sin-
toma do coração esquerdo e direito. Em casos de insuficiência 
cardíaca grave, a pressão arterial pode ser baixa devido à de-
bilidade do coração. 
 
• devido ao crescimento do coração, as válvulas 
cardíacas não conseguem fechar normalmente, causando in-
suficiência valvar, e provocando regurgitação do sangue. Em 
geral, as válvulas mais acometidas são a válvula mitral e a 
válvula tricúspide. 
 
• podem resultar de dano e distensão do músculo 
cardíaco. As arritmias podem causar sensação de batimentos 
cardíacos irregulares (palpitações) ou morte súbita. 
 
• o sangue pode se acumular 
no coração, principalmente quando os ventrículos estão 
muito dilatados e contraindo mal. Os coágulos podem se fra-
gmentar convertendo-se em êmbolos. 
 
• há uma minoria 
que apresenta IC com rápida progressão potencialmente fa-
tal, que necessita de formas mais agressivas de intervenção 
mecânica. 
 
6. Diagnóstico 
 
Pode ser realizado a partir de achados clínicos, da anamnese 
e exame físico: ictus cordis desviado para a esquerda e para baixo, 
hipocinético e aumentado (> 3 a 4 cm de extensão); B1 hipofoné-
tica; presença de B3 e B4; desdobramento paradoxal de B2 (se 
houver bloqueio de ramo esquerdo); sopro de regurgitação mitral 
(pansistólico) secundária à dilatação do VE; crepitantes finos nos 
terços pulmonares inferiores; pulso filiforme ou pulso alternante. 
Associados a exames complementares: 
 
 Exames de imagem, como raio-X ou RM do tórax (investiga-
ção de cardiomegalia, fibrose, necrose, depósitos de determi-
nadas substâncias e/ou congestão pulmonar); 
 Ecocardiograma (ECO) para avaliação de trombos, altera-
ções valvares, dilatação das câmaras e disfunção sistólica de 
um ou ambos os ventrículos; 
 Biópsia e cateterismo do músculo cardíaco; 
 Exames laboratoriais: dosagem de eletrólitos (Na, K, P, Ca e 
Mg); avaliação renal (ureia e creatinina); dosagem de TSH; 
dosagem de VHS e anticorpo antinuclear; biomarcadores sé-
ricos, BNP, pró-BNP e troponina; avaliação sorológica (vírus 
da hepatite C, citomegalovírus, HIV, doença de Chagas). 
 
O eletrocardiograma (ECG) pode detectar anormalidades 
da atividade elétrica do coração. No entanto, essas anormalida-
des geralmente não são uma evidência suficiente para estabelecer 
um diagnóstico. Pode encontrar: taquicardia sinusal, sobrecarga 
de câmaras atriais e ventriculares, alterações de repolarização 
ventricular, onda Q patológica, bloqueios de ramo, fibrilação e ex-
trassístoles ventriculares. 
 
 
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Última atualização: 09/08/2021 
7. Tratamento 
 
– TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – 
 
São utilizados medicamentos para insuficiência cardíaca, que 
melhoram a função de bombeamento do coração, prolongam a 
vida e ajudam a reduzir sintomas persistentes. 
 
→ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA); 
→ Bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA); 
→ Betabloqueadores; 
→ Inibidores da neprilisina; 
→ Antagonistas de aldosterona (espironolactona ou eplere-
nona); 
→ Inibidores de proteína cotransportadora de sódio-glicose (so-
dium glucose cotransporter, SGLT); 
→ Combinação de hidralazina e nitratos; 
→ Ivabradina. 
 
Os diuréticos são usados para reduzir o excesso de líquido 
nos pulmões e diminuir os sintomas de inchaço devido à retenção 
de líquidos, mas não ajudam a prolongar a vida. 
A digoxina pode ajudar o bombeamento do coração e dimi-
nuir o número de hospitalizações por insuficiência cardíaca, mas 
também não prolonga a vida. 
Os medicamentos antiarrítmicos podem ser administrados 
para tratar ritmos cardíacos anormais. 
Podem ser usados medicamentos para prevenir coágulos, 
como varfarina ou aspirina, principalmente quando os ventrículos 
estão muito dilatados e se contraindo mal. 
 
– USO DE DISPOSITIVOS – 
 
Algumas pessoas possuem uma anormalidade na condução 
elétrica do coração que pode ser auxiliada com um marca-passo 
artificial que estimula inicialmente os átrios e, em seguida, ambos 
os ventrículos, chamado de ressincronizador bilateral. Esse tipo 
de marca-passo ajudará a restabelecer o padrão das contrações 
do coração (sístoleventricular) e melhorar sua função, nos casos 
refratários com importante disfunção ventricular (FE < 35%). 
Os médicos podem também considerar um cardiodesfibrila-
dor implantável (CDI). O dispositivo identifica essas arritmias e 
realiza cardioversão elétrica, reduzindo o risco de morte súbita 
cardiovascular. 
 
– TRANSPLANTE DE CORAÇÃO – 
 
A insuficiência cardíaca na cardiomiopatia dilatada pode ser 
progressiva e acabar por ser fatal. Devido a esse prognóstico re-
servado, a cardiomiopatia dilatada é a causa mais comum para 
transplantes de coração ou uso de coração artificial com disposi-
tivo de assistência ao ventrículo esquerdo. Um transplante de co-
ração bem-sucedido cura a doença, mas também traz complica-
ções e limitações.
 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-arritmias-card%C3%ADacas#v719615_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-arritmias-card%C3%ADacas#v719615_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-arritmias-card%C3%ADacas#v719636_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-arritmias-card%C3%ADacas#v719636_pt

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